Reportagem trajetória na medicina E xtremamente dedicado aos estudos, José Mariano da Rocha Filho recebeu o prêmio Carlos Chagas como melhor aluno da turma de Medicina da Universidade de Porto Alegre (UPA) de 1937. A formação foi decisiva para alavancar a carreira de médico e, concomitantemente, a de educador. Apaixonado pela Medicina, trouxe para Santa Maria o curso, sendo a segunda graduação da cidade, antes mesmo do surgimento da Universidade Federal de Santa Maria. No mesmo ano da formação, Mariano é convidado a lecionar na disciplina de Microbiologia na Faculdade de Farmácia de Santa Maria, fundada por seu tio, Francisco Mariano da Rocha, e por seu pai. Entre 1937 e 1966, realizou mais de 20 cursos de especialização na área médica, publicando mais de 20 artigos. Em uma das suas inovações na medicina – mostrando, mais uma vez, ser um visionário incansável, – Mariano da Rocha, em 1958, introduziu o primeiro sistema fechado de TV na América do Sul a ser usado para dar aulas de cirurgias aos alunos, além de ter comprado o segundo microscópio eletrônico do país com apoio da Aspes e da comunidade. – Imagina, nesta época, ele introduzir tecnologias modernas à medicina. Foi assunto em todos os lugares do país – lembra, em Santa Maria, Walter Jobim. Nos anos de 1970, por quatro anos, Mariano da Rocha também foi provedor do Hospital de Caridade de Santa Maria, ajudando no desenvolvimento da instituição. No Museu Gama d’Eça é possível O primeiro microscópio eletrônico da América Latina, trazido por Mariano para equipar o encontrar várias relíquias que percurso de Medicina da Universidade Federal de Santa Maria, está hoje no museu Gama D’Eça O pai, o amigo e “M o profissional Além de ser professor, médico, educador e reitor da universidade, Mariano nunca deixou de lado suas atribuições como um bom pai. Ele e a mulher Maria Zulmira criaram 12 filhos: seis homens e seis mulheres 12 – Santa Maria, sábado e domingo, 14 e 15 de fevereiro de 2015 aria, Maria”. Era assim que, com gritos e sorriso no rosto, Marianinho chegava em casa, sempre chamando a mulher. Era necessário procurá-la pelos quartos e salas do antigo lar da Venâncio Aires, 1.826, pois certamente ela estaria envolvida com algum dos 12 filhos do casal – seis homens e seis mulheres. Como resposta à saudade pelos períodos de longas viagens, dava um beijo suave e delicado na testa da mulher. Oitavo filho do médico José Mariano da Rocha e de Maria Clara Marques Mariano da Rocha, Marianinho nasceu em 12 de fevereiro de 1915, em Santa Maria. Seguindo os mesmos passos do pai, entrou aos 16 anos no curso de Medicina da Universidade de Porto Alegre. Na instituição da Capital, já mostrou sua liderança, fundando e presidindo a Federação dos Estudantes Universitários de Porto Alegre, a Feupa. Sua participação influenciou diretamente na criação da primeira Casa do Estudante Universitário do Rio Grande do Sul. Em 1938, já formado e em Santa Maria, casa-se com a professora Maria Zulmira Velho Dias, que conheceu em 1933. Além de atuar como médico, professor, reitor, educador, entre outras atribuições, Mariano da Rocha foi um pai muito presente. É o que afirma a filha Eugênia Maria Mariano da Rocha Barrichello. Para conciliar as atividades de rotina e a de pai, levava os filhos de Kombi até as obras de construção dos prédios da UFSM. Encantador contador de histórias de dinossauros, fomentava a imaginação dos pequenos e incentivava a caçada de ossos dos animais no local “das escavações”. – Ele nos levava ao gabinete, ao hospital, nas obras da universidade. Estávamos sempre juntos – lembra Eugênia. Carinhoso e afetivo com a esposa e com os filhos, reverenciado e admirado pelos amigos, Marianinho também era conhecido pela alegria e entusiasmo – sendo o último uma das principais armas para suas conquistas. No dia 15 de fevereiro de 1998, três dias após completar 83 anos, José Mariano da Rocha Filho morreu de parada cardíaca, no Hospital de Caridade de Santa Maria. MIX