Profª Ângela Maioli ([email protected]) Almeida Garret- Viagens da Minha Terra 1) (Vunesp-SP) A que gêneros literários se refere Almeida Garrett? 7) (Fuvest-SP) Com dados extraídos do texto, explique o papel da natureza na estética romântica. 2) (Vunesp-SP) Quais os principais defeitos, segundo Garrett, dos escritores que elaboravam obras de tais gêneros? 8 ) “Para mais realçar a beleza do quadro, vê-se por entre um claro das árvores a janela meia aberta de uma habitação antiga mas não delapidada” – Comente o emprego da palavra meia, `a luz das normas gramaticais atuais. 3)(Vunesp-SP) No texto apresentado, Garrett dirige-se mais de uma vez ao leitor, de maneira informal e descontraída, como se estivesse dialogando com ele. Baseando-se nessa informação, mostre de que modo o tom de informalidade se revela também nas formas de tratamento gramatical que o escritor usa para dirigir-se ao leitor. 4) Em que consiste a ironia do trecho ” E aqui está como nos fazemos a nossa literatura original”, no final do texto transcrito? “Começo a arrepender-me deste livro. Não que ele me canse; eu não tenho que fazer; e, realmente, expedir alguns magros capítulos para esse mundo sempre é tarefa que distrai um pouco da eternidade. Mas o livro é enfadonho, cheira a sepulcro, traz certa contração cadavérica; vício grave, e aliás ínfimo, porque o maior defeito deste livro és tu, leitor. Tu tens pressa de envelhecer, e o livro anda devagar; tu amas a narração direta e nutrida, o estilo regular e fluente, e este livro e o meu estilo são como os ébrios, guinam à direita e à esquerda, andam e param, resmungam, urram, gargalham, ameaçam o céu, escorregam e caem… E caem! — Folhas misérrimas do meu cipreste, heis de cair, como quaisquer outras belas e vistosas; e, se eu tivesse olhos, dar-vos-ia uma lágrima de saudade. Esta é a grande vantagem da morte, que, se não deixa boca para rir, também não deixa olhos para chorar… Heis de cair.” Machado de Assis, Memórias Póstumas de Brás Cubas (Capítulo LXXI: O senão do livro) 5) Tanto no texto de Almeida Garrett como no de Machado de Assis, ocorre Metalinguagem, e ambos os autores, além de tecer comentários acerca de literatura, dirigem-se a seus leitores, cada qual pressupondo um tipo de leitor. Comente acerca do tipo de leitor que Garrett e Machado tem em mente quando tecem seus comentários. 6) No texto de Machado de Assis, explique o emprego dos pronomes demonstrativos este eesse nos trechos “ Começo a arrepender-me deste livro “expedir alguns magros capítulos para esse mundo”, considerando a relação espacial que esses pronomes evidenciam. Para mais realçar a beleza do quadro, vê-se por entre um claro das árvores a janela meia aberta de uma habitação antiga mas não delapidada (…) Interessou-me aquela janela.Quem terá o bom gosto e a fortuna de morar ali? Parei e pus-me a namorar a janela. Encantava-me, tinha-me ali como num feitiço. Pareceu-me entrever uma cortina branca… e um vulto por detrás… Imaginação decerto! Se o vulto fosse feminino!… era completo o romance. Como há-de ser belo ver pôr o Sol daquela janela!…E ouvir cantar os rouxinóis!…E ver raiar uma alvorada de Maio!… Almeida Garrett, Viagens na Minha Terra (Capitulo X) Resolução Comentada 1) Refere-se aos gêneros literários românticos (na prosa) e ao drama (no teatro). 2) Segundo Garrett, tais escritores não desenvolvem literatura original, recorrendo a fórmulas prontas de como escrever – ” Todo o drama e todo o romance precisa de: Uma ou duas damas, um pai (…)” – e a elementos de outras literaturas – “vai-se aos figurinos franceses de Dumas, de Eugenio Sue, de Victor Hugo, e recorta a gente”. Trata-se de uma critica ao modo de produção literária de sua época. 3) O autor usa a segunda pessoa do singular como pronome de tratamento (tu), que no português ”de Portugal” é mais informal, como acontece no trecho “te vou explicar”; e também utiliza um vocabulário informal como em “não seja pateta, senhor leitor, nem cuide que nos o somos”. 4) A ironia consiste no fato de o autor explicar nos parágrafos precedentes a “fórmula pronta” utilizada para escrever prosa, o que acaba com a originalidade. A crítica dirige-se aos escritores da estilo da época - o Romantismo – especialmente `a literatura de folhetim. 5) O leitor pressuposto por Garrett é ingenuo – iludido com os princípios literários da época - o que pode ser percebido em “não seja pateta, senhor leitor”, isso porque esse leitor se engana quanto a originalidade das obras. Já Machado de Assis trata seu leitor como ávido, que busca chegar logo ao desfecho da narrativa, algo identificado no contexto do Realismo (que buscava a escrita direta, objetiva e cientifica), o que é visto em “tu amas a narracao direta e nutrida”. 6) O narrador, Brás Cubas, trabalha com a primeira pessoa na narração, assim utiliza “deste livro” referindo-se ao objeto que encontra-se próximo a ele enquanto escreve. Quando se refere ao mundo, utiliza “esse” porque o assunto/objeto está próximo ao leitor, tratado como segunda pessoa. 7) A beleza e estética românticas são baseadas na expressão dos sentimentos e emoções do sujeito. Nesse contexto, a natureza é um modo de representação do estado de espirito do sujeito. “Como há de ser belo ver o por-do-sol daquela janela” exemplifica o tom alegre da passagem em que Garrett descreve a casa da menina dos rouxinóis. 8 ) Segundo as normais atuais, o uso de “meia” está desviado, pois na norma culta o advérbio nao concorda com o substantivo, no caso ” janela ” e o padrão seria ” janela meio aberta”.