Importância da implantação do Programa de Saúde Ambiental no município de Osasco, SP. Um estudo de caso O Sistema Único de Saúde (SUS) é baseado em um conceito ampliado de saúde que tem como fatores determinantes a alimentação, a moradia, o saneamento básico e o meio ambiente, dentre outros; portanto, os níveis de saúde da população expressam a condição social e econômica do País. Tendo por base o conceito ampliado de saúde, o SUS preconiza que é dever do Estado formular e executar políticas que visem reduzir os riscos de doenças, assegurando o acesso universal e igualitário às ações e serviços de saúde, não excluindo a responsabilidade do conjunto da sociedade. Tomados esses referenciais, o desenvolvimento deve responder equitativamente às necessidades de desenvolvimento humano e ambiental das gerações presentes e futuras, o que associa o desenvolvimento à proteção ao ambiente, à preservação da saúde e à promoção do bem-estar das populações de forma sustentável ao longo das gerações. A quantidade de fatores ambientais que podem afetar a saúde humana é um indicativo da complexidade das interações existentes na sociedade e da amplitude de ações necessárias para melhorar os fatores ambientais determinantes da saúde. A integralidade das ações de saúde deve considerar o cidadão como um sujeito histórico, inserido em diferentes contextos, o familiar, a comunidade, o meio ambiente, ou seja, em sua inserção social. Um dos instrumentos fundamentais na garantia da integralidade das ações em saúde é a promoção da saúde, que propõe atuar no âmbito da prevenção dos problemas bem como estimular os cidadãos a encontrarem meios de interferir nos processos determinantes da sua situação de saúde. Nesse sentido, é necessário exercitar o olhar dos profissionais da saúde na direção dos usuários como cidadãos, inseridos numa realidade sócio-ambiental complexa. As preocupações com os problemas ambientais tornaram-se importantes em âmbito internacional a partir de 1960, mas só na década seguinte essa questão passa a integrar a pauta internacional, e vários documentos traduziram essa preocupação como a Declaração de Estocolmo e Plano de Ação de Estocolmo, Carta de Sofia e Relatório Brundtland. O Brasil participa desse processo desde 1972 e, em 1992, vai sediar a Conferência das Nações Unidas sobre Meio Ambiente e Desenvolvimento, que apresentou uma série de orientações sobre a integração de ações para o desenvolvimento sustentável visando a saúde humana e a proteção do ambiente. É nesse contexto que ressurge a preocupação com a saúde ambiental no Brasil, pois a necessidade de proteger o ambiente, sob o risco de agravar a incidência das doenças, passa a ser compreendida como tarefa de responsabilidade múltipla, intersetorial. Apesar de não ser nova a preocupação com o ambiente - considerando-se o campo da saúde no Brasil -, a incorporação da vigilância ambiental às políticas públicas da área é uma iniciativa relativamente recente e, ainda, em processo de estruturação. A Saúde Ambiental pode ser definida como o conjunto dos aspectos da saúde humana que estão determinados por fatores físico-químicos, biológicos, econômico-sociais e psicológicos. Também se refere à teoria e à prática de valorar, corrigir, controlar e evitar aqueles fatores do meio que, potencialmente, possam prejudicar a saúde das gerações atuais e futuras. Como área no âmbito do SUS, foi instituída em 2000, sendo que nos anos seguintes formularam-se, paulatinamente, as estratégias e competências de gestão do Sistema Nacional de Vigilância Ambiental em Saúde. Uma de suas funções é contribuir para a proteção e promoção da saúde humana por meio de um conjunto de ações integradas dos vários setores do governo e da sociedade civil, com o objetivo de fortalecer os diferentes atores envolvidos no enfrentamento dos determinantes socioambientais da saúde e na prevenção dos agravos decorrentes da exposição humana a ambientes adversos. O estudo de caso sobre a cidade de Osasco foi realizado tendo em vista a proposição de um serviço de vigilância ambiental de âmbito municipal. Osasco está inserido na Grande São Paulo e possui cerca de 750.000 habitantes. Como qualquer cidade metropolitana do Brasil, sofre com o crescimento urbano desordenado, o que se expressa nos cerca de 114 assentamentos irregulares. São áreas que apresentam degradação ambiental em decorrência da ocupação irregular: instalações inexistentes ou incorretas de coleta de esgoto, dificuldades de acesso à água tratada, problemas advindos da violência e da falta de práticas saudáveis como a correta destinação do lixo pela população. Muitos assentamentos localizam-se em terrenos que apresentam riscos ambientais iminentes, como encostas de morros ou margens de córregos. Ao longo da constituição do sistema de saúde em Osasco, criaram-se vários programas de saúde como o de Controle da Dengue, o do Centro de Controle de Zoonoses e o Programa de Agentes Comunitários (PACS), posteriormente ampliado com o nome de Saúde da Família. Desse modo, ao longo dos anos, o município viu surgirem diversos tipos de agentes comunitários, que, de alguma forma, encontram-se vinculados a ações relacionadas ao meio ambiente: agentes de controle da dengue, agentes de controle de zoonoses, agentes comunitários, agentes da vigilância sanitária e agentes da vigilância epidemiológica. Cada qual com a sua especificidade, eles realizam visitas domiciliares obedecendo a critérios próprios, porém sem interagir entre si, criando um número exagerado de visitas aos mesmos domicílios, gerando incômodos aos moradores e prejuízos para a organização do sistema de saúde municipal, além do pequeno ou nenhum impacto na qualidade de vida da população e, conseqüentemente, no meio ambiente. O estudo de caso objetivou demonstrar a importância da implantação do Programa de Saúde Ambiental em Osasco, ressaltando a necessidade de articular os serviços de visitas domiciliares de prevenção e promoção da saúde numa só categoria de agente comunitário. Para tanto, partiu-se do estudo empírico de três municípios com características semelhantes às de Osasco no que se refere aos programas de saúde, e que implantaram o Programa de Saúde Ambiental, Botucatu, Recife e Campinas. Concluiu-se que o Programa de Saúde Ambiental é uma alternativa que tem se mostrado positiva nesses municípios, experiência que pode ser reproduzida em Osasco, fortalecendo a ação intersetorial. A implantação desse programa obrigaria a incorporação dos vários agentes comunitários criando uma única e nova categoria de agente, o Agente de Saúde Ambiental. Principais referências CONASS. Conselho Nacional de Secretários de Saúde. Vigilância em Saúde Ambiental. Coleção Progestores/ Para entender a Gestão do SUS, Brasília, 1ª. Edição, 278p, 2007 SAÚDE, Ministério da. Vigilância Ambiental em Saúde, Funasa: Brasília, 44p, 2002. SAÚDE, Ministério da. Vigilância Ambiental em Saúde – textos de epidemiologia. Série A: Normas e Manuais técnicos. Secretaria de Vigilância em Saúde, Brasília , 84p, 2004 CONASS. Conselho Nacional de Secretários de Saúde. Vigilância em Saúde Ambiental. Coleção Progestores/ Para entender a Gestão do SUS, Brasília, 1ª. Edição, 278p, 2007