Banco Interamericano de Desenvolvimento Departamento de Integração e Programas Regionais Divisão de Integração, Comércio e Programas Hemisféricos Published by the Forum of Federations · www.forumfed.org · Publié par le Forum des fédérations HARMONIZAÇÃO FISCAL: COMPETIÇÃO OU COORDENAÇÃO NOS PAÍSES DO MERCOSUL Luiz Villela Conferência Internacional Federalismo Fiscal no Mercosul: Os Desafios da Integração Regional Porto Alegre, Brasil 26 - 27 deJunho, 2002 I. INTRODUÇÃO a. Decisões nacionais limitadas por decisões e fatos ocorridos no exterior (USA 1984). b. Países protegem soberania política e o último bastião é a política fiscal (tributaria). Conflito potencial com a realidade do mundo globalizado. c. Mecanismos de coordenação econômica internacional são muito débeis, em especial na área tributária. I. INTRODUÇÃO d. Para consolidar a abertura comercial e financeira deve haver coordenação da política fiscal (União Européia, Mercado Único). e. Empresas adotam estratégias tributárias globais (multinacionais regionais). f. Diferenças de legislação e administração tributária afetam a localização de investimentos e podem resultar em evasão e elisão. II. EFEITOS DA INTEGRAÇÃO ECONÔMICA a. Se confundem as fronteiras da Política Comercial e da Tributária (Foreign Sales Corporations). b. Sistemas tributários escondem subsídios e barreiras ao comércio de mercadorias, serviços e capital (Acordo de Subsidies and Compensatory Measures - SMC da OMC e Acordo Multilateral sobre Investimentos da OECD). c. Reticência em criar um organismo tributário multilateral e perder soberania (Harmful Tax Competition da OECD, futuro ITD). II. EFEITOS DA INTEGRAÇÃO ECONÔMICA 1. Aumento da mobilidade dos fatores (capital e mão de obra altamente especializada). 2. Dificuldade crescente para determinar e arrecadar impostos sobre as operações internacionais. 3. Aumento da complexidade da administração tributária e necessidade de cooperação entre jurisdições. III. MOBILIDADE DOS FATORES a. Fluxo de Comercio US$6.5 trilhões e fluxo de capitais US$30.8 trilhões. b. Competição entre países para atrair/reter capitais (reduzir custos tributários). c. Planejamento Fiscal: i) arbitragem tributária entre diferente formas de remuneração do capital: dividendos, juros, etc.) y ii) novos instrumentos financeiros: hedge funds, centros financeiros offshore. d. Crescentes transações internacionais entre empresas afiliados ou coligadas (na América Latina 3/4 das transações internacionais de produtos industrializados são realizadas nesta categoria). IV. NOVOS DESAFIOS PARA AS ADMINISTRAÇÕES TRIBUTÁRIAS Um sistema tributário vale tanto quanto a administração que o aplica Desafios: ! Alocação das bases tributárias para empresas multinacionais ! Tributação receitas de capital ! Intercâmbio de informações ! Tratados de dupla tributação ! Paraísos fiscais e regimes tributários nocivos V. DEGRADAÇÃO DO SISTEMA ! Incentivos (loopholes) afetam eqüidade horizontal; ! Queda na arrecadação sobre capital (más de aranceles) compensado por tributação sobre o consumo e folha salarial, afetando eqüidade horizontal; ! Criação de impostos de conveniência para as Administrações que afetam a eficiência (competitividade) e equidade. VI. HARMONIZAÇÃO TRIBUTÁRIA " Processo de ajuste dos sistemas tributários de diferentes jurisdições em busca de objetivos comuns de política. " Remoção de distorções tributárias afetando o movimento de produtos e fatores, de maneira a gerar uma alocação de recursos mais eficiente dentro de um mercado integrado. " Uma carga tributária efetiva mais uniforme entre os países membros. " Alinhamento ou convergência: conceitos (língua franca), alíquotas, bases, aplicação. " Harmonização concertada vs. espontânea. VII. MERCOSUL: ARRECADAÇÃO MÉDIA DE DETERMINADOS TRIBUTOS PERCENTAGEM DO PIB NOS ANOS 90 Tributos Argentina Brasil Paraguai Uruguai Gerais sobre bens e serviços 9.1% 11.0% 4.2% 7.7% Impostos sobre a Renda 2.4% 5.0% 2.0% 1.8% Arrecadação dos Governos Subnacionais Seguridade Social 3.6% 8.6% S/D 2.6% 3.8% 7.3% 3.0% 8.4% Arrecadação total 20.5% 28.8% 13.2% 26.7% VIII. MERCOSUL: COEFICIENTES DE TAX BUOYANCY NOS ANOS ‘90 Tributos Argentina Brasil Paraguai Uruguai Gerais sobre bens e serviços 0.929 1.021 1.283 1.075 Impostos sobre a Renda 0.839 1.003 1.275 1.283 Arrecadação dos Governos Subnacionais 0.961 1.012 S/D 1.109 Seguridade Social 0.973 1.015 1.493 0.994 Arrecadação total 0.967 1.014 1.262 1.024 IX. TRIBUTAÇÃO NO MERCOSUL: PRINCIPAIS DIFERENÇAS INSTRUMENTOS PONTO CONTRAPONTO IVA e ICMS • IVA, nacional, base ampla, poucas alícuotas, total aproveitamento de créditos: Argentina, Paraguai e Uruguai • ICMS, estadual, limitado a mercadorias e uns poucos serviços, grande número de alícuotas, com limitações ao aproveitamento de certos créditos de etapas anteriores: Brasil Tributos em Cascata • Uruguai e Paraguai não têm • Brasil: Cofins, PIS/PASEP, CPMF e ISS, arrecadam 6,3% do PIB • Argentina: Imposto aos Ingressos Brutos, arrecada a metade das receitas próprias das províncias (1,8% do PBI) e Imposto aos Débitos e Créditos Bancários. (continuaçao) IX. TRIBUTAÇÃO NO MERCOSUL: PRINCIPAIS DIFERENÇAS INSTRUMENTOS Imposto de Renda PONTO • Brasil e Argentina tributam as pessoas físicas • Brasil e Argentina aplicam o critério de renda mundial e os dividendos não se incluem na base do imposto pessoal para evitar a dupla tributação. CONTRAPONTO • Uruguai e Paraguai não tributam as pessoas físicas, mas aplicam um imposto cedular que grava rendas de atividades empresariais individuais. • Uruguai e Paraguai aplicam o critério de fonte, gravando residentes ou não residentes exclusivamente por suas rendas de fonte nacional. • Uruguai no retém impostos sobre juros de não residentes. (continuaçao) IX. TRIBUTAÇÃO NO MERCOSUL: PRINCIPAIS DIFERENÇAS INSTRUMENTOS PONTO CONTRAPONTO Impostos sobre os Ativos • Brasil e Paraguai não têm • Argentina e Uruguai aplicam impostos gerais ao patrimônio ou ativos das pessoas físicas e empresas. Argentina grava inclusive os bens situados no exterior. Coparticipação, transferências ou partilha de receitas • Pouco relevante no Uruguai e Paraguai, estados unitários. • Muito importantes na Argentina e Brasil, federações. • Argentina: províncias e municípios arrecadam 4% do PBI e recebem 8% do PIB de coparticipações. • Brasil: estados e municípios arrecadam mais de 10,5% do PIB e recebem da União 3,5% do PIB de transferências (continuaçao) IX. TRIBUTAÇÃO NO MERCOSUL: PRINCIPAIS DIFERENÇAS INSTRUMENTOS PONTO CONTRAPONTO Tratados • Argentina y Brasil têm um tratado entre si, e em conjunto mais de 30 tratados com países desenvolvidos • Uruguai e Paraguai não têm tratados com países da América Latina e muitos poucos com países desenvolvidos. Administração Tributaria • Argentina, Brasil e Paraguai têm aduanas e administração de tributos internos em um mesmo organismo. • Uruguai têm a Aduana e a Administração Tributária como entidades separadas.