Sistemas de Água I - Aula 14- Estações Elevatórias 04/02/2014 2 __________________________________________________________________ AULA 14 - ESTAÇÕES ELEVATÓRIAS – CONTINUAÇÃO VARIAÇÃO DAS CURVAS CARACTERÍSTICAS DAS BOMBAS As curvas características das bombas podem variar: a) variando a rotação do rotor (para um mesmo diâmetro); b) variando o diâmetro do rotor (para uma mesma rotação); c) variando a forma do rotor (competência do próprio fabricante); d) com o tempo de uso. Os recursos “a” e “b” são muito utilizados na prática para evitar sobrecarga no motor. Sistemas de Água I - Aula 14- Estações Elevatórias 04/02/2014 3 __________________________________________________________________ a) Variação da rotação do rotor (D = cte): Nesses caso o diâmetro é mantido constante. O rendimento deverá ser mantido o mesmo para ambas as rotações (a rotação conhecida e rotação a ser calculada). São utilizadas as chamadas equações de Rateaux, mantendose constantes o diâmetro e o rendimento. Elas valem para pontos homólogos, representam a variação da vazão (Q), da altura manométrica (Hm), da potência de eixo (Pot) e do rendimento total (ηt), com variação da rotação (n). 04/02/2014 Sistemas de Água I - Aula 14- Estações Elevatórias __________________________________________________________________ Q1 n1 Q2 n2 ; Hm1 Hm 2 2 n1 ; n2 Pot1 n1 Pot 2 n2 3 Influência da rotação nas curvas características de uma bomba centrífuga 4 Sistemas de Água I - Aula 14- Estações Elevatórias 04/02/2014 5 __________________________________________________________________ A figura seguinte (diagrama de colina) apresenta a vazão (Q) versus altura manométrica (Hm) com curvas de rendimento total (ηt) e rotação (n) constantes. 04/02/2014 Sistemas de Água I - Aula 14- Estações Elevatórias 6 __________________________________________________________________ b) Variação da diâmetro do rotor (n = cte): Nesses caso a rotação n é mantida constante. Esta é uma operação mais indicada para bombas centrífugas. A operação consiste na usinagem (raspagem) do rotor até um valor correspondente a 20% no máximo do diâmetro original sem afetar o seu rendimento. As equações de Bergeron e Karassik são utilizadas, mantendo-se constantes a rotação e o rendimento: Q1 D1 ; Q2 D2 H m1 H m2 2 H m1 H m2 Q1 Pot1 D1 2 cte ; 2 Q1 Q2 Pot 2 D2 Q2 3 Sistemas de Água I - Aula 14- Estações Elevatórias 04/02/2014 7 __________________________________________________________________ Os diâmetros (D) são referidos aos diâmetros externos do rotor na saída da bomba. A 2ª equação é teórica. Existe uma correção do diâmetro, baseada em resultados experimentais em bombas centrífugas. O fabricante de bombas centrífugas aproveita a mesma carcaça, de tal forma que ela possa receber rotores de vários diâmetros, sem afetar sensivelmente a hidráulica do conjunto. Assim, os rotores são fornecidos pelo fabricante, em diâmetros padrões, cobrindo uma faixa operacional da bomba. Sistemas de Água I - Aula 14- Estações Elevatórias 04/02/2014 8 __________________________________________________________________ É importante salientar que neste caso, a rotação da bomba permanece constante. Correção do diâmetro do rotor recomendado por Karassik, para bombas centrífugas Sistemas de Água I - Aula 14- Estações Elevatórias 04/02/2014 __________________________________________________________________ Curva do fabricante para uma série de bombas 9 Sistemas de Água I - Aula 14- Estações Elevatórias 04/02/2014 10 __________________________________________________________________ Curvas Fornecidas pelo Fabricante Para permitir uma escolha rápida de uma família de bombas dentre aquelas disponíveis, o fabricante fornece um diagrama, chamado de diagrama de quadrículas, no qual se entra com a vazão e a altura manométrica desejadas e se determina qual a família mais adequada. A construção deste diagrama leva em consideração a rotação da bomba, e uma faixa de rendimentos considerada adequada pelo fabricante para a classe de bombas em questão. A junção das quadrículas de uma série de bombas num único diagrama permite a visualização global de toda a série. Sistemas de Água I - Aula 14- Estações Elevatórias 04/02/2014 11 __________________________________________________________________ Os números (ou letras) dentro das quadrículas representam a família de bombas. Sistemas de Água I - Aula 14- Estações Elevatórias 04/02/2014 12 __________________________________________________________________ Sistemas de Água I - Aula 14- Estações Elevatórias 04/02/2014 13 __________________________________________________________________ c) variando a forma do rotor (competência do próprio fabricante); d) com o tempo de uso. 04/02/2014 Sistemas de Água I - Aula 14- Estações Elevatórias 14 __________________________________________________________________ CAVITAÇÃO A cavitação é um fenômeno observável em líquidos (não ocorre sob quaisquer condições normais em sólidos ou gases). Cavitação e ebulição: processos termodinamicamente semelhantes Ebulição: um líquido "ferve" ao elevar-se a sua temperatura, com a pressão sendo mantida constante. A pressão de 100kPa, a água ferve a 99,62oC. Cavitação: um líquido "ferve" ao diminuir sua pressão, com a temperatura sendo mantida constante. À temperatura de 20oC a água “ferve” à pressão de 2,43 kPa. Sistemas de Água I - Aula 14- Estações Elevatórias 04/02/2014 15 __________________________________________________________________ A pressão com que o líquido começa a “ferver” chama-se pressão de vapor ou tensão de vapor. Ela é função da temperatura (diminuí com a diminuição da temperatura). Um líquido ao atingir a pressão de vapor libera bolhas de ar (bolhas de vapor), dentro das quais o líquido se vaporiza. Ocorrência da cavitação: O aparecimento de uma pressão absoluta à entrada da bomba, menor ou igual a pressão de vapor do líquido, na temperatura em que este se encontra, poderá ocasionar os seguintes efeitos: Sistemas de Água I - Aula 14- Estações Elevatórias 04/02/2014 16 __________________________________________________________________ a) Se a pressão absoluta do líquido na entrada da bomba for menor ou igual à pressão de vapor e se ela (a pressão) se estender a toda a seção do escoamento, poderá formar-se uma bolha de vapor capaz de interromper o escoamento. b) Se esta pressão for localizada a alguns pontos específicos da entrada da bomba, as bolhas de vapor liberadas serão levadas pelo escoamento para regiões de altas pressões (região de saída do rotor). Sistemas de Água I - Aula 14- Estações Elevatórias 04/02/2014 17 __________________________________________________________________ Por ser a pressão externa maior que a pressão interna ocorre a implosão das bolhas (colapso das bolhas), responsável pelos seguintes efeitos distintos da cavitação (ocorrem simultaneamente): Efeito químico: com as implosões das bolhas são liberados íons livres de oxigênio que atacam as superfícies metálicas (corrosão química dessas superfícies). Efeito mecânico: quando a bolha atingir a região de alta pressão, seu diâmetro será reduzido (inicia-se o processo de condensação da bolha), sendo a água circundante acelerada no sentido centrípeto. Sistemas de Água I - Aula 14- Estações Elevatórias 04/02/2014 18 __________________________________________________________________ Com o desaparecimento da bolha (condensação da bolha), as partículas de água aceleradas se chocam cortando umas o fluxo das outras. Isso provoca um golpe de aríete e com ele uma sobrepressão que se propaga em sentido contrário, golpeando com violência as paredes mais próximas do rotor e da carcaça. Sistemas de Água I - Aula 14- Estações Elevatórias 04/02/2014 19 __________________________________________________________________ Sistemas de Água I - Aula 14- Estações Elevatórias 04/02/2014 20 __________________________________________________________________ ALTURA MÁXIMA DE SUCÇÃO DAS BOMBAS Para que uma bomba trabalhe sem cavitar, torna-se necessário que a pressão absoluta do líquido na entrada da bomba, seja superior à pressão de vapor, à temperatura de escoamento do líquido. Sistemas de Água I - Aula 14- Estações Elevatórias 04/02/2014 21 __________________________________________________________________ Aplicando a equação da energia entre o nível da água no reservatório (o) e a entrada da bomba (1) (referência em o): Sistemas de Água I - Aula 14- Estações Elevatórias 04/02/2014 22 __________________________________________________________________ NPSH disponível na instalação e NPSH requerido pela bomba NPSH: Net Positive Suction Head. Idéia: pressão utilizada (disponível) > pressão necessária (requerida). Prática: Energia disponível > Energia requerida pelo fabricante. NPSHd < NPSHr → Cavitação. NPSHd = NPSHr → Cavitação (normalmente). NPSHd > NPSHr → Pode ou não haver Cavitação. Sistemas de Água I - Aula 14- Estações Elevatórias 04/02/2014 23 __________________________________________________________________ Sistemas de Água I - Aula 14- Estações Elevatórias 04/02/2014 24 __________________________________________________________________ Observações: a) O NPSH disponível na instalação da bomba (NPSHd) é uma responsabilidade do técnico em campo. O NPSH requerido pela bomba (NPSHr) poderá ser fornecido pelo fabricante ou calculado com o auxílio das equações mostradas em sala; b) Em lugar da curva (Q, NPSH), alguns fabricantes apresentam a curva (Q, Hsmáx) para bombas operando com água fria ao nível do mar, devendo-se corrigi-la em condições diferentes; Sistemas de Água I - Aula 14- Estações Elevatórias 04/02/2014 25 __________________________________________________________________ c) V12/2g é uma parcela de energia responsável pela entrada do líquido na bomba, daí fazer parte do NPSHr; d) Um sinal (-) deverá ser usado para Hsmáx quando a bomba estiver afogada; e) Na prática, o NPSHd deverá ser maior que o NPSHr em pelo menos 15% (NPSHd ≥ 1,15 NPSHr); f) Para duas ou mais bombas operando em paralelo, devem-se tomar cuidados especiais no funcionamento de uma só bomba, pois neste caso cresce também a potência exigida pela bomba e o NPSHr; Sistemas de Água I - Aula 14- Estações Elevatórias 04/02/2014 26 __________________________________________________________________ No ponto onde a bomba opera isoladamente, precisa ser verificado se o NPSHd > NPSHr, evitando, assim, a ocorrência da cavitação. Além disso, o motor selecionado deve ter capacidade suficiente para atender a esse ponto de funcionamento; g) Quanto maior o NPSHr, maior a tendência da bomba à cavitação; por essa razão deve-se selecionar bombas com valores de NPSHr pequenos; Sistemas de Água I - Aula 14- Estações Elevatórias 04/02/2014 27 __________________________________________________________________ Medidas destinadas a dificultar o aparecimento da cavitação: a) Trabalhar sempre com líquidos frios (menor temperatura, menor Pv); b) Tornar a linha de sucção o mais curta e reta possível (diminui a perda de carga); c) Selecionar o diâmetro da tubulação de sucção, de modo que a velocidade não ultrapasse 2 m/s; d) Usar redução excêntrica à entrada da bomba (evita a formação de bolsas de ar); e) Instalar a válvula de pé, tomando-se o cuidado de evitar a sucção de ar. Sistemas de Água I - Aula 14- Estações Elevatórias 04/02/2014 28 __________________________________________________________________ ASSOCIAÇÃO DE BOMBAS Razões que levam à necessidade de se associar bombas: a) Inexistência no mercado de bombas que possam, isoladamente, atender a vazão de demanda; b) inexistência no mercado de bombas que possam, isoladamente, atender a altura manométrica de projeto; c) aumento da demanda (vazão) com o decorrer do tempo. As associações podem ser em paralelo ou em série. As razões (a) e (c) requerem a associação em paralelo e a razão (b), associação em série. Sistemas de Água I - Aula 14- Estações Elevatórias 04/02/2014 29 __________________________________________________________________ Exemplos de associação de bombas em paralelo Exemplos de associação de bombas em série Sistemas de Água I - Aula 14- Estações Elevatórias 04/02/2014 30 __________________________________________________________________ Associação em Paralelo: para a obtenção da curva característica das bombas associadas em paralelo as vazões se somam para uma mesma altura manométrica. Esta associação é muito utilizada em abastecimento de água de cidades e em indústrias. Sistemas de Água I - Aula 14- Estações Elevatórias 04/02/2014 31 __________________________________________________________________ Uma bomba de dupla sucção possui dois rotores em paralelo, em que as vazões se somam para a mesma altura manométrica (é um caso particular da associação em paralelo). A interseção entre a curva característica da associação e a curva característica do sistema indica o ponto de trabalho da associação em paralelo. As curvas características das bombas B1 e B2 estão apresentadas na figura, bem como a curva característica do sistema (S) e da associação das bombas (B1 + B2) em paralelo. Sistemas de Água I - Aula 14- Estações Elevatórias 04/02/2014 32 __________________________________________________________________ Sistemas de Água I - Aula 14- Estações Elevatórias 04/02/2014 33 __________________________________________________________________ Na figura P1 e P2 são os pontos de trabalho das bombas B1 e B2, funcionando isoladamente, e P3, o ponto de trabalho da associação em paralelo. Pode-se tirar as seguintes conclusões: a) Se as duas bombas funcionarem isoladamente, a vazão de cada uma seria Q1 e Q2 e a vazão total Q1 + Q2, maior do que a vazão Q3 da associação em paralelo. Essa diferença de vazão (Q1 + Q2 > Q3) será tanto mais acentuada quanto mais inclinada for a curva do sistema ou quanto mais achatadas forem as curvas características das bombas. Sistemas de Água I - Aula 14- Estações Elevatórias 04/02/2014 34 __________________________________________________________________ b) Na associação em paralelo, a vazão de cada bomba é obtida projetando-se, horizontalmente, o ponto P3 até encontrar a curva característica de cada bomba, sendo a vazão da bomba B1 igual a Q1 e a vazão da bomba B2 igual a Q2. c) Na situação de a curva característica coincidir com P4 ou ficar à sua esquerda, a bomba (B1) não conseguirá atingir a altura manométrica da associação em paralelo. Sendo assim, a bomba (B2) fornecerá toda a vazão. Nesse caso, não tem sentido a associação em paralelo, pois ocorrerá um sobreaquecimento da bomba (B1), a qual não conseguirá atingir a altura manométrica (situação perigosa). Sistemas de Água I - Aula 14- Estações Elevatórias 04/02/2014 35 __________________________________________________________________ Associação em série: Para traçado da curva características das bombas associadas em série, as alturas manométricas se somam para uma mesma vazão. Sistemas de Água I - Aula 14- Estações Elevatórias 04/02/2014 36 __________________________________________________________________ Nas bombas de múltiplos estágios os rotores estão associados em série numa mesma carcaça. As curvas características das bombas B1 e B2, a curva característica do sistema (S) e da associação (B1 + B2) em série, estão apresentadas na figura. Na associação em série, a altura manométrica de cada bomba é obtida projetando-se, verticalmente, o ponto p até encontrar a curva característica de cada bomba. A altura manométrica da bomba B1 (na associação) é H1 e da bomba B2, é H2. Sistemas de Água I - Aula 14- Estações Elevatórias 04/02/2014 37 __________________________________________________________________ Sistemas de Água I - Aula 14- Estações Elevatórias 04/02/2014 38 __________________________________________________________________ Observação: se a bomba B2 for desligada, a B1 não conseguirá vencer a altura manométrica (a curva característica do sistema situa-se acima da curva da bomba B1) e haverá recirculação e sobreaquecimento do líquido (situação perigosa). *************************************************** Será postada uma lista de exercícios no site do Departamento referente ao conteúdo abordado neste capítulo. Favor consultar livros de hidráulica básica.