Francisco Arimatéia dos Santos Alves Análise da herança duplo-uniparental e estudos populacionais de Mytella falcata (D'ORBIGNY, 1846) dos estados do Pará e Alagoas. Resumo O presente estudo teve como objetivo caracterizar geneticamente e comparar as populações de Mytella falcata de Bragança (PA; N=28); Nova Olinda (Augusto Corrêa-PA; N=26); São João de Pirabas (PA; N= 22) e Alagoas (Lagoa Mundaú AL; N=31). Os resultados obtidos a partir das sequências dos genes citocromo oxidase c subunidade 1 (COI; DNA mitocondrial) mostraram, nas populações do Pará, a presença de duas linhagens de genomas mitocondriais. Os sequenciamentos das regiões dos rRNA18S e dos espaçadores transcritos internos 1 (ITS1) mostraram que todas as sequências eram idênticas, indicando que pertenciam a mesma espécie. Após a determinação do sexo por observações histológicas das gônadas, foram identificados quais eram os mitótipos mtDNA M e mtDNA F e os achados do presente estudo corroboraram a hipótese da origem das duas linhagens de mtDNA ser por herança dupla-uniparental. Nas análises populacionais, realizadas apenas com mitótipos mtDNA F do gene COI, foram identificados 38 haplótipos. Os resultados de Fst mostraram que as populações do Pará eram significativamente diferentes da população de Alagoas. Apesar do resultado da AMOVA indicar que as três populações do Pará eram homogêneas, cada população apresentou haplótipos exclusivos de baixa freqüência, sugerindo que houve restrições quanto ao fluxo gênico entre elas. Os testes de neutralidade de Fu (Fs) mostraram valores negativos e significativos para as três populações do Pará. As análises populacionais baseadas em seqüências parciais do gene mtDNA COI na espécie M. falcata sugeriram que a população de Bragança passou por um processo de expansão populacional súbita.