REFERÊNCIA: 1 PAULA, M. B. O pensamento funcional energético aplicado à clínica reichiana. In: CONVENÇÃO BRASIL LATINO AMÉRICA, CONGRESSO BRASILEIRO E ENCONTRO PARANAENSE DE PSICOTERAPIAS CORPORAIS. 1., 4., 9., Foz do Iguaçu. Anais... Centro Reichiano, 2004. CD-ROM. [ISBN - 85-87691-12-0] ------------------------------ O PENS AM ENTO FUNCION AL ENERGÉTICO APLI C ADO À CLI NI C A REICHI AN A Maria Beatriz de Paula Reich em suas pesquisas aponta para existência da energia orgone, que preenche todo espaço cósm ico e se expressa em dif erentes concentrações, movimentos e f ormas. No meio ambiente em movimento, todos os f enômenos estão interligados, são sent idos e observáveis em um momento preciso. O ser humano é uma das expr essões da energia orgone e da sua integração com o meio ambiente. Qualquer patologia é considerada como alt eração do moviment o original e singular da energia orgone, como uma tentat iva mal sucedida de solucionar os conf lit os or iundos das relações do homem com o meio ambient e (REICH, 1974) A energia orgone contida na membrana limite, a pele, em pleno movimento de ondulação e pulsação, permit e o contato prof undo consigo mesmo e com o meio ambiente. A esse contato pr of undo denom inamos amor. Poder íamos af irmar que a conexão reichiana é o amor, expr essão simult ânea de sensação psíquica e atividade corpórea. A vida relaxamento se de expressa maneira em movimentos ininterrupta. Vida, de tensão, amor e carga, orgasmo descarga e f uncionam naturalmente nos or ganismos saudáveis. Como idéias também são expressões peculiares do mesm o movimento da energia orgone, na saúde elas f uncionam com ident idade e singularidade e na patologia elas f uncionam como reações e/ou identif icação ao meio ambiente. O movimento e a estrutura do sujeito que pensa inf luenciam qualquer obser vação, pesquisa e result ados já que a qualidade e a quantidade de sua excitação af etiva sexual são a unidade f uncional do seu pensamento. Nos espaços da convivência de humanidade carentes de af eto e liberdade cada organismo assume at itudes psico-corporais para def ender-se do meio ambiente repressor, lim itando a espontaneidade própria do seu ser. Quando o sujeito crist aliza cer tas maneiras t ípicas de agir e (traços caracteriais) perde o contato consigo mesmo e com outros reprimindo em massas os impulsos naturais. Por ser uma reação às interf erências externas contrárias aos movimentos espont âneos do crescimento e desenvolviment o, a patologia é um moment o secundário. REFERÊNCIA: 2 PAULA, M. B. O pensamento funcional energético aplicado à clínica reichiana. In: CONVENÇÃO BRASIL LATINO AMÉRICA, CONGRESSO BRASILEIRO E ENCONTRO PARANAENSE DE PSICOTERAPIAS CORPORAIS. 1., 4., 9., Foz do Iguaçu. Anais... Centro Reichiano, 2004. CD-ROM. [ISBN - 85-87691-12-0] ------------------------------ Na sua relação com o meio ambiente, a motilidade ener gética total do organismo se expr essa em emoções primarias que também têm um sentido psicológico, ou seja, uma f unção racional. Elas têm uma razão real para existir em nas relações do sujeito com um meio ambiente. O prazer tem o sent ido de descarregar a energia celular excedente; a angústia tem o sentido de encobr ir a reação de raiva (movimento que af asta o organismo de situações ameaçadoras) ; a tristeza expressa a perda de um contat o habitual. A motilidade energética t otal também possibilita que as impressões sensor iais do organismo em relação com o meio ambiente sejam reais e que suas idéias, sua percepção e auto-percepção sejam a expressão da singularidade do sujeito no momento exato que está em contato com o outro. As emoções e sensações f ormam uma unidade f uncional. A esta f unção específ ica Reich ( 1973) denom inou sensação de órgãos, instr umento f undament al para o estudo da natureza em movimento. Ela f az parte da sensação de singularidade do sujeito e ao mesmo tempo f az parte de uma parcela da natureza f uncionando objetivamente. Esse contato orgonótico prof undo possibilita que o organismo em f luidez energética, em plena pulsação, ame o seu objetivo de estudo. A f luidez da sua percepção permite obser var a dinâm ica, as f unções especif icas e a var iabilidade nas suas relações com o meio ambiente. Em “Éter, deus e o diabo” Reich (1974) diz: ” é es p ec if ic am e nt e es t e m ov im ent o e es t a in c er t e za d o p e ns am en t o s em pr e f l u en t e q u e c o loc a um obs er va d o r em c on ta t o c om um pr oc es s o na t ur a l . Po dem os ap l ic ar o m es m o ter m o f l ue nt e a u m ap ar e lh o s ens or i al d o o bs er va d or d a n a tur e za . A v id a ig n or a es t a dos es tá t ic os e n qu a nt o n ão s of r e a pr es s ã o d a c our aç a. A pr ó pr i a n at ur e za é f l ue n te em s u a to t a li d ad e em s u as f u nç õe s der i v a das ” ( p. 1 0 9 e 1 10) . A relação entre observador da natureza e o método de observação associa intuição, ou seja, o sent ido orgonótico orgânico, as operações lógicas de raciocínio do observador. O método de obser vação conecta a emoção à sensação, a quantidade a qualidade, a energia à matéria. A esta conexão Reich (1974) nomeia pr incipio de f uncionament o, que mostra ao pesquisador a direção da pesquisa, no sentido de procurar pr incípios de f uncionam ento os mais simples e universais. Cabe ao pesquisador decidir se invest igará o particular, o geral, as dif erenças ou f atores comuns, as var iações ou as f ormas f undamentais. REFERÊNCIA: 3 PAULA, M. B. O pensamento funcional energético aplicado à clínica reichiana. In: CONVENÇÃO BRASIL LATINO AMÉRICA, CONGRESSO BRASILEIRO E ENCONTRO PARANAENSE DE PSICOTERAPIAS CORPORAIS. 1., 4., 9., Foz do Iguaçu. Anais... Centro Reichiano, 2004. CD-ROM. [ISBN - 85-87691-12-0] ------------------------------ No método do pensamento f uncional energético, as idéias estão sempre em movimento, r ef ormulam as percepções de acor do com as peculiar idades de cada tipo de f unção natur al, buscando a simultaneidade e as var iações da f orma básica universal. Como as var iações são compreendidas e baseadas em uma f onte comum denom inada “principio de f uncionamento comum”, real e objet ivo, torna-se necessário avaliar a posição das f unções autônomas, a sua abrangência, o seu campo de f uncionamento, simultaneam ente na ident idade e na ant ítese, em relação ao f oco da percepção do sujeit o. As f unções natur ais autônomas de uma unidade f uncional como, por exemplo, soma-psique, além de f luírem de uma f onte comum energética, são obser vadas, ora como idênticas, ora como divergentes, ora como independentes e ora como convergentes. No trabalho clinico, o contato do terapeuta com seu paciente se dá através das sensações e das operações lógicas de raciocínio. O terapeuta percebe os aspectos sing ular es somato-psicodinâmicos do paciente e vincula o sentido af etivo da comunicação verbal às sensações f ísicas, às emoções, às percepções e aos pensamentos que sur gem naquele exato momento. A palavra do terapeut a só toma corpo quando direcionada ao outro e quando esse outro não representa um sujeito idealizado ou tampouco denegrido. Se as vibr ações energéticas de ambos passarem a ter a mesma f reqüência, aparece a sensação de bem-estar elemento multiplicador do af eto. Uma questão surge neste método de obser vação porque as sensações de um organismo natur al são dif erentes das de um organism o encour açado. Elas evidenciam dois estados energéticos essencialmente dist intos. No estado no qual as impressões sensoriais do sujeito em sua relação com o meio ambiente são reais, porque estão vinculadas à plena pulsação do organismo e ao processo natural singular, o método f unciona. No estado no qual as impressões sensor iais do sujeito em sua relação com o meio ambiente são irracionais, distor cidas, porque estão vinculadas a uma ausência de f luidez ener gética, o método de obser vação não f unciona. Como o ter apeuta tem sua pr ópria traços car acteriais, ele não dever ia tomar suas couraça e seus própr ias sensações como ver dadeir as, mas apenas tê- las como ref erencia. O que irá determinar o r eal ser á a relação. O sujeito encouraçado f az contato com o mundo através dos orif ícios da couraça. Suas manif estações vitais provêm de camadas prof undas no organismo que, na busca de comunicação com meio ambiente, esbarram na couraça opressor a. Por causa da necessidade de conter suas emoções, ele teme ou odeia REFERÊNCIA: 4 PAULA, M. B. O pensamento funcional energético aplicado à clínica reichiana. In: CONVENÇÃO BRASIL LATINO AMÉRICA, CONGRESSO BRASILEIRO E ENCONTRO PARANAENSE DE PSICOTERAPIAS CORPORAIS. 1., 4., 9., Foz do Iguaçu. Anais... Centro Reichiano, 2004. CD-ROM. [ISBN - 85-87691-12-0] ------------------------------ a singular idade livr e dos pr ocessos naturais. O amor, em oção que expressa a plena pulsação do organismo, se transf orma em medo, a emoção pr imeir a do sujeito encour açado. Como a clinica reichiana tem como objetivo recuperar o contato prof undo do ser humano com a natureza, e, nela, a f unção do orgasm o pode ser vista como expressão genuína de um r esgate da plena pulsação energética, o terapeuta reichiano buscaria a f luidez ener gética necessária ao reconhecim ento per ceptivo das suas próprias sensações de órgãos e do movimento do paciente em cada momento do pr ocesso. Então, a relação terapeuta- pacient e propiciaria o retorno aos movimentos primit ivos originais do cerne energético, que dão direção e sentido à singularidade e à identidade do sujeito. Ela ter ia como objetivo instaurar a ética do amor. A aliança terapêut ica, ou seja, a capacidade de nos sentirmos j unto ao outro e o out ro a nós, expressa o contato prof undo da relação terapeuta a paciente. A metodologia da vegetoterapia caractero-analít ica pr opost a por Feder ico Navarro (1995) tem como principio de f uncionamento comum o movimento da energia orgone sentido e obser vável em cada segmento corporal e na sua contrapart ida psíquica. O terapeuta sente e compreende os movimentos do paciente enquanto este sent e seus própr ios movimentos e verbaliza sua percepção e as idéias que lhe vieram a mente. O terapeuta ora está na posição daqueles que sabem e ora na posição daqueles que não sabem. Sem a aliança terapêut ica não existe o contato prof undo necessário para trabalhar o acting em si em cada segmento do corpo, os traços caracter iais e o sentido dado aos actings pelo pacient e. Terapeuta e paciente f ormam um sistema vivo singular e complexo. O movim ento energético de ambos determ ina o estágio da r elação e o projeto terapêut ico. O diagnostico da relação deve corr esponder aos traços caracter iais e às f ixações nos níveis do corpo de ambos. A liber dade do terapeuta est á na mudança de posição e na escolha da direção par a trabalhar o movimento enér gico/af etivo que esta expressando a cada momento. O processo terapêutico possibilita a revivência dos moviment os energéticos vividos nas dif erentes etapas do desenvolviment o evolutivo do sujeit o desde o espaço relacional intra-uterino, o parto, o per íodo de amamentação, o per íodo do desmame, o momento de controle muscular voluntário, a entrada do campo f amiliar, a puberdade, até à maturidade. A f lexibilidade energética do terapeuta se evidencia nas mudanças de posição que ela assume quando trabalha o movimento energético das dif erentes r elações af etivas dos dif erentes campos REFERÊNCIA: 5 PAULA, M. B. O pensamento funcional energético aplicado à clínica reichiana. In: CONVENÇÃO BRASIL LATINO AMÉRICA, CONGRESSO BRASILEIRO E ENCONTRO PARANAENSE DE PSICOTERAPIAS CORPORAIS. 1., 4., 9., Foz do Iguaçu. Anais... Centro Reichiano, 2004. CD-ROM. [ISBN - 85-87691-12-0] ------------------------------ com os quais o paciente se relacionou durante toda sua vida. A dissolução das f ixações somato-psíquicas e energéticas em cada segment o do corpo se dá de f orma singular em sincronia com a relação t erapeuta e paciente. Fluidez, movimento, dinâm ica e possibilidade de pulsação energética na relação permitem um encontro saudável entre paciente e terapeuta, e possibilit am o resgate das emoções pr imár ias em cada momento da vida. Concluindo podemos dizer que um dos objetivos da teoria e da técnica reichiana ser ia o de restabelecer o pensamento f uncional energético, um modo espont âneo, coerente e singular de pensar no qual as palavras estão sempr e vinculadas às sensações corporais, às emoções, à percepção de si mesmo e do meio ambiente. Na clinica reichiana, esse método f uncional obser va o movimento bioenergético, a estr utura caract erial do sujeito e sua maneir a de expressar af eto; amplia a escuta, a percepção, a com preensão e a palavra do terapeuta; dá signif icado aos movimentos corporais do paciente em cada um dos sete segmentos e integr a a relação terapeuta-paciente, possibilitando o contato provedor da sensação de ident idade no exist ir. ==================== REFERENCI AS NAVARRO, F. Metodologia da veget o terapia caracteroaniti ca. São Paulo: Summus, 1995 REICH, W . Etere, dio e diavolo. Milano|: SugarCo, 1974 REICH, W . The cancer biopath y. New York: Farrar, Straus and Giroux, 1973. ==================== Maria Beatriz de Paula Cidade: Rio de Janeiro/RJ Telefone: (21) 2266- 5901