Dulce Marta Schimieguel Análise da hematopoese em amostras de medula óssea nas fases pré e pós-mobilização para transplante autólogo de células-tronco hematopoéticas periféricas Tese apresentada à Universidade Federal de São Paulo – Escola Medicina, Paulista de para obtenção do Título de Doutor em Ciências SÃO PAULO 2009 Dulce Marta Schimieguel Análise da hematopoese em amostras de medula óssea nas fases pré e pós-mobilização para transplante autólogo de células-tronco hematopoéticas periféricas Tese apresentada à Universidade Federal de São Paulo – Escola Medicina, para Paulista de obtenção do Título de Doutor em Ciências Orientador : José Salvador Rodrigues de Oliveira Co-orientadora: Primavera Borelli SÃO PAULO 2009 Schimieguel, Dulce Marta. Análise da hematopoese em amostras de medula óssea nas fases pré e pós-mobilização para transplante autólogo de célulastronco hematopoéticas periféricas. São Paulo, 2009, pp 129 [Tese (Doutor)] Universidade Federal de São Paulo – Escola Paulista de Medicina Hematopoese/ Transplante de Medula Óssea/ Estroma/ Doenças oncohematológicas/ Criopreservação/ CD34+ “Eu sou o caminho, a verdade e a vida" Jesus Cristo Aos meus queridos pais Jorge (in memorian) e Lidia Pela minha vida e pelo seu amor incondicional. A minhas irmãs Doroti, Dalva e Dalsita Pelo apoio, carinho e compreensão em todos os passos de minha vida. A minhas tias Conegunda e Lúcia Pelo exemplo de vida e dedicação aos estudos e à família, grandes incentivadoras, em quem sempre procurei me espelhar. Ao Prof. Dr. José Salvador Rodrigues de Oliveira Meu orientador, que me presenteou com esse projeto o qual me rendeu tantos frutos e desafios A Profª.Drª. Primavera Borelli Minha co-orientadora, grande amiga e fonte inesgotável de sabedoria e bondade. AGRADECIMENTOS Ao Dr. José Orlando Bordin, por ter mediado a minha entrada na disciplina, propiciando-me esta bela oportunidade em minha carreira acadêmica. Às professoras da Disciplina, Dra. Maria Stella Figueiredo, Dra. Dayse Maria Lourenço, Dra Mihoko Yamamoto e Dra Gisele Colleoni por sua colaboração, sugestões e incentivos. Às professoras Dra. Helena Bonciani Nader e Dra Alice Teixeira, por terem permitido a utilização dos laboratórios para o desenvolvimento deste trabalho. Ao meu grande amigo Carlos, companheiro de todas as lutas, pela sua inestimável amizade, dedicação e cumplicidade. Aos meus amigos Juliana, Christiano e Edgar pela generosidade, apoio e amizade, com a frequente ajuda para tornar realidade este meu trabalho e o de muitos outros colegas. Aos meus queridos amigos da USP, Ricardo, Amanda, Karina, Marco Aurélio e Mariana, excelentes companheiros de trabalho e ótimos parceiros. Aos meus queridos amigos da Método, Adriana, Danieli, Daniela, Cláudio, Elton, Clabijo e Edvaldo, pela maravilhosa amizade, incentivo e confiança. Aos amigos do HU, Mônica, Alice, Rosana, Leonardo, Luciana, Neusa, Antonio José e Jorge pela fundamental ajuda e compreensão durante essa jornada. A Maria Helena e Tiago pela paciência e boa vontade, sempre que necessitei de sua ajuda. A enfermeira Bruna, pelo grande auxílio, dedicação e carinho. Aos funcionários das enfermarias e ambulatórios da Hematologia e TMO, dos Hospitais São Paulo e Santa Marcelina pela paciência e disponibilidade em meu auxílio. A todos os funcionários e pós-graduandos que ajudaram de maneira direta ou indireta, contribuindo sempre a um ambiente agradável e de amizade que foi fundamental para a finalização desta tese. Aos pacientes e pessoas que doaram seu material biológico para a composição deste trabalho, não só intuito de contribuir para a tese, mas por acreditar na pesquisa clínica e nos seus benefícios para a ciência. À FAPESP pelo auxílio financeiro recebido na realização deste projeto. SUMÁRIO ÍNDICE DE FIGURAS ABREVIAÇÕES RESUMO ABSTRACT i ii iv vii 1. INTRODUÇÃO 1.1. Hematopoese 1.2. Célula-Tronco Hematopoética (CTH) 1.2.1. Célula-Tronco Mesenquimal (CTM) 1.3. Microambiente hematopoético 1.3.1. Matriz Extra-Celular 1.3.2. Nicho Hematopoético 1.4. Moléculas de Adesão Celular 1.4.1. Integrinas 1.4.2. Superfamília das Imunoglobulinas 1.4.3. Selectinas 1.4.4. CD44 1.4.5. Quimiocinas 1.5. Citocinas e Fatores de Crescimento Hematopoéticos 1.6. Transplante de Medula Óssea 1.6.1. Criopreservação 1.7. Mobilização de células progenitoras hematopoéticas 1.8. Cultura de Medula Óssea de Longa Permanência 1.8.1 Cultura de Medula Óssea de Longa Permanência e Doenças Onco-Hematológicas 1 1 4 6 8 9 12 14 14 16 16 17 18 18 21 21 22 26 2. OBJETIVOS 30 3. MATERIAIS E MÉTODOS 3.1. Casuística 3.2. Tratamento de indução de remissão 3.3. Critérios de inclusão para TMOA 3.3.1. Mieloma Múltiplo 3.3.2. Linfoma Não-Hodgkin (LNH) 3.3.3. Linfoma de Hodgkin (LH) 3.3.4. Leucemias 3.4. Quimioterapia de mobilização de células-tronco hematopoéticas (CTHs) 3.5. Leucoaférese de Grande Volume (LGV) 3.6. Criopreservação e armazenamento de CTH para TMOA 3.7. Métodos 3.7.1. Coleta e processamento das amostras 3.7.2. Separação de células CD34+ 3.7.3. Culturas de estroma de MO de longa permanência 3.7.3.1. Análise da formação da camada estromal 3.7.3.2. Análise da velocidade de formação da camada estromal 3.7.4. Co-cultura de estroma de MO e Células CD34+ 3.7.5. Ensaios clonogênicos 3.7.6. Análise histopatológica das biópsias de medula óssea 31 32 32 32 32 34 34 35 27 36 36 37 39 39 39 39 40 42 42 44 46 3.8. Análise estatística 46 4. RESULTADOS 4.1. Tratamento quimioterápico prévio e mobilização 4.2. Análise da Hematopoese: Formação da camada estromal 4.2.1. Formação da camada estromal e análise histopatológica da MO 4.2.3. Velocidade de formação da camada estromal 4.3. Co-cultura e ensaios clonogênicos 4.4. Criopreservação 4.4.1. Análise comparativa entre amostras criopreservadas e a fresco e o status de mobilização 4.5. Situação atual dos pacientes estudados 47 45 50 5. DISCUSSÃO 5.1. Capacidade e velocidade de formação da camada estromal 5.2. Análise comparativa entre culturas criopreservadas e a fresco 68 68 74 6. CONCLUSÕES 76 7. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS 77 8. ANEXOS I II III IV 95 95 120 123 128 Tabelas de resultados Termo de Consentimento Livre e Esclarecido Protocolos Publicações 52 59 61 64 66 67 i ÍNDICE DE FIGURAS Figura 1. Hierarquia do Sistema Hematopoético Figura 2. Esquema geral da Matriz Extracelular Figura 3. Diagrama geral do nicho de células hematopoéticas Figura 4. Modelo para a mobilização de células-tronco hematopoéticas por GCSF. Figura 5. Características morfológicas da confluência da camada do estroma em culturas de medula óssea de longa permanência. Figura 6. Sistema de escore da distribuição celular em culturas de medula óssea de longa permanência. Figura 7. Modelo de co-cultura de estroma de medula óssea e células CD34+. Figura 8. Análise estrutural de biópsias de medula óssea demonstrando análises de celularidade global Figura 9. Análise biópsias de medula óssea demonstrando infiltração neoplásica e presença de fibrose caracterizada pela reticulina Figura 10. Velocidade do estabelecimento da camada estromal. Figura 11. Ensaios clonogênicos após co-cultura de estroma de medula óssea com células CD34+. Figura 12. Formação da camada estromal de amostras criopreservadas e a fresco. Figura 13. Formação da camada estromal e mobilização. Resumo ii Abreviaturas AA AcMo ABVD AGM AH BFU-E BFM BMO CD CFU CFU-E CFU-Eo CFU-F CFU-G CFU-GEMM CFU-GM CFU-Mast CFU-Meg CFU-Mix: CFU-S CHOP CMN CN CSF CTH CTMO CTSP D3A7 DHAP DMSO DNA DE DP EDTA EPO FN GAGs G-CSF GM-CSF HCAM HD ARA-C HE ICAM ICE Anemia aplástica Anticorpo monoclonal Adriamicina, bleomicina, vinblastina e dacarbazina “Aortas, gônadas e mesonefrons” Ácido hialurônico Unidade formadora de colônias “burst” de eritrócitos Protocolo Berlim-Frankfurt-Munique: daunorrubicina, Lasparaginase, metotrexate Biópsia de medula óssea Grupo de diferenciação Unidade formadora de colônias Unidade formadora de colônias de eritrócitos Unidade formadora de colônias de eosinófilos Unidade formadora de colônias de fibroblastos Unidade formadora de colônias de granulócitos Unidade formadora de colônias de granulócitos, eritrócitos, monócitos/macrófagos e megacariócitos Unidade formadora de colônias de granulócitos e monócitos Unidade formadora de colônias de basófilos e mastócitos Unidade formadora de colônia de megacariócitos Unidade formadora de colônia de granulócitos, monócitos e eritrócitos. Unidade formadora de colônias do baço (spleen) Ciclofosfamida, hidroxidaunorubicina, vincristina, prednisolona Células mononucleares Controles normais Fator estimulante de colônias Células-tronco hematopoéticas Células-tronco de medula óssea Célula-tronco do sangue periférico Daunoblastinax3, Arabinosídeo-cx7 Dexametasona, alta dose de arabinosídeo-C (ARA-C) Dimetilsulfóxido Ácido desoxirribonucléico Doença estável Doença progressiva Ácido tetra-acético etilenodiamina Eritropoetina Fibronectina Glicosaminoglicanos Fator estimulante de colônias de granulócitos Fator estimulante de colônias de granulócitos e monócitos Molécula de adesão do homing Dexametasona, alta dose de arabinosídeo-C (ARA-C) Hematoxilina e Eosina Moléculas de adesão intercelular Iofosfamida, carboplatina e etoposídeo Resumo IL-3 IL-6 IL-8 LeuCAM LGV LLA LLC LMA LMC LH LN LNH LNH-DGCB LTBMC MAC M-CSF MEC MM MMP MO N-CAM PECAM PGs Ph1 QT RC RNA RP RT rhGM-CSF SCF SDF-1 SMD SP ST TCTH TGF-β TMO TMOA TPS VAD VCAM VLA Interleucina 3 Interleucina 6 Interleucina 8 Moléculas de adesão de leucócitos Leucoaférese de grande volume Leucemia linfóide aguda Leucemia linfóide crônica Leucemia mielóide aguda Leucemia mielóide crônica Linfoma de Hodgkin Laminina Linfoma Não-Hodgkin Linfoma Não-Hodgkin difuso de grandes células B Cultura de medula óssea de longa permanência Molécula de adesão celular Fator estimulante de colônias de monócitos Matriz extracelular Mieloma múltiplo Metaloproteinase de matriz Medula óssea Molécula de adesão da célula neural Molécula de adesão da célula endotelial plaquetária Proteoglicanos Cromossomo Filadélfia Quimioterapia Remissão completa Ácido ribonucléico Remissão parcial Radioterapia Fator estimulante de colônias de granulócitos e monócitos recombinante humano Fator estimulante de célula-tronco Fator-1 derivado do estroma Síndrome mielodisplásica Sangue periférico Sangue Total Transplante de células-tronco hematopoéticas Fator transformador de crescimento beta Transplante de Medula Óssea Transplante de Medula Óssea Autólogo Trombospondina Vincristina, doxorrubicina e dexametasona Molécula de adesão vascular Antígeno de ativação tardia iii Resumo iv RESUMO O Transplante de Medula Óssea Autólogo (TMOA) é uma terapia consolidada para tratamento de doenças hematológicas como linfomas, mielomas e leucemias. As células-tronco hematopoéticas (CTHs) podem ser obtidas diretamente da medula óssea (MO) ou do sangue periférico por meio de estímulo com quimioterapia e fatores de crescimento. Frequentemente pacientes submetidos a este procedimento mobilizam as CTHs de forma insatisfatória. O microambiente medular e a hematopoese estão intimamente relacionados com o sucesso deste tipo de tratamento, uma vez que a ontogênese da hematopoese depende de estímulos produzidos pelas células do microambiente medular. Os processos relacionados à adesão celular, as alterações do estroma e da matriz extracelular podem estar danificados em pacientes com MO inicialmente comprometida por células clonais, submetidos a esquemas de quimioterapia e radioterapia convencionais. Estudos relacionados à estrutura e funcionalidade do estroma medular e das CTHs foram realizados para elucidar os possíveis danos causados ao microambiente hematopoético e sua correlação com a recuperação hematológica de curto e longo prazo após os transplantes de medula óssea. Neste estudo, avaliou-se o potencial proliferativo, a capacidade de sustentação da hematopoese e os efeitos da criopreservação em amostras de MO de portadores de doenças onco-hematológicas submetidos ao TMOA. Foram avaliados 22 pacientes, com idade variando entre 16 e 60 anos (média de 37,2 anos). Destes, 5 eram portadores de Linfoma Não-Hodgkin (LNH), 6 de Linfoma de Hodgkin (LH), 4 de Mieloma múltiplo (MM) e 7 de leucemias. Os controles foram provenientes de 10 doadores normais de transplante de medula óssea alogênico com idade variando entre 26 e 45 anos. Foram empregadas culturas de medula óssea de longa-permanência, ensaios clonogênicos e análise histopatológica da MO em dois momentos distintos, pré e pós-mobilização com o intuito de observar se a quimioterapia associada ao fator de crescimento causaria algum dano nas CTHs ou no estroma medular. Observou-se diminuição da formação da camada estromal após a mobilização nas amostras dos controles (p =0,03), sugerindo que a medula óssea normal seja mais afetada pelo efeito imediato do G-CSF, ou que ocorra migração mais expressiva das células progenitoras hematopoéticas da MO para o sangue periférico. As amostras de Resumo v pacientes apresentaram menor capacidade de formação da camada estromal em relação aos controles, indicando danos ao microambiente medular causados pelo tratamento quimioterápico prévio. Não foram detectadas diferenças funcionais nas amostras de pacientes durante o período de mobilização, não se relacionando a capacidade de formação do estroma com a terapêutica citotóxica empregada na mobilização. A presença de fibrose, infiltração e celularidade diminuída na MO contribuíram em parte para a diminuição da capacidade de formação da camada estromal sugerindo fortemente que os danos maiores estão relacionados ao estroma medular possivelmente causados pelo tratamento quimioterápico prévio. Nos ensaios clonogênicos apenas os estromas obtidos de amostras de pacientes pós-mobilização e co-cultivados com células CD34+ apresentaram atividade proliferativa nestes ensaios, com exceção do controle normal co-cultivado com célula CD34+ autóloga. Em relação ao processo de criopreservação não foi observada diferença entre as fases pré e pós-mobilização nas amostras de pacientes e controles, o que pode sugerir que este procedimento não afete a funcionalidade do estroma. Entretanto, as amostras de controles apresentaram diminuição significativa na formação da camada estromal na fase pós-mobilização em relação às amostras de pacientes, principalmente nas amostras a fresco, podendo-se sugerir que a situação do estroma medular de pacientes com doenças onco-hematológicas anteriores à mobilização possa apresentar um efeito protetor aos agentes criopreservadores. Estes achados sugerem que a existência de um estroma doente torna-o menos suscetível ao processo de mobilização e criopreservação. Abstract vi ABSTRACT Autologous hematopoietic stem cell transplantation (auto-HSCT) has proved efficient to treat hematopoietic malignancies such as lymphomas, leukemia and multiple myeloma. Stem cells can be obtained directly from bone marrow or be recruited to enter in the blood stream in response to chemotherapy and hematopoietic growth factors. However, some patients fail to show adequate yield of mobilized HSCs lowering the chances for a successful auto-HSCT. For definitive hematopoiesis to occur, HSCs must interact with a suitable microenvironment, including stromal cells, extracellular matrix and soluble factors. A large number of groups have been trying to elucidate the mechanisms related to mobilization, structural and functionality of marrow stroma and HSC were done to elucidate possible damage caused on marrow microenvironment and their correlation with the short and long time hematological recovery. In this study, it was evaluated proliferate potential, capacity of hematopoiesis support and the cryopreservation effects in bone marrow samples from patients with hematological malignancies submitted to auto-HSC. Were evaluated 22 patients diagnosed with hematological malignancies, aged 16 to 60 (37,2 average) years, including 5 non-Hodgkin‟s lymphoma (NHL) , 6 Hodgkin‟s disease (HD), 4 multiple myeloma (MM), 5 acute myeloid leukemia (AML), 1 acute lymphoblastic leukemia (ALL) and 1 chronic lymphocytic leukemia (CLL). Ten allogeneic bone marrow donors were the control group with 26 to 45 years old. Were used long-term bone marrow cultures, clonogenical assays and bone marrow histopathology analysis at pre and post mobilization, with the purpose to observe if chemotherapy with growth factor will cause some damage to the hematopoietic stem cells or marrow stroma. It was observed stromal layer formation decreased at control samples after mobilization (p =0, 03), suggesting that normal bone marrow was more affected by G-CSF effect , or hematopoietic progenitor cells from bone marrow migrate expressively for the whole blood. Patients‟ samples showed lower stromal layer formation in the control group, showing marrow microenvironment damage caused by previous chemotherapy or disease. It was not detected functional differences in patients‟ samples during mobilization, no relation with capacity of stroma formation during the citotoxic Abstract vii therapy used in mobilization. Fibrosis, infiltration and cell decrease in bone marrow contribute to reduce the stromal layer formation capacity, suggesting that the main damages are related to marrow stroma. About the clonogenical assays only the obtained stromal layers by post-mobilization patients and CD 34+ co-cultivate cells, showing proliferative activity in these assays, with exception of the autologous CD 34+ co-cultivate control group cells. Related to cryopreservation process, it was not observed difference between pre and post phases at control and patients‟ samples, which suggest that this procedure not affect marrow stroma functionality. However, the control samples showed significant decrease in stromal layer formation at the post-mobilization phase in relation to the patients‟ sample, mainly in fresh samples, can suggest that the situation of marrow stroma patient with hematological malignancies before the mobilization can show one effective protection to cryopreserved agents. This finding suggests that have sick stromas that make it less susceptible to mobilization and cryopreservation process. Introdução 1 1. INTRODUÇÃO 1.1 Hematopoese O sangue contém vários tipos de células que possuem características morfológicas e funções biológicas distintas. Eritrócitos são células anucleadas com função de transporte de oxigênio e gás carbônico. Granulócitos e monócitos são células com importante papel na resposta inflamatória e fagocitose. Linfócitos são responsáveis pela imunidade e produção e anticorpos. Plaquetas fazem parte do sistema de coagulação sanguínea. A despeito dessa variedade de tipos celulares e funções, todas as células sanguíneas originam-se de uma única célula: a célula-tronco hematopoética, em um processo denominado hematopoese (Metcalf, 2007; Metcalf et al.,1995; Mayani et al., 2003). Hematopoese é um complexo processo que envolve uma série de eventos celulares e moleculares, nos quais uma pequena população de células-tronco hematopoéticas é capaz de formar continuamente, após várias multiplicações e diferenciações as células hematopoéticas maduras como os leucócitos, as hemácias e as plaquetas (Metcalf, 2007; Huang et al., 2007; Metcalf et al.,1995; Verfaillie, 1993). O sistema hematopoético pode ser dividido em três compartimentos: O primeiro compartimento, mais primitivo, consiste em células-tronco hematopoéticas pluripotentes indiferenciadas com alta capacidade de autorenovação e de proliferação (Metcalf, 2007, Huang et al.,2007; Lichtman et al.,2006; Chan & Watt, 2001). O segundo compartimento consiste em células progenitoras em vários graus de diferenciação com pouca ou nenhuma capacidade de auto-renovação. São células “comprometidas” com as diversas linhagens celulares denominadas de unidades formadoras de colônia (CFU – colony forming unit). Neste compartimento estão os precursores das células das linhagens linfóides (precursor linfóide comum), e mielóide: CFU-GEMM (unidade formadora de colônias de granulócitos, eritrócitos, monócitos/macrófagos e megacariócitos); BFU-E e CFU-E (unidade formadora de colônias de eritrócitos); CFU-Meg (unidade formadora de colônia de megacariócitos); CFU-Mast (unidade formadora Introdução 2 de colônias de basófilos e mastócitos); CFU-Eo (unidade formadora de colônias de eosinófilos); CFU-GM (unidade formadora de colônias de granulócitos/monócitos); e CFU-G e CFU-M (unidade formadora de colônias de granulócitos e monócitos) (Metcalf, 2007; Metcalf et al.,1995; Huang et al.,2007; Lichtman et al.,2006 2001; Chan & Watt 2001). O terceiro compartimento consiste em células maduras, comprometidas, morfologicamente identificáveis, subdivididas em populações com atividade mitótica e pós-mitótica de granulócitos, monócitos, linfócitos eritrócitos e plaquetas (Metcalf,2007, Metcalf et al.,1995; Huang et al.,2007; Lichtman et al.,2006; Chan & Watt 2001) (Figura 1). A manutenção da hematopoese normal, ou seja, o equilíbrio da proliferação e diferenciação celular ocorre por intermédio de interações entre as células-tronco hematopoéticas e seus receptores de membrana, as células estromais produtoras dos fatores de crescimento, os componentes da matriz extracelular (MEC) e os fatores solúveis. O microambiente hematopoético é o local na medula óssea (humanos e camundongos) e baço (camundongos) onde ocorrem estas interações célula-célula e célula-matriz (Huang 2007; Lichtman et al.,2006; Chan & Watt 2001; Klein,1995). Introdução PROGENITORES LINFÓIDE E MIELÓIDE CÉLULAS PROGENITORAS COMPROMETIDAS 3 CÉLULAS MADURAS Linfócitos T Célula Pré-T PLC Linfócitos B Plasmócitos Célula Pré-B Eritrócitos BFU-E CTH CFU-E Megacariócitos/ Plaquetas CFU- GEMM CFU-Meg Auto-renovação Basófilos/ Mastócitos CFU-Mast Eosinófilos CFU-Eo Neutrófilos CFU-G Monócitos/ Macrófagos/ CFU-GM CFU-M Osteoclastos CFU-Oc (?) Figura 1. Hierarquia do Sistema Hematopoético: No primeiro compartimento estão as células-tronco hematopoéticas (CTHs) com alta capacidade de autorenovação, proliferação e diferenciação. No segundo compartimento encontramse as células já comprometidas com as linhagens linfóides e mielóides. Progenitor linfóide comum (PLC) e progenitor mielóide/CFU-GEMM (unidade formadora de colônias de granulócitos, eritrócitos, monócitos/macrófagos e megacariócitos); BFU-E e CFU-E (unidade formadora de colônias de eritrócitos); CFU-Meg (unidade formadora de colônia de megacariócitos); CFU-Mast (unidade formadora de colônias de basófilos e mastócitos); CFU-Eo (unidade formadora de colônias de eosinófilos); CFU-GM (unidade formadora de colônias de granulócitos/monócitos); e CFU-G e CFU-M (unidade formadora de colônias de granulócitos e monócitos). No terceiro compartimento localizam-se as células maduras. (Modificado de Metcalf, D. Stem Cells 2007;25:2390-95) Introdução 4 1.2 Célula-Tronco Hematopoética (CTH) As células-tronco hematopoéticas (CTHs) são definidas pela sua capacidade de auto-renovação, proliferação e pela multipotência, capacidade de originar células sanguíneas maduras, diferenciadas, de diferentes linhagens como eritrócitos, granulócitos, macrófagos, plaquetas e linfócitos (Papayannopoulou & Scadden, 2008; Kiel & Morrison, 2008; Metcalf, 2007; Wheton & Sponcer, 1998). As CTHs são células mononucleares pequenas com pouco RNA (ácido ribonucléico) citoplasmático e morfologicamente indiferenciadas. Sua identificação é realizada através de antígenos de superfície específicos e testes de funcionalidade (Metcalf, 2007;Gangenahalli et al.,2006; Wilson & Trumpp, 2006; Chan & Watt, 2001). Técnicas de citometria de fluxo (FACS – Fluorescence Activated Cell Sorter) que utilizam anticorpos monoclonais permitem a detecção de marcadores de superfície celular restritos às diversas linhagens celulares. Estes marcadores de linhagem celular são utilizados para identificação e quantificação das CTHs e no auxílio diagnóstico de doenças onco-hematológicas (Orford & Scadden, 2008; Metcalf ,2007; Gangenahalli, 2006). O antígeno CD34, inicialmente denominado anticorpo anti-My10, uma fosfoglicoproteína de membrana de aproximadamente 115kD, foi detectado nas células hematopoéticas mais primitivas capazes de reconstituir a hematopoese em animais letalmente irradiados (Gangenahalli,2006; Chan & Watt,2001; Berenson et al.,1988). As células que contém o antígeno CD34 foram denominadas células CD34+. À medida que estas células amadurecem, perdem o antígeno CD34, diminuindo dessa forma a capacidade de adesão ao estroma e diferenciando-as imunofenotipicamente das células mais maduras (Orford & Scadden, 2008; Metcalf, 2007; Gangenahalli, 2006). Sob condições normais, as células CD34+ constituem aproximadamente 0,06% do total de células nucleadas circulantes e 0,5% a 5% das células da medula óssea normal (Gangenahalli, 2006). Outras células um pouco mais maduras também expressam o antígeno CD34. Dessa forma a verdadeira CTH, ou seja, a célula-tronco hematopoética mais primitiva representa somente uma pequena subpopulação de células CD34 +, tanto na medula óssea como no sangue periférico (Orford & Scadden, 2008; Introdução 5 Gangenahalli, 2006; Wilson & Trumpp, 2006). Além do antígeno CD34, outros marcadores de superfície e determinados corantes tem sido utilizados para a caracterização do fenótipo das CTHs. Atualmente as células hematopoéticas mais primitivas podem ser definidas como CD34+, CD38-, CD33-, Thy-1low, CD71-, CD45RAlow, lin- (ausência de marcadores linhagem-específicos), Rhlow (corante fluorescente rodamina 123), Ho 33342low (corante de ácido nucléico) (Orford & Scadden, 2008; Wagner 2007; Gangenahalli, 2006; Albo et al.,2004). Outro antígeno presente nas células hematopoéticas progenitoras é o CD133 (inicialmente denominado AC133), uma glicoproteína transmembrana de aproximadamente 120kDa. Além das CTHs, o CD133 é expresso em células progenitoras neurais e células-tronco embrionárias, algumas leucemias e tumores cerebrais. Baixos níveis de expressão são detectados no rim, pâncreas, placenta e fígado fetal. Recentes estudos demonstraram que as células CD133+ podem ser induzidas a se diferenciarem em células endoteliais in vitro. Além disso, as células-tronco neurais humanas podem ser diretamente isoladas usando um anticorpo anti-CD133 (Kobari et al.,2001; Yu et al.,2002; Huang et al.,2007). Além da caracterização imunofenotípica estudos funcionais são utilizados para auxiliar na distinção das CTHs. Os primeiros estudos realizados na década de 60, por Till e McCulloch demonstraram a multipotência e capacidade de autorenovação da célula-tronco. Neste modelo foi demonstrada a capacidade de reconstituição do sistema hematopoético de camundongos letalmente irradiados após o transplante de células da medula óssea de camundongos singênicos normais. Estes resultados indicaram a presença, no baço, de células indiferenciadas capazes de originar uma grande quantidade (10 7células) de células hematopoéticas, as CFU-S: unidades formadoras de colônia do baço (S = spleen), que são células mais primitivas capazes de gerar qualquer tipo de células hematopoéticas (Papayannopoulou & Scadden,2008; Metcalf, 2007; Till & McCulloch,1961). Em estudos in vitro, a multipotência é facilmente observada através do cultivo das células em meio semi-sólido contendo fatores de crescimento, que resulta na formação de colônias dos diferentes tipos de células hematopoéticas como as colônias CFU-G, CFU-GM, CFU-M, CFU-E e CFU-Meg (Orford & Scadden, 2008; Papayannopoulou & Scadden, 2008). Introdução 6 Outro método de estudo in vitro para avaliar a funcionalidade das CTHs foi inicialmente descrito por Dexter et al. (1977) e demonstrou a capacidade das CTHs de sustentarem a hematopoese por várias semanas num sistema de cultura de estroma de longa permanência, a partir da formação de uma camada estromal originada de células obtidas da MO, sem a necessidade da adição de fatores de crescimento (Papayannopoulou & Scadden, 2008; Zhao et al.,2004; Dexter et al.,1977). O modelo de Dexter confirmou a teoria de que as células estromais secretam moléculas da matriz extracelular e fatores solúveis necessários para a proliferação, maturação e manutenção da hematopoese, e que existe um contato íntimo entre as células hematopoéticas e o microambiente medular (Papayannopoulou & Scadden, 2008; Zhao et al., 2004; Dexter et al.,1977). A multipotencialidade da CTH também está associada à sua capacidade de fixação ao microambiente hematopoético. O contato direto célulacélula e célula-estroma são mediados por moléculas de adesão localizadas na membrana destas células e seus respectivos receptores localizados nas células hematopoéticas, nas células endoteliais e nas proteínas da MEC, como a fibronectina, laminina e trombospondina (Papayannopoulou & Scadden, 2008; Whetton & Sponcer,1998). 1.2.1 Célula-Tronco Mesenquimal (CTM) As células-tronco mesenquimais (CTMs) foram primeiramente descritas por Friedenstein et al. (1966) e consistiam em células indiferenciadas de medula óssea que aderiam à placa de cultura, apresentavam aspecto fibroblastóide, formavam colônias e eram capazes de se diferenciar in vitro em diversas linhagens celulares como ossos e cartilagem. Devido ao seu aspecto, tais células precursoras foram inicialmente denominadas CFU-F (unidades formadoras de colônias de fibroblastos) (Dazzi et al., 2006; Dennis & Chabord, 2002; Bianco et al., 2001). A caracterização das CTMs pode ser realizada através de marcadores imunofenotípicos, porém não existem ainda marcadores específicos para este tipo celular, sendo os antígenos utilizados, comuns a outras linhagens celulares. Introdução 7 Desta forma para sua identificação são empregados painéis de anticorpos que incluem marcadores de linhagem e diferenciação específicos, moléculas de adesão, matriz extracelular e receptores de fatores de crescimento, cujos antígenos estão presentes na superfície das CTMs (Dazzi et al., 2006). Além do fenótipo, estudos de co-expressão de genes específicos para linhagens celulares distintas e caracterização funcional são empregados na sua identificação, sendo estas células capazes de se diferenciar in vitro em células das linhagens osteogênica, adipogênica e condrogênica (Silva et al., 2003; Dennis & Chabord, 2002; Bianco et al., 2001). A medula óssea é hoje a fonte de CTMs mais acessível e melhor estudada, apresentando uma baixa frequência deste tipo celular, estimada em aproximadamente 0,01 a 0,0001% das células nucleadas da MO. As CTMs também são encontradas no sangue periférico após mobilização com fator de crescimento G-CSF (fator de crescimento de granulócitos), sangue fetal, fígado, placenta e líquido amniótico. Estas células foram ainda isoladas em concentrações variáveis em sangue de cordão umbilical, e em menor proporção, em sangue periférico de adultos normais e mulheres grávidas (Dazzi et al., 2006). Na medula óssea as CTMs formam o estroma hematopoético ou estroma medular, formado por fibroblastos, macrófagos e adipócitos, que fornece um ambiente propício para a proliferação, diferenciação e maturação das células hematopoéticas, através da secreção de fatores solúveis hematopoéticas e componentes da matriz extracelular (Ezoe et al., 2004; Dennis & Charbord, 2002). Nos últimos anos vários os estudos envolvendo este tipo de célula foram realizados devido ao seu valor como modelo de estudos moleculares de diferenciação e potencial terapêutico para reparação de tecidos e imunomodulação (Dazzi et al., 2006; Silva et al., 2003; Dennis & Chabord, 2002; Bianco et al., 2001). Introdução 8 1.3 Microambiente Hematopoético O microambiente hematopoético é constituído por um componente celular, do qual fazem parte os fibroblastos, adipócitos, macrófagos, células musculares lisas, células reticulares e endoteliais; e pela matriz extracelular (MEC) que contém as proteínas adesivas fibronectina, laminina, trombospondina, hemonectina, os colágenos tipo III e IV, glicosaminoglicanos como o heparan e o condroitin sulfato e ácido hialurônico e pelos fatores solúveis como as citocinas e os fatores de crescimento (Sacchetti et al., 2007; Moore & Lemischka ,2006; Nervi et al., 2006; Lichtman et al.,2006; Nardi & Alfonso,1999; Klein,1995). As células estromais produzem fatores solúveis que influenciam na diferenciação, proliferação e maturação das células hematopoéticas, como também produzem e secretam componentes da matriz extracelular como laminina, colágeno e glicosaminoglicanos (Ezoe et al., 2004; Dennis & Charbord, 2002;Gordon, 1988; Bentley et al.,1988; Keating & Gordon,1988; Gallagher et al.,1983). Tais interações foram demonstradas em culturas de células de medula óssea de longa permanência (LTBMC – Long Term Bone Marrow Culture), onde as células estromais formam camadas aderentes e heterogêneas, que promovem as condições de crescimento e diferenciação para as células hematopoéticas in vitro (Ezoe et al.,2004;Dennis & Charbord, 2002;Metcalf et al.,1995). Células endoteliais: compõem uma camada celular que cobre totalmente a superfície interna dos sinusóides, e formam uma barreira de controle do sistema contra partículas e substâncias químicas que entram e saem dos espaços hematopoéticos. Através do contato célula-célula e da secreção de peptídeos, influenciam na diferenciação de células osteoprogenitoras e na regulação da hematopoese (Kiel & Morrison, 2008; Lichtman et al.,2006; Dennis & Charbord, 2002;Torok-Storb,1988; Nardi & Alfonso,1999). Células reticulares adventícias: compreendem um importante componente celular do estroma da MO e localizam-se em torno dos sinusóides venosos formando uma camada que cobre parcialmente o lado do endotélio abluminal. Estudos morfológicos indicam que uma das principais funções é a regulação da migração das células maduras para a circulação sanguínea (Kiel & Morrison, 2008; Bianco et al.,2001;Torok-Storb,1988). Introdução 9 Adipócitos: ocupam a grande parte da cavidade medular, suas funções não são muito claras, mas estudos in vitro indicam que elas são capazes de produzir fatores de crescimento. Outra função dos adipócitos é controlar mecanicamente o volume hematopoético: danos na hematopoese estão associados com o aumento do acúmulo de inclusões de gordura, e por outro lado a hematopoese acelerada está associada com a perda de vacúolos de gordura para aumentar o espaço físico para as células hematopoéticas (Lichtman et al.,2006; Bianco et al., 2001;Torok-Storb, 1988). Macrófagos: segundo maior componente celular do estroma, topograficamente localiza-se em três sítios diferentes na MO: macrófagos centrais: ilhas eritroblásticas, macrófagos perisinais: lado abluminal, e ainda dispersos entre as células-tronco hematopoéticas (Travlos, 2006; Nardi & Alfonso,1999). Osteoblastos: Derivam de um precursor comum das células mesenquimais e sua ação direta na regulação da proliferação das CTHs na superfície endosteal, foi recentemente evidenciada através de estudos onde a ablação condicional dos osteoblastos resultou em uma significante redução da hematopoese na MO. Estes dados sugerem que os osteoblastos são células chaves no nicho hematopoético e que as moléculas expressas por estas células devem ter atividades ainda desconhecidas na regulação da hematopoese. (Kiel e Morrison, 2008;Zhu et al.,2007; Ballen, 2007; Moore & Lemischka, 2006; Yin & Li, 2006; Wilson & Trumpp 2006; Nilsson et al.,2005; Dennis & Charbord, 2002). 1.3.1 Matriz Extracelular (MEC) A matriz extracelular (MEC) é uma rede complexa composta por quatro grandes classes de macromoléculas: colágenos, proteoglicanos (PGs), glicosaminoglicanos (GAGs) e pelas glicoproteínas adesivas (fibronectina, laminina e trombospondina), que proporcionam sustentação da estrutura tecidual, secreção de citocinas e fatores de crescimento e adesão das células hematopoéticas (Bi et al, 2005; Ezoe et al., 2004; Klein,1995). Figura 2 Colágenos: Colágenos são glicoproteínas fibrosas, insolúveis e mais abundantes que as demais moléculas da MEC e estão envolvidos na hemostasia, cicatrização, adesão e migração celular (Koide,2007). O Introdução 10 estroma do microambiente medular sintetiza colágenos tipo I, III, IV, V e VI. A inibição da síntese do colágeno em um modelo murino de culturas de longa permanência in vitro levou a uma redução de progenitores hematopoéticos, demonstrando o importante papel desta proteína na regulação da hematopoese (Klein,1995). Proteoglicanos e glicosaminoglicanos: compreendem um grupo de macromoléculas da matriz extracelular que, interagindo entre si ou com células do tecido conectivo, auxiliam na manutenção da integridade estrutural do tecido e ainda fazem parte da regulação do crescimento celular, migração e diferenciação (Kahari, 1991). Os GAGs são polímeros lineares de açúcar constituídos por unidades dissacarídicas repetitivas. Essa variedade estrutural resulta nos seguintes GAGs: heparina, heparam sulfato, condroitim-4-sulfato, condroitim-6sulfato, dermatam sulfato, queratam sulfato e ácido hialurônico. Com exceção do ácido hialurônico, os demais GAGs ocorrem nos tecidos, ligados covalentemente a proteínas, formando os PGs (Sampaio & Nader, 2006; Lindahl et al.,1994; Mathews,1975). Fibronectina (FN): é uma glicoproteína presente no plasma (forma solúvel) e na MEC de muitos tecidos (forma insolúvel). Na medula óssea, a FN é sintetizada por células estromais, principalmente fibroblastos, e media a adesão de várias linhagens de células hematopoéticas. A adesão à FN ou a ligação celular aos seus fragmentos estimulam a proliferação e migração de progenitores hematopoéticos, e a proliferação de progenitores comprometidos e células já diferenciadas, parecendo ser este o mecanismo mais importante de regulação da proliferação e migração das CTHs da medula óssea para o sangue periférico (Vicent & Mechti, 2005; Peled et al.,2000; Shofield et al.,1998; Nojima et al., 1990). Laminina (LN): A laminina pertence à família das macromoléculas multifuncionais presentes na membrana basal, são as proteínas não-colagênicas mais abundantes na MEC (Aumailley & Gayraud,1998). A LN possui grande interação adesiva com células CD34+ e apresenta atividade mitogênica para células progenitoras hematopoéticas, o que acontece de forma muito similar à adesão da FN (Gu et al.,2003). Introdução 11 Trombospondina (TPS): é uma glicoproteína sintetizada e secretada por uma ampla variedade de células, incluindo plaquetas, fibroblastos, células de músculo liso, células endoteliais, células da glia, queratinócitos e megacariócitos. Semelhante à fibronectina e à laminina, a TPS participa do processo de proliferação, diferenciação e migração das células hematopoéticas (Frazier et al.,1987; Long & Dixit,1990). COLÁGENO FIBRONECTINA LAMININA PROTEOGLICANOS INTEGRINAS Figura 2: Matriz Extracelular (MEC). Esquema demonstrando as interações entre a membrana celular e os componentes da MEC. As proteínas adesivas como a laminina, fibronectina e os colágenos e suas ligações com os proteoglicanos e as integrinas presentes na membrana celular. Modificado de Lodish et al.Molecular Cell Biology, 2004. Introdução 12 1.3.2 Nicho Hematopoético As células-tronco hematopoéticas localizam-se em regiões anatomicamente distintas da MO denominadas “nichos”. Estruturalmente os nichos são compostos por um microambiente medular, formado por células estromais e componentes da MEC que fornecem nutrientes capazes de manter o balanço entre auto-renovação e proliferação das CTHs (Papayannopoulou & Scadden, 2008; Moore & Lemischka, 2006; Yin & Li, 2006; Wilson & Trumpp, 2006; Arai et al.,2005). Figura 3 O conceito de “nicho” de células-tronco hematopoéticas foi inicialmente sugerido por Shofield (1978), que propôs que as CTHs mantém um íntimo contato com a região do endósteo, e que o contato célula-célula seria responsável pela aparente capacidade ilimitada de proliferação ou inibição das CTHs (Papayannopoulou & Scadden, 2008; Ballen, 2007; Moore & Lemischka, 2006; Yin & Li, 2006; Wilson & Trumpp, 2006; Arai et al.,2005; Nilsson et al.,2001; Shofield,1978). Em roedores e humanos, a hematopoese é preferencialmente localizada na região paratrabecular da MO, onde o remodelamento ósseo é ativo, envolvendo os osteoclastos, mobilização e ativação de osteoblastos, produção e mineralização do osteóide e subseqüente estabilização do osso. As células reticulares adjacentes estão ligadas às células endosteais por moléculas de adesão e junções do tipo “gap”, e contribuem para a modulação fisiológica da função de suporte hematopoético (Moore & Lemischka, 2006; Yin & Li, 2006; Wilson & Trumpp, 2006; Balduíno et al.,2005). Nilsson et al (2001) demonstraram a evidência da localização espacial do nicho na região endosteal. Em um modelo murino de transplante de medula óssea, aproximadamente uma hora após a infusão de células hematopoéticas primitivas (Lin-), observaram que a maioria das CTHs dos doadores localizaramse na região central da medula óssea, e rapidamente se redistribuíram preferencialmente próximas à região endosteal da MO. Adams et al.(2006), demonstraram através de estudos murinos que os íons cálcio presentes em grande quantidade na superfície endosteal, interagem com receptores expressos pelas CTHs, agindo como potente regulador do aumento Introdução 13 destas células no nicho. Estes estudos sugerem uma nova estratégia de tratamento utilizando drogas que modulem os receptores de cálcio, aumentando a proliferação das CTHs transplantadas no nicho hematopoético ou, em contrapartida na mobilização das CTHs da MO para o sangue periférico. Osteoblastos CTH Vasos sangüíneos Osso Células estromais Progenitores MEC Figura 3. Nicho de células hematopoéticas: Diagrama esquemático dos componentes celulares e do nicho de células hematopoéticas na medula óssea. A medula óssea está intrinsecamente ligada com as CTHs, e sua população mais primitiva localiza-se próxima à superfície do endósteo da trabécula óssea, onde os osteoblastos parecem estar diretamente relacionados com a regulação da hematopoese. (Modificado de Moore & Lemischka. Science 2006;311:880-85) Introdução 14 1.4 Moléculas de Adesão Celular Moléculas de adesão celular (MAC) são proteínas de superfície celular secretadas por leucócitos, células endoteliais MEC, que participam da interação entre as CTHs e o microambiente hematopoético e estão envolvidas na retenção das células na MO e na migração para o sangue periférico (Lataillade et al.,2004; Williams et al.,199; Whetton & Sponcer, 1998; Timens,1995). A presença das moléculas de adesão é mais evidente em células hematopoéticas jovens e vai diminuindo à medida que as células vão amadurecendo, facilitando dessa forma a migração das células maduras como neutrófilos, eosinófilos e eritrócitos para a circulação periférica. Estas moléculas são ativadas por citocinas que atuam em receptores celulares aumentando o processo de migração transendotelial no recrutamento de leucócitos para os sítios inflamatórios e na mobilização periférica da CTH (Cashen et al.,2007; Gangenahalli et al.,2006; Lataillade et al.,2004; Whetton & Sponcer, 1998). As moléculas de adesão são classificadas em famílias: a família das integrinas, encontrada nos granulócitos, monócitos, linfócitos e plaquetas; superfamília das imunoglobulinas, que possuem receptores inseridos na membrana de macrófagos, plaquetas e linfócitos T; família das selectinas, que se ligam a carboidratos localizados na membrana dos leucócitos e das células endoteliais; o CD44 e as quimiocinas (Chan & Watt, 2001; Lichtman et al.,2006 2001; Timens, 1995). 1.4.1 Integrinas Integrinas são proteínas heterodímeras (17 subunidades α e 8 subunidades β), que medeiam importantes funções celulares incluindo o desenvolvimento embrionário, diferenciação celular e interações entre células hematopoéticas ou inflamatórias com o microambiente medular (Gangenahalli et al.,2006; Winkler & Lévesque, 2006; Wagers et al.,2002; Chan & Watt, 2001; Whetton & Graham, 1999). Estruturalmente diferentes cadeias α ligam-se a uma mesma cadeia β. Desta forma, classificam-se as integrinas em três subfamílias principais: β1 ou VLA-antígenos de apresentação tardia (very late antigen); β2 ou LeuCAM- Introdução 15 moléculas de adesão de leucócitos; e β3 ou citoadesinas. São glicoproteínas transmembranas que necessitam de um processo de ativação para conectar-se ao seu receptor (Wagers et al.,2002; Chan & Watt, 2001; Timens,1995). Ambas as subunidades α e β interagem com ligantes que incluem as proteínas da MEC (colágenos, trombospondina, laminina, vitronectina, fator de Von Willebrand, etc.) e aos membros da superfamília das imunoglobulinas (moléculas de adesão intercelular 1, 2 e 3: ICAM-1, ICAM-2, ICAM-3 e molécula de adesão vascular: VCAM). Existe pelo menos seis tipos de moléculas VLA, sendo o VLA-4 (41) e VLA-5 (51) com expressão fenotípica do CD29/CD49d e CD29/CD49e, respectivamente, consideradas as mais importantes (Chan & Watt 2001; Timens,1995). As integrinas estão diretamente envolvidas na diferenciação celular, tráfego de leucócitos, agregação plaquetária, ativação celular, organização tecidual, mobilização e homing das CTHs (Cashen et al.,2007; Katayama et al.,2004; Wagers et al.,2002; Chan & Watt, 2001; Whetton & Graham, 1999; Timens,1995). A maioria das CTHs expressa o VLA-4 (α4β1) cujo receptor é a molécula de adesão vascular (VCAM-1) e a fibronectina (FN). A atividade adesiva do VLA-4 pode ser regulada por citoquinas presentes no microambiente medular como fator estimulante de granulócitos-macrófagos (GM-CSF), fator estimulante de CTH (stem cell factor - SCF), interleucina-3 (IL-3) e fator de crescimento beta-1 transformador (TGF-β1), sugerindo ter papel fundamental na regulação da hematopoese (Nervi et al.,2006; Katayama et al.,2004; Lapidot & Petit, 2002; Chan & Watt, 2001). O VLA-4 medeia a interação entre a CTH e o estroma medular sendo de relevância funcional para a hematopoese e para a mobilização periférica e migração medular das CTHs (Cashen et al.,2007; Nervi et al.,2006; Winkler & Lévesque, 2006; Katayama et al.,2004; Lapidot & Petit, 2002; Wagers et al.,2002; Chan & Watt, 2001). As CTHs circulantes expressam VLA-4 em baixas quantidades quando comparadas as CTHs presentes na medula óssea. A mobilização das CTHs para o sangue periférico parece não depender somente do nível de expressão das integrinas, mas também do seu estado funcional (Cashen et al.,2007; Nervi et Introdução 16 al.,2006; Winkler & Lévesque, 2006; Katayama et al.,2004; Papayannopoulou, 2004; Whetton & Sponcer, 1998). O papel da VLA-5 (α5β1) ainda é pouco conhecido, mas parece estar envolvido na regulação da adesão celular com a MEC e também na migração celular. As CTHs expressam o VLA-5 cujo receptor também é a fibronectina, porém o VLA-4 é mais rapidamente requerido para a migração celular (Gangenahalli et al.,2006; Lichtman et al.,2006; Chan & Watt, 2001). 1.4.2 Superfamília das Imunoglobulinas Imunoglobulinas da superfamília são glicoproteínas transmembranas cálcio independentes. As moléculas de adesão pertencentes a essa classe também estão envolvidas em vários processos da hematopoese (Cashen et al.,2007; Nervi et al.,2006; Winkler & Lévesque, 2006; Whetton & Graham, 1999). Os membros dessa família são: molécula de adesão intercelular 1 - ICAM-1 (fenótipo CD54) que é ligante para o LFA-1(molécula de adesão associada a função leucocitária). Molécula de adesão da célula vascular- VCAM (CD106), ligante para o VLA-4. Molécula de adesão da célula endotelial plaquetáriaPECAM-1 (CD31). Molécula de adesão da célula neural-N-CAM (CD56) (Winkler & Lévesque, 2006; Katayama et al.,2004; Chan & Watt, 2001; Williams et al.,1991). Recentemente foi demonstrado que outra molécula de adesão, a MadCAM (molécula de adesão ligada à mucosa), ligante da integrina α 4β7, também tem um papel importante na migração celular e do homing das CTHs (Katayama et al.,2004). 1.4.3 Selectinas As moléculas de adesão da família das selectinas contêm três membros. A selectina plaquetária (P-selectina - CD62P), expressa em plaquetas e células endoteliais e a selectina endotelial (E-selectina – CD62E), expressa em células endoteliais. Estas duas selectinas tem sua expressão induzida pela sinalização da resposta inflamatória, sendo auxiliares no extravasamento de leucócitos para o sangue periférico (Nervi et al.,2006; Lichtman et al.,2006; Chan & Watt ,2001). Introdução 17 O terceiro membro, a L-selectina (CD62L) é expresso em leucócitos maduros e nas CTHs. Progenitores mielóides (CFU-GM) incluindo a população de células CD34+ expressam altos níveis de L-selectina, enquanto que os progenitores eritróides expressam baixos ou indetectáveis níveis de L-selectina. As CTHs mais primitivas (CD34+, CD38-) expressam níveis baixos ou intermediários destas moléculas (Chan & Watt, 2001). Entre os receptores para L-selectina incluem o GlyCAM-1 (molécula de adesão celular dependente de glicosilação) expresso em linfonodos; CD34 marcador de superfície das CTHs e MadCAM-1 uma glicoproteína semelhante à mucina encontrada em tecido endotelial venoso de linfonodos de mucosa (Chan & Watt, 2001). O tetrassacarídeo sialo Lewisk (sLex) foi identificado como ligante para a P e E-selectinas. Outro ligante é a P-selectina glicoproteína ligante-1 (PSGL-1), que é uma glicoproteína presente em células mielóides maduras (neutrófilos e monócitos) e em linfócitos. 1.4.4 CD44 Outra molécula envolvida em eventos adesivos é CD44, também denominada molécula de adesão do homing (HCAM). Este receptor é expresso nas células hematopoéticas e não-hematopoéticas e atua no homing e adesão à MO em conjunto com as moléculas de adesão VLA-4 e ICAM-1 e ICAM-3 (Lichtman et al.,2006; Nervi et al.,2006; Chan & Watt, 2001). O CD44 é o principal receptor do ácido hialurônico (AH) e sua expressão está diminuída em CTHs mobilizadas, sugerindo um papel importante na adesão das CTHs à matriz extracelular e às células estromais e na mobilização celular para a circulação periférica (Nervi et al.,2006; Chan & Watt, 2001). Estudos do nosso grupo (dados não publicados) demonstraram que após a mobilização das CTHs da MO para o sangue periférico, os níveis séricos de AH estão aumentados e que a expressão do CD44 está diminuída nas células CD34+. O aumento dos níveis de AH nos pacientes portadores de doenças oncohematológicas que foram considerados maus mobilizadores, sugerem que este seja um fator de predisposição ao insucesso durante o processo de mobilização das CTHs. Introdução 18 1.4.5 Quimiocinas Quimiocinas fazem parte da superfamília das citocinas de baixo peso molecular, 8 a 15 kDa, classificadas em duas subfamílias de acordo com o aminoácido presente: CXC ou CC (Nervi et al,2006; Lataillade et al, 2004). Os receptores CXC (CXCR) ligam-se as quimiocinas do tipo CXC, e os receptores CC (CCR) ligam-se as quimiocinas do tipo CC (Lataillade et al,2004). Ambos regulam o tráfego de células imunes efetoras como os macrófagos, células dendríticas, eosinófilos, células “natural killers”, neutrófilos, eosinófilos e basófilos para os locais de infecção e inflamação (Nervi et al.,2006; Lataillade et al.,2004; Lapidot & Petit, 2002). O SDF-1 (fator-1 derivado do estroma) também denominado CXCL12, é um membro da família das -quimiocinas do tipo CXC produzida por células estromais da MO que se liga ao seu receptor, o CXCR-4 uma proteína transmembrana presente nas células CD34+ (Cashen et al, 2007; Lapidot & Petit,2002). O SDF-1 é uma quimiocina caracterizada como um fator estimulante de crescimento de células pré-B, que potencialmente atrai diferentes tipos de células, incluindo as CTHs que expressam o receptor CXCR-4 na membrana celular (Winkler & Lévesque, 2006; Lataillade et al.,2004; Lapidot & Petit, 2002). O complexo SDF-1/CXCR-4 está diretamente relacionado com a migração celular para o sangue periférico e com o homing das CTHs (Cashen et al.,2007; Winkler & Lévesque, 2006; Lataillade et al.,2004; Lapidot & Petit, 2002). 1.5 Citocinas e Fatores de Crescimento Hematopoéticos Citocinas são glicoproteínas que medeiam e regulam a resposta imune, inflamação e hematopoese. São produzidas em resposta a estímulos imunológicos e se ligam aos receptores de membrana específicos modificando funções celulares como proliferação, ativação e secreção de moléculas efetoras (Nervi et al.,2006; Lichtman et al.,2006). Os fatores de crescimento hematopoéticos são citocinas que atuam na formação, regulação e em várias atividades funcionais das células Introdução 19 hematopoéticas progenitoras ou maduras como quimiotaxia, degranulação, ativação e citoxicidade. Nesta categoria englobamos as interleucinas, linfocinas, monocinas, interferons e fatores estimuladores de colônias (Lichtman et al.,2006; Barreda et al.,2004). Os fatores estimulantes de colônias (CSF- colony stimulating factor) vem sendo estudados nos últimos 30 anos e suas propriedades são essenciais no desenvolvimento das várias linhagens de células hematopoéticas. Dentre eles estão o fator estimulador de colônias de macrófagos (M-CSF:macrophage colonystimulating factor), o fator estimulador de colônias de granulócitos (G-CSF: granulocyte colony-stimulating factor), o fator estimulador de colônias de granulócitos e macrófagos (GM-CSF: granulocyte-macrophage colony-stimulating) e o fator estimulador de colônias de multilinhagens, melhor denominado de interleucina-3 (multi-CSF ou IL-3) (Barreda et al.,2004; Vadhan-Raj et al.,1988). M-CSF é o principal regulador da sobrevida, proliferação e diferenciação de macrófagos e seus precursores, e tem também efeito sinérgico com outras citocinas na proliferação de progenitores hematopoéticos imaturos. O M-CSF é sintetizado por vários tipos de células incluindo as células endoteliais, fibroblastos, células estromais da MO e osteoblastos (Barreda et al.,2004). GM-CSF é uma glicoproteína produzida por várias células como: linfócitos B e T, células endoteliais, células mesoteliais, mastócitos, fibroblastos macrófagos e osteoblastos, que estimula a proliferação e diferenciação de células hematopoéticas comprometidas com as linhagens de neutrófilos de macrófagos em vários estágios de desenvolvimento. Ele regula as atividades funcionais de granulócitos e monócitos maduros in vivo e in vitro (Wognun 1994; Vadan-Raj 1988). O GM-CSF recombinante humano (rhGM-CSF) não somente estimula a formação de granulócitos e monócitos, mas também a formação de colônias multipotentes de granulócitos, monócitos, eritrócitos e megacariócitos, aumentando dessa forma a população mielóide (Vadan-Raj et al.,1988; Barreda et al.,2004). O G-CSF é produzido por monócitos, células endoteliais e fibroblastos, regula a produção e acelera o processo maturativo de neutrófilos e sua liberação da medula óssea para o sangue periférico. Precursores tardios da linhagem neutrofílica e o próprio neutrófilo maduro são considerados alvo de atuação do G- Introdução 20 CSF. Seus receptores são encontrados em todas as células da linhagem granulocítica e também em monócitos (Lichtman et al.,2006; Barreda et al.,2004). Além da ação fisiológica, o G-CSF atua no processo de mobilização das CTHs. Durante a hematopoese não-estimulada, somente um pequeno número de progenitores hematopoéticos circula no sangue periférico. A administração de citocinas, como G-CSF, associadas ou não a drogas citotóxicas, como ciclofosfamida, proporciona um aumento brutal no número de progenitores hematopoéticos circulantes. Como conseqüência, o sangue periférico tem se tornado uma importante fonte de progenitores hematopoéticos para uso em transplantes de medula óssea autólogos e alogênicos (Cashen et al.,2007; Nervi et al.,2006). A IL-3, um produto dos linfócitos T age estimulando a proliferação e diferenciação de células precursoras hematopoéticas, como também, aumentando a função de células mielóides maduras. Atua sobre unidades formadoras de colônias de granulócitos-macrófagos (CFU-GM), unidades formadoras de colônias de eritrócitos (CFU-E), unidades formadoras de colônias de megacariócitos (CFU-Meg) e unidades formadoras de granulócitos, eritrócitos, macrófagos e megacariócitos (CFU-GEMM), caracterizando sua atividade em progenitores mais primitivos comprometidos com a linhagem mielóide (Barreda et al.,2004). A eritropoetina (EPO) é um hormônio glicoprotéico produzido nas células do interstício do parênquima renal, externamente à membrana basal tubular, principalmente na região interna do córtex e região externa da medula renal. Estas células especializadas produtoras de EPO também foram encontradas em pequena quantidade no parênquima hepático (Lichtman et al.,2006). O mecanismo de produção da EPO é regulado pelo nível de hipóxia tecidual, em resposta à anemia, através do aumento das células produtoras de EPO e não por um aumento da síntese deste hormônio por um número pré-fixado de células (Lichtman et al.,2006).A EPO promove diferenciação eritróide atuando principalmente nos progenitores eritróides imaturos (BFU-E e CFU-E), nas células mais diferenciadas como os (proeritroblastos e eritroblastos), induzindo o aumento da massa eritróide (Lichtman et al.,2006; Dybedal & Jacobsen, 995). Introdução 21 1.6 Transplante de Medula Óssea O transplante de medula óssea (TMO) visa enxertar a célula-tronco hematopoética com o objetivo de corrigir defeitos qualitativos ou quantitativos da medula óssea. O princípio do TMO é erradicar a doença de base através de quimioterapia ou radioterapia mieloablativa, destruindo as células presentes na medula óssea e posteriormente infundindo as células-tronco hematopoéticas que irão repovoar a MO do hospedeiro (Levesque & Winkler, 2008; Devetten & Armitage, 2007; Elfenbein & Sackstein, 2004; Baron & Storb ,2004; Cottler-Fox et al.,2003; Gazitt, 2001;Thomas et al.,1975). Atualmente a nomenclatura usualmente empregada é transplante de células-tronco hematopoéticas (TCTH), uma vez que a fonte de células mais utilizada são as células-tronco do sangue periférico (Levesque & Winkler ,2008) obtidas após um tratamento que aumenta o tráfego das CTHs da medula óssea para o sangue periférico (Devetten & Armitage, 2007; Jansen et al.,2005; Elfenbein & Sackstein, 2004; Baron & Storb ,2004;Thomas et al.,1975). Nos últimos 30 anos o TCTH vem sendo utilizado no tratamento de doenças hematológicas malignas e não-malignas, imunodeficiências, erros inatos do metabolismo e tumores sólidos. O transplante pode ser singênico, quando o doador é um gêmeo univitelínico; alogênico, quando a célula provém de outro doador aparentado ou não; e autólogo, quando a célula enxertada é do próprio paciente (Jansen et al.,2005; Elfenbein & Sackstein, 2004; Baron & Storb, 2004:Thomas et al.,1975). 1.6.1. Criopreservação A aplicação da criobiologia na preservação celular iniciou-se em 1949 com o congelamento de esperma utilizando glicerol como agente crioprotetor (Polge et al.,1949). Subsequentemente, este procedimento foi aplicado por Barnes & Loutit (1955) na criopreservação de células hematopoéticas. Desde então novos protocolos e agentes crioprotetores vem sendo utilizados em aplicações clínicas, utilizando células hematopoéticas coletadas no sangue periférico ou medula Introdução 22 óssea (MO), na grande maioria dos transplantes de medula óssea autólogo e alguns alogênicos (Almici et al.,2003, Balint et al.,1999). O princípio dos procedimentos de criobiologia é minimizar a injúria tecidual durante o processo de congelamento. A injúria celular pode ser causada pela desidratação celular intensa e/ou cristalização de gelo intracelular .Os agentes crioprotetores diminuem o gradiente osmótico e a diferença de pressão de vapor entre os meios intra e extracelular (Balint et al.,1999). O procedimento padrão utilizado hoje para criopreservar células hematopoéticas utiliza DMSO (Dimetilsulfóxido) como agente crioprotetor em concentrações (2-10%), em um sistema de congelamento gradual e subseqüente armazenamento em nitrogênio líquido (-196ºC). A funcionalidade das células hematopoéticas criopreservadas e posteriormente descongeladas pode ser verificada por meio de técnicas de detecção de viabilidade, cultura de células em meio líquido e culturas de longa permanência. 1.7 Mobilização de Células-tronco Hematopoéticas A administração de altas doses de quimioterapia ou radioterapia seguida do transplante das CTHs proporciona aos pacientes com doenças oncohematológicas, uma rápida recuperação do sistema hematopoético e imunológico (Levesque & Winkler, 2008; Cottler-Fox et al.,2003; Gazitt,2001). Tradicionalmente as CTHs são obtidas por múltiplas aspirações na crista ilíaca da medula óssea. No entanto, no final da década de 70 e início da década de 80, a descoberta que as CTHs poderiam ser estimuladas a migrar em grande quantidade da medula óssea para o sangue periférico, onde poderiam ser facilmente coletadas, mudou radicalmente a prática clínica dos transplantes (Levesque & Winkler,2008; Nervi et al.,2006; Cottler-Fox et al.,2003; Lapidot & Petit, 2002). O recrutamento das células progenitoras da medula óssea para o sangue periférico durante o tratamento com quimioterapia ou citocinas é um procedimento clínico chamado de mobilização. Este método imita a resposta da medula óssea aos sinais de estresse durante danos ou inflamações, originando aumento da Introdução 23 liberação fisiológica das células-tronco hematopoéticas da reserva medular e migração transendotelial (Winkler & Levesque,2006; Cottler-Fox et al.,2003; Lapidot & Petit, 2002). Atualmente as células-tronco hematopoéticas mobilizadas são a fonte de escolha para transplantes autólogos e alogênicos, sendo empregadas na grande maioria (>90%) dos transplantes (Levesque & Winkler, 2008; Cottler-Fox et al.,2003). Estudos randomizados (Hartmann et al.,1997; Schmitz et al.,1996; Beyer et al.,1995) comparando a origem das células-tronco periféricas mobilizadas e de medula óssea demonstraram vantagens no emprego das CTHs mobilizadas, como a menor duração das citopenias, maior rapidez na “pega” medular, melhora na reconstituição imune e redução da morbidade (Levesque & Winkler, 2008; Cashen et al.,2007; Winkler & Levesque, 2006; Nervi et al.,2006; Cottler-Fox et al.,2003; Lapidot & Petit, 2002; Gazitt ,2001). Os agentes utilizados na mobilização das células-tronco induzem a expansão, ativação e/ou degranulação de células mielóides da medula óssea, levando à liberação de enzimas proteolíticas dos neutrófilos que clivam as ligações das CTHs com as células estromais, resultando na mobilização destas células da MO para o sangue periférico (Levesque & Winkler ,2008; Nervi et al.,2006; Cottler-Fox et al.,2003). Os primeiros agentes utilizados para mobilizar as CTHs foram drogas citotóxicas, que suprimem o tecido hematopoético, estimulando a proliferação das CTHs remanescentes para repovoar a medula óssea. É durante este período de recuperação medular que o número de CTHs aumenta no sangue periférico (Levesque & Winkler, 2008; Winkler & Levesque, 2006; Nervi et al.,2006). Durante a última década, os conhecimentos sobre os mecanismos da mobilização celular foram aperfeiçoados, através da descoberta das moléculas de adesão e seus receptores, citocinas e fatores de crescimento, e sua correlação com adesão e migração das células hematopoéticas da MO. Estes estudos proporcionaram utilização concomitante à quimioterapia, ou de forma isolada, de citocinas como o G-CSF, GM-CSF e interleucina-8 (IL-8) (Cashen et al.,2007; Winkler & Levesque, 2006; Papayannopoulou, 2004). O G-CSF recombinante humano é o agente mais comumente utilizado na mobilização da CTHs. A segurança e eficácia do uso desta citocina são Introdução 24 sustentadas por 20 anos de uso, sendo bem tolerado pelos pacientes e doadores apresentando poucos efeitos colaterais (Levesque & Winkler ,2008; Cashen et al.,2007; Gazitt, 2001). Entretanto, uma proporção significativa de doadores de medula óssea de TCTH alogênico (5-10%) mobiliza mal em resposta ao G-CSF. Esta proporção aumenta consideravelmente (>40%) em coleta autóloga, dependendo da doença de base, da intensidade e da duração do tratamento quimio/radioterápico prévio (Levesque & Winkler, 2008; Cashen et al.,2007; Winkler & Levesque, 2006). Dessa forma, muitos esforços foram feitos para elucidar os mecanismos moleculares que mantém a CTH na medula óssea. A ativação destes mecanismos interfere na migração das células progenitoras hematopoéticas da medula óssea para o sangue periférico (Levesque & Winkler,2008). O processo de mobilização inicia-se por ativação de neutrófilos e osteoclastos, induzida por quimioterapia ou citocinas como o G-CSF (Cottler-Fox et al.,2003; Lapidot & Petit, 2002). Ocorre aumento da proliferação dos neutrófilos, que secretam enzimas proteolíticas como a elastase, catepsina G e metaloproteinases de matriz (MMP-9 e MMP-2), que clivam as ligações entre as moléculas de adesão das CTHs (VLA-4) e seus receptores no estroma (VCAM-1), facilitando a liberação e a migração transendotelial das CTHs da medula óssea. Outra citocina, o SDF-1 que também participa na mobilização mediada por GCSF, induz os osteoclastos a secretarem metaloproteinases de matriz (MMP-9), agindo de forma sinérgica e concomitante à ação dos neutrófilos (Levesque & Winkler, 2008; Cashen et al.,2007; Winkler & Levesque, 2006; Nervi et al.,2006; Cottler-Fox et al.,2003; Lapidot & Petit, 2002; Gazitt, 2001). Figura 4 Introdução 25 CONDIÇÕES NORMAIS (A) CÉLULAS SANGUÍNEAS MADURAS SANGUE ENDOTÉLIO VASCULAR MEDULA ÓSSEA NEUTRÓFILOS MEC CXCR4 + CD34 SDF-1 VCAM-1 VLA-4 CÉLULAS ESTROMAIS OSTEOBLASTOS ENDÓSTEO OSSO MOBILIZAÇÃO (B) CTHs MOBILIZADAS SANGUE MEDULA ÓSSEA NEUTRÓFILOS MEC G-CSF PROLIFERAÇÃO ELASTASE CATEPSINA G MMPS VLA-4 VCAM-1 OSTEOBLASTOS CÉLULAS ESTROMAIS ENDÓSTEO OSSO Figura 4: Modelo para a mobilização de CTHs por G-CSF. Em condições normais (A), as células-tronco localizam-se próximas às células estromais aderidas por ligações com as moléculas de adesão celular como a VLA-4/VCAM1. Durante a mobilização (B), G-CSF induz a proliferação dos neutrófilos e liberação de proteases (elastase, catepsina G, e metaloproteinases-MMPs), que participam na degradação das interações das CTHs com as moléculas de adesão e migração para o sangue periférico. Modificado de: Lapidot & Petit, 2002. Introdução 26 1.8 Cultura de Medula Óssea de Longa Permanência As culturas de medula óssea de longa permanência foram primeiramente descritas por Dexter et al (1977). Este modelo fundamentou o cultivo de células obtidas da medula óssea de camundongos e depositadas em meio de cultura, sem adição de citocinas, gerando uma camada de células aderentes e algumas em suspensão, sendo capazes de se manterem viáveis por várias semanas (Galotto et al.,1999; Wilkins & Jones,1995). Nesta padronização foram estabelecidos parâmetros como número de células plaqueadas, temperatura e intervalo de troca de parte do meio de cultura. Observou-se que na primeira e segunda semana havia uma redução do número de células em suspensão, pois as células mais maduras morriam e as mais imaturas aderiam à placa e se diferenciavam. As células aderentes foram inicialmente denominadas de células mononucleares fagocíticas, células planas formando uma camada confluente (fibroblastos e macrófagos) e posteriormente surgiram células apresentando vacúolos de lipídeos (adipócitos) (Dexter et al.,1977). Na década de 80, Gartner & Kaplan (1980) estabeleceram um modelo de culturas de longa permanência de células humanas baseado na descrição inicial de Dexter. Confirmaram que era possível manter estas culturas por longos períodos e que a quantidade de progenitores hematopoéticos, analisados através de ensaios clonogênicos se mantinha principalmente na camada aderente. A introdução deste sistema de culturas de longa permanência denominado LTBMC (long term bone marrow culture) tornou-se uma ferramenta importante nos estudos funcionais das CTHs e sua relação com o microambiente hematopoético. Inicialmente, entre o quinto e o vigésimo dia de cultivo, ocorre a formação da camada de células aderentes, denominada estroma. O contato das células aderentes do estroma com os progenitores hematopoéticos produz os estímulos necessários para a manutenção da hematopoese, como a secreção e citocinas e proteínas constituintes da MEC. Desta forma, a camada de estroma propicia o crescimento de células hematopoéticas progenitoras que podem ser quantificadas e analisadas funcionalmente através de ensaios clonogênicos (Lanza et al., 2001; Galotto et al.,1999; Wilkins & Jones, 1995; Marsh et al., 1991; Eaves et al., 991). Introdução 27 Desta forma obtém-se in vitro, um microambiente que se assemelha às características presentes na medula óssea de onde estas células foram extraídas e proporciona estudos relacionados à hematopoese em diferentes condições, que podem ser relacionadas com processos fisiológicos ou patológicos (LópezHolgado et al.,2005; Lanza et al.,2001; Galotto et al.,1999; Wilkins & Jones, 1995; Marsh et al.,1991; Eaves et al.,1991). 1.8.1 Cultura de Medula Óssea de Longa Permanência e Doenças OncoHematológicas O sistema de LTBMC foi utilizado por Marsh et al.(1991) para avaliar os danos do estroma hematopoético e das CTHs em pacientes com anemia aplástica. Por meio de cultivos cruzados de estroma normal com CTHs de pacientes com anemia aplástica e estromas de pacientes com anemia aplástica com CTHs normais, observaram que todos os pacientes apresentaram falhas na função das CTHs sem alterações no estabelecimento do estroma. Domenech et al.(1994) avaliaram através das LTBMC e ensaios clonogênicos a hematopoese de pacientes portadores de doenças oncohematológicas e tumores sólidos. Eles demonstraram que altas doses de quimioterapia administradas durante o transplante de medula óssea autólogo causavam danos prolongados no sistema hematopoético, mesmo após a recuperação das contagens de células no sangue periférico. Estes dados sugeriram que a quimioterapia não causava danos as CTHs, mas sim ao estroma hematopoético. Del Cañizo et al.(1999) utilizando LTBMC e ensaios clonogênicos, confirmaram em parte os estudos de Domenech et al.(1994). Neste estudo além da perda da capacidade de formação do estroma, observaram que os progenitores hematopoéticos também estavam reduzidos, sugerindo que estes danos à hematopoese influenciavam a recuperação de granulócitos e plaquetas após o transplante. Recentemente López-Holgado et al.(2005) demonstraram através de LTBMC e ensaios clonogênicos a influência do sexo no estabelecimento do estroma em amostras de MO obtidas de doadores normais. Eles observaram que Introdução 28 o sexo masculino teve um melhor desempenho na formação da confluência, o que pode ser devido ao maior número de células precursoras hematopoéticas no sangue periférico após o processo de mobilização. Outro fato importante observado foi que as culturas estabelecidas com o produto da aférese após a mobilização tiveram um melhor desempenho quando comparadas àquelas estabelecidas com células da medula óssea, indicando uma maior quantidade de CTHs no produto de aférese. Defeitos quantitativos e qualitativos em células hematopoéticas progenitoras são proeminentes descobertas em síndromes mielodisplásicas (SMD). Recentes estudos demonstraram que células hematopoéticas da medula óssea de pacientes com SMD possuem uma alta proliferação com um número grande de células eritróides, mielóides e megacariocíticas comprometidas com a síntese de DNA (ácido desoxirribonucléico). Esta observação está relacionada com o aumento da celularidade na medula óssea dos pacientes com SMD, mas não se associa às citopenias periféricas associadas com estas doenças. Uma explicação para este paradoxo é que as células hematopoéticas não saem do compartimento da medula óssea porque morrem depois que entram na circulação periférica (Aizawa et al.,1999; Alvi et al.,2001; Borojevic et al.,2004). O Mieloma Múltiplo é uma doença onco-hematológica caracterizada pela proliferação monoclonal de células plasmáticas. Ainda não está completamente definido o mecanismo pelo qual estas células permanecem na medula óssea e qual o papel do microambiente. Muitos estudos demonstram que diferentes citocinas estão envolvidas na proliferação de células do mieloma tanto in vitro como in vivo. (Faid et al.,1996; Bloem et al.,1998). Contudo, sabe-se hoje que dentre as doenças onco-hematológicas, o mieloma múltiplo apresenta maior grau de danos no microambiente hematopoético e uma grande resistência à terapia citotóxica, provavelmente relacionada com o mecanismo de interação entre a MEC, as integrinas e as células hematopoéticas (van Marion et al.,2003; Cheung & Van Ness, 2001; Damiano et al.,1999). Interações anormais entre células hematopoéticas em desenvolvimento e seu microambiente podem, ao menos em parte, causar a saída prematura de blastos nas leucemias, mas ainda não foi confirmado se um microambiente medular “leucêmico” existe. (van Golisga et al.,2007; Corazza et al.,2004; Introdução 29 Bruserud & Gjertsen, 2000; Greenberger, 1992; Liesveld et al.,1991; Liesveld et al.,1994; Reuss-Borst et al.,1995; Reuss-Borst et al.,1992; Teixidó et al.,1992). Os esforços em entender estas relações funcionais entre o microambiente e as células progenitoras hematopoéticas, são básicos para estabelecer os mecanismos da hematopoese nas doenças onco-hematológicas. O conhecimento do processo que envolve a adesão celular, as alterações do estroma da MEC e a migração das células CD34+, diante do contexto de pacientes com MO inicialmente comprometida por células clonais, submetidos a esquemas de quimioterapia e radioterapia convencionais, contribuirá em respostas + esclarecedoras no rendimento de células CD34 para o TCTH autólogo. Frequentemente os portadores de doenças onco-hematológicas se submetem ao TMOA como terapia de consolidação ou de salvação. Em nossa experiência em TMO observou-se que alguns pacientes, em especial aqueles mais intensamente tratados, curiosamente não mobilizam células CD34 + de forma satisfatória, necessitando de realização de coleta de medula óssea por múltiplas aspirações em centro cirúrgico. Entretanto, outros pacientes submetidos a condições semelhantes obtem bom rendimento destas células. A literatura pertinente não é conclusiva quanto às verdadeiras causas destas falhas, especula-se o papel do tratamento quimioterápico que resultaria em diminuição do pool de células progenitoras hematopoéticas. Poucos estudos referem-se às consequências das ações proteolíticas que possam ocorrer no microambiente hematopoético, causadas pelo uso de fatores de crescimento durante o período de mobilização de células-tronco hematopoéticas (Cashen et al., 2007; Elfenbein & Sackstein, 2004). Levando em conta este fato, propusemos um modelo de análise funcional com intuito de avaliar possíveis danos causados pelo tratamento quimioterápico prévio ao transplante de medula óssea autólogo, ou pela terapêutica associada ao fator de crescimento G-CSF empregada na mobilização de células CD34 + e sua correlação com o sucesso ou insucesso deste procedimento. Objetivos 30 2. OBJETIVOS Devido a falha de mobilização ocorrer em número considerável de portadores de doenças onco-hematológicas submetidos a transplante de medula óssea autólogo, propôs-se a avaliação dos danos ao estroma e dos efeitos da criopreservação nas células mononucleares de medula óssea no processo de mobilização de células CD34+. 1. Análise do estroma da medula óssea nas fases pré e pós-mobilização através de ensaios funcionais in vitro relacionados ao estabelecimento, velocidade de formação e manutenção do estroma. 2. Correlação entre os achados da análise do estroma com as alterações histopatológicas com o sucesso da mobilização e rendimento de células CD34+ no processo de leucoaférese. 3. Avaliação dos efeitos da criopreservação nas células mononucleares totais e CD34+ de medula óssea durante o período de mobilização. Materiais e Métodos 31 3. MATERIAIS E MÉTODOS 3.1 Casuística Foram avaliados 22 pacientes, com idade variando entre 16 e 60 anos (média de 37,2 anos). Destes, 5 eram portadores de Linfomas Não-Hodgkin (LNH), 6 Linfomas de Hodgkin (LH), 4 mieloma múltiplo (MM), 5 Leucemias Mielóides Agudas (LMA), 1 Leucemia Linfóide Aguda (LLA) e 1 (Leucemia Linfóide Crônica (LLC). O tempo entre o diagnóstico e a mobilização foi de 4 a 60 meses. Dez pacientes estavam em remissão completa, 11 em remissão parcial e um apresentava doença avançada (Tabela 1). Todos os pacientes tinham indicação de TMOA previamente avaliados pelos grupos de transplante de medula óssea (TMO) dos Hospitais São Paulo (HSP) e Hospital Santa Marcelina (HSM), no período de novembro/05 a maio/2006 contabilizando, doze do HSP e dez do HSM. Os controles foram provenientes de 10 doadores normais de transplante de medula óssea alogênico com idade variando entre 26 e 45 anos, sendo seis do HSM e quatro do HSP. O protocolo de pesquisa foi aprovado pelo comitê de éticas das duas instituições envolvidas (Número de protocolos: 0241/02 e 012/02, respectivamente). Tabela 1. Características dos pacientes estudados no período de indicação para TMOA. Média Diagnóstico Nº de de Pacientes idade Sexo Tempo de Estágio da Doença Diagnóstico (anos) M F RC RP DP (meses) Doadores 10 36,6 6 4 - - - - Leucemias 7 27,7 4 3 5 1 1 11,1 Linfomas 11 37.6 7 4 3 8 - 18 4 52,7 4 0 3 1 - 21,7 11 10 1 50% 45% 5% Mieloma Múltiplo Total 32 38,6 21 11 RC: Remissão completa; RP: Remissão Parcial; DP: Doença Progressiva. 16,9 Materiais e Métodos 32 3.2 Tratamento de indução de remissão O tratamento quimioterápico de indução de remissão seguiu protocolos mundiais (Barlogie et al.,1988; Barlogie & Alexanian,1986; Miller et al.,1988; Fisher et al.,1987; Bonadonna & Santoro,1983; DeVita et al.,1983; Armitage et al.,1980; Jones et al.,1979; Bruserud & Gjertsen, 2000). Os dados de tratamento de cada paciente são mostrados na tabela 2. 3.3 Critérios de inclusão para TMOA Os critérios de inclusão para TMOA são descritos abaixo, classificados de acordo com os diferentes tipos de doenças. 3.3.1 Mieloma Múltiplo (MM) 1. Diagnóstico de acordo com SWOG (Southwest Oncology Group Study) e estadiamento clínico de acordo com Durie-Salmon (Durie & Salmon,1975). 2. Tratamento anterior com no mínimo 4 ciclos de quimioterapia (QT) tipo VAD (Vincristina / Adriamicina / Dexametasona) (Barlogie & Alexanian,1986, Lokhorst et al.,1999). 3. Ao término da QT, os pacientes foram avaliados quanto à resposta clínica, considerando: a) Remissão completa (RC): se houve total desaparecimento da gamopatia monoclonal no soro ou na urina e menos do que 5% de plasmócitos em biópsia de MO, mantidos por um período mínimo de dois meses. b) Remissão parcial (RP): quando houve redução de pelo menos 75% da carga tumoral inicial incluindo proteinúria de Bence-Jones inferior a 100mg/dia e menos do que 10% de plasmócitos em aspirado ou biópsia de MO. c) Doença estável (DE): foi considerada quando a redução da carga tumoral inicial foi inferior a 75%, porém sem sinais de progressão. d) Doença progressiva (DP): quando ocorreu aumento da carga tumoral igual ou superior a 25%, na vigência de QT. Estes indivíduos foram classificados como refratários ao tratamento. Nestes pacientes foram administrados mais 2 ciclos de VAD e realizado novo reestadiamento clínico. Materiais e Métodos 33 Tabela 2. Dados de quimioterapia de indução de remissão, número de ciclos, tempo entre diagnóstico e mobilização e status da doença por paciente no período pré-mobilização para TMOA. T DIAG DOENÇA SEXO IDADE MOB STATUS TRATAMENTO PRÉVIO Nº CICLOS (MESES) LNH F 33 13 LNH M 42 LNH M 48 LNH M LNH DH DA DOENÇA CHOP (6) 6 RC 17 CHOP (6)+ R-ICE(3) +G-CSF 11 RP 13 CHOEP (6)+ DHAP(2)+ICE(3) 11 RP 34 18 CHOEP (6x), RTX, DHAP (4x) 10 RP M 42 18 CHOP (x10), R-ICE (4x) 14 RC F 20 28 9 RP DH F 24 24 ABVD(8) + DHAP (5) 13 RC DH M 25 31 ABVD(6)+ (Gencitabina +cisplatina)(6) 12 RP DH M 49 13 ABVD(6)+ (ICE)(3) 8 RC DH F 23 11 ABVD (8x) + ICE(4x) 12 RP DH M 30 13 ABVD (8) 9 RP LLA-L3 M 20 7 BFM-LLA-L3 6 BLOCOS RC 4 DP ABVD (6)+ ICE (3) (Falha de MOB com ICE) D3A7(falha de indução), 2xMEC+CSA(remissão completa), LMA-M1 M 16 NR LMA-M2 M 24 4 D3A7(2) + HD ARA-C (2) 4 RC LMA -M0 F 42 5 D3A7(2) + HD ARA-C (1) 3 RC LLC atípica M 50 14 R-CHOP 6 RC F 25 9 3 RC LMA-M2 F 17 28 D3A7 (2) + ARA-c (2g/m²x6)x3 5 RC MM M 60 10 Dexametasona 3 RC MM M 50 8 VAD+Talidomida+RTX analgésica 6 RP MM M 60 60 VAD(6) + Talidomida+Dexametasona 8 RP MM M 41 9 VAD( 6) 6 RP intensificação: 1x(alta dose da ARAc+VP-16+CSA), LMA pós SMD D3A7(1x), Ida3A7(1x), alta dose ARAC (1x) LNH: Linfoma Não-Hodgkin; DH: Doença de Hodgkin; LLA: Leucemia Linfóide Aguda; LMA: Leucemia Mielóide Aguda; LLC: Leucemia Linfóide Crônica; SMD: Síndrome mielodisplásicas; MM: Mieloma Múltiplo; T DIAG MOB: tempo entre diagnóstico e mobilização; CHOP: ciclofosfamida, doxorrubicina, vincristina e prednisolona; CHOEP: ciclofosfamida, doxorrubicina, vincristina etoposídeo e prednisolona; DHAP: dexametasona, alta dose de arabinosídeo-C (ARAC); ABVD: adriamicina, bleomicina, vinblastina e dacarbazina; BFM: protocolo Berlim-FrankfurtMunique: daunorrubicina, L-asparaginase, metotrexate R-ICE: rituximabe - iofosfamida, carboplatina e etoposídeo; RT: radioterapia; HD ARA-C: dexametasona, alta dose de arabinosídeo-C (ARA-C); D3A7: (Daunoblastinax3, Arabinosídeo-cx7); VAD: vincristina, doxorrubicina e dexametasona; RC: Remissão completa; RP: Remissão Parcial; DP: Doença progressiva. Materiais e Métodos 34 3.3.2 Linfoma Não-Hodgkin (LNH) 1. Foram candidatos ao TMOA àqueles pacientes com LNH agressivos em primeira recaída QT sensível ou àqueles em primeira RC com índice de prognóstico internacional (IPI) > 3. 2. Os pacientes tiveram o diagnóstico histológico e imunohistoquímico de acordo com a classificação da “Organização Mundial de Saúde‟‟ (Harris et al.,1999). O estadiamento clínico foi de acordo com Ann Arbor (Diebold 1988; Armitage 2005). 3. Os pacientes foram tratados com QT de 3ª geração: CHOP: ciclofosfamida, doxorrubicina, vincristina e prednisolona; CHOEP: ciclofosfamida, doxorrubicina, vincristina etoposídeo e prednisolona; R-ICE: rituximabe- ifosfamida, etoposida, carboplatina; DHAP: dexametasona, cisplatina e citarabina (Miller et al.,1988; Armitage et al.,1980; Jones et al.,1979). Para os casos com doença “bulky” (grande massa com dimensão >10cm ou superior a 1/3 do mediastino) ao diagnóstico, empregou-se a radioterapia regional campo envolvido (Fisher et al.,1994; Shipp et al.,1999, Caballero et al.,1997). 4. Ao término da QT, os pacientes foram avaliados quanto à resposta clínica: Remissão completa (RC): o total desaparecimento do tumor mantido por um tempo mínimo de 4 meses. Remissão parcial (RP): redução de pelo menos 50% da massa tumoral inicial. Doença estável (DE): redução inferior a 25% da massa tumoral inicial, porém, sem sinais de progressão. Doença progressiva (DP): aumento de 25% ou mais da massa tumoral inicial, durante a QT. 3.3.3 Linfoma de Hodgkin (LH) 1. Foram candidatos ao TMOA àqueles pacientes com LH em primeira recaída QT sensível ou doença refratária. 2. Os pacientes tiveram o diagnóstico histológico e imunohistoquímico de acordo com a classificação da “Organização Mundial de Saúde‟‟ (Harris et al.,1999). O estadiamento clínico foi de acordo com Ann Arbor (Diebold 1988; Armitage 2005). Materiais e Métodos 35 3. Os pacientes foram tratados com QT de 3ª geração: ABVD: doxorrubicina, bleomicina, vinblastina e dacarbazina; ICE: ifosfamida, etoposida, carboplatina; DHAP: dexametasona, cisplatina e citarabina (Miller et al.,1988; Armitage et al.,1980; Jones et al.,1979). Para os casos com doença “bulky” (grande massa com dimensão >10cm ou superior a 1/3 do mediastino) ao diagnóstico, empregou-se a radioterapia regional campo envolvido (Fisher et al.,1994; Shipp et al.,1999, Caballero et al.,1997). 4. Ao término da QT, os pacientes foram avaliados quanto à resposta clínica: Remissão completa (RC): o total desaparecimento do tumor mantido por um tempo mínimo de 4 meses. Remissão parcial (RP): redução de pelo menos 50% da massa tumoral inicial. Doença estável (DE): redução inferior a 25% da massa tumoral inicial, porém, sem sinais de progressão. Doença progressiva (DP): aumento de 25% ou mais da massa tumoral inicial, durante a QT. 3.3.4 Leucemias Os protocolos utilizados para tratamento de leucemias agudas basearamse em BFM: protocolo Berlim-Frankfurt-Munique: daunorrubicina, L-asparaginase, metotrexate para leucemia linfóide aguda (LLA-L3) (Mayer et al.,1994; Steinbach et al.,2001); R-CHOP (ciclofosfamida, adriamicina (hidroxidaunorubicina), vincristina, prednisolona e rituximab) (Ösby et al.,2003; Coiffier et al.,2002) para leucemia linfóide crônica (LLC) e D3A7 (daunomicina e arabinosideo) + HD ARAC (alta dose de arabinosideo-C) (Velásquez et al.,1998) para as leucemias mielóides agudas (LMA). Ao término da QT, os pacientes foram avaliados quanto à resposta clínica: Remissão completa (RC): contagem de células leucêmicas inferior a 5 % das celularidade da MO, ausência de infiltração extra medular e desaparecimento total das células leucêmicas no sangue periférico. Falha de Remissão: contagem de células leucêmicas igual ou superior a 5 % das celularidade da MO ou presença de infiltração extra medular ou presença de células leucêmicas no sangue periférico. Materiais e Métodos 36 3.4 Quimioterapia de mobilização de células-tronco hematopoéticas (CTHs) Os pacientes elegíveis receberam QT de mobilização. No MM, a QT consistiu de ciclofosfamida 5g/m2/EV Preconizou-se mesna, em doses fracionadas como resgate, considerando-se 120% da dose total de ciclofosfamida. Nos linfomas a mobilização se fez com DHAP ou ICE e G-CSF, na dose de 10 цg/Kg, administrado até o último dia da aférese. Nas leucemias, o esquema de mobilização foi feito com ciclofosfamida na dose de 5g/m2, HD+ARA-C, ou somente G-CSF (600ųg/dia). Em todos os pacientes, foi associado G-CSF na dose 10 µg/Kg, iniciado no momento em que a contagem de leucócitos atingiu o nadir de 1000/mm³ e mantido até o último dia da aférese. Nos doadores, empregou-se G-CSF na mesma dose, por 5 dias, sendo as aféreses realizadas no 4º e 5º dias após o início da administração do fator de crescimento. Em relação aos pacientes, quando houve recuperação hematológica após nadir leucocitário, e quando o número de glóbulos brancos (GB) atingiu 2000/mm3, foi iniciada a quantificação seriada de células CD34+ no SP, através de citometria de fluxo. Quando o número absoluto de células CD34+ no SP foi superior a 15/mm3, iniciou-se a primeira leucoaférese. Esses pacientes foram considerados bons mobilizadores. Aqueles pacientes, que após quantificação seriada de células CD34+ atingiram 10-15/mm3 e já contabilizaram um total de GB > 20.000/mm3, foram considerados maus mobilizadores. Entretanto, foi realizada coleta por aférese. Caso o rendimento de células CD34+, para esse último grupo, fosse inferior a 2 x 106/Kg, foi coletado MO por aspiração em centro cirúrgico. Pacientes que atingiram menos do que 10/mm3 células CD34+ em SP, com leucometria superior a 20.000/mm3, foram considerados como falha de mobilização. Estes realizaram coleta aspirativa de MO em centro cirúrgico. 3.5 leucoaférese de Grande Volume (LGV) Imediatamente antes do procedimento de leucoaférese, os pacientes foram avaliados quanto à necessidade de colocação de catéter central rígido de duplo Materiais e Métodos 37 lúmen. As células foram coletadas, utilizando-se um processador automático de sangue, modelo Spectra-Cobe (Cobe Lakewood, CO, USA). Os pacientes foram submetidos a LGV, onde se processou 3 ou mais volemias sanguíneas, calculadas a partir da fórmula de Nadler-Allen, inserida no programa do equipamento. O anticoagulante utilizado é o ACD-A (ácido cítrico e dextrose) na proporção de 15/1. Para prevenir hipocalcemia, utilizamos reposição com gluconato de cálcio a 10%. Foram realizadas no máximo quatro sessões de leucoaférese, com objetivo de se conseguir no mínimo, 3 x 10 6/Kg células CD34+. Ao término da mobilização, foram caracterizados 3 grupos de pacientes, de acordo com o número de células CD34+ no SP e o rendimento da LGV (Tabela 3). Tabela 3. Classificação dos pacientes em relação à mobilização e rendimento de células CD34+ CD34+/mm3 no sangue CD34+ x 106/Kg no produto periférico de aférese Bom mobilizador > 15 Mau mobilizador 8-15 Falha de mobilização <8 Bom rendedor >2 Mau rendedor <2 3.6 Criopreservação e armazenamento de CTH para TMOA Alíquotas de 1 mL obtidas da bolsa que contém o produto final, foram retiradas e distribuídas em tubos contendo EDTA. Uma amostra foi encaminhada ao laboratório de citometria de fluxo para a contagem de células CD34+. Realizamos esta contagem, através de terceirização de serviço, no Laboratório Fleury nos casos do HSM. Os pacientes do HSP tiveram suas contagens de células CD34+ realizadas no Laboratório de Citometria de Fluxo da Disciplina de Hematologia da UNIFESP/EPM. Ambos os laboratórios já tiveram suas técnicas padronizadas pelo método ISHAGE (Sutherland et al.,1996). Materiais e Métodos 38 A bolsa que contém o produto de aférese foi centrifugada para obtenção do concentrado celular. Este foi manipulado em fluxo laminar e dividido em alíquotas de 15-40 mL, sendo transferido para bolsas próprias de congelamento (Cryosite Freesing Bag- Baxter). A solução crioprotetora foi preparada em banho de gelo, dentro do fluxo laminar e contem: 60% de meio de cultura TC 199 (Instituto Adolfo Lutz), 20% de plasma autólogo e 20% de dimethyl sulfoxide (DMSO, Sigma) A solução crioprotetora foi adicionada ao concentrado celular na proporção de 1:1. O material criopreservado foi submetido ao congelamento automatizado a 10C/minuto até -400C e, após isso, 10o/minuto até -900C (Controling Freesing Rate- Forma Scientific). Ao término, foi transferido para um freezer mecânico a 800C (Harris, USA) ou tanque de nitrogênio líquido a -1900C. Cada Instituição tem sua própria Unidade de Criobiologia, onde se realizaram as fases de congelamento e armazenamento das bolsas em freezer a -80oC ou tanques de nitrogênio líquido. No HSP, a unidade de criobiologia é comum para os serviços e Hematologia e Oncopediatria. A MO coletada em centro cirúrgico foi centrifugada da mesma forma descrita para as células obtidas pela leucoaférese. Geralmente duas ou mais centrifugações foram necessárias, para a completa remoção da camada leucocitária. Todas as outras etapas da criopreservação foram idênticas ao que foi descrito para o produto da leucoaférese, exceto a recuperação das células mononucleares. Os pacientes candidatos ao TMOA foram previamente analisados quanto às características clínicas e laboratoriais da doença de base, tipo e intensidade dos tratamentos anteriores, funções orgânicas diversas, situação clínica atual e escolha dos regimes de condicionamentos. Os pacientes de cada instituição realizaram os transplantes nas suas respectivas unidades, bem como o processo de mobilização, coleta e criopreservação de células-tronco do sangue periférico (CTSP) ou de células-tronco de medula óssea (CTMO). Materiais e Métodos 39 3.7 Métodos 3.7.1 Coleta e processamento das amostras Foram obtidos aproximadamente de 25 mL de MO em quatro ou mais posicionamentos em crista ilíaca. O produto do aspirado foi empregado para separação das células mononucleares (CMN) por Fycoll-Hypaque (Gibco, Grand Island, NY, E.U.A; densidade de 1,077). A viabilidade celular das CMN foi determinada utilizando azul de trypan (Sigma) e a contagem feita em câmara de Neubauer e contador automatizado Cell-Dynn 3.500 (Abbott). O procedimento de criopreservação utilizou uma solução com 10% de DMSO (Sigma), 50% de soro fetal bovino (Cultilab) e 40% de meio RPMI (Sigma), em nitrogênio líquido (196ºC). O descongelamento foi realizado rapidamente (em até três minutos) em banho-maria a 37ºC. Após, o degelo, as células foram lavadas 3 vezes em meio de cultura e novamente tiveram sua viabilidade e contagem analisadas. 3.7.2 Separação de células CD34+ Uma alíquota de aproximadamente 1mL de CMN foram separadas por seleção positiva através do método de coluna imunomagnética utilizando anticorpo anti-CD34+ (MidiMACS -Miiltenyi Biotec).Em seguida as células foram contadas em câmara de Neubauer e criopreservadas com uma solução crioprotetora com DMSO 10% em nitrogênio líquido. 3.7.3 Culturas de estroma de MO de longa permanência As CMN previamente congeladas ou obtidas a fresco foram utilizadas para o estabelecimento da camada aderente (estroma), plaqueando-se as células em uma concentração de 2x106/mL em placas de cultura (Chamber slides BD) em 2 mL de meio Iscove‟s (Sigma) com 10% de soro fetal bovino (Cultilab), 15% de soro eqüino (Gibco, Grand Island, NY, E.U.A), 5x10-5 mmol de hidrocortisona (Sigma), em uma atmosfera de 5% de CO2, a 33ºC . O meio foi trocado parcialmente (metade) uma vez por semana. O estabelecimento do estroma foi acompanhado, semanalmente em microscópio invertido, crescimento celular, modificação da estrutura e confluência anotando-se o Materiais e Métodos 40 3.7.3.1 Análise da formação da camada estromal A capacidade de formação da camada estromal foi avaliada através das culturas de longa permanência. Realizou-se uma análise subjetiva da confluência (crescimento celular organizado do estroma) visualizada semanalmente nas placas de cultura. Estipulou-se um crescimento maior ou igual a setenta por cento (≥ 70%) para culturas confluentes e menor que setenta por cento (< 70%) como ausência de confluência (López-Holgado et al., 2005; Lanza et al., 2001; Dexter et al.,1977). Os padrões dos dois tipos de cultura estão representados na figura 5. As culturas A e B demonstram celularidade baixa, sendo constituídas por dois tipos celulares: o primeiro tipo apresentando aspecto fibroblastóide e o segundo tipo apresentando células grandes com aspecto de macrófagos. As culturas C e D demonstram uma formação da camada confluente do estroma, apresentando grande quantidade de células com aspecto de fibroblastos, adipócitos, macrófagos, algumas células hematopoéticas pequenas e redondas e presença de áreas de “cobblestone” (área da placa recoberta por células justapostas). Todas as culturas que não atingiram a confluência foram mantidas até o desaparecimento de todas as células (morte da cultura). Aquelas que não morreram foram mantidas até a décima quarta semana para observação de confluências tardias. Em relação às culturas confluentes, estas foram observadas até o momento em que a formação da camada de estroma demonstrou confluência maior ou igual a 70% e utilizadas para outras análises. Uma cultura de células de MO de doador normal foi mantida como controle para meios de cultura e procedimentos. Esta cultura permaneceu com a confluência máxima por nove meses. Materiais e Métodos A B C D Figura 5. Características morfológicas da confluência da camada do estroma. A e B: Representação de culturas de longa permanência de amostras de medula óssea de dois pacientes que não atingiram a confluência mínima (< 70%); formação da camada estromal incompleta. Análise realizada na quinta e quarta semanas pré-mobilização, respectivamente. C e D: Representação de culturas de longa permanência de amostras de medula óssea de dois pacientes que atingiram a confluência mínima (≥ 70%); formação da camada estromal completa. Terceira e quarta semanas pós-mobilização, respectivamente. Fotomicrogafia de cultura de medula óssea de longa permanência. Microscopia de contraste de fase de campo invertido (aumento 10X). 41 Materiais e Métodos 42 3.7.3.2 Análise da velocidade de formação da camada estromal A velocidade de estabelecimento da camada estromal de amostras de pacientes e controles, foi avaliada observando-se o crescimento e proliferação dos fibroblastos, adipócitos e células hematopoéticas nas culturas de longa permanência semanalmente, de forma subjetiva em microscópio invertido de contraste de fase. Esta análise baseou-se em um sistema de escores seguindo em parte o modelo de Domenech et al. (1994). Sistema de escores da distribuição celular em cultura de estroma de longa permanência. Escore 0: nenhuma célula visualizada Escore 1: raras células visualizadas Escore 2: freqüentes células visualizadas Escore 3: numerosas células visualizadas Escore 4; abundantes células visualizadas O sistema de escores exemplificando cada tipo celular adipócitos, fibroblastos, células vivas e células mortas e seu respectivo escore está demonstrado na figura 6. 3.7.4 Co-cultura de Estroma de MO e Células CD34+ Após o estabelecimento do estroma, a camada de células foi irradiada com 15Gy (Irradiador: Gama Cell; Fonte:Césio137), na velocidade de aproximadamente 4Gy/minuto, com intuito de eliminar as células hematopoéticas. Metade do meio das placas de cultura foi removido (1mL). As células CD34 + previamente descongeladas e lavadas foram resuspendidas em 1mL de meio Iscove‟s e inoculadas em uma concentração de 1 a 5x104/mL na camada de estroma irradiada. (Castro-Malapsina et al.,1980; Coutinho et al.,1990; al.,2000). 1993; Dürig et Materiais e Métodos A B C D E F G H Figura 6. Sistema de escore da distribuição celular em LTBMC. (A) Escore 1: raros adipócitos; (B) Escore 2: frequentes adipócitos; (C) Escore 3 numerosos adipócitos; (D) Escore 4: abundantes adipócitos. (E) Escore 1: raros fibroblastos; (F) Escore 2: frequentes fibroblastos; (G) Escore 3 numerosos fibroblastos; (H) Escore 4: abundantes fibroblastos. Fotomicrogafia de cultura de medula óssea de longa permanência. (Microscópio invertido de contraste de fase; Aumento 10x). 43 Materiais e Métodos 44 O modelo seguido para análise de sustentação do estroma e capacidade de proliferação das células CD34+ foi o descrito abaixo: 1. Estabelecimento de cultura de estroma de células dos pacientes em dois estágios pré e pós-mobilização para TMOA 1.2. Co-cultura em estroma de pacientes pré-estabelecidos: inoculação de células CD34+ de doadores saudáveis, seguido de análise de proliferação através de contagem de clusters e colônias de células hematopoéticas. 2. Estabelecimento de culturas de células do estroma de células de doadores normais, em dois estágios, pré e pós-mobilização para TMO alogênico. 2.2. Co-cultura em estroma de doadores normais: inoculação de células CD34 + de pacientes, seguido de análise de proliferação através de contagem de “clusters” e colônias de células hematopoéticas (Figura 7). 3.7.5 Ensaios clonogênicos O ensaio clonogênico GEMM-CFC foi realizado a partir dos estromas irradiados e co-cultivados com células CD34+.Os estromas co-cultivados foram tripsinisados no 21º dia e plaqueados numa concentração de 1 a 5x105/mL em placas de cultura de plástico de 35mm (Nunc, IL, E.U.A) contendo metilcelulose (Fisher, 4000centipoises, N J, E.U.A), 30% de soro bovino fetal (Gibco, Grand Island, NY, E.U.A), 1% de albumina bovina sérica (Boeringher-Manhein, IN, E.U.A.), solução de 10-4M de metilprednisolona (Abbott, São Paulo),solução de 10-2 de 2-mercaptoetanol (Gibco, Grand Island, NY, E.U.A), sendo as células estimuladas com os fatores de crescimento GM-CSF, G-CSF e IL-3 na concentração de 10ng/mL, EPO 4UI previamente padronizadas. O controle negativo era composto de todos os reagentes e células, exceto citocinas. Os ensaios semi-sólidos foram analisados qualitativamente e quantitativamente de acordo com o número de “clusters” e colônias em intervalos de 5, 10 e 15 dias. Os “clusters” foram considerados como formações de duas a quarenta e nove células unidas, e as colônias sendo as formações com mais de cinqüenta células. As colônias foram definidas pelo seu aspecto morfológico de acordo com critérios pré-estabelecidos, como sendo GM-CSF (granulócitos e/ou macrófagos), G-CFU Materiais e Métodos 45 (granulócitos), CFU-E (células eritróides) e CFU-Mix aquelas com colônias mistas (Scheinkönig et al., 2004; Metcalf et al, 1979). CÉLULA CD34+ DOADOR PRÉ CÉLULA CD34+ DOADOR PÓS 1 ESTROMA IRRADIADO PACIENTE PRÉ ESTROMA IRRADIADO PACIENTE PÓS CÉLULA CD34+ PACIENTE PRÉ CÉLULA CD34+ PACIENTE PÓS 2 ESTROMA IRRADIADO DOADOR PRÉ ESTROMA IRRADIADO DOADOR PÓS Figura 7: Modelo de co-cultura de estroma de medula óssea e células CD34+. Esquema 1: Estroma de paciente e células CD34+ de doadores nas fases pré e pósmobilização Esquema 2: Estroma de doadores e células CD34+ de pacientes nas fases pré e pós-mobilização. Materiais e Métodos 46 3.7.6 Análise histopatológica das biópsias de medula óssea Os fragmentos ósseos obtidos por biópsia de medula óssea (BMO) foram fixados em formalina 10%, posteriormente emblocados em parafina. Foram feitos cortes de 3 µm para análise estrutural através dos seguintes métodos: Hematoxilina/Eosina (HE), Giemsa e impregnação pela prata (Reticulina). A análise histopatológica da MO segue critérios pré-definidos e mundialmente padronizados (Tuzuner & Bennett,1994). A fibrose foi caracterizada pela presença da reticulina, agrupando-se os pacientes classificados como normais: normal e grau I: até 5% da área da MO e entre 5-25% de fibras finas respectivamente; e aumentada: graus II e III: 25-50% de fibras espessas com eventuais feixes e >50% de fibras espessas com formação de feixes (Bauermeister 1971). A leitura dos cortes foi interpretada por dois pesquisadores em momentos distintos, obedecendo a uma sistemática de análise do laboratório de Histologia de Medula Óssea do Laboratório de Patologia Investigativa do Departamento de Patologia da UNIFESP/EPM. 3.8 Análise estatística A análise estatística foi realizada através de modelos de regressão logística, análise de unidimensional e multidimensional e análises de sobrevivência. Os programas utilizados foram R 2.4.0 ,SPSS 11.5 for Windows, SAS 9.1 for Windows e Minitab 14. Foram considerados significantes valores de P<0,05. As análises foram realizadas pelo Instituto de Matemática e Estatística (IME) da Universidade de São Paulo (USP). Resultados 47 4. RESULTADOS 4.1 Tratamento quimioterápico prévio e mobilização Os primeiros parâmetros analisados foram relativos aos tratamentos quimioterápicos empregados nas diferentes doenças onco-hematológicas para indução à remissão. A importância dessa análise refere-se aos possíveis danos ao estroma causados pela quimioterapia, pois aqueles pacientes que recebessem maior quantidade de ciclos durante um tempo mais longo estariam sujeitos a maiores danos celulares. No grupo estudado não houve diferenças estatísticas significativas entre as doenças (p>0,05) tanto em relação ao tempo decorrido entre o diagnóstico e a mobilização, quanto à quantidade de ciclos de quimioterapia empregados (Tabela 4). Tabela 4. Pacientes relacionados com a mediana de idade, média de tempo entre diagnóstico e mobilização e ciclos de quimioterapia (QT) prévia ao TMOA. Nº IDADE* TEMPO DIAG E MOB** CICLOS ** DOENÇA PACIENTES (anos) (meses) DE QT LNH 5 42 16 10 LH 6 25 20 10,5 LEUCEMIAS 7 24 11 4,1 MIELOMAS 4 55 22 5,7 TOTAL 22 33 17 7,7 * Mediana; ** Média; Tempo entre diagnóstico e mobilização para TMOA; QT: quimioterapia. A quantidade de células CD34+ presente no sangue periférico dos pacientes após a quimioterapia de mobilização acrescida do fator de crescimento é o parâmetro utilizado para avaliação do status de mobilização. A mensuração destas células no produto de aférese fornece dados relativos ao rendimento após a coleta. A tabela 5 demonstra as contagens de células CD34 + no sangue periférico e no produto de aférese, correlacionadas com o número de pacientes Resultados 48 por grupo, classificados como falha de mobilização. Para fins estatísticos o doador que apresentou mau rendimento foi classificado como falha de mobilização. De acordo com a classificação dos pacientes em relação ao status de mobilização, foi observado que aproximadamente a metade dos pacientes apresentou sucesso no procedimento (bons mobilizadores) e metade obteve um pior desempenho (maus mobilizadores e falha de mobilização). Os controles foram avaliados apenas em relação ao rendimento das células CD34 +,e dentre estes apenas um não obteve um rendimento satisfatório, sendo classificado com mau rendedor. A distribuição de acordo com o status de mobilização e rendimento está demonstrada nos gráficos 1 e 2. Tabela 5. Média de rendimento de células CD34 leucoaférese. + no sangue periférico e no produto da + Células CD34 Diagnóstico Falha de Mobilização e Mau Mobilizador n Mobilização Sangue Periférico 3 (células /mm ) Rendimento Leucoaférese 3 (células/mm ) Doadores 10 - 13/12 1 Leucemias 6 21/9 5/5 3 Linfoma Não-Hodgkin 5 43/6 14/14 4 Linfoma de Hodgkin 6 18/19 4/4 2 48/23 8/4 1 Mieloma Múltiplo 4 SP: sangue periférico; *Média/Mediana. Resultados 49 Porcentagem de pacientes em relação ao status de mobilização. Dados relacionados com a contagem de células CD34+ no sangue periférico. Gráfico 1. 2. Porcentagem de doadores em relação ao rendimento de células CD34+ no produto de leucoaférese. Gráfico Resultados 50 4.2. Análise da Hematopoese: Formação da camada estromal Primeiramente foram empregados estudos funcionais de formação do estroma, através de culturas de longa permanência, antes da mobilização. Este procedimento teve o intuito de descartar danos prévios ao estroma causados pelo tratamento quimioterápico de indução à remissão, correlacionando às alterações encontradas apenas com o processo de mobilização. Analisando de forma geral as duas fases não houve diferença significativa. Dos 32 indivíduos estudados (22 pacientes e 10 controles), 21 amostras (66%) atingiram confluência ≥ 70% na fase pré-mobilização; e 11 de 27 (34%) na fase pós-mobilização (p=0,14). Estratificando os grupos como “controles” e “pacientes”, os resultados encontrados foram distintos. Os controles apresentaram a formação da camada estromal em quase todas as amostras no período pré-mobilização, e uma diminuição importante na fase pós-mobilização (p=0,03). Analisando os pacientes, o comportamento do crescimento celular foi semelhante para as duas fases (Gráfico 3) Os resultados encontrados na análise geral do grupo de pacientes demonstrados no gráfico acima revelam que não houve alteração funcional aparente causada pelo processo de mobilização. Entretanto, quando foram analisadas separadamente as amostras do grupo dos “pacientes” por doenças (LNH, DH, MM e leucemias), foi observada uma tendência das amostras dos pacientes de LNH, a terem pior desempenho na fase pós-mobilização, porém sem diferenças estatísticas significativas. (Gráfico 4). Resultados 51 Formação do estroma: Amostras de controles e pacientes que atingiram a confluência mínima nas fases pré e pósmobilização. Gráfico 3. Formação da camada estromal: Amostras de pacientes separadas por doenças que atingiram a confluência mínima nas fases pré e pós-mobilização. Gráfico 4. Resultados 52 4.2.1. Formação da camada estromal e análise histopatológica da MO A análise histopatológica da medula óssea segue critérios pré-definidos e mundialmente padronizados. Levando-se em conta que danos à medula óssea causados pelo tratamento quimioterápico prévio podem ser detectados através da avaliação de parâmetros como celularidade global, celularidade da série branca, fibrose e infiltração neoplásica, correlacionaram-se estes dados com a capacidade de formação da camada estromal. Exemplos das análises estruturais das biópsias de medula óssea de pacientes e doadores estão representadas nas figuras 8 e 9. De forma geral os pacientes estudados apresentaram diminuição da celularidade da medula óssea, ou seja, a avaliação subjetiva a celularidade global foi menor que 30%; tanto na fase pré (71% das amostras de pacientes) como na fase pós-mobilização (52% das amostras de pacientes). A presença de fibrose medular, caracterizada pela presença de reticulina esteve aumentada em quase todas as amostras de pacientes nas duas fases da mobilização (76% e 71% das amostras de pacientes, respectivamente). A celularidade da série branca apresentou-se diminuída em 43% das amostras dos pacientes na fase prémobilização, e na fase pós-mobilização apesar do estímulo com fator de crescimento, 14% das amostras de pacientes apresentaram diminuição da série branca. A infiltração neoplásica foi detectada em 43% das amostras dos pacientes, sendo que um dos pacientes apresentou doença progressiva no momento da análise e foi excluído do estudo (Tabela 6). Não houve alterações significativas nestes parâmetros avaliados entre a fase pré e pós-mobilização, o que sugere que, estruturalmente a quimioterapia de mobilização mais o uso do fator de crescimento não causaram danos além daqueles já existentes na MO. Avaliando os grupos de doenças, observa-se que as amostras dos pacientes com LNH e MM apresentaram celularidade mais baixa, fibrose aumentada e infiltração neoplásica mais frequente nas biópsias de MO, tanto na fase pré como na fase pós-mobilização (Tabela 7). Resultados 53 I. MO Hipocelular LNH Pré (HE/10X) II. MO Hipocelular LNH Pré (HE/10X) III. MO Hipocelular LNH Pós (HE/40X) IV. MO Hipercelular LMA Pré (HE/40X) V. MO Hipercelular Doador Pós (HE/10X) VI. MO Hipercelular Doador Pré (HE/40X) Figura 8. Celularidade Global da Medula Óssea: I-III: medula óssea hipocelular representada por escasso tecido hematopoético, substituído pro tecido adiposo (setas pretas). IV-VI: medula óssea hipercelular representada por abundante tecido hematopoético (setas vermelhas) e menor quantidade de tecido adiposo. Fotomicrografia de cortes histológicos de biópsias de medula óssea corados com H/E (hematoxilina/eosina). Microscópio óptico comum. (Aumentos 10X e 40X) Resultados 54 VII. MO Infiltrada MM Pré (HE/10X) VIII. MO Infiltrada MM Pré (HE/40X) IX. MO Infiltrada MM Pré (HE/100X) X. Reticulina Normal LMA Pré (10X) XI. Reticulina Grau I MM Pré (10X) XII. Reticulina Grau II. LNH Pós (10X) Figura 9. Infiltração e Fibrose: VII-IX: medula óssea infiltrada por células neoplásicas (plasmócitos/setas). X-XI: coloração da reticulina para detecção de fibrose normal, graus I e II. Fotomicrografia de cortes histológicos de biópsias de medula óssea corados com H/E (hematoxilina/eosina); Impregnação pela prata (reticulina). Microscópio óptico comum. Aumentos: 10X, 40X e 100X. Resultados 55 Tabela 6. Parâmetros estruturais analisados das biópsias de MO de pacientes nas fases pré e pós-mobilização. Doença ID Celularidade (%) Biópsias de Medula Óssea (BMO) Fibrose Celularidade Série Branca (Reticulina) Pré Pós Pré Pós Pré Pós Pré Pós Infiltração Pré Pós LNH P1 20 30 D NA D A A N Negativa Negativa LNH P2 20 NA D NA D D A A Positiva Positiva LNH P3 15 5 D D N D A N Positiva Positiva LNH P4 15 70 D A N A A A Negativa Negativa LNH P5 15 40 D N N N A A Positiva Positiva LH P6 5 10 D D D A NA A Positiva Positiva LH P7 NA 20 NA D NA N A A Positiva Positiva LH P8 10 10 D D N A A A Positiva Positiva LH P9 20 50 D A N A A A Negativa Negativa LH P10 NA 20 NA D NA A NA A Negativa Negativa LH P11 20 70 D A D N NA N Negativa Negativa LLA-L3 P12 30 30 D D N A A N Negativa Negativa LMA-M2 P13 50 70 N A N A A A Negativa Negativa LMA-M2 P14 15 15 D D N A A A Negativa Negativa LMA -M0 P15 40 40 N N D A N A Negativa Negativa LLC atípica P16 20 15 N D N A A A Negativa Negativa LMA após SMD P17 70 NA A NA A NA A NA Negativa Negativa LMA-M1 P18 NR NA NA NA NR NA NR NA Positiva MM P19 NA 30 NA N D A A A Negativa Negativa MM P20 15 20 D N D D A N Positiva Positiva MM P21 20 10 N D D A A A Positiva Positiva MM P22 5 5 D D D D N N Negativa Negativa NA: não analisado; D: diminuída; A: aumentada; N: normal *Paciente apresentando doença progressiva que não realizou coleta de biópsia de MO. Positiva Resultados 56 Tabela 7. Parâmetros analisados das biópsias de MO por grupo de pacientes nas fases pré e pós-mobilização. Biópsias de Medula Óssea Celularidade Média (%) Doença Linfoma Não-Hodgkin Fibrose Aumentada* (Reticulina – Graus II e III) Presença de Infiltração** Pré Pós Pré Pós Pré Pós 17 36,2 5 (5) 3(5) 3(5) 3(5) Doença de Hodgkin 13,7 30 3(3) 5(6) 3(6) 3(6) Leucemias 37,5 34 5(6) 4(5) 1(7) 1(7) Mieloma Múltiplo 13,3 16,2 3(4) 2(4) 2(4) 2(4) * Total de amostras de BMO por grupo, apresentando fibrose aumentada em relação ao total de pacientes (entre parênteses); ** Infiltração neoplásica positiva em BMO, em relação ao total de pacientes (entre parênteses). Correlacionando os dados das biópsias de medula óssea com o estabelecimento da camada estromal nas culturas de estroma de longa permanência, observamos que os parâmetros celularidade da série branca e infiltração não influenciaram significativamente no crescimento celular (p>0,05). A celularidade global diminuída, entretanto, demonstrou uma tendência de menor capacidade de formação da camada estromal, principalmente na fase prémobilização (Gráficos 5 e 6). A fibrose mostrou maior influência na formação da camada estromal (p=0,11), pois 73% (8/11) e 62,5% (10/16) das amostras que não atingiram a confluência mínima nas culturas de longa permanência nas fases pré e pósmobilização, respectivamente, apresentaram fibrose aumentada (graus II e III); (Gráfico 7). Pacientes que apresentaram medula óssea com fibrose aumentada ou celularidade global diminuída demonstraram menor capacidade de estabelecimento do estroma, sugerindo que o dano quimioterápico prévio possa afetar estruturalmente e funcionalmente o microambiente medular. Entretanto, entre os períodos de mobilização não foram observadas diferenças estatísticas significativas entre os parâmetros histopatológicos (BMO) e o estudo funcional realizado através das culturas de longa permanência. Resultados 57 Gráfico 5. Deficiência de formação da camada estromal: amostras de controles e pacientes relacionada com a infiltração de doença na MO nas fases pré e pósmobilização. Gráfico 6. Deficiência de formação da camada estromal: amostras de controles e pacientes relacionada com a celularidade global da MO nas fases pré e pós-mobilização. Resultados 58 Gráfico 7. Deficiência de formação da camada estromal: em relação à fibrose da MO nas fases pré e pós-mobilização. 4.2.2. Formação da camada estromal e mobilização de células CD34+ A mobilização de células CD34+ foi correlacionada com a capacidade de formação da camada estromal nas culturas de estroma de longa permanência. Os pacientes classificados como falha de mobilização e maus mobilizadores foram reunidos no grupo de “maus mobilizadores” (< de 15 células CD34+/mm3 no sangue periférico) e o grupo daqueles que obtiveram mais de 15 células CD34+/mm3 no sangue periférico, como “bons mobilizadores”. Estratificamos por grupos de doenças e observamos que não houve diferença significativa na formação da camada estromal entre bons e maus mobilizadores, tanto na fase pré como na fase pós-mobilização. Resultados 59 4.2.3.Velocidade de formação da camada estromal A velocidade de formação da camada estromal foi analisada semanalmente de acordo com o surgimento das células estromais e o respectivo escore. De forma geral, o velocidade de formação da camada estromal foi maior na fase prémobilização, tanto para controles, quanto para as doenças. Observa-se claramente que o grupo controle teve o crescimento mais rápido na fase pré- e mais lento na fase pós-mobilização. Na figura 10 (A e B) estão apresentadas as estimativas de Kaplan-Meier (Moeschberger & Klein,1997) para as curvas de recuperação medular (estabelecimento do estroma) dos pacientes e doadores acompanhados. Analisando os tipos de doenças nota-se uma tendência das leucemias a um crescimento mais rápido na fase pós-mobilização, porém devido à quantidade das amostras analisadas não foram possíveis análises conclusivas das demais doenças. Os fatores que influenciaram na velocidade do estabelecimento da camada estromal, ou seja, os tipos celulares e a influência destes na formação do estroma foram examinados através de análise multivariada. Observou-se que apenas a quantidade de fibroblastos e adipócitos (p=0,01) interferem no aumento da velocidade na fase pré-mobilização. Na fase pós-mobilização a única variável com influência positiva significativa foi os fibroblastos (p<0,001). Avaliando o grupo dos doentes separadamente observamos também a quantidade de fibroblastos (p=0,002) e a infiltração de células neoplásicas na medula óssea (p=0,12) interferindo de forma positiva e negativa respectivamente na velocidade de estabelecimento do estroma na fase pré-mobilização. Na fase pós-mobilização das amostras de doentes analisados apenas os fibroblastos (p=0,002) mostraram influência positiva na velocidade de estabelecimento do estroma Resultados 60 PRÉ-MOBILIZAÇÃO 1.0 DOENÇA A PACIENTES .8 CONTROLES .6 0.4 MIELOMAS .2 LEUCEMIAS LINFOMAS 0.0 -.2 0 2 4 6 8 10 12 14 16 TEMPO (SEMANAS) PÓS-MOBILIZAÇÃO DOENÇA 1.0 CONTROLES B PACIENTES .8 .6 MIELOMAS .4 LEUCEMIAS .2 LINFOMAS 0.0 -.2 0 2 4 6 8 10 12 14 16 TEMPO (SEMANAS) Figura 10: Velocidade do estabelecimento da camada estromal. Estimativas de Kaplan-Meyer para recuperação medular (estabelecimento do estroma) nas fases Pré-Mobilização (A) e Pós-mobilização (B). Resultados 61 4.3. Co-cultura e ensaios clonogênicos As culturas de longa permanência que atingiram a confluência mínima de 70% (formação completa da camada estromal) foram irradiadas e co-cultivadas com células CD34+. No entanto, uma parte significativa quantidade das culturas iniciadas, principalmente amostras de doentes, não formaram uma camada estromal completa. Dessa forma o esquema inicialmente proposto de análise comparativa entre estroma e células CD34+ não pode ser aplicado completamente. O tempo decorrido entre o estabelecimento da camada estromal, a cocultura e o ensaio clonogênico teve duração de aproximadamente sete meses. Infortunadamente parte das culturas que tiveram seguimento até a última etapa, que eram manipuladas em estufa multiusuário, foram contaminadas por fungos na fase final da análise. Devido ao número reduzido de amostras analisadas, nenhum modelo estatístico pôde ser empregado para demonstrar as tendências de crescimento observadas. As células progenitoras hematopoéticas formadas por colônias de macrófagos, granulócitos eritrócitos e mistas foram analisadas qualitativamente e quantitativamente no 7º, 14º e 21º dias de cultura (Figura 11). Um ensaio utilizando estroma e células CD34+ provenientes de controle normal prémobilização, apresentou formação de todos os tipos de colônias. Este ensaio foi empregado como controle do experimento para descartar possíveis erros de execução técnica. No segmento da análise, três ensaios não apresentaram crescimento de nenhum tipo de colônia. Um estroma de amostra de paciente de MM com célula CD34+ autóloga e dois estromas de amostras de controles normais com células CD34+ de paciente LLA e LH. Os estromas formados por amostras de dois pacientes com MM e LH cocultivado com células CD34+ autólogas na fase pós-mobilização, apresentaram crescimento de todas as colônias, obtendo resultados inferiores somente ao controle normal. O mesmo comportamento foi observado no estroma de um paciente com MM co-cultivado com células CD34+ de controle pós-mobilização. Resultados 62 A B C D E F G I Figura 11. Ensaios clonogênicos após co-cultura de estroma de medula óssea com células CD34+. (A) e (B): Colônias de CFU-E; (C) e (D): Colônias de CFU-G; (E) e (F): Colônias de CFU-GM; Colônias de CFU-Mix. Fotomicrogafia de cultura semi-sólida em metilcelulose. Microscópio invertido de contraste de fase. A-F: Aumento 20X; G e H: Aumento 40X Resultados 63 O maior crescimento de todos os tipos de colônia foi observado no estroma de amostra de controle normal com célula CD34 + de LLC em remissão molecular na fase pós-mobilização (Tabela 8). Tabela 8. Ensaio clonogênico de co-cultura de estroma e células CD34+. Análise qualitativa e quantitativa das colônias de células hematopoéticas progenitoras. ESTROMA CÉLULAS CD34+ DOENÇA/FASE DOENÇA/FASE CFU-G CFU-GM CFU-M CFU-MIX CFU/ BFU-E LNH-P2/PRÉ LNH/P2PRÉ 1 0 0 0 0 LH-P10/PÓS LH-P10/PÓS 350 40 50 30 70 MM-P5/PÓS MM-P5/PÓS 410 20 20 90 680 LMA-P13/PÓS DN-D6/PÓS 595 0 0 106 0 MM-P19/PRÉ MM-P19/PÓS 0 0 0 0 0 MM-P19/PRÉ DN-D6/PÓS 290 30 30 10 620 DN-D9/PÓS LLC-P16/PÓS 1780 110 100 100 970 DN-D10/PRÉ LLA-P12/PRÉ 0 0 0 0 0 DN-D10/PRÉ LH-P6/PRÉ 0 0 0 0 0 DN-D10/PRÉ DN-D10/PRÉ 680 70 120 110 840 COLÔNIAS *CFU-G: Unidade formadora de colônia de granulócitos; CFU-GM: Unidade formadora de colônia de granulócitos e monócitos; CFU-M: Unidade formadora de colônia de macrófagos; CFU-E: Unidade formadora de colônia de eritrócitos; CFUMix: Unidade formadora de colônia de granulócitos, monócitos, macrófagos e eritrócitos. Resultados 64 4.4. Criopreservação Em outro braço deste trabalho analisou-se comparativamente o comportamento celular do material em duas coortes, a primeira procedente de material ensaiado a fresco (no momento da coleta) e a segunda coorte consistiu de material submetido a criopreservação e posterior descongelamento. Analisando de forma geral pacientes e controles na fase pré-mobilização, observa-se que não existe diferença significativa (p>0,05) entre os grupos de amostras criopreservadas e a fresco em relação à formação da camada estromal. Na fase pós-mobilização verifica-se uma tendência das amostras criopreservadas atingirem menos a confluência (Figura 12). Formação da Camada Estromal Pós-Mobilização Pré-Mobilização Amostras de MO a fresco Amostras de MO criopreservadas Figura 12. Porcentagem de amostras criopreservadas e a fresco que obtiveram formação completa da camada estromal nas fases pré e pós-mobilização. Estratificando em grupos de “doentes” e “controles” nas fases pré e pósmobilização, observa-se que não houve diferença significativa no crescimento da cultura entre os dois grupos. Analisando os resultados dos dois grupos de indivíduos em relação às fases de mobilização, também não foi constatada diferença significativa entre o desempenho das amostras criopreservadas e a fresco. Resultados 65 Em relação aos grupos de indivíduos, o grupo controle apresenta uma modificação do seu desempenho quando se compara as duas fases de mobilização. Na fase pós-mobilização, os controles apresentam menor capacidade de formação da camada estromal tanto nas amostras criopreservadas quanto nas amostras a fresco (Gráfico 8). Estes dados sugerem que possa existir alguma interferência da utilização do fator de crescimento G-CSF na funcionalidade das células estromais. Gráfico 8. Análise comparativa da capacidade de formação da camada estromal: por tipo de amostras (a fresco e criopreservadas) em relação aos grupos dos pacientes e controles, nas fases pré e pós-mobilização. Resultados 66 4.4.1. Análise comparativa entre amostras criopreservadas e a fresco e o status de mobilização Analisando o status de mobilização, observa-se que não existe diferença significativa entre os doentes e controles classificados como “bons” e “maus” mobilizadores em relação à formação da camada estromal de acordo com o tipo de amostra estudada, a fresco ou criopreservada, tanto na fase pré como na fase pós-mobilização. No entanto, parece haver uma tendência das amostras dos maus mobilizadores de não formarem a camada estromal. Dos 21 indivíduos que atingiram a confluência mínima na fase pré-mobilização, 14 eram bons mobilizadores e 7 eram maus mobilizadores. Na fase pós-mobilização o comportamento foi semelhante, do total de 11 indivíduos que atingiram a confluência, 7 eram bons mobilizadores e 4 foram classificados como maus mobilizadores (Figura 13). Formação da Camada Estromal de Amostras Criopreservadas e A Fresco Pré-Mobilização Pós-Mobilização Figura 13. Correlação entre as amostras que obtiveram formação de camada estromal completa em relação ao total de indivíduos estudados, analisadas por tipo de amostra e status de mobilização nas fases pré e pós-mobilização. Resultados 67 4.5. Situação atual dos pacientes estudados Os pacientes que fizeram parte deste estudo foram acompanhados no seguimento após o procedimento de mobilização. Do total de vinte e dois pacientes estudados, 13 foram submetidos a TMOA. Destes, 7 encontram-se vivos e sem doença detectável, e um recidivou. Cinco pacientes foram a óbito após o transplante por recaída da doença e sepse. Os demais pacientes não transplantaram e suas células CD34+ encontram-se criopreservadas, e poderão ser utilizadas caso haja possibilidade futura de realização do TMOA. Os dados relativos à situação atual dos pacientes estão descritos na tabela 9. Tabela 9. Situação atual dos pacientes após a mobilização de células CD34 +. DOENÇA ID DATA TMO PEGA SITUAÇÃO ATUAL LNH P2 07/12/2005 D+6 VIVO LNH P5 15/03/2006 D+12 VIVO LH P8 29/06/2006 D+15 VIVO LLA-L3 P12 27/12/2005 D+19 VIVO LMA -M0 P15 12/06/2006 D+9 VIVO LMA pós MDS P17 07/03/2006 D+16 VIVO MM P19 07/04/2006 D+11 VIVO MM P20 02/06/2006 D+12 VIVO LNH P1 *** *** ÓBITO ÓBITO NA MOBILIZAÇÃO LH P11 *** *** ÓBITO NÃO TRANSPLANTOU LH P7 03/02/2006 D+12 ÓBITO RECAÍDA LH P6 21/12/2006 D+11 ÓBITO RECAÍDA LMA-M1 P18 *** *** ÓBITO NÃO TRANSPLANTOU LH P10 11/05/2006 D+10 ÓBITO RECAÍDA MM P21 21/04/2006 D+16 ÓBITO MM P22 05/06/2006 D+12 ÓBITO LNH P4 *** *** *** NÃO TRANSPLANTOU LNH P3 *** *** *** NÃO TRANSPLANTOU LH P9 *** *** *** NÃO TRANSPLANTOU LMA-M2 P14 *** *** *** NÃO TRANSPLANTOU LLC atípica P16 *** *** *** NÃO TRANSPLANTOU LMA-M2 P13 *** *** *** NÃO TRANSPLANTOU OBSERVAÇÃO RECAÍDA 28/06/2009 ID: número de identificação do paciente;PEGA: data da pega medular; Discussão 68 5. DISCUSSÃO 5.1 Capacidade e velocidade de formação da camada estromal A qualidade e o número das CTHs podem ser avaliados in vitro por meio de ensaios de progenitores hematopoéticos como as culturas em meio semi-sólido com estímulo de citocinas e fatores de crescimento, ou culturas de medula óssea de longa permanência. Além disso, estes ensaios fornecem uma avaliação funcional do estroma medular, sua capacidade proliferativa e de manutenção da hematopoese (López-Holgado et al.,2005; Lanza et al., 2001; Selleri et al., 1999). A extensão dos danos causados à medula óssea pela quimioterapia e radioterapia está relacionada à diminuição da quantidade de progenitores hematopoéticos comprometidos. Consequências desta redução podem ser observadas em análises histopatológicas de medula óssea através da presença de diferentes graus de hipocelularidade global e da série branca. As células estromais, no entanto, são menos sensíveis à ação da terapia citotóxica e da radiação. Esta aparente resistência deve estar associada à baixa taxa de renovação da medula óssea intacta, porém, após altas doses de quimio ou radioterapia os componentes estromais podem apresentar sérios danos funcionais e estruturais (van Hennik et al., 2000; Selleri et al., 1999; Del Cañizo et al 1999; Galotto et al 1999; Domenech et al.,1994). Diversos estudos funcionais realizados com portadores de doenças oncohematológicas submetidos a transplante de medula óssea autólogo, demonstraram que altas doses de quimioterapia causam danos não só nas CTHs, mas também no microambiente medular. Entretanto, não se pode excluir que estes danos funcionais possam ter sido causados pelo regime quimioterápico de indução/consolidação ou pela agressividade hematológica da doença de base. Estudos empregando culturas de longa permanência evidenciaram este ensaio como fator prognóstico de recuperação hematológica de curto e longo prazo, correlacionando a formação deficiente da camada estromal com uma pobre reconstituição hematológica após transplante de medula óssea autólogo (Cashen et al. 2007; van Hennik et al., 2000; Domenech et al., 1994; Gilabert & Ayats, 1994). Discussão 69 Em nossa análise foi observada uma diminuição da capacidade de formação do estroma após a mobilização nas amostras dos controles. Este resultado pode estar associado ao fato que após a mobilização a quantidade de células progenitoras imaturas está diminuída na medula óssea, sugerindo que quanto maior a migração destas células para o sangue periférico, menor será a quantidade de células progenitoras na medula óssea e como consequência ocorrerá formação de um estroma mais deficiente. Uma vez que é sabido que a recuperação hematológica é mais rápida quando se utiliza células progenitoras mobilizadas quando comparada com células obtidas diretamente da MO, pressupõe-se que seja porque o produto da leucoaférese deva conter uma quantidade maior de progenitores que a MO após a mobilização (Cashen et al.,2007; Theilgaard-Mönch et al., 1999). Esta hipótese pode ser corroborada pelo estudo de López-Holgado et al. (2005) realizado com 72 doadores de MO para transplante alogênico utilizando culturas de longa permanência e ensaios clonogênicos. Eles observaram que as células do produto da leucoaférese apresentaram uma recuperação hematológica mais rápida quando comparadas com as culturas com células obtidas diretamente da medula óssea. Nesse mesmo estudo, as características individuais foram correlacionadas com rendimento da mobilização e capacidade proliferativa das células CD34 +. A variação mais importante foi relacionada ao sexo dos pacientes e doadores: indivíduos do sexo masculino apresentaram produção maior de todos os tipos de progenitores hematopoéticos e melhor confluência na cultura de longa permanência. Todavia, a variação da idade não apresentou diferença estatística significativa naqueles doadores analisados. Em nossa análise, as características individuais dos pacientes e doadores como idade e sexo não apresentaram diferenças significativas na capacidade de estabelecimento do estroma, o que também foi observado por Domenech et al.(1994) em seu estudo com pacientes portadores de doenças hematológicas e tumores sólidos submetidos a TMOA. Em nosso estudo as amostras de pacientes apresentaram aparente diminuição da capacidade de formação da camada estromal quando comparados com os controles na fase pré-mobilização. Estes resultados são confirmados em parte pelo estudo de Lanza et al. (2001) que analisaram por meio de culturas de longa permanência, ensaios de CFU-F (unidades formadoras de colônia de Discussão 70 fibroblastos) e ensaios clonogênicos, amostras de MO de 34 pacientes portadores de doenças hematológicas submetidos à TMOA. Eles demonstraram que houve uma redução na quantidade de CFU-F e também na capacidade de formação da camada estromal em relação aos controles normais. Neste estudo o tempo decorrido entre mobilização e coleta de MO foi de quatro semanas, com intuito de minimizar o efeito imediato citotóxico no microambiente medular causado pela quimioterapia de mobilização. No entanto, em nosso estudo este efeito citotóxico imediato não foi observado, pois as coletas de MO para análise da fase pósmobilização foram realizadas no dia da leucoaférese (após a quimioterapia de mobilização e administração do fator de crescimento) e o comportamento das culturas de longa permanência indicou formação da camada estromal semelhante à fase pré-mobilização para o grupo dos pacientes, porém reduzida para o grupo dos controles. Dessa forma, como os controles foram submetidos somente à ação do GCSF, sugerimos outra hipótese relacionando o efeito negativo imediato do fator de crescimento ao microambiente medular normal. A medula óssea intacta seria mais suscetível à ação do G-CSF? Este possível dano funcional permaneceria no microambiente medular de doadores normais, ou a medula óssea seria completamente recuperada? Para elucidar estas questões seriam necessários outros ensaios funcionais utilizando amostras de MO de doadores submetidos à terapêutica de mobilização, após um período mais longo para recuperação hematológica completa da medula óssea. Estudos relacionados com o efeito do G-CSF pouco discorrem a respeito da questão funcional relacionada ao microambiente hematopoético. Cashen et al. (2007) em uma revisão sobre os efeitos fisiológicos e tóxicos do G-CSF e outros fatores de crescimento empregados na mobilização das CTHs, descrevem como toxicidade comum: febre, cefaléia, reação local e dor óssea; e como efeitos tóxicos incomuns ruptura esplênica, trombose, surgimento de doenças autoimunes e precipitação de crises de falcização. Eles também sugerem a necessidade de outros estudos que elucidem as interações entre as CTHs, o microambiente medular e os efeitos dos fatores de crescimento empregados na terapêutica de mobilização. Discussão 71 Em relação às doenças analisadas separadamente observou-se em nosso estudo um comportamento semelhante de formação da camada estromal nas fases pré e pós-mobilização diferindo apenas nas amostras de MO de pacientes portadores de LNH. Recentes estudos empregando culturas de longa permanência e ensaios clonogênicos demonstraram que as CTHs de pacientes com LNH difuso de grandes células B (LNH-DGCB) pós-quimioterapia, apresentam uma proliferação deficiente quando comparadas à medula normal e que a capacidade de formação do estroma está reduzida nas amostras de pacientes em relação aos controles (Martínez-Jaramillo et al.,2004; HuertaZepeda et al.,2000). No nosso estudo este fato foi observado através do insucesso na LTBMC, as amostras analisadas formaram uma camada estromal deficiente na fase pré e nenhuma das amostras dos pacientes com LNH obteve sucesso na formação do estroma na fase pós-mobilização, possivelmente devido ao caráter agressivo das doenças analisadas. As nossas amostras de controles apresentaram a maior velocidade de formação do estroma antes da mobilização, ou seja, amostras de MO sem nenhum tipo de doença hematológica e que não tiveram nenhum tipo de manipulação. As leucemias apresentaram nas LTBMC características de crescimento semelhantes aos controles. As pesquisas anteriores utilizando cultura tipo Dexter com LMA são discrepantes. Ailles et al. (1997) estudaram o comportamento de culturas de pacientes com LMA, demonstrando a manutenção de células blásticas em longos períodos de cultura. Entretanto, Sparrow et al. (1997), não obtiveram o mesmo desempenho na sustentação de culturas, demonstrando uma aderência deficiente das células à placa de cultura, desprendendo-se da camada aderente após alguns dias de cultivo em 50% dos pacientes analisados. Interações anormais entre células hematopoéticas em desenvolvimento e seu microambiente podem, ao menos em parte, causar a saída prematura de blastos nas leucemias, mas ainda não está claro se um microambiente medular “leucêmico” existe (Greenberger,1992; Liesveld et al.,1993; Liesveld et al.,1994; Reuss-Borst et al.,1995; Reuss-Borst et al.,1992; Teixidó et al.,1992; Diamond & Springer,1994). As amostras de pacientes portadores de mieloma múltiplo apresentaram um início de confluência mais rápido (segunda semana), porém esta era discreta Discussão 72 e não foi superior a 30%. Visani et al.(1989) demonstraram que as LTBMC de pacientes com mieloma múltiplo, eram capazes de sustentar a hematopoese por quatro semanas sem a proliferação de células neoplásicas. Tal achado sugere que este tipo de cultura fornece condições para crescimento seletivo de células hematopoéticas normais, suprimindo o desenvolvimento de células plasmáticas (Bloem et al., 1998). A quantidade de células mononucleares plaqueadas em cultura foi de 2x106/mL. Devido ao fato das MO de dois pacientes estarem infiltradas por plasmócitos, a quantidade real de células hematopoéticas normais com capacidade de proliferação e sustentação do estroma podem ter sido reduzidas, não sendo capazes desta forma de formarem uma confluência adequada. Outra questão que pode ter contribuído para o insucesso da cultura, é o tratamento prévio com radioterapia, uma vez que já é sabido que este procedimento causa danos no microambiente medular (Galotto et al., 1999). Observou-se ainda um aumento na quantidade de macrófagos nas culturas de MM (dados não mostrados) em relação aos controles normais, fato este que confirma estudos anteriores realizados por Faid et al. (1996), que observaram 48% de macrófagos presentes nas culturas de longa permanência de amostras de pacientes com MM contra 30% dos controles, podendo este fato estar relacionado com as interações das células neoplásicas do mieloma com o microambiente medular. Apesar de não terem sido encontradas diferenças significativas nos parâmetros como fibrose, infiltração e celularidade da MO, pode-se supor que essas características possam interferir na velocidade de estabelecimento do estroma. As amostras de pacientes que apresentaram crescimento mais lento possuíam fibrose e/ou hipoplasia de MO. A fibrose poderia causar uma dificuldade na aspiração da MO, associada com a diminuição da celularidade que resultariam em material com menor quantidade de células progenitoras mais imaturas, e uma consequente dificuldade de estabelecimento do estroma na LTBMC. Outros parâmetros analisados como tempo entre diagnóstico e mobilização, status da doença, grupos de doenças, tipos de amostra, dados das biópsias de MO e de mobilização também não apresentaram influência significativa na formação da camada estromal. Este fato pode ser devido ao número de pacientes estudados, pois os fatores como um tempo prolongado entre o diagnóstico e a mobilização e Discussão 73 a presença de doença na MO apresentam uma tendência a um crescimento mais lento do estroma. Nos ensaios clonogênicos, a adição de fatores de crescimento à cultura promove a resposta celular imediata ou, ausência dela no caso de hematopoese deficiente. Corazza et al. (2004) demonstraram que pacientes com LLA apresentam uma diminuição de progenitores BFU-E e CFU-GM, quando comparados com controles normais. Estes pesquisadores também demonstraram que os níveis de TGFβ estão maiores em pacientes que em controles, isto está correlacionado inversamente com o número de BFU-E presentes nas culturas, o que sugere a capacidade inibitória do TGFβ secretado em grande quantidade pelas células estromais. A anemia associada às leucemias foi correlacionada com a diminuição no pool eritropoético (CFU-E), indicado por um baixo nível do receptor solúvel da transferrina, em contraste a um aumento da produção de EPO em resposta à anemia. Apesar de nossa pequena amostragem, nossos resultados confirmam esses achados, pois um paciente com LMA na cultura do estroma e co-cultura com células CD34+ de doador, não apresentou nenhuma colônia eritróide, mas apresentou colônias granulocíticas em quantidade relativamente semelhante ao controle. Outro achado em nossos dados é que apenas os estromas obtidos de amostras de pacientes pós-mobilização e co-cultivados com células CD34+ apresentaram atividade proliferativa nos ensaios clonogênicos, com exceção do controle normal co-cultivado com célula CD34+ autóloga. É sabido que células mais maduras já comprometidas também expressam este marcador. Pode-se dessa forma supor que após a mobilização, seja encontrada quantidade maior de células mais imaturas gerando mais colônias após o estímulo com fatores de crescimento na cultura semi-sólida. Em virtude da diversidade de doenças analisadas e do número de pacientes com características heterogêneas no momento do TMOA, do tratamento quimioterápico prévio, grau de comprometimento medular e status da doença, não foi possível traçar um parâmetro linear entre todos os pacientes estudados. Porém, foi observado que a celularidade e a fibrose medular, associadas à doença não-controlada, estão diretamente relacionados ao insucesso na capacidade de formação do estroma sugerindo fortemente que os Discussão 74 danos maiores estão relacionados ao estroma medular possivelmente causados pelo tratamento quimioterápico prévio. A correlação entre a formação da camada estromal e o status de mobilização não foi estabelecida nesta análise, pois não foi notada diferença significativa entre os maus e bons mobilizadores, apenas uma tendência dos bons mobilizadores de formarem menos a camada estromal na LTBMC. 5.2. Análise comparativa entre culturas criopreservadas e a fresco As condições de criopreservação e armazenamento capazes de prevenir ou limitar os danos celulares funcionais das células-tronco de sangue periférico (Aird et al.,1992), são pré-requisitos cruciais para garantir a capacidade de reconstituição da hematopoese após altas doses de quimio/radioterapia dos protocolos de condicionamento para o TMOA. Estudos sobre as melhores condições de criopreservação e armazenamento de células hematopoéticas utilizam dois agentes crioprotetores: o dimetilsulfóxido (DMSO) e/ou HES (hidroxietil starch), porém existem controvérsias em relação à concentração final do DMSO (2-10%). Balint et al. (1999), demonstraram as diferentes propriedades biológicas das células mais primitivas em comparação com as células comprometidas em relação ao DMSO. Almici et al.(2003), utilizando células criopreservadas por 24-48h a -80ºC e posteriormente armazenadas em nitrogênio líquido avaliaram a funcionalidade celular através do sistema de LTBMC e ensaios clonogênicos em metilcelulose. Eles obtiveram uma boa recuperação das células hematopoéticas com a preservação de células progenitoras primitivas e comprometidas. Na análise geral de todas as amostras coletadas a fresco e criopreservadas, os nossos resultados indicam que não há diferença entre o desempenho dos dois tipos de amostras nas LTBMC, o que confirma um estudo prévio realizado com pacientes submetidos a TMOA e controles normais (Mellado-Damas et al., 1997). Todavia, as células hematopoéticas provenientes dos doentes são sabidamente mais vulneráveis aos danos da criobiologia do que as normais. Coulombel et al. (1983) e Frassoni et al.(1986) observaram que nas LMC Ph1-negativas eram mantidas por várias semanas em cultura, e que nos Discussão 75 clones Ph1-positivos as culturas declinaram não sustentando a hematopoese por serem mais sensíveis aos danos do cultivo. No que tange ao mieloma múltiplo, inúmeras alterações de estroma e MEC já foram documentadas. Faid et al.(1996) demonstraram algumas alterações do estroma como a confluência menor que os controles normais com aumento da proporção de macrófagos e presença de osteoclastos. Este e outros estudos também confirmaram a expressão aumentada de moléculas de adesão como ICAM-1, H-CAM e VLA-4 sugerem o envolvimento do estroma no “homing” das células tumorais do mieloma (Damiano et al.,1999, Uchiyama et al.,1993). Na análise dos períodos de pré e pós-mobilização, observamos diminuição da formação da camada estromal tanto das amostras de doentes quanto de controles, sendo que estes últimos apresentaram a maior perda da capacidade no período pós-mobilização com amostras criopreservadas. Esta capacidade reduzida mostra uma maior vulnerabilidade das células normais tanto ao processo de mobilização como também ao processo de criopreservação. A literatura apresenta poucos relatos sobre os efeitos do G-CSF na biologia das células normais. Cashen et al. (2007) apontam em sua revisão que variações interpessoais como idade e sexo, interferem no rendimento das células CD34 +, contudo os mecanismos da mobilização e ação do G-CSF ainda não são totalmente conhecidos. Inicialmente esperávamos melhor evolução dos controles, ou seja, por serem células normais, acreditávamos que o estabelecimento do estroma seria maior na fase pós-mobilização, naqueles classificados como “bons” mobilizadores e que o processo de criopreservação afetaria menos estas células. No entanto, observamos aqui um paradoxo e sugerimos algumas hipóteses para explicá-lo. A menor capacidade de estabelecer o estroma em amostras normais após a criopreservação e uso de G-CSF mostra uma maior vulnerabilidade destes em virtude de maior mobilização de células precursoras para o SP do que os pacientes. Talvez a possível explicação seja o fato de as células mononucleares normais não apresentarem mecanismos de resistência que os preserve da agressividade do processamento criobiológico. Estes achados sugerem que a existência de um estroma doente torna-o menos suscetível ao processo de mobilização e criopreservação. Conclusões 76 6. CONCLUSÕES Em relação à influência da mobilização na funcionalidade hematológica podemos concluir: Houve diminuição na capacidade de formação da camada estromal das amostras de controles na fase pós-mobilização, sugerindo que a medula óssea normal seja mais afetada pelo efeito imediato do G-CSF, ou pela migração mais expressiva das células progenitoras imaturas da MO para o sangue periférico. As amostras de pacientes apresentaram menor capacidade de formação da camada estromal em relação aos controles, indicando danos ao microambiente medular causados pelo tratamento quimioterápico prévio. As amostras de pacientes não apresentaram diferenças funcionais entre as fases de mobilização, não se relacionando a capacidade de formação do estroma com a terapêutica empregada na mobilização. Características individuais dos pacientes e doadores como idade e sexo não apresentaram diferenças significativas na capacidade de formação e manutenção do estroma. As amostras de portadores de LNH apresentaram o pior desempenho nas LTBMC, possivelmente devido ao caráter agressivo das doenças analisadas e à intensidade do tratamento quimioterápico prévio. A presença de fibrose, infiltração e celularidade diminuída na MO contribuíram em parte para a diminuição da capacidade de formação da camada estromal. Em relação ao processo de criopreservação na funcionalidade do estroma: Não houve diferença na formação da camada estromal entre as amostras de controles e pacientes criopreservadas e a fresco. O período de mobilização não afetou o desempenho das LTBMC em relação aos tipos distintos de amostras (criopreservadas e a fresco). As amostras de controles apresentaram diminuição significativa na formação da camada estromal na fase pós-mobilização em relação às amostras de pacientes principalmente nas amostras a fresco, podendo-se sugerir que a situação do estroma medular de pacientes com doenças onco-hematológicas anteriores à mobilização possa apresentar um efeito protetor aos agentes criopreservadores. Referências Bibliográficas 77 7. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS Adams GB, Chabner KT, Alley IR, Olson DP, Szczepiorkowski ZM, Poznansky MC, Kos CH, Pollak MR, Brown EM, Scadden DT. Stem cell engraftment at the endosteal niche is specified by the calcium-sensing receptor. Nature. 2006;439(7076):599-603. Ailles LE, Gerhard B, Hogge DE. Detection and characterization of primitive malignant and normal progenitors in patients with acute myelogenous leukemia using longterm coculture with supportive feeder layers and cytokines. Blood. 1997;90(7):255564. Aird W, Labopin M, Gorin NC, Antin JH. 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