ESTUDO ETNOZOOLÓGICO DE MAMÍFEROS DE MÉDIO E GRANDE PORTE NAS POPULAÇÕES DE DUAS MICROBACIAS DO RIO PINDAÍBA-MT: RESULTADOS PRELIMINARES Luiz Henrique Argôlo Camilo(1); Sérgio Lopes de Oliveira(2), (3) Drª Maria Stela de Campos França 1 Acadêmico do curso de Ciências Biológicas – UNEMAT. Campus Universitário de Nova Xavantina.– email: [email protected] ; 2 Acadêmico do curso de Ciências Biológicas – UNEMAT. Campus Universitário de Nova Xavantina.– email: [email protected] ;3 Professor Orientador, Depto de Ciências Biológicas, UNEMAT. e-mail: [email protected] Resumo: Diversos estudos sobre a mastofauna do cerrado na região de Nova Xavantina-MT têm abordado a diversidade de mamíferos que se encontram neste bioma. No entanto, são escassos trabalhos que abordem a perspectiva humana e seus conhecimentos, ações e relações acerca da mastofauna conhecida e que relacionem aos frutos do cerrado utilizados na alimentação desses animais. A cultura apresenta-se como parte fundamental e integrante da riqueza de um povo na medida em que fundamenta as ações sobre a natureza. Da interação constante das populações locais com a mastofauna emergem conhecimentos locais e/ou tradicionais e, portanto, formas de manejo sobre esse grupo de animais, que em geral são caracterizadas pela conservação e uso sustentável desse bem. Assim, buscou-se conhecer os saberes locais da mastofauna conhecida pela população residente em duas micro-bacias do Rio Pindaíba – MT. Utilizando a metodologia de entrevista aberta e semi-estruturada, foram entrevistadas pessoas indicadas por moradores locais como detentoras do conhecimento sobre mamíferos. A observação participante também fez parte das técnicas utilizadas. Foram reproduzidas em gesso as pegadas dos animais encontradas nas fazendas estudadas, Vale Verde e Capitão, e um inventário das espécies citadas e observadas no trabalho de campo. Os dados foram reunidos em categorias das quais constam: etnotaxonomia, atributos afetivos, características comportamentais e elaboração cognitiva sobre cada animal mencionado. Os dados foram analisados qualitativamente. Em seguida foi realizada uma comparação entre os conhecimentos construídos localmente e o acadêmico. Os dados preliminares apontam para uma maior recorrência de etnoespécies na Fazenda Vale Verde. Foram narradas a grande abundância de queixada (Tayassu pecari), anta (Tapirus terrestris), cervo (Blastocerus dichotomus), veado campeiro (Ozotocerus bezoarticus), cutia (Dasyprocta sp.), paca (Cuniculus paca), tamanduá banderia (Mimercophaga tricactyla), tamanduá-michila (Tamandua tetradactyla), tatu galinha (Dasypus novemcinctus), tatu peba (Euphractus sexcinctus) , cateto (Pecari tajacu) e macaco prego (Cebus sp.). Em contrapartida na fazenda Capitão foi apontada a abundância de capivara (Hydrochoerus hidrochaeris), tatu peba e anta. Foi observada a coincidência entre os conhecimentos construídos localmente e o saber científico. Nas duas fazendas foi narrada a existência de espécies de onças diferentes entre si e que não são tratadas pela literatura especializada. As conclusões preliminares sugerem que a sistematização da propriedade em corredores ecológicos favorece a proteção, abrigo e reprodução dos animais em decorrência de uma maior densidade da vegetação de onde emerge um ambiente mais propício à recorrência de animais. Sugere-se pesquisa futura que compare a recorrência de animais presentes em local onde se dá a conservação da vegetação sistematizada em corredores ecológicos e lugar onde se dá conservação da vegetação feita em bloco contínuo a fim de estudar as possíveis variações na densidade de animais nesses dois sistemas. Palavras-chave: etnomastozoologia, etnozoologia, etnociência, etnoconhecimento, corredores ecológicos.