6º CONGRESSO BRASILEIRO DE ENGENHARIA DE FABRICAÇÃO th 6 BRAZILIAN CONFERENCE ON MANUFACTURING ENGINEERING 11 a 15 de abril de 2011 – Caxias do Sul – RS - Brasil April 11th to 15th, 2011 – Caxias do Sul – RS – Brazil DETERMINAÇÃO DO COEFICIENTE DE TRANSFERÊNCIA DE CALOR INTERFACIAL DURANTE A SOLIDIFICAÇÃO DIRECIONAL HORIZONTAL DA LIGA Al-9%Si Diego de Leon Brito Carvalho, e-mail: [email protected] Andréa Moreira Moutinho, e-mail: [email protected] Antonio Luciano Seabra Moreira, e-mail: [email protected] Daniel Joaquim da Conceição Moutinho, e-mail: [email protected] Otávio Fernandes Lima da Rocha, e-mail: [email protected] 1 2 Universidade Federal do Pará, Rua Augusto Corrêa n o 1, Guamá, CEP: 66075-110 – Belém-PA Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Pará Av. Almirante Barroso no 1155, Marco, CEP: 66093-020 – Belém-PA Resumo : A análise do fenômeno da transferência de calor durante a solidificação de uma liga em um sistema metal/molde é bastante complexa pois depende das condições de contorno assumidas, das propriedades termofísicas do molde, das propriedades termofísicas da liga e da distribuição de temperaturas na peça fundida. Durante o processo de solidificação, estes parâmetros variam em função do tempo e da temperatura. O objetivo deste trabalho é determinar o coeficiente de transferência de calor na interface metal/molde (hi ) da liga hipoeutética Al-9%Si solidificada direcionalmente em um sistema horizontal refrigerado a água. Um dispositivo experimental de solidificação foi desenvolvido e amostras da liga investigada foram obtidas sob condições transientes de fluxo de calor. A condição de contato térmico na interface metal/molde foi padronizada com a superfície de extração de calor sendo polida. Os perfis de temperaturas foram medidos em diferentes posições do lingote e os dados conseguidos foram armazenados automaticamente. Termopares foram posicionados no molde e conectados através de cabos coaxiais a um sistema de aquisição de dados interfaciado a um computador. Uma técnica numérica foi utilizada para determinar os valores experimentais do coeficiente de transferência de calor da liga analisada o qual é representado por uma equação na forma de potência em função do tempo. Os resultados teóricos e experimentais levantados apresentaram uma boa concordância. Finalmente, um estudo comparativo entre os valores de hi obtidos neste trabalho e resultados propostos na literatura para determinar o coeficiente de transferência de calor durante a solidificação unidirecional vertical ascendente sob condições transientes de extração de calor da liga investigada é apresentado e os resultados obtidos mostram perfis diferentes para ambos os sistemas considerados. Palavras-chave: solidificação, direcional, horizontal, transiente, ligas Al-Si. 1. INTRODUÇÃO As propriedades mecânicas dos produtos fundidos são dependentes das condições assumidas durante o fenômeno da solidificação que, por sua vez, são determinadas pelas propriedades termofísicas do líquido, do molde assim como pela resistência à transferência de calor na interface metal/molde. Assim, importantes estudos têm sido realizados nas últimas décadas com o objetivo de ser estabelecida, de forma sistematizada, a influência dos diversos parâmetros térmicos e operacionais envolvidos no processo de solidificação sobre a estrutura resultante buscando elevar as propriedades mecânicas e, por conseguinte, o desempenho dos materiais solidificados por meio do desenvolvimento de procedimentos experimentais e métodos matemáticos de caráter analítico e/ou numérico. Durante a solidificação o fluxo de calor na interface metal/molde geralmente é variável, pois o contato físico entre as superfícies do metal e do molde ocorre somente em pequenas regiões isoladas. A junção entre as duas superfícies proporciona vazios que dependem de diversos fatores entre os quais a presença de revestimentos superficiais, orientação da superfície do fundido, propriedades termofísicas dos materiais em contato, sistema de liga, composição da liga, tensão superficial da liga no estado líquido, pré-aquecimento do molde, temperatura de vazamento, geometria e dimensão da peça, rugosidade da superfície interna do molde, etc (Kim e Lee, 1997; Griffiths, 2000 e Sahin et al, 2007). Como conseqüência, o molhamento da parede interna do molde pelo líquido não é completo e com a formação de vazios nesta interface, o coeficiente de transferência de calor interfacial (h i) diminui desacelerando a solidificação © Associação Brasileira de Engenharia e Ciências Mecânicas 2011 6º C ON G R E S S O B R A SIL EIR O D E E N G EN H A R I A D E F AB R I C A Ç Ã O 1 1 a 15 d e A b ri l d e 20 11. Ca xia s d o Su l - R S sendo, portanto, capaz de influenciar a estrutura, as propriedades e o comportamento mecânico do produto final (Santos et al, 2001; Cheung et al, 2009). A Figura (1) apresenta, de maneira esquemática, os modos de transferência de calor existentes na interface metal/molde. Conforme pode ser observado, a transferência ocorre por condução nos pontos de contato entre as duas superfícies separadas e por convecção e radiação através dos gases aprisionados pelos espaços criados entre as mesmas Cheung et al (2009). Figura 1. Representação esquemática dos modos de transferência de calor na interface metal/molde condução, convecção e radiação (Cheung et al). A determinação do coeficiente de transferência de calor na interface metal/molde depende das condições de contorno impostas durante o processo de solidificação bem como das propriedades termofísicas do produto fundido e do molde que, na grande maioria das vezes, variam em função do tempo e da temperatura. Assim, de maneira geral, os resultados obtidos para coeficientes de transferência de calor interfaciais representam valores que são válidos somente para as condições particulares em que foram medidos podendo ser utilizados, por conseguinte, apenas como referência em outros tipos de aplicações práticas. Nos últimos anos, diversos pesquisadores têm desenvolvido trabalhos visando estudar o mecanismo pelo qual o calor é transferido através da interface metal/molde durante o processo de solidificação de ligas metálicas em moldes de aço baixo carbono, aço inoxidável, cobre, ferro fundido e areia sob as mais variadas condições operacionais. Os modelos apresentados para a análise deste coeficiente da transferência de calor interfacial têm sido propostos utilizando valores experimentais de temperatura, medidos tanto no fundido como no molde, juntamente com soluções analíticas (Griffiths, 2000; Santos et al,2001 e Fortin et al,1992) ou numéricas (Ferreira et al, 2008; Hallam, 2004 e Da-shan et al, 2008). Por outro lado, muitos trabalhos de natureza experimental, igualmente importantes, também têm sido realizados com o objetivo de determinar-se o referido coeficiente (Hwang et al, 1994; Khan et al,2000 e Aweda et al, 2009). Estes trabalhos mostram que o coeficiente de transferência de calor em questão apresenta valores bem mais elevados nos estágios iniciais da solidificação e que estes, devido à contração da peça no interior do molde e a conseqüente criação de vazios na interface metal/molde, diminuem gradativamente à medida que o processo progride até alcançarem valores bem menores e praticamente constantes. Diversos processos industriais são influenciados pelos modos através dos quais a convecção térmica e a convecção composicional ocorrem durante a solidificação. Assim, os efeitos impostos pela direção de crescimento do sólido, em relação à interface metal/molde, têm sido investigados em sistemas de solidificação unidirecional com a extração de calor sendo realizada, principalmente, através da base (Ares e Schvezov, 2000 e Canté et al, 2007) e da parte superior do molde (Spinelli et al, 2004). Na solidificação direcional vertical ascendente, a influência da convecção é minimizada pois o soluto é rejeitado para regiões interdendríticas promovendo a formação de um líquido mais denso que o volume total de metal líquido. Por outro lado, no caso da solidificação direcional vertical descendente, ocorrem efeitos convectivos no líquido durante o processo devido a diferença entre as densidades do soluto e do solvente. Na solidificação unidirecional horizontal, no entanto, quando o fluxo de calor é extraído através de somente uma das paredes laterais do molde, a convecção em função dos gradientes de composição no líquido sempre ocorre. Uma interessante característica adicional do sistema horizontal durante a mudança de fase, é o gradiente de concentração de soluto bem como os efeitos de densidade na direção vertical pois o líquido enriquecido de soluto sempre decanta ao passo que o solvente tende a emergir devido as forças de flutuabilidade. Além disso, devido os efeitos impostos pela convecção termossolutal, sempre vai ocorrer um gradiente de temperaturas na direção vertical. Apesar dessas características particulares, são poucos os estudos propostos na literatura para investigar estes importantes efeitos convectivos no líquido impostos sobre o coeficiente de transferência de calor na interface metal/molde durante a solidificação unidirecional horizontal. 6º C ON G R E S S O B R A SIL EIR O D E E N G EN H A R I A D E F AB R I C A Ç Ã O 1 1 a 15 d e A b ri l d e 20 11. Ca xia s d o Su l - R S Considerando a importância do assunto, o principal objetivo deste trabalho é determinar o perfil experimental do coeficiente de transferência de calor interfacial durante a solidificação direcional da liga Al-9%Si em um sistema de configuração horizontal refrigerado a água, sob condições transientes de extração de calor, na presença de convecção termossolutal. O referido coeficiente é representado por uma equação na forma de potência em função do tempo. Um estudo comparativo entre os valores de h i obtidos neste trabalho e resultados propostos na literatura para o coeficiente de transferência de calor durante a solidificação unidirecional vertical ascendente sob condições transientes de extração de calor da liga investigada é apresentado e os resultados obtidos mostram perfis diferentes para ambos os sistemas considerados. 2. MATERIAIS E MÉTODOS O dispositivo de solidificação empregado nos experimentos é mostrado de forma esquemática na Fig. (2). O mesmo foi projetado de tal maneira que o calor do metal líquido fosse extraído somente através de um sistema refrigerado a água, localizado em uma das paredes laterais do molde, promovendo assim a solidificação direcional horizontal. O molde de aço inoxidável utilizado possui 110 mm de comprimento, 70 mm de largura, 60 mm de altura e suas paredes 3 mm de espessura. As superfícies laterais internas do mesmo foram revestidas com camadas de alumina e a parte superior foi isolada com material refratário para evitar perdas de calor para o meio ambiente. A condição de contato térmico na interface metal/molde foi padronizada com a superfície de extração de calor sendo polida. As composições químicas dos metais empregados na elaboração da liga Al-9%Si são apresentadas na Tab. (1) e as correspondentes propriedades termofísicas da mesma são mostradas na Tab. (2). Após preparada, a referida liga teve sua composição química confirmada através de análise térmica. Figura 2. Dispositivo de solidificação direcional horizontal utilizado nos experimentos. Tabela 1. Composição química dos metais utilizados na preparação da liga estudada. Metal Al Si Al 99,7 0,1094 Fe 0,176 0,3164 Ni 0,006 0,0102 Si 0,062 99,596 P 0,0100 Ca 0,0214 Ti 0,009 0,0455 Zn 0,007 - Ga 0,012 - V 0,011 - Cu 0,005 - Tabela 2. Propriedades termofísicas da liga Al-9%Si. Propriedades Símbolo/Unidade Al-9%Si Densidade ρS [kg/m3] (sólido) ρL [kg/m3] (líquido) 2670 2399 Calor Latente L [J/kg] 405548 Calor Específico cS [J/kg K] (sólido) cL [J/kg K] (líquido) 963 1078 Condutividade Térmica KS [W/m K] (sólido) KL [W/m K] (líquido) 81 88 Temperatura Solidus Temperatura Liquidus TS [ºC] TL [ºC] 577 604 6º C ON G R E S S O B R A SIL EIR O D E E N G EN H A R I A D E F AB R I C A Ç Ã O 1 1 a 15 d e A b ri l d e 20 11. Ca xia s d o Su l - R S A liga estudada foi fundida in situ no dispositivo de solidificação e levada até a temperatura correspondente a 10% acima de sua temperatura liquidus. Atingido o nível de superaquecimento desejado, as resistências elétricas do dispositivo foram desligadas e o sistema de refrigeração acionado. Os jatos do fluido refrigerante induziram uma extração de calor longitudinal, ou seja, apenas na direção horizontal conforme estabelecido neste estudo. Os valores das temperaturas foram medidos em diferentes posições do lingote durante a solidificação e os dados obtidos foram armazenados automaticamente. Para tanto, cinco termopares do tipo K foram posicionados conforme indicado na Fig. (2). Os mesmos foram calibrados com base no ponto de fusão do alumínio indicando flutuações em torno de 1 ºC e conectados através de cabos coaxiais a um sistema de aquisição de dados interfaciado a um computador. Os termopares de 1,6 mm e revestidos de aço foram posicionados a 5, 10, 15, 30 e 50 mm a partir da superfície de extração de calor. Os resultados da análise térmica experimental da liga estudada foram comparados com valores teóricos fornecidos por um método numérico (Santos et al, 2001) a fim de determinar a distribuição dos valores de hi durante o processo de solidificação. O perfil do coeficiente de transferência de calor obtido é representado pela Eq. (1), ou seja: hi = C(t)−n (1) onde, hi (W/m2K), t (s), C e n são constantes que dependem, respectivamente, da temperatura de vazamento, material do molde e composição da liga. A fim de avaliar-se a eficiência do fluxo de calor na direção horizontal no dispositivo de solidificação, a macroestrutura do lingote resultante foi revelada. Este foi cortado na direção longitudinal, a mesma em que ocorreu a extração de calor durante a solidificação. Em seguida, foi mecanicamente lixado e polido com materiais abrasivos de granulometrias crescentes (100, 220, 320, 400 e 600 mesh) e, posteriormente, atacado quimicamente com solução ácida composta de 5 ml de H2O, 60 ml de HCl, 30 ml de HNO3 e 5 ml de HF a fim de permitir a revelação de sua macroestrutura. A estrutura solidificada direcionalmente da liga estudada é mostrada na Fig. (3). Figura 3. Macroestrutura da liga Al-9%Si. 3. RESULTADOS E DISCUSSÃO A Figura (4) apresenta as curvas experimentais da temperatura em função do tempo obtidas em diferentes posições a partir da interface metal/molde durante a solidificação direcional horizontal da liga Al-9%Si. Para a determinação dos valores de hi foi utilizado o perfil térmico referente ao termopar mais próximo da superfície refrigerada (5 mm) pois eventuais perdas de calor através das paredes laterais do molde são mais improváveis para esta posição, o que assegura melhores condições de unidirecionalidade para o fluxo de calor. 700 Al-9%Si o TV= 663 C 650 o Temperatura ( C) o TL= 596 C 600 550 Termopar Termopar Termopar Termopar Termopar 500 450 0 10 5mm 10mm 15mm 30mm 50mm 20 30 40 50 Tempo (s) Figura 4. Curvas experimentais de resfriamento para os termopares localizados em diferentes posições a partir da interface metal/molde. TV é a temperatura de vazamento. 6º C ON G R E S S O B R A SIL EIR O D E E N G EN H A R I A D E F AB R I C A Ç Ã O 1 1 a 15 d e A b ri l d e 20 11. Ca xia s d o Su l - R S A Figura (5) compara os resultados experimentais da curva de resfriamento obtidos para a liga estudada com valores teóricos fornecidos pelo método numérico anteriormente mencionado indicando a equação na forma de potência, capaz de fornecer os valores assumidos pelo coeficiente de transferência de calor interfacial durante o processo de solidificação. Pode-se observar que foi obtida uma boa concordância entre os resultados teóricos e experimentais. 1000 Al-9%Si o Temperatura ( C) 800 600 400 Termopar 5 mm 200 Simulada - hi = 3800(t) -0,38 2 [W/m K] 0 0 10 20 30 40 50 60 Tempo (s) Figura 5. Curvas teórica e experimental de resfriamento correspondentes ao termopar localizado a 5 mm da superfície de extração de calor e respectiva equação obtida para valores de hi. A Figura (6) apresenta o perfil de h i durante a solidificação horizontal da liga Al-9%Si. Verifica-se que os valores do coeficiente de transferência de calor são mais elevados nos instantes iniciais da solidificação, ou seja, antes da formação do “gap” de ar na interface metal/molde do que aqueles medidos após a formação do mesmo. Nota-se, também, que hi sofre uma drástica redução nos instantes iniciais do processo, principalmente nos primeiros cinqüenta segundos, em seguida ocorre uma gradual redução nos valores do mesmo e, finalmente, estes permanecem praticamente constantes até o final da solidificação. Alguns cuidados devem ser tomados ao tentar explicar-se a tendência geral do comportamento do h i de uma liga qualquer pois importantes fatores tais como o teor de soluto, a fluidez da liga, o intervalo de solidificação, a direção do crescimento e as propriedades termofísicas do metal e do molde são alguns daqueles que influenciam essa tendência. Somente a integração de tais fatores permitirá estabelecer o efeito do teor de soluto sobre o h i. 2000 1800 Al-9%Si 1600 2 hi (W/m K) 1400 1200 hi = 3800(t)-0,38 [W/m2K] 1000 800 600 400 200 0 0 100 200 300 400 500 600 700 800 900 1000 Tempo (s) Figura 6. Perfil de hi em função do tempo durante a solidificação da liga investigada. 6º C ON G R E S S O B R A SIL EIR O D E E N G EN H A R I A D E F AB R I C A Ç Ã O 1 1 a 15 d e A b ri l d e 20 11. Ca xia s d o Su l - R S A Tabela (3) apresenta os valores obtidos neste trabalho e aqueles levantados por Peres et al (2004) para o coeficiente de transferência de calor na interface metal/molde durante a solidificação direcional transiente da liga Al9%Si estudada em sistemas com diferentes configurações. A condição de contato térmico na interface metal-molde assumida pelos autores foi padronizada com a extração de calor sendo realizada através de superfície de contato polida. Tabela 3. Valores dos coeficientes de transferência de calor na interface metal/molde obtidos para a liga Al-9%Si investigada neste trabalho e aqueles levantados por Peres et al (2004). Autor Sistema Peres et al. Presente Trabalho Vertical Ascendente Horizontal Convecção no Líquido Não Sim Condição do Molde Aço Inox Polido Aço Inox Polido Liga Al-9%Si Superaquecimento (K) 2ºC hi (W/m2K) 3300 (t) -0,09 Al-9%Si 60,4ºC 3800 (t) -0,38 A Figura (7) compara os perfis de h i conseguidos neste trabalho com os obtidos por Peres et al durante a solidificação unidirecional transiente da liga Al-9%Si. Observa-se que o perfil levantado para o caso da solidificação vertical ascendente apresenta um comportamento semelhante ao daquele conseguido neste trabalho, ou seja, os valores de hi são mais elevados nos instantes iniciais da solidificação como resultado do melhor contato superficial entre a camada de metal solidificada e o molde. Em seguida, os mesmos decrescem rapidamente para valores praticamente estáveis devido aos efeitos da contração do sólido que possibilitam a formação de vazios na interface metal/molde. No entanto, o perfil obtido por Peres et al, com exceção dos instantes iniciais do processo, é bem mais elevado em função da configuração geométrica do sistema vertical ascendente permitir uma melhor molhabilidade e, portanto, um melhor contato térmico na interface metal/câmara de refrigeração em relação ao sistema horizontal no qual o sólido tende a separar-se das paredes laterais internas do molde durante o processo de solidificação. 4000 Al-9%Si -0,38 hi = 3800(t) - Sistema Horizontal -0,09 hi = 3300(t) - Sistema Vertical Ascendente 2 hi (W/m K) 3000 2000 1000 0 0 100 200 300 400 500 Tempo (s) Figura 7. Perfis de hi em função do tempo para a liga Al-9%Si solidificada nas direções horizontal e vertical ascendente. 4. CONCLUSÃO Experimentos foram realizados com o objetivo de investigar o coeficiente de transferência de calor na interface metal/molde durante a solidificação direcional em regime transiente da liga Al-9%Si em um sistema horizontal refrigerado a água. As principais conclusões obtidas a partir do estudo realizado foram as seguintes: O estudo teórico-experimental desenvolvido foi capaz de prever satisfatoriamente os valores de hi da liga Al9%Si estudada quando solidificada direcionalmente nas condições acima referidas. Os valores de hi podem ser representados pela equação na forma de potência em função do tempo 3800(t)-0,38. A análise comparativa dos resultados deste trabalho com aqueles obtidos por outros autores para o caso da solidificação direcional em regime transiente da liga Al-9%Si em um sistema vertical ascendente refrigerado a água revela importantes diferenças nos valores de h i quando são considerados sistemas de solidificação que 6º C ON G R E S S O B R A SIL EIR O D E E N G EN H A R I A D E F AB R I C A Ç Ã O 1 1 a 15 d e A b ri l d e 20 11. Ca xia s d o Su l - R S permitem diferentes direções de crescimento para o sólido. Assim, o coeficiente de transferência de calor interfacial é significativamente influenciado pela direção da solidificação em relação ao vetor gravidade. O resultado experimental obtidos para h i representa um valor que é válido somente para as condições particulares em que foi medido podendo ser utilizados, portanto, apenas como referência em outros tipos de aplicações práticas. 5. AGRADECIMENTOS Os autores agradecem o apoio financeiro proporcionado pelo Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Pará – IFPA, da Universidade Federal do Pará – UFPA e da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado do Pará – FAPESPA. 6. REFERÊNCIAS Ares, A.E. and Schvezov, C.E., 2000, “Solidification Parameters During the Columnar-to-Equiaxed Transition in LeadTin Alloys”, Metallurgical and Materials Transactions, Vol. 31A, pp. 1611-1625. Aweda, J.O. and Adeyemi, M.B, 2009, “Experimental determination of heat transfer coefficients during squeeze casting of aluminium”, Journal of Materials Processing Technology, Vol. 209, pp.1477–1483. Canté, M.V., Cruz, K.S., Spinelli, J.E., Cheung, N. and Garcia, A., 2007, “Experimental Analysis of the Columnar-toEquiaxed Transition in Directionally Solidified Al–Ni and Al–Sn Alloys”, Materials Letters, Vol. 61, pp. 21352138. 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DIREITOS AUTORAIS Os autores são os únicos responsáveis pelo conteúdo do material impresso incluído no seu trabalho. 6º CONGRESSO BRASILEIRO DE ENGENHARIA DE FABRICAÇÃO th 6 BRAZILIAN CONFERENCE ON MANUFACTURING ENGINEERING 11 a 15 de abril de 2011 – Caxias do Sul – RS - Brasil April 11th to 15th, 2011 – Caxias do Sul – RS – Brazil DETERMINATION OF INTERFACIAL HEAT TRANSFER COEFFICIENT DURING TRANSIENT DIRECTIONAL SOLIDIFICATION OF Al-9%Si ALLOY IN HORIZONTAL SYSTEMS Diego de Leon Brito Carvalho, e-mail: [email protected] Andréa Moreira Moutinho, e-mail: [email protected] Antonio Luciano Seabra Moreira, e-mail: [email protected] Daniel Joaquim da Conceição Moutinho, e-mail: [email protected] Otávio Fernandes Lima da Rocha, e-mail: [email protected] 1 2 Universidade Federal do Pará, Rua Augusto Corrêa n o 1, Guamá, CEP: 66075-110 – Belém-PA Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Pará Av. Almirante Barroso no 1155, Marco, CEP: 66093-020 Belém-PA Abstract. The phenomenon analysis of heat transfer during the solidification of an alloy in a metal/mold system is very complex because it depends of the boundary conditions assumed, thermophysical properties of the mold, thermophysical properties of the alloy and the temperature distribution in the casting . During the solidification process, these parameters vary with time and temperature. The interfacial heat transfer coefficient (hi) for horizontally unidirectional solidification in Al–9wt%Si hypoeutectic alloy was measured during solidification in presence of thermo-solutal convection. A water-cooled solidification experimental set up has been developed, and specimens have been solidified under transient heat flow conditions. The thermal contact condition at the metal/mold interface was patterned with the surface of heat extraction polished. Thermocouples have been connected with the metal, and the time–temperature data have been recorded automatically. A numerical technique which compares theoretical and experimental is used to analyze the hi values. The interfacial heat transfer coefficient of the alloy studied is represented by an equation which shows the time dependence during the process. The experimental and calculated values have shown a very good agreement. Finally, a comparative study between the values of hi obtained in present work and the results proposed in the literature to determine the heat transfer coefficient during upward vertical unidirectional solidification under transient conditions of heat extraction from the alloy investigated is presented. Keywords: solidification, directional, horizontal, transient, Al-Si alloys. © Associação Brasileira de Engenharia e Ciências Mecânicas 2011