PEDAGOGIA EMPRESARIAL: UMA FUNÇÃO TÉCNICA OU IDEOLÓGICA?
PEDAGOGIA EMPRESARIAL:
UMA FUNÇÃO TÉCNICA OU IDEOLÓGICA?
Eliana Silva Vieira Junqueira*
Helenice Maria Tavares**
RESUMO
Muitas críticas têm surgido a respeito da função do Pedagogo Empresarial. Será uma função de
treinador? Ou será a função de um formador de opinião? Discutiremos esse assunto com o objetivo de
esclarecer e comparar as práticas do pedagogo dentro da escola com o pedagogo dentro da empresa.
Este tema polêmico merece ser abordado de um prisma mais amplo, pois entende-se que a relação
ensino-aprendizagem não se restringe ao espaço escolar. Para a elaboração deste estudo utilizou-se de
pesquisa bibliográfica. Os tempos modernos pedem soluções concretas, não há mais lugar para que os
empresários joguem a responsabilidade na escola por não preparar cidadãos competentes, assim como
não há mais lugar para que a escola responsabilize os empresários por sugar a força de trabalho da
população em nome do lucro; é hora de formar parcerias, tecer articulações para promover o ser
humano, pois só o homem e seu conhecimento pode impulsionar o crescimento econômico e o bem
estar comum.
PALAVRAS-CHAVE: Empresa. Pedagogia. Capital Humano. Mediador.
INTRODUÇÃO
A função do pedagogo empresarial é motivo de muita discussão por estar ligada à
área técnica da pedagogia, mais até onde vai o caráter técnico dessa função? A serviço de
quem o pedagogo lança mão do seu poder de persuasão? Trataremos deste assunto com o
objetivo de esclarecer e comparar a prática pedagógica dos contextos escola e empresa. Este
tema merece um maior entendimento por sabermos que o avanço tecnológico propiciou
mudanças na relação ensino-aprendizagem e hoje ela ultrapassou os espaços escolares e se faz
presente onde quer que exista socialização. Para fundamentar o tema foi utilizada uma vasta
pesquisa bibliográfica na área da administração e educação e teceu-se comparações. O
presente estudo tem como referenciais metodológicos, a pesquisa bibliográfica, que consiste
no estudo das teorias de diversos autores. De acordo com Dalberio (2004) o método
comparativo se preocupa com associações, comparações de situações, realidades que podem
estar próximas ou distantes. Este método é usado tanto para comparações de grupos no
*
Graduanda e Licenciatura em Pedagogia pela Faculdade Católica de Uberlândia.
Professora do curso de Licenciatura em Pedagogia da Faculdade Católica de Uberlândia. E-mail:
[email protected]
**
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presente, no passado, ou entre os existentes e os do passado quanto entre sociedades de iguais
ou de diferentes estágios de desenvolvimento.
PEDAGOGIA EMPRESARIAL
Do ponto de vista sociológico a educação acompanha as mudanças da sociedade
adequando os indivíduos, formando e desenvolvendo o ser humano para que este se posicione
de forma positiva perante a realidade. A condição real do mundo capitalista prioriza a
aquisição de bens e lucros, nesse contexto a empresa aparece como a instituição que mais vem
influenciando o mundo moderno, exerce profunda influência sobre o comportamento, sistema
de valores, estilo de vida e até a personalidade, o executivo de talento precisa ter bom
relacionamento interpessoal, alto poder de barganha com os fornecedores, status social para si
e para a empresa.
As corporações motivam estes funcionários a buscar novos tipos de
conhecimento, a desenvolver sua capacidade de comunicação e de convívio com
fornecedores, clientes, colegas de trabalho, conduzindo também a experiências inéditas ao
enfrentar situações agradáveis ou incômodas. Nesse panorama a educação formal foi
perdendo terreno para a informal. Especificamente no Brasil a educação não conseguiu
acompanhar o ritmo acelerado do desenvolvimento industrial, as escolas públicas na década
de setenta não tinham preparo para profissionalizar e formar o trabalhador requerido naquele
momento. Foi dessa forma que a formação profissional passou a ter seu âmbito, muito mais
definido em locais informais, nos locais de trabalho ou através de treinamentos intensivos,
coordenados por instituições ou pela própria empresa. Conforme cita Urt e Lindquist:
O pedagogo começou a ser chamado para atuar na empresa no final da
década de sessenta, início de setenta. Os princípios de racionalidade,
eficiência e produtividade foram transportados da economia para a educação,
de modo conciliatório com a política desenvolvimentista. A concepção de
educação que predominava trazia consigo a ideologia desenvolvimentista,
fundamentada nas teorias do Capital Humano, muito presente no cenário
nacional, respaldando políticas e ações que visavam o aperfeiçoamento do
sistema industrial e econômico capitalista. Na década de 70, observou-se
uma crescente automação do processo de trabalho, de novas tecnologias. No
entanto, a classe trabalhadora se encontrava totalmente despreparada para o
estágio de desenvolvimento industrial. O mercado de trabalho passou, então,
a reclamar a profissionalização dos trabalhadores para acompanhar as
mutações que estavam ocorrendo no mundo do trabalho, decorrentes de
transformações tecnológicas. A escola encontrava-se despreparada para
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oferecer contribuições na profissionalização dos trabalhadores para que
atendessem as perspectivas de desenvolvimento industrial. Sendo assim,
buscaram-se outros mecanismos situados fora da escola formal para formar o
trabalhador viável àquele momento. A formação profissional passou a ter seu
âmbito cada vez mais definido no local de trabalho ou através de
treinamentos intensivos, coordenados por instituições ou pela própria
empresa. (2004, s/n )
Na ocasião do tecnicismo o pedagogo atendia um público com perfil de
escolarização baixo, segundo Urt não havia muito o que fazer só restava treinar e avaliar, o
avanço na escolarização ocorria em pequenos processos, que pouco contribuía para a
promoção pessoal e profissional do indivíduo. De acordo com Perrenoud (1997) pouca coisa
tem mudado até aqui, embora a sociedade tenha se transformado tecnologicamente, a forma
de dar aula é semelhante à forma da idade antiga, na Grécia Clássica, o mesmo método
expositivo. Perrenoud (1997) define competências como expressão usada para designar um
importante componente da bagagem cognitiva que permite enfrentar a realidade, ele define
como competência a capacidade de agir eficazmente em um determinado tipo de situação,
apoiada em conhecimentos, sem limitar-se a eles, defende a necessidade de diminuir a
extensão de disciplinas em favor da aplicação de conteúdos.
O professor deve fazer com que os alunos aprendam a aprender e não ensinar e
para isso o professor terá que considerar os conhecimentos como recursos a serem
mobilizados; trabalhar regularmente por problemas; criar ou utilizar outros meios de ensino;
negociar e conduzir projetos com seus alunos; adotar um planejamento flexível e indicativo e
improvisar; implementar e explicitar um novo contrato didático; praticar uma avaliação
formadora em situação de trabalho; dirigir-se para uma menor compartimentação disciplinar.
Para a construção de reais competências desde a escola é preciso abordar os
conhecimentos como recursos a serem mobilizados, eles constituem recursos, freqüentemente
determinantes, para identificar e resolver problemas, para preparar e para tomar decisões.
Ainda dentro da perspectiva do aluno Perrenoud cita:
Os alunos precisam decidir nas condições efetivas da ação, as vezes, com
informações incompletas, com urgência ou estresse, levando-se em
consideração parceiros pouco cooperativos, condições pouco favoráveis e
incertezas de todos os tipos. Tudo isso nada mais é do que a própria maneira
de agir dos professores, mas nem eles mesmos tem essa consciência de sua
prática, não sabem construir uma imagem realista de suas próprias
competências profissionais. Portanto esse novo processo supõe importantes
mudanças identitárias por parte do professor enquanto a não considerar uma
relação pragmática com o saber como uma relação menor uma vez que os
conhecimentos sempre se ancoram, em última análise, na ação. ( 1997p.54 )
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O autor traça o perfil de um aprendizado voltado para estratégias e constantes
variações, uma preparação para o que ele vai encontrar lá fora, no mercado de trabalho. É fato
que a carga maior da responsabilidade pelo processo de ensino-aprendizagem normalmente
cai nas costas do professor, quando na verdade o aluno deve ser considerado como sujeito
ativo dentro de seu próprio processo de aquisição de conhecimento, portanto é ele quem deve
ocupar-se e determinar-se mais do que o próprio professor.
Nessa concepção o trabalho em equipe é priorizado e todas as habilidades e
diferenças são aproveitadas e canalizadas para a obtenção dos resultados previstos, a
abordagem por competências não permite que o aluno trabalhe de forma isolada, nos projetos
são solicitadas várias habilidades e na divisão do trabalho a cooperação é imprescindível. No
projeto é preciso que o aluno tenha tenacidade em seguir eliminando etapas até alcançar os
objetivos postergados. No começo os alunos irão resistir mas depois aceitam e mobilizam-se,
desde que lhes for proposto um contrato didático que respeite a sua pessoa e sua palavra.
Devido à ineficiência das instituições públicas de ensino, a iniciativa privada vem
tomando parte da Educação de Jovens e Adultos no interior de suas corporações, a respeito
desse novo formato educacional Trigueiro :
O conceito de totalidade na nação moderna não significa apenas o
aproveitamento de todos os indivíduos no projeto coletivo, como também o
aproveitamento de toda a sociedade em benefício de cada indivíduo, isto é,
os mecanismos e estruturas sociais devem facilitar a inclusão dos indivíduos
no projeto social. Já se vislumbra a superação do dualismo entre trabalho e
educação, pois as técnicas sociais caminham para uma crescente
conversibilidade mútua, as técnicas de trabalho confundindo-se com as de
educação, estas com as de comunicação, etc. O meio para essa superação
está na Educação permanente, processo contínuo que permitirá a ascensão de
um nível para outro (primário, médio, superior), prevendo-se que o novo
modelo de educação exigirá a criação de um fluxo do qual cada indivíduo
possa retirar o quanto deseje ou necessite. (2000, p. 501)
Este texto foi escrito originalmente em 1969, mas nunca foi tão atual como agora,
onde a fragilidade das instituições de educação regular abriram cada vez mais espaço para a
iniciativa privada tomar parte do processo educacional. Na época de publicação deste artigo a
Educação para o Trabalho no Brasil passava a ser integrada ao núcleo comum e à parte
diversificada do currículo escolar, através da Lei de diretrizes e Bases da Educação Nacional
Lei nº 5692/71. “Preparação para o Trabalho integrado ao Núcleo Comum e parte
diversificada”. Todo o currículo Básico era direcionado para a qualificação profissional, e a
parte diversificada poderia ser alterada acrescentando disciplinas adequadas ao novo conceito
de desenvolvimento.
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Este processo trouxe críticas quanto à tecnicidade no ambiente escolar em
detrimento dos saberes universais, da formação consciente, mas o momento histórico pedia a
fixação de uma nova base para o saber. E ainda hoje o conhecimento técnico continua sendo
importante, pois é a condensação de muitos conceitos ampliados para se chegar ao saber
científico.
O ensino técnico mostra ao aluno porque ele teve que aprender determinados
conteúdos. Trigueiro lança um novo olhar sobre o paradigma atual dizendo:
A educação geral não é outra educação, comparada com a educação técnica,
como se cada uma dessas classificações determinasse formas irredutíveis de
inteligência e, na base destas, grupos sociais inconciliáveis. Na proporção
em que o homem descobriu que a sua inserção no mundo se faz com a práxis
– ação dentro e ao longo da qual ele se transforma e transforma o mundo – ,
e em ele colhe nessa inserção a visão de si mesmo, à medida que o
“microcosmo” de Aristóteles se liga ao “macrocosmo” em termos de
compromisso, e não apenas de contemplação, nessa mesma medida a
educação geral se converte em educação técnica. (2000, p. 503)
A aquisição do conhecimento é um processo que acompanha o indivíduo na sua
vida prática, e essa tomou novos rumos e precisa ampliar esse significado, ultrapassando a
barreira do dualismo entre o prático e o teórico, entre trabalho e escolaridade. Por esse motivo
a Pedagogia foi aos poucos alcançando espaço dentro de instituições não-escolares, lugares
que reúnem grande número de pessoas com personalidades diferentes, mas todos na busca do
mesmo objetivo: se destacar de forma positiva diante da vida.
Ao tecer comparações entre esses espaços, Ramos refere-se ao ambiente
colaborativo:
O ambiente mais amplo da vida moderna, com intensas atividades de
comunicação (grande imprensa, televisão), com inúmeras solicitações para o
exame e solução de problemas em conjunto, no exercício da cidadania,
imprime um ritmo de informação e de inter-relacionamentos que propicia
uma visão mais crítica em relação ao que se passa ao nosso redor. O
ambiente da Escola é profundamente afetado por esses intensos
relacionamentos, fazendo com que as pessoas sintam-se ao mesmo tempo
mais solitárias e mais desejosas de contatos “verdadeiros” (em suas relações
interpessoais). Para se atingir um verdadeiro ambiente colaborativo na
instituição Educacional, o Trabalho em equipe é um poderoso instrumento.
Ele confere poder – as pessoas sentem-se contribuindo significativamente
para imprimir os rumos dos acontecimentos. Ele proporciona fortes
sentimentos de pertencer, superando o isolacionismo – facilita o
desenvolvimento de amizades não superficiais. Ele enseja divertimento,
prazer e alegria na convivência – as pessoas sentem-se bem unidas umas
com as outras, gostando de estar juntas. (1999)
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Esta é uma tentativa de impor ao ritmo de trabalho docente as mesmas estratégias
utilizadas dentro da empresa. Organizar o trabalho pedagógico de forma que este obtenha
melhores resultados. Há outros autores que discordam com este ponto de vista conforme cita
Oliveira referindo-se à reestruturação do trabalho docente:
Na realidade aquela escola tradicional, transmissiva, autoritária,
verticalizada, extremamente burocrática mudou. O que não quer dizer que
estejamos diante de uma escola democrática, pautada no trabalho coletivo,
na participação dos sujeitos envolvidos, ministrando uma educação de
qualidade. Valores como autonomia, participação, democratização foram
assimilados e reinterpretados por diferentes administrações públicas,
substantivados em procedimentos normativos que modificaram
substancialmente o trabalho escolar. O fato é que o trabalho pedagógico foi
reestruturado, dando lugar a uma nova organização escolar, e tais
transformações, sem as adequações necessárias, parecem implicar processos
de precarização do trabalho docente. (2004, p 1140)
Estas novas exigências causam insegurança ao profissional que se vê obrigada a
apresentar resultados positivos, sem que sua condição de trabalho e remuneração seja
compensada. Por causa da precarização do trabalho docente nas escolas públicas, mais e mais
pedagogos vem procurando as organizações para oferecer seus serviços.
As empresas vem adotando uma preparação interna de seus funcionários para
ocupar determinadas funções de liderança dentro das organizações e para isso os treinamentos
se fundamentam em conceitos como o empirismo e o tecnicismo, a junção desses dois
conceitos tanto o saber fazer como a experiência em fazer devem ser combinadas e
potenciadas.
Está acontecendo uma ampliação do conceito de educação informal, a própria
concepção de ensino deve ser repensada, e os caminhos do ensino-aprendizagem devem ser
revistos, conforme cita Libâneo:
O que tem acontecido, pois, é a redução das diferenças entre o informal e o
formal, certamente pelo impacto na sociedade das novas tecnologias da
informação e da comunicação, da urbanização, da mudança no trabalho, pela
acentuação da idéia de ensino como trabalho interativo etc. Com isso,
práticas informais de educação (conversação eventual em situações e
experiências cotidianas, interações em organizações comunitárias, animação
cultural, educação sindical etc.) podem ser realizadas em classes para
atividades de ensino, enquanto professores de escola podem trabalhar
informalmente em algumas atividades. O que está acontecendo, portanto, é
um alargamento do conceito de educação informal, envolvendo práticas
conduzidas por conversação, em torno de oportunidades e situações do
cotidiano, visando explorar e alargar a experiência das pessoas e podendo
ocorrer em qualquer lugar. A distinção entre as três modalidades (informal,
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não-formal, formal) não se perde nem elas se descaracterizam na sua
definição; o que muda é o adensamento do entercruzar cada vez mais
explícito entre elas. ( 2004, p. 102)
O mundo real da gestão de conhecimento é um mundo de orçamento, prazos,
políticas de escritório e liderança organizacional. As grandes organizações aprenderam a gerar
conhecimento, mudar funcionários com freqüência não estava dando resultado, agora elas
decidiram investir no seu capital humano. Foi assim que surgiu a proposta de uma
organização orientada para o aprendizado, o planejamento que antes era estratégico se
transformou em aprendizado organizacional. A Educação Corporativa surge como aliada para
estabelecer parcerias entre universidades e institutos. Num estágio mais avançado a
Universidade corporativa acompanhará todas as fases da educação, identificando necessidades
atuais e futuras da empresa, e elaborar os cursos até colocá-los em prática, podendo treinar
além do pessoal interno, clientes, fornecedores e a comunidade onde está instalada.
A questão técnica se mistura à questão ideológica prevalecendo a segunda sobre a
primeira, o discurso de que o empregado é um colaborador importante dentro da empresa, se
descaracteriza a medida que os salários são defasados e o poder de compra do trabalhador cai
constantemente, cabe ao pedagogo empresarial fazer uso de uma linguagem persuasiva para
amenizar os conflitos entre a administração e os trabalhadores.
Mesmo assim não há dúvidas que a Pedagogia empresarial veio para ficar, as
habilidades do educador, o seu poder de liderança, seu destaque na área da comunicação e no
relacionamento interpessoal, aliado a uma capacidade de persuadir e convencer os
funcionários a canalizar seus esforços para atingir os objetivos da empresa, são ingredientes
importantes para ser um profissional de sucesso dentro da empresa.
Sobre a existência de campos extra-escolares com ação pedagógica, se destacam
profissionais que atuam em atividades pedagógicas tais como: formadores, animadores,
instrutores, organizadores, técnicos, consultores, orientadores, que desenvolvem atividades
pedagógicas (não-escolares) em órgãos públicos, privados e públicos não-estatais, ligadas às
empresas, à cultura, aos serviços de saúde, alimentação, promoção social. Já os formadores
ocasionais ocupam parte de seu tempo em atividades pedagógicas em órgãos públicos e
estatais e não estatais e empresas referentes à transmissão de saberes e técnicas ligados a outra
atividade profissional especializada. Trata-se, por exemplo, de engenheiros, supervisores de
trabalho, técnicos etc. que dedicam boa parte de seu tempo a supervisionar ou ensinar
trabalhadores no local de trabalho, orientar estagiários etc. (Libâneo, 1996, apud, PASCOAL,
2007, p. 186).
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Percebe-se que a ação pedagógica pode se apresentar das mais diversas formas, e
nos mais diversos contextos da atividade humana.
A pedagogia tem no ser humano o foco de seu trabalho e vê nas pessoas a
possibilidade de transformar também a sociedade. Na sua função de preparar indivíduos para
a vida, o pedagogo ampliou sua visão de educação e foi se aproximando do ser humano, nos
mais diversos contextos sociais, onde quer que o capital humano se faça presente. O
conhecimento é indispensável no mundo do trabalho, assim sendo, a presença do pedagogo na
empresa é de fundamental importância; pois para efetivar seu crescimento, a empresa depende
da qualidade dos seus funcionários, se o capital humano estiver bem preparado a instituição
aumentará a sua produtividade.
A educação e o preparo profissional são de muita importância para as
organizações da atualidade e para que haja aprendizagem nas empresas é necessário que seja
disponibilizado um espaço voltado para a educação de seus funcionários, um espaço de
treinamento estratégico.
Envolvidos em processos de aprendizagem, os trabalhadores experimentam a
idéia de que estão progredindo, de que não pararam no tempo, sentem-se valorizados e ao
mesmo tempo desafiados pela empresa, os trabalhadores ficam mais lúcidos, capazes de
opinar para aperfeiçoar os processos de produção.
A melhoria da qualidade de vida é a principal conseqüência da implantação de
processos de aprendizagem nas empresas e instituições. O pedagogo empresarial se propõe a
valorizar os empregados e assim aumentar a produtividade, este profissional normalmente
atua junto ao departamento de Recursos Humanos, qualificando o trabalho da equipe, fazendo
a articulação didático-pedagógico com as metas e propósitos da empresa.
A proposta de partilhar o conhecimento muda a lógica do poder vertical, pois a
administração centrada em uma só pessoa do alto da organização se tornou inviável. O
modelo de administração participativa é adotado por todas as empresas, a proposta
corresponde a um conjunto de princípios e processos que defendem e permitem o
envolvimento regular e significativo dos trabalhadores na definição de metas e objetivos, na
resolução de problemas, no processo de tomada de decisões, no acesso à informação e no
controle da execução.
Nesse sentido a função do pedagogo empresarial vem elevar o nível de qualidade
da empresa, por trabalhar em pontos estratégicos como a gestão do conhecimento, o
comportamento humano nas organizações, a cultura organizacional, a gestão de processo de
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qualidade e produtividade, treinamento, relações interpessoais no trabalho e outros espaços
comuns ao ser humano.
Para que suas metas estejam em sintonia com as da produção, conhecer o produto
da empresa é essencial para a boa atuação do pedagogo empresarial, não há dúvidas de que a
presença do pedagogo nas empresas vem elevar o nível de qualificação dos seus funcionários
e conseqüentemente elevar o nível de qualidade da empresa. É bom que se veja no ser
humano o sujeito principal que irá elevar o processo e os meios de produção
concomitantemente com a qualidade de vida, e assim atingir o bem estar comum.
A fragilidade das instituições públicas de ensino abre espaço para que a sociedade
civil venha intervir no processo educacional e profissional dos brasileiros. A empresa no
mundo moderno tornou-se a instituição que mais influencia o cotidiano das pessoas, por isso
nada melhor que um espaço comum para identificar, estimular e desenvolver as
potencialidades e habilidades das pessoas de forma significativa e prática.
O pedagogo vem alcançando destaque dentro das empresas pela formação humana
que o diferencia, e lhe dá suporte para lidar com diferentes tipos de pessoas, mediando a
relação entre o administrativo e o operacional dentro das organizações. Essa mediação é a
atribuição que mais pesa nos ombros do pedagogo empresarial, de acordo com Urt e Lindquist
(2004), essa foi uma das questões mais mencionadas nos depoimentos dos pedagogos que
atuam dentro das organizações constando que o maior desafio dessa profissão está no campo
ideológico. Este profissional precisa convencer o trabalhador dos desígnios do mercado, que o
desemprego é uma realidade natural e, que se ele não se esforçar para se enquadrar, muitos
candidatos estão esperando para substituí-lo, que a política salarial é essa mesma, os salários
estão diminuindo, que todos precisam se adaptar ao perfil caso não queiram ser excluídos do
mercado.
Por haver sido formado na área de humanas, é sem dúvida desconfortável para um
pedagogo mediar essa queda de braço onde sempre sairá favorecido aquele que detém o
capital, em detrimento daqueles que vendem sua força de trabalho. Cabe ao profissional
manter uma postura ética diante da situação, um aliado da diretoria que controla mais que
também alivia as dores dos trabalhadores.
As discussões a respeito de qual seria o papel do pedagogo, se ele deveria dar aula
ou apenas exercer funções técnicas culminou com a aprovação do parecer CNE/CP N º
05/2005, Diretrizes curriculares para os cursos de Pedagogia. Que diz: “a formação do
licenciado em Pedagogia fundamenta-se no trabalho pedagógico realizado em espaços
escolares e não-escolares, que têm a docência como base”. Sistematizado em três núcleos:
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básico, de aprofundamento e diversificações de estudos que amplia o conhecimento de outras
áreas de aprendizagem “investigações sobre processos educativos e gestoriais, em diferentes
situações institucionais – escolares, comunitárias, assistenciais, empresariais, outras”(
BRASIL,1971).
Este último núcleo abre espaço para o reconhecimento da dimensão
educativa que existe em outras instâncias da vida em sociedade, fora das quatro paredes da
escola regular e da docência. Entende-se, portanto que onde houver uma prática educativa
intencional haverá aí uma ação pedagógica.
É possível enumerar atividades pedagógicas em hospitais, ONGs, empresas,
entidades assistenciais, sindicatos, turismo e recreação, e até mesmo nos parlamentos
assessorando os políticos em projetos e planejamentos. De acordo com Pascoal (2007), as
competências de um pedagogo dentro da empresa se articulam em cinco campos: atividades
pedagógicas, técnicas, sociais, burocráticas e administrativas:
•
Conceber, planejar, desenvolver
relacionadas à educação na empresa;
e
administrar
atividades
•
Diagnosticar a realidade institucional;
•
Elaborar e desenvolver projetos, buscando o conhecimento também
em outras áreas profissionais;
•
Coordenar a atualização em serviço dos profissionais da empresa;
•
Planejar, controlar e avaliar o desempenho profissional dos
funcionários da empresa;
•
Assessorar as empresas no que se refere ao entendimento dos
assuntos pedagógicos atuais. (2007, p. 190)
Todas essas atribuições podem ser exercitadas em um campo amplo de trabalho, e
essas conquistas profissionais sofrem resistências por parte de outras áreas do conhecimento.
Educação e empresa podem trabalhar em conjunto, o discurso neoliberal de que os
trabalhadores em educação são culpados pelo fracasso das políticas econômicas já está
ultrapassado. Formar o ser humano é tarefa de todas as instâncias, uma base econômica sólida
só se estabelece com recursos humanos bem qualificados. Mais importante do que definir se a
função do pedagogo é técnica ou ideológica é mudar o olhar para as mudanças nas áreas de
comunicação social, e aceitar os avanços que as tecnologias de informação trouxeram para
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melhorar as práticas educativas e a empresa nesse processo vem somar, e não descaracterizar
o processo educativo.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
A função do pedagogo empresarial assim como o pedagogo institucional é
carregada de desgastes emocionais, porque trata diretamente com o ser humano. Não se pode
ignorar o crescimento de profissionais da educação dentro das empresas, muitos deles se
sentem mais valorizados e reconhecidos em seu trabalho do que atuando nos estabelecimentos
de ensino.
Embora enfrente recusas, não se pode negar que essas resistências só atrasam mais
o desenvolvimento de estudos pedagógicos e da investigação científica na área da educação.
Novos campos de trabalho, novas ocupações, sempre surgem por existir demanda
no próprio seio da sociedade. Não é hora de educadores responsabilizarem o setor empresarial
de cúmplices do capitalismo, do neoliberalismo e, que só almejam o lucro, a produtividade e a
eficiência. Por outro lado, não é hora dos empresários ficarem colocando a responsabilidade
da falta de competência de seus funcionários na escola que não soube prepará-los. Mas ao
contrário, é tempo de se articular, de se relacionar, de se formar parcerias, interligando o
mundo do trabalho empresarial e o mundo do trabalho educacional.
A formação continuada antes denominação do campo docente, utilizada para
atualizar o conhecimento e a prática do professor, hoje é condição indispensável para que um
executivo se mantenha no mercado de trabalho.
Como se pode ver é hora de todos os pedagogos somarem esforços, produzirem
conhecimento, elaborarem projetos, sistematizarem práticas e conceberem propostas e
intervenções pedagógicas nas mais diversas áreas de formação.
Só uma boa formação, fundamentação teórica, acompanhada de um bom
relacionamento interpessoal e espírito de liderança dará suporte ao pedagogo para atuar nas
mais diversas instâncias da sociedade moderna.
REFERÊNCIAS
BRASIL. Conselho Nacional de Educação. Parecer CNE/CP05 de 13 de dezembro de 2005. Delibera
sobre as diretrizes curriculares nacionais para o curso de Pedagogia. 1971.
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PEDAGOGIA EMPRESARIAL: UMA FUNÇÃO TÉCNICA OU IDEOLÓGICA?
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pedagogia empresarial: uma função técnica ou ideológica?