EDITORIAL Lutar pelo que é nosso 2014 é mesmo um ano de expectativas. Em cinco meses a população terá a chance de renovar o cenário político, através de seu voto consciente. Elegeremos presidente da República, governador, senador, deputado federal e estadual. Não é cedo para iniciar uma reflexão sobre o assunto. E deixar para analisar os critérios que o levarão a escolher um candidato apenas na hora de votar poderá ser tarde demais. Londrina, a cada dia, grita por liberdade. Libertar-se da corrupção. Libertar-se das más influências. Libertar-se da hipocrisia. Para isso, precisamos eleger, com sabedoria, quem olhe por nós. Do outro lado, Londrina enfrenta o desafio de ampliar a sua representatividade no quadro político, tanto junto à Assembleia Legislativa, quanto na Câmara Federal. A discussão vai além. O trabalho começa por aqui mesmo, no Legislativo, nossa Casa de Leis. Afinal, uma Câmara Municipal forte, ética e cumpridora de seus princípios poderá contribuir para o surgimento de novos líderes políticos. Por sua vez, quem estiver no comando precisará combinar o espírito empreendedor junto à sua visão política e teórica. Hoje, infelizmente, muitos empresários vivem presos a uma política que não os permite crescer. Nossos empreendedores concebem suas empresas com o sonho de construir uma história de sucesso, mas são acordados pelos gargalos da burocracia cruel e de tributações infundadas. É hora de colocar a teoria em prática. Acabar com o achismo. Trocar a morosidade pelo progresso. E, por falar em progresso, aguardamos o avanço da reforma administrativa na Prefeitura de Londrina, necessária para garantir mais eficiência e qualidade dos serviços à população. A outra face do desenvolvimento de um município é a economia. Embora pontos facultativos, feriados nacionais, estaduais e municipais tragam descanso, eles também geram prejuízos significativos. A cada dia não trabalhado Londrina deixa de movimentar R$ 20 milhões. Perdemos ainda mais por não ser uma cidade turística na área de lazer. A comemoração não deve jamais deixar de existir. Mas algumas datas poderiam ser revistas e celebradas em conjunto, ou fixadas em sábados e domingos. 2014 ainda terá muitos desafios pela frente. E não desistiremos da transformação. Lute com a gente pelo desenvolvimento e progresso! Flávio Montenegro Balan Presidente da ACIL DIRETORIA DA ACIL – GESTÃO 2012/2014 Fundada em 5 de junho de 1937 Rua Minas Gerais 297 – 1º andar Ed. Palácio do Comércio Londrina (PR) – CEP 86010-905 Telefone (43) 3374-3000 Fax (43) 3374-3060 E-mail [email protected] Flávio Montenegro Balan Presidente Luiz Carlos I. Adati Vice-Presidente Ary Sudan Diretor Secretário Fabricio Massi Salla 2º Diretor Secretário Rogério Pena Chineze Diretor Financeiro Rodolfo Tramontini Zanluchi 2º Diretor Financeiro Marcelo Paganucci Ontivero Diretor Comercial Herson R. Figueiredo Júnior Diretor Industrial Marcelo Bisatto Cardoso Diretor de Serviços Brasilio Armando Fonseca Diretor de Comércio Internacional Luigi Carrer Filho Diretor de Produtos Fernando Lopes Kireeff Diretor Institucional Mercado em Foco é uma publicação da Associação Comercial e Industrial de Londrina. Distribuição gratuita. Correspondências, inclusive reclamações e sugestões de reportagens, devem ser enviadas à sede da Associação ou pelo e-mail [email protected] Rosangela Khater Presidente do Conselho da Mulher Empresária CONSELHO DELIBERATIVO Carlos Alberto De Souza Faria David Dequêch Neto Eduardo Yoshimura Ajita Enio Luiz Sehn Júnior Fábio Aurélio Mansano Melaré José Guidugli Júnior Paulo Briguet Coordenação Susan Naime Edição Josoé de Carvalho Fotografia Thiago Mazzei Projeto gráfico Marcelo Massayuki Cassa Nivaldo Benvenho Oswaldo Pitol Rubens Benedito Augusto Silvana Martins Cavicchioli Valter Luiz Orsi Wellington Moreira CONSELHO FISCAL Diego Rigon Menão Superintendente Claudia Motta Pechin Coord. Comercial e SPC Barbara Della Libera Analista de Marketing Colaboradores Alexandre Sanches Felipe Brandão Gisele Rech Guto Rocha Juliana Mastelini Michelle Aligleri Vinícius Bersi Titulares Jaime Celeste Ponce Michel Menegazzo Gouvêa Ronaldo Pena Chineze Suplentes Marcus Vinícius Bossa Grassano Marcus Vinicius Gimenes Rafael Andrade Lopes Impressão Midiograf Tiragem 8 mil exemplares Agenda junho 2014 ATENDIMENTO E VENDAS FINANÇAS Palestra: empreenda com sucesso Sheila Dal Ry 05 de junho 19h às 21h • Oportunidades para empreender • Desafios de empreender • Empreendendo com sucesso Não associados R$65,00 Associados R$32,00 Gestão de projetos: como coordenar projetos de forma prática e eficiente 2ª edição Rodrigo Giraldelli 07 de junho Das 8h30 às 12h e das 13h às 17h30 • Iniciação do projeto • Termo de abertura e identificação dos stakeholders • Planejamento do projeto • Coleta de requisitos e elaboração do escopo • Elaboração do cronograma e do orçamento Não associados R$250,00 Associados R$195,00 Workshop: elabore um plano estratégico de marketing Sheila Dal Ry 09 de junho 19h às 23h • • • • Analise Interna e Externa da empresa Publico alvo Macroambiente e estratégia Composto de marketing e implementação Não associados R$90,00 Associados R$45,00 Cobrança e negociação de dívidas Braz Vendramini 09 a 11 de junho 19h às 23h • Código de defesa do consumidor • Cartas de cobrança: como torná-las mais eficazes • Como obter maiores resultados nas cobranças de clientes inadimplentes • Como organizar uma carteira de atrasos de forma produtiva • Como cobrar por telefone Não associados R$173,00 Associados R$86,00 Intensivo em fluxo de caixa, contas a pagar e a receber Thiago Terzoni 10 e 11 de junho 19h às 23h • Tesouraria: principais funções, gestão da tesouraria • Conceitos de capital de giro, ciclo operacional e ciclo financeiro MARKETING GESTÃO DE RH • Ações que refletem na administração do caixa • Administração do contas a pagar: processos de pagamentos, fluxo operacional, funções do contas a pagar, controle do contas a pagar, ciclo de pagamentos, riscos Não associados R$250,00 Associados R$195,00 Qualidade de serviços em recepção e secretaria Silvana Oliveira 14 de junho Das 8h30 às 12h e das 13h às 17h30 • Desenvolvimento pessoal e profissional • Perfil e postura profissional • Espírito de equipe • Atendimento telefônico • Técnicas de Recepção e Atendimento Não associados R$152,00 Associados R$76,00 Técnicas de vendas - a venda com foco no cliente Silvana Oliveira 23h e 24 de junho 19h às 23h • • • • O profissional de vendas Perfil do vendedor O relacionamento com o cliente Compreensão das necessidades e expectativas do cliente • A importância da comunicação Não associados R$152,00 Associados R$76,00 WEB DIVERSOS • Demissão de empregados • Incidência e cálculo dos impostos • Desoneração da folha de pagamentos e seus impactos Não associados R$250,00 Associados R$195,00 Como importar da china Rodrigo Giraldelli 25 e 26 de junho 19h às 23h • Pesquisa de fornecedores • Escolha da embalagem • Meios de transporte • Custos de importação • Impostos de Importação Não associados R$300,00 Associados R$200,00 ABRASEL NORTE DO PARANÁ CURSO DE BOAS PRÁTICAS E HIGIENIZAÇÃO NAS MANIPULAÇÕES DE ALIMENTOS 24, 25 e 26 de junho 13h30 às 17h30 Local: Blue Tree Premium Av. Juscelino Kubtischek, 1356 Informações: 3327 0202 Não associados: R$100,00 Associados ACIL: R$70,00 Intensivo em departamento fiscal: ICMS, IPI, PIS e COFINS Rosangela Aparecida da Silveira 24, 25 e 26 de junho INÉDITO 19h às 23h Opinião do associado Intensivo em rotinas trabalhistas e departamento pessoal – 2ª edição Mario Sergio Curti 25 e 26 de junho 19h às 23h Vanderley Negri, encarregado Recursos Humanos Norpave: Investimento em capacitação profissional se faz necessário cada vez mais. Com extrema competência, o Centro de Capacitação Empresarial e de Pessoas da ACIL vem contribuindo para o desenvolvimento e aperfeiçoamento dos profissionais de nossa organização, através de treinamentos que vêm ao encontro às necessidades das empresas e ainda a preços acessíveis. Parabéns a todos, estão no caminho certo. • Regulamento do Imposto Sobre Circulação de Mercadorias e Serviços • Legislação do ISS • Regulamentação e Legislação do IPI – Imposto sobre produto industrializado • Impactos dos tributos sobre o faturamento da empresa • Códigos de recolhimentos e guias Não associados R$300,00 Associados R$230,00 • Procedimento para admissão • Contrato e jornada de trabalho • Folha de pagamentos e suas especificidades Saiba mais: 3374.3000 [email protected] ou 3374.3082 com Tatiane Goes: [email protected] Associação Comercial e Industrial de Londrina Rua Minas Gerais, 297, 1º andar, Londrina, PR Av. Saul Elkind, 1820 | Regional Norte www.acil.com.br Curta ÍNDICE INFRAESTRUTURA PRECÁRIA Modernizar para crescer ..................................................... 6 8 MUDANÇA HOME OFFICE 18 ARTIGO 21 Minha casa, meu negócio ................................................... Enquanto a reforma não chega .............................................. A hora é essa 12 PROBLEMA AMBIENTAL FOCO NO PODER 25 ENDOMARKETING 26 Mais competitividade para empresas pequenas .............. Planejamento inteligente .................................................. PERFIL 30 DESTRAVA LONDRINA 32 AGRONEGÓCIO 36 Visões de um empresário pé-vermelho .............................. Juntos pela Junta ............................................................... Belagrícola de casa nova .................................................... COMÉRCIO TRADICIONAL Santa feira de cada dia ........................................................ COLUNA DA ACIL Charles Vezozzo assume a Presidência do Fórum Desenvolve Londrina ...................... Bosque pede mais atenção. E menos pombas! 14 CONSCIENTIZAÇÃO Pichação é crime. Denuncie! 22 38 ECONOMIA Sob a batuta do consumidor 41 34 EMPREENDORISMO Quem quer pão? Associação Comercial e Industrial de Londrina 5 INFRAESTRUTURA PRECÁRIA MODERNIZAR PARA CRESCER Prédio da Prefeitura de Londrina tem quase o triplo da capacidade de servidores e as instalações elétricas não suportam todos os aparelhos das secretarias e órgãos Por Vinícius Bersi Não é preciso ser engenheiro ou arquiteto para perceber que o prédio da Prefeitura de Londrina precisa de uma reforma urgente. Fios à mostra e goteiras são a prova da necessidade de reparos. A rede elétrica também é precária; picos de energia são frequentes em dias quentes, quando os aparelhos de ar condicionado ficam ligados, porque a rede não consegue alimentar todos os equipamentos. O espaço tem oito mil metros quadrados divididos por 900 servidores de 16 secretarias e órgãos públicos. A estimativa da Secretaria Municipal de Gestão Pública é que 30% do espaço são usados para áreas de circulação como corredores e escadas. Outros 30% da área são ocupados por móveis. Sobram 3,2 mil metros quadrados, espaço dividido pelos 900 servidores que trabalham no prédio. Cada servidor tem em média 3,55 metros quadrados de espaço. O recomendado pela Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT) e pelas normas de segurança do trabalho é que cada trabalhador tenha uma área de dez metros quadrados. O secretário de Gestão, Rogério Carlos Dias, reconhece que as secretarias já têm um déficit de pessoal e os servidores que trabalham em condições ruins têm o rendimento prejudicado. “A eficiência depende do conforto e da concentração do servidor em cada serviço. O guarda municipal precisa de visualização do espaço para trabalhar, já o funcionário que fica dentro do escritório precisa de espaço 6 Bruno Veronesi:“É constrangedor. Como é que você explica para o investidor estrangeiro que você precisa deixar um balde no chão por causa da goteira?” e concentração, isolamento acústico. Como um pregoeiro se concentra em um edital se ele tem quatro pessoas ao redor dele conversando sobre outros processos? Eu tenho que ter uma estação de trabalho. Eu não posso continuar desse jeito”, desabafa. Recursos do BNDES para modernização A Prefeitura aguarda a liberação de R$ 19 milhões do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) para reformar o prédio. Somado ao valor, a Prefeitura deve investir mais R$ 2,1 mi, num total de R$ 21,1 mi. Só 11% dos recursos vão ser usados para a reforma. O restante será investido em equipamentos, informatização e novos sistemas que modernizam a gestão. “Tem que comprar desde equipamentos, consultorias para desenvolver o trabalho, maio de 2014 | www.acil.com.br CADA SERVIDOR TEM 3,5M2 PARA TRABALHAR. IDEAL SERIAM 10M2 Rogério Carlos Dias, secretário Municipal Gestão Pública: “A eficiência depende do conforto e da concentração do servidor em cada serviço”. sistemas, modernizar o datacenter para gerenciar todo o banco de dados que vai ser gerado da gestão documental”, afirma o assessor de modernização da Secretaria Municipal de Gestão Pública, Newton Hideki Tanimura. “São vários investimentos para você dar possibilidade de sucesso às ações”, completa. A nova divisão do prédio deve ser definida por um projeto arquitetônico que a prefeitura ainda deve contratar. Rogério Dias adiantou que a prefeitura deve abrigar as chamadas secretarias e órgãos de atividade meio, que têm apenas função administrativa, como as secretarias de Gestão, Planejamento, Governo, Fazenda, além da Controladoria e a Procuradoria. Ficam de fora as secretarias que exercem atividade fim e prestadoras de serviço, como as secretarias da Saúde, Defesa Social e Políticas para Mulheres. “Para que a atividade fim funcione, tudo que é atividade meio tem que ficar no Centro Administrativo. O projeto também respeita as normas com o limite de pessoas que deve ocupar cada espaço”, garante o secretário. Projeto arquitetônico Desde o ano passado a prefeitura tenta contratar um escritório de arquitetura para realizar o projeto arquitetônico do prédio. A Prefeitura oferece R$ 140 mil para a empresa que assumir o trabalho. Em 2013, foram abertos dois processos de licitação, mas não houve interessados. Neste ano, a Prefeitura fez mais uma tentativa. Apareceu uma empresa interessada que não pôde ser contratada, porque não apresentou todos os documentos exigidos pela Lei de Licitações. Para tentar atrair novos interessados a Secretaria de Gestão Pública pretende lotear a licitação. Ao invés de tentar contratar uma empresa que assuma todos os projetos, a Prefeitura vai abrir licitações diferentes para o projeto arquitetônico e para cada projeto complementar. “É difícil ter um empresa que faça tudo. As que fazem estão cheias de projetos. Pode ser que uma pegue o projeto arquitetônico, outra o projeto elétrico, outra o projeto de alvenaria”, explica o assessor de modernização da Secretaria de Gestão Pública, Newton Hideki Tanimura. Assim que a Prefeitura assinar o contrato do empréstimo com o BNDES, os projetos de execução das obras já poderão ser licitados. De acordo com Newton Hideki Tanimura, mesmo sem os projetos arquitetônicos e complementares, será possível executar outras ações de modernização da gestão que não dependem da reestruturação do prédio. Entre as mudanças que poderão ser encaminhadas Associação Comercial e Industrial de Londrina antes, estão o gerenciamento eletrônico de documentos e o desenvolvimento do portal de compras. “A reforma ou a readequação da estrutura física é uma parte do projeto que não vai inviabilizar a execução dos outros projetos que não dependem de reforma”, assegura o assessor de modernização. Mudança de endereço da Codel O presidente do Instituto de Desenvolvimento de Londrina (Codel), Bruno Veronesi, reconhece que as condições do prédio dificultam a criação de parcerias entre a Prefeitura e empresários. “O prédio é um cartão de visitas. Eu recebo empresários de Londrina, de outras cidades e de outros países; não tem a mínima condição de receber esse pessoal”, admite. O presidente da ACIL, Flávio Balan, também acredita que o prédio espanta investidores. “Precisamos mostrar uma imagem de zelo pela cidade porque o empresário pensa: ‘se a prefeitura é assim, imagina a cidade?’. Não precisa ser suntuoso, mas precisa ter uma estrutura”, ressalta. A Codel é o primeiro órgão a deixar o prédio. O Instituto alugou um andar do edifício City Hall, em frente ao Centro Cívico, na Rua Elias César. “Não podemos ficar muito longe de outras secretarias e do gabinete do prefeito”, explica o presidente da Codel. O novo espaço tem 340 metros quadrados e foi alugado por R$ 8.500 por mês. “Ali poderemos receber com o mínimo de conforto”, garante Veronesi. Dívida em precatórios A Prefeitura deve R$ 60 mi em precatórios. A maior parte da dívida é de ações trabalhistas de servidores municipais. A situação do prédio cria condição para que o débito aumente. Servidores expostos a condições de trabalho ruins, como temperaturas acima ou abaixo do recomendado, ventilação insuficiente e mobiliário inadequado podem requerer reparações na Justiça. “Na última onda de calor, os servidores chegaram a enfrentar temperaturas de 38 graus dentro do prédio porque os aparelhos de ar condicionado não podiam ser ligados”, reclama o presidente do Sindicato do Servidores Municipais de Londrina (Sindserv), Marcelo Urbaneja. “Tem que existir o compromisso de resolver essas situações urgentes, justamente para se evitar ações, que vão custar mais ao Município”, alerta. Investimento estimado para a reforma e modernização da Prefeitura Inventário patrimonial: 936.862,00; 5% Capacitação: 1.768.000,00; 8% Geoprocessamento: 1.924.234,00; 9% Informatização: 2.257.000,00; 11% Reestruturação elétrica predial: 2.314.532,00; 11% Infraestrutura de rede: 5.345.000,00; 25% Gestão Documental: 6.556.284,00; 31% Total: 21.101.912,00 Fonte: Secretaria Municipal de Gestão Pública 7 MUDANÇA 8 maio de 2014 | www.acil.com.br “É PRECISO QUE OS POLÍTICOS DE LONDRINA SIGAM UMA CONDUTA IMPECÁVEL DIANTE DA CIDADE” Por Felipe Brandão Ano de eleição é ano de mudanças. De antever e preparar os novos ares que serão respirados ao longo dos próximos quatro anos, em cada setor da vida pública e privada. Momento em que mudanças não podem significar apenas a troca de representantes políticos, mas a substituição de interesses pessoais dos que governam por um olhar na direção de uma sociedade mais justa, mais saudável, mais educada, e mais preparada para escolher. É um período de responsabilidade. Responsabilidade que irá refletir no dia a dia de cada cidadão – nos impostos, na segurança, na qualidade de vida. E, desta vez, bem maior e mais ampla que dois anos atrás, na última eleição municipal, é a vez de escolher os novos presidente da República, senadores, deputados federais e estaduais, além dos novos governadores de cada Estado. Na hora de selecionar o candidato, qualquer que seja o cargo, diversos fatores devem ser levados em conta. Além das propostas de campanha, é preciso atentar para o histórico político e ético daqueles que pedem o voto. Para o presidente da Câmara Municipal de Londrina, vereador Rony Alves (PTB), é neste aspecto que reside a grande carência do contexto político brasileiro atual. “É triste, mas o que mais vemos hoje são políticos que perderam a noção do que é ser político. Pessoas que deveriam ser exemplos para a nação, mas se revelam a escória da sociedade brasileira. O poder público necessita de homens de conduta ilibada, que não misturem o interesse público com motivações particulares e econômicas. Que transpareçam honestidade e sejam, de fato, honestos”, aponta. Nivaldo Benvenho, conselheiro da ACIL e proprietário da Midiograf, enxerga na vida política brasileira um período de grande instabilidade e insatisfação. “Hoje, nós brasileiros vivemos o pleno trabalho sem crescimento. Precisamos que o Associação Comercial e Industrial de Londrina próximo presidente tome posturas de estadista para avançar e conduzir as várias reformas – tributárias, políticas e trabalhistas – de que o Brasil precisa. É impossível termos reformas dessa magnitude e importância tentando conciliar todos os interesses, públicos e particulares.” “Uma nação que discute somente seus direitos – e nunca seus deveres – está condenada. E discutir deveres não é algo que um político comum consegue colocar em pauta, somente estadistas”, diz, categórico. “Se não mexermos em questões estruturais, não aumentaremos a produtividade e ficaremos para sempre nesse ciclo: todos trabalhando, e o País não cresce”, completa Benvenho. Otimista, o empresário torce para que esse quadro comece a ser revertido já a partir do próximo mandato presidencial. “A mudança tem de começar na mentalidade eleitoral dos brasileiros. É preciso separar o joio do trigo, valorizando candidatos cujas propostas tenham potencial de devolver ao Brasil o seu horizonte de futuro”, defende. “O Brasil tem chegado ao fundo do poço nesse aspecto político, o que interfere negativamente em todos os setores da sociedade. O corporativismo político não pode mais se sobrepor ao interesse da sociedade – isso é inaceitável e tem que acabar”, afirma o presidente do Sindicato das Indústrias Metalúrgicas, Mecânicas e de Material Elétrico de Londrina (Sindimetal), Valter Orsi. Cenário local A instabilidade geral do âmbito político brasileiro ganha contornos particulares no caso específico de Londrina. Com um histórico de corrupção nos mandatos municipais dos últimos 15 anos, a cidade parece tomada de um sentimento de aversão à própria política local, o que refletiu diretamente nas últimas eleições estaduais e federais. “Ao olhar para dentro e não enxergar Rony Alves: “Nossa região é rica em votos. Londrina tem dado uma quantidade de votos absurda para a região de Cascavel, Maringá, Curitiba – votos que têm faltado para eleger representantes daqui” boas possibilidades, o eleitor se vê forçado a optar pelo candidato de outra região”, analisa Benvenho. Os dados são contundentes: a cidade, que já elegeu senadores e chegou a ter mais de seis representantes na Assembleia Legislativa do Paraná, hoje tem o respaldo direto de apenas três deputados federais – André Vargas (PT), Luiz Carlos Hauly (PSDB) e Alex Canziani (PTB) – e dois estaduais – Luiz Eduardo Cheida (PMDB) e Tercílio Turini (PPS). “A representatividade fica muito enfraquecida. Nossa região é uma rica em votos. Londrina tem dado uma quantidade de votos absurda para a região de Cascavel, Maringá, Curitiba – votos que têm faltado para eleger representantes daqui”, observa Rony Alves. “Isso reflete em uma cidade muito mal assistida. A segunda maior cidade do Estado do Paraná receber a verba que recebe quase faz pensar que ela sequer passe pela pauta do governo estadual, nem do atual, nem de governos anteriores.” Rony acredita que é preciso conscientizar o cidadão londrinense da importância de se votar em candidatos locais para os cargos na 9 Osmar Alves: “Os nossos representantes, tanto federais como estaduais, devem batalhar com mais afinco e foco. O bom político sempre vai defender a contento os interesses dos eleitores que representa. 10 Nivaldo Benvenho: “Ao olhar para dentro e não enxergar boas possibilidades, o eleitor se vê forçado a optar pelo candidato de outra região” Além dos números Para ilustrar a imagem negativa que o eleitor londrinense – e de outras regiões – tem sobre a política local, Valter Orsi comenta a repercussão que as denúncias de corrupção ativa envolvendo o deputado federal André Vargas tiveram na mídia nacional e internacional. “Vemos certos órgãos de imprensa relacionando o nome do Vargas a Londrina, aproveitando para ‘relembrar’ os nossos ex-prefeitos cassados e até questionando a integridade da cidade como um todo por conta disso”, lamenta o presidente do Sindimetal. “É triste, para o cidadão londrinense, assistir ao nome da cidade ser achincalhado dessa forma. E mais triste ainda ver a manobra que se faz – sugere-se a renúncia do envolvido ao cargo, como se isso fosse apagar todo o mal feito.” O presidente do Sindicato da Indústria da Construção Civil do Norte do Paraná (Sinduscon), Osmar Alves, é outro que vê com preocupação a queda da representação de Londrina no Legislativo Federal e Estadual. Ele ressalta, porém, que a representação eficaz não se restringe à questão numérica, mas depende em especial do desempenho individual dos eleitos. “Temos vários projetos de interesse da cidade e da região que ainda estão em aberto, como a questão do ILS para o aeroporto, da linha férrea, do Arco Norte – nenhuma está definida. Os nossos representantes, tanto federais como estaduais, devem batalhar com mais afinco e foco para que esses projetos sejam concretizados. O bom político sempre vai defender a contento os interesses dos eleitores que representa. Não se trata apenas de números, mas sobretudo do desempenho de quem esteja lá”, argumenta. Alves também lamenta a relação do nome de Londrina com a repercussão negativa do caso André Vargas. “Já tivemos aqui vários casos de corrupção envolvendo os nomes de políticos londrinenses. Isso acaba trazendo uma imagem negativa, para a cidade e para seus políticos. Londrina está no noticiário já há alguns anos em casos assim, isso precisa mudar. E a mudança começa nas urnas”, constata. O fato é que, até as eleições em outubro, políticos e eleitores ainda têm chão pela frente. Foi dada a largada. E que vençam os melhores – para Londrina e para o Brasil. “ Muitas vezes precisamos de mudanças na interpretação, não necessariamente na lei. E o que não está definido por lei não pode ser exigido pelo órgão público “ Assembleia Legislativa e na Câmara dos Deputados, que possam pleitear benefícios à cidade e sua região metropolitana. “Nós temos cerca de 350 mil votos na região de Londrina. Se houver união das forças políticas e econômicas que investem na cidade, em uma campanha que incentive o eleitor a votar em candidatos locais, essa representatividade pode aumentar. Agora, é evidente que a questão não termina por aí. Acima de tudo é preciso que os políticos de Londrina sigam uma conduta impecável diante da cidade”, considera o presidente da Câmara Municipal. Nivaldo Benvenho concorda: “É necessário criar uma empatia entre o cidadão e seu representante. O primeiro representante do cidadão é o vereador, por isso acredito que esse trabalho deve começar na Câmara de Vereadores. Um trabalho de base, de mudança de cultura. Legislativo e Executivo precisam trabalhar em conjunto para retirar cada dia mais Londrina das páginas policiais, e colocá-la na capa do caderno de economia.” Procurado pela reportagem da ACIL, o prefeito de Londrina, Alexandre Kireeff (PSD), não quis se pronunciar sobre o assunto. Gerson Guariente Júnior, do Núcleo de Desenvolvimento maio de 2014 | www.acil.com.br PROBLEMA AMBIENTAL Por Paulo Briguet O que há em comum entre empresários, moradores de condomínios, ambientalistas, religiosos, professores, biólogos, veterinários, advogados, economistas, jornalistas, políticos, o presidente da ACIL, o pároco da Catedral e o arcebispo de Londrina? A resposta é simples: ninguém aguenta mais as pombas! Dia após dia, a superpopulação das “amargosinhas”, especialmente no Bosque Marechal Rondon, torna-se um problema ambiental mais grave, com efeitos na paisagem urbana, na saúde pública, na imagem da cidade e na qualidade de vida da população. A sujeira das calçadas e o cheiro insuportável transformam um simples passeio em tormento; um tormento diário para quem mora ou trabalha no centro. No começo de abril, representantes de todos os setores citados no parágrafo acima foram ao gabinete do prefeito Alexandre Kireeff para buscar uma solução. A audiência foi solicitada pela ACIL e a Arquidiocese de Londrina. O prefeito sabe que o caso é sério – e prometeu ações imediatas. Questão de saúde pública As aves da espécie Zenaida auriculata se multiplicaram em decorrência de várias situações de desequilíbrio geradas pelo homem. A derrubada das florestas diminuiu o número de 12 Entidades reunidas na ACIL discutem o problema dos pombos e do Bosque predadores naturais das pombas, que encontraram em certos ambientes urbanos as condições ideais para refúgio e reprodução. Em geral, as amargosinhas voam para o campo durante o dia, em busca de grãos. Ali costumam atacar depósitos de grandes cooperativas – onde o alimento é mais fácil e abundante. “O instinto desses animais é impressionante”, comenta a promotora Solange Vicentin, que estuda a questão há alguns anos. O problema das pombas não se restringe ao mau cheiro e ao desconforto. Segundo o médico veterinário Valmor Venturini, da Vigilância Sanitária Municipal, já foram registrados ao menos dois casos de morte por criptococose na cidade. “Mas nós sabemos que há subnotificação nesse tipo de doença, porque ela costuma atingir pessoas imunodeprimidas, o que dificulta a identificação das verdadeiras causas”, afirma Valmor. A professora Kerlei Médici, do Departamento de Medicina Veterinária da UEL, diz que regiões como o Bosque de Londrina são potencialmente maio de 2014 | www.acil.com.br “É UMA QUESTÃO DE SAÚDE PÚBLICA QUE EXIGE AÇÕES IMEDIATAS” Bosque Marechal Rondon, na área central de Londrina: comunidade exige medidas imediatas para controle da população de pombos e revitalização da área verde criadouros de agentes patogênicos, com grandes riscos para a população. “É uma questão de saúde pública que exige ações imediatas.” Na opinião da professora Kerlei, o abate deve ser considerado como um dos métodos não para a erradicação, mas para o controle das pombas. “Eu sempre fui favorável ao abate”, disse o prefeito Alexandre Kireeff. Segundo ele, o procedimento só não foi adotado até agora por decisão do comitê formado para tratar do assunto. “É preciso reconsiderar a possibilidade do abate, porque o ser humano é o que está sendo mais prejudicado nesta situação toda”, comentou o monsenhor Bernard Gaffá, pároco da Catedral de Londrina – e vizinho do Bosque. Vale lembrar que o Município possui uma autorização do Ibama para um eventual abate de pombos da espécie Zenaida auriculata. “Para cada problema complexo, existe uma solução simples e completamente errada”, dizia o jornalista americano H. L. Mencken. O abate não é a solução mágica para o problema das pombas – até porque não existe solução mágica nestes casos. O que existe é um conjunto de medidas que, de maneira combinada, podem resolver o problema. De nada adianta citar cidades como Roma, Veneza e Maringá, onde o problema das pombas foi resolvido, porque lá se tratava da espécie Columba livia – a pomba doméstica, bem mais fácil de controlar. “Nosso desafio é maior e mais complicado”, admite a secretária municipal do Ambiente, Maria Silvia Cebulski. Água e sabão, por favor Uma boa maneira de começar a resolver o problema das pombas é simples: água e sabão. “Determinei à CMTU que volte a fazer a limpeza regular das calçadas do centro”, disse o prefeito. “Não é possível que uma Prefeitura com 2,9 mil empregados e não consiga limpar as calçadas do centro.” Outra medida imediata é a poda das árvores na região central. Associação Comercial e Industrial de Londrina O prefeito determinou ainda que a Secretaria Municipal do Ambiente elabore um Plano de Manejo do Bosque Marechal Rondon. Assim, o Bosque poderá ser adotado por um grupo de empresas, por meio do projeto Empresa Boa Praça, da CMTU. A ideia é transformá-lo numa espécie de “mini Central Park”, com atividades artísticas, culturais, esportivas e religiosas. A Prefeitura também estuda a inclusão do bosque no Plano de Metas da Administração. É certo que algumas ações com efeito em longo prazo – como o reflorestamento e o plantio de mudas em fundos de vales – têm o seu valor para que se chegue a uma solução definitiva. Mas não custa lembrar a frase de John Maynard Keynes: “A longo prazo estaremos todos mortos”. A gestora do Colégio Mãe de Deus, irmã Rosa Maria Ruthes, mostrou ao prefeito um recorte de jornal de 1991, em que se discutiam os mesmos problemas no Bosque de Londrina. “Não podemos esperar mais 23 anos para mudar esse quadro”, disse a religiosa. O presidente da ACIL, Flávio Montenegro Balan, acredita que o Bosque Marechal Rondon pode ser o ponto de partida para uma ampla revitalização do centro da cidade. “O Bosque tem um grande valor histórico e afetivo para os londrinenses. Se conseguirmos recuperálo, vamos aumentar muito a autoestima da comunidade”, disse Balan. “A ACIL poderá chamar empresários para que adotem o Bosque e se tornem corresponsáveis pela manutenção do lugar”, propôs. Na tradicional cantiga, o bosque se chama Solidão. Em Londrina, o Bosque hoje tem o nome de abandono. Chegou o tempo de resgatá-lo para todos nós, humanos. PROPOSTAS LEVADAS AO PREFEITO KIREEFF * Limpeza (lavagem) regular das calçadas e vias públicas no centro da cidade. * Poda regular das árvores. * Definição do Plano de Manejo do Bosque de Londrina, com vistas à sua adoção por empresas e ocupação por práticas artísticas, esportivas, religiosas e culturais. * Inclusão do controle da população de pombos no Programa de Metas da Administração. * Reconsideração da possibilidade de abate, não como forma de erradicação, mas de controle populacional da espécie. * Definição do Bosque como foco central para ações do poder público. Afinal, ele é o coração de Londrina. 13 CONSCIENTIZAÇÃO Por Susan Naime Em Londrina, elas estão por todos os lados. Em prédios públicos, privados, espaços históricos, estabelecimentos comerciais, igrejas, casas e condomínios residenciais. Nem mesmo os automóveis escapam desta prática ilegal. Lamentavelmente, a cidade divide seus cartões-postais com os rabiscos de spray de quem nada entende de arte. E se por um lado os autores das pichações as consideram uma obra-prima ou uma ferramenta de comunicação, por outro, a pichação é considerada um ato de vandalismo e crime ambiental pela Constituição Federal, além de ser repudiada pela absoluta maioria da comunidade. Apesar da ousadia de alguns, a maioria dos pichadores age de madrugada, o que dificulta e desafia o trabalho da polícia. “A pichação, no ponto de vista do dano que provoca, é considerada crime pelo nosso ordenamento jurídico. E assim como acontece nos demais crimes, na medida em que alguém perceba uma atividade dessa natureza, seja no patrimônio público ou privado, deve ligar para o 190 para que seja feito o deslocamento imediado de uma viatura na tentativa de realizar a abordagem desses indivíduos”, orienta o porta-voz do 5º Batalhão de Polícia Militar, capitão Nelson Villa Junior. O alerta de Villa torna-se mais eficaz se pensarmos que o pichador não precisa ser abordado apenas no momento do delito. “O flagrante fica caracterizado não somente no momento em que a pessoa está fazendo a pichação, mas também se ela for encontrada depois com objetos que se presuma pertencer ao autor da infração penal. Por isso é importante a participação da comunidade”, ressalta. “Algumas pessoas até flagram a ação, mas como não é no seu estabelecimento ou no seu prédio, acabam não ligando para a polícia e esquecendo que, ao não ligar, poderão ser a próxima vítima”, completa. Campanha na ACIL Em 2013, autoridades de segurança pública deram início à campanha “Pichação é Crime”, uma iniciativa do Núcleo Permanente de Segurança de Londrina. Desde então, uma força-tarefa foi montada pela Polícia Civil, Polícia Militar e Guarda Municipal com o objetivo de incentivar a comunidade a denunciar formalmente casos de pichação e, desta forma, inibir a prática ilegal. A ronda com viaturas e o monitoramento através de câmeras de segurança também passam a integrar as estratégias da ação. No entanto, segundo o secretário municipal de Defesa Social, Coronel Rubens Guimarães: “Os coronel Rubens Guimarães de olhos de todos precisam estar Souza, a campanha deixou de estendidos pela cidade, pois não ser diretamente eficaz a partir do somos onipresentes” 14 maio de 2014 | www.acil.com.br “ALGUMAS PESSOAS FLAGRAM A AÇÃO, MAS NÃO LIGAM PARA A POLÍCIA” momento em que não houve a participação da comunidade. “Não tivemos o retorno em termos de denúncias. E é muito importante o envolvimento da comunidade, da vigilância privada e do comércio como um todo. Está faltando atitude. A população precisa se envolver mais e trazer informações pra gente poder chegar nessas pessoas. Os olhos de todos precisam estar estendidos pela cidade, pois não somos onipresentes. Outras pessoas estão em muitos lugares que não conseguimos estar durante todo o tempo. Infelizmente, os segmentos da sociedade civil não se envolveram da forma como esperávamos”, afirma. O presidente da ACIL, Flávio Montenegro Balan, avalia que os prejuízos com a pichação são grandes, principalmente no que diz respeito ao aumento da poluição visual da cidade. “Denúncias de empresários que tiveram seus comércios pichados levaram a entidade a procurar as autoridades, e este debate gerou uma força-tarefa entre as polícias. Percebemos viaturas circulando pela cidade ou estacionadas em locais estratégicos. Mas, infelizmente, esse crime pode ocorrer em qualquer ponto da cidade, a qualquer hora do dia. Por isso é importante que agora haja a contrapartida da população em denunciar. O tema vai além disso. É preciso que ocorra a conscientização das famílias e dentro das escolas. Pichar um local privado ou público é crime, provoca o excesso de poluição visual e desvaloriza o que é nosso. Entendemos que o combate à pichação é uma decorrência natural da Lei Cidade Limpa”. Capitão Nelson Villa: “Algumas pessoas até flagram a ação, mas como não é no seu estabelecimento ou no seu prédio, acabam não ligando para a polícia e esquecendo que, ao não ligar, poderão ser a próxima vítima” Pena branda Medidas paliativas “ É preciso que ocorra a conscientização das famílias e dentro das escolas. Pichar um local privado ou público é crime, provoca o excesso de poluição visual e desvaloriza o que é nosso. O combate à pichação é uma decorrência natural da Lei Cidade Limpa “ De acordo com o artigo 65 da Lei Federal 9.605/98, pichar edificação ou monumento é crime e prevê a pena de três meses a um ano de detenção, e multa. O mesmo artigo, em seu parágrafo primeiro, relata que “se o ato for realizado em monumento ou coisa tombada em virtude do seu valor artístico, arqueológico ou histórico, a pena é de seis meses a um ano de detenção, e multa.” No entanto, tal punição também pode ser revertida em penas alternativas ainda mais leves, como o fornecimento de cestas básicas ou a prestação de serviços comunitários. “Trata-se, lamentavelmente, de uma infração penal com menor potencial ofensivo, o que permite à polícia apenas fazer o encaminhamento para a lavratura de um termo circunstanciado de ocorrência, sendo possível, inclusive, por ocasião de ser submetido a um processo judicial, receber a oferta da transição penal. Mas é importante dizer que se o infrator recebeu rapidamente a oferta de transição penal, não ficou impune. E, às vezes, mais eficiente que uma pena severa é uma pena rápida”, ressalta capitão Villa. Flávio Balan, presidente da ACIL Sem controle sobre o vandalismo, a população tem se virado como pode para driblar a pichação. Nem mesmo as residências estão fora Associação Comercial e Industrial de Londrina 15 da lista desses infratores. A preferência se dá por aqueles que possuem muros largos e claros, que darão mais visibilidade às palavras e frases quase indecifráveis. No Jardim Interlagos, Região Leste de Londrina, os moradores de um condomínio residencial de casas estão pintando o muro pela segunda vez para encobrir os rastros deixados pelos pichadores. “Dá a impressão de que é sempre o mesmo grupo porque é o mesmo estilo de desenho”, conta o vice-síndico, Junio Silva Branco. Na tentativa de evitar tanta poluição visual, o grupo resolveu adotar medidas paliativas de proteção. “Vamos reformar a fachada e pintar o muro com uma cor mais escura como forma de prevenção. Também iremos instalar câmeras de segurança. Jeito não tem. Mas é uma tentativa de inibir essa prática. Toda essa impunidade é o combustível da desordem em nossa cidade”, desabafa Junio. Comércio legal Outra frente adotada pela campanha “Pichação é Crime”, Desde 2011, uma lei federal proíbe a venda de tintas desde o ano passado, é a conscientização junto aos spray a menores de 18 anos. O não cumprimento da determinação gera penalidades ao comerciante estabelecimentos que comercializam tintas. No ano de 2011, a presidente Dilma Rousseff aprovou a lei nº 12.408, que proíbe a venda de tintas spray a menores de 18 anos. No caso dos compradores maiores de idade, a compra deve ser realizada com nota fiscal em nome do comprador. Ainda de acordo com o texto, o não cumprimento da determinação gera multas e outras penalidades ao comerciante. O administrador do Mercadão das Tintas, Fábio Marques, deixou fixado próximo aos produtos de pichação um cartaz com a informação ditada pela lei federal. “Não vendemos mais o spray para menores de idade. E sempre que desconfiamos, pedimos o documento de identidade. Além do aviso sobre a Junio Silva Branco: “Toda essa impunidade é o venda proibida a menores de 18 anos, também preparamos o combustível da desordem em nossa cidade” ambiente de forma com que o cliente não tenha acesso direto ao spray. E, para quem tem mais de 18 anos, fazemos a nota fiscal com os dados do comprador no caso dele ser abordado pela polícia”, informa. Mas um problema apontado por Fábio vale receber a atenção das autoridades. “Com a lei federal, e após a campanha iniciada pela ACIL, percebo que os próprios comerciantes ficaram mais exigentes. Mas estamos em um momento onde o spray não é o único problema. Já ouvi falar de situações em que essas pessoas utilizam até mesmo as tintas normais para realizar a pichação. Parece que eles tentam sempre estar à frente. Precisamos de mais conscientização dentro das escolas e das famílias para esclarecer que esta prática é um crime”, argumenta o administrador. Para denunciar, ligue: Polícia Militar: 190 Polícia Civil: 197 Guarda Municipal: 153 16 maio de 2014 | www.acil.com.br A PORTONAVE ESTÁ EM UMA LOCALIZAÇÃO PRIVILEGIADA: EM PRIMEIRO LUGAR NA MOVIMENTAÇÃO DE CONTÊINERES EM SANTA CATARINA. MAIS QUE UM PORTO, UM POLO LOGÍSTICO COMPLETO. A Portonave é o porto responsável pela movimentação de 45% das cargas conteinerizadas de Santa Catarina e está preparada para aumentar cada vez mais esse número. Com investimentos em infraestrutura e equipamentos, está inserida em um complexo portuário consolidado e com serviços integrados. Venha crescer com a Portonave. HOME OFFICE 18 maio de 2014 | www.acil.com.br “TEM QUE FAZER HOME OFFICE PARA DAR MAIS QUALIDADE DE VIDA PARA O FUNCIONÁRIO” Por Juliana Mastelini Já passou o tempo em que trabalhar em uma grande empresa significava ter que morar em uma metrópole e enfrentar problemas como trânsito, por exemplo. O programador Flávio Granero trabalha na empresa Inaka, de Los Angeles, e mora aqui mesmo em Londrina. O principal benefício, segundo ele, é a flexibilidade. “Eu levanto, tomo café e em 10 minutos estou trabalhando”. Granero trabalha com o computador em um escritório em sua própria casa e o contato com a sede da empresa nos Estados Unidos se dá por meio da internet. Como os fusos horários dos Estados Unidos e do Brasil são diferentes, as rotinas de trabalho aqui e na sede também se distinguem. Quando Granero começa a trabalhar, os funcionários americanos ainda não começaram. Então ele aproveita o período da manhã para fazer o trabalho sem interrupções. À tarde, quando nos Estados Unidos ainda é de manhã, os outros funcionários começam a trabalhar e a mandar mensagens via internet. A empresa na qual ele trabalha conta com um bate- “Busco manter uma rotina como se estivesse numa empresa. A diferença é que com três passos estou no trabalho”, conta Tanila Dalmut, diretora da Revista Marriée papo virtual por onde todos os funcionários conversam, mesmo aqueles que estão lado a lado na sede. O objetivo é que todos os funcionários, independente de onde estejam, fiquem a par de tudo o que ocorre na companhia. Para o programador, o home office não deve ser adotado pelas empresas com o único objetivo de diminuir custos. “Tem que fazer home office para dar mais qualidade de vida para o funcionário. Por exemplo, se eu estou estressado com o trabalho, posso vir pra sala e brincar um pouco com o meu O programador Flávio Granero acredita que o home office deve ser adotado pelas empresas para aumentar a qualidade de vida do funcionário, não para diminuir custos filho. Se preciso ir no banco, posso ir em um horário que não seja de pico. Isso melhora a qualidade de vida”, explica. Granero acredita que o número de home offices tende a crescer, já que a internet está cada vez mais rápida e as tecnologias possibilitam, por exemplo, chamadas de vídeo gratuitas. “Isso é uma tendência mundial. A empresa Wordpress, por exemplo, está espalhada por 32 países. Quando se busca os melhores, não se pode restringir a apenas um lugar. Os melhores muitas vezes não querem mudar.” Negócio social Em seis meses de home office, a relações públicas Tatiana Moraes já trouxe a mesa de trabalho para a sala de casa para fugir do isolamento que um escritório separado traz Associação Comercial e Industrial de Londrina A relações públicas e desenvolvedora social Tatiana Moraes, desde novembro empreende em casa. Ela desenvolve um negócio social que busca gerar impacto na população de baixa renda em Londrina. O trabalho está em fase de planejamento. No currículo, Tatiana carrega 13 anos trabalhando em uma grande empresa, onde começou como estagiária. “É claro que o emprego em uma empresa é mais simples, 19 tem o salário garantido, tem uma estrutura para trabalhar. Para empreender, é preciso ter o dom mesmo”, conta Tatiana. O principal aspecto positivo que a relações públicas vê no home office é a flexibilidade. Com o filho pequeno, ela se organiza para lidar com a rotina dele. “Eu me organizo do jeito que achar melhor. Se preciso fazer algo de manhã que não seja do trabalho, me programo para trabalhar até mais tarde.” Assim, de manhã ela pode ficar com filho e à tarde levá-lo para a escola. O trabalho de Tatiana foi pouco a pouco sendo inserido no ambiente doméstico. No início, ela trabalhava em um quarto da casa, onde montou seu escritório. Depois, levou a mesa para a sala. “No quarto eu ficava muito isolada.” Mas a relações públicas lembra que é necessária a colaboração da família, que precisa entender que a pessoa está em casa, mas está trabalhando. Para Tatiana, trabalhar em casa também exige regras. “Na empresa, a pessoa é mais cobrada porque o chefe está perto. Se a pessoa empreende por si mesma, ela precisa de mais disciplina. Na empresa há também rigidez de horário. Oito horas por dia dá pra fazer muita coisa e ainda ficar ocioso. Então por que estar lá? Se no lugar as pessoas fossem cobradas por resultados, seria melhor. Algumas empresas surgem com essa mentalidade, por exemplo, trabalhando seis horas por dia e produzindo mesmo.” Revista Marriée Quando a revista Marriée, de Londrina, foi criada, a opção mais viável foi um negócio home office. Pelo tipo de trabalho, isso foi possível, com profissionais como jornalistas e designers que trabalham nas suas casas. A diretora da revista, Tanila Dalmut, que tem um escritório em casa, de onde cuida da administração e do gerenciamento da empresa, conta que os profissionais trabalham por produtividade e metas diárias. “Temos essa flexibilidade. A equipe é bem entrosada, fazemos reuniões por e-mail, skype. E quando precisamos, nos reunimos no Jun.tus, espaço colaborativo”. Apesar da flexibilidade que se tem trabalhando em casa, Tanila busca manter uma rotina como se estivesse em uma empresa. Acorda cedo, trabalha das 8h30 20 às 12h e das 14h às 18h. Inclusive se veste para o trabalho. “A diferença é que com três passos estou no trabalho”. Tanila também aponta outros benefícios em se fazer home office, como escapar do trânsito das grandes cidades e a economia com a estrutura financeira, já que não é preciso pagar aluguel. Por outro lado, o trabalho em casa tem suas desvantagens. A principal delas é quando os familiares não entendem que a pessoa está em casa trabalhando. “Hoje meus familiares entendem meu trabalho e não mandam mais ninguém de férias pra cá, por exemplo. E quando vem alguém eu já deixo avisado que eu preciso trabalhar, deixo a pessoa na sala e venho para o escritório”. SETE DICAS PARA HOME OFFICE A psicóloga organizacional Maria Cristina Consalter alerta para as frustrações que um negócio home office pode trazer. “O profissional acha que trabalhando em casa vai conseguir conciliar as necessidades do trabalho, as necessidades pessoais e familiares. O que muitas vezes não acontece. As pessoas não conseguem se organizar direito, a família não consegue gerenciar os limites de cada profissional e acaba cheio de interrupções.” Por isso, a psicóloga dá sete dicas que auxiliam na organização e no bom andamento do trabalho em casa: 1 É preciso manter condições ergonômicas básicas, como mesa e cadeira ajustadas, para que o físico do profissional não seja prejudicado. A iluminação também deve estar adequada e confortável ao trabalho. 2 É fundamental estabelecer um local específico para o trabalho. “Especialmente quem tem família, é importante um local privativo com móveis e equipamentos básicos”, explica. 3 É importante que a família compreenda e apoie o trabalho de quem faz home office. “Deve-se aproveitar os horários em que a família não está em casa, como períodos de maior concentração.” 4 O profissional que faz home office precisa, também, participar de grupos sociais, associações e trabalhos voluntários para sair do isolamento que o trabalho em casa muitas vezes pode gerar. 5 É preciso estabelecer limites claros entre o profissional e o pessoal. Para encontrar clientes, o ideal é que se procure locais fora da casa, como cafés ou espaços colaborativos. “Ter limites de horários e de locais é importante porque senão o trabalho acaba se tornando uma extensão da vida como um todo. Perceber assim que não é só o espaço de trabalho que é produtivo, mas o encontro com os amigos, o lazer”, acredita Maria Cristina. 6 Outra necessidade para quem faz home office é trabalhar com agendas. Nessa agenda, considerar o horário de trabalho, um horário para atividades físicas, lazer, investimento na carreira. Essas variadas atividades podem, inclusive, ser intercaladas durante o dia. “E aí, é importante perceber qual horário você funciona melhor e adequar esses horários aos horários de atendimento aos clientes.” 7 Por fim, a psicóloga destaca a importância da autogestão para se ter um negócio home office, já que não se tem o chefe ao lado cobrando resultados. “É preciso ter um senso de responsabilidade. Quem regula é o profissional”, completa. maio de 2014 | www.acil.com.br ARTIGO É preciso aproveitar quando o vento sopra a nosso favor. Recentes decisões do STJ confirmam desoneração da folha de pagamento Por Helder Eduardo Vicentini O empresariado vive numa constante sensação de sufocamento, em geral com margens de lucro apertadas, sobretudo em razão da pesada carga tributária, do alto custo da mão-de-obra e dos encargos sobre ela incidentes. Há muito temos ouvido falar da necessidade de uma reforma tributária, bem como sobre a necessidade de redução dos encargos incidentes sobre a folha de pagamento. Contudo, não há indícios de que a desejada reforma possa ocorrer a curto ou médio prazo, pois é manifesto o desinteresse do poder público de resolver o problema, especialmente quando os recordes de arrecadação são quebrados a cada ano. Para que se tenha uma ideia, no primeiro bimestre de 2014, segundo dados fornecidos pela Secretaria da Receita Federal, foi batido o recorde histórico da arrecadação federal, aí incluídos os impostos, contribuições federais e outras receitas (como royalties), com um rendimento aos cofres públicos de R$ 206,8 bilhões. Por outro lado, é grande a descrença de que esse dinheiro retorne à sociedade de forma eficiente, seja para cumprir com as obrigações básicas do Estado, isto é, como forma de propiciar o bem estar social, seja para o incremento da atividade produtiva, sobretudo através de investimentos em infraestrutura. Ao empresário não resta outra opção senão buscar alterativas lícitas para driblar a omissão e incompetência do Estado, e sobreviver às adversidades que surgem em virtude desses ventos desfavoráveis. É incontestável a criatividade nata do empresário brasileiro, de criar oportunidades diante das constantes adversidades. Contudo, também há oportunidades que não dependem necessariamente da criatividade, mas surgem da simples utilização de ferramentas que estão disponíveis no mercado e que podem estar passando despercebidas. Uma eficiente ferramenta para identificar oportunidades é realizar um bom planejamento tributário, pelo qual é possível redesenhar operações, identificar créditos e até mesmo minimizar riscos. Apesar disso, nem sempre se está disposto a passar por um processo de análise ou de reengenharia tributária, pois algumas decisões podem impactar até mesmo a forma de funcionamento da empresa. Associação Comercial e Industrial de Londrina Contudo, existem algumas outras ferramentas que podem ser implementadas de plano, sem que isso signifique alguma mudança significativa, e sem que haja riscos financeiros. Basta estar atento. Recente decisão do Superior Tribunal de Justiça confirmou decisão favorável às empresas contribuintes, no sentido de reconhecer que sobre algumas verbas da folha de pagamento, não deveria incidir a contribuição previdenciária que é recolhida ao INSS. Esse reconhecimento permite às empresas que operam sob o regime de lucro real ou lucro presumido, deixar de recolher dita contribuição previdenciária (20%) incidente sobre o aviso prévio indenizado, sobre 1/3 de férias gozadas, e sobre os 15 primeiros dias de salário do empregado que se afasta por doença ou acidente do trabalho. Segundo o voto do relator, ministro Mauro Campbell, estas verbas são de natureza indenizatória ou compensatória, por isso não é possível a incidência da contribuição. Como a decisão foi tomada sob o rito de recurso repetitivo, o caso servirá de orientação para os demais tribunais na avaliação de casos semelhantes. Apesar de a questão estar consolidada perante o STJ, o Estado não se entrega facilmente e, dentro de seu espírito voraz de arrecadação, continua se negando a reconhecer administrativamente esse direito ao contribuinte. A oportunidade está aí. Os ventos são favoráveis ao empresário, que tem uma clara oportunidade de desonerar sua folha de pagamento, bem como recuperar os valores pagos indevidamente nos últimos cinco anos. A luta é válida porque restabelece, ao menos em parte, parte da arrecadação ao contribuinte, que poderá se utilizar desses recursos para incrementar suas atividades, e cumprir com sua função social, já que nem sempre o Estado cumpre com a sua. Helder Eduardo Vicentini é advogado, sócio do escritório Motta Santos e Vicentini Advogados Associados (www.msv.adv. br), assessor jurídico da FACIAP (Federação das Associações Comerciais e Empresariais do Estado do Paraná). 21 ECONOMIA Por Gisele Rech Em frente a uma joalheria do Calçadão de Londrina, o aposentado Cornélio Gomes ensaia um flerte em frente à vitrine que expõe toda sorte de relógios. O apelo à compra se traveste em modelos de design arrojado e condições de pagamento em até dez vezes. No entanto, a despeito da oferta sedutora, este apaixonado por relógios não cede à tentação. “Estou segurando os gastos para manter as contas em dia, já que os preços estão mais altos”, diz o consciente consumidor, que tenta evitar ao máximo a compra parcelada e passa longe dos empréstimos bancários. A percepção do aumento dos preços e a 22 consequente constatação da necessidade de segurar as rédeas do consumo não são exclusividade de Gomes. A dentista Lusimara Alves de Paiva assegura que cortou os supérfluos da lista de compras. “Os preços subiram sutilmente, mas a soma no final do mês dá diferença. O negócio é comprar o necessário e sempre à vista, para evitar o comprometimento da renda”, ensina. Para o porteiro Antônio Marcos Naves, o reflexo do aumento dos preços gera uma percepção nada agradável de redução do poder de compra. “A sensação é de que o salário não acompanha o ritmo dos preços no supermercado.” O discurso dos três londrinenses, somado ao medo da perda do emprego, reflete o Ronaldo Antunes da Silva, economista. “É como se o ICC fosse um aparelho para medir pressão. No caso da economia, a partir da sondagem das expectativas do consumidor, é possível, tanto para a indústria quanto para o comércio, saber que estratégias utilizar para tentar recobrar essa confiança” maio de 2014 | www.acil.com.br “DEPOIS QUE SE FAZ A LEITURA, É POSSÍVEL SABER COMO RESOLVER O PROBLEMA” Associação Comercial e Industrial de Londrina O que é o ICC? O Índice de Confiança do Consumidor (ICC) é medido por meio da sondagem de expectativas do consumidor e calculado pelo Instituto Brasileiro de Economia, da Fundação Getúlio Vargas, desde 2002. Segundo a FGV, a sondagem de expectativa do consumidor é feita mensalmente com base numa amostra de aproximadamente 2.000 domicílios de sete capitais – na Região Sul, a representante é Porto Alegre. Depois da revisão metodológica realizada em 2005, a margem de erro da pesquisa caiu para 2,2% e a confiabilidade chega hoje a 95%. De acordo com o economista Ronaldo Antunes, o ICC é uma das principais ferramentas de medição dos rumos da economia, já que, pela lógica, quanto menos confiante o consumidor se apresenta, menos propenso ao consumo ele fica. “É como se o ICC fosse um aparelho para medir pressão. Depois que se faz a leitura, é possível saber que medidas são necessárias para resolver o problema. No caso da economia, a partir da sondagem das expectativas do consumidor, é possível, tanto para a indústria quanto para o comércio, saber que estratégias utilizar para tentar recobrar essa confiança”, explica. evolução sobre o mês anterior (com ajuste sazonal) Fev/Jan Mar/Fev -1,7% 0,1% evolução sobre o mesmo mês do ano anterior (sem ajuste sazonal) Fev14/Fev13 Mar14/Mar13 -7,7% -5,9% Fonte: Fundação Getulio Vargas Estratégias O empresário Marcelo Ontivero está sempre de olho no ICC e utiliza a sondagem para determinar as táticas para atrair os consumidores, mesmo em tempos em que, como agora, a confiança não esteja tão em alta. Uma dessas estratégias está sendo utilizada justamente em função do apelo da Copa do Mundo, quando a procura de televisores para assistir aos jogos costuma crescer de modo significativo. Consciente da postura do consumidor em segurar os gastos, o empresário lançou uma promoção para “ O índice parou de cair, o que já é um bom sinal. Acredito não apenas na estabilização, como até mesmo em uma sensível melhora, especialmente no período da Copa do Mundo “ que na economia é conhecido como Índice de Confiança do Consumidor (ICC), uma pesquisa feita mensalmente pelo Instituto Brasileiro de Economia da Fundação Getúlio Vargas (FGV), que mede o grau de satisfação dos consumidores com a situação econômica geral. Nos últimos 14 meses, o índice se mantém abaixo da média histórica de 116,3 pontos, apesar de, em março, ter apresentado uma sensível melhora de 0,1%, reflexo da avaliação do consumidor em relação ao momento presente – na última sondagem, o Índice da Situação Atual (ISA) avançou 1,3%. Para o economista Ronaldo Antunes, a manutenção do ICC abaixo do patamar médio é consequência de uma série de fatores. “A alta na inflação influencia no preço dos produtos, provocando uma sensação da perda do poder de compra”, explica. A consequência principal é a contenção de gastos, especialmente no que se refere a produtos considerados supérfluos, como bens duráveis. Outro fator determinante é o reflexo do endividamento dos consumidores. “As pessoas ficaram muito tempo sem acesso ao crédito e quando a oferta ressurgiu, as compras parceladas passaram a fazer parte da vida dos consumidores. Agora, experimentamos um momento em que em vez de fazer novas dívidas, as pessoas priorizam pagar os créditos adquiridos anteriormente”. Os reflexos da redução do poder de compra e a necessidade de quitar dívidas já assumidas acabam por esfriar a economia, já que a queda no consumo reduz a movimentação no comércio que, por sua vez, influencia no ritmo da produção industrial, que também desacelera. “É o que chamamos de efeito cascata”, diz Antunes. No entanto, a boa notícia é que, a despeito de o resultado dos últimos 14 meses não ter sido muito animador e a parcela de consumidores projetando otimismo no futuro ter diminuído um ponto percentual – na sondagem de março ficou em 25% - a tendência, segundo Antunes, aponta para a estabilização do ICC. “O índice parou de cair, o que já é um bom sinal. Acredito não apenas na estabilização, como até mesmo em uma sensível melhora, especialmente no período da Copa do Mundo”, aposta. Ronaldo Antunes, economista 23 incentivar a aquisição de um novo aparelho. “O cliente pode usar o televisor antigo como parte do pagamento. Os aparelhos usados, por sua vez, são vendidos em uma área especial da loja, por preços mais acessíveis”, explica. Além desta ação, o empresário garante que segue firme na oferta de variadas opções de pagamento – há desde o desconto para compras à vista, que pode ser negociado diretamente com os gerentes da loja – ao parcelamento por meio de crediário. Aliás, Ontivero garante que para segurar o cliente, costuma orientar os funcionários a analisar cada caso cuidadosamente, para garantir não apenas a compra, mas também que o cliente saia satisfeito, sem comprometer a própria renda. Na modalidade crediário, a loja oferece ainda outro serviço que visa dar mais tranquilidade ao cliente. “Oferecemos ao comprador a possibilidade de aquisição do seguro prestamista, que consiste em uma garantia de quitação de parte das parcelas caso o cliente venha a perder o emprego”, explica. O valor, cobrado no ato da compra, Com a Fomento Paraná, o seu negócio ganha ainda mais potencial. Se você precisa, a gente financia. As linhas de crédito especiais da Fomento Paraná têm as menores taxas do mercado. Tudo para o seu negócio crescer e os seus resultados se multiplicarem. Acesse o site e faça uma simulação. www.fomento.pr.gov.br 41 3883 7000 Ouvidoria: 0800 644 8887 O empresário Marcelo Ontivero utiliza o Índice de Confiança do Consumidor para determinar as estratégias de seu negócio e, assim, atrair os consumidores, mesmo em tempos em que, como agora, a confiança não esteja tão em alta é calculado com uma porcentagem em cima do custo total do produto e todas as regras são minuciosamente explicadas ao consumidor. “É uma garantia para os dois lados: o comprador sente-se mais confiante em fazer um parcelamento mais estendido e o empresário sabe que vai receber, independentemente das circunstâncias”, diz. Assim como o economista Ronaldo Antunes, o empresário se mantém otimista e acredita na estabilização no ICC para os próximos meses. “A despeito desta queda de confiança do consumidor, os negócios vão caminhando bem. As indústrias fornecedoras dos produtos ainda estão mantendo os preços, o que nos permite seguir fazendo promoções e facilitando o crédito”, finaliza. FOCO no PODER MAIS COMPETITIVIDADE PARA PEQUENAS EMPRESAS Câmara de Vereadores aprovou projeto do Executivo que atualiza a lei municipal de incentivo às micro e pequenas empresas Por Susan Naime A Câmara Municipal de Vereadores aprovou o projeto 17/2014, do prefeito Alexandre Kireeff (PSD), que revoga e atualiza a Lei Municipal 10.778/2009 para micro e pequenas empresas instaladas em Londrina. A matéria estabelece tratamento diferenciado e favorecido, proporcionando mais competitividade ao setor. Para o Executivo a substituição do diploma legal é necessária para adequar a legislação municipal à federal diante das modificações trazidas pela Lei Complementar 139/2011. “A proposta é regularizar alguns capítulos da lei que haviam sido considerados inconstitucionais na lei anterior. Eles estão relacionados ao mercado institucional, ou seja, o mercado de compras públicas. Dessa forma você cria condições das empresas públicas realizarem compra de micro e pequenas empresas da cidade, seguindo a legislação federal. Isso faz com que o dinheiro gerado permaneça aqui, o imposto seja trabalhado no município e também sejam criados mais postos de empregos”, explica o gerente regional do Sebrae do Norte do Paraná, Heverson Feliciano. Gastos expressivos Segundo dados do Sebrae, na região de Londrina, cerca de R$ 100 milhões são gastos na compra de apenas oito produtos. No entanto, pouco mais de 70% são adquiridos de empresas que estão fora da cidade. Com a aprovação da lei este quadro poderá ser alterado. O empresário local que quiser participar do mercado de compras públicas pode encontrar grandes oportunidades. Em Londrina existem 63 entidades de caráter público que buscam esse setor. Compra Londrina A ACIL, através de uma ação de parceria cooperativa com outras entidades e órgãos públicos e privados, apresenta o programa Compra Londrina. O objetivo é fomentar o desenvolvimento e a competividade das empresas londrinenses que desejam participar de licitações, pregões eletrônicos e outras modalidades definidas pela lei. Associação Comercial e Industrial de Londrina Novo prazo para Cidade Limpa O projeto 9/2013, do vereador Gustavo Richa (PHS), aprovado no último mês, estabelece uma nova dinâmica para a aplicação de multas aos proprietários de imóveis cujo anúncio não atenda aos critérios estabelecidos na Lei Cidade Limpa. A partir de agora, o prazo para a regularização do anúncio, desde que caracterizados como indicativos, especial, obrigatório e informativo ao consumidor, será de três dias úteis – até então a legislação não estabelecia prazo antes da aplicação da multa. Caso a situação permaneça irregular, o infrator pagará multa de R$ 1 mil acrescida do valor R$ 100 para cada metro quadrado que exceder os limites fixados pela legislação. Na reincidência, a multa será aplicada em dobro até a regularização, podendo ser reaplicada a 30 dias da lavratura anterior, cabendo ao infrator arcar ainda com os custos relativos à retirada do anúncio pelos órgãos públicos. A nova regra não atinge os anúncios publicitários e especiais. CEI dos Alvarás Diversos documentos que envolveram o processo de liberação do empreendimento Marco Zero, na região Leste de Londrina, já foram solicitados pela Comissão Especial de Inquérito (CEI) da Câmara Municipal, que investiga supostas irregularidades na emissão de alvarás e habite-se pela Prefeitura. O grupo, formado por Jamil Janene (PP) – presidente; Padre Roque (PR) – relator; e Gustavo Richa (PHS) – membro, também solicitou documentos para averiguar as denúncias que apontaram a emissão de habitese para supostas obras irregulares do jardim Colúmbia, na zona Oeste da cidade. A comissão terá 90 dias para apresentar o relatório final das apurações, com mais 45 dias em necessidade de prorrogação. 25 ENDOMARKETING Já dizia o lendário Chacrinha: “Quem não se comunica se trumbica”. No atual mundo competitivo dos negócios, o ditado torna-se um dos ingredientes, se não a receita, para o sucesso nas organizações. Para que o resultado seja no estilo efeito cascata, cada vez mais as empresas apostam em projetos de qualificação e em ferramentas para estimular os colaboradores a fim de fazer com que eles realmente se sintam parte da equipe. Por Susan Naime Mercado em Foco: Como você define o endomarketing? Fabio Regioli: Na minha visão e de uma forma bem simples, endomarketing são ações, de marketing, realizadas para o primeiro público existente em qualquer empresa, ou seja, seu funcionário. Mercado em Foco: Toda empresa precisa trabalhar o endomarketing? Fabio Regioli: Com as mudanças que o mercado vem sofrendo, principalmente após a globalização, as empresas perceberam a importância de negociar com diversos mercados os seus produtos, sejam eles produzidos ou apenas comercializados. Cabe à empresa começar a buscar um diferencial perante seus concorrentes e as ações de endomarketing 26 podem ser esse diferencial competitivo. Imagine as empresas que souberem como estruturar seus planos de abordagem aos seus funcionários, tendo como ênfase nesta estratégia buscar a otimização dos produtos/serviços oferecidos aos clientes. Isso hoje acaba sendo um grande diferencial, seja através do atendimento ou do conhecimento implícito no produto no qual é ofertado aos consumidores. Mercado em Foco: Após a decisão de iniciar o endomarketing, o que deve ser observado e por onde as empresas devem começar? Fabio Regioli: O primeiro passo é o trabalho conjunto entre o departamento de marketing e o de recursos humanos. Mas por que esta junção de ideias? Vale lembrar que uma empresa é constituída por diversas pessoas com interesses comuns ou divergentes. Com maio de 2014 | www.acil.com.br REVISTA MERCADO EM FOCO | MAIO DE 2014 WWW.ACIL.COM.BR Esta prática recebe o nome de endomarketing e é capaz de fazer a empresa decolar. Quanto mais motivações no ambiente interno forem geradas ao funcionário, maior será o seu grau de satisfação com a organização. Este ciclo refletirá diretamente no bom relacionamento com o cliente externo. Aprenda mais sobre o tema na entrevista de Fabio Regioli, especialista em gestão de marketing. o conhecimento do departamento de RH, essa complexidade pode ser transformada em informações, que são repassadas ao departamento de marketing para a criação destas estratégias e a busca de resultados. Mercado em Foco: Na hora de implantar uma campanha de endomarketing, quais os erros mais comuns provocados pelas empresas e que devem ser evitados? Fabio Regioli: Alguns autores, e concordo com as teorias empregadas pelos mesmos, apontam dois erros mais comuns nas estratégias de endomarketing: 1) a falta de alinhamento do planejamento dos programas de endomarketing com as reais necessidades dos funcionários e 2) a pouca divulgação das políticas de recursos humanos. Vale ressaltar que o sucesso ou fracasso destas ações estão vinculados, principalmente, na aproximação dos funcionários e empresas. Associação Comercial e Industrial de Londrina Mercado em Foco: Podemos citar algumas ações que podem ser aplicadas para o endomarketing eficiente? Fabio Regioli: O primeiro passo é a mudança cultural das empresas. Vale lembrar que as ações (estratégias) criadas devem ser postas em prática, caso contrário a motivação por parte dos funcionários não acontecerá. Algumas dicas de ações: – Trabalhar a comunicação interna: criar canais de comunicação na qual a empresa e funcionários consigam se comunicar de forma rápida, onde ambos falam e ambos escutam. Neste tipo de ação podem ser trabalhados murais boletins informativos, jornal interno ou até mesmo a intranet. – Pesquisa de satisfação interna ou de clima: realizada anual ou semestralmente este tipo de ação, permite que o 27 proprietário avalie o clima organizacional da empresa, onde são pontuadas falhas ou potenciais problemas com seu público interno. Mas este tipo de ação não deve ser utilizado como instrumento de retaliação por parte da empresa. Fabio Regioli: “Através de uma estratégia de Endomarketing, onde o funcionário perceba realmente que é valorizado, sua motivação irá crescer e seu rendimento também” – Eventos e iniciativas de integração: happy-hours e festas pontuais, como as de final de ano, são alguns dos casos mais comuns. Mas a empresa também deve pensar em ir além. Para criar um diferencial a empresa pode trabalhar, por exemplo, um grupo de estudo para promover o aprendizado coletivo e o trabalho colaborativo; grupos de corrida ou de exercício coletivo, para estimular o sentimento de ultrapassar obstáculos; grupos de auxílio a entidades carentes ou de reciclagem, para incentivar a colaboração e o pensamento sustentável e social, algo que realmente envolva toda a equipe. – Palestras / eventos motivacionais / cursos: este é um bom exemplo a ser seguido pelas empresas. Proporcionar o conhecimento aos seus colaboradores. Vale lembrar que esta ação poderá acarretar em benefícios mútuos, tanto ao funcionário pela oportunidade de deter o conhecimento, quanto à empresa que irá colher os frutos do conhecimento adquirido pelo funcionário. - Benefícios extras: quando citamos esta questão dos benefícios, acredito que muitos irão pensar em vale-alimentação, transporte e assistência médica e odontológica. Mas existem outros benefícios que podem ser agregados a eles. Por exemplo, um valeacademia ou convênio com alguma próxima ao local de trabalho. Horário flexível e espaço para pets ou crianças pequenas também são algumas opções interessantes para serem adotadas. Mercado em Foco: Quais resultados uma boa estratégia de endomarketing pode trazer para a empresa? Fabio Regioli: Os melhores, pois um funcionário que trabalha motivado, contente com a empresa e seus colegas de profissão (ambiente) poderá render 28 mais, passar esta motivação aos seus consumidores, ou seja, a empresa com este tipo de ação pode realmente pensar em lucro. Mercado em Foco: E para o profissional, como essas práticas podem melhorar em seu desempenho? Fabio Regioli: Os resultados são vários, desde a motivação para enfrentar o diaa-dia de trabalho, ganho na qualidade de vida, respeito não só dele, mas das pessoas próximas a ele que conhecem a empresa e seus benefícios, além da visão do mesmo em relação ao seu trabalho, ambiente e colegas. Estas ações podem estimular e permitir uma flexibilidade na vida pessoal. Mercado em Foco: Qual a diferença entre o endomarketing e a comunicação interna? Fabio Regioli: Endomarketing seria a teoria implementada pelas empresas, a criação de estratégias de marketing pensando no funcionário. Já a comunicação interna seria uma ferramenta desta estratégia, como citado em exemplo anterior. Mercado em Foco: Quando utilizar, individualmente, o endomarketing, a comunicação interna, ou os dois juntos? Fabio Regioli: Acho que ambos caminham juntos. Uma das estratégias de endomarketing mais fácil e mais prática é a comunicação interna. Acredito que a maioria das empesas possui um mural. Agora, as empresas devem rever se esta ferramenta está sendo utilizada de forma correta, como canal de comunicação mútuo. Mercado em Foco: Durante a prática de endomarketing, como utilizar a tecnologia, como redes sociais, a favor da empresa? Fabio Regioli: Como citamos, o primeiro público dentro de uma empresa é seu funcionário. Em relação às redes sociais, vale a pena a empresa esquecer um pouco do consumidor final e usá-las maio de 2014 | www.acil.com.br “CABE ÀS EMPRESAS COMEÇAR A BUSCAR UM DIFERENCIAL PERANTE SEUS CONCORRENTES” como um braço da comunicação interna, mostrando o que foi trabalhado, quem são os aniversariantes do mês, como foi aquele passeio de bicicleta na qual os familiares e os funcionários participaram, enfim, ações internas mostradas ao público interno. Não que o consumidor final da empresa não deva saber destas ações, mas melhor seria se ele soubesse desta ação por parte do próprio funcionário que a compartilhou. Mercado em Foco: Como fazer com que o ambiente diferenciado proporcionado pelo endomarketing permaneça na empresa? Fabio Regioli: Através da continuidade das ações pelos proprietários, diretores ou gerentes. Independentemente destas substituições, o sucessor deve ser alertado pelo resultado positivo que estas estratégias estão proporcionando aos funcionários e os resultados das mesmas ao consumidor final. Mercado em Foco: De que forma esse resultado chega ao cliente final? Fabio Regioli: Através do atendimento. Quantas empresas que nós conhecemos – e vou citar isso como um consumidor – possuem um funcionário que está desmotivado, não obtém conhecimento, simplesmente se imagina como um número para cumprir sua meta e pronto? Acredito que temos vários nesta situação. A causa está na própria empresa da qual ele faz parte. Portanto, através de uma estratégia de endomarketing, em que o funcionário perceba realmente que é valorizado, a sua motivação irá crescer e seu rendimento também, pois o funcionário não quer deixar de fazer parte de uma empresa que realmente lhe dá valor. Essa motivação é repassada ao consumidor através das vendas e do conhecimento, gerando relacionamento e fidelidade. PERFIL Por Paulo Briguet De sua janela no Sindimetal, Valter Orsi tem uma visão ampla de Londrina. A cidade pode ser contemplada ali em 360 graus; por isso, o 25º andar do Edifício Oscar Fuganti, onde se localiza a sede da entidade, tem sido frequentemente procurado por fotógrafos e cinegrafistas em busca de belas imagens urbanas. Dali eles podem focalizar a Catedral, a Alameda Manoel Ribas, o Júlio Fuganti, o Centro Comercial, a Rodoviária, o Boulevard, o Estádio do Café, o Relojão, o Palácio do Comércio, a Praça Willie Davids, o Ouro Verde. É um caso em que o lugar traduz perfeitamente o homem. Valter Orsi é um londrinense da gema, de coração, de pé rigorosamente vermelho. Nasceu há 59 anos numa casa na esquina da Rua São Salvador com a Avenida Duque de Caxias, filho dos pioneiros Éssio e Zulmira Orsi. Atravessando a rua, seus pais tinham o Armazém Nossa Senhora Aparecida, onde o pequeno Valter ajudava desde pequeno. Quer dizer que você morava na Vila Casoni, Valter? “Não”, ele corrige, londrinense conhecedor dos limites urbanos. “Vila Casoni era para baixo da Rua Belém. Ali era considerado Centro.” De forma que podemos dizer com toda precisão geográfica: Valter Orsi nasceu, cresceu e continua vivendo no Centro de Londrina. A pergunta de todos os dias “Qual é a tua obra?” Todas as manhãs, quando acorda, Valter Orsi procura responder a essa questão. “Estou fazendo o certo ou o errado? Estou sendo justo? Estou atingindo os melhores objetivos? São as perguntas que eu me faço todos os dias.” Desde muito jovem, Valter sempre quis se realizar como empresário, pai de família e cidadão. Seus quatro filhos – o mais velho com 33 anos, o mais novo com 14 – lhe dão muitas alegrias. Nayara, de 17 anos, cursa Oceanografia em Florianópolis, mas destacava-se como pesquisadora desde a escola secundária. “Ela já esteve duas vezes em Nova York para falar sobre pesquisa, teve um trabalho selecionado entre os cinco melhores do Brasil, participou da maior feira sobre pesquisa do mundo [a da Intel, em Los Angeles] e foi convidada a atuar em um centro de pesquisa biológica em Israel”, enumera Orsi, com orgulho. Educar bons filhos para o mundo é uma conquista importante, mas Valter pensa em algo mais. “E a sociedade? Eu quero que o presidente, o governador, o prefeito, o síndico do meu prédio resolvam os meus problemas? Serei um eterno cobrador? Não: eu quero contribuir com meu país, meu estado, minha cidade. Essa é a luta do meu dia a dia. Para falar a verdade, é o que mais me realiza”, diz o presidente do Sindimetal, entidade que congrega as empresas do ramo metalúrgico em Londrina. Prosperidade tem seu valor, mas é preciso enxergar mais longe: “Às vezes me dizem que eu poderia ter duas ou três vezes mais do que tenho. Mas isso não me abala. Ser feliz é mais do que uma soma em dinheiro; é uma soma de virtudes e atitudes.” Virtudes e atitudes que às vezes precisam ser utilizadas para superar o desânimo causado pelas manchetes de jornais: “Eu peço sempre a Deus que me mantenha motivado. Porque às vezes os casos de corrupção me dão vontade de abandonar tudo e cuidar apenas da minha família, da minha empresa”. 30 maio de 2014 | www.acil.com.br “SER FELIZ É UMA SOMA DE VIRTUDES E ATITUDES” O ex-futuro bancário Ser empresário era algo que estava no sangue de Valter Orsi desde os tempos em que ele ajudava o pai no balcão do Armazém Nossa Senhora Aparecida. Mas, em 1975, Valter esteve muito perto de tomar outros rumos: passou em um concurso do Banco do Brasil. Na época, trabalhava como vendedor numa empresa de Valter Orsi: “Quando uma equipamentos. Depois de fazer indústria é desativada, perdemos uma venda para um senhor de empregos, riquezas e talentos. Não é algo que se recupera da cabelos brancos, Valter lhe disse noite para o dia.” que estava para sair do emprego. O homem ficou em silêncio por um instante e disse: “Meu jovem, pense bem no que está fazendo. Eu trabalhei como auditor no Banco do Brasil e acho que é uma carreira excelente. Mas, pelo que eu pude ver, pelo modo como você me atendeu, deu para notar que a sua vocação é outra. Pense bem se você quer mesmo trabalhar em banco”. Aquelas palavras impressionaram fortemente o jovem Valter Orsi. Ele pensou bem e decidiu não entrar para o banco. Deixou o emprego, mas para tornar-se pequeno empresário. “Hoje talvez eu fosse um gerente de banco, não sei. Mas depois daquela conversa resolvi fazer o que gostava.” Valter sentese grato ao homem que lhe deu aquele conselho. “Nem sei o nome dele, nunca mais o vi. Mas agradeço. A vida é tão bela, tão rica. Fazer o que se gosta é fundamental para a felicidade.” Há quase 40 anos, o mundo perdeu um bancário e ganhou um empreendedor. Valter foi o primeiro presidente da Associação de Micro e Pequenas Empresas do Norte do Paraná. Depois, presidiu a federação estadual do mesmo segmento. O espírito associativista manifestou-se seguidamente nas lutas por melhores condições para os pequenos negócios. “Queríamos aplicar no Brasil os bons exemplos de apoio às microempresas em outros países.” Em meados dos anos 80, Valter participou da elaboração do Estatuto das Micro e Pequenas Empresas do Brasil. Chegou a ganhar um diploma por assiduidade nos cursos de capacitação oferecidos aos empreendedores. “Se tinha curso, eu estava lá.” Associação Comercial e Industrial de Londrina “ “ Quem ocupa cargo público deve servir, e não se servir. Tenho respeito pelo funcionário público, até porque a sociedade depende do trabalho dele. Momento histórico da cidade Por 12 anos, Valter Orsi participou da diretoria da ACIL. Trabalhou, por exemplo, na implantação do atual Centro de Capacitação. Eleito presidente da entidade para a gestão 1999-2000, teve então um dos maiores desafios de sua vida ao integrar, ao lado de outras lideranças locais, o movimento Pé Vermelho Mãos Limpas, também conhecido como Movimento pela Ética na Administração Pública de Londrina. Eram tempos difíceis. No terceiro mandato de Antonio Belinati em Londrina, estourou o escândalo AMA-Comurb. Parte de R$ 186 milhões provenientes da venda de ações da Sercomtel foram desviados em licitações fraudulentas. Diante do silêncio da mídia local, as entidades locais, lideradas pela ACIL e a OAB, exigiram a investigação e punição dos desvios. Foi um momento histórico – na vida da cidade e na vida de Valter. “Eu me orgulho daqueles dias. Foi um movimento democrático, passo a passo. Em nenhum momento partimos para a agressão ou baixaria. Diante dos desvios, simplesmente acreditávamos que a nossa cidade não poderia ser assim. Que a nossa prefeitura não poderia ser assim. Que os nossos vereadores não poderiam ser assim. Que as licitações não poderiam ser assim. Que o dinheiro público não podia ser tratado assim.” Em junho de 2000, o prefeito Antonio Belinati teve o seu mandato cassado pela Câmara de Vereadores. “Eu fico feliz por ter participado de um momento histórico para Londrina. O tempo deu a resposta: todo aquele esforço tem o seu reflexo hoje. A partir dali, Londrina começou a entender que o interesse público precisa ser respeitado.” Na opinião de Valter Orsi, a cidade vive hoje um clima de confiança cujas sementes foram plantadas naquele período turbulento. “Não há mais espaço para populismo nem para desvio do dinheiro público em Londrina”, afirma. “Quem está no cargo deve servir, e não se servir. É preciso resgatar a grandeza da expressão servidor público. Tenho certeza de que Londrina será um modelo de gestão pública para o Brasil.” No entanto, a cidade só pode chegar a esse nível de desenvolvimento se contar com as empresas e os empresários. “Infelizmente, muitos ainda acham que empresário é sinônimo de explorador, sonegador, poluidor. Na verdade, o empresário brasileiro é quem gera empregos, impostos e qualidade de vida”, argumenta. Valter Orsi acredita que as entidades têm o dever de combater o preconceito contra a atividade empresarial. “Uma nação que criminaliza a atividade empresarial está expulsando os talentos do país. No momento em que se apagam as luzes de uma empresa, a cidade, o estado e o país perdem demais. Capital e trabalho precisam estar de mãos dadas. Estamos todos no mesmo barco. O sucesso do empresário é o sucesso do trabalhador. Quando há desequilíbrio, os dois perdem.” Valter Orsi olha pela janela do Sindimetal. “Outro dia colocaram aqui uma câmera filmando por 24 horas. Desta janela se vê o amanhecer e o anoitecer de Londrina.” Diante da paisagem urbana, surge uma pergunta: como foi possível fazer tantas coisas em apenas 80 anos de história? A resposta está em uma palavra: união. Vinte e um anos mais novo que a cidade, o ex-futuro bancário sabe que ainda é preciso fazer muito mais – em todos os 360 graus da Filha de Londres. 31 DESTRAVA LONDRINA JUNTOS PELA JUNTA Administrada pelo Sindicato dos Contabilistas, Junta Comercial de Londrina procura oferecer atendimento ágil e seguro para abertura de empresas. Dificuldade maior dos empreendedores são os alvarás da Prefeitura Por Paulo Briguet A Junta Comercial é um lugar importantíssimo para o desenvolvimento de qualquer município. Ali se faz a certidão de nascimento das empresas que vão movimentar a economia, gerar renda, oferecer empregos e criar valor para a sociedade. Ali também se formalizam as mudanças, os registros e os fechamentos de empresas. Pela Junta passam as boas e más notícias da economia; as crises e as oportunidades; os períodos de calmaria e tempestade. De certa forma, ela é a bússola e o termômetro do desenvolvimento. Por isso, vale a pena perguntar: como anda funcionando esse órgão público? Em Londrina, a Junta Comercial vai bem, obrigado. Quem garante é o vice-presidente do Sindicato dos Contabilistas, Paulino José de Oliveira. “O funcionamento da Junta nunca esteve tão bem quanto agora. Digo isso como representante de entidade e como usuário”, afirma Paulino. A Junta local funciona há vários anos por meio de um convênio entre o Governo do Estado e o Sincolon. O posto da Junta em Londrina conta hoje com três vogais e seis funcionários. Segundo Paulino, trata-se de um número adequado de profissionais. O vogal é um servidor público nomeado pelo Governo do Paraná e tem a chamada “fé pública” – sua assinatura vale como uma autorização 32 oficial do Estado. Os documentos assinados pelo vogal têm a tarja do governo e possuem validade em todo o território nacional. Toda e qualquer empresa formalizada deve passar pelo crivo de um vogal da Junta Comercial. Entre as atividades realizadas pelo órgão estão aberturas, extinções, alterações, certificações, livros de registros – “enfim, toda a parte burocrática do registro do comércio”, como define Paulino José de Oliveira. Pequenas cidades, novas agências Nos últimos anos, a Junta Comercial do Paraná tem criado agências em cidades menores. Na região, por exemplo, o Governo Estadual inaugurou postos da Jucepar em Cambé, Rolândia, Bela Vista do Paraíso e Cornélio Procópio. Também está prevista a criação de uma agência em Ibiporã. “Isso é bastante positivo, pois ajuda o contribuinte”, afirma o vicepresidente do Sincolon. Ele não afasta a possibilidade de que sejam criados novos postos da Jucepar no município de Londrina, a exemplo do que acontece em Curitiba. “Antes, era Londrina que fazia o registro de empresas para todas essas cidades. Mas, a persistir a tendência atual, Londrina vai ganhar outros postos”, comenta Paulino. O presidente da Junta Comercial do Paraná, Ardisson Akel: “Com as novas agências no interior do Estado, agilizamos os atos do registro empresarial” O presidente da Junta Comercial do Paraná, Ardisson Akel, afirma que a atual administração estadual tem ampliado a rede de agências regionais para estimular o empreendedorismo no interior do Estado. “Com as novas agências, proporcionamos maior rapidez no atendimento e na execução dos atos do registro empresarial, com economia de custos de deslocamento e comodidade aos empresários, contabilistas e advogados”, assegura Akel. No primeiro trimestre de 2014, foram abertos 28.051 novos empreendimentos. Em Londrina, foram registradas 1.647 empresas. Por diversas vezes, Londrina tem ficado atrás de Maringá no número de empresas criadas. Mas será que esse número expressa fielmente a realidade? Há algumas controvérsias. Com a criação de postos da Jucepar em cidades vizinhas, muitos contabilistas maio de 2014 | www.acil.com.br têm procurado esses outros municípios para fazer o registro de empresas que, na realidade, operam em Londrina. Paulino Oliveira ressalta que os processos são bastante rápidos na agência londrinense. “Pela lei, temos três dias para dar uma resposta assim que recebemos o pedido de abertura da empresa – e temos cumprido esse prazo.” Ocorre que em cidades pequenas a demanda é menor. “Então, é muito comum que nesses postos a resposta saia no mesmo dia.” Há um problema aí, porém. O diretor da ACIL e contabilista Rodolfo Zanluchi observa que os vogais das novas agências não têm a mesma experiência e traquejo de seus colegas de Londrina. Às vezes, acabam aceitando registros de empresa com falhas de documentação. “Isso dificilmente acontece em Londrina, onde os vogais são experientes e tarimbados”, observa Zanluchi, que iniciou sua vida profissional estagiando na Junta Comercial. Uma diferença importante em relação à Junta Comercial e as de outras cidades está no convênio de funcionamento. “Na maioria das cidades, essa parceria se dá entre o Governo e as associações comerciais, e não os sindicatos de contabilistas”, diz o diretor da ACIL. Paulino Oliveira observa que as mesmas leis de registro empresarial funcionam para todo o País. “Se o vogal identifica uma cláusula incorreta, ele tem por obrigação apontar o erro”, diz o vicepresidente do Sincolon. “Há colegas que preferem dar entrada em postos de cidades menores, o que é um direito deles. Eu sinceramente não vejo necessidade”, opina. O que não se pode ter, ressalta Paulino, é compromisso com o erro em favor da velocidade dos processos. “As regras são iguais para todos, e devem ser seguidas. Não é porque o contador deu entrada com um processo que ele precisa ser imediatamente aprovado.” Embora o trabalho da Junta Comercial de Londrina vá bem, é possível melhorar Associação Comercial e Industrial de Londrina Paulino José de Oliveira, vicepresidente do Sincolon: “As regras são iguais para todos, e devem ser seguidas. Não é porque o contador deu entrada com um processo que ele precisa ser imediatamente aprovado.” em alguns aspectos. Paulino acredita que os postos do interior poderiam ter mais autonomia em relação à sede da Jucepar em Curitiba. “Estamos adiantado, mas ainda dependemos muito da capital”, afirma. Em comparação com outras cidades do interior, a estrutura da Junta de Londrina não fica a dever. “Estive em Maringá dias atrás, e não vejo grande diferença no funcionamento e na estrutura da agência de lá.” A diferença – ressalta Paulino – está nos alvarás que dependem da Prefeitura. “Em Maringá esse processo que depende do município é muito mais ágil.” Alvará é o que mais trava Como já foi ressaltado pela Mercado em Foco, na edição de abril, o processo de abertura de empresas em Londrina geralmente trava quando chega à Prefeitura. Daí, a criação do Fórum Destrava Londrina – que tem por objetivo descomplicar a vida dos novos empreendedores e diminuir a burocracia para que os já se encontram estabelecidos. “Os empecilhos maiores estão na Prefeitura. Não se libera alvará de jeito nenhum!”, critica Paulino. “Queremos agilizar o processo de abertura das empresas. E agilizar é muito diferente de passar por cima da lei. Defendemos o cumprimento da lei, mas com dinamismo.” A proposta do Sincolon coincide com a do Fórum Destrava Londrina – com o qual, aliás, a entidade está colaborando: criar um Departamento de Alvarás na Prefeitura, com a presença dos representantes de diversos órgãos (Secretaria de Obras, Sema, Ippul, Bombeiros, etc.). “O sonho dos contabilistas é criar esse setor de alvarás na Prefeitura, para evitar que as empresas fiquem meses na fila à espera de uma autorização para operar”, afirma Paulino. Rodolfo Zanluchi, empresário e contabilista, concorda que o caminho para as empresas poderia ser muito mais fácil em Londrina. E diz que a Junta Comercial tem sido um parceiro importante nesse desafio. “Mesmo sem um espaço físico adequado e com uma estrutura que não é a ideal, os vogais tem realizado um ótimo trabalho. São servidores íntegros e responsáveis, que merecem os nossos parabéns.” A presidente do Sincolon, Danielle Frank, salienta que, na visão da entidade, a estrutura atual atende plenamente as necessidades de Londrina. “É claro que sempre podemos melhorar, mas operamos com alto nível de satisfação”, afirma a presidente. Serviço: Junta Comercial de Londrina – Rua Espírito Santo, 199 – Fone (43) 3323-9896. 33 EMPREENDEDORISMO Por Michelle Aligleri Não há quem resista ao cheirinho do pão quente logo pela manhã. O “pãozinho nosso de cada dia” está presente há milhares de anos na mesa das famílias e torna o café da manhã muito mais gostoso. De batata ou de leite, broas ou baguetes, a variedade de pães é quase infinita, tem para todos os gostos e de todos os sabores. Apesar das inúmeras opções, quem ganha mesmo o coração do brasileiro é o tradicional pão francês. Os proprietários de padarias podem falar com autonomia sobre este assunto, já que acompanham de perto a escolha dos clientes pelo pãozinho. Na Panetteria Palhano são produzidos cerca de 400 tipos de pães e diariamente podem ser encontrados no estabelecimento entre 40 e 50 pães de diferentes sabores. Apesar disso, a proprietária Elieth Hodas sabe bem qual é o pão que não pode faltar no balcão. “Por conta da preferência dos clientes pelo pão francês, nós acabamos desenvolvendo o pão francês integral e 34 ainda oferecemos uma versão assada com queijo”, conta. Além de prezar pela qualidade e manter a tradicional receita do pãozinho, é importante estar atento a uma rotina na hora de enfornar. “As pessoas vêm à padaria nos horários de pão quente. Quem mantém esta rotina fideliza o cliente”, destaca Itamar Carlos Ferreira, proprietário da padaria Savana’s, que diariamente oferece pão quente aos clientes às 7h, 8h, 9h, 9h30 e 10h. Apesar de o pão francês ser o carrochefe das padarias, as empresas não sobrevivem apenas da venda deste produto. Por isso, prezar a qualidade, a variedade e acompanhar as tendências do setor são atitudes que fazem toda a diferença para desenvolver um bom negócio. Aos poucos o londrinense está adquirindo o hábito de tomar café da manhã nas padarias, característica mais comum nas grandes cidades. Para isso os estabelecimentos estão se adequando e vão oferecendo espaços apropriados para “Por conta da preferência dos clientes pelo pão francês, nós acabamos desenvolvendo o pão francês integral e ainda oferecemos uma versão assada com queijo”, Elieth Hodas, proprietária da Panetteria Palhano que os clientes sejam bem recebidos e comecem o dia de forma agradável. O ambiente da Panetteria Palhano foi se adaptando gradativamente. “Quando abrimos a padaria, há quatro anos, eu tinha apenas 22 lugares, que eram usados para servir um suco ou um lanche. Com a mudança no comportamento dos clientes, nós fomos aumentando o número de mesas. Hoje contamos com mais de 80 lugares, e em alguns dias temos fila de espera na porta”, garante Elieth. maio de 2014 | www.acil.com.br “QUEM MANTÉM UMA ROTINA FIDELIZA O CLIENTE” Cliente fiel A concorrência acirrada, especialmente com os supermercados, traz à tona a necessidade de renovação das padarias. Itamar conta que, além de mudar o layout do seu negócio, é preciso sempre buscar novos produtos para oferecer aos clientes. “Hoje nos grandes centros as padarias abrangem outros segmentos e grande parte delas oferece refeições”, lembra o empresário. Apesar de reconhecer essa característica do mercado, ele afirma que pretende manter a sua padaria da forma tradicional, servindo pães, roscas e cafezinho. A Savana’s também é ponto de encontro de quem gosta de tomar café fora de casa. A padaria costuma ficar lotada das 7h às 9h30. “O pão com manteiga na chapa, acompanhado do pingado médio, é o pedido mais frequente”, ressalta. O cliente da padaria é geralmente muito fiel e por frequentar o estabelecimento todos os dias acaba desenvolvendo uma relação mais próxima dos atendentes do que em outros segmentos. “Muitos colaboradores acabam chamando os clientes pelo nome, oferecendo um atendimento personalizado, o que ajuda na fidelização”, complementa Itamar. Para ele, o fato da padaria cortar os frios na hora e conforme o pedido do cliente é um ponto positivo em relação ao atendimento prestado pelos supermercados. “Enquanto nos mercados o presunto e a muçarela ficam prontos na bandeja, aqui a pessoa pode escolher a quantidade e a grossura da fatia que vai levar para casa”, exemplifica. “As pessoas vêm à padaria nos horários de pão quente. Quem mantém esta rotina fideliza o cliente”, Itamar Carlos Ferreira, proprietário da padaria Savana’s Associação Comercial e Industrial de Londrina Para garantir que o cliente volte sempre, Elieth foca sua empresa na qualidade tanto do produto quanto do atendimento. Para ela, não vale a pena fazer certas economias, que refletem diretamente no resultado final da panificação. “Muitas padarias aboliram o padeiro da madrugada e trabalham com um padeiro a noite que prepara a massa e outro que assa o pão pela manhã. No entanto, a qualidade do produto final fica diferente, por isso eu optei por continuar com um padeiro que fica durante a madrugada, mas realiza o processo todo do preparo do pão do começo ao fim”, ressalta a proprietária da Panetteria Palhano. Agregar valores Investir em produtos e ampliar os serviços oferecidos pelas padarias é um filão que está começando a ser descoberto pelas empresas londrinenses. Modernização não “Algumas empresas pode faltar neste de Londrina estão segmento e conforme desenvolvendo suas próprias marcas. a consultora de São produtos de marketing e vendas qualidade e eu Natasha Bacchi, acho que isso é um grande filão fundamental para a competitividade”, das padarias são os Natasha Bacchi, demais produtos que consultora de agregam valores. marketing “Estas empresas conseguem ter uma margem de lucro muito boa com produtos diferenciados. A produção de alimentos mais elaborados como bolos acabam gerando uma competitividade grande”, salienta. A diferenciação na prestação de serviços também deve ser encarada pelos empresários como uma oportunidade de crescimento. Para Natasha este pode ser um caminho interessante e lucrativo. “Outro dia fui numa festa de aniversário numa padaria, mas parecia um Buffet. Este tipo de proposta chama atenção”, ressalta a consultora. Outro elemento que já foi descoberto por algumas padarias são os produtos exclusivos. “Algumas empresas de Londrina estão desenvolvendo suas próprias marcas. São produtos de qualidade e eu acho que isso é fundamental para a competitividade”, complementa. A consultora ainda destaca a presença das empresas na internet através de sites e das redes sociais. “É preciso usar estas ferramentas de forma estratégica. Postar informações aleatórias não agrega muita coisa, é preciso pensar em como vai ser feito”, aponta. Conforme ela, algumas empresas já estão disponibilizando até catálogos online para que os clientes possam fazer encomendas e este tipo de ação é interessante porque possibilita ampliar o leque de clientes. Dicas para ter um pão francês gostoso no dia seguinte: Guarde o pão em um saco de papel, assim ele murcha. A sacolinha de plástico faz com que o pão fique duro no dia seguinte. - Pouco antes de comer, coloque o pão em uma panela e leve ao fogo baixo. São necessários apenas alguns minutos para que o pãozinho fique novamente crocante por fora e macio por dentro. 35 AGRONEGÓCIO BELAGRÍCOLA DE CASA NOVA Empresa que se mudou para antigo Ecomercado Palhano passou por consultoria para rever processos e modernizar procedimentos Por Guto Rocha Desde o final de maio, a Belagrícola está de casa nova. A empresa, que atua no setor do agronegócio, como fornecedora de insumos agrícolas, beneficiamento de sementes, armazenamento de grãos e frigorífico de aves, transferiu sua sede administrativa para o prédio que já foi ocupado pelo Ecomercado Palhano, às margens do lago Igapó 2. O objetivo é concentrar em um único espaço as áreas administrativas, que, até então, estavam divididas em três prédios localizados em diferentes pontos da Avenida Bandeirantes, em Londrina. 36 A mudança busca promover uma melhor integração entre os colaboradores da empresa e seus processos administrativos. “Adotamos o conceito de espaço único, onde todas as áreas vão trabalhar no mesmo plano, em um ambiente aberto e colaborativo, com diversas salas de reunião ao redor”, explica o diretor administrativo da Belagrícola, Alberto Araújo. Fundada em 1985, em Bela Vista do Paraíso, a Belagrícola transferiu sua sede administrativa para Londrina em 2008, onde estava presente desde 1995, como filial. Araújo observa que no ano passado a empresa, que tem origem familiar, passou por uma reformulação em seu quadro com o objetivo de promover uma maior profissionalização. Para isso, observa o diretor administrativo, a empresa buscou executivos para que assumissem postos de direção. Foi o caso dele, que está na empresa há um ano e três meses. Formado em Engenharia Naval e Direito, Araújo passou por empresas de engenharia e do setor financeiro. Outro passo nesse sentido foi o trabalho realizado pela Consultoria Internacional Deloitte, concluído em meados do mês de abril. Segundo Ricardo Brunhara, da Deloitte, o trabalho dos consultores consistiu em revisar todo o processo de comercialização de grãos e insumos. Com isso, observa Brunhara, foi possível identificar gaps (falhas) no sistema e as possibilidades de melhorias. O trabalho, segundo o consultor, foi realizado no período de 10 semanas, quando, por meio de entrevistas e análises diretas nas áreas relacionadas, foi feito o mapeamento dos fluxos em toda a cadeia da comercialização. “Analisamos desde a chegada do grão entregue pelo produtor no silo até a efetivação da venda e a parte financeira, para então escrever um plano de ação”, explica o consultor. Brunhara afirma que a consultoria identificou a necessidade de se adotar um sistema que integrasse todos os processos, que funcionavam de maneira fragmentada. “Parte do sistema é comprada, outra é desenvolvida dentro de ‘casa’. Era um tipo de sistema que chamamos de Frankenstein”, ilustra o consultor. A ideia, segundo ele, é que a partir do projeto desenvolvido pela Deloitte, a empresa já considera implantar um ERP (enterprise resource planning) para integrar todos os processos, melhorar o dia a dia das pessoas e consolidar a troca de informações. Ao todo, observa o consultor, foram identificados mais de 300 gaps operacionais, dos quais cerca de 50 estão ligados a questões de logística, além dos gaps de governança, de sistemas e de pessoas. “Neste caso das pessoas, não tivemos muitos problemas, a equipe está bem capacitada. O problema está mais na estrutura organizacional. Como questões maio de 2014 | www.acil.com.br “COMO A EMPRESA É FAMILIAR, AS COISAS SEMPRE FORAM FEITAS NA BASE DA CONFIANÇA” de segregação de função, por exemplo, a pessoa que faz a compra não poderia ser a mesma que faz os pagamentos”, comenta. No que diz respeito à governança corporativa, o consultor observa que a Belagrícola já estava com os possíveis gaps nesse quesito sendo resolvidos. “Como é uma empresa familiar, as coisas sempre foram feitas na base da confiança. Mas, por regras de governança é preciso aplicar melhores práticas”, comenta. E isso começou a ser feito com a vinda de executivos do mercado, o que segundo o consultor é algo que o setor de agronegócio tem buscado cada vez mais para garantir maior profissionalização do negócio. “Conforme vai crescendo, a empresa percebe que o primo não é o mais indicado para a função que vinha exercendo, por exemplo. O executivo do mercado chega para fazer o saneamento necessário para apresentar resultado com maior produtividade e rentabilidade do negócio”, comenta. TVI 14 Kadministrativo APRESENTADORES da REGIONAIS ANUNCIO O 0041 diretor Belagrícola afirma que, com a conclusão dos trabalhos da consultoria, a empresa está revendo todos os processos das duas áreas que participaram do projeto. “Estamos fazendo alterações na integração entre os colaboradores das áreas de insumos e grãos. Em alguns casos estamos segregando e em outros unificando pessoal para melhorar as falhas identificadas pela consultoria”, observa. Finalizada a fase de realocação de equipes e de melhorias tecnológicas com a automatização dos processos, Araújo afirma que a empresa passará para a segunda fase. “Vamos desenhar como o processo ficou com as mudanças adotadas e identificar as melhorias conquistadas em relação ao processo anterior. O objetivo é melhorar a qualidade da informação e de como ela flui dentro da empresa para garantir sempre o melhor atendimento ao produtor”, afirma. Atualmente, segundo Araújo, a Belagrícola atende produtores de grãos 205X137MM copy.pdf 1 30/04/14 17:14 do Paraná, São Paulo e Santa Catarina. Alberto Araújo, diretor administrativo da Belagrícola: “Adotamos o conceito de espaço único, onde todas as áreas vão trabalhar no mesmo plano, em um ambiente aberto e colaborativo” Nesse Estado, a empresa conta com três unidades de comercialização de insumos. No Paraná e São Paulo, são 38 unidades de recebimento de grãos e 38 unidades de insumos, sendo que em alguns casos, as unidades são mistas, ou seja, vendem insumos e recebem grãos. Em Tamarana, a Belagrícola mantém uma unidade de beneficiamento de sementes. A empresa conta com 2.480 funcionários. PROGRAMAÇÃO REGIONAL RICTV RECORD 2014 TODO MUNDO GOSTA TV ABERTA - CANAL 9 NET - CANAL 4 COMÉRCIO TRADICIONAL Por Alexandre Sanches Acordar de madrugada, ir ao Ceasa ou ao Mercadão do Povo buscar mercadorias frescas e montar a sua barraca antes de o sol nascer. Este é o cotidiano de muitos londrinenses que vivem das feiras livres distribuídas diariamente nos diversos pontos da cidade. Se para quem trabalha como feirante o dia começa quando muitos londrinenses estão dormindo, para outros, a busca por produtos frescos logo ao raiar do sol, indo até o meiodia ou 13h, é uma constante, independente dos mesmos produtos serem ofertados nas grandes redes de supermercados ou nos sacolões que se espalham pelos bairros. Tudo por conta de diferenciais que o consumidor não encontrará em outros estabelecimentos: a oportunidade de pechinchar, preço mais em conta, os produtos caminhando pouco e, principalmente, pelo clima proporcionado por este comércio ambulante que leva as pessoas a não se sentirem apenas fazendo compra, mas dando um passeio, encontrando 38 amigos e cultivando amizades. Nas feiras de Londrina são comercializados de tudo um pouco: frutas, verduras, legumes, raízes e especiarias, alimentos pré-prontos e de origem japonesa, pamonha e produtos derivados do milho, café em pó e em grão, arroz e feijão a granel, flores, artesanato, ovos. Atualmente, por conta das leis sanitárias, não são mais vendidos animais vivos, como galinhas. Porém, em determinados pontos é possível comprar frangos e peixes, defumados, embutidos, queijos e outros produtos. E, no final das compras, as pessoas podem ainda parar nas bancas dos pastéis para recarregar as energias e se refrescar com um bom refrigerante. Hoje, Londrina possui 251 feirantes cadastrados junto à Companhia Municipal de Trânsito e Urbanização (CMTU) para as feiras livres, que coordena e fiscaliza o funcionamento do setor, distribuídos em 32 pontos diferentes semanalmente (média de quatro por dia). Atrás destes empresários, que não se enquadram nem como micro e nem como pequenos, mas como comerciantes Paulo Rogelo: “A mercadoria das feiras é mais fresca. Não temos como estocar, sem câmara fria para armazenagem. Compramos com frequência direto do campo para a feira”. maio de 2014 | www.acil.com.br “HÁ PESSOAS QUE GASTAM COM PSICÓLOGOS E HÁ QUEM VEM À FEIRA GASTAR COM PASTEL” Osvaldo Canesso: “Os fregueses são sempre pontuais. A feira é um patrimônio público e não pode deixar de existir porque fará falta” ambulantes, há uma movimentação de dinheiro e geração de empregos. Algumas barracas são administradas por uma única pessoa. Outras, por núcleos familiares. Mas há quem contrate ajudante para as vendas, organização e limpeza das barracas. Um desses feirantes é Paulo Rogelo, 52 anos e há 35 anos nas feiras livres que, após deixar a sua banca, está há cinco trabalhando como auxiliar na banca de dona Maura, 67 anos e há 49 vendendo frutas nas feiras. Rogelo diz que, apesar da oferta por supermercados e outros estabelecimentos comerciais que trabalham hortifrutigranjeiros, a feira livre sempre vai sobreviver. “A mercadoria das feiras é mais fresca. Não temos como estocar, sem câmara fria para armazenagem. Compramos com frequência direto do campo para a feira. E as pessoas vêm à feira por tradição de 20, 30 anos, são clientes fiéis. Temos clientes que há mais de 30 anos fazem questão de virem semanalmente aqui”, comenta, informando que há casos em que o núcleo familiar está na segunda, terceira geração de consumidores das feiras. Para Rogelo, o diferencial é que as feiras se tornam um lugar de passeio, não apenas de compras, onde as pessoas se divertem, conversam, desabafam. “Há pessoas que gastam com psicólogos. E há quem vem à feira gastar com pastel, frutas, verduras, falar com o feirante. Temos tempo para conversar. Já no mercado vai conversar com quem? Com o repositor, que nem sempre está lá no horário das compras?” Há ainda a concorrência entre os feirantes distribuídos em áreas que vão de dois a Associação Comercial e Industrial de Londrina cinco quarteirões no máximo, como na tradicional feira da Avenida São Paulo, às quintas e domingos, com quatro quadras. “A gente ganha centavos, não ganha milhões. Não podemos fazer loucuras, mas sempre procuramos cobrir o preço da concorrência, agradando aos nossos clientes”, salienta, lembrando que uma das diferenças da feira para o supermercado está na venda por quilo e por dúzia entre os feirantes. Adicionando valor O feirante Osvaldo Canesso, 62 anos e há 49 nas feiras livres, sempre vendendo ovos, fez a vida e deu educação aos filhos como ambulante. Apesar de considerar que está meio devagar para o trabalho rotineiro, continua na lida por amor aos fregueses. “Eles são sempre pontuais, vem bater papo com a gente, contar piada. A feira é um patrimônio público e não pode deixar de existir porque fará falta”, enfatiza. Ele lembra que algumas feiras livres londrinenses podem ser consideradas patrimônio cultural, histórico e turístico, pois muitas pessoas de outros municípios procuram passear e ver novidades no setor. Por este motivo, aliado à necessidade de aumentar os rendimentos, Canesso passou a trabalhar com artesanato de madeira em sua barraca, adicionando valor. Para combater a concorrência dos supermercados, o feirante cita a necessidade de procurar por produtos com diferencial a mais. “Hoje os supermercados compram grandes quantidades e podem armazenar os produtos. Eu, semanalmente, compro a minha quota de ovos para vender, pois além de perecível, meu produto é frágil. Então, procuro os ovos maiores e até mesmo os de duas gemas, que agradam a dona de casa”, salienta. Nestes 49 anos de feirante, Canesso diz que já viu de tudo, até mesmo a fuga de muitos ambulantes descendentes de japoneses, na década de 80, que foram ganhar a vida no Japão. “Muitos dos feirantes eram de origem japonesa. Famílias inteiras deixaram os pontos e foram embora ganhar dinheiro lá fora. E ao voltar, não quiseram mais trabalhar nas feiras”, comenta. Ele mesmo diz não ter quem dê continuidade ao seu comércio quando for parar de vez. “Consegui dar uma boa educação aos filhos, que fizeram faculdade e hoje trabalham na área que escolheram, ganhando um bom salário. Aqui o ganho é praticamente o mesmo sempre. Muitos desistem por conta disso”, explica. No entanto, boa parte dos feirantes de Londrina possui mais de dez anos no ramo e há casos de quem começou com os pais e estão há décadas na lida, como o Jorge, um japonês que mal fala o português e vende verduras e legumes. Ele atua como feirante há 50 anos, mantendo sua banca com a ajuda de diversos auxiliares contratados. Feirantes são moradores de Londrina As feiras livres de Londrina são regidas pela Lei Municipal 11.468/2011 (Código de Posturas do Município). E uma das exigências para que possam explorar um ponto é que o comerciante seja morador estabelecido no município, não podendo morar nas cidades vizinhas. Além das feiras livres, há as chamadas Feiras da Lua, que atualmente tem 35 feirantes cadastrados, e a Feira dos Produtos, esta coordenada e fiscalizada pela Secretaria Municipal da Agricultura. De acordo com a supervisora de Espaços Públicos da CMTU, Josi Aparecida Durante, as feiras livres são concessões públicas. E uma comissão composta de representantes de órgãos públicos e sociedade organizada é que autoriza a instalação de novas barracas. Após 39 ser requerida a vaga, a fiscalização verifica a existência de pontos nas feiras solicitadas. “Não basta só existir o ponto, mas é preciso verificar se o produto que vai comercializar não tem em demasia nos locais pedidos. Tem que haver um equilíbrio dos congêneres ofertados”, explica. A rotatividade no setor não é tão grande. E nos últimos anos, segundo a supervisora, a desistência de pontos tem sido mais difícil. “Normalmente a desistência se dá por problemas de saúde. E quando a pessoa falta mais de três semanas seguidas no mesmo ponto. Aí a legislação determina a revogação do alvará de funcionamento para este ponto”, comenta. Mesmo assim, Josi deixa claro que, em caso do comerciante ambulante resolver parar com sua atividade e quiser passar para um funcionário ou um familiar, ele tem que entrar com a solicitação de transferência do ponto junto à CMTU. “A comissão vai analisar a documentação, o histórico e decidir se poderá ser transferida ou não”, orienta. Números da vida de feirante 32 feiras livres 5 feiras da lua 1 feira do produtores 251 feriantes (feiras livres) 35 feirantes (feiras da lua) Não há informações sobre total de feirantes na feira do produtor Funcionamento da Feira Livre: de segunda a domingo, com média de quatro por dia Funcionamento da Feira da Lua: de terça a sábado, sendo uma por dia Funcionamento da Feira do Produtor: aos domingos COLUNA DA ACIL Charles Vezozzo assume a Presidência do Fórum Desenvolve Londrina “Nós somos o que fazemos. O que não se faz não existe. Portanto, só existimos quando fazemos. Nos dias que não fazemos, apenas duramos.” Com essa frase do padre Antônio Vieira (16081697), o empresário e engenheiro Cláudio Tedeschi despediu-se da Presidência do Fórum Desenvolve Londrina, cargo Charles Vezozzo assume que ele ocupou no biênio 2012-2014. O a presidência do Fórum novo presidente do Fórum, professor Desenvolve Londrina para Charles Vezozzo, da PUC-PR, tomou o biênio 2014-2016 posse no último mês em uma cerimônia simples, mas emocionante, na sede da AML, onde são realizadas as sessões semanais do Fórum, no que ficou conhecido como “milagre das quintas-feiras”. Todos os anos, as 37 entidades que compõem o Fórum realizam estudos sobre temas específicos. Neste ano, o assunto abordado será o valor da industrialização. Charles Vezozzo assume a Presidência do Fórum para o biênio 20142016 com grande entusiasmo. “É uma honra para mim fazer parte desse grupo tão qualificado. Aqui se aprende civismo e democracia. Aqui se pensa uma Londrina melhor.”, disse o novo presidente. Se você quiser conhecer melhor o milagre das quintas-feiras, acesse o site http://www.forumdesenvolvelondrina.org/ Comerciantes fazem propostas para a Duque “A Duque está doente e a cura depende de nós.” A frase de um empresário local define a situação desta importante e histórica avenida londrinense. No levantamento realizado pela ACIL junto a empresários e proprietários da Duque de Caxias, os lojistas e moradores são unânimes em afirmar que a situação deveria voltar ao que era antes, com faixa não-exclusiva para os ônibus e estacionamento permitido. “O retorno experimental do estacionamento na avenida já revela um resultado benéfico à vida comercial local, sem maior transtorno à mobilidade dos veículos”, diz o médico Paulo Talizin, morador do local desde a infância. Os comerciantes levaram ao prefeito Alexandre Kireeff as seguintes propostas: 1) fim da faixa exclusiva de ônibus na Duque de Caxias, tornando-a somente preferencial; 2) ampliação do estacionamento para todo o trecho da Duque entre a Rua Benjamin Constant e a Avenida JK, das 8 às 18 horas, inclusive aos sábados; 3) instalação de parquímetros da Zona Azul na avenida; 4) pintura de faixas e Associação Comercial e Industrial de Londrina ACIL e grupo de comerciantes apresentaram ao prefeito Alexandre Kireeff propostas sobre mudanças no trânsito da Avenida Duque de Caxias adequação das informações nas placas; 5) transferência de linhas de ônibus para a Rua Uruguai; 6) instalação de um semáforo no cruzamento com a Rua Alagoas, em função do grande movimento de estudantes no local. Os próprios comerciantes se dispuseram a elaborar uma campanha informativa sobre as regras de estacionamento na Duque de Caxias. ACIL forma 10ª turma do Programa Bom Negócio Ao final do curso, empreendedores participantes arrecadaram fraldas geriátricas para doar ao Lar dos Vovozinhos Cerca de 60 empreendedores finalizaram o ciclo de aperfeiçoamento do Programa Bom Negócio, oferecido pela ACIL em parceria com a Fomento Paraná e Universidade Estadual de Londrina. Eles concluíram as cinco etapas da formação – Gestão de Negócio, Gestão Comercial, Gestão Financeira, Gestão de Pessoas e Gestão Estratégica. Essa é a décima turma em formação desde novembro de 2011, quando os primeiros empreendedores foram capacitados. Entre os objetivos do programa está o crédito subsidiado, com juros a partir de 0,55% ao mês, além da carência de três meses para começar a pagar. As linhas de crédito são provenientes do Banco do Empreendedor da Agência de Fomento. O recurso concedido pode ser usado para investimento fixo (obras, móveis, utensílios, instalações, aquisição de máquinas e equipamentos), capital de giro ou investimento misto (combinação dos dois). Ao final do curso, os alunos/empresários se uniram por uma causa solidária e arrecadaram fraldas geriátricas que serão doadas ao Lar dos Vovozinhos. A próxima turma de capacitação do Bom Negócio está programada para o segundo semestre de 2014. Mais informações pelo telefone da ACIL 3374-3000. 41 NOVOS ASSOCIADOS SERVIÇOS INFORMÁTICA Rhede Sistemas Avenida Maringá, 445 PRODUÇÃO MUSICAL Sucesso Produções Avenida Waldemar Sprager, 1235 LOTEAMENTOS Loteadora Santa Fé Rua Alagoas, 1557 ODONTOLOGIA Clínica Central Popular Avenida São Paulo, 155 CABELEIREIROS Fio a Fio Cabeleireiros Rua Piauí, 1300 INFORMÁTICA Góes e Coelho Arapongas OFICINA MECÂNICA Retoque.Com Rua Grafita, 435 ÓTICA, JÓIAS E RELÓGIOS Ótica Olhar Rua Sergipe, 413 AGÊNCIAS DE TURISMO E CÂMBIO TM Turismo Rua Piauí, 71 COM/SERVIÇOS IMOBILIÁRIAS E CORRETORAS Imobiliária Mila Rua Piauí, 211 PAISAGISMO Londri Jardinagem e Paisagismo Rua Vasco da Gama, 250 CABELEIREIROS Marcela Quedas Marques Oliveira Rua Alessandro Volta, 715 COMÉRCIO E VAREJO DE PEÇAS DE AUTO Gaúcho Peças e Acessórios Avenida Dez de dezembro, 1121 ODONTOLOGIA Odonto Excellence Cambé PROMOTORA DE VENDAS Open Line Group Rua Santa Luzia, 198 ESCOLA DE IDIOMAS Teachers Avenida Madre Leônia Milito, 400 COMÉRCIO HOTELARIA Franz Hotel Avenida Duque de Caxias, 3063 ALIMENTAÇÃO Avant Comercial Rua Rangel Pestana, 623 TRANSPORTES DE PASSAGEIROS E CARGAS Fabio Nunes Avenida Dez de Dezembro, 1354 ODONTOLOGIA Odonto Excellence Rua da Lapa, 415 BAZAR, AVIAMENTOS E UTILIDADES DOMÉSTICAS Arrabal Acessórios Rua Senador Souza Naves, 75 TREINAMENTO E DESENVOLVIMENTO Concretta Escola da Construção Rua Sergipe, 721 PINTOR Oliveira Pinturas Rua Bahia, 1394 TRANSPORTADORA Colletti Transportes Rodoviários Cambé MÓVEIS Favorita Avenida Higienópolis, 1397 PRODUTOS DE LIMPEZA Primula Avenida Santa Mônica, 639 COMÉRCIO DE ELETRODOMÉSTICO Max System Rua São Vicente, 575 IND/COM VESTUÁRIO E ARMARINHO Reibrink Rua Whashington de Souza Carvalho, 180