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Manejo de Agroecosistemas Sustentaveis Monferrer
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68 - AVALIAÇÃO DE PRODUTOS BIOLÓGICOS PARA NUTRIÇÃO DO
FEIJOEIRO VIA FOLIAR1
Eloi Erhard Scherer2; Silmar Hemp3; Cristiano Nunes Nesi4
RESUMO
Com o objetivo de avaliar a eficiência de alguns biofertilizantes na cultura do feijão,
foram conduzidos no período de 2001 a 2003, seis experimentos em Guatambu e
Chapecó (SC). Os produtos avaliados foram: Super Magro, Uréia Caseira, Biosol e
Leader, aplicados via foliar 21, 35 e 49 dias após a emergência das plantas. Na
semeadura foi utilizada uma adubação básica com 2 a 4 t/ha de cama de aviário (toda
área), e como planta reagente a cultivar Carioca (dois experimentos), Carioca Precoce
(três experimentos) e TPS Nobre (um experimento). Os resultados evidenciaram não
haver resposta em produtividade de grãos do feijoeiro à aplicação de biofertilizantes via
foliar em áreas que receberam adubação orgânica.
INTRODUÇÃO
O feijão é uma cultura com destacada importância econômica e social para o
desenvolvimento da agricultura familiar na região Oeste de Santa Catarina. É uma das
culturas com maior tradição de cultivo e geração de renda para muitas pequenas
propriedades rurais, cultivada predominantemente em pequenas áreas e em propriedades
com disponibilidade de mão-de-obra, necessária na colheita quase totalmente manual.
Apesar dessa importância, a produtividade média dessa cultura no Estado ainda é baixa,
considerando-se o potencial das cultivares e as tecnologias disponíveis.
Na região, um número cada vez maior de produtores passou a utilizar adubação
orgânica à base de dejetos de suínos e de aves na cultura do feijão com ótimos
resultados em produtividade e redução dos custos de produção. O Oeste Catarinense tem
a maior densidade animal do Estado (suínos e aves), apresentando grande
disponibilidade de esterco, utilizado principalmente na adubação de milho e feijão
(Scherer et al, 1996). Além da adubação com esterco, alguns produtores passaram a
utilizar adubos foliares, conhecidos como biofertilizantes (CAE/Ipê, 1997), visando a
produção de feijão dentro de normas agroecológicas. A utilização de insumos naturais para
o fornecimento de nutrientes às plantas e controle de fitopatógenos é bastante difundida nas
1
Trabalho desenvolvido com suporte financeiro do CNPq.
Eng. Agr., Ph.D., Epagri/Centro de Pesquisa para Agricultura Familiar.C.P.791, 89801-970, Chapecó, SC. Fone (0xx49)328 4277. email: [email protected]
3
Eng. Agr., M.Sc., Epagri/Centro de Pesquisa para Agricultura Familiar.C.P.791, 89801-970, Chapecó, SC. Fone (0xx49)328 4277. email: [email protected]
4
Eng. Agr., M.Sc., Epagri/Centro de Pesquisa para Agricultura Familiar.C.P.791, 89801-970, Chapecó, SC. Fone (0xx49)328 4277. email: [email protected]
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propriedades rurais do Sul do Brasil que utilizam sistemas agroecológicos de produção (CAE
Ipê, 1997). Essa prática, porém, está sendo utilizada sem maiores conhecimentos dos
produtores e avaliação por órgãos de pesquisa. Em função disso, o objetivo do trabalho
foi avaliar a eficiência dos biofertilizantes mais comumente utilizados na cultura do feijão.
MATERIAL E MÉTODOS
A pesquisa constou de seis experimentos de campo com a cultura do feijão no
período de 2001 a 2003 (safra e safrinha) no município de Guatambu e em 2003 no
município de Chapecó (safrinha). O solo classificado como Latossolo Roxo apresentou
antes da instalação dos experimentos pH = 5,6; matéria orgânica = 3,4%; P = 42mg/L e K
= 148mg/L, teores bem acima do nível critico estabelecido pela Comissão de Fertilidade
do Solo (1995).
No estudo foram avaliados quatro adubos foliares (biofertilizantes): Super Magro,
Uréia Caseira, Biosol e Leader, aplicados nas concentrações 5%, 5%, 1,5% e 1%,
respectivamente. A Uréia Caseira foi elaborada com 40kg de esterco bovino fresco, 4L de
leite fresco, 15L de caldo de cana, 4kg de fosfato natural e 200L de água e em
fermentação aberta. O Super Magro seguiu a metodologia descrita pelo CAE/Ipê (1997).
O Biosol é um produto comercial a base de melaço de cana, enriquecido com macro e
micronutrientes. O Leader é outro produto comercial à base de aminoácidos, enriquecido
com macronutrientes. Todos os produtos, com exceção do Leader (aplicado somente na
1a época), foram aplicados em três épocas: 21, 35 e 49 dias após a emergência das
plantas. Na safrinha de 2003 o Leader também foi aplicado em três épocas. Para aspergir
as soluções sobre as plantas utilizou-se pulverizador costal com vazão de 200 L/ha.
Os experimentos foram instalados sempre em novo local, em áreas adjacentes
num sistema de rotação com a cultura do milho. O delineamento experimental utilizado foi
blocos casualizados com quatro repetições e os dados de produtividade submetidos à
análise de variância e teste de Tukey a 5% de probabilidade para comparação de médias.
Antes da implantação dos experimentos a área de Guatambu recebeu adubação
uniforme com cama de aviário nas doses 4t/ha, 2t/ha e 2t/ha (2001, 2002 e 2003
respectivamente) e a área de Chapecó (2003) recebeu 2 t/ha. Em média o esterco
apresentou 3,6% de N, 3,8% de P2O5, 3,2% de K2O, 4,1% de Ca e 1,1% de Mg.
Foram utilizadas as cultivares Carioca e Carioca Precoce nos experimentos de
Guatambu e a cultivar TPS Nobre no experimento de Chapecó. A semeadura foi em
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linhas espaçadas de 45cm, com 12 plantas por metro (após o desbaste). Para avaliar a
produção de grãos foram colhidas 4 linhas centrais de 5m e os valores corrigidos para
umidade padrão de 13%. Os tratos culturais foram de acordo com as recomendações do
sistema de produção da cultura, dentro de princípios agroecológicos, sem utilização de
adubos químicos e inseticidas sintéticos. No experimento de Chapecó foi utilizado um
inseticida piretróide para controle da vaquinha Diabrótica speciosa.
RESULTADOS E DISCUSSÃO
Os dados de produtividade da cultura dos seis experimentos estão apresentados
na Tabela 1. A produção de grãos dos três anos, safra e safrinha, foi influenciada por
fatores climáticos, principalmente por curtos períodos de estiagem na safra de 2001 e
safrinhas de 2001 e 2002 limitando a produtividade. No geral, os tratamentos com
adubação foliar não influenciaram a produção de grãos (Tabela 1), pois não diferiram
significativamente da testemunha ou entre si. Na safrinha de 2003 o tratamento com Uréia
Caseira mostrou-se superior ao tratamento com Leader, mas sem diferença significativa
da testemunha. Esse fato era esperado pois o produto Leader aplicado na terceira época
causou queima nas folhas, refletindo na produção de grãos.
Em função das condições climáticas desfavoráveis durante o ciclo da cultura, as
produtividades (normalmente acima de 1.500kg/ha), são consideradas satisfatórias para
as tecnologias utilizadas. Os resultados indicam que a boa fertilidade do solo atingida com
as sucessivas aplicações de cama de aviário foi fundamental para atender às
necessidades nutricionais das plantas e que as adubações foliares podem ser
dispensadas quando o solo recebe esterco. Teoricamente os biofertilizantes com
micronutrientes poderiam suprir estes nutrientes às plantas já que são requeridos em
menores quantidades em relação aos macronutrientes (devem ser fornecidos via solo).
Porém, como os adubos orgânicos têm razoáveis teores desses nutrientes em sua
composição (Scherer, 1997), estes são incorporados ao solo e absorvidos pelo sistema
radicular das plantas, dispensando a utilização de adubos foliares.
Observações durante o ciclo da cultura evidenciaram não haver efeito diferenciado
dos biofertilizantes sobre pragas e doenças da cultura. Na safrinha de 2003 em Chapecó
houve alta infestação de vaquinha (Diabrótica speciosa) e para não perder o estudo
aplicou-se um inseticida químico (piretróide), prática não recomendada na agricultura
orgânica. Ressalta-se
que o ataque de insetos ocorreu logo após a aplicação dos
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biofertilizantes na primeira época, foi generalizado e sem diferenças entre parcelas e os
tratamentos utilizados.
CONCLUSÃO
Os biofertilizantes utilizados via adubação foliar não influenciam a produtividade do
feijoeiro no sistema agroecológico de produção em área com adubação orgânica.
LITERATURA CITADA
CAE Ipê Biofertilizantes enriquecidos - caminho sadio da nutrição e proteção das
plantas, Ipê-RS. 1997. 24p.
COMISSÃO DE FERTILIDADE DO SOLO – SBCS/NRS. Recomendações de adubação
e calagem para os estados do Rio Grande do Sul e Santa Catarina. 3. ed. Passo
Fundo, SBCS/Núcleo Regional Sul, 1995. 224p.
SCHERER, E.E. Micronutrientes no esterco de suínos: diagnose e uso na adubação. R.
Agrop. Catarinense, 10 (1): 48-50, 1997
SCHERER, E.E.; AITA, C.; BALDISSERA, I.T. Avaliação da qualidade do esterco líquido
de suínos da Região Oeste Catarinense para fins de utilização como fertilizante.
EPAGRI, Florianópolis, 1996, 46p.(EPAGRI, Boletim Técnico, 79).
TABELA 1: Rendimento de grãos de feijão de seis experimentos conduzidos na safra e
safrinha de 2001 a 2003 nos municípios de Guatambu e Chapecó. Média de
quatro repetições. Epagri/Cepaf, 2003.
safra1
safrinha2
safra2
safrinha2
safrinha3
safrinha1
Produto
2001
2001
2002
2002
2003
2003
......................................... grãos – Kg/ha .........................................
Testemunha
1598 a
1347 a
1589 a
2010 a
2136 ab
1284 a
Super Magro
1457 a
1564 a
1617 a
2060 a
2248 ab
1227 a
Biosol
1782 a
1405 a
1635 a
1962 a
2290 ab
1293 a
Leader
1581 a
1402 a
1637 a
1851 a
1920 b
1315 a
Uréia caseira
1688 a
1574 a
1508 a
2175 a
2529 a
1276 a
CV %
13,75
11,57
10,88
11,57
8,39
17,29
1/
= cultivar carioca; 2/ = cultivar carioca precoce; 3/ =cultivar nobre
Médias seguidas por letras iguais, comparadas na coluna, não diferem entre si pelo teste de Tukey a 5%.
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P137_2005 - Agroecologia em rede