sexta 5 mil veículos serão retirados no pátio Detran [email protected] PÁGINA 4 Policial militar é vítima de uma emboscada A GAZETA - 1B CUIABÁ, 25 DE JANEIRO DE 2013 PÁGINA 6 CRIANÇAS EM RISCO Além das unidades irregulares, há ainda as clandestinas que geram mais preocupações Mais da metade das escolas não estão regulares RAQUEL FERREIRA DA REDAÇÃO D as 286 instituições de ensino públicas e privadas voltadas para educação infantil em Cuiabá, 146 (51%) são irregulares e não apresentam todos os requisitos obrigatórios de segurança e estrutura. A situação foi diagnosticada pelo Conselho Municipal de Educação que orienta os pais a prestarem atenção nos locais onde deixam os filhos. A preocupação da presidente do CME, Regina Lúcia Borges Araújo, é que tragédias como a morte do bebê Artur Zuquieri da Silva, 7 meses, voltem a acontecer. A criança foi a óbito depois de engolir um pedaço de plástico dentro da creche “Cantinho da Mamãe”, no bairro Parque Cuiabá. Conforme o CME, a instituição era clandestina e não contava com nenhum tipo de documentação ou regularização para funcionamento. “A situação de instituições clandestinas é ainda mais grave, porque legalmente o local nem existe e não temos como fiscalizar”. Regina destaca que esta creche foi descoberta em decorrência da morte da criança, caso contrário continuaria no anonimato perante o CME e Secretaria Municipal de Educação (SME). “Como esta, existem muitas outras escolinhas e creches que não seguem nenhuma normatização e isso é um risco para a criança”. A presidente destaca que existe diferença entre instituições clandestinas e irregulares. No primeiro caso, não existe registros oficiais. Já as creches e escolas irregulares, estão cadastradas na Junta Comercial, porém não atendem todos os requisitos necessários para o funcionamento dentro do que prevê a lei. Levantamento do CME identificou 140 escolas privadas voltadas para educação infantil em Cuiabá. Somente 45 (32%) foram consideradas regulares. O cenário é o mesmo na rede pública, onde existem 146 unidades, sendo 95 escolas e 51 creches. Somente 9 creches (17%) e 63 escolas (66%) são apontadas como regulares. O restante não cumpre todas as normas. Conforme Regina, os principais problemas identificados na vistoria foram a falta de profissionais habilitados para atender o número de crianças matriculadas e a pouca infraestrutura oferecida. Orienta que a cada 8 alunos matriculados, a creche ou escola deve dispor de um professor e um auxiliar. Cada sala deve ter no máximo 25 estudantes. “São crianças pequenas, que dependem do adulto para tudo. Elas precisam de atenção integral, têm hora para alimentação, tomar água, administrar o remédio, não vão ao banheiro sozinhas. Por isso, o número de profissionais é tão importante”. Quanto à infraestrutura, a presidente lembra que as salas precisam ser amplas e arejadas, acessível e seguir as normas de segurança do Corpo de Bombeiros, como ter saída de emergência para evitar problemas em caso de situações de pânico. “Imagina se ocorre um incêndio e a escola tem somente uma saída. O risco de morrer uma criança é muito grande. Principalmente as da educação infantil que precisam do auxílio de um adulto”. No caso das instituições públicas, Regina destaca que a falta de acessibilidade é recorrente. E lembra que isso ocorre porque os prédios são antigos e, muitas vezes, difíceis de adaptação. “Foram construídos para atender o modelo da época. Hoje, houve uma mudança, a lei é diferente e leva um tempo para adaptar”. As escolas devem contar ainda com alvará de funcionamento e vistoria do Corpo de Bombeiros, Vigilância Sanitária e Secretaria de Meio Ambiente. As condições de higiene e estrutura da cozinha devem ser uma preocupação dos pais. O local devem ser limpo, bem cuidado e ter geladeira para guardar os alimentos, especialmente os perecíveis. Os banheiros devem ser estruturados para Instituições om atendem crianças c anos, 5 e 0 e tr n e e d a id 11 meses e 29 dia Pais devem analisar ainda todos espaços, inclusive os destinados ao descanso, refeição e lazer Otmar de Oliveira/Arquivo atender o público infantil com sanitários próprios e separados do ambiente destinado aos adultos. Deve haver ainda colchões suficientes para o momento de descanso de todos os alunos. “Os pais devem analisar ainda a existência de espaços adequados para o momento do lazer, com área aberta, brinquedos bem cuidados e fixados no chão, com areia ou grama”. O Conselho Regional de Engenharia, Arquitetura, Agronomia de Mato Grosso (CreaMT) realizará uma vistoria nas escolas da Capital no início deste ano a pedido da Secretaria Municipal de Meio Ambiente. Nas fiscalizações, o órgão verifica a parte estrutural e manutenção dos prédios, bem como avalia a capacitação do profissional que realiza serviços de reparos. Criança foi a óbito depois de engolir um pedaço de plástico dentro de uma creche clandestina no bairro Parque Cuiabá Desenvolvimento - Os brinquedos pedagógicos devem atender a faixa-etária dos alunos, que precisam ainda de contato com jogos, brincadeiras e atividades lúdicas voltadas para o desenvolvimento intelectual e emocional. O projeto pedagógico da escola deve ter foco na educação, formação, com ampla oferta de conhecimento e educação inclusiva, levando a criança a entrar em contato com as diferenças para aprender desde cedo a respeitar o próximo. “A escola que atende a educação infantil cuida e educa. Todos elementos devem ser bem observados. Estamos falando da formação de uma criança”. Na avaliação da diretora pedagógica e proprietária de uma escola particular de Cuiabá, Glória Gahyva, o descumprimento das normas pela maioria das escolas reflete negativamente no trabalho desenvolvido por quem tem preocupação em cumprir a lei. Cita como exemplo o respeito à faixa-etária no momento da matrícula. Comenta que os pais não são devidamente orientados e reclamam quando descobrem que não podem matricular os filhos em uma série avançada para a idade. “A criança tem uma maturidade emocional que deve ser levada em consideração, não pode pensar somente no fato dela saber ler e escrever”. SERVIÇO - Os pais que tiverem interesse em consultar a situação da escola perante o CME podem entrar em contato pelo telefone 3624-0856 e esclarecer as dúvidas. goutro lado reportagem entrou em contato com a assessoria de imprensa da SME, porém não obteve resposta sobre o assunto. Ligações posteriores não foram atendidas. O presidente do Sindicato dos Estabelecimentos de Ensino do Estado de Mato Grosso (Sinepe/MT), Gelson Menegatti, destaca que todas as escolas associadas seguem a lei e estão regularizadas. Comenta ainda que o Sinepe oferece orientação a quem o procura, porém lembra que a fiscalização é de responsabilidade da gestão municipal. A João Vieira/Arquivo