SCHWEITZER ENGINEERING LABORATORIES, COMERCIAL LTDA. Como Determinar a Eficácia da Proteção Diferencial do Gerador Normann Fischer, Dale Finney e Douglas Taylor, Schweitzer Engineering Laboratories, Inc. Sumário—A proteção diferencial é frequentemente aclamada como sendo A proteção dos enrolamentos do estator do gerador. Neste artigo, analisamos o grau de proteção fornecido por diversos tipos de elementos diferenciais (fase, sequência-zero e negativa) para faltas no enrolamento do estator. Para entender por que e como os enrolamentos falham, precisamos saber como um estator é construído, como as bobinas dos enrolamentos são feitas e como elas são montadas no núcleo do estator. Este artigo analisa vários tipos de configuração do enrolamento e as características da isolação dos enrolamentos. Analisamos de que forma diferentes falhas em enrolamentos podem ser detectadas usando os diversos elementos diferenciais mencionados. Como os elementos de proteção não são apenas requisitados para serem sensíveis, mas também seguros, efetuamos a comparação da confiabilidade e segurança de cada elemento. A segurança de qualquer elemento diferencial tem que incluir o desempenho dos transformadores de corrente primários (TCs); portanto, estendemos a discussão para as recomendações de ajustes e regras de seleção de TCs. Finalmente, o artigo responde à pergunta: Qual o grau de proteção fornecido por cada tipo de elemento diferencial? Conhecer os limites de desempenho permitirá que os engenheiros de proteção ajustem os elementos visando obter uma sensibilidade realista sem qualquer risco desnecessário para a segurança. I. INTRODUÇÃO Antes de selecionar a proteção de qualquer parte de um dispositivo elétrico, é necessário conhecer profundamente o dispositivo, bem como todos os possíveis modos de falha do mesmo. As máquinas síncronas rotativas são exclusivas; logo, para fornecer uma proteção abrangente para as mesmas, são necessários esquemas de proteção e medições separadas para o estator e rotor. Este artigo vai se concentrar apenas no estator de um gerador. O campo magnético rotativo produzido pela rotação do rotor induz tensão nos enrolamentos do estator. Esses enrolamentos do estator são conectados em série, paralelo ou ambos, dependendo do número de polos e dos valores nominais de tensão e corrente da máquina. Normalmente, um enrolamento é feito de várias espiras para formar uma bobina, e cada bobina ocupa um slot (“ranhura”), ou parte de um slot, no estator. As espiras que compõem o enrolamento não são apenas isoladas uma da outra, mas também do núcleo do estator. Uma falta no enrolamento ocorre quando a isolação de um dos componentes do enrolamento falha. O tipo de falha na isolação determina o tipo da falta. Por exemplo, se a isolação entre duas espiras falhar, uma falta entre espiras é www.selinc.com.br desenvolvida. Este tipo de falta é difícil de ser detectada usando técnicas de proteção convencionais e pode apenas ser detectada quando a falta evolui para uma falta à terra na espira. De forma geral, é interessante observar que as faltas no enrolamento podem apenas ser detectadas assim que ocorrer uma falha da isolação. Contudo, ao contrário do que ocorre em uma linha de transmissão aérea, a isolação do enrolamento não pode ser restaurada. Portanto, assim que a falta é detectada, a máquina tem que ser retirada de serviço para efetuar um rebobinamento completo ou ser temporariamente reparada de forma a ser mantida em serviço até que um rebobinamento possa ser programado. Isso significa que a proteção é instalada apenas para evitar danos cumulativos após a falta ter sido detectada, não eliminando a necessidade de reparo da máquina. II. O ENROLAMENTO DO ESTATOR DO GERADOR Antes de tentar entender como um enrolamento pode falhar e qual corrente de falta pode ser gerada durante uma condição de falta, é útil rever como um estator é construído. O estator consiste de três componentes principais: o núcleo do estator, os enrolamentos do estator e a isolação. Ao avaliar o impacto de uma falta à terra no enrolamento, outro aspecto importante a ser considerado é o aterramento do terminal do neutro do estator. Isso não apenas influencia a magnitude da corrente de falta, mas também determina qual proteção será necessária para detectar tal tipo de falta. A. Construção do Núcleo do Estator A velocidade de rotação da turbina (“prime mover”) tem uma influência significativa na construção do gerador. Em todos os geradores de grande porte, o fator limitante é a força centrífuga no rotor. Os geradores acionados por turbinas a vapor giram em altas velocidades; consequentemente, o rotor é feito de aço forjado. Como a frequência nominal é fixa em 50 ou 60 Hz, a velocidade do rotor necessária é atingida limitando o número de polos em dois ou quatro, o que resulta em velocidades do rotor de 3.000 ou 1.500 rpm a 50 Hz e 3.600 ou 1.800 rpm a 60 Hz. Sabemos que a tensão de fase do estator (Vph) é proporcional ao produto do fluxo no entreferro (M) eficaz e do número de espiras (N) por fase, como mostrado em (1). [email protected] Pág. - 1/15 SCHWEITZER ENGINEERING LABORATORIES, COMERCIAL LTDA. Vph 4.44NƒM Um fluxo elevado requer uma ampla área do núcleo; como a força centrífuga limita o diâmetro do rotor em aproximadamente 1,2 metro, é necessário um núcleo do estator longo para fornecer a área requerida. O comprimento do núcleo de um turbogerador de grande porte é tipicamente de vários metros de comprimento. Por exemplo, um turbogerador grande de 500 MVA, 50 Hz, com um diâmetro do rotor de 1,2 metro tem um comprimento axial de cerca de 5 metros. Aqui, usamos a regra prática de que para cada megawatt é necessário um comprimento axial de 10 milímetros [1]. O núcleo do estator de um turbogerador é construído de múltiplas seções de aço de grão orientado, como mostrado na Fig. 1. Dutos Radiais de Resfriamento Direto Segmento do núcleo (1) Ranhuras do Estator Fig. 1. Núcleo do estator laminado mostrando ambos os slots (ranhuras) do estator e os dutos de refrigeração radiais usados para resfriamento de gás direto. Conforme mostrado na Fig. 1, os dutos de refrigeração radiais ocupam uma ampla área do núcleo do estator, permitindo que o calor gerado pelos enrolamentos seja efetivamente dissipado. Conforme será discutido na Seção III, o calor é um dos principais fatores que provocam uma falha no enrolamento. Os geradores acionados por potência hidráulica são construídos para uma ampla faixa de velocidades da turbina comparativamente baixas. Portanto, essas máquinas possuem um diâmetro grande para acomodar os vários polos salientes. Como resultado do diâmetro grande do estator, os hidrogeradores requerem apenas um comprimento axial curto para acomodar o fluxo. Como o diâmetro destes geradores é grande, não é possível fabricar o núcleo em uma peça. Ao invés disso, o núcleo é formado de vários segmentos do núcleo, como mostrado na Fig. 2 [1]. Caminho do Fluxo Fig. 2. Segmentos do núcleo do estator usados para formar o núcleo do estator de um hidrogerador com diâmetro grande. B. Tipos de Estruturas do Enrolamento Três tipos básicos de estruturas do enrolamento do estator, variando de 200 kW até mais de 1.000 MW, são usados nas máquinas atuais. Essas estruturas incluem o seguinte: Estatores enrolados aleatoriamente (“Random-wound stators”). Estes são usados em geradores de até 200 a 300 kW. Estatores com enrolamento pré-formado (“Formwound stators”) usando bobinas multiespiras. Estes são usados em geradores até cerca de 100 MW. Estatores com enrolamento pré-formado usando barras Roebel. Estes são usados em geradores com valores nominais maiores do que 100 MW. Neste artigo, vamos nos concentrar principalmente nos dois tipos de enrolamentos pré-formados [2]. 1) Estator Pré-Formado Tipo Bobina Esses estatores são projetados para máquinas que possuem tensão no terminal maior do que 1 kV. As bobinas são feitas de uma parte contínua de fio de cobre isolado com isolação adicional aplicada sobre cada bobina. Tipicamente, uma bobina pode consistir de duas ou mais espiras em série. Várias dessas bobinas são conectadas em série e paralelo para produzir a corrente e a tensão nominal da máquina. A Fig. 3 mostra uma foto de uma bobina típica com estator préformado. Fig. 3. www.selinc.com.br Um exemplo de uma bobina com estator pré-formado. [email protected] Pág. - 2/15 SCHWEITZER ENGINEERING LABORATORIES, COMERCIAL LTDA. O projeto e a fabricação da máquina são efetuados cuidadosamente para garantir que cada espira de uma bobina seja instalada próxima de uma espira adjacente durante a montagem visando criar a menor diferença de potencial entre duas espiras adjacentes. Ao fazer isso, uma isolação mais fina pode ser usada para separar as espiras. 2) Estator Pré-Formado Usando Barra Roebel À medida que os valores nominais da máquina aumentam acima de cerca de 50 MVA, as bobinas pré-formadas se tornam tão rijas que é quase impossível inseri-las nos slots estreitos do estator sem danificar a bobina. Portanto, a maioria das bobinas de geradores de grande porte atuais não é construída usando bobinas multiespiras, mas sim aquela conhecida como meia-bobina, também referida como barra Roebel (ver Fig. 4). Fig. 5. Inserção do enrolamento de uma bobina pré-formada em um motor síncrono de pequeno porte. Isolação da Espira Condutor Barra Roebel Fig. 4. Esboço de uma meia-bobina, ou barra Roebel, como normalmente usado em um gerador de grande porte (> 50 MVA). Observando a Fig. 5, que demonstra a inserção de uma bobina pré-formada, torna-se claro que ao enrolar máquinas de grande porte com bobinas de tamanho considerável, é mais fácil inserir uma meia-bobina (Fig. 4) no slot do estator do que inserir dois lados de uma bobina pré-formada (Fig. 3) em dois slots simultaneamente. Embora ambas as extremidades de uma meia-bobina exijam uma conexão elétrica, isto é insignificante quando comparado ao esforço necessário para inserir simultaneamente os dois lados de uma bobina em dois slots sem causar danos mecânicos à bobina. www.selinc.com.br 3) Inserção das Bobinas nos Slots do Estator As máquinas de grande porte são normalmente enroladas usando bobinas com espira única que são feitas de enrolamentos com barras de camada dupla. Esses enrolamentos são embricados (“lap-connected”), onde cada bobina é enrolada sobre a próxima para formar o enrolamento. Uma conexão embricada é preferida porque facilita a conexão das bobinas. As espiras que compõem uma bobina têm que ser isoladas não apenas da terra (o núcleo do estator é normalmente aterrado), mas também umas das outras. Uma espira de uma bobina usada em uma máquina de grande porte é construída com vários grupos de condutores isolados e encordoados (“strands”: cordões) individuais. Isso é feito para anular o efeito pelicular e as correntes parasitas, otimizando a área do condutor. Cada cordão e cada espira são isoladas. As espiras são então montadas nas bobinas e isoladas através de uma isolação externa conhecida como “ground wall”. A isolação externa (“ground wall”) não apenas fornece isolação para a bobina, mas também garante que não haja vácuo entre a bobina e a parede do estator. Antes que a bobina seja encaixada em um slot do estator, o slot é revestido com uma pintura isolante semicondutiva. Este revestimento semicondutivo controla o gradiente de tensão e auxilia na dissipação de calor. A Fig. 6 mostra um esboço de uma bobina do estator pré-formado em um slot do estator. O esboço apresenta os diferentes componentes, incluindo o material de isolação que compõe uma bobina do estator. [email protected] Pág. - 3/15 SCHWEITZER ENGINEERING LABORATORIES, COMERCIAL LTDA. Núcleo do Estator Isolação do Cordão Isolação da Espira Revestimento Semicondutivo Bobina Inferior Separador da Bobina (“Bakelite”) Isolação “Ground Wall” Bobina Superior Cunha de Ranhuras Fig. 6. Esboço de uma bobina do estator pré-formado em um enrolamento do estator de camada dupla com quatro cordões (“strands”) e cinco espiras por bobina. C. Material da Isolação O componente final do estator é a isolação. Conforme mostrado na Fig. 6, a isolação pode ser dividida em três partes: isolação do cordão (“strand”), da espira e isolação externa (“ground wall”). 1) Isolação dos Cordões Existem razões mecânicas e elétricas para encordoar o condutor em um enrolamento pré-formado ou barra. À medida que o valor nominal de MVA aumenta, a corrente que está sendo transportada pelo enrolamento aumenta. Isso significa que a área da seção transversal do condutor tem que aumentar para suportar o aumento da corrente. Um condutor com uma ampla área da seção transversal é difícil de ser dobrado e moldado na forma exigida. É mais fácil formar um condutor feito de múltiplos cordões. Sob o ponto de vista elétrico, existem razões definidas para encordoar o condutor e isolar os cordões um do outro. Uma das razões está relacionada ao efeito pelicular. Da teoria eletromagnética, sabemos que quando um condutor tem uma área da seção transversal suficientemente grande, a corrente ac não fluirá uniformemente em toda a seção transversal do condutor, mas tenderá a circular perto da superfície do condutor. O efeito pelicular dá origem a um fenômeno conhecido como profundidade pelicular, onde circula a maior parte da corrente. Em tais casos, a corrente ac não usa a área da seção transversal do condutor; como resultado, a resistência do caminho é maior do que se uma corrente dc da mesma magnitude estivesse fluindo através do condutor. Isso significa que a resistência do caminho ac é maior do que a resistência do caminho dc equivalente, resultando em maiores perdas de cobre (I2R) na máquina e maiores estresses térmicos. Como exemplo, para uma máquina operando a 60 Hz, a profundidade pelicular de um condutor de cobre será de 8,47 milímetros (para 50 Hz, isso seria de 9,22 milímetros). Se a dimensão do condutor fosse tal que o raio ou a largura do condutor fosse maior do que 8,47 milímetros, nenhuma corrente fluiria nesta região e o condutor não teria qualquer função nesta região. A divisão do condutor em cordões www.selinc.com.br individuais com dimensões tais que a área total da seção transversal do condutor seja usada vai anular o efeito e as perdas associadas ao efeito pelicular. Outra razão para encordoar o condutor consiste na redução das perdas por correntes parasitas. Quanto maior for a área da superfície do condutor, maior será o fluxo magnético que pode ser envolvido por um caminho na superfície do condutor e maior será a corrente induzida. Isso resulta em grandes perdas I2R devidas às correntes circulantes na superfície. Reduzindo a área do condutor reduz as perdas magnéticas por dispersão. Para manter a integridade elétrica dos cordões, eles precisam ser isolados um do outro. Como a diferença de potencial entre os cordões é muito baixa, normalmente de alguns décimos de um volt, a isolação pode ser bem fina. No entanto, as propriedades térmicas e mecânicas da isolação têm que ser excelentes. Se alguns cordões forem curto-circuitados juntos, isso não causará uma falha imediata do enrolamento do estator, mas vai aumentar as perdas no enrolamento do estator (aumento das perdas I2R), resultando num maior aquecimento localizado. 2) Isolação da Espira A isolação da espira evita a circulação de corrente entre as espiras adjacentes de uma bobina. Se uma falta entre espiras for desenvolvida em uma bobina, as espiras curto-circuitadas podem ser imaginadas como o enrolamento secundário de um autotransformador. Estas espiras curto-circuitadas absorverão uma corrente que é aproximada pelo balanceamento amperesespiras, conforme estabelecido através de (2). NHealthy IHealthy NFault IFault (2) Para entender a magnitude da corrente nas espiras curtocircuitadas, suponha que um enrolamento do gerador tenha 200 espiras e que uma falta entre espiras se desenvolva através de uma das espiras. A corrente na espira curto-circuitada (“IFault”) é calculada da seguinte forma: IFault N Healthy N Fault • IHealthy IFault 199 • IHealthy (3) (4) Usando (3) e (4), vemos que a corrente na espira curtocircuitada (“IFault”) é 199 vezes a corrente nas espiras boas (“IHealthy”). Faltas entre espiras podem ser demonstradas usando o modelo do transformador exibido na Fig. 7. Vamos usar as espiras boas e a corrente associada para representar um enrolamento do transformador e as espiras defeituosas e a corrente associada para representar o outro enrolamento de um transformador. [email protected] Pág. - 4/15 SCHWEITZER ENGINEERING LABORATORIES, COMERCIAL LTDA. M IHealthy IFault NHealthy NFault Fig. 7. O modelo do transformador de dois enrolamentos demonstra a magnitude da(s) espira(s) com defeito durante uma falta entre espiras. A diferença de tensão entre duas espiras de um estator enrolado aleatoriamente pode ser muito grande—tão grande quanto a tensão fase-fase se as duas espiras adjacentes forem conectadas, cada uma delas, aos terminais de tensão da máquina. Em uma máquina usando bobinas com enrolamento pré-formado, um projeto cuidadoso garante que a diferença de potencial entre bobinas adjacentes seja tão pequena quanto possível. Normalmente, a diferença de tensão entre duas espiras adjacentes de uma máquina de grande porte é da ordem de 250 V. No entanto, a isolação das espiras é exposta a um transitório de tensão muito elevado durante eventos de chaveamento ou raios (descargas elétricas). Essas tensões transitórias vão causar o envelhecimento ou até mesmo a perfuração do isolamento. Quando um transitório de alta tensão é aplicado aos terminais da máquina, a distribuição de tensão através do enrolamento do estator é não-linear, com uma queda de tensão significativa através das primeiras espiras do enrolamento mais próximo aos terminais da máquina. Isso ocorre porque a impedância indutiva série do enrolamento é grande quando comparada à baixa impedância capacitiva shunt para a terra do enrolamento em altas frequências. Como resultado, tensões muito altas aparecem através das primeiras espiras de um enrolamento, estressando severamente a isolação da espira nas primeiras espiras. Até 40% da tensão de surto pode aparecer através da primeira espira [3]. Uma elevada tensão entre espiras resultante do surto pode causar uma descarga parcial se houver uma bolsa de ar entre as espiras. Se ocorrer um número suficiente de surtos, isso pode levar a uma eventual falta entre espiras. A isolação da espira também é exposta ao estresse térmico e mecânico. O estresse térmico do isolamento da espira é semelhante ao estresse térmico do isolamento do cordão discutido anteriormente. As espiras são expostas ao estresse mecânico como resultado das correntes circulantes dentro das mesmas (isso é discutido mais detalhadamente na próxima subseção). A isolação da espira tem que ser selecionada de forma a atender aos requisitos elétricos, térmicos e mecânicos da bobina. 3) Isolação “Ground wall” A isolação externa (“ground wall”) separa a espira do núcleo do estator aterrado, como mostrado na Fig. 6. Uma www.selinc.com.br falha na isolação ground wall geralmente resulta em uma falta da espira para a terra. Os geradores de grande porte possuem tensões de operação variando aproximadamente entre 13,8 e 20 kV. Isso significa que a isolação ground wall tem que ser capaz de suportar uma tensão fase-terra entre 8 e 11,6 kV e ter uma espessura considerável. Os enrolamentos do estator do gerador são projetados para gerar tensões por espira equivalentes. Para um gerador com 100 espiras, gerando uma tensão fase-terra de 11,6 kV, a tensão por espira é 116 V. Isso significa que a primeira espira do neutro da máquina terá uma diferença de potencial para terra de 116 V, a segunda espira terá um potencial para terra de 232 V, e assim por diante. No entanto, as espiras mais próximas dos terminais da máquina terão uma tensão faseterra maior do que 11 kV. Como resultado, as espiras mais próximas do neutro da máquina exigirão uma isolação ground wall muito fina, enquanto as espiras do enrolamento próximo aos terminais da máquina exigirão uma isolação ground wall espessa. Consequentemente, cada bobina pode ter sua própria espessura da isolação ground wall; dessa forma, se olharmos para o enrolamento do estator como um todo, a isolação do enrolamento será graduada. Cada bobina precisaria ser personalizada, e os slots do estator não teriam as mesmas dimensões. Aqueles próximos do neutro da máquina seriam mais estreitos do que aqueles nos terminais da máquina. Sob o ponto de vista da fabricação, não tem sentido ter bobinas de diferentes espessuras e slots do núcleo de diferentes dimensões. Portanto, para facilidade de fabricação, todas as bobinas têm as mesmas espessuras de isolamento e todos os slots do estator têm as mesmas dimensões. Nas máquinas com bobinas pré-formadas refrigeradas indiretamente (geradores grandes são normalmente resfriados indiretamente usando hidrogênio), o calor gerado nos enrolamentos tem que trafegar através da isolação ground wall para alcançar o meio de refrigeração nos dutos de resfriamento do estator, como mostrado na Fig. 1. Por causa disso, a resistência térmica da isolação ground wall deve ser tão baixa quanto possível para evitar a acumulação de calor nos enrolamentos de cobre. Para obter uma resistência térmica baixa, o material utilizado na isolação ground wall precisa ter alta condutividade térmica e ser livre de vácuos. Os vácuos inibem o fluxo de calor através da isolação e também propiciam descarga parcial (ver Seção III, Subseção B). O estresse mecânico (força eletromagnética) induzido nas espiras de uma bobina é resultado do fluxo de corrente nas espiras. Num gerador de grande porte, os enrolamentos do estator possuem tipicamente duas camadas, como mostrado na Fig. 6. As duas bobinas que ocupam o mesmo slot terão corrente circulando através das mesmas, na mesma direção ou em direção oposta. Estas correntes criam campos magnéticos que fazem com que as bobinas no slot do estator sejam atraídas e repelidas mutuamente a uma frequência igual a duas vezes a frequência nominal do sistema de potência. Logo, para uma máquina operando a 60 Hz, os condutores vibram cerca de 104 milhões de vezes por dia. Em 1931, J. F. Calvert [email protected] Pág. - 5/15 SCHWEITZER ENGINEERING LABORATORIES, COMERCIAL LTDA. publicou um artigo descrevendo essas forças [4]. A força entre os condutores de um slot pode ser tão alta quanto 10 kN/m [1]. Portanto, é importante fixar e calçar os enrolamentos do estator adequadamente. A Fig. 8 ilustra como as bobinas do enrolamento do estator são presas e calçadas numa máquina de grande porte. Fig. 8. Uma ilustração de como as bobinas do estator são presas e calçadas em uma máquina síncrona de grande porte. Uma razão adicional para que a isolação ground wall seja livre de vácuos é que ela evita que as bobinas vibrem nos slots do estator. Se a isolação ground wall fosse cheia de espaços vazios, as bobinas ficariam livres para vibrar uma contra a outra, levando à abrasão do isolamento. Por esta razão, a isolação deve ser incompressível. D. Método de Aterramento As normas ANSI C50.12 e C50.13 exigem que um gerador seja projetado para suportar um curto-circuito trifásico nos seus terminais durante a operação com carga nominal e tensão nominal de 1,05 pu. Como a impedância de sequência-zero de um gerador é significativamente menor do que sua impedância de sequência-negativa ou subtransitória, uma falta fase-terra vai gerar uma corrente de falta significativamente maior do que a gerada por uma falta trifásica. Como ambas as forças mecânica e térmica são proporcionais ao quadrado da corrente, a redução da magnitude da corrente de falta por meios externos reduzirá enormemente o stress mecânico e térmico imposto a um gerador durante uma falta. Esta é a razão para aterrar a máquina através de uma impedância. O aterramento do gerador pode ser grosseiramente categorizado em dois grupos: alta impedância e baixa impedância. Como regra geral, as máquinas conectadas ao sistema de potência através de um transformador elevador do gerador (“generator step-up” – GSU) ligado em delta-estrela são aterradas através de alta impedância, e as máquinas conectadas diretamente a um barramento (juntamente com outras máquinas e cargas) são aterradas através de baixa impedância. O aterramento é sempre uma negociação entre o controle da sobretensão transitória e a limitação da magnitude da corrente de defeito. Quando conectada através de um GSU, somente a máquina e o enrolamento de baixa tensão do GSU www.selinc.com.br estão sujeitos às condições de sobretensão durante uma falta à terra. Além disso, o enrolamento em delta no lado do GSU confina a corrente de sequência-zero e a tensão de sequênciazero resultante no lado de baixa tensão do transformador. O aterramento do neutro do gerador através de uma alta impedância limita a corrente de falta a algumas dezenas de amperes e permite que a proteção de falta à terra baseada em tensão seja aplicada. Tais sistemas de proteção somente respondem às faltas à terra no gerador e no enrolamento de baixa tensão do GSU. Métodos de proteção estão disponíveis para detectar faltas à terra em 100% do enrolamento. Embora a contribuição de falta proveniente do neutro do gerador seja limitada a um valor baixo, uma falta à terra intermitente pode ainda resultar em sérios danos devido às correntes de descarga capacitivas repetitivas e às elevadas sobretensões transitórias resultantes nas fases boas [5]. Nos geradores conectados na barra, a sobretensão durante uma falta à terra tem que ser limitada. Portanto, estas máquinas são tipicamente aterradas através de resistores que limitam a corrente de falta entre 200 e 400 A (aterramento de baixa impedância). A proteção contra falta à terra baseada em corrente é aplicada nestas máquinas. Contudo, a proteção contra falta à terra responderá às faltas em qualquer ponto do sistema de potência a não ser que esquemas diferenciais ou direcionais sejam aplicados (ver Seção V). O potencial de danos também é muito maior nos geradores conectados ao barramento em função das possíveis correntes de falta muito maiores. Adicionalmente, quando ocorre uma falta à terra interna, mesmo depois de a proteção operar e abrir o disjuntor do gerador, o gerador ainda vai fornecer corrente para sua própria falta até que o campo tenha sido desenergizado. Consequentemente, o aterramento híbrido tornou-se um método cada vez mais popular para aterramento destas máquinas. Em um esquema de aterramento híbrido, a máquina é normalmente aterrada através de baixa impedância. Quando ocorre uma falta, e após a abertura do disjuntor do gerador, uma alta impedância é inserida no neutro do gerador, limitando assim a corrente de defeito e reduzindo enormemente os danos ao enrolamento [6]. III. MECANISMOS DE FALHA DO ENROLAMENTO DO ESTATOR A seguir, apresentamos os mecanismos que levam a uma falha do enrolamento. As falhas no enrolamento do estator causam uma porcentagem significativa de paralisações do gerador. Um estudo reporta um valor de 40% [7]. A Fig. 9 mostra um esboço dos possíveis tipos de faltas no enrolamento do estator. Cada um desses tipos de falta deve ser detectável pela proteção do gerador. Geralmente, uma proteção contra faltas à terra dedicada é aplicada. Faltas que não envolvem a terra têm que ser detectadas por outros meios. Diversas funções de proteção normalmente aplicadas podem detectar faltas entre fases, incluindo diferencial, desbalanço do gerador e distância [email protected] Pág. - 6/15 SCHWEITZER ENGINEERING LABORATORIES, COMERCIAL LTDA. de retaguarda. Entre as mesmas, a proteção diferencial é, comprovadamente, a mais eficaz. Os hidrogeradores com enrolamentos tipo bobina e ramais em paralelo compondo cada fase podem utilizar a proteção de fase dividida (“splitphase”) para detecção de faltas entre espiras. Conforme será discutido posteriormente, outros esquemas de proteção podem fornecer um determinado grau de proteção. A Fase-Fase N B Fase-Terra Entre Espiras C Fig. 9. Diagrama mostrando os diferentes tipos de faltas que podem ocorrer num enrolamento do estator. Uma falha é geralmente o produto da deterioração gradual, muitas vezes devida a múltiplos fatores (térmico, elétrico, mecânico e ambiental) seguidos por um evento transitório, tal como um surto de tensão, uma falta externa, teste de alta tensão (HiPot), ou um erro de operação (ex., sincronização fora de fase ou energização inadvertida). [2]. As subseções seguintes discutem esses mecanismos de deterioração em mais detalhes. A. Deterioração Térmica Quando a isolação tem sua temperatura de projeto ultrapassada, ela começa a se degradar; as ligações químicas rompem numa taxa acelerada, tornando a isolação mais fraca e mais frágil. Quanto maior a temperatura, mais rápido será o rompimento da isolação. Diversos problemas podem expor a isolação a altas temperaturas, incluindo a sobrecarga do gerador, temperatura ambiente elevada, falha no sistema de refrigeração ou um desligamento acidental do sistema de refrigeração devido a um erro do operador. Uma conexão elétrica deficiente ou defeituosa também provocará um sobreaquecimento localizado e consequente degradação da isolação. Os geradores que são submetidos a rápidas variações de carga ou a frequentes partidas e paradas (tais como os usados no armazenamento bombeado) e têm estatores relativamente longos podem sofrer com os ciclos térmicos. Diferentes coeficientes de expansão térmica das bobinas, isolação e núcleo produzem forças de cisalhamento. Estas forças podem resultar na separação da isolação ground wall do núcleo do estator. Isso, por sua vez, provoca uma descarga no slot e consequente colapso do isolamento, que é descrito na próxima subseção. www.selinc.com.br B. Deterioração Elétrica O envelhecimento elétrico é geralmente resultado do estresse elétrico criado dentro de pequenos vácuos da isolação. Estes espaços vazios são formados durante o processo de fabricação. Para explicar como os vácuos da isolação impactam na resistência elétrica da isolação, considere o seguinte exemplo. O hidrogênio possui a melhor condutividade térmica de todos os gases (0,168 W/(m • K)), cerca de sete a dez vezes melhor do que o ar. Por esta razão, o hidrogênio é usado como meio de refrigeração em máquinas de grande porte. O hidrogênio e o ar têm aproximadamente a mesma suportabilidade de rompimento elétrico, cerca de 3 kV/mm a 100 kPa. A pressão de operação do hidrogênio em um turbogerador grande é normalmente da ordem de 3 atmosferas (300 kPa), aumentando assim a resistência de ruptura do hidrogênio para 9 kV/mm. Considere uma máquina com uma tensão nominal de 21 kV (VLN 12 kV) e uma isolação ground wall de 5 milímetros. Se um vácuo de 0,25 milímetro de espessura se formou dentro do isolamento ground wall, qual será a diferença de potencial através do espaço vazio? Para responder a esta questão, aplicamos a regra do divisor de tensão para dois capacitores em série com um outro (a capacitância da isolação ground wall em série com a capacitância do vácuo). A diferença de potencial através do vácuo é calculada em 2 kV, criando um estresse elétrico de 8 kV/mm. Este valor encontra-se dentro da suportabilidade de ruptura do hidrogénio a 300 kPa. Contudo, se por algum motivo a pressão do hidrogênio cair abaixo de 267 kPa, ocorrerá a ruptura elétrica dentro do vácuo, formando um arco. A faísca resultante é referida como descarga parcial porque a descarga ocorre apenas dentro do espaço vazio. Uma descarga completa seria, em essência, uma falta da espira para a terra. A descarga parcial provoca a decomposição do isolamento na superfície interior desses vazios, causando gradualmente o aparecimento de vácuos e enfraquecendo a isolação ao longo do tempo [8]. A descarga parcial também pode ocorrer nos enrolamentos extremos. Isso pode acontecer quando folgas inadequadas criam gradientes de tensão que ultrapassam a resistência de ruptura da isolação. Uma descarga no slot é similar a uma descarga parcial, mas potencialmente mais prejudicial. Ela ocorre quando um vácuo é desenvolvido entre a isolação ground wall e o núcleo. A tensão na superfície do isolamento aumenta até o valor faseterra. Isso resulta em um arco, que rompe o isolamento na superfície, resultando consequentemente em uma falha da isolação. C. Deterioração Mecânica Uma fixação inadequada dos enrolamentos extremos devido à má concepção ou construção pode causar vibração excessiva dos mesmos. A fixação pode também tornar-se frouxa devido ao elevado torque transitório produzido pela sincronização fora de fase ou faltas muito próximas. O [email protected] Pág. - 7/15 SCHWEITZER ENGINEERING LABORATORIES, COMERCIAL LTDA. impacto de eventos repetidos é cumulativo. A vibração excessiva provocará o desgaste ou ruptura da isolação. As máquinas de grande porte são frequentemente resfriadas por bombeamento de água através dos condutores do estator. Altos níveis de vibração podem resultar em um pequeno vazamento de água. A isolação do estator é aplicada em camadas ou laminações e a ingressão de água causa a delaminação da isolação, tornando-a eletricamente menos eficaz e mais propensa a falhar durante um transitório de tensão. Bobinas soltas podem ocorrer devido à má concepção ou construção ou ao encolhimento da isolação. Forças magnéticas em duas vezes a frequência da linha provocam a vibração das barras, podendo causar o desgaste da isolação e/ou sua separação do núcleo do estator. De forma similar ao caso dos ciclos térmicos, a separação do isolamento ground wall do núcleo resultará em descargas no slot. D. Deterioração Ambiental A contaminação do gerador consiste na penetração de água, óleo ou poeira (ex., sedimentos da escova e do carvão) na isolação. A contaminação degrada a isolação de duas maneiras. Primeiro, ela causa uma redução na suportabilidade elétrica ou mecânica da isolação. Alguns tipos de isolamento são mais suscetíveis do que outros. Por exemplo, a isolação feita de compostos orgânicos sofrerá mais com a entrada de água do que a isolação feita de um composto inorgânico. Em segundo lugar, a contaminação fornece um meio para criação de trilhas na superfície, principalmente no enrolamento final. A contaminação da superfície cria um caminho para pequenas correntes capacitivas impulsionadas por diferenças de potencial em uma fase ou entre fases. Estas correntes levam à descarga na superfície através do ar adjacente à superfície e à formação de vestígios de carbono. Os caminhos de baixa impedância formados por estas trilhas podem levar a uma falta entre fases ou uma falta entre espiras. IV. FALTAS EVOLUTIVAS Idealmente, qualquer falha na isolação deve ser rapidamente detectada pelas funções de proteção. Se houver falha na detecção precoce de uma falta, sua duração será prolongada, podendo resultar na evolução para um tipo de falta com maior potencial de danos. A seguir, alguns exemplos de como faltas no gerador podem evoluir sem uma proteção eficaz adequada. Conforme descrito na Seção II, faltas entre espiras são possíveis nos enrolamentos construídos a partir de bobinas multiespiras. Uma pesquisa constatou que apenas cerca de 25% da área da superfície total do isolamento separa um condutor da terra ou de outra fase neste tipo de enrolamento [9]. Os restantes 75% da isolação encontram-se entre espiras. Portanto, o potencial para faltas entre espiras é elevado. Quando ocorre uma falta entre espiras, a corrente circulante na espira curto-circuitada pode ser significativamente maior do www.selinc.com.br que a corrente nominal da máquina (como mostrado na Seção II, Subseção C). Sem uma proteção eficaz para faltas entre espiras, esta corrente vai rapidamente queimar a isolação e derreter os condutores, resultando em uma falta fase-fase ou fase-terra. De forma similar, uma falta à terra pode evoluir para uma falta fase-fase muito mais prejudicial. Por exemplo, um dos mecanismos de deterioração descritos anteriormente pode causar um enfraquecimento da isolação nas imediações do neutro do estator. Neste ponto, a tensão para a terra será baixa. Sem uma proteção contra faltas à terra eficaz para 100% do enrolamento, este problema pode não ser detectado. Se uma falta à terra for desenvolvida perto dos terminais, a tensão no ponto do neutro subirá para a tensão fase-neutro. A isolação anteriormente enfraquecida perto do neutro vai romper, resultando em uma falta muito mais grave. Uma terceira possibilidade consiste numa falta à terra intermitente. Devido aos atrasos inerentes aos esquemas de proteção contra faltas à terra, a falta pode não ser detectada. As sobretensões transitórias sucessivas que ocorrem no início de cada arco podem levar a uma falta à terra em uma segunda fase. V. ESQUEMAS DE PROTEÇÃO DIFERENCIAL A proteção diferencial é um dos principais elementos de proteção responsáveis pela detecção das falhas descritas na Seção III. Os esquemas de proteção diferencial do gerador são projetados para detectar faltas por meio da comparação da corrente que entra e sai do estator, possibilitando uma variedade de esquemas. A. Diferencial Autobalanceado Neste esquema, mostrado na Fig. 10, os elementos de sobrecorrente são conectados aos transformadores de corrente (TCs) tipo core-balance em uma base por fase. Isso permite a detecção tanto de faltas entre fases quanto de faltas à terra. Este esquema permite que TCs de baixa relação sejam aplicados, tornando-o muito mais sensível e seguro para faltas externas. No entanto, a saturação para faltas internas é possível se o burden do TC for muito alto. Uma desvantagem deste esquema é que ambas as extremidades do enrolamento têm que passar através das janelas do TC core-balance, tornando difícil sua aplicação em máquinas de grande porte. Além disso, esses TCs são suscetíveis ao fluxo de dispersão dos condutores de corrente das proximidades. Esta suscetibilidade causa algumas limitações na sensibilidade deste esquema. Definindo IpkpSB como o ajuste de pickup mínimo do elemento de sobrecorrente e CTRCB como a relação do TC (TC core-balance), definimos a sensibilidade como a corrente mínima (Imin) detectável por um esquema particular. Para este esquema, a sensibilidade é calculada por (5). [email protected] Pág. - 8/15 SCHWEITZER ENGINEERING LABORATORIES, COMERCIAL LTDA. IminSB CTR CB • IpkpSB 50 (5) do enrolamento numa base por fase. Os TCs são conectados em paralelo através de um elemento de sobrecorrente em série com o resistor de valor elevado. Esta conexão cria um caminho de alta impedância entre os terminais do TC, daí o nome do esquema. A B 50 C 50 MOV A B 50 50 N MOV C Fig. 10. Esquema de proteção diferencial autobalanceado. B. Diferencial Porcentual (“Bias”) Este esquema, mostrado na Fig. 11, usa os TCS em ambos os lados do enrolamento em uma base por fase. Os TCs são dimensionados para transportar a corrente total do gerador. Nas máquinas aterradas através de baixa impedância, este esquema pode detectar faltas fase-terra, fase-fase e trifásicas, mas nas máquinas aterradas através de alta impedância, ele não é eficaz para faltas fase-terra. Para segurança, um método bias é utilizado, o qual requer que a corrente diferencial (OP) seja maior do que um valor porcentual da corrente de restrição (KB • RST). Este método resulta na característica de inclinação (“slope”) bem conhecida na qual a corrente diferencial é plotada contra a corrente de restrição. A corrente de restrição é tipicamente a soma escalar das correntes de cada lado da zona (RST). Este esquema utiliza uma variedade de características, incluindo a inclinação variável, inclinação dual e inclinação adaptativa. OP RST RST A B C OP RST RST Fig. 11. RST Definindo KB como o ajuste da inclinação bias do elemento diferencial e CTRPH como a relação do TC de fase do TC, e assumindo que a corrente nominal (IGRated) circula para fora da máquina durante a falta, a sensibilidade deste esquema é calculada em (6). Imin B 2 • CTR PH • KB • IG Rated 50 MOV Esquema de proteção diferencial de alta impedância. Este esquema é extremamente seguro para faltas externas na presença de saturação do TC; o esquema é geralmente mais sensível do que o elemento diferencial bias porque a alta impedância em série com a bobina de operação permite que seja ajustado de acordo com a queda de tensão através do resistor. Alguns esquemas têm uma corrente de pickup tão baixa quanto 20 mA. As principais desvantagens deste esquema referem-se ao fato de requerer TCs dedicados em ambos os lados do enrolamento, sendo que estes TCs precisam ter características compatíveis. Por essas razões, os relés de proteção de gerador multifunção geralmente não utilizam elementos de proteção diferencial de alta impedância. Outra desvantagem é o fato de que um TC curto-circuitado desabilita o esquema. Uma variação deste esquema usa um elemento de sobrecorrente único para detecção de falta à terra restrita em máquinas aterradas através de baixa impedância. Definindo IpkpHZ como a corrente de operação do elemento de sobrecorrente e negligenciando a corrente de excitação do TC e a corrente no MOV (“metal oxide varistor”), a sensibilidade deste esquema é aproximada em (7). Imin PH CTR PH • IpkpHZ Esquema de proteção diferencial porcentual (“bias”). (6) C. Diferencial de Alta Impedância Conforme pode ser visto na Fig. 12, este esquema é similar ao esquema diferencial bias, usando TCs em ambos os lados www.selinc.com.br Fig. 12. RST OP N N (7) D. Diferencial de Sequência-Zero e Negativa Esses esquemas são variações da proteção diferencial bias, usando as mesmas definições para os sinais de restrição e diferencial, mas respondendo ao componente da corrente de sequência-negativa ou zero medida em cada lado do enrolamento. A Fig. 13 mostra o esquema diferencial de sequência-negativa, que pode detectar faltas fase-fase e faseterra, mas não uma falta trifásica. O esquema de sequênciazero pode somente detectar faltas que envolvem a terra. Esses esquemas são mais sensíveis do que o esquema diferencial bias padrão porque eles não respondem à corrente de carga equilibrada. Por outro lado, eles podem ser suscetíveis à operação incorreta para faltas externas equilibradas durante saturação do TC, a menos que sejam devidamente bloqueados. [email protected] Pág. - 9/15 SCHWEITZER ENGINEERING LABORATORIES, COMERCIAL LTDA. Definindo IpkpQ como o ajuste de pickup mínimo do elemento de sequência-negativa (Q), a sensibilidade deste esquema é calculada em (8). Imin Q CTR PH • IpkpQ (8) para faltas à terra em geradores aterrados através de baixa impedância. Embora o sinal de operação possa ser derivado de um TC de baixa relação, o fator limitante para uma operação sensível é a magnitude do sinal de polarização e este sinal é derivado dos TCs de fase. Definindo IpolREF como o ajuste de pickup mínimo do elemento, a sensibilidade do esquema pode ser calculada usando (9). Imin REF CTR PH • IpolREF A (9) B C A B N Fig. 13. I2 OP RST RST I2 C Esquema de proteção diferencial de sequência-negativa. E. Falta à Terra Restrita Este esquema, mostrado na Fig. 14, usa um elemento de sobrecorrente de terra polarizado por corrente. O sinal de operação, que é derivado de um TC no neutro do gerador, é o componente de sequência-zero dos TCs dos terminais de saída do gerador. Este esquema pode fornecer uma proteção eficaz OP N 67 Ipol IG Fig. 14. Esquema de proteção de falta à terra restrita. 1 FP 2 3 Fig. 15. Modelo do RTDS. F. Comparação das Sensibilidades dos Esquemas Os vários esquemas podem ser comparados com a ajuda de um exemplo. Escolhemos uma máquina pequena (1 MVA, 480 V) aterrada através de baixa impedância de forma que qualquer esquema seja aplicável. A Tabela I lista os valores assumidos para cada esquema. Aplicando (5) a (9) tem como resultado as sensibilidades mostradas na Tabela II. www.selinc.com.br TABELA I VALORES ASSUMIDOS NO ESQUEMA DE PROTEÇÃO DIFERENCIAL Variável do Esquema Valor [email protected] CTRPH 1200/5 CTRCB 100/5 IpkpSB 0,25 A secundário KB 25% Pág. - 10/15 SCHWEITZER ENGINEERING LABORATORIES, COMERCIAL LTDA. IpkpHZ 0,1 A secundário IpkpQ 0,25 A secundário IpolREF 0,25 A secundário 12 Diferencial de Fase Diferencial de Sequência Negativa Característica TABELA II SENSIBILIDADES DO ESQUEMA DE PROTEÇÃO DIFERENCIAL Esquema de Proteçã o I min (Amperes Primários) Autobalanceado 5 Porcentual (“Bias”) 600 Alta Impedância 24 Sequência-Negativa 60 Falta à Terra Restrita 60 Diferencial (pu) 10 5% 8 95% 6 4 2 0 0 VI. DETECÇÃO DE FALTAS NO ENROLAMENTO DO ESTATOR Usamos o modelo do Simulador Digital em Tempo Real (“Real Time Digital Simulator” – RTDS®), mostrado na Fig. 15, para investigar a sensibilidade da proteção para faltas internas. Este modelo permite assumir uma falta no enrolamento da Fase A em locais variando de 5 a 95% medidos a partir do neutro. A conexão do ponto da falta (FP na Fig. 15) nas Posições 1, 2 ou 3 simula uma falta fase-terra, falta entre espiras, ou uma falta fase-fase, respectivamente. Modelamos uma máquina de 200 MVA para faltas fasefase e faltas entre espiras, e modelamos uma máquina de 5 MVA para faltas à terra. Ajustamos a tensão no terminal da máquina em 13,8 kV e aterramos o gerador através de um resistor de 400 A. Com a máquina operando a plena carga, efetuamos vários testes simulando faltas internas em vários pontos. Capturamos as tensões e correntes nos terminais do neutro e saída da máquina e processamos as formas de onda no MATLAB® para avaliar o desempenho da proteção. A. Detecção de Faltas Fase-Fase Capturamos as correntes no neutro e terminal, usando-as para calcular as grandezas diferencial e de restrição para o gerador de 200 MVA. A Fig. 16 mostra as grandezas de operação e restrição plotadas na característica diferencial porcentual. www.selinc.com.br Fig. 16. 2 4 6 Restrição (pu) 8 10 12 Faltas fase-fase plotadas na característica de operação diferencial. Escolhemos um valor de pickup mínimo de 0,5 pu para a corrente de operação e selecionamos uma inclinação de 25% (ver Seção VIII). Observe que o lugar geométrico dos pontos de operação situa-se bem dentro da região de operação da característica para ambos o diferencial de sequência-negativa e de fase. As correntes diferenciais diminuem à medida que o ponto de falta se move em direção ao neutro. Como o modelo permite faltas internas somente em uma fase, não foi possível simular faltas fase-fase em qualquer localização possível do enrolamento (por exemplo, 10% da Fase A para 10% da Fase B). No entanto, pode-se assumir uma continuação do lugar geométrico em direção à região de restrição à medida que o ponto de falta se move em direção ao neutro na segunda fase. As grandezas são plotadas em pu (por unidade) da corrente nominal do gerador, que simula TCs dimensionados para a corrente nominal do gerador. Aumentar a relação do TC tem o efeito de mover todo o lugar geométrico para baixo e para a esquerda, resultando numa redução da sensibilidade do elemento. B. Detecção de Faltas Fase-Terra Para a máquina de 5 MVA, capturamos as correntes no neutro e terminal, usando-as para calcular as grandezas diferencial e de restrição. Em seguida, plotamos estas grandezas em uma característica de operação diferencial porcentual, como mostrado na Fig. 17. Os valores estão em pu (por unidade) da corrente nominal da máquina. Para a corrente mínima de operação, escolhemos um valor de pickup de 0,5 pu e selecionamos uma inclinação de 25%. [email protected] Pág. - 11/15 SCHWEITZER ENGINEERING LABORATORIES, COMERCIAL LTDA. 800 6 Diferencial de Fase Característica Corrente de Neutro (Gerador de 5 MVA) Corrente de Neutro (Gerador de 200 MVA) Corrente do Sistema (3I0) 95% 720 5 4 560 Corrente (A) Diferencial (pu) 640 3 2 480 400 320 5% 240 1 160 0 0 1 2 3 4 5 6 Restrição (pu) Fig. 17. Faltas fase-terra plotadas na característica de operação diferencial. Para esta máquina, observe que 90% do enrolamento é coberto por um elemento diferencial de fase. Esta excelente cobertura é resultado da conexão de um gerador relativamente pequeno a um barramento de média tensão, permitindo a aplicação de TCs de baixa relação. A mudança do resistor para limitar a corrente de falta de 400 para 200 A ou o aumento do valor nominal de MVA da máquina vai mover o lugar geométrico para baixo e para a esquerda. Isso reduzirá a cobertura do elemento diferencial. A Fig. 18 exibe um gráfico da contribuição do gerador e contribuição do sistema, o qual pode ser usado para avaliar a eficácia de um elemento direcional de terra. A contribuição do gerador é mostrada para uma máquina de 5 MVA e uma de 200 MVA. O mesmo resistor de aterramento de 400 A é usado em ambos os casos. As linhas pontilhadas da Fig. 18 representam uma variação linear da contribuição da falta com localização da falta. Observe que a variação real da contribuição do gerador e do sistema é não-linear. No entanto, ela pode ser estimada como linear, especialmente para faltas nas proximidades do neutro, onde se espera que o elemento forneça cobertura. As curvas dos dois geradores divergem para faltas com magnitudes maiores perto dos terminais da máquina. Isso ocorre porque a impedância da máquina menor (5 MVA) é significativa em comparação com a resistência do neutro. Como resultado, a contribuição da máquina de 5 MVA não alcança o valor esperado de 400 A. www.selinc.com.br 80 0 0 10 20 30 40 50 60 70 80 90 100 Localização da Falta Medida a Partir do Neutro (%) Fig. 18. Contribuição para uma falta à terra versus localização. C. Detecção de Faltas Entre Espiras Capturamos as correntes e tensões no neutro e terminal da máquina de 200 MVA, usando-as para calcular as grandezas diferencial e de restrição. Como as correntes de fase que entram e saem do enrolamento defeituoso são as mesmas, os elementos diferenciais de fase não medem a corrente diferencial e não podem detectar essas faltas. Um elemento normalmente aplicado no gerador que pode ver faltas entre espiras é o elemento de distância de retaguarda (21P). Para ilustrar isso, o alcance (cálculo de M) do elemento é plotado contra a porção do enrolamento que é curto-circuitada, conforme mostrado na Fig. 19. Um ajuste do alcance arbitrário é aplicado. O elemento opera quando o alcance calculado é menor do que o ajuste. A Fig. 19 mostra que o elemento não é sensível para faltas entre espiras envolvendo uma porção pequena do enrolamento. Além disso, este elemento é temporizado para coordenar com as proteções do sistema. Estas duas limitações impactam a eficácia deste elemento. A aplicação de uma segunda zona com um alcance reduzido para ver apenas dentro do GSU permitiria a atuação (trip) instantânea deste elemento. Contudo, a redução do alcance reduziria ainda mais a cobertura. [email protected] Pág. - 12/15 SCHWEITZER ENGINEERING LABORATORIES, COMERCIAL LTDA. Cálculo de M (Ω secundários) 10 Como o porcentual do enrolamento curto-circuitado é reduzido, observe que as magnitudes resultantes de V2 e I2 são reduzidas. Para o sistema modelado, a tensão será o fator limitante. A cobertura do elemento dependerá da tensão mínima requerida pelo elemento (geralmente menos de 1 V secundário) e da precisão do transformador de instrumento. É provável que o esquema seja menos eficaz para geradores construídos com múltiplos ramais paralelos por fase. 8 6 4 Ajuste do Alcance VII. SELEÇÃO DE TCS PARA A PROTEÇÃO DIFERENCIAL 2 0 0 20 40 60 80 100 Porção do Enrolamento que é Curto-Circuitada (%) Fig. 19. Impedância versus porcentual do enrolamento curto-circuitado para faltas entre espiras. Um esquema alternativo que fornece uma proteção mais eficaz (embora não aplicado normalmente) consiste em um elemento direcional de sequência-negativa (67Q). Este elemento é conectado aos terminais (ver fig. 20) e pode, portanto, discriminar mais facilmente entre faltas internas e externas. 21P 67Q Fig. 20. Proteção contra faltas entre espiras usando um elemento 21P ou 67Q. Um tipo de elemento direcional usa um cálculo da impedância para determinar a direção. Os elementos que usam o método da impedância vão enxergar a impedância do sistema durante uma falta entre espiras. O elemento direcional de sequência-negativa é simples de ser ajustado e não precisa coordenar com outra proteção. A sensibilidade do elemento é uma função da corrente de operação disponível (I2) e tensão de polarização (V2). A Fig. 21 exibe o gráfico desses valores. 1.5 Corrente de Sequência Negativa Tensão de Sequência Negativa 1.35 Magnitude (pu) 1.2 1.05 0.9 0.75 0.6 0.45 0.3 0.15 0 0 20 40 60 80 100 Porção do Enrolamento que é Curto-Circuitada (%) Fig. 21. Magnitude da tensão e corrente de sequência-negativa versus porcentual do enrolamento curto-circuitado para faltas entre espiras. www.selinc.com.br Uma proteção diferencial eficaz requer um desempenho adequado dos TCs. Esta seção analisa os requisitos dos TCs para os esquemas descritos na Seção V. A. Relação do TC Os elementos diferenciais de sequência-negativa, porcentual (“bias”) e de alta impedância usam TCs em cada lado da máquina como entradas. A entrada de polarização do esquema de falta à terra restrita utiliza os TCs no terminal do gerador. Como estes TCs enxergam as correntes de fase, a seleção da relação é uma função da corrente máxima esperada durante operação normal da máquina. Uma vez que a corrente mínima, que é mensurável pelo relé, é uma função de sua classificação nominal, a escolha de uma relação maior representa uma sensibilidade menor para essas funções. Vários relés modernos microprocessados podem operar indefinidamente com correntes até três vezes a nominal. Normalmente, o fator limitante será regido pelo fator de classificação do TC. O fator de classificação é a corrente máxima que pode ser conduzida a uma temperatura ambiente especificada. Valores típicos são 1,0 - 1,25 - 1,33 - 1,5 - 2,0 3,0 e 4,0. Quando a máquina estiver a plena carga, escolha uma relação que resulte em uma corrente secundária igual ou próxima da classificação nominal do TC (1 ou 5 A) e um fator de classificação que permita a sobrecarga temporária da máquina ( 1,5 pu). B. Valor Nominal da Tensão do TC A seleção de um TC com valor da tensão nominal maior que 1 + X/R vezes a tensão da carga (“burden”) para a máxima corrente de falta simétrica garante que o potencial para uma operação incorreta devido à saturação não seja uma preocupação. No gerador, a relação X/R é frequentemente muito alta e a saturação pode ser inevitável. Em geral, uma característica diferencial porcentual garante que o diferencial de fase permaneça seguro durante uma falta externa com saturação do TC. Observe que os elementos que respondem aos componentes de sequência podem não desenvolver um sinal de restrição significativo para todos os tipos de falta. Esses elementos podem usar um detector de falta externa ou outro mecanismo para fornecer segurança adicional. Geralmente, o desempenho do TC é satisfatório se a máxima corrente de falta externa simétrica no secundário do TC multiplicada pelo burden secundário total em ohms for menor do que a metade da tensão nominal do TC. [email protected] Pág. - 13/15 SCHWEITZER ENGINEERING LABORATORIES, COMERCIAL LTDA. Uma operação incorreta para uma falta externa pode ocorrer se houver saturação de um TC antes do outro. Portanto, TCs com características idênticas de excitação devem ser aplicados em ambos os lados do gerador. Geralmente, não é suficiente compatibilizar os TCs baseandose apenas na tensão nominal; é também importante compatibilizar o burden do secundário do TC. VIII. RECOMENDAÇÕES PARA APLICAÇÃO DA PROTEÇÃO DIFERENCIAL Ao aplicar a proteção diferencial, o fator mais importante a ser considerado é o desempenho (características) dos TCs nos terminais e neutro da máquina. Para uma segurança e sensibilidade ideal, todos os TCs da zona diferencial devem ser idênticos. A sensibilidade de um esquema diferencial resulta de seu princípio de operação—a somatória de todas as correntes dentro da zona. Historicamente, as considerações de ajuste têm sido definidas de forma a fornecer segurança durante faltas externas, especialmente quando os TCs se tornam saturados. Conforme mostrado na Fig. 16 e Fig. 17, o elemento diferencial tem essencialmente dois ajustes: valor de pickup mínimo e inclinação (“slope”). A sensibilidade do elemento é estabelecida pelo ajuste do pickup mínimo do relé diferencial, que determina a menor corrente que o elemento pode detectar. Este valor de pickup tem que ser definido menor do que a mínima corrente de falta que pode ser gerada durante uma condição de falta. Se analisarmos a Fig. 16, vemos que a corrente diferencial mínima para uma falta fase-fase para ambos os elementos de sequência-negativa e de fase estava bem acima da corrente nominal da máquina (1 pu). Portanto, um ajuste de pickup de 0,5 pu (metade da corrente a plena carga da máquina) resultou em um desempenho satisfatório do elemento. Ajustar o elemento em um valor mais baixo não vai melhorar a sensibilidade do elemento, mas pode reduzir a segurança do elemento. O ajuste da inclinação do elemento diferencial é determinado pelo cálculo da máxima corrente diferencial falsa (corrente de operação) que o elemento diferencial vai medir para um evento de corrente passante sem saturação do TC. Definindo ɛ como o erro do TC e INeu e ITerm como as correntes de cada lado do gerador, a máxima corrente diferencial falsa (IOPERR) é a seguinte: IOPERR 1 I Neu 1 ITerm (10) Como INeu e ITerm são iguais, podemos expressar a corrente falsa máxima em termos da porcentagem da corrente no terminal, conforme indicado a seguir: IOPERR 2% (11) Para TCs de proteção, a norma ANSI/IEEE C37.110 define um limite de 10% para o erro de relação para 20 vezes a corrente nominal secundária com burden padrão [10]. Isso equivale a uma corrente falsa máxima de 20% da corrente no terminal; portanto, um ajuste da inclinação de 25% estaria www.selinc.com.br adequado. Este cálculo se aplica no caso onde os TCs têm características idênticas e não saturam. Se este não for o caso, então o desempenho dos TCs para diferentes condições de faltas externas precisa ser avaliado. Por exemplo, para uma falta externa ou durante a energização do GSU, vamos assumir que o TC no terminal do gerador satura antes do TC do neutro da máquina. Uma elevada corrente diferencial falsa será calculada pelo elemento diferencial; as duas opções seguintes estão disponíveis para o engenheiro de proteção: Aumentar o ajuste da inclinação para um valor maior que o erro criado pela falsa corrente diferencial. Usar um relé com capacidade de detectar uma falta externa. Bloquear o elemento do relé durante este período, retornando o relé para seu modo de operação normal assim que a falta externa tiver sido eliminada. A primeira opção sacrifica a sensibilidade do elemento; a segunda opção, contudo, mantém a sensibilidade e aumenta a segurança do elemento diferencial. Como os geradores não apenas têm uma elevada corrente de falta, mas também uma alta relação X/R, a possibilidade de os TCs saturarem para uma falta externa é muito real. Por esta razão, selecionar um relé com capacidade de detectar uma falta externa e bloquear o relé durante este tempo representa uma opção vantajosa. Outra questão que surge quando o gerador é usado para energizar o GSU é que o GSU e o gerador têm uma relação X/R muito alta. Mesmo que a corrente de energização possa ser baixa, ela vai conter um alto componente dc. Isso acabará levando os TCs à saturação, provocando a operação do elemento diferencial. É aconselhável usar um relé com capacidade de detectar esta condição e, de forma similar à condição de falta externa, comutar o relé para o modo de alta segurança. IX. CONCLUSÃO Este artigo descreve os fatores que influenciam o projeto do enrolamento do estator de um gerador síncrono. Discutimos a construção dos componentes individuais e descrevemos em detalhes os fatores que levam à deterioração e falha do enrolamento. Este trabalho abrange as práticas de aterramento do gerador e os métodos de proteção aplicáveis. Além disso, apresentamos e comparamos diversos métodos de proteção diferencial. Usando um modelo do RTDS, simulamos faltas internas e determinamos a resposta de vários elementos de proteção. Os resultados mostram que os elementos de proteção diferencial de fase, sequência-negativa e zero têm sensibilidade para detectar todas as faltas entre fases aplicadas. No entanto, devido às limitações do modelo, não foi possível simular faltas próximas do neutro do gerador em ambas as fases. Modelos mais avançados são necessários para avaliar a cobertura da proteção para este tipo de falta. Os resultados da simulação também mostram que os elementos diferenciais são eficazes na detecção de faltas à terra. Para este tipo de falta, o modelo permite que as faltas [email protected] Pág. - 14/15 SCHWEITZER ENGINEERING LABORATORIES, COMERCIAL LTDA. sejam aplicadas em qualquer ponto do enrolamento. Os resultados mostram que a relação entre a posição da falta e a contribuição da falta é aproximadamente linear para faltas próximas do neutro do gerador. Esta relação linear aproximada é muito útil para avaliar a sensibilidade da proteção contra faltas à terra de forma geral. A simulação do RTDS não indicou se os elementos diferenciais foram eficazes na detecção de faltas entre espiras; no entanto, outras funções, tais como a proteção direcional ou de impedância, podem fornecer um determinado grau de proteção. Melhorias do modelo, tal como a implementação de ramais dos enrolamentos paralelos, permitiriam uma investigação mais abrangente deste tipo de falta. Dale Finney recebeu seu diploma de graduação da Lakehead University e mestrado da University of Toronto, ambos em engenharia elétrica. Ele começou sua carreira na Ontario Hydro, onde trabalhou como engenheiro de proteção e controle. Atualmente, Mr. Finney trabalha como engenheiro de sistemas de potência sênior na Schweitzer Engineering Laboratories, Inc. Suas áreas de interesse incluem proteção de geradores, proteção de linhas e automação de subestações. Ele detém várias patentes e é autor de mais de uma dúzia de artigos técnicos na área de proteção de sistemas de potência. Ele é membro do comitê principal do IEEE PSRC, membro do subcomitê de máquinas rotativas e engenheiro profissional registrado na Província de Ontario. Douglas Taylor recebeu seu BSEE e MSEE da University of Idaho em 2007 e 2009, respectivamente. Desde 2009, ele trabalha na Schweitzer Engineering Laboratories, Inc., sendo atualmente um engenheiro de sistemas de potência na área de pesquisa e desenvolvimento. Mr. Taylor é um engenheiro profissional registrado em Washington, é membro do IEEE e autor de vários artigos técnicos. X. REFERÊNCIAS [1] M. G. Say, Alternating Current Machines, 5th ed. Pitman Publishing Ltd., London, 1984. [2] G. C. Stone, E. A. Boulter, I. Culbert, and H. Dhirani, Electrical Insulation for Rotating Machines: Design, Evaluation, Aging, Testing, and Repair. Wiley–IEEE Press, 2004. [3] B. K. Gupta, B. A. Lloyd, G. C. Stone, S. R. Campbell, D. K. Sharma, and N. E. Nilsson, “Turn Insulation Capability of Large AC Motors Part 1—Surge Monitoring,” IEEE Transactions on Energy Conversion, Vol. 2, Issue 4, December 1987, pp. 658–665. [4] J. F. Calvert, “Forces in Turbine Generator Stator Windings,” Transactions of the American Institute of Electrical Engineers, Vol. 50, Issue 1, March 1931, pp. 178–194. [5] G. Koeppl and D. Braun, “New Aspects for Neutral Grounding of Generators Considering Intermittent Faults,” proceedings of CIDEL Argentina 2010, Buenos Aires, Argentina, September 2010. Available: http://www.cidel 2010.com/papers/paper-24-10022010.pdf [6] L. J. Powell, “The Impact of System Grounding Practices on Generator Fault Damage,” IEEE Transactions on Industry Applications, Vol. 34, Issue 5, September/October 1998, pp. 923–927. [7] D. L. Evans, “IEEE Working Group Report of Problems With Hydrogenerator Thermoset Stator Windings Part I—Analysis of Survey,” IEEE Transactions on Power Apparatus and Systems, Vol. 100, Issue 7, July 1981, pp. 3,284–3,291. [8] P. Tavner, L. Ran, J. Penman, and H. Sedding, Condition Monitoring of Rotating Electrical Machines. The Institution of Engineering and Technology, London, United Kingdom, 2008. [9] H. R. Sills and J. L. McKeever, “Characteristics of Split-Phase Currents as a Source of Generator Protection,” Transactions of the American Institute of Electrical Engineers, Part III: Power Apparatus and Systems, Vol. 72, Issue 2, January 1953, pp. 1,005–1,016. [10] ANSI/IEEE C37.100-1996, IEEE Guide for the Application of Current Transformers Used for Protective Relaying Purposes, 1996. XI. BIOGRAFIAS Normann Fischer recebeu um Diploma Superior em Tecnologia, com louvor, da Technikon Witwatersrand, Johannesburg, África do Sul, em 1988; um BSEE, com louvor, da University of Cape Town em 1993; e um MSEE da University of Idaho em 2005. Ele ingressou na Eskom como técnico de proteção em 1984 e foi engenheiro de projetos sênior no departamento de projetos de proteção da Eskom por três anos. Em seguida, foi trabalhar na IST Energy como engenheiro de projetos sênior em 1996. Em 1999, ingressou na Schweitzer Engineering Laboratories, Inc. como engenheiro de sistemas de potência na divisão de pesquisas e desenvolvimento. Ele foi um engenheiro profissional registrado na África do Sul e membro do South African Institute of Electrical Engineers. Atualmente, ele é membro sênior do IEEE e membro do ASEE. www.selinc.com.br © 2013 por Schweitzer Engineering Laboratories, Inc. Todos os direitos reservados. 20130913 • TP6622-01 [email protected] Pág. - 15/15