UNIVERSIDADE DO VALE DO PARAÍBA INSTITUTO DE PESQUISA E DESENVOLVIMENTO SUSANE MOREIRA MACHADO ESTUDO COMPARATIVO POR MEIO DA ELETROMIOGRAFIA ENTRE O TEMPO DE TREINAMENTO DE ATLETAS DE TAEKWON DO E DE KICK BOXING São José dos Campos, SP 2008 SUSANE MOREIRA MACHADO ESTUDO COMPARATIVO POR MEIO DA ELETROMIOGRAFIA ENTRE O TEMPO DE TREINAMENTO DE ATLETAS DE TAEKWONDO E DE KICK BOXING Dissertação de Mestrado apresentada ao Programa de Pós-Graduação em Engenharia Biomédica da Universidade do Vale do Paraíba, como complementação dos créditos necessários para obtenção do título de Mestre em Engenharia Biomédica. Orientadores: Prof. Dr. Marcio Magini e Prof. Dr. Rodrigo Aléxis L. Osório São José dos Campos, SP 2008 Ml34e Machado,SusaneMoreira Estudocomparativopor meioda eletromiografiaentreo tempode . treinamentode atletasdo Taekwondoe de Kirck boxing/ SusaneMoreira Machado;orientadores:Prof.Dr. ÌvÍarcioMagini. prof. Dr. RodrigoAléxis L. Osório.SãoJosédosCampos, 2008. I discolaser,color Dissertação de Mestradoapresentada ao programade pós-Graduação em Engenharia Biomédicado Institutode pesquisae Desenvolvimento da Universidadedo Vale do Paraíba" 2008. l. Eletromiografta2.Fisioterapia3. Taekwondo4. Kirck Boxing I Magini, Marcio,Orient.,II. RodrigoAléxis L. Osório.orient.,III. Título CDU:796 Autorizo a reproduçãototal ou parcialdestadissertação,porprocessofotocopiadorou transmissão eletrônica,desdequecitadaa fontee somentepaÍafins acadêmicos e científicos. Assinatura doaluno: Jur"atru, fíÌ,,,g\úê TrfiAÀndrt Data:gS loq I Wg SUSANEMOREIRA MACHADO ..ESTUDO COMPARATIVO ENTRB O TEMPO DE TREINAMENTO DE ATLBTAS DE TAEKWONDO E DE KICK BOXING ATRAVES DA ELETROMIOGRAFIA', gtau de Mestre em Engenharia Dissertação aprovada como requisito parcial à obtenção do do Instituto de Pesquisa Biomédica, do Programade Pós-Graduaçãoem EngenhariaBiomédica, Campos,SP,pela seguinte e Desenvolvimentoda Universidadedo Vale do Pataiba,São Josédos banca examinadora: Prof.Dr. RODRIGO ALEXIS L^ZO OSORIO(UNIVAP Prof. Dr. MARCIO MAGINI (UNIVAP Prof. Dr. NELSON JOSE FREITAS DA SILVEIRA Prof.Dr. HAROLDO FRAGA DE CAMPOSVELHO (INPE Prof. Dr. Marcos Tadeu TavaresPacheco Diretor do IP&D - UniVaP SãoJosédos Campos,05 de setembrode 2008' ç{*'n Primeiramente, dedico a Deus por permitir a realização de mais um sonho, aos meus pais por transformarem esse sonho em realidade com muito esforço e trabalho, aos meus irmãos pela presença constante, ao meu namorado pela força e aos meus professores por colaborarem no desenvolvimento deste trabalho. Ser hoje melhor do que ontem. Isso sim é um desafio de verdade para mim. Por isso vale a pena suar, ir para o sacrifício. O problema é que, todo dia, no final do treino, mesmo tendo vencido, sei que amanhã vou querer ser melhor do que fui hoje. (Anônimo) Agradecimentos Aos orientadores Marcio Magini e Rodrigo Aléxis Lazo Osório pela direção de todo o estudo, pela atenção e por me ajudarem a realizar um sonho. Agradeço aos atletas de Taekwondo e de Kick Boxing, que tiveram paciência e deixaram de lado a vaidade contribuindo com esse estudo e ajudando nas coletas. A minha eterna professora Andréa Dellu, que me estimulou a ingressar no mestrado e sempre esteve comigo. Nunca me esquecerei das dicas recebidas e ela sempre será um espelho pra mim. Á professora Thais Helena, a qual teve muita paciência para me ensinar, pois é uma pessoa que tem paixão pelo que faz e sabe passar com muita sabedoria o seu amplo conhecimento. Ao meu professor de Taekwondo, Fabiano Morciani que, além de me treinar, sempre foi um grande amigo. Ao professor Carlos Kelencz, que esteve presente em todas as coletas e me ajudou muito nessa realização profissional. Aos educadores físicos Diego David Alves e Thimoty N. César Leite, que me ajudaram com os atletas. A Rubia Gravito C Gomes, que tem um caráter extraordinário e sempre ajuda a todos os mestrandos a concluírem suas dissertações. A minha amiga Juliana Lisboa e seu esposo Henrique Mohallem Paiva, os quais estão sempre prontos a ajudar, com muita paciência e carinho. A uma grande amiga Ana Flávia de Paula Lima, que mesmo não estando perto, esteve sempre muito presente nos meus momentos de estudos. Ao meu colega de treinamento Haroldo Fraga de Campos Velho, que muitas vezes durante ou após os treinos, teve paciê ncia para tirar as minhas dúvidas. Aos meus amigos do mestrado, que foram e sempre serão grandes amigos e estarão guardados na minha memória. ESTUDO COMPARATIVO POR MEIO DA ELETROMIOGRAFIA ENTRE O TEMPO DE TREINAMENTO DE ATLETAS DE TAEKWONDO E DE KICK BOXING Resumo Para atletas de artes marciais, o treinamento específico visa a melhoria da potência muscular, ou seja, quanto maior a força, maior será o recrutamento de fibras musculares ativadas para exercerem o movimento desejado. Contudo, esse estudo verificou a potência média de atletas de Taekwondo (TKD) e Kick Boxing (KB), por meio da eletromiografia, que foi acoplada por eletrodos de superfície nos músculos reto femorais, vasto lateral, vasto medial e bíceps femoral bilateral. Foi aplicada uma única velocidade angular de 60º, padronizada no dinamômetro isocinético, com 15 repetições recíprocas para estudar a variação do torque exercido em cada atleta, no modo concêntrico de flexão e concêntrico de extensão. Observou-se que ambos os grupos de atletas que possuem médias de tempo de treinamento diferente apresentaram uma potência média semelhante de fibras musculares. Ficou constatado que não houve diferença significativa para alguns músculos, apenas o vasto lateral direito apresentou uma diferença significativa de p<0.03, e o reto femo ral esquerdo também demonstrou uma significância de p<0.07. Os outros músculos obtiveram uma significância superior a 10%, mostrando assim que os grupos mesmo apresentando tempos diferentes de treinamento, possuem uma capacidade equivalente de potência média. Palavras-chave: Taekwondo, Kick Boxing, eletromiografia, tempo de treinamento, Potência média. COMPARATIVE STUDY BY ELETROMOGRAPHY BETWEEN THE TRAINING TIME OF TAEKWONDO AND KICK BOXING ATHELETES Abstract For the martial athletes, the specific training has the objective to improve the muscle power, which means, the more strength the more, the muscles fibers will be requested to make the desired movement. However, this stud y verified that the muscle requirement in the Taekwondo (TKD) and Kick Boxing (KB) combats by the electromyography connected on the muscles rectus femoris (RF), vastus lateralis (VL), vastus medialis (VM) and biceps femoris (BF) bilaterally by the electrodes. An isokinetic dynamometer with velocity adjusted to 60o and 15 reciprocal replications was used, so the torque of each athlete is the variable and the contractions are executed in modes concentric flexion and concentric knee extension. Therefore, it was possible to verify that both groups of athletes with different average training time have a similar average fiber muscle power It was noted that there was no significant difference for some muscles. Just the right vastus lateralis presented a significant difference of p<0.03 and the left rectus femoris presented a significant difference of p<0.07 too, but the other muscles had a difference above of 10% that is not significant, concluding that besides the groups have different training times, they have an equivalent power capacity. Keywords: Taekwondo, Kick Boxing, electromyography, training time, average power. LISTA DE FIGURAS Figura 1: Estruturas do sarcômero e o deslizamento dos filamentos de proteínas actina e miosina (WERNER et al. 2005). .................................................................................... 21 Figura 2: Estrutura do músculo a partir de seu aspecto macroscópico até o molecular. Cada fibra muscular (célula) contém proteínas contráteis, chamadas miofibrilas, que são estriadas. Cada estria contém filamentos finos (actina) e pesados (miosina) ordenados em unidades contráteis chamadas sarcômeros. Os capilares rodeiam as fibras musculares. (PENA et al. 2007). .................................................................................... 23 Figura 3:Formação de ATP na via aeróbia (ARANTES, 2003). .................................... 27 Figura 4: Eletrodo de superfície, especialmente desenvolvido para uso em EMG (eletromiografia), descartável, auto-adesivo com condutor Ag/AgCl, destinado para uso clínico e pesquisa. ........................................................................................................... 37 Figura 5: Eletromiógrafo de 4 canais, utilizado nas coletas. .......................................... 40 Figura 6: Atleta posicionado no dinamômetro para realização do experimento. ........... 42 Figura 7: Ponto motor do vasto lateral. .......................................................................... 43 Figura 8: Ponto motor do vasto medial. .......................................................................... 43 Figura 9: Ponto motor do reto femural. .......................................................................... 43 Figura 10: Ponto motor o bíceps femural. ...................................................................... 43 Figura 11: Representação da atividade eletromiográfica dos músculos extensores e o flexor de joelho de um atleta de TKD apresentado por meio da Transformada de Wavelet. .......................................................................................................................... 48 Figura 12: Representação da atividade eletromiográfica dos músculos extensores e o flexor de joelho de um atleta de TKD apresentado por meio da Transformada de Wavelet. .......................................................................................................................... 48 Figura 13: Representação da atividade eletromiográfica dos músculos extensores e o flexor de joelho de um atleta de KB apresentado por meio da Transformada de Wavelet. ........................................................................................................................................ 49 Figura 14: Representação da atividade eletromiograáfica dos músculos extensores e o flexor de joelho de um atleta de KB apresentado por meio da Transformada de Wavelet. ........................................................................................................................................ 49 LISTA DE TABELAS Tabela 1: Valores da Potência Média dos atletas de TKD (0 a 60s Milivolt^2) ............ 43 Tabela 2: Valores da Potência Média dos atletas de KB (0 a 60s Milivolt^2) ............... 43 Tabela 3: Média e Desvio Padrão dos atletas de TKD e KB.......................................... 44 Tabela 4: Representação dos valores significativos para cada músculo, considerando o valor de p<0.05. .............................................................................................................. 44 Tabela 5: Média do pico de torque para os atletas de KB .............................................. 45 Tabela 6: Média do pico de torque para os atletas de TKD............................................ 46 Tabela 7: Média e Desvio Padrão do pico de torque do grupo de atletas de TKD e KB. ........................................................................................................................................ 46 LISTA DE QUADROS Quadro 1: Demonstração das características metabólicas e estruturais das fibras (WERNER et al. 2005). .................................................................................................. 19 LISTA DE GRÁFICOS Gráfico 1: Comparação das médias e dos desvios do membro inferior esquerdo. ......... 44 Gráfico 2: Comparação das médias e dos desvios do membro inferior direito,*representação da significância do músculo vasto lateral................................... 45 Gráfico 3: Média e Desvio Padrão do Pico de torque do extensor e flexor de joelho do membro inferior direito e esquerdo. ............................................................................... 47 LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS TKD - Taekwondo KB - Kick Boxing ATP - Adenosina Trifosfato SNC - Sistema Nervoso Central CL - Contração lenta CR - Contração rápida ADP - Adenosina Disfosfato Pi - fosfato inorgânico CPK - Creatina Fosfoquinase CP - creatina-fosfato Ca +2 - cálcio T - Torque F - Força R - distância N/m – newtons/metros W - watts EMG - Eletromiografia IMC - Índice de Massa Corpórea GWS – Global Wavelet Spectrum MIE – Membro inferior esquerdo MID – Membro inferior direito RMS – Root Mean Square SUMÁRIO 1 INTRODUÇÃO..................................................................................................................................................... 14 2 REVISÃO DA LITERATURA......................................................................................................................... 15 2.1 HISTÓRIA DO TAEKWONDO ............................................................................................................................15 2.1.1 Filosofia e Objetivo do Taekwondo.................................................................................................... 15 2.1.2 Explicações sobre as graduações....................................................................................................... 16 2.2 HISTORIA DO KICK BOXING ...........................................................................................................................17 2.3 FUNÇÕES DO SISTEMA NERVOSO CENTRAL NA MECÂNICA DO MOVIMENTO HUMANO .........................18 2.3.1 Tipos de fibras musculares .................................................................................................................. 18 2.3.2 Aspectos morfológicos da fibra muscular......................................................................................... 20 2.3.3 Filamentos de Miosina......................................................................................................................... 21 2.3.4 Filamentos de Actina............................................................................................................................ 21 2.3.5 A Teoria do Filamento Deslizante para Criação do Movimento.................................................. 23 2.3.6 A Energia para a Ação Muscular....................................................................................................... 24 2.3.7 Via anaeróbia - Sistema ATP-CP ou anaeróbio alático................................................................. 25 2.3.8 Metabolismo glicolítico ou anaeróbio lático.................................................................................... 25 2.3.9 Via aeróbia ............................................................................................................................................. 26 2.3.10 Fisiologia da contra ção muscular................................................................................................... 27 2.4 FORÇA ................................................................................................................................................................28 2.4.1 Torque ou Momento de força.............................................................................................................. 29 2.4.2 Potência muscular................................................................................................................................. 30 2.4.3 Contrações Excêntricas-Concêntricas............................................................................................... 31 2.5 TREINAMENTO DAS PRINCIPAIS FORMAS DE EXIGÊNCIA MOTORA............................................................32 3 A TRANSFORMADA WAVELET ................................................................................................................. 34 3.1 ELETROMIOGRAFIA (EMG) ............................................................................................................................36 3.1.2 Eletrodo................................................................................................................................................... 36 4 OBJETIVO............................................................................................................................................................. 38 5 MATERIAL E MÉTODOS ............................................................................................................................... 39 5.1 A MOST RAS ........................................................................................................................................................39 5.2 INSTRUMENTO..................................................................................................................................................39 5.3 POSICIONAMENTO............................................................................................................................................40 5.4 PROCEDIMENTO................................................................................................................................................41 5.4.1 Procedimento no dinamômetro isocinético....................................................................................... 41 5.4.2 Procedimento para a análise do recrutamento de fibras por meio da eletromiografia............ 42 5.5 A NÁLISES DOS DADOS .....................................................................................................................................43 6 RESULTADOS...................................................................................................................................................... 43 6.1 A NÁLISES DA TRANSFORMADA DE WAVELET .............................................................................................47 7 DISCUSSÃO .......................................................................................................................................................... 50 8 CONCLUSÃO ....................................................................................................................................................... 54 REFERÊNCIAS ....................................................................................................................................................... 55 ANEXO A: COMITÊ DE ÉTICA EM PESQUISA ....................................................................................... 60 ANEXO B: TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO.......................................... 61 ANEXO C: FICHA DE AVALIAÇÃO DOS ATLETAS .............................................................................. 62 APÊNDICE A: WAVELET .................................................................................................................................. 63 14 1 INTRODUÇÃO A Arte marcial Coreana Taekwondo (TKD), que é uma modalidade olímpica, utiliza os pés e as mãos no combate, sendo seu predomínio com os membros inferiores (KIM, 2006). Por outro lado, Kick Boxing (KB) é uma Arte Marcial Americana de contato total, na qual se utiliza socos, chutes, joelhadas nas regiões da cabeça, tronco e pernas (ZORELLO, 2008). Para o desenvolvimento do atleta, o tempo de treinamento não só desenvolve habilidades técnicas, como também o domínio completo das estruturas motoras nos exercícios esportivos, considerando o resultado máximo a ser atingido nas mais difíceis condições (WEINICK, 2003). O desenvolvimento de força muscular depende da quantidade de fibras musculares ativadas, pois quanto maior for o recrutamento de fibra muscular, maior será a força produzida (MARC; DOUGLAS; STEVEN, 2002). Para que haja o desenvolvimento de uma contração muscular é necessário que seja gerado uma onda de despolarização que se propaga pela membrana das fibras musculares em resposta à chegada de um impulso ne rvoso (WERNER et al. 2005; GUYTON, 2002). A eletromiografia oferece a possibilidade de análise da atividade elétrica, por meio do eletrodo de superfície acoplado ao músculo. Avalia também a atividade muscular durante as ações funcionais, a quantificação da taxa de disparo de unidades motoras e a identificação da fadiga muscular (GONÇALVES, 2006). Esse estudo visa a análise da diferença do tempo de treinamento das modalidades parecidas, pela exigência metabólica (anaeróbia e aeróbia ) e pelo uso de chutes. Difere pela objetividade do treinamento, que prepara a parte física, técnicotática, intelectual e moral do atleta por meio de treinamentos específicos de cada modalidade (WEINECK, 2003). Sendo que foi registrado para praticantes de competição de TKD com tempo de treinamento 5 vezes maior do que praticantes de competição de KB, não apresentou diferença significativa. O resultado surpreende, porém, um caso o refinamento da técnica (longos anos de treinamento) faz uma diferença significativa, mostrado no estudo de Pinto Neto e Magini (2007), onde atletas de Kung Fu, no golpe de palma mostraram superioridade aos atletas não praticante, enquanto que nesse estudo a potência do golpe pode ser adquirida com menor tempo de treinamento. 15 2 REVISÃO DA LITERATURA A revisão desse estudo foi baseada em livros de artes marciais, de fisiologia, de fisiologia do exercício, de biomecânica e artigos de pesquisa disponibilizados no portal Capes, para fins de uma melhor compreensão do estudo analisado. 2.1 História do Taekwondo O Taekwondo (TKD) atravessou um longo e adverso período da história coreana, como parte integrante da cultura daquele povo. É importante mencionar que a maioria dos registros históricos da cultura oriental é em forma de peças de madeira destruídas pelo tempo. Entretanto, foram encontrados alguns murais sobre o TKD em câmaras mortuárias da era Kogoryo, registrando atos de destreza e bravura dos que ali se encontravam (KIM, 2006). Aproximadamente no ano 660 a.C. existiam na Coréia três reinos: Silla, Kogoryo e Baek Je. Silla era o menor dos três e sofria constantes invasões e saques de seus vizinhos maiores. Foi então que um grupo de jovens militares do reino de Silla formaram uma tropa de elite denominada Hwo Rang Do, semelhante aos samurais japoneses, desenvolvendo uma forma de luta com os pés e mãos, como o Soobak (KIM, 2006). Esse grupo era regido por um rigoroso código de honra, resumido em cinco itens: obedecer ao rei; respeitar o país; ser leal para com os amigos; nunca recuar diante do inimigo; só matar quando não tiver alternativa. O Hwo Rang Do e seu código constituíram-se pedra fundamental da filosofia desenvolvida pelo TKD (WOO, 1988). 2.1.1 Filosofia e Objetivo do Taekwondo Se o ser humano mantém-se em perfeito estado de saúde, poderá demonstrar agilidade em suas atividades e disposição para alcançar suas metas, enquanto que o homem de saúde deficiente poderá até perder o estímulo para trabalhar. Este estímulo 16 está mais relacionado a emoções do que intelecto e, está também relacionado a elementos éticos (BARROS, 2006). O TKD é um esporte para todo o físico, porque nele se movimenta todos os músculos e articulações do corpo humano. As pessoas se dedicam a um determinado esporte em razão de se adaptar a várias necessidades do meio ambiente, com o objetivo de preservar a vida, porque as pessoas amam a vida (BARROS, 2006). Ao praticar TKD, geramos energia em todas as partes do corpo, desenvolvendo músculos e cérebro; despertando o desejo de agir. O homem não se satisfaz apenas em sobreviver, deseja viver bem e com saúde. Esta é a razão pela qual o TKD cultiva este desejo pela combinação de atividades físicas, ou seja, por meio de um complexo de posturas extremamente interligadas de atitudes sistemáticas e científicas, que movimentam todas as partes do corpo. Portanto, o TKD transformou-se em elemento essencial para preservar e manter a ordem das funções humanas (KIM, 2006). 2.1.2 Explicações sobre as graduações As diferentes graduações do taekwondista são observadas pela cor da faixa, sendo que Gub significa faixa colorida e Dan significa graduação (preta). Os Gubs obedecem à seguinte ordem decrescente seguidos pelos Dans na seguinte ordem crescente (KIM, 1995): 10ª Gub – faixa branca (Início – Pureza) um iniciante ingressa no TKD sem possuir conhecimento profundo; 9ª Gub – faixa branca com ponteira amarela; 8ª Gub – faixa amarela (Terra – Riqueza); 7ª Gub – faixa amarela com ponteira verde; 6ª Gub – faixa verde (Planta – Vida); 5ª Gub – faixa verde com ponteira azul; 4ª Gub – faixa azul (Céu – Liberdade); 3ª Gub – faixa azul com ponteira vermelha; 2ª Gub – faixa vermelha (Sol – Perigo); 1ª Gub – faixa vermelha com ponteira preta; 1ª Dan – faixa preta (Dignidade); 17 A faixa preta vai do 1ª ao 10ª Dan (KIM, 1995). 2.2 Historia do Kick Boxing Surgiu na década de 70, nos Estados Unidos, quando os Karatecas tradicionais estavam cansados das competições que não permitiam um contato pleno, e começaram a adaptar protetores de pé e mão para que os contatos fossem permitidos, com pouco risco de lesão (ZORELLO, 2003). A modalidade competitiva que recebeu o nome de “Karate Full Contact”, com o passar dos tempos, fez com que aqueles mesmos atletas começassem a entender que aquela modalidade era um outro tipo de luta, que não tinha semelhanças com o “Karate de Competição”. Recebeu então o nome de “Full Contact”, que traduzia muito mais o espírito do novo esporte. Dominique Valera, um dos maiores nomes do Karate Mundial de todos os tempos, começou a treinar a modalidade nos Estados Unidos com Bill Wallace e Jeff Smith. No seu retorno à Europa, reestruturou o esporte, chamando-o de KB, isto é: chutar boxeando. Full Contact: Nessa modalidade, os atletas podem utilizar técnicas de mão do boxe tradicional e todos os tipos de chutes, que atinjam o adversário da cintura para cima, observando a linha lateral e frontal do tronco e cabeça. Low Kicks: Possui as mesmas definições de técnicas do Full Contact, acrescido de chutes que atinjam as coxas do adversário, interna e externamente obedecendo à linha do joelho para cima. K1 Rules: Modalidade de contato pleno que permite todas as técnicas do KBFC e do KBLK, agregando alguns golpes particulares à modalidade, tais como: atacar com chutes nas pernas, pantur rilhas, tíbia, articulações; golpes de giratória baixa de calcanhar; joelhada e soco giratório. Hoje, apesar de muito novo, o KB é praticado em mais de 100 Países nos cinco continentes, tendo como sua maior sigla a WAKO (Associação Mundial de Kick Boxing). O GAIFS, entidade mundial que aprova novos esportes para as Olimpíadas, reconheceu no ano de 2006, o KB como novo esporte olímpico, podendo fazer parte das Olimpíadas de 2012. No ano de 2007, o KB participou dos jogos Africanos e dos jogos Asiáticos (iguais aos Pan-Americanos) e em 2011 em Guadalajara no México, o KB 18 fará sua estréia como o mais novo esporte nos JOGOS PAN-AMERICANOS. (ALVES, 2008) 2.3 Funções do Sistema Nervoso Central na mecânica do movimento humano O sistema nervoso central controla a contração muscular, seja para produzir um movimento delicado, grosseiro ou simplesmente manter a postura, faz parte da sua característica individual. É esperado que o indivíduo, que não apresente alterações neurológicas ou músculo-esqueléticas seja capaz de produzir a quantidade de força exigida para realizar o movimento desejado (LEHMKUHL; SMITH, 1989). Portanto, a todo instante o SNC recebe informações e cabe a ele priorizar quais são as necessidades exigidas para executar a tarefa (LIMA, 2003). São três as funções básicas para gerar o movimento: (1) excitabilidade resultante de um estímulo proveniente de um receptor, que antecede a integração e o processamento do estímulo (ENOKA, 2000); (2) condução, correspondente ao sinal transmitido para o sistema nervoso (via aferente) ou partir dela (via eferente) e (3) integração e regulação que, processadas pelo SNC, possibilitam o controle e a coordenação de respostas motoras apropriadas (FOSS; KETEYIAN, 2000). Para que haja o controle do movimento, o sistema músculo-esquelético necessita de pelo menos duas espécies de receptores sensoriais: (1) proprioceptores, que detectam estímulos gerados do próprio meio (fusos musculares, OTG) e (2) exteroceptores que detectam estímulos externos (ouvidos, olhos e os receptores da pele), (ENOKA, 2000). 2.3.1 Tipos de fibras musculares O diâmetro das fib ras musculares varia de 10 a 80 micrômetros, sendo praticamente invisíveis a olho nu. Cada fibra muscular é inervada por um nervo motor simples, o qual termina próximo do meio da fibra muscular. Um nervo motor simples e todas as fibras musculares que ele inerva são coletivamente denominados unidade 19 motora. A sinapse, ou a fenda, entre um ne rvo motor e uma fibra muscular é denominada junção neuromuscular. É nesse local que ocorre a comunicação entre o sistema nervoso e muscular (GUYTON, 1998). Portanto, os músculos são constituídos por diferentes tipos de fibras musculares: as fibras do tipo I (vermelhas de contração lenta), e as do tipo II (brancas de contração rápida) (FOSS; KETEYIAN, 2000). Sendo assim, as fibras de contração lenta têm um predomínio aeróbio, enquanto as do tipo de contração rápida são anaeróbias (MCARDLE; KATCH; KATCH, 1998). As fibras de contração lenta (CL) levam aproximadamente 110ms para atingir a tensão máxima quando estimulada. As fibras de contração rápida (CR), por outro lado, podem atingir a tensão máxima em cerca de 50ms (GUYTON, 2002). Características funcionais e estruturais dos três tipos de fibras musculares esqueléticas Fibras oxidativas Fibras oxidativas Fibras glicolíticas Lentas (tipo I) Rápidas (tipo IIa) (tipo IIb) Características metabólicas Velocidade de baixa rápida rápida contração Atividade baixa rápida rápida ATPásica da miosina Passos para a aeróbico aeróbico anaeróbico síntese de ATP Concentração de alta alta baixa mioglobina Reserva de baixa média alta glicogênio Ordem de terceira segunda primeira recrutamento Resistência à alta média baixa fadiga Características estruturais Cor vermelha vermelho-rosa branca Diâmetro da fibra pequeno médio grande Mitocôndria muitas muitas poucas Capilares muitos muitos poucos Quadro 1: Demonstração das características metabólicas e estruturais das fibras (WERNER et al. 2005). 20 2.3.2 Aspectos morfológicos da fibra muscular Para gerar o movimento são necessárias forças internas e externas que agem sobre o corpo (AMADIO; DUARTE, 1996). Na produção de força interna, os músculos transformam energia metabólica em contração por meio de suas estruturas, pois cada fibra muscular é uma célula multinucleada, longa, cilíndrica e é envolvida por uma membrana denominada sarcolema e uma célula muscular que é envolta por uma lâmina basal e células satélites. O sarcolema projeta longos processos digitiformes, chamados de túbulos T, para o citoplasma da célula o sarcoplasma. Esses túbulos são responsáveis pela contração uniforme de cada fibra muscular esquelética e eles se conectam com o retículo sarcoplasmático, que regulará a concentração intracelular de cálcio. Com relação ao sarcoplasma, ele é similar ao citosol de outras células, porém, esse contém inúmeros grânulos de glicogênio e quantidades substanciais de mioglobina (armazenam oxigênio) (MCARDLE; KATCH; KATCH, 2002). Na extremidade de cada fibra muscular, o sarcolema funde-se com o tendão, o qual se insere no osso. Os tendões são constituídos por cordões fibrosos de tecido conjuntivo que transmitem a força gerada pelas fibras musculares aos ossos e, consequentemente, criam o movimento (GUYTON, 1998). As fibras são formadas por miofibrilas, que são os elementos contráteis do músculo esquelético. As miofibrilas aparecem como longas faixas de sub unidades ainda menores que são os sarcômeros. As miofibrilas contêm os filamentos formados por proteínas contráteis: os filamentos delgados (contêm actina) e os filamentos espessos (contêm miosina) (WILLIAM et al. 2002; GUYTON, 1998). Esses filamentos vão constituir o sarcômero, a unidade contrátil do músculo esquelético que se repete ao longo do comprimento das miofibrilas, dando o aspecto estriado a elas. Os filamentos delgados, compostos pela actina, troponina, tropomiosina, formam a banda I e os filamentos espessos, constituídos por miosina e titina, formam a banda A. A banda A é subdividida ao meio por uma região clara chamada de banda H, que tem como principal componente a enzima creatina quinase, a qual catalisa a formação do ATP a partir do fosfato creatina e do ADP. Ainda existe a linha M no centro da banda H e os filamentos delgados que estão inseridos em cada lado da linha Z, nas extremidades do sarcômero (WERNER et al. 2005). 21 Figura 1: Estruturas do sarcômero e o deslizamento dos filamentos de proteínas actina e miosina (WERNER et al. 2005). 2.3.3 Filamentos de Miosina Cerca de dois terços das proteínas totais do músculo esquelético correspondem à miosina. Cada filamento de miosina tipicamente é formado por cerca de 200 moléculas de miosina alinhadas lado a lado (DANTAS, 2003). Cada molécula de miosina é composta por dois filamentos protéicos retorcidos conjuntamente. Uma extremidade de cada filamento é envolta numa cabeça globular denominada cabeça da miosina. Cada filamento contém várias dessas cabeças, as quais formam protusões no filamento da miosina para formar pontes cruzadas que interagem durante a ação muscular com sítios ativos especializados sobre os filamentos de actina. Existe um conjunto de filamentos finos, composto por titina, que estabiliza os filamentos de miosina no eixo longitudinal. Esses filamentos possuem aproximadamente 5nm de diâmetro e 1 micrômetro de comprimento (DANTAS, 2003; GUYTON, 2002). 2.3.4 Filamentos de Actina 22 Cada filamento de actina possui uma extremidade inserida numa linha Z, com a extremidade oposta se estendendo em direção ao centro do sarcômero, no espaço entre os filamentos de miosina. Cada filamento de actina contém um sítio ativo ao qual a cabeça da miosina pode se ligar (MCARDLE; KATCH; KATCH, 2002). Cada filamento fino, embora denominado simplesmente de filamento de actina, na realidade é composto por três moléculas protéicas diferentes: Actina, Tropomiosina, Troponina. (WILLIAM et al. 2002). A actina forma a estrutura de suporte do filamento. As moléculas de actina são globulares e se unem para formar filamentos de moléculas de actina. Dois filamentos então se retorcem num padrão helicoidal, de maneira muito similar que duas correntes de pérolas são retorcidas conjuntamente. Cada molécula de actina possui um sítio de ligação ativa que serve como ponto de contato com a cabeça da miosina (WILLIAM et al. 2002). A tropomiosina é uma proteína em forma de tubo que se retorce em torno dos filamentos de actina, encaixando-se na incisura existente entre eles. A troponina é uma proteína mais complexa que se fixa em intervalos regulares, tanto nos filamentos de actina quanto nos de tropomiosina. A tropomiosina e a troponina atuam em conjunto de uma maneira intricada com os íons cálcio para manter o relaxamento ou iniciar a ação da miofibrila (GUYTON, 2002). 23 Figura 2: Estrutura do músculo a partir de seu aspecto macroscópico até o molecular. Cada fibra muscular (célula) contém proteínas contráteis, chamadas miofibrilas, que são estriadas. Cada estria contém filamentos finos (actina) e pesados (miosina) ordenados em unidades contráteis chamadas sarcômeros. Os capilares rodeiam as fibras musculares. (PENA et al. 2007). 2.3.5 A Teoria do Filamento Deslizante para Criação do Movimento Quando as pontes cruzadas da miosina são ativadas, elas se ligam fortemente à actina, resultando numa alteração da conformação da ponte cruzada, a qua l faz com que a cabeça da miosina incline em direção ao braço da ponte cruzada e tracione os filamentos de actina e de miosina em direções opostas. A tração do filamento de actina sobre o de miosina resulta no encurtamento e na geração de força. (DANTAS, 2003; GUYTON, 2002). Sendo assim, quando as fibras não estão se contraindo, a cabeça da miosina permanece em contato com o sítio de ligação de miosina, mas a ligação molecular no local é enfraquecida ou bloqueada pela tropomiosina (DANTAS, 2003). Imediatamente após ocorrer a inclinação da cabeça da miosina, ela se separa do sítio ativo, roda de volta à sua posição original e se fixa a um novo sítio ativo mais distante ao longo do 24 filamento de actina. Fixações repetidas e ligações fortes fazem com que os filamentos deslizem entre si dando origem ao termo filamento deslizante. Esse processo continua até as extremidades dos filamentos atingirem as linhas Z. Durante esse deslizamento (contração) os filamentos de actina são trazidos mais próximos uns dos outros e formam uma protusão na zona H, onde, finalmente, eles se sobrepõem. Quando isso ocorre, as zonas H deixam de ser visíveis (MCARDLE; KATCH; KATCH, 2002). 2.3.6 A Energia para a Ação Muscular A ação muscular é um processo ativo que exige energia. Além do sítio de ligação com a actina, uma cabeça de miosina contém um sítio de ligação para ATP (adenosina trifosfato). A molécula de miosina tem de se ligar à ATP para que ocorra a ação muscular, pois a ATP fornece a energia necessária (WERNER et al. 2005). A enzima ATPase, localizada sobre a cabeça da miosina, quebra a ATP produzindo ADP (adenosina disfosfato), Pi (fosfato inorgânico) e energia. A energia liberada nessa degradação da ATP é utilizada para ligar a cabeça da miosina ao filamento de actina. Portanto, a ATP é a fonte energética química de ação muscular. A ATP é formada por uma adenina ligada a uma ribose, que está ligada ao seu grupo fosfato que, por sua vez, liga-se a mais dois fosfatos. Ela é uma estrutura armazenadora de energia bastante instáve l. Isso se dá pelo fato de os três grupos fosfatos serem muito negativos, havendo uma repulsão entre eles. A saída desses grupos fosfatos dá estabilidade ao composto (DANTAS, 2003; MCARDLE; KATCH; KATCH, 2002). Essa energia provinda da ATP é a única fonte de energia utilizada para as atividades contráteis; entretanto, seus estoques são muito baixos, menos de 2 segundos. Desse modo, percebe-se a importância de uma regeneração extremamente rápida de ATP, a fim de que se consiga manter o processo contrátil. Esse restabelecimento das concentrações de ATP pode ser ocasionado por três mecanismos – interação da creatina fosfato com o ADP; glicólise e fosforilação oxidativa (WILLIAM et al. 2002; GUYTON, 2002). 25 2.3.7 Via anaeróbia - Sistema ATP-CP ou anaeróbio alático É o primeiro sistema a agir. O organismo lança mão de suas reservas que poderiam ser chamadas de emergência, usando a energia proveniente do sistema ATPCP ou adenisina trifosfato- fosfato de creatina. Como esse mecanismo é independente da presença de oxigênio e não há formação de ácido láctico, essa via é denominada anaeróbia alática (ARANTES, 2003). A concentração de ATP celular é, em média, de 2,43 mmoles/100g de tecido seco, sendo essa reserva totalmente consumida em dois segundos, correspondendo à energia responsável talvez para um velocista apenas sair de sua marca. Passa então o organismo a utilizar a reserva de creatina-fosfato (CP), calculada em termos de 6,78 mmoles/100g de tecido seco, que é consumida até a altura de 0,10s de exercício. Neste mecanismo, a primeira enzima que se ativa é a creatina fo sfoquinase (CPK), a qual quebra a molécula de CP e assim a energia liberada é usada na re-síntese de ATP. As principais características desse sistema são alta potência, liberando grande energia em um espaço pequeno de tempo e baixa capacidade (ARANTES, 2003). 2.3.8 Metabolismo glicolítico ou anaeróbio lático Quando há necessidade de disponibilidade energética, o glicogênio volta à forma de glicose e por uma série de reações, em que a enzima chave é a fosfofrutoquinase, chega até ácido pirúvico. A essa altura duas situações poderiam ocorrer, se houver altas ou baixas taxas de oxigênio a nível celular. Em condições nas quais a taxa de oxigênio é baixa, o ácido pirúvico será metabolizado formando duas unidades de ATP e ácido láctico, sendo esta via a anaeróbia láctica (DENADAI, 2000). Esse sistema opera predominantemente até 30-40s do exercício intenso, sendo sua contribuição fundamental para eventos, como corridas de 400m ou provas de 100m nos diferentes tipos de estilos de natação. Comparando ao sistema ATP-CP, o processo glicolítico, é de menos potência e de maior capacidade (WEINECK, 1989). 26 2.3.9 Via aeróbia As reações anaeróbias de glicólise liberam apenas cerca de 10% da energia contida dentro da molécula original de glicose; assim sendo, a extração da energia restante requer uma via metabólica adicional. Isso ocorre quando o piruvato sofre conversão irreversível para acetil-CoA, que é uma forma de ácido acético. Acetil-CoA penetra no segundo estágio do fracionamento dos carboidratos, conhecido como ciclo de Krebs (ou, de uma maneira mais descritiva, ciclo do ácido cítrico ou do ácido tricarboxílico) (MCARDLE; KATCH; KATCH, 2002). Durante o fracionamento da glicose no músculo esquelético, dois ATP (ganho efetivo) são formados pela fosforilação ao nível do substrato da glicólise; de maneira semelhante, dois ATP provêm da degradação de acetil-CoA no ciclo Krebs. Os 24 átomos de hidrogênio liberados (e sua oxidação subseqüente) podem ser assim explicadas: Quadro hidrogênios extramitocondriais (2NADH) gerados na glicólise produzem 4 ATP(6ATP no coração, rins e fígado); Quatro hidrogênios (2NADH) liberados como piruvato são degradados para acetil-CoA a fim de produzir 6ATP; Doze dos 16 hidrogênios (6NADH) liberados no ciclo de Krebs produzem 18 ATP; Quatro hidrogênios que se uniram ao FAD (2 FADH2 ) no ciclo de Krebs produzem 4 ATP. Trinta e oito ATP representam a produção total de ATP a partir do fracionamento completo de uma única molécula de glicose. Entretanto, levando-se e, conta 2 ATP são fosforilados inicialmente para glicose, 36 moléculas de ATP representam o rendimento efetivo de ATP a partir do fracionamento completo da glicose no músculo esquelético. Quatro moléculas de ATP são formadas diretamente pela fosforilação ao nível do substrato (gilicólise e ciclo de Krebs). Em contrapartida, ocorre a regeneração de 32 moléculas de ATP durante a fosforilação oxidativa (MCARDLE; KATCH; KATCH, 2002). . 27 O2 Glicogênio ? Ac. Pirúvico ? Ciclos de Krebs 38ATP? ? ? 6CO2 6H2 O Figura 3:Formação de ATP na via aeróbi a (ARANTES, 2003). 2.3.10 Fisiologia da contração muscular Para gerar uma contração muscular é necessário que uma onda de despolarização que se propaga pela membrana das fibras musculares em resposta à chegada de um impulso ne rvoso seja desencadeada. Esse fenômeno acontece porque as fibras musculares esqueléticas são inervadas por neurônios motores da medula espinhal (junção neuromuscular), que tem, no final de seus axônios, vesículas sinápticas armazenadoras do neurotransmissor acetilcolina. Quando um impulso nervoso atinge esse local, canais de voltagem para cálcio se abrem na membrana do axônio, levando à fusão das vesículas sinápticas com a membrana do mesmo, liberando, dessa forma, acetilcolina. A acetilcolina, agora na fenda sináptica, ligar-se-á aos receptores nicotínicos do sarcolema, proporcionando a abertura de canais de sódio e potássio (WERNER et al. 2005; GUYTON, 2002). A despolarização é transmitida até o interior da fibra muscular, uma vez que o sarcolema apresenta invaginações transversais à superfície da fibra – os túbulos T. Justapostas aos túbulos T, encontram-se cisternas do retículo sarcoplasmático, que respondem à mudança do potencial de membrana com liberação de Ca+2 para o sarcoplasma. A concentração de Ca+2 no retículo sarcoplasmático, de um músculo em repouso, é mantida muito alta se comparada com a concentração do sarcoplasma. Isso ocorre graças à ação da bomba de cálcio dependente de ATP (Ca+2 – ATPase) presente na membrana do retículo. A chegada do impulso nervoso torna a membrana do retículo sarcoplasmático permeável ao cálcio e provoca a passagem desse para o sarcoplasma, elevando a sua concentração (WERNER et al. 2005 ). A liberação de Ca+2 no 28 sarcoplasma inicia a contração, que ocorre por encurtamento do sarcômero – devido ao deslizamento dos filamentos de actina e miosina. O Ca+2 liga-se à TnC, alterando a conformação da troponina que “empurra” a tropomiosina mais para o interior do sulco da actina F. Assim, os sítios ativos para ligação da miosina nas actinas são “descobertos” e as cabeças de miosina, contendo ADP-Pi em seu centro ativo, ligarão se a ele. A formação desse complexo – actina-miosina-ADP-Pi - promove a liberação de Pi, que iniciará o impulso de força. Essa liberação é seguida pela liberação de ADP, notando-se uma ampla alteração da cabeça da miosina que puxará a actina em direção ao centro do sarcômero. Depois disso, uma nova molécula de ATP liga-se à cabeça da miosina, o que resultará na formação do complexo Miosina-ATP. Esse complexo apresenta baixa afinidade por actina, e dessa forma, a actina será lib erada. O relaxamento acontece e a miosina vai começar a se “preparar”, mais uma vez, para um novo ciclo de contração. Cessada a excitação nervosa, os íons de cálcio são bombeados para dent ro do retículo sarcoplasmático pela ação de um sistema ativo de transporte, denominado Ca+2 -ATPase, restabelecendo, dessa forma, as concentrações características do estado de repouso. A troponina C, agora sem cálcio, não desloca mais a tropomiosina, que passa a impedir novas ligações de cabeças de miosina à actina. As cabeças de miosina, contendo ATP no centro ativo, desligam-se da actina relaxando o músculo (MCARDLE; KATCH; KATCH, 2002). Durante a contração muscular, o músculo encurta cerca de um terço de seu comprimento original. Entretanto, é importante lembrar que o comprimento dos filamentos espessos e delgados não se altera durante a contração muscular, eles simplesmente deslizam uns sobre os outros, diminuindo, dessa forma, o comprimento do sarcômero (MCARDLE; KATCH; KATCH, 2002). 2.4 Força Podemos definir força muscular como o módulo do torque exercido por um músculo ou por vários músculos numa única contração isométrica máxima de duração ou não restrita (ENOKA, 2000). 29 Por essa definição há um único tipo de força a que é medida sob condições isométricas. Conseqüentemente, não é apropriado falar sobre força isotônica, dinâmica ou isocinética. Tradicionalmente indivíduos interessados no desempenho humano têm usado a força estática para se referir ao isométrico e a força dinâmica para medir o torque quando a velocidade é diferente de zero. Será usada uma definição restrita de força, limitada à medida do pico do torque sob condições isométricas, por isso a força pode também ser definida como o torque muscular isométrico máximo e o torque são conseqüências de interações neurais (HAMILL; KNUTZEN, 1999). Segundo Badillo e Ayestarán (2000), a capacidade de um indivíduo para desenvolver força depende de diferentes fatores: - Estruturais ou relacionados com a composição do músculo; - Nervosos relacionados às unidades motoras; - Relacionados com o ciclo alongamento-encurtamento; - Hormonais. 2.4.1 Torque ou Momento de força Quando uma força causa uma rotação, esta ocorre sobre um ponto pivô, e a linha de ação da forca precisa agir a certa distância do ponto pivô. Quando uma força é aplicada de modo que cause uma rotação, o produto daquela força e a distância perpendicular à sua linha de ação são denominados torque ou momento de força (HALL, 2000). Os termos torque ou momento de força são sinônimos e são usados indiscriminadamente na literatura. Um torque não é uma força, mas meramente a efetividade de uma força para causar uma rotação. Torque é definido, assim, como tendência de uma força para causar rotação sobre o eixo específico. Qualquer discussão sobre torque precisa ser com referência a um eixo específico. Matematicamente, torque é: T = F * r, onde T é o torque, F é a força aplicada em Newtons, e r é a distância perpendicular, em metros, da linha de ação da força até o ponto pivô (HAMILL; KNUTZEN, 1999). Como torque é o produto de uma força, com unidade de Newtons, e uma distância, com unidade de metros, o torque possui unidade de ne wton- metro (N-m). A 30 distância r é denominada braço de momento de força. Se a força age diretamente sobre o ponto pivô ou o eixo de rotação, o torque é zero, porque o braço do momento será zero independentemente de quão grande seja a fo rça. Nesse caso, ocorrerá um movimento de translação puro. Como a força não é aplicada por meio do ponto pivô, entende-se que o torque resulta de uma força excêntrica ou literalmente uma força de fora de centro. A força excêntrica causa primariamente rotação, e também causa translação (HAMILL; KNUTZEN, 1999). 2.4.2 Potência muscular A potência é definida como a velocidade de realização de trabalho, ou seja, a quantidade de trabalho realizado por unidade de tempo (dada em W = watts). Como o trabalho é igual à mudança na energia, a potência também pode ser considerada em termos de velocidade de mudança na energia. A potência que um músculo pode produzir depende de quão rapidamente a energia é usada para realizar trabalho. A principal fonte de energia para o músculo é a energia química (ATP) (HALL, 2000). Sendo assim, força e potência são medidas da atuação do sistema motor, e para distinguir esses dois parâmetros é importante considerar a relação força x velocidade do músculo (ENOKA, 2000). Muitos pesquisadores têm quantificado tradicionalmente as capacidades de desempenho por meio da força estática e da força dinâmica. Sabe-se com base na relação torque x velocidade que o torque máximo que um músculo pode exercer diminui à medida que a velocidade de encurtamento aumenta. Isso significa que medidas de força dinâmica e potência muscular dependem em grande parte da velocidade com que o comprimento do músculo se altera (HAMILL; KNUTZEN, 1999). Além disso, uma caracterização perfeita da força dinâmica requer que o torque máximo seja medido em várias velocidades diferentes. Esses procedimentos podem ser simplificados como a obtenção da medida do pico da potência produzida pelo sistema que representa a combinação de força e velocidade e produz o efeito mecânico máximo (HALL, 2000). Dando ao músculo um impulso neural adequado, os principais determinantes da produção de potência são o número de fibras musculares ativadas em paralelo e a 31 velocidade com que os miofilamentos podem converter energia em trabalho mecânico. A força que o músculo pode exercer é proporcional ao número de unidades geradoras de força em paralelo; a força muscular aumenta com a área de secção transversa. Embora a produção de potência seja máxima quando a força muscular é de cerca de um terço do máximo, a produção de potência aumenta à medida que o músculo se torna mais forte (a área de secção transversa aumenta) e assim o valor de um terço aumenta (HALL, 2000). Uma explicação similar aplica-se ao efeito da velocidade do músculo sobre a produção de potência. A velocidade máxima na qual um músculo pode encurtar-se (vmáx) é determinada pela enzima miosina ATPase. Essa enzima controla a velocidade de interação entre actina e miosina e, assim, a velocidade de ciclagem das pontes transversas. A quantidade de atividade da miosina ATPase pode mudar com alterações nos níveis de atividade física. A produção de potência é máxima quando a velocidade de encurtamento é cerca de um quarto da vmáx (HAMILL; KNUTZEN, 1999). 2.4.3 Contrações Excêntricas-Concêntricas A capacidade de um músculo transformar energia mecânica (elástica) para realizar trabalho positivo e produzir potência é conhecida como armazenagem e utilização de energia elástica e ocorre durante uma contração excêntrica-concêntrica. Quando um músculo realiza uma contração excêntrica antes de uma contração concêntrica, ele é capaz de realizar mais trabalho positivo durante a contração com encurtamento. Essa melhora de desempenho é atribuída, ao menos em parte, à habilidade do músculo para armazenar energia durante o alongamento (contração excêntrica) e depois usar essa energia durante a contração concêntrica (HALL, 2000). Essa associação indica que a energia adicional fornecida pela contração excêntrica-concêntrica representa uma contribuição significante para potência produzida por esses músculos. Isso ocorre provavelmente porque usamos intuitivas contrações excêntricas-concêntricas para a maioria dos movimentos (HAMILL; KNUTZEN 1999). 32 2.5 Treinamento das principais formas de exigência motora São duas as principais formas de exigência motora: 1. Qualidade em que predomina a condição física (resistência, força, velocidade); Resistência: A resistência psíquica contém a capacidade do esportista de resistir por longo tempo a um estímulo que provocaria o término de uma carga, ao passo que a resistência física consiste na capacidade de todo o organismo ou de sistemas parciais resistirem à fadiga (DENADAI, 2000); Força: A força de explosão compreende a capacidade que o sistema neuromuscular tem de superar resistência com maior velocidade de contração possível. Todos os treinamentos de força explosiva devem ser considerados um complemento dos de força máxima; isto é, uma vez conseguido o nível ótimo de força máxima, é necessário que sua aplicação ou manifestação no gesto esportivo seja produzida no menor tempo possível (BADILLO; AYESTARÁN, 2000); Velocidade: A capacidade de velocidade manifesta-se na possibilidade de o atleta executar as ações motoras, no menor tempo possível, em determinado percurso. Deve-se distinguir a compreensão da “capacidade de velocidade” da compreensão da capacidade de “rapidez”. A rapidez representa apenas um dos componentes determinantes da capacidade de velocidade do atleta. Geralmente distinguem-se duas formas principais de manifestação da rapidez: rapidez da reação motora que compreende reações motoras simples e complexa; rapidez dos movimentos que pode se manifestar tanto no movimento único como no movimento repetido várias vezes. No último caso, costuma-se falar de freqüência (ou ritmo) dos movimentos (ZAKHAROV, 2003). 2. Qualidade em que predomina a coordenação (mobilidade, coordenação). Mobilidade: é a capacidade e a qualidade que tem o atleta de poder executar movimentos de grande amplitude angular por si mesmo ou sob a influência auxiliar de forças externas. Os exercícios de alongamento podem manter ou aumentar a flexibilidade, sendo assim aplicados para prevenir encurtamentos teciduais otimizando o desempenho muscular, o que contribui também para o treinamento da força e potência muscular (ARRUDA et al. 2006); 33 Coordenação: Nos movimentos motores multiarticulares complexos relacionados com a mudança da posição no espaço ou no sentido de seu deslocamento, bem como na passagem de uma ação para outra, será mais complicada a estrutura de coordenação da atividade muscular. Elas habilitam o atleta em condições de dominar segura e economicamente ações motoras nas situações previsíveis (estereótipos) e imprevisíveis (adaptações) e a aprender, relativamente depressa, movimentos esportivos (WEINECK, 1989). Como esses dois grupos de qualidade se correlacionam de forma bastante estreita, sobretudo no que se refere à velocidade, esse tipo de divisão parece um tanto arbitrário. Entretanto, não deixa de ser uma divisão lógica, pois as qualidades dependentes da condição física baseiam-se, sobretudo em processos energéticos, e as qualidades de coordenação, sobretudo em processos de orientação e de controle com sede no SNC. Na prática esportiva, raramente as qualidades referentes à condição física aparecem em forma pura. A qualidade que depende da condição física representa, em termos gerais, a base material para as qualidades de coordenação (WEINECK, 1989). 34 3 A Transformada Wavelet Wavelets são funções que satisfazem a certos requisitos matemáticos e são usados na representação de dado ou de outras funções. Esta idéia tem sua origem no trabalho de Joseph Fourier que, no século XIX, descobriu que poderia utilizar senos e cossenos para representar outras funções (SILVA, 2000). Na história da matemática, a análise baseada em wavelet mostra diferentes origens, e muitos dos trabalhos foram realizados por volta de 1930. Antes de 1930, Joseph Fourier (1807) iniciou o estudo de wavelts com suas teorias de análise de freqüência, afirmando que qualquer função, pode ser representada por uma soma de funções harmônicas. Essa proposta tinha fundamento, quando o objetivo era transformar uma função não periódica em uma função periódica preservando suas características. Ela é a base da construção da Transformada de Fourier que é largamente usada em técnica de processamento de sina is. No final da década de 70 a Transformada Wavelet passou a ter uma identidade própria. Nessa ocasião, o francês Jean Morlet, propôs uma modificação na Transformada de Fourier, para melhor tratar sinais geofísicos. Por falta de embasamento matemático, Morlet encontrou muitos opositores. Alguns anos depois, as Wavelets de Morlet atraíram a atenção matemática de YVES Meyer, que ajudou a enriquecer e amadurecer a nova teoria, encontrando paralelos surpreendentes com diversos outros campos da matemática, antes estudados separadamente. Em seguida, Stéphane Mallat, um estudante de processamento de imagens, desenvolveu um algoritmo para calcular a Transformada Wavelet de forma computacional eficiente, abrindo então as portas à comunidade de processamento de sinais (TORRENCE; COMPO, 1998). Como se vê, desde seu início, a teoria de Wavelets se mostrou interdisciplinar, o que em parte explica a grande popularidade adquirida nos últimos anos e a opinião de alguns autores (BARBAR et al. 2004) que a reputam como o “evento matemático de maior relevância na década de 80”. Existem várias famílias de wavelets, alguns exemplos são: Harr, Daubechies, Coiflets, Biortogonal, Symlets, Morlet, Meyer e Chapéu Mexicano. As famílias de wavelets são geradas a partir de uma wavelet mãe, que é comprimida N vezes gerando as N ondas que compõem essa família. Para realizar a transformada de wavelet normalmente usam-se famílias de wavelets que definem bases ortogonais, pois dessa forma é possível realizar a transformada inversa. 35 As wavelets definidas pela função de Haar são as mais simples e antigas. A wavelet de Morlet é chamada também de gaussiana modulada. O chapéu mexicano é obtido por meio da segunda derivada da densidade gaussiana (SILVA, 2000). Com a decomposição de um sinal utilizando a transformada wavelet é possível realizar uma análise multiresolução deste sinal, ou seja, analisando cada componente terminal da decomposição pode-se observar as características no domínio do tempo, de cada faixa de freqüência contida no sinal. Pelo fato da transformada wavelet ser realizada por um banco de filtros, a seletividade das freqüências componentes de um sinal em cada coeficiente é determinada pela ordem da wavelet utilizada (TORRENCE; CAMPO, 1998). Uma das vantagens básicas no uso de Wavelets é que um evento pode ser simultaneamente descrito, tanto no domínio da freqüência quanto no domínio do tempo, diferentemente da transformada de Fourier em que um evento é descrito somente no domínio da freqüência ou no domínio do tempo (ASHKENAZY, 2002). Essa diferença permite uma análise em multiresolução dos dados de diferentes maneiras, em diferentes escalas. Uma extensa classe de sinais biológicos pode ser analisada por esses métodos, tal como o ECG. EMG. São poucos ainda os estudos envolvendo a Trans formada Wavelet na eletromiografia em um deste Karloson et al (2001) comparam diferentes métodos de análise de sinais não estacionários e concluíram que a transformada Wavelet apresenta maior precisão e exatidão dos demais métodos como a Transformada de Fourier. Afirma ainda que a transformada Wavelet permite uma análise mais detalhada e melhor resolução nos parâmetros da EMG. No estudo de Pinto Neto e Magini (2007) e Neto et al. 2008, foi utilizado a Transformada Wavelet de Morlet, para a analise do flexor e extensor de cotovelo onde foi desenvolvido um algoritmo no Matlab 7.0.1 (MathWorks Inc.) para determinar a soma da potência significativa (SSP) nos espectros de força da wavelet, onde os valores calculados estavam dentro dos contornos significativos. Um dos resultados obtidos por meio da Transformada de Wavelet é o gráfico da média espectral das freqüências conhecidas como Espectro de Ondeleta Global ou Global Wavelet Spectrum (GWS). Esse sinal é gerado através do cálculo da somatória das freqüências existentes no período considerado pela Transformada e posterior normalização destes valores (TORRENCE et al. 1998). 36 3.1 Eletromiografia (EMG) A eletromiografia é usada para estudo da função neuromuscular, inclusive para identificação dos músculos que desenvolvem tensão durante um movimento e quais movimentos exigem mais ou menos tensão de um determinado músculo ou grupo muscular. Também é usada clinicamente para avaliar a velocidade de condução nervosa e a resposta dos músculos em combinações com o diagnóstico e o rastreamento de condições patológicas do sistema neuromuscular. Os cientistas também utilizam técnicas eletromiográficas para estudar como as unidades motoras individuais respondem ao comando do SNC (HALL, 2000). O processo de eletromiografia implica no uso de transdutores conhecidos como eletrodos que captam o nível de atividade muscular existente em um local durante um determinado período de tempo, sendo assim, o sinal de eletromiografia representa uma onda sinosoidal, flutuando entre o negativo e o positivo, pois quanto maior à distância entre o potencial de ação e os eletrodos, menor é o sinal (HAMILL; KNUTZEN, 1999). Dependendo das questões de maior interesse, são usados eletrodos superficiais ou metálicos finos de agulha (HALL, 2000). 3.1.2 Eletrodo Os eletrodos superficiais, que consistem em pequenos discos de um material condutivo, são posicionados na superfície da pele sobre um músculo ou grupo muscular para captar a presença ou não da atividade muscular, pois como o eletrodo de captação não está diretamente em contato com o músculo, há dificuldade para detectar ou isolar o potencial de ação de um único músculo pelas interferências causadas durante a contração do músculo adjacente (crosstalk) (HAMILL; KNUTZEN, 1999). Quando se deseja medições mais localizadas usam-se eletrodos de agulha fina, que são aplicados diretamente nos músculos. A saída dos eletrodos é amplificada e exibida graficamente ou processada matematicamente e arquivada em um computador (HALL, 2000) Representado na figura 4. 37 Figura 4: Eletrodo de superfície, especialmente desenvolvido para uso em EMG (eletromiografia), descartável, auto-adesivo com condutor Ag/AgCl, destinado para uso clínico e pesquisa. 38 4 OBJETIVO Analisar a potência média dos atletas de Taekwondo e Kick Boxing, por meio da Transformada Wavelet, observando as características no domínio do tempo da faixa de freqüência contida no sinal, que demonstra onde ocorreu a significância da potência média em cada contração muscular. Esses dados serão obtidos por meio da eletromiografia, que proporciona a captação dos estímulos elétricos dos músculos pelos eletrodos de superfície. O experimento será realizado no dinamômetro isocinético para a verificação do pico de torque do extensor e flexor de joelho dos atletas. Sendo assim, o presente estudo visa a esclarecer se o tempo de treinamento pode interferir na potência média para contribuir com o desenvolvimento da modalidade, tanto no físico quanto na técnica. 39 5 MATERIAL E MÉTODOS Os materiais e métodos desse estudo foram de acordo com as necessidades de ampliar os conhecimentos sobre as diferentes artes marciais, as quais também utilizam o chute no combate. 5.1 Amostras Neste estudo foram avaliados 10 atletas do sexo masculino, sendo 5 atletas de TKD ( grupo A) e 5 atletas de KB ( grupo B) com idade média de 18 ± 3 anos, altura 1.75±9cm, peso 65±10kg e 21±3 IMC e a média do tempo de treinamento variando de 5 ±1 anos para o TKD e KB 1ano e 6 meses ±6 meses . Es ses indivíduos não possuíam qualquer lesão músculo-esquelética e estavam aptos a realizar os testes propostos. O critério de inclusão foi a prática de TKD ou KB de duas a três vezes por semana e treinos para competição, e o de exclusão foi treinar apenas por lazer, e ter algum tipo de lesão muscular nos últimos 6 meses. Cada atleta recebeu e assinou um termo de consentimento livre e esclarecido, sendo que os atletas menores de idade foram autorizados pelos pais (ANEXO B). Foi realizada uma anamnese contendo os dados pessoais e clínicos relativos à situação de cada atleta (ANEXO C). 5.2 Instrumento O dinamômetro isocinético computadorizado da Biodex foi utilizado para realizar o movimento de extensão e flexão do joelho com a mesma velocidade para todos os atletas, mensurando a força dos mesmos. Representado na figura 6. Trata-se de um equipamento do modelo Biodex Multi-joint System 3 da BIODEX MEDICAL SYSTEMS Inc e seus acessórios : - Acessórios para avaliação do joelho; 40 - Software Biodex System 3 Advantage (versão 3.2); - Impressora HP deskjet 694; - Microcomputador Pentium II 233 MHz. Para a captação da atividade muscular foi utilizado um eletromiógrafo de 4 canais (EMG System do Brasil Ltda), consistindo de um condicionador de sinais com um filtro passa-faixas entre 20 e 500 Hz, um ganho de amplificação de 1000 Hz e um modo de rejeição de modo comum superior maior que 120 dB. Os dados foram adquiridos usando uma placa analógico-digital de 12 bits com uma taxa de amostragem de 2000 Hz para cada canal. O software AdData foi utilizado para aquisição de dados. Representado na figura 5. Figura 5: Eletromiógrafo de 4 canais, utilizado nas coletas. 5.3 Posicionamento Após a realização do aquecimento (Grupo 1ª, 2ª), foram posicionados na cadeira do dinamômetro, cujo encosto foi fixado em 850 . O eixo do dinamômetro foi alinhado ao eixo de rotação do joelho, no epicôndilo lateral do fêmur. Os voluntários foram estabilizados na cadeira com cintos presos à pelve, ao tronco e à coxa a ser avaliada. A correção da gravidade no dinamômetro foi realizada de acordo com as especificações do manual do equipamento (Biodex Medical System 3, Manual Applications/Operations). Para esta correção o membro avaliado foi posicionado em 41 extensão, local de maior atuação da gravidade, e o software do equipamento fez o cálculo do valor que foi desconsiderado durante o teste. 5.4 Procedimento O experimento foi realizado no Laboratório de Biodinâmica da Faculdade de Ciência da Saúde juntamente com o Instituto de Pesquisa e Desenvolvimento da Universidade do Vale do Paraíba (UNIVAP), situada em São José dos Campos. O procedimento foi apresentar os aparelhos e esclarecer a todos os voluntários, sobre o funcionamento e função do equipamento utilizado no estudo. O presente estudo teve aprovação do comitê de ética do Instituto de Pesquisa & Desenvolvimento pelo protocolo n. ? H307/CEP/2007 UNIVAP (Anexo A). 5.4.1 Procedimento no dinamômetro isocinético Os dois testes foram realizados no modo isotônico concêntrico/concêntrico de flexão/extensão do joelho bilateral, por meio de 15 repetições contínuas, recíprocas verdadeir as para flexão/extensão do joelho. A velocidade angular foi estipulada para todos os atletas a 60o . Os voluntários foram instruídos a fazer o máximo de força durante o teste, sendo estimulados tanto visualmente (pela tela do computador) quanto verbalmente. 42 Figura 6: Atleta posicionado no dinamômetro para realização do experimento. 5.4.2 Procedimento para a análise do recrutamento de fibras por meio da eletromiografia A realização dos testes ocorreu em 2 semanas, sendo que a primeira semana foi realizada por atletas de TKD, na segunda atletas de Kick Boxing, como seguem: Todos os atletas realizaram aquecimento na bicicleta ergométrica por 10 minutos e, após, foram posicionados numa maca para a colocação dos eletrodos no ponto motor do músculo representados nas figuras 7,8,9 e10 (reto femoral, vasto lateral, vasto medial e bíceps femoral) realizando a tricotomia e limpeza da epiderme com álcool, ao nível dos músculos estudados. Os voluntários foram devidamente aterrados, com fio terra posicionado no punho do lado direto. Em seguida, foram posicionados na cadeira do dinamômetro para a realização das 15 repetições no modo concêntrico/concêntrico, com a utilização do EMG. 43 Figura 7: Ponto motor do vasto lateral. Fonte: Delagi et al. (1981). Figura 8: Ponto motor do vasto medial. Delagi et al. (1981). Figura 9: Ponto motor do reto femural. Delagi et al. (1981). Figura 10: Ponto motor o bíceps femural. Delagi et al. (1981). 5.5 Análises dos dados As análises dos dados foram comparadas entre o primeiro e o segundo grupo. Para a análise de dados biológicos foi utilizada a Transformada de Wavelets para entender a relação entre potência (variação) dos diferentes grupos. Para os dados de significância foi utilizado o teste estatístico Mann-Whitney test (one-tail). 43 6 RESULTADOS Os resultados foram analisados pelo programa MATLAB, por meio da Transformada de Wavelet, para a verificação da potência média de todos os atletas de TKD e KB; sendo possível a verificação por meio das tabelas, gráficos e figuras demonstrando os resultados obtidos. Tabela 1: Valores da Potência Média dos atletas de TKD (0 a 60s Milivolt^2) Músculo Reto Fem Esq Dir Voluntário VastoMed VastoLat Esq Dir Esq Dir Valor sig total (0 a 60 s Milivolt^2) BicepsFem Esq Dir A1 8.217 6.598 7.553 7.08 9.096 7.089 4.557 6.014 A2 7.663 7.009 7.983 7.604 6.714 6.373 7.155 7.109 A3 7.893 7.695 6.71 6.308 7.258 7.871 7.883 7.548 A4 5.889 6.317 7.859 8.126 7.638 7.237 9.736 8.178 A5 7.729 7.648 8.666 7.556 7.093 6.277 6.746 6.839 Tabela 2: Valores da Potência Média dos atletas de KB (0 a 60s Milivolt^2) Reto Fem Esq Dir Voluntário Músculo VastoMed VastoLat Esq Dir Esq Dir Valor sig total 0 a 60 s(Milivolt^2) BicepsFem Esq Dir B1 10.144 9.642 8.411 8.278 8.819 8.879 7.978 8.97 B2 8.168 8.549 7.992 7.865 7.172 9.389 6.032 6.948 B3 8.346 7.159 7.325 6.502 6.603 6.832 7.283 6.701 B4 7.515 7.897 7.663 9.13 9.363 8.731 7.245 8.398 B5 8.495 6.504 6.663 8.384 7.657 8.667 6.247 6.379 44 Tabela 3: Média e Desvio Padrão dos atletas de TKD e KB Reto Fe m Esq Dir Músculo VastoMed VastoLat Esq Dir Esq Dir Valor sig total 0 a 60 s(Milivolt^2) BicepsFem Esq Dir MÉDIA TKD 7.478 7.053 7.754 7.335 7.559 6.969 7.215 7.138 DESVIO TKD 0.914 0.616 0.712 0.683 0.921 0.658 1.877 0.807 MÉDIA KB 8.5336 7.9502 7.6108 8.0318 7.9228 8.4996 6.957 7.4792 DESVIO KB 0.975 1.219 0.665 0.969 1.146 0.974 0.805 1.136 Tabela 4: Representação dos valores significativos para cada músculo, considerando o valor de p<0.05. Reto Fem Esq Dir p>0.05 p<0.07 p< 0,11 Músculo VastoMed VastoLat Esq Dir Esq Dir p<0.42 p<0.07 p<0.34 p<0.03 BicepsFem Esq Dir p<0.50 p<0.42 Média e Desvio Padrão (MIE) Milivolt^2 10 8 6 4 2 0 KB TKD Reto F . Vasto M Vasto L Biceps F Músculos Gráfico 1: Comparação das médias e dos desvios do membro inferior esquerdo. 45 Gráfico 2: Comparação das médias e dos desvios do membro inferior direito,*representação da significância do músculo vasto lateral. Os dados abaixo demonstram a média do pico de torque dos atletas de TKD e KB por meio do dinamômetro isociné tico. Tabela 5: Média do pico de torque para os atletas de KB MÉDIA EXTENSOR D E FLEXOR D E Voluntário B1 136.0 125.5 70.5 57.31 B2 131.95 124.67 70.96 75.37 B3 123.72 127.57 59.51 47.69 B4 213.27 207.63 96.16 90.41 B5 137.52 144.71 61.67 73.92 46 Tabela 6: Média do pico de torque para os atletas de TKD MÉDIA EXTENSOR D E FLEXOR D E Voluntário A1 182.04 155.45 94.71 87.34 A2 116.32 127.53 64.97 69.84 A3 177.43 162.41 89.46 97.64 A4 139.31 149.95 84.27 79.3 A5 171.07 182.33 112.64 106.52 Tabela 7: Média e Desvio Padrão do pico de torque do grupo de atletas de TKD e KB. MÉDIA EXTENSOR D E FLEXOR D E KB 148.49 146.02 71.76 68.94 TKD 157.23 155.53 89.21 88.13 DESVIO KB 32.74 31.67 13.03 14.93 DESVIO TKD 25.34 17.78 15.43 12.97 Os dados acima não apresentaram níveis de significância inferior p<0,05. para os extensores e flexores de joelho. 47 Newtons-mestros Média e Desvio Padrão do Pico de Torque 200 150 100 50 KB TKD 0 D E D Extensor E Flexor Gráfico 3: Médi a e Desvio Padrão do Pico de torque do extensor e flexor de joelho do membro inferior direito e esquerdo. 6.1 Análises da Transformada de Wavelet Nas figuras abaixo é possível observar cada contração muscular e suas diferenç as significativas dentro das ilhas, que é representado de uma forma qualitativa, as cores apresentadas na lateral esquerda da figura demonstra, que quanto mais escura a cor, maior será o pico de potência, sendo que, na parte superior do gráfico se encontram os dados da eletromiografia, e ao lado direito é possível observar os gráfico GWS, que demonstras numa forma quantitativa a somatória das freqüências no período considerados pela Tranformada Wavelet, sendo que após a linha tracejada representa os dados significativos para cada músculo. A outras figuras se encontram no apêndice A. 48 Figura 11: Representação da atividade eletromiográfica dos músculos extensores e o flexor de joelho de um atleta de TKD apresentado por meio da Transformada de Wavelet. Figura 12: Representação da atividade eletr omiográfica dos músculos extensores e o flexor de joelho de um atleta de TKD apresentado por meio da Transformada de Wavelet. 49 Figura 13: Representação da atividade eletromiográfica dos músculos extensores e o flexor de joelho de um atleta de KB apresentado por meio da Transformada de Wavelet. Figura 14: Representação da atividade eletromiograáfica dos músculos extensores e o flexor de joelho de um atleta de KB apresentado por meio da Transformada de Wavelet. 50 7 DISCUSSÃO Ainda que os resultados deste estudo demonstrem que o grupo de atletas do TKD apresentou uma potência média similar ao grupo de atletas do KB, que possui um tempo de treinamento inferior, percebe-se que o músculo vasto lateral apresentou uma diferença significativa que, de acordo com o estudo de Pincivero et al. 2001, em contrações isométricas de joelho a 60°, a atividade do músculo VL é significativamente maior que do VM de flexão, sendo que a atividade do RF fica entre os dois músculos. Essa diferença sugere que o VM possui maior proporção de fibras de contração lenta e maior variação dos tipos de fibras do VL. Em atividades com cargas máximas, um maior número de fibras de contração rápida (tipo II), é recrutado dando origem a uma maior freqüência do sinal eletromiográfico. Entretanto no estudo de Miller; Croce; Hutchins, os resultados sugerem que durante movimentos isocinéticos da flexão-extensão em 600 e em 3000 , o VM e o BF tenham níveis recíprocos significativamente maiores de ativação quando comparados ao do Vl, de acordo com o RMS. Sendo que, no estudo de Pinto Neto e Magini, 2007, a potência média para o golpe de palma de atletas treinados de Kung-Fu, foi superior ao grupo controle de não praticantes. Porquanto, o tipo de treinamento é essencial para diferenciar cada modalidade e preparar os atletas para a competição, sendo que o tempo de treinamento pode ser diferenciado pela técnica de execução habilidosa, motivação e percepção, podendo apresentar diferenças de indivíduo para indivíduo, o que faz com que a experiência em realizar a tarefa a ser executada dependa do nível de desenvolvimento e maturidade do indivíduo (SINGER, 1980). A motivação e a percepção fazem parte da identificação do estímulo, as quais permitem ao sistema nervoso central descobrir e definir o estímulo apresentado (SCHMIDT, 1993). Elas ocorrem no sistema límbico, que é crucial para a habilidade humana para aprender com base na experiência (ENOKA, 2000). Para o desenvolvimento da técnica, é necessário treinamento contínuo e objetivo para que os atletas alcancem nível ótimo de força nas atividades específicas. Por isso, cada especialista deve definir claramente suas prioridades: tipo de exercício realizado, ângulos das articulações, modos de contração, velocidade de execução e fontes energéticas predominantes, entre outros (BADILLO; AYESTARÁN, 2001). 51 O estudo analisado de uma arte marcial, que é uma modalidade que tem o predomínio anaeróbio, o qual gera energia rapidamente por curtos períodos sem oxigênio, demonstra que, à medida que o exercício explosivo progride para 60 segundos de duração e ocorre uma ligeira redução do rendimento de potência, a maior parte da energia ainda terá origem nas vias anaeróbias. Entretanto, essas reações metabólicas envolvem também o sistema de energia da glicólise em curto prazo, com o subseqüente acúmulo de lactato. À medida que a intensidade do exercício diminui e a duração é prolongada para 2 a 4 minutos, a dependência da energia proeminente dos fosfagênios intramusculares e da glicólise anaeróbia diminui e a produção aeróbia de ATP torna-se cada vez mais importante (MCARDLE; KATCH; KATCH, 2002). As modalidades analisadas têm, em campeonatos oficiais, um combate três rounds de dois minutos por um minuto de descanso (KIM, 2006) e muitas vezes a queda do desempenho em uma luta é visualizada pela queda na boa execução técnica dos movimentos. Esse mau desempenho dos movimentos é atribuído ao preparo não eficiente da técnica de luta. Porém, como afirmam Badillo; Ayestarán, 2001, a força desempenha um papel decisivo na boa execução técnica. Em muitos casos, a falha técnica não ocorre por falta de coordenação ou habilidade, mas por falta de força nos grupos musculares que intervêm em uma fase concreta do movimento. Lin et al. 2006 estudaram atletas de elite da equipe da Tailândia de TKD de diferentes pesos, sendo homens e mulheres, e constataram que os atletas, apesar do poder de resistência anaeróbio relativamente pobre, eram ainda bem sucedidos em competições internacionais porque compensavam a capacidade anaeróbia mais baixa com habilidade e experiência excelentes. De acordo com Verkhoshanski, 2001; Zakharov 2003, a preparação física tem papel determinante na interligação com a preparação técnica, sendo condição básica para sua assimilação, pois o nível técnico exerce influência sobre a preparação física, acelerando ou impedindo seu desenvolvimento nas modalidades esportivas de “contato”, em que o combate ocorre com o confronto imediato dos atletas. O significado da tática para a obtenção dos objetivos é muito grande, porque é necessário superar permanentemente as ações do adversário, o que exige uma aplicação diversificada e inteligente de ações táticas. No estudo de Bouhlel et al. 2006 os atletas de elite foram analisados após os combates simulados, demonstrando que o TKD exige altos níveis de aeróbio e aptidão física anaeróbia. Entretanto, o significativo aumento do lactato no sangue durante a 52 competição simulada indica que o metabolismo anaeróbio é igualmente importante em TKD. A correlação observada entre exercícios específicos e a competição simulada de TKD sugeriu que tais exercícios fossem usados na formação para desenvolver o metabolismo aeróbio e/ou anaeróbio de acordo com a duração do exercício. Durante uma seqüência intensa de ataque, o metabolismo anaeróbio é importante, e no contraataque (momento de espera para aplicar o golpe), o metabolismo aeróbio deve ser predominante. A contribuição relativa do metabolismo anaeróbio ou aeróbio não é clara. Depende provavelmente de muitos fatores, tais como, a técnica do atleta, a técnica do rival, e/ou a importância da competição. No estudo de Han et al. 2006, os atletas de Taekwondo apresentaram um nível de ansiedade superior aos esportes de equipe, e isso tem influências no desempenho do atleta durante a competição. Vemos que a importância da técnica esportiva é fundamental para algumas modalidades, porque é um processo de desenvolvimento, geralmente pela prática, para resolver racional e economicamente um problema motor determinado. A técnica de uma modalidade esportiva corresponde a certo tipo motor ideal que, mesmo conservando seus caracteres motores, pode sofrer uma modificação que corresponda aos dados individuais. Nos esportes que exigem força de explosão, num curto espaço de tempo e ao desenvolvimento máximo de força, é preciso uma grande habilidade técnica; nos esportes de combate e nos esportes coletivos, a técnica influencia prioritariamente na solução de situações complexas de combates ou de jogo (WEINICK, 2003). Nas artes marciais, durante as competições, ocorrem um número de lesões de músculos, ligamentos ou ossos. No estudo de Gartland et al. 2001, foi realizado um questionário nas academias para verificação das principais lesões e constatou-se que as lesões musculares e ligamentares são as principais. Para o grupo de atletas de TKD, as lesões mais comuns foram nos membros inferiores; já os atletas de KB e Muay Thai, apresentaram lesões na cabeça, na face, em regiões do pescoço e nos membros superior e inferior, demonstrando que os treinamentos são mais fortes para que no combate os atletas suportem os golpes e estejam aptos. Segundo Green et al. 2007, que estudaram as lesões durante uma competição de judô e concluíram que elas ocorrem em uma taxa igualmente comparável com outras artes marciais e esporte de contato, e que a perda de peso antes da competição, além de influenciar no desempenho, também aumenta o risco de lesões musculares. Portanto, o tipo de treinamento para diferentes artes marciais, é essencial para o desenvolvimento do atleta, porque foi possível verificar que com um ano de treinamento 53 para competição, o atleta já alcança níveis de potência média similares ao que treina há mais de cinco anos. Sugere-se que, os atletas de TKD visam numa luta uma seqüência de golpes para marcar o maior número de pontos num round com velocidade. Desta maneira, durante os treinamentos, os atletas são condicionados a realizar quantidade de chutes com técnicas de ataque e de contra-ataque; já os atletas do KB buscam numa luta o nocaute, realizando chutes para machucar e derrubar o adversário, e nos treinamentos é necessário um enfoque na força muscular para a realização de chutes com força. 54 8 CONCLUSÃO Conclui-se que apenas o músculo vasto lateral direito de atletas de Kick Boxing, apresentou maior atividade elétrica comparado aos atletas de Taekwondo, analisado por meio da Transformada Wavelet. Verificou-se também que não houve diferença significativa entre o pico de torque dos extensores e flexores de joelho dos grupos Igualmente, não houve diferença entre o tempo de treinamento, visto que atletas que treinam há mais de um ano freqüentemente apresentam a mesma potência média que atletas que treinam há mais de cinco anos. A forma de treinamento seja de resistência, força ou velocidade influencia no desempenho muscular dos atletas, melhorando sua capacidade, tornando-os capazes de recrutar um número maior de fibras. Portanto, para haver uma melhora no desempenho muscular, é necessário conhecimento sobre as solicitações metabólicas envolvidas em tais exercícios, sobre o desenvolvimento da técnica e também da tática do atleta. Sendo assim, para que se tenha uma melhor compreensão e uma fidedignidade nos resultados, é necessária a realização de novos estudos com um número maior de amostras. 55 REFERÊNCIAS ALVES, D. Historia do Kick Boxing. 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(Apostila). 60 ANEXO A: Comitê de Ética em Pesquisa 61 ANEXO B: TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO (Em duas vias, uma retirada pelo sujeito e outra pelo(a) pesquisador(a)) Prezado(a) Senhor(a): Eu, Susane Moreira Machado, mestranda do Programa de Pós-graduação Stricto Sensu em Engenharia Biomédica, da Universidade do Vale do Paraíba, estou desenvolvendo uma pesquisa como parte dos requisitos necessários para a obtenção do título de Mestre. O estudo tem finalidades acadêmicas, assim como a divulgação científica dos seus resultados e tem como objetivo estudar o tempo de treinamento de atletas de Taekwondo e Kick Boxing por meio da eletromiografia. Sob a supervisão e orientação do Prof. Dr. Marcio Magini e Prof. Dr. Rodrigo Alexis Lazo Osório. Sua participação é livre, voluntária e isenta de remuneração, sendo que sua identidade será mantida em sigilo. Mesmo concordando em participar, você poderá desistir a qualquer momento do estudo, sem que haja para você qualquer dano ou prejuízo. O pesquisador estará disponível para esclarecer quaisquer dúvidas, bastando para isso contatá-lo pelo telefone (12) 39362365. Os dados coletados serão mantidos no computador do Laboratório de Biodinâmica da universidade e transcritos para a Dissertação. Os mesmos serão utilizados única e exclusivamente para os objetivos propostos do estudo. Eu, ___________________________________, após ter sido esclarecido (a) pela pesquisadora e ter entendido o que está escrito acima, AUTORIZO a participação do na pesquisa. Assinatura: _________________________________ RG: Data: ___/___/___ Eu, -------------------, mestranda responsável pela pesquisa, declaro que obtive espontaneamente o consentimento deste sujeito de pesquisa para realizar este estudo. l. Assinatura: _________________________________ Data: ___/___/___ 62 ANEXO C: Ficha de avaliação dos atletas Nome:.........................................................................................data de nascimento ......... Endereço:..............................................................................................número................... Bairro:................................................................cidade ........................estado.................... tel:...........................................cel:...................................... Peso:........................... altura:......................................... Há quantos anos pratica a modalidade?................. Quantas vezes por semana?................ Quantas horas por dia?........... Qual é a graduação de sua faixa?................. Teve alguma lesão muscular no período de junho a outubro? ( ) sim ( ) não Obs: Já teve alguma lesão muscular antes desse período estipulado e qual foi a musculatura afetada? Fez tratamento? Pratica outro esporte fora o TKD? ( ) sim ( ) não Quantas vezes por semana?......................................... .............................................................. Membro inferior dominante ( ) direto ( ) esquerdo Fumante ( ) sim ( ) não É filiado à federação Paulista de TKD? ( ) sim ( ) não 63 Apêndice A: Wavelet Figura 1: Voluntário A1 (Lado Esquerdo) Figura 2: Voluntário A1 (Lado Esquerdo) 64 Voluntário A1 (Lado Direito) Voluntário A1 (Lado Direito) 65 Voluntário A2 (Lado Esquerdo) Voluntário A2 (Lado Esquerdo) 66 Voluntário A2 (Lado Direito) Voluntário A2 (Lado Direito) 67 Voluntário A3 (Lado Esquerdo) Voluntário A3 (Lado Esquerdo) 68 Voluntário A3 (Lado Direito) Voluntário A3 (Lado Direito) 69 Voluntário A4 (Lado Esquerdo) Voluntário A4 (Lado Esquerdo) 70 Voluntário A4 (Lado Direito) Voluntário A4 (Lado Direito) 71 Voluntário A5 (Lado Esquerdo) Voluntário A5 (Lado Esquerdo) 72 Voluntário A5 (Lado Direito) Voluntário A5 (Lado Direito) 73 Voluntário B1 (Lado Esquerdo) Voluntário B1 (Lado Esquerdo) 74 Voluntário B1 (Lado Direito) Voluntário B1 (Lado Direito) 75 Voluntário B2 (Lado Esquerdo) Voluntário B2 (Lado Esquerdo) 76 Voluntário B2 (Lado Direito) Voluntário B2 (Lado Direito) 77 Voluntário B3 (Lado Esquerdo) Voluntário B3 (Lado Esquerdo) 78 Voluntário B3 (Lado Direito) Voluntário B3 (Lado Direito) 79 Voluntário B4 (Lado Esquerdo) Voluntário B4 (Lado Esquerdo) 80 Voluntário B4 (Lado Direito) Voluntário B4 (Lado Direito) 81 Voluntário B5 (Lado Esquerdo) Voluntário B5 (Lado Esquerdo) 82 Voluntário B5 (Lado Direito) Voluntário B5 (Lado Direito)