Já dizia Dale Carnegie : “Conte com a ingratidão”.
Amanheceu aqui 12/10/14 e eu amanheci também, dia ensolarado, lindo e bom de se viver.
Tudo normal, nada de bom, nada de mal, olhei pro céu, pasmem-se: Nenhum ET no meu quintal.
Procurei um amor pra dizer:
— Eu te amo.
Não achei.
Então disse a mim mesmo:
—Eu te amo advonssyr. Respondi:
— Obrigado.
Lembrei-me que no dia anterior deixei minha BMW de duas rodas e dois pedais em um posto
gasolina na entrada da cidade que dista 4km de minha casa, e mais umas coisinhas lá, pois peguei
carona para trazer Kally (minha cachorrinha) à casa.
Tudo lindo, tudo maravilhoso, disse a mim mesmo pois Kally não entenderia:
— Vou fazer uma caminhada sem preparo mesmo até lá e trarei minha bike querida de volta.
Eu já havia notado que minha provedora de telefonia celular havia me deixado na mão, por já
algumas horas, deixando me incomunicável com o resto do planeta, mas tudo bem, aqui temos
que infelizmente acostumar com estas regalias (sorrisos a TIM).
Saí, levei o celular, (vai que a provedora resolve) sol a pino, asfalto fritando ovos e lá vou eu
numa marcha estradeira digna de um senhor de quase sessenta anos.
Pelo que sim, pelo que não, estendi o dedo em gesto que se pede carona lá nos EUA, polegar
acima e caminhando. Vocês acreditam que parou um carro e me levou. Eu muito agradecido e
engraçadinho, fui conversando e o rapaz nem ia até lá, mas por bondade divina, se dispôs a me
levar até meu primeiro destino, que jamais o faria num domingo sem ligar em primeira mão e
perguntar se a proprietária do local estaria por lá (se minha provedora deixasse), E qual não foi
minha surpresa? Nenhuma viva alma, tudo fechado, até os cachorros sumiram.
Bem, dei a volta ao prédio, chamei, mas nadinha de nada. Então disse:
— Perfeito advonssyr, sol na testa, asfalto derretendo piche, terra fina com um palmo de altura,
chinelas havaianas velhas nos pés, (você tem um par zerado em casa não pegou porque não
quis) bora seguir a caminhada curtindo tudo em volta, (aprendi assim: colaborar com o
inevitável) a grama na lateral, o ar quente que parecia mais estar assando pão na boca de um
forno, os carros passando em alta velocidade, e eu, ah eu, pensando:
— Oh Deus, que dó das pessoas que não tem carros e tem que ir trabalhar a pé neste sol, e ainda
passar o dia inteiro arrancando mandioca ou cortando cana, sinceramente tive pena ao me
assaltar este pensamento.
Nada não, lá vamos nós: camiseta velha, uma bermuda desbotada, chinelas velhas, (porque
achei que ia e voltava rapidinho, como estava limpando a casa assim fui) o boné é novo, novinho
comprei ontem.
E eu, seguindo avante, com saudades de casa, falei pra mim mesmo:
— Vou passar no mercadinho e pegar vinagre, (porque me ensinaram que o certo é por feijão
de molho com uma colher de vinagre, por meia hora que tira todas as impurezas e se tiver
bichinhos morrem e o meu tinha acabado) cadê a carteira, deixei em casa, mas de boa faço feijão
amanhã, como só arroz mesmo.
Andando, curtindo a paisagem, sorrindo para todos os carros que passavam com seus devidos
ocupantes, andei um quilometro e meio e tchanrammmm: arrebentou a alça da chinela do pé
esquerdo, alça, correia, cabresto, sei lá como se chama aquilo, o certo é que não desencaixou
não, quebrou mesmo. Ri e tentei andar de lado com ela, mas sinceramente pra quem nunca
passou por isso, nem tente, ouçam a voz da experiência aqui: Não dá certo!
Olha que tentei, mas em vão, continuei rindo, chutei as chinelas para meio da grama. Depois
fiquei chateado porque devia tê-la trazido (não pra relíquia) para jogar no lixo, pois acabei
poluindo um pouco mais nosso lindo planeta.
Um à parte: Minha mamãe é mineira, enjoada que só, pensa em quem não deixa um grão de
poeira (se é que existe) até em cima do guarda-roupas; ela nunca deixou a gente andar
descalços, andei descalço uma vez na vida outra na morte (inda não morri) porque fui brincar
na chuva e nada mais, não ando descalço nem dentro de casa.
Estando eu caminhando, curtindo a brisa quente, pisando descalço em grama cortada
recentemente, com pés sensíveis sentido cócegas e as vezes quase machucando, olhando pra
grama e agradecendo a Deus por ela estar ali, (imaginem se fosse somente asfalto? (Telefonia
para chamar um taxi nada.)) ouvi uma voz feminina vindo do outro lado do asfalto (rodovia):
— O senhor, você está pagando promessas? Não faça isso não pois Jesus já pagou todos os
nossos pecados. Esperei ela chegar mais perto, era uma jovem senhora de aproximadamente 30
anos. Respondi:
— Como você sabe?
— Está escrito na Bíblia.
— Você tem certeza? Onde está escrito?
— Na Bíblia.
— Mas onde na Bíblia?
— Não sei onde mas está. Descalço, com os pés empoeirados, camiseta amarrotada, bermuda
surrada, (boné novo) dei um passo para o lado dela para responder e ela recuou. Perguntei:
— Você está com medo de mim? O que ela prontamente respondeu:
— Não! É que não conheço o senhor.
— Mas se Deus mandou uma mensagem do céu para mim através de você, você tem medo de
quem está salvando?
— Não estou não, é que o senhor precisa ler a Bíblia, para entender e não ficar fazendo sacrifícios
de tolo andando descalços neste sol tão quente.
— Ah. Sim? Como é seu nome?
— Cida.
— Olha Cida, quando nasci, meu papai já fazia parte do ministério espiritual da igreja a qual
frequento, (citei o nome da igreja na qual congrego) já li a bíblia 3 vezes de capa a capa, leio a
Bíblia todos os dias, tenho uma amiga a qual juntos lemos todos os dias um capítulo da Bíblia
juntos através da internet, oro todos os dias por todos e principalmente peço que Deus socorra
os justos na Terra, agradeço imenso a tua disposição para falar comigo, que nosso Deus te
ilumine sempre.
Ela arregalou os olhos e perguntou:
— Suas chinelas quebraram?
— Sim.
— Me perdoe irmão, me perdoe.
— Não tenho nada a perdoar-te pois estou honrado por conhecer-te e por você falar comigo, e
acho que você também devia se sentir honrada.
Ela continuou a me pedir perdão muitas vezes e enquanto fazia isso, parou um carro que penso
que teria aproximadamente uns 3 anos no máximo de uso e seu motorista acenando, eu
respondi o aceno e ele me fez sinal para chamá-la o que prontamente o fiz e ela me disse:
— Ah. É o meu irmão. Me pediu perdão mais uma vez e se foi.
Aqui entra o que Carnegie já dizia: “Conte com a Ingratidão”. E eu digo: Não espere gratidão.
Imaginei sinceramente que ela falaria ao seu irmão e me ofereceriam uma carona pois ela sabia
que eu estava longe de casa pelo menos dois quilômetros e meio. Bem até agora enquanto
escrevo eles não chegaram ainda, mas quem sabe antes da meia-noite, ainda há tempo não
acham?
Andei mais uns cem metros, e ouvi alguém gritar:
— Tá pagando promessa? Virei e olhei, qual não foi minha surpresa, do outro lado da rodovia
estava um casal que são meus irmãos na fé e frequenta a mesma igreja que eu, respondi:
— Não! Quebrei minhas chinelas. (Eles sabem que não pago promessas) e repetiram:
— Ah. Você está pagando promessas sim. E riram a gosto. Eu ri e continuei a saltitar sobre a
grama que espinhava meus pés.
Eles (o casal) têm uma funerária e tinha lá parados: dois carros da funerária e um de uso
particular; sinceramente eu imaginei que ele viria ao meu socorro.
Notem bem:
Este cidadão há seis meses atrás estava num ponto de ônibus na cidade de Diamante do Norte
e eu vinha de Nova Londrina, meu carro estava lotado, ele me pediu carona, eu estava em uma
certa velocidade que não permitiu que eu parasse, parei mais a frente ao reconhece-lo, voltei e
lhe dei carona.
Ele ficou muito feliz, agradeceu imenso a minha volta e disse:
Só podia ser Servo de Deus para voltar mesmo.
Levei-o até a porta da funerária dele, nem na rodovia o deixei, que distava apenas 20 mts. de
distância.
Bem, mais uma vez Carnegie tinha razão: “Conte com a ingratidão”. E eu digo: Não espere
gratidão.
Ah. Ainda faltam duas horas para a meia noite.
Terminei os intermináveis dois quilômetros e meio, cheguei em casa, corri pra baixo do chuveiro,
tomei uma ducha e coloquei um par de chinelas novinhos que me aguardavam sorrindo.
Sinceramente?
Aprendi muito:
Deus me ensinou que também se anda descalço e não se morre;
Minhas orações a partir de hoje terão mais uma parte de pessoas as quais deverei direcioná-las;
Lembrei da promessa que Deus me fez através de Sua santa palavra de que: Satanás deverá me
devolver o que me levou tanto espiritual como materialmente, na qual tenho firme esperança,
e falei para mim:
Seja bastante atencioso quando tiver de volta os teus carros e quando puder ajudar jamais
negue;
Sempre ajudei, sempre dei carona, não sou hipócrita (penso) pois agradeço e abençoo as
pessoas quando me dão uma carona bem como, agradeço a Deus por preparar a carona
(abençoar sempre e em todos os casos);
Aprendi que devo cuidar do verde pois a grama é fresca e o sol queima muito mesmo;
Agora e antes já sabia que a natureza é pródiga, portanto, posso cuidar melhor dela.
Que Deus ilumine, Ame, Abençoe e Proteja a todos nós!..
No dia em que pela
Graça Divina lhe
foi concedido!