Informativo Técnico Cabos LAN com SETEMBRO 2015 alumínio Cladeado em cobre (CCA) A crescente oferta de cabos categoria 5e para atendimento residencial, e o aumento da demanda de cabos em categoria superiores, gera uma grande expectativa do mercado de preços menores para estes tipos de cabos LAN, forçando os comerciantes procurarem alternativas como a importação de cabos com baixo custo ou a produção de cabos com elementos adversos às normas internacionais reconhecidas. Em especial, um cabo de baixo custo que está presente nomercado brasileiro é o cabo categoria 5e com condutores de alumínio cladeado com cobre, conhecidos como CCA (copper clad aluminium). O termo “cladeado” um termo coloquial - originário da língua inglesa: to clad, cladding, etc- utilizado para representar a junção de dois tipos de metal: um revestindo o outro e formando uma solda permanente na interface comum a ambos, sendo também conhecida como conexão bimetálica. Cabos que contém CCA (alumínio cladeado com cobre),não atendem os requisitos especificados nos padrões nacionais e internacionais. Também não apresentam garantias de que a instalação manterá o desempenho ao longo do tempo, devido às fragilidades mecânicas e elétricas que a composição oferece. ANÁLISE TÉCNICA EM ACORDO COM OS PADRÕES De acordo com os parâmetros de testes definidos nas normas ANSI/TIA 568-C, ISO/IEC 11801, BS EN50173 e normas brasileiras emitidas pela ABNT: NBR 14565 e NBR 14703, os cabos CCA podem: 1. Apresentar falhas nos testes mais básicos e críticos para o bom funcionamento de uma rede. Falhas estas, que podem ser facilmente detectadas durante os testes de aceitação da rede instalada com equipamentos de campo. 2. Falhas de conexão durante instalação e operação devido à inerente baixa resistência mecânica dos condutores CCA (menor resistência aos esforços de flexão e dobramento). 3. Falha de conexão devido à corrosividade do alumínio, deixando a estrutura de cobre frágil e quebradiço. Esta condição torna-se mais crítica em ambientes com vibração e/ou presença de salinidade, como é o caso de regiões litorâneas. Por estas razões, a Furukawa não recomenda o uso de cabos com condutores do tipo CCA. Uma rede de cabeamento estruturado, seja ele residencial ou comercial, que venha a utilizar cabos com condutor CCA, está sujeita à perda de desempenho elétrico e mecânico, expondo o consumidor a um risco de perdas financeiras pela não operacionalidade da instalação. PADRÕES NORMATIVOS PARA CABEAMENTO ESTRUTURADO As categorias de cabos balanceados de um cabeamento estruturado são baseadas em 3 padrões regionais: o padrão norte-americano ANSI/TIA-568, a internacional ISO/IEC 11801 e a europeia BS EN 50173-1. Estes padrões representam a base de toda especificação das categorias e/ou classes de cabos LAN. Outras entidades reconhecidas como a IEEE, seguem o mesmo princípio. CONSTRUÇÃO DO CONDUTOR DE COBRE E OS PADRÕES NORMATIVOS As definições e conceitos estabelecidos em normas apresentam uma base científica voltada à aplicação dos cabos em uma rede ao longo do tempo, tendo considerado como premissa o uso de cobre puro sem a composição com outros elementos metálicos. Definições: ANSI/TIA568-C.2, através da referência normativa ANSI/ICEA S-90-661-2006 para cabos de categoria 5e apresentado na página 4 seção 2 item 2.1.1 “condutor sólido deverá consistir de cobre comercial puro...”. As normas IEC 61156 e EN50288 seguem os mesmos princípios e definições quanto ao uso de cobre puro, conforme requisitos definidos na ASTM B.49, em acordo com as aplicações em sistemas de cabeamento estruturado onde as nomenclaturas são baseadas em categorias associadas às normas internacionais reconhecidas. COBRE CLADEADO SOBRE ALUMÍNIO Os fatos abaixo descrevem os motivos básicos da inerente inferioridade do condutor CCA em comparação ao condutor de cobre eletrolítico puro: a. Conteúdo de cobre puro: Os condutores CCA, geralmente apresentam um percentual maior de alumínio quando comparado à camada de cobre, entre 60 e 80% do diâmetro do condutor, ficando a camada de cobre entre 40 e 20%. No mercado, o condutor CCA mais usual em cabos LAN contém em torno de apenas 10% da sua secção transversal em cobre, sendo o restante alumínio! O condutor CCA apresenta uma densidade de apenas 3,32 g/cm3, sendo portanto em torno de 2,5 vezes menor que o condutor de cobre eletrolítico! b. Resistência elétrica A resistividade do cobre eletrolítico é 1,72 x 10-8 Ω•m enquanto que do alumínio é de 2,82 x 10-8 Ω•m (Ohm metro). Portanto, a mistura de cobre e alumínio no condutor tipo CCA resulta em condutor com resistência elétrica aproximadamente 40% maior do que a de um condutor de cobre puro de mesmo diâmetro! Quanto maior for este valor, pior se torna o desempenho na transmissão de dados para aplicações em cabeamento estruturado. c. Contato nos pontos de conectorização Quando o condutor é crimpado no conector RJ45 ou patch panel, parte do cobre é comprimido e parte é perdido pelo atrito nesta conexão. Considerando o uso de cobre cladeado (condutor CCA), a perda de performance é evidente, pois, em parte, o alumínio assume a função condutiva do circuito fragilizando todo o sistema de transmissão do cabeamento. TABELA COMPARATIVA ENTRE O CABO COM CONDUTOR DE COBRE E O CABO CONDUTOR DE CCA. Requisitos Normativos Internacionais Valores Típicos Condutor de Cobre Condutor CCA > 400 N < 400 N A resistência (resistance) de cada condutor, medida de acordo com o documento de referência “ASTM D4566”, em corrente contínua à 20ºC, não deve exceder 9,38 por 100m. > 9,0 > 20 O desequilíbrio resistivo (resistance unbalance) entre dois condutores de qualquer par, medido de acordo com o documento de referência “ASTM D4566”, em corrente contínua, referida à 20 ºC, não deve exceder 5%. < 3% > 8% O alongamento mínimo dos condutores à ruptura, medido conforme a NBR 6810, deve ser 8%. > 10% < 5% O alongamento mínimo do isolamento do condutor à ruptura, medido conforme a ABNT NBR 9141, deve ser de 100% > 130% < 30% A carga de ruptura mínima do cabo completo deve ser maior que 400 N. FALHA EM TESTES DE PERFORMANCE DURANTE CERTIFICAÇÃO DE ENLACE A grande maioria das instalações de cabeamento estruturado passa por processos de certificação da rede instalada (“channel e permanent link”), testes básicos para a garantia das características de transmissão em acordo com as normas internacionais aplicáveis (ANSI/TIA-568-C.2, ISO/IEC 11801 e BS EN 50173-1). O crescimento do uso do cabo categoria 5e em residências e pequenos comércios, oculta na maioria das vezes os problemas existentes com o tipo de cabeamento utilizado, pois não há frequências na certificação de rede nesta área. cializados e com esta informação registra uma reclamação para a operadora local. Na análise de rede, o técnico identifica a existência de problemas de transmissão associados ao cabeamento, o qual é corrigido com a troca por um cabo contendo condutores de cobre eletrolítico puro, conforme requisitos definidos na ASTM B.49. São identificados problemas como resistência de loop elevada, NEXT, ELFEXT, atenuação e perda de retorno (RL). Algumas destas características vão influenciar mais que outras em função da distância e da aplicação, porém, ao longo do tempo tendem a deteriorar a qualidade de transmissão até a perda total de conectividade. TABELA COMPARATIVA DO TESTE DE PERFORMANCE Atenuação Return Loss Cabo CCA Cabo de Cobre Sólido O IMPACTO SOBRE A FLEXIBILIDADE E MALEABILIDADE DO CABO O alumínio apresenta uma maleabilidade menor se comparado ao cobre. Isto quer dizer que microfissuras ou quebra podem ocorrer com mais facilidade em cabos com condutores de alumínio do que em cabos com condutores de cobre. Diante disso, surgem duas situações: a primeira, o não atendimento as normas internacionais e a segunda, as implicações operacionais do produto dentro das categorias estabelecidas. Muitas vezes o problema da maleabilidade só será percebido após um período do cabo instalado e das condições físicas expostas do produto a agentes externos, como vibração, umidade, movimentação, etc. Em muitos casos, o cliente utiliza de recursos de verificação da velocidade da rede em sites espe- O cabo deve atender a norma internacional referenciada para testes mecânicos a UL-444, item 7. O IMPACTO DA OXIDAÇÃO O cobre puro mesmo oxidado não está sujeito a corrosão galvânica. No entanto, os condutores CCA sofrerão corrosão devido ao inerente “efeito pilha” gerado pela diferença de potencial eletronegativo entre o alumínio e o cobre. O alumínio inicia a oxidação ao primeiro contato com o ar, tendo maior gravidade nos pontos de terminação, como em conectores RJ45 e patch panels. A oxidação nestes pontos fragiliza mecanicamente a conexão e prejudica a performance devido aos problemas de mal contato gerado pela perda de massa do alumínio que preenche o núcleo do condutor. OXIDAÇÃO DO ALUMÍNIO Pontos de exposição do óxido de alumínio no ponto de crimpagem do condutor no RJ45 Pontos de exposição do óxido de alumínio pela ponta externa do condutor no conector RJ45. Após algum tempo é necessário refazer a conexão, o que gera custos com suporte técnico, troca de conector, perda de tempo da operacionalidade da rede, sendo necessário em alguns casos a troca do cabeamento, devido o mesmo não apresentar satisfatoriamente o resultado de performance requerido. Em áreas litorâneas, a oxidação ocorre em um processo muito mais rápido e com maiores consequências, pois o alumínio sofre ação em maiores proporções e o cobre fragiliza por não ter massa o suficiente para inibir a ação da névoa salina causada pela maresia. AVALIAÇÃO DO CONDUTOR NO TESTE DE NÉVOA SALINA (SALT SPRAY) Condição anterior ao teste Condição posterior ao teste Cabo CCA Cabo de cobre sólido IMPLICAÇÕES COMERCIAIS NO USO DE CABOS CCA Em acordo com as normas internacionais aplicáveis e referenciadas pela Agência Nacional de Telecomunicações (ANATEL) nos Requisitos I e II, o cabo com condutores CCA não atende os parâmetros mínimos quanto as características do cobre e as características mecânicas e de performance elétrica do cabo para aplicação em cabeamento estruturado, estando este não conforme no mercado brasileiro. Em instalações que exigem o reconhecimento ao atendimento das normas norte-americano TIA-568, a norma internacional ISO/IEC 11801 e a europeia BS EN 50173-1, seja por implicação direta às nomenclaturas das normas referenciadas ou por associação através dos órgãos locais, os cabos com condutores CCA também não podem ser utilizados.