Pesquisas que utilizaram Pesquisa –ação.
Projeto DATAHABI –FEC –UNICAMP- BAIRRO São José –Campinas-sp.
Tese Doutorado - VERDES-DENTRO E VERDES-FORA:VISÕES PROSPECTIVAS PARA ESPAÇOS
ABERTOS URBANOS - PRIVADOS E PÚBLICOS - EM ÁREA HABITACIONAL DE INTERESSE
SOCIAL
Evandro Ziggiatti Monteiro
A inserção da vegetação na paisagem urbana tem sido explorada como uma forma
simples e eficaz de melhorar a qualidade de vida das cidades.
O principal objetivo : investigação da aceitação do verde como catalisador de
melhorias na sensação de conforto ambiental e da paisagem nos bairros
autoconstruídos de centros urbanos brasileiros .
Introduzindo o conceito de um sistema .verdes dentro e verdes-fora, como forma
alternativa e holística de pensar a disponibilidade de áreas verdes na cidade.
LOCALIZAÇÃO
Os espaços abertos . privados e públicos . de um bairro de autoconstrutores da
cidade de Campinas-SP (Residencial São José) .
A escolha se baseou :
1-O fato de se tratar de um bairro de autoconstrutores já consolidado (com a maioria
dos lotes ocupados), em uma situação que é ao mesmo tempo crítica pela
necessidade do verde e ao mesmo tempo difícil pela exigüidade de espaços abertos.
2- A clara delimitação do bairro, que é cercado de vazios urbanos e permite uma
compreensão mais coesa de sua paisagem.
Figura 1 e 2 . mapa do município de Campinas, com as principais rodovias que o cortam, destacando a posição dos residenciais São José e São
Luiz, a sudoeste da cidade. O retângulo assinalado pode ser visto no detalhe da Figura 2
Figura 4. Planta do Residencial São José, assinalando os três trechos de rua utilizados para coleta de
entrevistas.
O trecho A, composto por 26 lotes para o nascente da Rua 2, defronte à praça 1;
O trecho B, c26 lotes também para o nascente da Rua 7, defronte a duas áreas institucionais;
trecho C, com 19 lotes para o poente da Rua 10, defronte à Praça 3
As diferenças básicas na paisagem das três ruas são:
a) a orientação solar dos lotes, que são para o nascente nas ruas 2 e 7, e para poente na rua
10.
b) sua posição relativa no bairro; sendo a rua 2 na ponta nordeste, a caminho da Cerâmica
Dois Irmãos e lindeira da linha de alta tensão, a rua 7 na região central do bairro, e junto à
escola estadual, já implantada, e a rua 10 na ponta sudoeste, lindeira da via férrea.
c) a forma e a função do espaço aberto junto a cada trecho; a rua 2 defronte a uma grande
praça triangular de boa declividade (Praça 1), a rua 7 defronte ao grande quadrilátero
central, reservado para futuros equipamentos urbanos, e a rua 10 defronte a uma praça
alongada e estreita (Praça 3), atrás da qual descortina-se bela vista panorâmica, a oeste.
A escolha dessas três situações tinha como objetivo :
Encontrar subsídios com relação à hipótese mais comportamental, de que os moradores
autoconstrutores, como comunidade mais articulada e não-passiva, são especialmente
capazes de promover a melhoria ambiental e paisagística de seu próprio bairro, através de ações
participativas e comunitárias
O estudo foi realizado em três fases distintas:
A fase A- fase exploratória geral.
A fase B- que correspondeu ao trabalho de construção das visões atual e prospectivas, para
cada um dos trechos selecionados, e que foram utilizados, nesta mesma fase, em
entrevistas com os moradores daquele respectivo trecho.
A fase C- de compilação e análise dos dados obtidos.
O trabalho defende a utilização de uma metodologia baseada no
processo de projeto do arquiteto em investigações que envolvem a forma e a qualidade
do espaço físico, tanto no presente quanto no futuro.
A partir de uma base de CAD (desenho com auxílio de computador) foram
gerados três tipos de desenhos à mão:
1. A situação atual da paisagem.
2. Simulação de um futuro provável, de adensamento sem a presença de vegetação.
3 Simulação de um futuro desejável, com a inserção de vegetação, criando-se uma imagem chamada
de .verde pleno.
Os desenhos tornaram-se substratos importantes para aplicação de entrevistas que
procuravam investigar a visão dos moradores sobre a sua comunidade e sobre o seu
senso de desenvolvimento futuro do bairro.
As visões prospectivas.
Ou seja, ao invés de testar a reação dos moradores mostrando fotos e
imagens de outros lugares, exemplos de ruas, praças e lotes em várias
situações de verde e de paisagem, o que foi feito foi a simulação dessas
situações para a própria rua do morador.
As entrevistas também foram gravadas e conduzidas de forma a estimular
o morador a falar livremente sobre as suas impressões e opiniões sobre o
verde no bairro, na sua rua, no seu lote.
Muitas informações valiosas poderiam ter sido perdidas se as entrevistas
fossem conduzidas como simples questionários,prejudicando a
abordagem físico-psicológica de que falam Taylor, Zube e Sell.
A pesquisa também contou com suporte operacional e material do projeto
DATAHABIS, que é uma pesquisa-ação envolvendo diversos pesquisadores e frentes de
trabalho.
Paralelamente, no ano de 2006, a profa. Silvia M. Pina conduziu uma série de atividades de
levantamento da paisagem do Residencial São José e projeto de equipamentos e mobiliário
urbanos com uma turma de 2o ano de Arquitetura da Faculdade de Arquitetura e Engenharia Civil
da UNICAMP (disciplina AU114).
Abordagens expert, físico -psicológica, cognitiva e comportamental é interessante para
pesquisas relacionadas com o espaço físico e o ser humano,
Expert: conceituação de verde-fora e verde- dentro; conceituação de verde pleno;
levantamentos, mapeamentos e análises físico-ambientais do bairro; geração de imagens
das visões prospectivas de verde pleno
Físico-psicológicas: realização das entrevistas; observação das reações dos moradores,
especialmente com relação às imagens de verde pleno; análise dos depoimentos dos
moradores; análise da percepção dos moradores sobre verdes-fora e verdes-dentro, seu
posicionamento sobre o público-privado.
Cognitivas: mapeamento dos conhecimentos dos moradores, revelados pela entrevista,
incluindo suas observações sobre o seu próprio espaço, e suas observações sobre os
espaços dos vizinhos ou espaços públicos.
Comportamentais: registro fotográfico dos espaços abertos (verdes-dentro e verdes-fora),
análise das evidências de ações territoriais ou de privacidade, ou de ações motivadas pelos
aspectos visuais da paisagem ou centradas na inserção e no trato com o verde.
A . Exploração: Levantamento Geral do Bairro
Exploração inicial, contato com entidades e moradores. Seleção e treinamento de pesquisadores de
apoio e organização das visitas exploratórias.
A1. Material preliminar: Planta do bairro, busca de originais da COHAB-Campinas e
informações do cadastro da Prefeitura. Levantamento fotográfico inicial (in loco).
A2. Cadastro de Informantes e Entidades: montagem de um pequeno banco de dados
com nomes, telefones e contatos que subsidiariam a pesquisa.
*A3. Pesquisadores de Campo: Seleção de aluno/bolsista . escopo de tarefas de
checagem/atualização do material cartográfico
*A4. Levantamento fotográfico de fachadas de todas as casas do bairro.
*A5. Sobrevôo: Série de fotografias aéreas tomadas tendo como centro o bairro e seu
entorno próximo. Tiradas garantindo que fossem tirados todos os ângulos dos pontos
cardeais e colaterais.
*A6. Mapeamento: Vegetação (áreas públicas e privadas); Área construída de cada
lote (corpo de construção, anexos, áreas abertas); Uso, apropriação e cuidado dos
espaços abertos públicos (verdes-fora). O sobrevôo (A5) e as fotos (A1-A3) foram
subsídios indispensáveis para o mapeamento.
FASE B . Composição das Entrevistas (Ruas 2, 7 e 10 do Residencial São José)
Composição do material para as entrevistas, baseados na análise da Fase A.
O material é composto de fotos e ilustrações para verificação de reações preferenciais.
Foram testados basicamente os conceitos:
1-segurança,
2-áreas verdes e elementos naturais,
3-territorialidade,
4-uso,
5-conforto térmico, conforto acústico,
6-função e paisagem dos espaços abertos.
B1. Análise e seleção de tipologias e modelos para as imagens prospectivas
B2. Temas específicos para discussão na entrevista, ligados à tipologia
B3. Simulação em CAD do trecho de rua em estudo na situação atual
B4. Simulação em CAD do modelo de .rua verde. para o trecho de rua em estudo
B5. Execução das visões atual e prospectivas: sobre uma perspectiva (o mais
panorâmica possível) tirada da simulação em CAD. Utilização das fotos de fachadas
(A3) e aéreas (A5) como subsídios para os desenhos, que eram croquis feitos à mão.
B6. Fechamento do protocolo de entrevistas, seleção de fotos e desenhos. Montagem
de um kit do entrevistado (que foi entregue ao morador após a entrevista)
B7. Aplicação do questionário (4 a 5 casas em cada rua)
B8. Compilação das entrevistas gravadas
Atividades Externas Ligadas ao Estudo
X1. Projeto Datahabis
X2. Disciplina AU114 do Curso de Arquitetura da FEC-UNICAMP
X3. Dia da Clínica do Verde e da Casa, organizado pelo DATAHABIS
C . Análise
Caracterização de espaços abertos do Residencial São José, através de
comportamentos,observações territoriais e visuais dos moradores.
C1. Compilação dos dados das entrevistas e de atividades.
C2. Análise dos dados
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Pesquisa-Acao MARIA