DE VOLTA À PLATEIA Everton Bonfim * Aquecimento coreografado próximo ao espaço da representação – “MERDA” * Cada ator escolhe um cômodo da casa para entrar e procurar o objeto que usará na cena do teste. As malas já estarão nos espaços delimitados representando um móvel referente ao cômodo escolhido. * Os atores saem de suas casas e vão de encontro ao público para perguntar informações sobre a localização do teatro. (evidenciar nomes de espaços da cidade) * Os atores chegam por todos os lados do espaço se justificando pelo atraso. Cena 1 – Degraus que levam ao palco Diretor – Já chega! Não quero saber. O primeiro degrau, subam com as pontas dos pés. A partir do segundo subam correndo e quando chegarem ao décimo, fechem os olhos e contem até três. Atores – Segundo, terceiro, quarto, quinto, sexto, sétimo, oitavo, nono, décimo. (respiração ofegante) Atores – Um, dois, três... Diretor – Seus corações já disparados lhes dirão se deverão continuar. Se lhe disser que não, fuja... pra bem longe... para um lugar que só você sabe que existe. (Alfredo decide fugir) Atores – Fica Alfredo... (Alfredo volta) Diretor – (Olhando pra Alfredo) Agora, se lhe disser que sim. Respire bem fundo e continue. Atores – Décimo Primeiro. Diretor – No décimo primeiro degrau vocês terão que tirar os sapatos. Isadora – Ai que frio que está esse chão. 1
Tatiane – Não dá pra ficar aqui não diretor, ta muito gelado. Diretor – Não se preocupem, a tendência é ir esquentando na medida em que vocês forem subindo. Atores – Décimo segundo. Dionísio – Ufa! Melhorou. Atores – Décimo Terceiro. Solange – Ai que quentinho! Atores – Décimo quarto. Alfredo – Epa! Ta virando brasa. Atores – Décimo quinto. Sócrates – Ai ta queimando diretor. Diretor – Continuem subindo. Atores – Décimo sexto. Dionísio – O chão tá molhado diretor. Diretor – Subam. Atores – Décimo Sétimo. Isadora – Bosta de vaca?! Alfredo – E ainda ta quentinha. Diretor – Subam está chegando. Atores – Décimo oitavo. Diretor – No décimo oitavo degrau, vocês terão que calçar os sapatos. Tatiane – Mas ficaram lá embaixo. Diretor – Vocês só sabem reclamar. Subam logo de uma vez. Estão mesmo dispostos para o teste? Muito cuidado. Fulana se jogou daqui de cima. Beltrano desmaiou. Cicrano cantou, dizendo ao céu de seu sono de viver. Preparem-­‐se! Trinta segundos de aquecimento. 2
(O diretor se junta à platéia para assistir ao teste dos atores) Diretor – Primeiro Candidato quem é? Alfredo – Sou eu. Diretor – Então vai, não tenho o dia inteiro. Alfredo – Há algo de podre no reino da Dinamarca. (os atores batem palma) Diretor – Sem palmas. Próximo. Quem é? Isadora – Sou eu. Diretor – E o que você está esperando pra começar? Isadora – Ai de mim. Diretor – Puta que pariu! Ninguém merece. Próximo, quem é? Solange – Sou eu. Diretor – Quero ver. Solange – Abençoado punhal, eis a tua bainha! Diretor – Você está zuando com a minha cara menina? Solange – Não... eu... eu fiz alguma coisa errada? Diretor – Está tudo errado. Volta pro seu lugar. Quem é o próximo? Tatiane – Sou eu. (com uma filmadora na mão/ para o diretor) Você pode filmar pra mim? È pro meu vídeo-­‐book. Diretor – Só porque você é bonitinha. Ação! Tatiane – Após o cavalo de pau, conquistaremos tróia. Diretor – Você tem certeza que você vai colocar isso no seu vídeo-­‐book. Vai estudar menina! Próximo! Quem é? Dionísio – Sou eu. 3
Diretor – Será que não vai ter nada que presta hoje? Ação! Dionísio – Nunca mais passarei fome novamente. Diretor – Puts! Se você continuar tentando ser ator vai continuar passando fome. Próximo. Quem é? Sócrates – Sou eu. Diretor – Fique à vontade. Sócrates – Meu reino por um cavalo! Diretor – Escuta meu rapaz, você sabe quem disse essa frase? Sócrates – Não. Diretor -­‐ Quem mandou vocês pra cá hein? Vocês são muito ruins. Quero ver de novo pra ver se tem concerto. Repetem. (os atores fazem as cenas todos ao mesmo tempo) (o Diretor interrompe utilizando uma claquete) * momento TIRA CASCA (figurino) – crescimento enquanto ator. Cena 2 – Brincadeiras de Criança Diretor – Dizer da arte oculta que habita em mim, me sujeita a entrar em um círculo de energia, vinda das brincadeiras de criança. (os atores recordam brincadeiras da infância) * Seqüência de brincadeiras: LENÇO ATRÁS, BALANÇA CAIXÃO, DURO OU MOLE E NOVA SELA. Ator 1 – Partiu do principio tal... o teatro! Caminho inexorável. Acredito e pronto, basta. Ator 2 – Se souber me dizer de sua vida... As armas descarregadas, trazidas pelos atores, surpreende os olhos nus. Atriz 3 – Pela platéia escorregam todas as possibilidades cênicas através de cada ser no espaço. Atriz 4 – Falo de uma evolução que não dependa de aprovações. Ator 5 – Surpreender não é o suficiente. Sua origem é mais importante. Sabe dela? 4
Atriz 6 – De sua origem. Do seu mito interior. Ator 7 – Nele está o caminho dos antigos, dos testamentos universais. Diretor – Acerta no alvo, na reta do palco. Mire no foco. Atire no asfalto. Há palmas, há orgias no engano da alegria. Foste o homem e a mulher que nasce e morre... Grita no silencio e cai fazendo tormento. Vamos parar por aqui. No próximo ensaio eu quero ver as cenas individuais de cada um. Espero que venham com novidades, estou farto de ter que dizer tudo o que vocês precisam fazer. Está na hora de começar a perceber o que precisa ser feito. Tchau! (todos vão pras suas casas) * Enquanto acontece a cena3 os atores se transformam em curingas e juntos constroem com as malas um plano alto para o julgamento do ator1. Depois constroem com o próprio corpo um móvel ou objeto para um cômodo de suas casas. Cena 3 – Diálogo entre casal *NESTA CENA A ATRIZ 6 REPRESENTA A ESPOSA DO ATOR 1. Atriz 6 – Você tem? Ator 1 – O que? Atriz 6 – Você sabe! Ator 1 – Não, não sei. Atriz 6 – Tenta lembrar. Ator 1 – Não sei. Atriz 6 – Você tem medo? Ator 1 – Medo, medo do quê? Atriz 6 – De falar. Ator 1 – Por que eu teria medo de falar? Atriz 6 – Então por que finge que não se lembra? Ator 1 – Quando eu finjo? Atriz 6 – Não adianta disfarçar... Ator 1 – Eu não disfarço. 5
Atriz 6 – Disfarça. Eu sei muito bem quando está mentindo. Ator 1 – Mentira! Atriz 6 – Isso pra mim é medo? Ator 1 – Eu não sou covarde. Atriz 6 – Mais sofre. Ator 1 – O meu sofrer não te diz respeito. Atriz 6 – Diz muito respeito. Nós moramos juntos, esqueceu? Ator 1 – E o que isso implica? Atriz 6 – Implica que nós devemos conversar. Ator 1 – E se eu não tenho nada pra falar? Atriz 6 – Como não tem nada pra falar? Você não deseja me conhecer melhor? Ator 1 – Eu já te conheço. Atriz 6 – Não, não conhece. Você é frio... Ator 1 – Eu não te entendo, sabia! Atriz 6 – Ah, mas é claro que não me entende, foge de mim toda hora. Ator 1 – Eu não fujo de você. Atriz 6 – Se não foge, por que não conversa comigo? Ator 1 – E o que é que eu estou fazendo agora? Atriz 6 – Isso não é conversar. Ator 1 – É o que então? Atriz 6 – Conversar envolve sentimentos, sei lá. Ator 1 – Mas, e se eu não quero conversar? Atriz 6 – Em que mundo você vive hein? 6
(pausa) Atriz 6 – Você está sem ação. Ator 1 – Mas estou vivendo. Atriz 6 – Por que nunca me abraça? Ator 1 – Sou tímido. Atriz 6 – Timidez tem cura! Ator 1 – Não quero ser curado. Atriz 6 – Não entendo seu terrorismo. Ator 1 – Não é terrorismo. Atriz 6 – É o que então? Ator 1 – Está tão longe... Atriz 6 – Você é quem pensa pelo contrário, está perto! Ator 1 – Ficaremos bem, não se importe tanto. Atriz 6 – Ficar bem não é o suficiente. Ator 1 – É o suficiente para um começo. Atriz 6 – Todos nós já estamos começados por algum mal. Ator 1 – Contra a nossa própria vontade. Atriz 6 – Sim, temos vontades, mas somos traídos. Ator 1 – Tudo faz sentido, se não quero falar não quero me relacionar. Atriz 6 – Não é bem assim, não. Ator 1 – É como então? Atriz 6 – Pense em uma palavra bonita. Ator 1 -­‐ ...................... Atriz 6 – Pensou? 7
Ator 1 – Pensei! Atriz 6 – Fale-­‐a para alguém. Ator 1 – Não faz sentido pra ninguém. (sai) Atriz 6 – Eu sabia! Não existem palavras bonitas pra você, não é? Inquisitor – JULGAMENTO DO ATOR 1583! Cena 4 – Julgamento do ator 1583. Ator 1 – O meu rosto exala lágrimas transparentes, inexistentes. Talvez seja uma virtude, mas parece um vício. O Diretor destroça meus sentimentos e ainda quer que eu viva normalmente. Fita teu olho no meu por meia hora, paciência, uma hora... Verás fogo de viver, mas não verás o real. Se olho com desprezo, é fácil notar. Sou ligado a terra, tenho lágrimas coloridas feito suco de frutas. Verá alegria irreal, um arco-­‐íris feito de espadas que te abraça... Inquisitor – ABSOLVIDO! Cena 5 – Rodízio das cenas individuais *O Diretor está em sua casa planejando o próximo ensaio, ele pensa e executa um ritmo para uma determinada cena. Tal ritmo servirá como estímulo e marcação do tempo para o rodízio das cenas individuais, ou seja, cada cena terá um tempo marcado para estar no foco. Cena 6 – Ensaio no teatro I *os atores chegam pela rua do cenário e sentam na platéia. Todos carregam suas malas. Diretor – Convencer alguém a ir ao teatro, interferir nos focos de concentração, exige paciência do artista. O bloco humano divaga pelas ondas de transmissão de pensamentos, pelas variações de imagens, e é através do corpo presente do ator que ele se localiza no tempo e espaço. O bloco antigo se movimentava, agiam em busca de ajuda conjunta. Acreditavam em uma mudança plena, cheia de pavimentações recheadas de alternativas prazerosas. O que vocês estão fazendo ainda sentados. Preparem-­‐se, vamos ensaiar a cena do musical. * os atores montam o cenário do musical com as malas. Eles cantam como se estivessem chapados. 8
“Olhou pro espelho E viu algo que lhe agradava Ele havia se transformado Crescia com a arte de interpretar... Vasculhando cada pedaço do seu corpo Forte barreira feita do puro olhar Proteja-­‐o a custa de uma aventura Pois o seu piscar O faz viajar...” “Viajo de navio Rezando, pedindo Durmo agora com a pura fantasia De que o dia de amanhã Virá de lentes azuis... “Refletindo a beleza que é a cor do mar Forte barreira feita do puro olhar Proteja-­‐o a custa de uma aventura Pois o seu piscar O faz viajar...” *todos repetem “o faz viajar” até deitarem no chão para olhar as estrelas. Cena 7 – Julgamento do ator 2522 e da atriz 3897 Inquisitor – JULGAMENTO DO ATOR 2522 Ator 2 – Marquei um encontro comigo mesmo as quatro da madrugada para falar de assuntos tão pouco prováveis. Tento entender as pessoas a minha volta e com elas a mim mesmo. Nunca saquei algum distúrbio da minha parte. Acho que sou uma pessoa normal. Palhaço que eu era. Que eu sou. Palhaço de todos os dias... Agora me dá licença que eu preciso trabalhar. Inquisitor – FARÁ TRABALHOS COMUNITÁRIOS PARA PAGAR A PENA! Inquisitor -­‐ JULGAMENTO DA ATRIZ 3897 Atriz 3 -­‐ Acordo em meio a pensamentos e sonhos, todo santo dia amanhece e uma dúvida me aborrece. Pareço ter certezas, mas são vagas. A minha certeza devo ao teatro, e através da minha função como atriz, abrigo todos os conflitos. Sempre me perco na imensidão das coisas. Há tempos atrás fui quem tento ser hoje, uma criança livre... Inquisitor – ABSOLVIDA! 9
Cena 8 – De volta ao ensaio no teatro I *os atores ainda estão deitados no chão observando as estrelas Diretor -­‐ Precisam evidenciar mais que vocês estão chapados admirando as estrelas. Mais. Mais. Mais. Ainda não é isso que eu quero. Você sabe me dizer que constelação você esta enxergado? Atriz 4 – As três Marias. Diretor -­‐ E você? Ator 5 – O Cruzeiro do Sul. Diretor – E você? Atriz 6 – Eu sempre vejo uma estrela cadente. Diretor – Está bem, continuem da onde parou. *Cenas Individuais Conectadas Diretor – Já chega por hoje. Enquanto vocês não entenderem o que estão falando, nós não vamos sair do lugar. Meu nome é tchau! *Os atores arrumam as malas pra irem embora pra casa Cena 9 – Julgamento da atriz4393 Inquisitor – JULGAMENTO DA ATRIZ 4393 Atriz 4 – Além de atriz queria ser também dramaturga. O que escrevo talvez não tenha importância. Nesse momento jogo minhas mãos pro alto, acrescento uma maneira única que nunca saberia repetir com a mesma intensidade. Aproveito a entrega para evocar coisas boas. Posso passar o dia trancada, mas não a noite inteira! Gosto de sair pra rua, pra fora de casa, preencher coincidências... Inquisitor – ABSOLVIDA! Cena 10 – Justificando para os parentes 1
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*Os atores chegam a suas casas e começam a fazer ações cotidianas, enquanto dialogam com algum parente que questiona o fazer teatral. Ator 1 – Eu já falei pai... Eu vou te pagar assim que eu receber o cachê da peça. Atriz 3 – Não sei mãe. Não sei quando, nem onde e nem se existe pagamento. Atriz 4 – Por que, por que, quantos por quês... Sei lá vó, eu estou fazendo por amor a arte. Ator 2 – Eu não vou largar o teatro pai... Eu sei que o diretor disse que eu não tenho talento e que eu vou passar fome... Mas isso não vem ao caso. Atriz 6 – Tá meu filho, eu vou te dar mais atenção. Mas é que a mamãe precisa ensaiar pra eu entender o que estou dizendo. Entendeu? Ator 5 – Está bom meu bem, eu vou parar de beber. Só estou relaxando um pouco, pra encarar o ensaio daquele diretor maldito. Diretor – Não posso. Eu tenho ensaio nesse feriado. Cena 11 – Julgamento do ator 5679 Inquisitor – JULGAMENTO DO ATOR 5679 Ator 5 – A conseqüência da noite passada encontra-­‐se dentro de uma ressaca. Pouco a pouco adiciono números para um entendimento maior. Bem estar, procuro dentro de casa, no obscuro da verdade. A manhã fria me anima. Levanto, jogo minha voz fora, jogo com o presente, sonhei com minhas dívidas. Quero minha freqüência dilacerada. Ontem à noite cheguei a minha décima nona lucidez. Vi círculos, pessoas se agrupando. Tive uma visão nítida, sem mechas brancas, de que a madrugada traz o desespero para quem se cansa de procurar. Inquisitor – DIRETO PRO MANICÔMIO! *O ator 5 sai carregado para fora do espaço da representação. Ator 5 -­‐ (gritando querendo se soltar) Hoje os conselhos são dados, amanhã lhes serão cobrados. Aquele artista cheio de vida e de expressões grita pela sua felicidade, sonha em tê-­‐la. Cena 12 – Ensaio no teatro II Diretor – O problema está na comunicação dos deuses! A pior dúvida é a da existência... De saber quem eu sou... Pra poder responder de mim. * Os atores chegam da rua com a notícia do internamento 1
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Atriz 3 – Diretor! O Ator 5679 foi internado como louco. Diretor – Já estou sabendo. Atriz 6 – Mas e agora? Diretor – E agora o quê? Ator 2 – Quem vai olhar pro cruzeiro do sul? Atriz 4 – Isso é fácil de resolver. Eu quero saber quem vai me segurar na cena dos cavalos? Ator 1 – Eu acho que a gente deve pensar em quem vai fazer o papel do aprendiz de rabeca. Diretor – Ninguém. Ele não será substituído. Menos um pra receber o cachê. Atriz 6 – Eu gostava tanto dele. Atriz 3 – Ele é casado sabia. Atriz 6 – É uma pena. Diretor – Chega de conversa. Vamos passar a cena final. Ator 1 – Mas diretor, ainda não resolvemos quem vai substituí-­‐lo. Ator 2 – Ele tem um monte de falas no final. Diretor – Pessoal, sem neurose. No final tudo se resolve. *Os atores se preparam para a cena final Cena 13 – Julgamento da atriz 6413 Inquisitor – JULGAMENTO DA ATRIZ 6413 Atriz 6 – Tanto a tua existência quanto a minha, exigem doses de liberdade para conseguir. Ditadores vestem o meu destino e o moldam com o inesperado. Trabalham com a “neura” gerada em armações de surpresas. Mostram sempre a sua fragilidade, e a questionam. Sinto-­‐me ameaçada, estou em jogo. E dizem que o caminho já está traçado. Eu não ostento a idéia de uma libertação, talvez a culpa seja minha, é que eu prefiro acreditar que a última carta esteja escondida na manga, e não nas mãos do destino. 1
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Inquisitor – SERÁ MARCADA UMA NOVA AUDIÊNCIA! Cena 14 – De volta ao ensaio no teatro II Diretor – Vamos concluir a nossa existência nesse breve espaço de vida, entendendo a poesia dos fracos. Ação! (se junta à platéia) Ator 1 – Tédio resumindo uma saudade. Grande encontro com as artes visto de cima de uma estátua. (se junta à platéia) Ator 2 – Busca vida de encontro ao êxtase, falando alto nos botecos, tornando-­‐se um profeta quase embriagado. (se junta à platéia) Atriz 3 – Quase não! Totalmente embriagado! Da última vez ao palco, vestiu-­‐se de energia pura, quase transparente! (se junta à platéia) Atriz 4 – Agora seu sorriso se estende ao último do canto esquerdo da platéia. (se junta à platéia) Atriz 6 – Vibrou pela sua pátria, duelou com sua espada. Em seus olhos o vermelho do fogo, deixando uma careta hilária. (se junta à platéia) * O ator5 chega por de trás da platéia anunciando sua volta dizendo: Ator 5 – Dei um tiro no escuro, mas o escuro sobreviveu, denunciou-­‐me por tentativa de homicídio. Agora está lá, todo ferido, com frestas de luz que irritam os vampiros. E eu não tenho mais a sensação de estar cego. Mas em compensação vivo com a reclamação do vampiro Justino que me condena pelo tiro. Atores na platéia – Canastrão! Condena! Canastrão! Condena! Cena 15 – De volta à platéia Ator 5 – Posto em seu lugar, não há nada mais tenso do que aí, o lugar onde você está. Eu sim, estou protegido por uma quarta parede invisível, onde o mundo da fantasia habita em mim! Ator 1 – (como espectador) Eu sei, só que eu quero a realidade. Ator 5 – Quero gritar! Gritar eu posso no meu mundo de ilusões! Aí deste lado se perdem em ilusões e morrem. Ator 2 – (como espectador) Nos iludimos para nos compreendermos melhor. Ator 5 – Rio dos improvisos que faço, desmereço essa tal risada, passou a competir com os meus atos! 1
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Atriz 3 – (como espectadora) Eu sei, é até mais forte que você, não é? Ator 5 – Suas palavras! Suas palavras têm o tom certo, não se preocupe. Já as minhas não, é preciso que se faça um estudo em cima delas. Atriz 4 – (como espectadora) Falamos como queremos falar. Ator 5 – Vida nova, sempre vida nova! Não quero rotina, quero paixões! Viver intensamente o meu corpo, a minha alma! Mas não posso estar somente aqui, a realidade me espera. (se prepara para se juntar à platéia) Diretor – (como espectador) -­‐ Espere, seu lugar é aí, no palco. Ator 5 – Estar aí no seu lugar, é sonhar tudo isso. Estar aqui é querer. Já sei! Darei aos seus olhos o glamour do meu prazer. E agora que chegamos ao final, desço, atravesso a parede invisível, (senta junto ao público)fecho os olhos e adormeço. (a ator 5 começa a bater palmas como espectador, anunciando o final da peça) Diretor – No espetáculo De Volta à Platéia, quem sobe no palco para agradecer é a platéia!!! (os atores convidam o público para subir ao palco, os mesmos permanecem na platéia batendo palmas para as pessoas que subirem para agradecer) Fim (texto atualizado em junho de 2009) 1
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