CORREIO DO POVO Sábado, 5 de maio de 2001 epois de anos apontado como uma sentença de morte, o câncer vem sendo amplamente estudado por cientistas do mundo inteiro e, em alguns casos, vencido. Um dos tipos mais comuns, o câncer de mama, atinge principalmente mulheres com idade entre 40 e 60 anos. Ultimamente, porém, mesmo as mais jovens têm sido vítimas desta doença. Segundo a mastologista e presidente do Instituto da Mama do Rio Grande do Sul, Maira Caleffi, Porto Alegre é a cidade com a maior incidência da doença no Brasil. A médica diz que em um grupo de 100 mil mulheres, 80 casos novos são detectados a cada ano. Destes, 27 evoluem para o óbito. A mastologista informa que mil mulheres a cada 100 mil morrem por ano de câncer de mama. Para Maira, fatores ambientais muito intensos (as mulheres de algumas regiões da Europa são mais propensas ao câncer de mama, tal como as gaúchas, cuja principal descendência é européia), os maus hábitos alimentares, o uso de aditivos químicos nos alimentos, a ingestão excessiva de gordura, a obesidade, o sedentarismo, o estresse e o fumo são alguns fatores que contribuem para desenvolver a doença. Ela aponta também o uso abusivo de hormônios e a mudança de hábitos reprodutivos (ter o primeiro filho cada vez mais tarde ou não ter filhos) como colaboradores para o surgimento do câncer. A médica afirma que o fator hereditário também concorre para o quadro, mas que a existência de um único caso de câncer de mama não configura a hereditariedade. Maira explica que o paciente é de risco quando, na família, são registrados a partir de dois casos em pessoas com menos de 50 anos. O câncer de mama se caracteriza pela presença de nódulos, achados mamográficos (microcalcificações agrupadas), inversão do mamilo, sangramento e dor mamária (que ocorre raramente). As principais formas de detectar são a mamografia e o exame físico. O exame de toque deve ser uma rotina para as mulheres acima dos 30 anos, mas também é recomendado que as mais jovens o façam. A melhor época para se fazer é de sete a dez di- D Prevenir é o melhor remédio as após a menstruação. As posições indicadas são deitada ou em pé em frente ao espelho (conforme figuras abaixo). Quem está na menopausa deve fazer o exame sempre no mesmo dia, todos os meses. A mamografia é obrigatória a partir dos 40 anos. O exame serve para detectar lesões não palpáveis (não percebidas no toque). A Sociedade Americana de Câncer recomenda que seja feita anualmente. Maira afirma que a maior parte das mortes ocorre pela falta de informação. “A desinformação é o medo do câncer e da rejeição que pode vir junto com ele”, constata. De acordo com a médica, o último consenso nos Estados Unidos recomenda a quimioterapia em tumores acima de um centímetro. “Não há do que ter medo, até a operação para a retirada do tumor deixou de ter a conotação de mutilação de antigamente”, explica. Quando o tumor apresenta dimensão maior, a orientação atual é administrar as drogas da quimioterapia para reduzir o tamanho do câncer e, depois, partir para a cirurgia. “O objetivo é evitar, ao máximo, a mastectomia.” Criado há dez anos para assistir pacientes com câncer de mama, o Instituto da Mama do RS atua, segundo a vice-presidente, Loreta de Oliveira Ramos, na prevenção e no apoio às pessoas em tratamento. Voluntários recebem treinamento para trabalhar com os pacientes. Além disso, são promovidas atividades de divulgação do auto-exame. O Instituto tem também convênios para as mamografias e assistência de psicanalistas voluntários. 5 Uma camiseta integra a luta contra o câncer de mama. A idéia foi da Hering, a primeira a apoiar o Instituto Brasileiro de Controle do Câncer. Foi criada ainda uma campanha para o inverno 2001, com a estampa do alvo criado por Ralph Lauren.