DANÇA-EDUCAÇÃO E A RESIGNIFICAÇÃO DO CONCEITO DE MOVIMENTO PARA PESSOAS NÃO-VISUAIS Ida Mara Freire Universidade Federal de Santa Catarina RESUMO: Com o intuito de conceber o movimento como algo mais que um conceito de orientação e mobilidade para aquele que não vê, propomos nossa investigação apresentando o conceito de movimento no contexto da dança. Foi atentando para as manifestações sobre o movimento por parte dos participantes durante as nossas aulas de dança na Associação Catarinense de Integração do Cego -ACIC, ocorridas no período de agosto de 1998 a dezembro de 1999, que construímos o estudo aqui descrito. Os sujeitos foram um grupo de aproximadamente 30 pessoas entre jovens e adultos, participantes da oficina de dança- educação. Incluímos, também, dez pessoas com cegueira do Grupo de Teatro "Além dos Limites" de Lages. O procedimento de coleta de dados se deu através de entrevistas, registro em videoteipe das aulas de dança e da técnica de evocação livre de palavras. Como resultado, apresentamos e discutimos os dados relacionados ao movimento, ao corpo e à dança. Verificamos que a dança-educação, por estar mais centrada no processo que não só produto, possibilita tanto ao professor quanto ao aluno a pesquisa e conseqüentemente a educação do movimento. As perguntas: "que corpo pode constituir o dançarino" e "que movimento pode constituir a dança", tornam-se indagações permanentes na busca de uma metodologia que favoreça a apreciação da dança para todos aqueles que por isso almejam. A inserção de pessoas com corpos diferentes na dança, é um convite para que ampliemos o nosso conhecimento sobre a multiplicidade de formas de apreensão de um mundo envolvido de beleza, mas também de contradição. Palavras-chaves: Cultura, movimentos sociais, educação especial O tema deste trabalho diz respeito ao movimento, ao corpo, à dança para quem não vê. Este tema está sendo proposto com o intuito de refletir sobre algumas questões oriundas de debates e discussões efetuadas durante o trabalho de doutoramento no qual discutimos, dentre os quais cabe destacar as que diziam respeito ao processo de apropriação de experiências da criança não-visual 1 de dois anos de idade, Freire (1995). Durante o período de coleta de dados, atentamos para o papel do movimento 1 O termo não-visual é utilizado nesse trabalho com intuito de repensarmos a palavra cego, cuja representação social atual extrapola a denominação de um indivíduo privado da vista. no desenvolvimento de uma criança cega. E mais: verificamos a relação entre os órgãos dos sentidos e o movimento, abordamos, com base nos estudos de Wallon (1975), a importância do movimento no desenvolvimento psicológico, descrevemos a exploração peculiar do ambiente e dos objetos e o envolvimento de todo o corpo nessa ação. Pautados em Leontiev (1978), apresentamos e discutimos as teses de Setchenov sobre a relação mão e olho. O caráter exploratório do estudo nos proporcionou uma visão geral, de tipo aproximativo, acerca do desenvolvimento da criança de dois anos de idade, mais especificamente em relação ao tema movimento, com vistas na formulação de problemas mais precisos. A investigação aqui citada nos possibilitou propor a presente pesquisa, sendo um dos nossos interesses conhecer o que é o movimento para uma pessoa adulta cega. Nesse sentido, explicitaremos como a questão do movimento vem sendo abordada na educação especial. Se definirmos o movimento como deslocamento no espaço, por mais simples que seja esta definição, ao nos referirmos ao movimento sempre iremos nos deparar com a complexa possibilidade de o ser humano se locomover. Mover-se é estar vivo, num determinado corpo, num determinado tempo/espaço. Neste sentido, a complexidade do movimento pode ser apreendida ao reconhecermos que a habilidade motora, para se realizar, requer uma combinação de outras habilidades (Best, 1992) . Por exemplo, ao andar, uma pessoa necessita de um certo nível de cognição para lembrar um caminho e entender o que está acontecendo. A motivação e a confiança também são necessárias. A linguagem é requisitada coordenado para a compreensão das direções. A capacidade do uso de vários sentidos, como o tato, visão, audição e o cinestésico é fundamental para monitorar a direção e o espaço. A complexidade do movimento humano também pode ser reconhecida através do desenvolvimento motor da pessoa com deficiência visual. Vários são os estudos enfocando o papel do movimento para quem não vê, entre eles estão Warren (1984;91-103), que apresenta uma revisão detalhada da literatura especializada sobre as habilidades motoras de crianças de cinco anos de idade até a de jovens de 18 anos de idade. Warren apresenta identifica autores como Buel (1950), (1981), os quais Jankowski e Evans relatam que as crianças cegas em idades escolares, em atividades de educação física não apresentam o desempenho normal das crianças com visão. Eles 2 atribuem esse atraso ao fato de as crianças não se engajarem em atividades físicas antes dos anos escolares. Em seu turno, a limitação dessas atividades são atribuídas à superproteção dos pais. Warren também vai citar alguns estudos (Royster (1964) Duehl (1979) que demonstram a melhora no desempenho das atividades físicas que tanto crianças como jovens vão apresentar após a participação em um programa específico de educação física ou de dança criativa. Também cita Eichorn and Vigaroso (1967) que, ao discutirem orientação e mobilidade (O&M) para crianças pré-escolares com cegueira, enfatizam a necessidade Warren de proporcionar vai destacar também experiências de percepção não-visual. a perspectiva de Burlingham (1965) que atribui a passividade motora percebida em muitas crianças cegas, não à falta de motivação para se movimentar, mas à forte inibição das tendências normais do movimento. Podemos também destacar a contribuição de Anthony, Fazzi, Lampert (1992:80-111) que focalizam o movimento, informando e sugerindo atividades de orientação e mobilidade (O&M) para crianças com deficiência visual. A área de O&M, explicam as autoras, com sua ênfase no movimento, atualmente abrange todas as áreas do desenvolvimento. Para a criança com ausência de visão, mover-se em seu ambiente não ocorre naturalmente. A visão é a motivação para o movimento, e é por meio desse movimento que a criança pequena aprende sobre seu mundo. Ainda segundo as autoras, Através de um processo de aprendizagem do movimento, as crianças com deficiência visual são capazes de desenvolver uma compreensão e interagir com seu ambiente de tal maneira que este guie o crescimento integralmente. No estudo realizado por Ochaita e Rosa (1995), a mobilidade está vinculada ao conhecimento do ambiente. Para esses autores, o conhecimento do espaço distante, ou seja, do ambiente que as pessoas com deficiência visual não podem alcançar com os braços e ao qual só têm acesso mediante dados auditivos, o movimento e a propriocepção, são dos aspectos mais problemáticos para essas pessoas. Os problemas posturais e de andar de uma pessoa cega adulta , para esses autores, podem ser explicados pela dificuldade que uma criança apresenta para imitar os modelos de postura e locomoção, na ausência de visão. 3 Os estudos sobre orientação e mobilidade acima apresentados parecem não dar conta de mostrar qual é a natureza do movimento para quem não vê. Apresentar as vantagens e as desvantagens do movimento para aquele que não enxerga, não explicita o que é o movimento e a sua importância para uma pessoa não-visual propriamente dita. Por outro lado, supomos que, ao conhecermos como se dá esse processo, poderemos apreender outras características do movimento humano. O movimento, para todos nós, diz respeito à liberdade. Para as pessoas com necessidades educacionais especiais, a liberdade pode ser caracterizada pela obtenção da independência e da autonomia. Vygostsky (1995) ao comparar a surdez à cegueira, comenta que o nosso mundo está organizado mais como um fenômeno visual que auditivo. Para ele, quase não existe nenhuma função biológica importante que seja alterada em razão da surdez, porém, devido à cegueira, desaparece a orientação espacial e a liberdade de movimentos, a saber, a função animal mais importante. O autor apresenta a cegueira como um problema sociopsicológico e sugere três meios para enfrentá-la: a profilaxia social, a educação social e o trabalho social da pessoa cega. No que se refere à educação Vygotsky propõe que a educação dessas pessoas deva ser organizada como a educação de um indivíduo apto para o desenvolvimento normal. Sugere então: La educatión debe formar realmente del ciego, una persona normal, de pleno valor en el aspecto social y eliminar la palabra y el concepto de “deficiente” en su aplicación al ciego. (Vigotski, op. cit. p. 87) . Com o intuito de conceber o movimento como algo mais que um conceito de orientação e mobilidade para aquele que não vê, propomos nossa investigação, apresentando o conceito de movimento no contexto da dança. Podemos, então, indagar: como a dança pode ser apreciada por uma pessoa que não vê? Cremos por bem definirmos os parâmetros que nos permitem traçar o perfil de uma pessoa não-visual. Em nosso grupo de alunos, como será descrito posteriormente, podemos perceber a amplitude identificamos entre eles da terminologia deficiência visual, quando jovens com baixa visão, pessoas que perderam a visão na idade adulta, outras na infância, outras que nunca viram, outras que enxergam sombras e vultos e outras, ainda, que distinguem apenas a claridade. Nossa atitude diante dessas pessoas, não é nos limitarmos frente à categorização, mas nos relacionarmos com a 4 diversidade, hoje tão em voga, e a singularidade humana. Aqui assumimos com cumplicidade a postura de Oliver Sacks (1995: 16) que, como médico, explica: "a riqueza da natureza deve ser estudada no fenômeno da saúde e das doenças, nas infinitas formas de adaptação individual com que organismos humanos, as pessoas, se reconstroem diante dos desafios e vicissitudes da vida. Nessa perspectiva, deficiências, distúrbios e doenças podem ter um papel paradoxal, revelando poderes latentes, desenvolvimentos, evoluções, formas de vida que talvez nunca fossem vistos, ou mesmo imaginados, na ausência desses males. Assim como é possível ficar horrorizado com a devastação causada por doenças ou distúrbios de desenvolvimento, por vezes também podemos vê-los como criativos - já que, se por um lado destroem caminhos precisos, certas maneiras de executarmos coisas, podem, por outro lado forçar o sistema nervoso a buscar caminhos e maneiras diferentes, forçá-lo a um inesperado crescimento e evolução." Sacks, referindo-se ao trabalho de Luria e Vygostsky com crianças surdas e cegas, diz que este último salientou a integridade dessas crianças, mais que suas deficiências: "Uma criança deficiente representa um tipo de desenvolvimento qualitativamente diferente e único. [...] Se uma criança cega ou surda atinge o mesmo nível de desenvolvimento de uma criança normal, ela o faz de outra maneira, por outro percurso, por outros meios; e, para o pedagogo, é particularmente importante estar ciente da singularidade desse caminho pelo qual deverá guiar a criança. Essa singularidade transforma o negativo da deficiência no positivo da compensação". (Sacks, 1995:17) Diderot, em sua "Carta sobre os cegos para uso dos que vêem", escrita em 1749, discute que os cegos podem, a sua maneira, construir um mundo completo e suficiente, ter uma "identidade cega" completa e nenhum sentimento de incapacidade ou inadequação, e que o "problema" da cegueira e o desejo de curá-la, por conseguinte, é nosso, não deles. Esperamos que esta discussão nos ajude a entender o contexto sócio-histórico e cultural que a uma pessoa "cega", sem visão se encontra. Nessa perspectiva é possível redimencionar o conceito de deficiência, 5 também socialmente construído, como propõe Sadao Omote (1995). Como argumentamos anteriormente, não pretendemos com o nosso trabalho enfatizar a deficiência nem tão pouco negá-la, pelo contrário, queremos enfatizar que, a despeito de a cegueira hoje ter sido apontada como metáfora da contemporaneidade, em cujo contexto se tem sugerido que as pessoas fechem seus olhos para poder ver (Peixoto,1992), ou mesmo Saramago onde só no mundo a "treva branca" romanceada por de cegos as coisas serão o que verdadeiramente são. Porém, a vida real de uma pessoa cega vai muito além de metáforas. Podemos abrir os olhos e realmente ver e aprender seu modo singular de estar no mundo. Desenvolvemos desde de 1998 até os dias atuais, um projeto de extensão de dança-educação para jovens e adultos não-visuais na Associação Catarinense de Integração do Cego. Durante esse período um grupo de aproximadamente 30 jovens participaram dessa Oficina. No decorrer das atividades, como pesquisadora, fui realizando um trabalho de observação e de coleta de dados, contanto também com a colaboração de duas bolsistas. Para tanto, entre outras metodologias foram feitas entrevistas orais. Do total dos participantes, 16 responderam a essas entrevistas. Outra metodologia aplicada foi a "Associação ou evocação livre de palavras". Nessa, foram envolvidas 20 pessoas com cegueira, sendo que dez dessas eram integrantes do grupo de teatro "Além dos Limites", da cidade de Lages, SC. Todos os participantes. Dos 30 jovens e adultos participantes da Oficina de Dança-Educação, 12 deles eram cegos e 04 com baixa visão. As dez pessoas, integrantes do grupo de teatro "Além dos Limites" da cidade de Lages- SC, também, eram cegas. Nesse momento apresentaremos a nossa discussão sobre o movimento tendo como referencial os trabalhos de Rudolf Laban especificamente na área da educação. Buscando esclarecer a origem da aplicação da dança e do movimento como proposta educativa e terapêutica, North (1990) explicita que esse trabalho se pauta na Arte, ou seja de um processo simbólico, sistemático e elaborado, contrariando aquelas propostas denominadas de “liberdade de expressão”. Esse é um aspecto muito importante, acreditamos que o trabalho com pessoas com necessidades educacionais especiais deve ser estruturado, de qualidade, e que se possa avaliar os benefícios. Nesse sentido, o uso da análise do movimento proposto por Laban, explica Sherborne (1995) proporciona a estrutura que o professor necessita para entender 6 o que deve ser observado no movimento humano. Como resultado desta observação, o professor pode decidir o que deve ser ensinado. A análise de movimento de Laban consiste num sistema de estudo de movimento que reconhece o movimento como nossa primeira linguagem. Essa análise proporciona um meio através de símbolos e uma terminologia padronizada, para definir e identificar os aspectos efêmeros da linguagem não verbal. O sistema de Laban define quatro aspectos do movimento que são interrelacionados: corpo, esforço, espaço e relações, que servem como lentes pelas quais se observa e apura o foco da experiência do movimento (Scott, 1996; North, 1990) . A contribuição de Rudolf Laban para este trabalho, diz respeito ao modo premente que ele apresenta a educação no contexto dança. Laban considera o movimento como um aspecto central tanto para a educação, em geral, quanto para a educação através da Arte, em particular (Preston-Dunlop, 1998). Em sua obra intitulada "Dança educativa moderna" Laban (1978) apresenta o contexto e as características dessa nova técnica escrevendo: "La nueva técnica de la danza, que estimula el dominio del movimiento en todos sus aspectos corporales y mentales, se aplica en la danza moderna como una nueva forma de danza escénica y de danza social. El valor educacional de esta nueva técnica puede atribuirse en gran medida a la universalidade de las formas de movimiento que se estudian y dominan en el aspecto contemporáneo de este arte. (...) La riqueza de movimento en la danza moderna exige un enfoque diferente de su maestría. Es, en realidad, imposible abarcar en su conjunto el flujo del movimiento humano, estudiar las variaciones casi infinitas de los paso y el porte del cuerpo de la misma manera que se puede hacer com el restringido número de movimientos utilizados en las formas estilizadas de danza. En lugar de estudiar cada movimiento particular, se puede compreender y practicar el principio del movimiento. Este enfoque de la materia de la danza implica una nueva concepción de ésta, es decir del movimiento y sus elementos. (Laban, 1978: 20) A aplicação da dança educativa moderna no contexto escolar é assim dimensionada pelo autor: (...) El instrumento esencial que se puede ofrecer al educador en la danza moderna es la perspectiva universal sobre los principios del movimiento. El uso práctico de la nueva técnica de la danza en la 7 educación es múltiple. El impulso innato de los ninos a relizar movimientos similares a los de la danza es una forma inconsciente de descarga y ejercitación que los introduce en el mundo del flujo del movimiento y robustece sus facultades espontáneas de expresioón. La primeira tarea de la escuela es alentar y concetrar este impulso, y hacer que los ninos de grupos de mayor edade tomen consciencia de algunos de los principios que gobiernan el movimiento. La Segunda tarea es fomentar le expresión artística en el ámbito del arte primario del movimiento, en dondo há de perseguirse dos objetivos: Uno es ayudar a la expresión creativa de los niños representando danzas adecuadas a sus dones naturales y a la etapa de su desarrolo. El outro es alentar la capacidad de tomar parte en la unidade superior de las danzas colectivas dirigidas por el maestro. Una tarea adicional en el despertar de una amplia perspectiva de las actividades humanas consiste en observar el flujo de movimento que en ellas se emplea."( Laban. 1978: 22) Esse e outros aspectos são aprofundados no estudo de Marques (1999) quando essa propõe um olhar contemporâneo nas propostas educacionais de Laban. Ao aduzir que "toda criança/adolescente tem o direito de dançar", como um dos princípios da "dança criativa" ou "dança educação" a autora explicita que por trás dessa afirmação está a justificativa da inclusão da dança como disciplina obrigatória nos currículos escolares. Não mais para os "eleitos", pertencente a uma elite (referência de muitos autores ao ensino do balé clássico) a "dança criativa" seria para todos, por direito humano. Explica a autora que: Um dos argumentos principais que embasa estes princípios comuns da "dança criativa" é a afirmação implícita ou explícita da universalidade de movimento: como seres humanos, todos teríamos a capacidade biológica de mover nossos corpos e expressarmos criativamente nossos sentimentos e idéias através deles. Um dos expoentes máximos dessa afirmação foi sem dúvida Laban que, tendo desenvolvido seu trabalho educacional na Inglaterra da primeira metade do século, foi amplamente divulgado em praticamente todo o mundo ocidental. O discurso educacional de Laban está enraizado tanto na filosofia da dança moderna do início do século quanto na idéias da Escola Nova difundidas por John Dewey na Inglaterra. Para essa escola, os 8 ideais de expressão interior e emoção humana são entendidos como os princípios edificantes da criação artística/educacional. A busca da autonomia do sujeito, de sua experiência interior, aliadas à imaginação, à individualidade e à importância dos processos dos artistas modernos influenciaram o pensamento educacional de Laban. Com base nesses argumentos Marques indaga: a naturalidade, a espontaneidade, a totalidade e capacidade de auto-tudo, sugeridas como essenciais e objetivos primeiros da "dança criativa" não se distanciam muito tanto como possibilidades educacional quanto um ideal a ser perseguido na contemporaneidade. Ou ainda, (...) se hoje as propostas educacionais de Laban seriam ainda - se algum dia foram apropriadas a qualquer cultura, classe social, raça, etnia gênero e, principalmente, aos diversos corpos/ movimento existentes e construídos em/por nossas sociedades. Seu trabalho, na realidade, poderia se entendido hoje, propõe a autora: "como uma das múltiplas vozes do mundo da dança e da educação." Portanto, alerta ela: "não representaria a base fundadora dos princípios educacionais para dança criativa da criança e do adolescente, mas uma possibilidade de desenvolver trabalhos e análises de dança que sejam também educacionais." "Se por um lado a ausência de alicerces fundadores unificadores para o ensino da dança permite que trabalhemos com a diversidade e a multiplicidade de corpos em movimento de/ em nossas sociedade, por outro, também poderia estar colocando em xeque uma ação social emancipadora e a crença nas possibilidades transformadoras da educação; pois não garante, por exemplo, uma das premissas básicas da "dança criativa, também contida no trabalho de Laban, de que "toda criança/adolescente tem direito de dança" A meu ver esta questão postula a necessidade de liberdade, justiça e igualdade social para que todos os cidadãos possam ter acesso à educação/ dança" (1999:89) Esses argumentos indicam a necessidade de estarmos atentos ao nossos referenciais teórico-metodológicos. Observamos e analisando os nossos próprios corpos em movimento, e de nossos sujeitos, ora diferentes ora deficientes, indagamos primeiramente, porque esse corpo não pode dançar, após experimentarmos outros movimentos, redefinimos nossa pergunta em: que movimento é esse que tal corpo pode dançar.. 9 Se analisarmos as respostas dos participantes sobre - o que é a dança? - poderemos identificar como esses se apropriam dessa experiência. Pois, as respostas nos auxiliam a organizarmos a nossa discussão. Como categorias identificamos e suas falas a) dança como uma atividade de descontração e diversão, b) dança como uma possibilidade de liberação do corpo c) dança como um movimento e dança como terapia, ou ainda d) uma indefinição sobre o que é a dança. Para compreendermos porque a dança é uma atividade vinculada ao prazer às pessoas não-visuais, como é possível verificar nas definições acima, introduzimos aqui a nossa reflexão sobre outras categorias sobre o corpo e o movimento. Como verificamos essas também foram muitos freqüentes nas respostas referente à dança. Ao iniciarmos essa análise pretendemos discutir as indagações sobre o que é o movimento e sua importância para uma pessoa não-visual. Tentando reconhecer como se dá esse processo nessas pessoas e buscando apreender as especificidades do movimento humano. Uma das primeiras caraterísticas do movimento que identificamos a partir da verbalização das pessoas cegas, foi registrada quando um dos entrevistados, Cláudio, fez o seguinte comentário:"Toda a coisa que move, sair do lugar, locomover, movimentar é fundamental." Esse comentário é ratificado pela explicação de Laban, quando esse diz que: "o homem se movimenta a fim de satisfazer uma necessidade. Com sua movimentação, tem por objetivo atingir algo que lhe é valioso. É fácil perceber o objetivo do movimento de uma pessoa, se é dirigido para algum objeto tangível. Entretanto, há também valores intangíveis que inspiram movimentos" (Laban, 1978). Quando um dos participantes associa à palavra movimento importância e necessidade; podemos inferir que para as pessoas não-visuais o movimento é algo vital e desafiante. objetivos Se analisarmos as categorias tangíveis que inspiram seus como um todo notaremos tanto os movimentos como também os valores intangíveis que essas almejam alcançar através de seus movimentos. Vejamos na categoria 10 intitulada como: Movimento social descrita a seguir: lutar por algo, fazer as coisas, usufruir da vida, alcançar objetivo, a própria vida faz o movimento. "O movimento é uma característica humana universal. A experiência do movimento começa até mesmo antes do nascimento. Estudar o movimento humano é estudar o indivíduo, uma vez que o movimento é ao mesmo tempo meio e veículo para todas as atividades humanas. Atingir uma compreensão mais profunda e uma consciência mais elevada desta forma de expressão humana é uma grande riqueza para vida", sugerem Cordeiro, Homburger e Cavalcanti, (1989:09). Apreender o movimento como sugere as autoras, complexidade de atividade a partir de uma perspectiva ampliar favorece compreender a rica e dinâmica, capaz de o nosso conhecimento sobre o indivíduo em relação a uma coletividade, não mais em comparação com as vantagens e desvantagens, mas percebendo como o mesmo se apresenta é apresentado, em seus aspectos intrasubjetivo e intersubjetivo. Na introdução do nosso trabalho apresentamos como alguns estudos identifica o papel do movimento no desenvolvimento da pessoa cega. Quando entramos em contato com esses indivíduos: seja observando-os, seja ouvindo-os falando sobre o movimento ou ainda, durante a própria aula de dança onde nos envolvemos em atividades físicas dirigidas, um novo enfoque nos é apresentado. Pois, essa experiência nos possibilita perceber o movimento na perspectiva do outro. Um sujeito que não tem a visão como guia para seus gestos, posturas e movimentos nos convida não só a fechar os olhos para conhecermos o modo que se apropria do mundo, mas pelo contrário, a abrirmos os nossos olhos e ver como o desenvolvimento humano assume novas rotas de viagens. Vejamos a resposta de Mauro durante entrevista, quando perguntado o que é o movimento, explicita o que acabamos de discutir. "Movimento é movimentar o corpo, membros, cabeça, andar, correr, movimentar. Atividades, tudo é movimento." O trabalho de Laban, é definido pelas autoras Cordeiro, Homburger e Cavalcanti, (1989:09)., como 11 "um sistema que descreve e compreende o movimento através de seus quatro fatores componentes - força, tempo, espaço e fluência - e relaciona as influências recíprocas entre as ações corporais e os processos mentais e emocionais. (...) Integrando, conscientemente, a espontaneidade e a fluência (que são inatas no movimento), com o domínio e o controle (adquiridos na idade adulta) desenvolve-se a criatividade de forma orgânica e natural. (...) A teoria de Laban possibilita uma compreensão ampla do homem através do movimento visível e estimula a integração mente e corpo. As respostas apresentadas a seguir parecem demonstrar o entendimento por parte de alguns participantes sobre a relação das influências recíprocas entre corpo, mente e emoção: “Movimentar ombros, braços, tronco para os lados e para frente e para trás, pescoço para o lado e para o outro, encima e em baixo, baixar até onde puder.” Ou também: “Não é não ser largado mas estar a vontade, saber onde você esta, Ter noção do espaço é você se expressar, fazer muita coisa ,conversar através do corpo.” Atentando para algumas respostas dos alunos sobre o que é o movimento e também sobre as evocações a respeito dessa palavra, verificamos que em relação às respostas alguns participantes dizem que: forma de relaxar, descontrair, se mexer, se esticar. Enquanto que a maior parte dos entrevistados com o corpo, um dos sujeitos comenta: afirmam que o movimento é mexer “movimento é mexer braços, corpo, joelho, perna. Movimento acho que é mexer todo o corpo”. Vejamos, esse aluno após dizer que movimento é mexer as partes do corpo isoladamente. Demonstra uma certa dúvida na fato do movimento também pode ser mexer todo o corpo. Essa dúvida aparece muito durante as nossas aulas. Há uma dificuldade por parte dos alunos realmente o movimento que estão realizando. Muitas vezes, descreverem um movimento como "girar" 360º é incomum para uma pessoa que nunca viu, tanto executar o movimento como descrevê-lo. Além desse aspecto da descoberta ou redescoberta do movimento, às vezes as pessoas que perderam a visão redescobrem o movimento ao realizá-lo agora a partir de outros parâmetros que não são os visuais, a análise e a observação do movimento de uma 12 certa forma podem contribuir para que os alunos conheçam a natureza intrínseca do movimento. Além de proporcionar de modo eficaz a ampliação do repertório tanto verbal quanto corporal por parte daquele que o realiza. Comparando algumas evocações sobre a palavra movimento notamos, embora para uns o movimento é uma atividade muito positiva, e as entrevistas por exemplo: “ se tornar mais flexível, mais relaxado, mais descontraído. Ou mesmo: movimento é coisa boa, é dança. Para outros, o movimento pode estar relacionado com sensações e sentimentos muito negativos, como indicam as associações da categoria abaixo: Medo agito estressado nervoso cansaço preocupado desprazer timidez. Nos recordamos de uma das histórias insólitas de Sacks (1993:134), descrevendo o caso de Virgil, um jovem que realizou uma cirurgia nos olhos na fase adulta e volta a enxergar, o autor assim relata um de seus inúmeros episódios: "Quando chegamos em casa, Virgil caminhou por conta própria, sem bengala, até a porta da frente, tirou a chave do bolso, segurou a maçaneta, destrancou e abriu a porta. Era impressionante - não poderia Ter feito isso de primeira, ele disse, era algo que vinha praticando desde o dia seguinte à cirurgia. Era o seu show. Mas ele dizia que, em geral, caminhar era "assustador" e "confuso" sem o tato, sem sua bengala, com suas noções incertas e instáveis sobre o espaço e a distância. Por vezes, superfícies e objetos pareciam avultar-se, estar em cima dele, quando na realidade continuavam a uma grande distância; por outras, confundia-se com a própria sombra (todo o conceito de sombras, de objetos bloqueando a luz, era enigmático para ele) e parava, ou dava um passo em falso, ou tentava passar por cima dela. Degraus, em particular, apresentavam um risco especial, porque tudo o que podia ver era uma confusão, uma superfície plana, de linhas paralelas ou entrecruzadas; não conseguia vê-los (embora os conhecesse) como objetos sólidos indo para cima ou para baixo num espaço tridimensional. Agora, cinco semanas depois da cirurgia, sentia-se com freqüência mais incapaz, a facilidade de movimento que possuíra então. Mas tinha a esperança de que tudo isso entrasse nos eixos com o tempo." (Sacks, 1993: 134) Comentando as evocações e as entrevistas sobre o movimento podemos inferir a partir da história de Virgil que caminhar para uma pessoa cega pode ser uma experiência muito boa, no entanto, também pode ser algo aterrador. Durante nossas aulas de dança na ACIC 13 encorajamos aos alunos a desenvolverem sua confiança realizando movimentos onde ele apoiam uns aos outros, ou são apoiados um pelos outros, guiam Alguns deles comentam que o modo que as pessoas com visão e/ou são guiados. as tocam para guiá-las, por exemplo, para atravessar uma rua, elas sentem que podem ou não confiar nessa pessoa. Vejamos como alguns associam a palavra movimento ao andar, tal como explicita a categoria abaixo: andar de um lado para outro, segurança no caminhar, caminhar, andar, andar sozinho, [segurança] no fazer uma corrida. Esse tipo de episódio nos ajuda a pensar sobre os movimentos cotidianos como o andar, tornam relevantes para uma pessoa não-visual. Pois, diz respeito a autonomia, a independência ao direito de ir vir e como isso pode ser reaprendido no caso de uma pessoa que enxergava e que perdeu a visão durante um acidente. no Rio de Janeiro, veio participar de curso de Dan, 46 anos, residente massagem oferecido pela ACIC, aproximadamente durante os meses de maio a setembro, em julho os estudantes tinham algumas semanas de férias. Nossas atividades também foram suspensas durante esse período e retornamos em agosto, quando Dan nos comentou que estava feliz por vencer um desafio, que fora ter viajado sozinho para casa no Rio e ter chegado lá inteiro, comentou que nas paradas desceu do ônibus, tomou cafezinho, e foi abraçado pelo filho quando chegou no terminal rodoviário. Tanto o episódio de Virgil como o de Dan, nos mostra como o movimento passa ser parte da nossa identidade, o nosso jeito de estar no mundo, diz respeito a nossa singularidade, a confiança em si mesmo e nos outros. Nosso estudo mostra que o movimento para quem não-vê supõe um grau variado de categorias, que passam por valores/virtudes, interação social, sensações, locomoção, ações do dia-a-dia, até meios de transportes e sons. Ou seja, a palavra movimento é um tema gerador no mundo não-visual. Exemplificando: se compararmos a definição de andar sugerida pela O&M, veremos que essa apresenta "o andar" como uma área do desenvolvimento motor. Por conseguinte, para as pessoas não-visuais o andar está associado ao movimento e que pode se referir como vimos acima à andar de um lado 14 para o outro, caminhar, andar sozinho, segurança no caminhar, etc. Há uma qualidade nesse andar , que para quem vê pode passar por desapercebido. Porém a propriocepção de quem não vê, favorece a apreensão dessas sutilezas. Ou seja, não é realizar a atividade mecanicamente, desarticulado de uma qualidade. As pessoas não visuais vivenciam o movimento como um processo qualitativo de apropriação da experiência motora. Nesse ponto a dança pode contribuir, pois essa tem o movimento como seu elemento básico, e explora-o como uma atividade complexa. Podemos aqui apropriarmos das perguntas de Albrigth(1997): Que tipo de corpo pode constituir um dançarino e que tipo de movimento pode constituir a dança, recorrendo algumas respostas dos entrevistados sobre o movimento e o corpo, como por exemplo: "Não é não ser largado mas estar a vontade, saber onde você esta, é noção do espaço, é você se expressar, fazer muita coisa, conversar através do corpo. Ou ainda: "Corpo é algo que precisa de movimento, formas de descontrair para não ficar enferrujado." Notamos que a dança educação possibilita aos participantes explorarem em seus corpos o conteúdos das categorias anteriormente apresentadas. Considerando que a ênfase da dança educação está no processo. O professor em sua pesquisa tenta descobrir o que vem de encontro com a necessidade de seus alunos. A busca de propostas que favoreça o desenvolvimento e aprendizado do movimento por aquele que o executa, pode ser fruto da análise e observação do próprio movimento. BIBLIOGRAFIA ANTHONY, T. L.; FAZZI, D.L.; POGRUND, R. L., (1992). Movement Focus: Orientation and mobility for young blind and visually impaired children. In: POGRUND, R. L., FAZZI, D.L. e LAMBERT J.S. (eds.). Working with youg blind and visually impaired children and their families. New York: America Foundation for the Blind. ALBRIGHT, A C., (1997) Moving across difference: dance and disability. In: Albright, 15 A. C. Choreographing the difference: the body and identity in contemporary dance. New England: Wesleyan University Press. BANNON, F. e SANDERSON, P., ( 2000). Experience every moment: aesthetically significant dance education. Reserach in Dance education. Vol. 1 number 1. BEST, A., ( 1992), Teaching children with visual impairments. Milton Keynes: Open University Press. CLASSEN, C., (1993). 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