Aprendizagem sem fronteiras Learning without borders Os desafios da pesquisa sobre Estágio Supervisionado nos cursos de Licenciatura em Pedagogia Eixo temático 2: Formação de Professores e Cultura Digital Angelita de Fátima Souza1 Váldina Gonçalves da Costa 2 O interesse em investigar e compreender o processo de organização e funcionamento do estágio supervisionado nos cursos de Licenciatura em Pedagogia nasce no período em que realizava este curso durante o qual se teve a oportunidade de realizar a prática docente. Ao vivenciar essas experiências muitos questionamentos foram levantados: O que estaria faltando na escola básica e nos cursos de licenciatura para que o estágio supervisionado, no espaço escolar, aconteça de fato como parte da formação docente dos licenciandos? Como o docente da escola básica abre espaço da sala de aula para esses licenciandos? A partir dessas indagações nos propomos a desenvolver uma pesquisa que possibilite encontrar caminhos para uma reflexão sobre a prática dos estágios supervisionados na formação de professores para o ensino fundamental I. O estágio supervisionado é fundamental para que o discente vivencie situações práticas do ambiente escolar, articulando seus conhecimentos com a prática da escola, com o professor da turma, pois assim irá, aos poucos, adquirindo experiência, enfrentando desafios, unindo a prática com a teoria e avançando no processo de ensino-aprendizagem. (PIMENTA, 1997). 1 UNIUBE/UFTM – Mestrado em Educação/UFTM - [email protected] 2 UFTM – Mestrado em Educação/UFTM - [email protected] Aprendizagem sem fronteiras Learning without borders Assim, a questão que orienta a pesquisa é: Como os licenciandos dos cursos de Licenciatura em Pedagogia organizam e realizam a prática pedagógica nos estágios supervisionados? E o objetivo geral da pesquisa é: compreender como os licenciados dos cursos de Licenciatura em Pedagogia organizam e realizam a prática pedagógica no âmbito dos estágios supervisionados. Para explicitar melhor, os objetivos específicos da pesquisa são: fazer um mapeamento dos cursos presenciais de Licenciatura em Pedagogia na cidade de Uberaba-MG; analisar os projetos pedagógicos dos cursos de Licenciatura em Pedagogia; identificar as concepções de ensino, educação, aprendizagem, avaliação, dentre outros presentes na organização e realização da prática pedagógica dos licenciandos e analisar os relatórios de estágio e os planos de aula dos licenciandos. Consideramos que o estágio supervisionado é fundamental para a formação do futuro docente, pois ele dará suporte para que ele conheça aspectos importantes para a sua formação inicial. É o momento de vivenciar experiências que o ajudará no futuro, o aproximará da realidade escolar. Entendemos que o estágio supervisionado é uma etapa importante na formação dos futuros professores, pois irá proporcionar ao docente assumir pela primeira vez a futura profissão e ainda será um momento de comprometer-se com a sua formação, com a instituição de ensino e com a comunidade escolar. Precisa ser realizado com responsabilidade, pois é o primeiro contato com a sala de aula na condição de professor no exercício da prática. Nesse sentido, a pesquisa do tipo qualitativa e combina pesquisa bibliográfica, análise documental e pesquisa de campo. Para a coleta de dados serão utilizados os seguintes instrumentos: questionários, entrevista semi-estruturada, caderno de campo, bem como relatórios de estágios, planos de aula, dentre outros. Os sujeitos da pesquisa são estudantes dos cursos de Licenciatura em Pedagogia presenciais da cidade de Uberaba-MG que estão cursando ou já cursaram o estágio supervisionado relativo ao ensino fundamental I. A escolha pela cidade de Uberaba foi com a intenção de mapear as universidades que oferecem o curso de Pedagogia Presencial e verificar como os estagiários estão sendo inseridos no campo de estágio. Utilizar-se-á o questionário nesta pesquisa porque ele apresenta algumas características específicas na sua estrutura. É usado para obtenção de dados com perguntas Aprendizagem sem fronteiras Learning without borders pré-elaboradas nas quais o pesquisador insere aquilo que ele necessita conhecer para realização de sua pesquisa. Ele é um instrumento tradicional de coleta e informações e as questões podem ser abertas, fechadas e mistas. (FIORENTINI; LORENZATO 2006, p. 116). Em relação à entrevista, Ludke e André (1986, p. 33) destacam que “a entrevista representa um dos instrumentos básicos para a coleta de dados, dentro da perspectiva de pesquisa”. Com a entrevista criamos uma relação de interação com o entrevistador e na sua aplicação da entrevista devemos ter alguns cuidados, pois não podemos submeter o entrevistado a uma situação de constrangimento, o respeito vem em primeiro lugar. É necessário respeitar o horário e o local de agendamento, sigilo e anonimato em relação ao entrevistado, se for o caso, não cometer distorções na entrevista, ter cuidado com o vocabulário, respeito pela cultura e valores, garantir um clima de confiança e nunca forçar o rumo das respostas. (LUDKE; ANDRÉ, 1986). Outro instrumento de coleta de dados e essencial em qualquer tipo de pesquisa é o diário de campo, também conhecido como diário de bordo, “(...) é um dos instrumentos mais ricos de coleta de informações durante o trabalho de campo”. (FIORENTINI; LORENZATO, 2006, p. 116). Esse material serve para o registro das observações, conversas, acontecimentos e do cenário pesquisado. Para melhor controle das anotações e organização recomenda-se anotar a data, o dia e se possível à hora da visita de campo, além de deixar espaço para quaisquer observações. Esse material também pode ser usado para anotações das dificuldades encontradas, das perspectivas, dos erros, das incertezas, dos medos e anseios. Esse diário é um ótimo complemento para as entrevistas e questionários. Os relatórios de estágio bem como os planos de aula serão documentos que farão parte da análise documental, da pesquisa de campo de maneira a identificar como os licenciados dos cursos de Licenciatura em Pedagogia organizam e realizam a prática pedagógica no âmbito dos estágios supervisionados. Para a análise dos dados, utilizaremos a análise de conteúdo. Vamos realizar uma leitura tanto dos documentos quanto dos questionários e entrevistas. Também será necessário estabelecer um critério de leitura e retomada aos documentos quantas vezes for Aprendizagem sem fronteiras Learning without borders necessário, até que comecem a emergir os contornos das unidades de registros. (BARDIN, ano, 1979). Os resultados parciais revelam que das nove instituições cadastradas no site do Emec, apenas duas oferecem o curso de Licenciatura em Pedagogia na modalidade presencial, ambas particulares, dado levantado por meio de contato telefônico. A próxima ação foi a de conseguir os projetos pedagógicos dos cursos uma vez que os mesmos não estão disponibilizados nos sites. Ação que demandou contato telefônico e ofício de solicitação. Até o momento conseguimos apenas um projeto que está em fase inicial de análise. Diante dos dados cabe-nos refletir sobre a necessidade dos sites oficiais estarem atualizados. Destaca-se também a dificuldade em se conseguir o projeto pedagógico de um desses cursos e que em nenhuma dessas instituições esse projeto estava disponível na página da web, atitude que merece questionamentos: o projeto pedagógico não é público? Não é um documento de acesso à comunidade? Palavras-chave: Licenciatura em Pedagogia. Estágio Supervisionado. Formação de professores. Aprendizagem sem fronteiras Learning without borders REFERÊNCIAS ANDRADE, Rosana Cássia Rodrigues. Prática de ensino e estágio supervisionado: um estudo sobre as produções no período 2003-2008. 2009. 219 p. Dissertação (Mestrado em Educação) – Universidade de Uberaba, 2009. BARDIN, Laurence. Análise de conteúdo. Trad. Luís Antero Reto e Augusto Pinheiro. Lisboa: Edições 70, 1979. FIORENTINI, Dario. Investigações em educação matemática: percursos metodológicos. Campinas, SP: Autores Associados, 2006. Coleção Formação de Professores. LÜDKE, Mega; ANDRÉ, Marli E. D. A. Pesquisa em educação: abordagens qualitativas. São Paulo: EPU, 1986. 99 p. PIMENTA, Selma Garrido. O estágio na formação de professores: unidade, teoria e prática?. 3. ed. São Paulo: Cortez, 1997. 200 p.