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RIO BRANCO - 80 ANOS DE GLÓRIAS
O Colégio Rio Branco foi fundado em 1920 pelo
Professor José Costa Júnior. Após algum tempo assumiu a
direção o Professor Mário Bittencourt. Em 1930 o Professor
José Cortês Coutinho, nessa ocasião funcionava com internato
e semi-internato, substituiu-o Carlos Marques Brambilla que
após memorável luta em 1936 conseguiu a oficialização do
Estabelecimento de Ensino.
Em 1939, em franca decadência, com dificuldades
financeiras, formou-se uma Junta Governativa composta por
Olívio Bastos, José de Oliveira Borges e José Mansur para
administrar a entidade. Assim o Colégio Rio Branco recebeu de
Olívio Bastos as benesses de sua visão administrativa.
Assumindo a direção em momento difícil, coube a ele
transformar, ampliar, construir novas salas, equipando-as de
novo mobiliário, laboratório, moderna quadra de esportes, que
ainda perduram.
Por várias décadas, a Direção Técnica esteve entregue
à Professora Maria do Carmo Baptista de Oliveira, Dona
Carmita, que com zelo e eficiência, energia e idealismo
desempenhou ali sua missào.
Em 1958, após o falecimento do Diretor Proprietário,
Senhor Olívio Bastos, sua família fundou a Sociedade
Educadora Limitada, constituída de Dona Vivaldina Martins
Bastos, viúva do saudoso Diretor e de seus filhos Ésio Martins
Bastos, jornalista, admirável mestre da imprensa interiorana,
proprietário do jornal "O NORTE FLUMINENSE", fundado
por ele em 1945 , sendo até hoje seu Redator , com o mesmo
brilho e inteligência; Maria Ruth Bastos Guerra, emérita
Professora do Colégio e Dr. Luciano Augusto Bastos, advogado,
figura de maior destaque em nosso município, com invejável
currículo, com indeléveis marcas nos mais variados segmentos,
cabendo a este último a Direção Comercial, levando o Rio Branco
a novas conquistas e realizações, ampliando suas dependências
e cursos. Após a aposentadoria de D. Carmita, assumiu também
a Direção Técnica.
Oitenta anos de História!... Honra ao Mérito aos
dirigentes que com garra e bravura, superando dificuldades
sem conta, garantiram o funcionamento desta Casa de Ensino,
ao longo de sua existência, deixando edificantes exemplos e
marcas perenes de suas realizações. Honra ao Mérito aos
professores que além dos conhecimentos que transmitiram a
cada aluno, deixaram seus exemplos de fraternidade, civismo
e cumprimento do dever e também a todos os funcionários de
todas as épocas e das mais variadas funções, que anonimamente
prestaram valiosos e indispensáveis serviços.
Rio Branco, um facho de radiosa luz, que se faz
presente em toda parte, pois quantos ali estudaram, continuaram
os estudos e hoje, como ontem, ocupam cargos de relevo nesse
nosso tão amado Brasil e até mesmo além-fronteiras.... São
Advogados, Juízes, Promotores, Desembargadores, Médicos,
Engenheiros, Professores, Empresários bem sucedidos,
Parlamentares, Ministros, Profissionais Liberais, Prefeitos e dois
notáveis Governadores do Estado do Rio de Janeiro, Roberto
Abril, Maio e Junho/2000 - Astros & Estros
Silveira e Badger Silveira.
Seu atual diretor proprietário, o emérito educador,
historiador, Dr. Luciano Augusto Bastos, não esmorece jamais.
A alma desse homem impávido não se refestela, ela tem sede
de progresso, preocupa-se com a modernização e principalmente
com a qualidade de Ensino. Temperamento afável e solícito,
bom esposo, pai sensível, avô extremado. De acendrado amor
a Bom Jesus, faz de sua vida uma SINFONIA de trabalho para
a valorização da Cultura , da Arte, do Bem, do Bom e do
Belo... Pertence a Entidades Culturais, é membro e foi
presidente do Rotary Clube local, seguindo literalmente o lema
"SERVIR, SEMPRE SERVIR". Presidente da Subseção da
Ordem dos Advogados do Brasil, criada por sua iniciativa. Sua
atividade comunitária alcança relevo, à frente do Centro Popular
Pró-Melhoramentos de Bom Jesus do Itabapoana, atuando no
Hospital São Vicente de Paulo, Instituto de Menores e Casa
das Meninas. Na política ocupa lugar de destaque; na imprensa
participa com o brilho de sua invulgar inteligência. No esporte,
foi atleta e dirigente do Olímpico Futebol Clube, fundador da
Liga Bonjesuense de Desportos, criador dos Jogos Estudantis
de Bom Jesus e do Campeonato de Futebol Rural. Foi
Secretário Municipal de Educação e Membro do Conselho
Municipal de Educação.
O Colégio Rio Branco há oito décadas vem cumprindo
seu destino com altruísmo e galhardia, orientando com
segurança e esmero a juventude de nossa tão amada Bom Jesus,
assim como a da Região Noroeste e municípios de Estados
vizinhos. Todos nós estamos de parabéns...
Parabéns Rio Branco!...
Parabéns Dr. Luciano Bastos!...
Vera Maria Viana Borges
RIO BRANCO
Vera Maria Viana Borges
Rio Branco de feitos imortais
Esparzindo a cultura com vitória,
Torna concretos nobres ideais,
Colhe os louros, coroa meritória.
Áurea luz que rebrilha mais e mais!
O honrado nome cresce em fama e glória,
Indo à porfia em lutas magistrais
Altaneiro e garboso está na História.
Escola idolatrada eu te bendigo,
Por teu presente e pelo teu passado,
Em ti se encontra o mais sublime abrigo.
Bendito Templo que emoldura o espaço,
Onde se colhe o fruto sazonado,
Segue marchando sem perder o passo!...
LER É CRESCER! CULTIVE ESTA IDÉIA!
Abril, Maio e Junho/2000 - Astros & Estros
ANO V - Nº 24
ABRIL, MAIO e JUNHO/2000
22 de abril de 2000 - BRASIL, 500 ANOS! PARABÉNS BRASIL!
"ASTROS & ESTROS" INICIANDO O 5º ANO DE CIRCULAÇÃO
FELICIDADE
Vera Maria Viana Borges
Busquei-te na criança que brincava,
Até mesmo num ponto verdejante,
Na bela rosa que desabrochava,
No céu, no mar, num monte tão distante.
Vera Maria Viana Borges
O humano ser falaz, alucinado,
Em pego escuro empurra o próprio amigo
Em busca de ascensão, e em excitado
Ardor, fustiga e o deixa sem abrigo.
Em vão busquei-te em nuvem que passava,
Tornou-se compulsão, gesto incessante:
Obsessivamente eu procurava.
Encontrei-te em meu peito num instante.
No abismo cai, carpindo ele é lançado,
E no holocausto, amargo, por castigo,
Intrépido, remindo, é lapidado,
Alça em remígio e triunfa no perigo.
Pude ver-te em manhã de sol ardente,
No entardecer de brisa tão fagueira,
Na noite de luar resplandecente.
Pérolas deslumbrantes, nacaradas,
Imersas no profundo do oceano,
Habitantes de concha, aprisionadas...
No meu interior brilhou a luz:
Felicidade existe, é companheira
Daquele que em seu peito tem Jesus.
No manto negro, estrela coruscante...
Para todas há espaço... todo humano
Deverá ter direito ao sol brilhante.
BRASIL
Vera Maria Viana Borges
Rio sinuoso, matas,
Estrelas, brilhante sol,
Luar de prata, cascatas,
O canto do rouxinol.
Inseto, flor, animal,
Serra; mar encapelado
De beleza sem igual,
Com ternura sempre olhado.
Nosso homem que trabalha,
Quem ensina, quem estuda,
Quem governa, quem espalha
O bem, e a todos ajuda.
Terra-mãe na qual pisamos,
De céu azul qual veludo,
É a PÁTRIA que nós amamos:
“BRASIL, acima de tudo!”
DIREITO AO SOL
ÉS SOL, QUERIDO!
Vera Maria Viana Borges
És Sol, querido, és Sol, ardente amor,
Que me aquece e me enleva com doçura.
Jóia rara, de rútilo esplendor
Que me abraça e me beija com ternura.
Nada haverá pois, de maior valor...
Mesmo as flores com tanta formosura,
Vibrarão além deste nosso ardor
Que é paz, é gozo, é calma e é loucura.
Eras quase um menino, bem me lembro...
Na imagem refletida em alabastro
Vejo o teu rosto, o corpo e cada membro.
Por tantos anos já somos casados!
Com as bênçãos de Jesus, grandioso ASTRO,
Seremos para sempre NAMORADOS.
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EDITORIAL
Iniciamos nesta edição o quinto ano de circulação de
Astros & Estros. Que o amor de Jesus e de Maria nos sustentem
e a proteção d'Eles nos dê segurança e nos anime em nossa
caminhada.
A resposta positiva que temos recebido de nossos caros
confrades nos encoraja e gratifica sobremaneira, fazendo-nos
convictos de que estamos no caminho que certamente resultará
em maior empenho de todos na construção de uma sociedade
mais justa, fraterna, participativa, e cada vez mais atenta aos
acontecimentos do dia-a-dia.
Nem só em tecnologia se resume a vida moderna.
Buscar uma maior integração entre povos, entre pessoas,
descobrindo a capacidade do convívio, e ter acesso a jóias
literárias que nos enaltecem, enlevam, sublimam, faz-nos sonhar,
aumentar a auto-estima, produzindo a sensação de felicidade
plena. São os frutos colhidos em nossa trajetória. Felizes somos
nós que sabemos e podemos sonhar. A vida dependendo de
cada um de nós poderá ser um belo sonho, um belo e doce
sonhar. Usufruamos das benesses concedidas pela literatura.
Prossigamos no ideal de nosso patrono- São Francisco
de Assis, seguindo o que ele ensina em sua oração:
"Senhor, fazei-me um instrumento de vossa paz.
Onde houver ódio, que eu leve o amor,
onde houver ofensa, que eu leve o perdão,
onde houver discórdia, que eu leve a união,
onde houver dúvidas, que eu leve a fé,
onde houver erro, que eu leve a verdade,
onde hover desespero, que eu leve a esperança,
onde houver tristeza, que eu leve a alegria,
onde houver trevas, que eu leve a luz.
Mestre, fazei que eu procure mais
consolar do que ser consolado,
compreender do que ser compreendido,
amar do que ser amado.
Pois é dando que se recebe,
é perdoando que se é perdoado,
é morrendo que se vive para A VIDA ETERNA!
"A MÃE é a mais bela obra de DEUS." A. GARRET
EXPEDIENTE
ASTROS & ESTROS
Boletim Alternativo · PROSA & POESIA
Circulação Nacional e Internacional
Fundador, Editor e Redator:
Vera Maria Viana Borges
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Bom Jesus do Itabapoana - RJ - BRASIL
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e-mail: [email protected]
Abril, Maio e Junho/2000 - Astros & Estros
TENHO FÉ
Teresinka Pereira
Camarada, tenho fé
e venho juntar meu braço
ao braço de quem luta
pondo justiça nesta terra.
Tenho fé em teu braço, camarada,
e tenho fé no meu,
agarrado à pena que é
meu fuzil de tinta.
Posso escrever-te versos e
mais versos sobre minha fé
em nossos braços porque
com eles trabalhamos,
lutamos e amamos.
Seremos milhões de vitórias
juntas em uma só quando
nossa fé possa romper
os arames das fronteiras,
os preconceitos, as bandeiras,
e sobretudo os milhões
de dólares gastados
para manter-nos sem
fé e sem esperança.
SONETO DA LIBERTAÇÃO
Ialmar Pio Schneider
Quero o caminho da libertação
para seguir na vida mais confiante,
se alimentava mórbida ilusão
procurarei baní-la, doravante.
Preciso estar alerta a todo instante
e suportar a humana condição,
minha vigília deve ser constante
neste universo envolto em turbilhão...
Levo comigo a chama da esperança
e apesar dos percalços da existência
tenho fé, tenho amor, tenho confiança...
Não mais serei o náufrago perdido
pelos mares da angústia e da impaciência,
porque vencendo-me, terei vencido!
Quem é capaz não compete,
O Inspirado não copia.
É MÁQUINA que repete,
ARTISTA, é aquele que cria.
Nas ARTES principalmente
É triste a competição,
Pois sabe o que tem SÃ MENTE,
Vem do ALTO a inspiração.
O bom é deixar que aflore
Espontânea a inspiração,
E a união de ASTROS decore
Em bela CONSTELAÇÃO.
VERA MARIA VIANA BORGES
Abril, Maio e Junho/2000 - Astros & Estros
O MISTÉRIO EM SI
Maria da Glória Campos
Vinte e sete de junho
De mil novecentos e onze,
Nasce um pequeno mistério,
Criança normal e comum,
Juventude alegre,
De família simples,
De família humilde...
Mas uma queda lhe mostra,
Os desígnios de Deus
Deixando-lhe totalmente, paralizada.
Mas não se deixou render por aquela provação,
Lutou, viveu ensinando muitos
A lutarem e a vencerem pela força
Da fé e pelo poder da EUCARISTIA,
Tudo direcionado ao bem comum.
Vivendo somente, então, recostada,
Sem comer, beber, e mais tarde sem dormir,
Assim foi sua vida,
Decidiu com Jesus e por Jesus prosseguir.
Somente com a COMUNHÃO diária,
Enfrentou dores e tristezas,
Mas com coragem, alegria e fé,
Por longos anos sobreviveu.
Sei que não é fácil acreditar,
E nos dias de hoje encontrar,
Alguém assim tão especial.
É fato impressionante, verdadeiro,
Que temos as bênçãos de Deus,
Pois Lôla rezou pelo povo brasileiro
E pelo mundo também.
Vivendo para o CORAÇÃO DAQUELE,
Que ama a humanidade,
O SAGRADO CORAÇÃO DE JESUS.
Mas ao cumprir sua missão,
Vivendo de fé e oração,
Fraterna e solidária,
O povo com muita emoção,
Chorou ao vê-la partir.
LÔLA se foi para Deus,
Mas não nos abandonou aqui,
Mil novecentos e noventa e nove,
nove de abril.
O seu beija-flor,
Neste mundo ainda ficou,
Alegrando os nossos dias,
Pois todos se alegram
Com esta presença amiga.
Uma avezinha,
Flutuando na PAZ e na ALEGRIA.
O meio de comunicação de LÔLA
De fé e de esperança,
De que ela e Jesus estão atentos,
À felicidade e paz no mundo,
Pela força da fé, poder da confiança,
Da humildade, da solidariedade
E da Oração.
Por intercessão de LÔLA
AO SAGRADO CORAÇÃO DE JESUS,
E MARIA SANTÍSSIMA,
Milagres foram e ainda são comuns,
Pois LÔLA é o MILAGRE EM SI.
Distante do mundo material,
Com uma fé imortal,
Deixou muitas mensagens,
Entre tantas, testemunhadas por ela.
Confiar, "JESUS QUER A CONFIANÇA".
DELE vêm as palavras:
"Pedi e recebereis, procurai e achareis,
Batei e abrir-se-vos-á."
Estas palavras são:
Segredo do cofre de todas as realizações.
O coração é o cofre,
Abri-mo-lo, então, para recebermos
Os tesouros, que são as GRAÇAS de DEUS.
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Observações da autora do texto acima:
LÔLA (Floripes Maria de jesus ou Floripes Maria
da Costa ou Floripes Dornellas de Jesus) a presença viva de
Jesus no meio de nós, num testemunho de fé e vida, nasceu
em 27 de junho de 1911. Entrou para a PIA UNIÃO DE
FILHAS DE MARIA em 1934. Em 1935 caiu de uma
jabuticabeira, ficando totalmente paralizada. Após a queda
tomava somente caldo de lima, mas depois rejeitou todo e
qualquer tipo de alimentação. Não comia, não bebia, não
dormia, vivia recostada sem poder mudar de posição, dia e
noite.
No início usava um colchão muitíssimo fino, depois
pediu à sua mãe, Dona Deolinda que lhe tirasse o colchão e
assim ela viveu por sessenta e quatro anos, vindo a falecer
no dia 09 de abril de 1999.
Morava em um recanto, próximo à cidade de Rio
Pomba-MG. Nos últimos anos em vista da perda dos pais e
irmãos, morava sozinha e os riopombenses a respeitavam e
protegiam. Um beija-flor a acompanhava e quando ele invadia
as casas o povo presumia ser uma mensagem de LÔLA e
ainda hoje quando ele sobrevoa os lugares, sente-se a
presença daquela que tanto amou o CORAÇÃO DE JESUS,
que apenas se alimentava da Eucaristia, recebia a
COMUNHÃO diária. Uma vez por dia, recebia o alimento
da alma que é a HÓSTIA CONSAGRADA.
"Nada no mundo igual à amizade; os amigos
são o sal da terra."
Jorge Amado
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PUXAR O TAPETE
Maria Thereza Cavalheiro
"Puxar o tapete" é uma antiga expressão, e diz bem
de dores de cotovelo, de complexos de inferioridade, de
ambições desenfreadas.
"Puxar o tapete"tem muito a ver com a traição, a
perfídia, o ódio, o rancor, a incompetência; o medo de perder
sua própria posição.
"Puxar o tapete" não é chegar na cara da pessoa e
dizer uma série de impropérios. Ao contrário, é tratá-la com
falsos sorrisos até, dar-lhe aqueles tapinhas aparentemente
amigáveis, e depois...
Depois destilar a intriga: uma palavra esboçada, um
duvidoso menear de cabeça, um levantar de sobrancelhas
quando alguém lhe pronuncia o nome.
Mas pode ser mais: um conceito claro em detrimento
da pessoa visada, o apontamento de um erro (quem não erra?),
de uma fraqueza (e quem não as tem?) - qualquer coisa que
induza (isso mesmo: indução) a uma suspeita sobre o seu
caráter.
"Puxar o tapete" é coisa feia, porque é jogo sujo.
Pessoas que "puxam o tapete" de outras deviam ter vergonha
de si mesmas, de se mirarem ao espelho.
Quem "puxa o tapete" age com má fé, derruba o
"inimigo" sem olhá-lo nos olhos. E ainda se vangloria disso,
acha-se muito inteligente.
Quem "puxa o tapete" deve lembrar-se de que um
dia, mais cedo ou mais tarde, vai ter de prestar contas disso.
Não ao que ficou no chão, mas Àquele que fica lá no Alto.
Porque nada permanece imune aos olhos de Deus.
A BROA DO SEU INÁCIO
Alaôr Eduardo Scisínio
O hábito que Eduardo tinha de reclamar vinha de sua
infância. Garoto, freqüentava, em Itaocara, o bar do Seu Inácio
Côrtes, cuja esposa, Dª Maria, fazia uma broa deliciosa.
Costumeiramente o Eduardo a consumia com café e leite. O
café era torrado e moído pelo próprio Seu Inácio.
Eduardo cresceu como freguês do "Café Estrela".
Era este o nome do barzinho.
Homem feito, aventurou-se a uma reclamação mais
ou menos justa:
– Seu Inácio. lembro-me de que, quando garoto, com
os meus oito para nove anos, para comer a sua broa eu dava
umas quatro a seis dentadas e agora numa só eu como toda
a broa.
– Meu amigo: a broa é do mesmo tamanho. A sua
boca era pequenininha e ficou desse tamanho. Eu não posso
fazer o tamanho da broa acompanhar o crescimento da boca
do meu freguês.
(Extraído do livro "MARANDUERA PIRAQUARA" de
Alaôr Eduardo Scisínio)
Abril, Maio e Junho/2000 - Astros & Estros
ELE PERMITIU, ELE RESOLVE
Lóla Prata
Eu via a responsável pela disciplina do colégio fazendo
a ronda entre os corredores da escola, segurando um rosário,
enquanto murmurava repetidas orações. Na saída da
aula,interceptei-a, indiscreta:
– Você anda muito preocupada... posso ajudá-la?
– Pode rezar por minha filha! Ela está grávida; o feto
apresentou várias anomalias congênitas e o aborto terapêutico
foi recomendado, urgente, pois com a má formação, se nascer,
poderá ser terrível. E eu rezo para que ela resolva logo... dá
pena vê-la nesse impasse, sem se decidir.
A confidência deixou-me, também, um tanto
angustiada; orei pela parturiente na gestação frustrada, pela
cristã, diante de um ato extremo. Algum tempo depois,
interpelei minha amiga, ao que ela contou:
– Sabe o que minha filha resolveu? Não vai submeterse ao aborto. Disse que, se Deus permitiu tal acontecimento,
Ele o resolverá.
E assim fez a moça. Até o fim da gravidez, entregouse a Ele. Completados os nove meses, chega a grande hora.
Parto cesariana, nasce um bebê de aparência desagradável,
chora forte para a vida e, num soluço suave, morre. Foi
sepultado na tristeza da família, mas em louvores a Deus que
o poupara de tantas agruras terrenas. A mãe só teve saudade,
não remorso. Era uma heroína. E inspirou-me esses versos:
DOCE MARTÍRIO
Feto doente, diz-lhe o lente,
Sem esperança...
Incisivo conselho:
Aborto terapêutico,
Legalizado, sem tardança!
Ela... aperta a agrura,
Reflete, escolhe, não tolhe
A vida concebida!
Rezem por mim, pede...
Livre-me Deus da desventura
De matar indefesa criatura!
O pequeno cresce e recrudesce...
A mártir só se engrandece
Nas lágrimas e no contido temor
Até que o esperado dia amanhece.
Criança fraca, triste, enferma,
Fica pouco neste mundo.
Minutos depois... revive em amor
Em espaço além, na eternidade!
Aqui deixa mãe em felicidade
De plácida e cálida e apenas... saudade!
(Extraído do livro- "PROVAI E VEDE COMO O SENHOR
É BOM" de Maria de Lourdes Prata Garcia - Lóla Prata)
PROVAI E VEDE... COMO O SENHOR É BOM!
Felizes os que n'Ele se refugiam! (Salmo 33-9)
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Abril, Maio e Junho/2000 - Astros & Estros
SONETOS & ASTROS
(Soneto-Poesia Clássica devidamente metrificada e
rimada, agrupada em dois quartetos e dois tercetos)
FALANDO COM DEUS
Hildemar de A. Costa
Eu sei Senhor, que a vida se resume
no tempo parcelado pelos anos,
que há momento de riso ou de queixume,
num misto de prazer e desenganos.
A. Isaías Ramires
Tu passaste por mim, já não me lembro quando.
Sei, apenas, que o dia era brumoso e frio;
e após já tanto tempo fico recordando
a beleza sem par do teu olhar de estio...
Sei que o desejo de chegar ao cume
nivela em ambição entes humanos,
como sei que da flor vem o perfume,
revelado nos ares soberanos.
Tu falavas de amor num tom tristonho e brando,
tinha dons divinais o teu corpinho esguio...
Surgiste como um sol iluminando o rio
de sonhos e ilusões que em mim vinha rolando!
Entretanto Senhor, eu não entendo
tanto ódio neste mundo convertendo
mortais em verdadeiros seres brutos.
Tu foste em meu caminho um anjo de ventura,
vives pro seu amor que já não mais fulgura
e como um sol de ocaso é frio, não tem vida...
E nem posso entender que a duração
de seis dias, em Vossa Construção,
esteja a depender de alguns minutos!
Olhando para trás, eu vejo esfacelado
o castelo feliz que erguemos no passado,
em noite que ficou na imensidão perdida!
DEVANEIO
ESTROS & TROVAS
(Trova- quatro versos setissílabos rigorosamente metrificados e rimados)
Somente Deus na alma gera
sentimento de bondade
e dá tons de primavera
a uma fria realidade!
Lola Prata
Eu sou quem anula planos
(os grandes planos, talvez).
Rainha dos desenganos,
o meu nome é Timidez!
Ederson Cardoso de Lima
Hoje a vida em seus desvelos
troca em nome da ilusão
o luar dos meus cabelos
pelo sol do coração.
Antônio Bispo dos Santos
Minha terra, os sonhos seus
são de tal porte e tal gala,
que creio mesmo que Deus
exagerou ao criá-la!
Eduardo A. O. Toledo
Quem tem esperança faz
bem feliz os seus amigos,
e quase sempre é capaz
de perdoar inimigos.
Haroldo R. Castro
Estranho é o canto que eu canto,
no meu canto recolhido,
é que eu canto o desencanto
do meu encanto perdido!
Miguel J. Malty
Onde se pode encontrar
Um amigo verdadeiro?
Mais fácil a gente achar
Uma agulha no palheiro.
Felisbelo da Silva
-Como vais? - eu te pergunto,
e espero a resposta, após.
Não é por ter um assunto,
é para ouvir tua voz...
Colombina
Morre o sol. Nasce a tristeza
no entardecer que enviúva...
E o pranto da natureza
se transforma logo em chuva!
Amaryllis Schloenbach
Originário de um surto
de inspiração impudica,
o plágio é o único furto
que o próprio ladrão publica.
Rodrigues Crespo
Alma estranha esta que abrigo,
esta que o ocaso me deu,
tem tantas almas consigo,
que eu nem sei bem quem sou eu...
Raul de Leoni
Saudade, palavra doce,
que traduz tanto amargor!
Saudade é como se fosse
espinho cheirando a flor.
Bastos Tigre
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Abril, Maio e Junho/2000 - Astros & Estros
MÃE
Filemon Francisco Martins
Anjo dos céus sobre a terra
é a mãe, que jamais erra,
nessa missão sem igual
de pôr na mente menina
um pouco de luz divina
que guia e combate o mal.
Quem tem mãe, na realidade,
tem grande felicidade,
pois seu amor é profundo.
Amor singular, bendito,
que jamais será descrito
pelos poetas do mundo.
Estrela d 'Alva brilhando,
com sua luz nos guiando
pelos caminhos do bem;
mãe - flor de afeto, querida,
que filho algum, nesta vida,
outra mais bela não tem.
Eis a nossa gratidão,
do íntimo do coração
pelo que fazes no lar.
Que sejas abençoada
nessa missão consagrada
de viver para embalar!
ORAÇÃO DO AMANHÃ
Alice de Oliveira
Senhor,
Quando eu não mais puder
Mover meus próprios passos
E depender de outros
Para por mim fazê-lo...
Quando eu não mais puder
Ver com meus próprios olhos
E depender de alguém
Que queira me conduzir...
Quando eu não mais puder
Sorrir para os amigos
Por ter no meu semblante
A névoa da tristeza...
Quando eu não mais puder
Soltar os meus cabelos
Para que o vento os leve
Em revoltosos cachos...
Quando eu não mais puder
Usar as minhas mãos
Para colher as flores
Do meu jardim no vale...
Quando eu não mais puder
Usar a minha voz
Para cantar meus versos
Louvando a Natureza...
Quando eu não mais puder
Usar meus pensamentos
Lembrando-me daqueles
Que me querem tão bem...
Quando eu não mais puder
Usar os meus sentidos
Para escrever ou ler
Ou meditar calada...
Quando eu não mais puder
Acordar-me bem cedo
Levantar-me de um salto,
Correr à janela
Cumprimentando o dia;
E respirar bem fundo
O ar que vem de Vós...
Humildemente eu peço
Senhor, humildemente:
Não me deixeis aqui
Nem mais um só instante
Fazei-me renascer
Bem longe, noutros planos
Para continuar
Meus sonhos de poeta
Viver em meu cantinho
O meu viver de asceta
Obedecendo assim
A lenta evolução
Que o ser humano traz
Em sua trajetória
Cumprindo a Santa Lei
Que é sempre obrigatória
Para se alcançar de Vós
Senhor, a Redenção!...
ESTRELAS
P de Petrus
Deixemos o que é mau: - as lembranças abjetas,
as pretensões banais, que tanto transfiguram;
e olhemos, todo o azul, onde estrelas fulguram,
para vê-las lançando as coruscantes setas!...
E ao mirá-las no céu, em que, de noite, juram,
quando falam, baixinho, às irmãs indiscretas,
podemos compreender, - com os olhos de poetas,
o que seus olhos vêem e seus lábios murmuram.
Toda estrela tem alma, e gentis sentimentos,
e um coração que pulsa, em todos os momentos,
num festival de luz, nos longes das esferas.
Tal qual sonhamos nós, no esplêndido regaço,
sonham, tremeluzindo, as estrelas no espaço,
florescendo de amor num leito de quimeras!
Aprendi que a caminhada,
Mais forte que a voz do rei
Para o sul ou para o norte,
É a voz do homem da rua.
Nunca depende da estrada,
O rei passa, passa o rei,
Sempre depende da sorte...
Mas, o povo continua.
SÓLON BORGES DOS REIS
Abril, Maio e Junho/2000 - Astros & Estros
COMPLETANDO MEUS NOVENTA E QUATRO ANOS DE
VIDA (18-04-2000)
Oswaldo Augusto de Freitas
Fiz meus noventa e quatro anos de vida,
Dádiva que do Alto alcancei,
Foi magistral a estrada percorrida,
No meu entardecer feliz cheguei.
Todos os sonhos da minha adolescência,
Projetos mil da minha mocidade,
Atração pelo estudo, pela ciência,
À luta me atirei com intensidade.
Vários horizontes conquistei,
Meus sonhos afetivos realizei,
A família foi suave sinfonia.
Mas no passado tudo hoje ficou,
Grande prazer na vida me restou,
Linda prole me enchendo de alegria.
TROVA GLOSADA
MOTE: A saudade é calculada
por algarismos, também:
- Distância multiplicada
pelo fator querer bem. Bastos Tigre (1882-1955)
GLOSA DE ENO THEODORO WANKE
A saudade é calculada
quando é pouca ou quase nula.
- Quando é grande, eis que a danada
dói, dói... - e ninguém calcula...
Mas como medir saudade
por algarismos também?
Quando chega e nos invade,
não se mede - só se tem!
Se vou para longe, nada
me consola. a vida é morta.
Distância multiplicada,
a saudade não suporta!
Se a saudade me atormenta
e tanta angústia contém,
é que ela cresce, ela aumenta
pelo fator querer bem.
BOM DIA, AMIGO SOL
Miguel Russowsky
Bom dia, amigo sol! Eu te saúdo!
Entra! A janela está escancarada...
Favor trazer a brisa perfumada
e mais o que puderes... Eu te ajudo!
Vem bater nos cristais! Brilhar em tudo
com o alegre fluir da madrugada...
Há gerânios sorrindo na sacada...
Há dez rimas à espera em meu estudo...
Vem colorir as flores que desenho
no papel, em buquês de fantasia!
Estou compondo... Vês quanto me empenho?
Bom dia, amigo sol! Pousa de leve
nesse caderno meu, de poesia!
Vem! Toma a caneta... ensaia... escreve...
3
TEMPOS FELIZES
Sérgio Bernardo
Com que ternura recordo
as brincadeiras a bordo
da nau festiva da infância...
Era um cruzeiro sem medo,
cortando um mar de brinquedo
que se perdeu na distância...
Nesse tempo, eu fui pirata!
Uma caixinha de lata
era o baú do tesouro...
Dentro dela, em meus inventos,
uns meros calhaus cinzentos
brilhavam mais do que o ouro!
Para erguer lindos castelos
bastavam pregos, martelos,
uns madeirames e telhas...
Sobre as árvores mais altas,
eu fui o Rei dos peraltas
num reino de tábuas velhas!
No meu quartel de quimera,
fui soldado quando eu era
um guri de mechas louras.
Como quem cavalos monta,
quantas vezes fiz de conta
que galopava em vassouras!
Desse mundo de criança
uma infinita lembrança
foi o quinhão que me coube.
E hoje resta uma evidência:
- Lá, na aurora da existência,
eu fui feliz... e não soube!
IDEAL
João Justiniano da Fonseca
Era moço ao sair, levando uma esperança
e a algibeira vazia, empós do meu destino.
Sobre urzes caminhei ao sol ardente e a pino,
sem complexos ou mágoa, alma tranqüila e mansa.
Transpus ermos à noite. A escalada não cansa
a quem persegue um sonho, um ideal genuíno.
Dia e noite, soalheira ou frio, era o meu hino
um cântico de amor e eterna confiança.
Confundido no bem, se o bem é o que suponho,
não recusei um sonho a quem pedia o sonho,
não recusei amor a quem amor pedia.
E afinal... Oh! ilusão, oh! encantada esperança...
o longínquo ideal, a gente não o alcança
por muito que ande - dia e noite, noite e dia!
És tu poeta, o mensageiro alado
A manhã comigo fala
num salmo cheio de luz, do amor e da esperança lado a lado
Nessa harmoniosa escala a esparzir poesia a todo universo
quando o seu coração declama
o diapasão é JESUS.
um verso!
Miguel J. Malty
Oefe Souza
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Abril, Maio e Junho/2000 - Vera Maria Viana Borges