Ano 8
nº 91A
setembro
2008
Edição especial
SENAI FAZ
A OLIMPÍADA
DO BRASIL
Edi tori a l
Armando Monteiro Neto
Educação e
A Olimpíada do Conhecimento simboliza a missão
institucional do SENAI, de permitir ao País superar
desafios no processo de intensa competição global
No ano passado, o SENAI teve 2.175.928
matrículas, o maior número de sua história. Esses estudantes sabem que chegar à Olimpíada do
Conhecimento é uma grande honra, algo conquistado neste ano por 553 competidores. Dentre eles, os campeões irão concorrer a uma vaga
no WorldSkills, maior competição de Educação
Profissional do mundo, que se realizará em 2009
no Canadá. No ano passado, no Japão, os brasileiros formados pelo SENAI ficaram em segundo
lugar, atrás apenas da Coréia do Sul, mas à frente
de países como Estados Unidos, Japão e Suíça.
Para os alunos do SENAI, a importância
da competitividade é algo inquestionável. Eles
têm a certeza de que precisam superar constantemente suas próprias conquistas, e não por
outra razão têm lugar garantido no mercado de
trabalho. A idéia de competitividade, porém, é
algo que vai além dos aspectos individuais. Esses
profissionais de visão globalizada têm clareza de
que a empresa em que trabalham precisa superar
constantemente desafios. E de que essa postura
é indispensável a todo o País na busca do desenvolvimento sustentável.
A indústria vê na educação fator essencial de
competitividade. Em 1942, criou o SENAI por
entender que o único modo de ter os melhores profissionais era formá-los de acordo com
padrões internacionais de qualidade. Assim,
apesar dos indicadores deficientes na educação
pública brasileira, o País conseguiu realizar, ao
longo do tempo, programas com foco nas demandas do setor industrial. Não estaríamos no
Miguel Ângelo
competitividade
patamar de desenvolvimento industrial a que
chegamos sem os 45.400.749 profissionais formados pelo SENAI.
Superar-se de forma constante é uma preocupação de todo o Sistema CNI, que inclui CNI,
SESI e IEL, além do próprio SENAI. Foi lançado no ano passado o programa Educação para a
Nova Indústria, com metas claras e ambiciosas
para a expansão dos serviços. SENAI e SESI, que
se dedicam à Educação Básica, deverão ampliar
em 30% o número de vagas até 2010. O primeiro balanço do programa, no ano passado, foi
bastante alentador. O SENAI atingiu 103,2% da
meta total de matrículas estabelecida para 2007.
No caso do SESI, as matrículas de Educação
Continuada ficaram em 94,8% da meta e as da
Escola em Tempo Integral em 90,7%.
O Sistema CNI estará sempre aberto ao diálogo e sintonizado com os anseios da sociedade,
sem deixar de lado as necessidades da indústria.
Foi firmado em julho um acordo com o Ministério da Educação para aumentar os recursos direcionados a cursos gratuitos. Hoje, esses cursos
recebem 46% da receita do SENAI. Até 2014,
serão dois terços do total. No caso do SESI, essa
fatia chegará a 16,67% até 2014.
O País precisa, porém, de educação de qualidade em todos os níveis, não apenas no escopo
do Sistema CNI. E o único modo de conquistá-la é um esforço coordenado de todo o País,
incluindo empresas de todos os setores, Estado
e sociedade. Só assim nossa educação será um
fator de competitividade global.
Armando Monteiro Neto, presidente da CNI – Confederação Nacional da Indústria
w w w.c n i.org.brI n dús t r i a Br a si l e i r a
3
www.cni.org.br
DIRETORIA DA CONFEDERAÇÃO NACIONAL
DA INDÚSTRIA - QUADRIÊNIO 2006/2010
Presidente: Armando de Queiroz Monteiro Neto (PE);
Vice-Presidentes: Paulo Antonio Skaf (SP),
Robson Braga de Andrade (MG), Eduardo Eugenio Gouvêa
Vieira (RJ), Paulo Gilberto Fernandes Tigre (RS), José de Freitas
Mascarenhas (BA), Rodrigo Costa da Rocha Loures (PR), Alcantaro
Corrêa (SC), José Nasser (AM), Jorge Parente Frota Júnior (CE),
Francisco de Assis Benevides Gadelha (PB), Flavio José Cavalcanti
de Azevedo (RN), Antonio José de Moraes Souza (PI);
1º Secretário: Paulo Afonso Ferreira (GO);
2º Secretário: José Carlos Lyra de Andrade (AL);
1º Tesoureiro: Alexandre Herculano Coelho de Souza Furlan (MT);
2º Tesoureiro: Alfredo Fernandes (MS);
Diretores: Lucas Izoton Vieira (ES), Fernando de Souza Flexa
Ribeiro (PA), Jorge Lins Freire (BA), Jorge Machado Mendes
(MA), Jorge Wicks Côrte Real (PE), Eduardo Prado de Oliveira
(SE), Eduardo Machado Silva (TO), João Francisco Salomão (AC),
Antonio Rocha da Silva (DF), José Conrado Azevedo Santos (PA),
Euzebio André Guareschi (RO), Rivaldo Fernandes Neves (RR),
Francisco Renan Oronoz Proença (RS), José Fernando Xavier
Faraco (SC), Olavo Machado Júnior (MG), Carlos Antonio de Borges
Garcia (MT), Manuel Cesario Filho (CE).
CONSELHO FISCAL
Titulares: Sergio Rogerio de Castro (ES),
Julio Augusto Miranda Filho (RO),
João Oliveira de Albuquerque (AC);
Suplentes: Carlos Salustiano de Sousa Coelho (RR),
Telma Lucia de Azevedo Gurgel (AP),
Charles Alberto Elias (TO).
UNICOM - Unidade de Comunicação Social
CNI/SESI/SENAI/IEL
Gerente executivo - Marcus Barros Pinto
Tel.: (61) 3317.9544 - Fax: (61) 3317.9550
e-mail: [email protected]
6 Olimpíada do Conhecimento
Com 553 competidores, o SENAI faz o maior certame de
Educação Profissional das Américas. Paulistas ficam em
primeiro lugar na contagem de medalhas
12 Quadro de Medalhas
Veja quem levou ouro, prata e bronze nas 44 ocupações
industriais e três comerciais
14 Ocupações
Descrições de cada uma das ocupações e depoimentos dos
vencedores sobre o árduo preparo, a emoção de chegar ao pódio
e o que pensam sobre seu futuro profissional
46Inovação
Visitantes das três etapas da Olimpíada puderam conhecer os
projetos inovadores de docentes e estudantes do SENAI de todo
o País, na mostra Inova SENAI
48Meio ambiente
Todo o carbono emitido na preparação e funcionamento das três
etapas da Olimpíada será neutralizado com o plantio de árvores
no Rio Grande do Sul, Paraná e Santa Catarina
50José Manuel de Aguiar Martins
O diretor-geral do SENAI escreve sobre a importância para
o Brasil de o SENAI fazer uma competição do porte da
Olimpíada do Conhecimento
ISSN 1519-7913
Revista mensal do Sistema Indústria
Coordenação editorial
IW Comunicações - Iris Walquiria Campos
Produção
FSB Comunicações
SHS Quadra 6 - cj. A - Bloco E - sala 713
CEP 70322-915 - Brasília - DF
Tel.: (61) 3323.1072 - Fax: (61) 3323.2404
Redação
Editor: Paulo Silva Pinto
Editora de arte: Ludmila Araujo
Revisão: Shirlei Nataline
Colaborou nesta edição: Mário Chimanovitch
Impressão - Gráfica Coronário
Capa - José Paulo Lacerda
As opiniões contidas em artigos assinados são
de responsabilidade de seus autores, não refletindo,
necessariamente, o pensamento da CNI.
José Paulo Lacerda
Publicidade
Moisés Gomes - [email protected]
Tel.: (61) 3323-1072
José Paulo Lacerda
SENAI faz a
maior competição
das Américas
Realizada nos três estados da Região Sul, a Olimpíada
do Conhecimento foi o maior certame de Educação Profissional
já realizado até hoje no País, sem paralelo em todo o continente
6
I n dús t r i a Br a si l e i r a
set e m bro 20 08
Olimpíada do conhecimento
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7
Silvio Williams
competidores
de São Paulo:
maior número
de medalhas
No mês passado, enquanto Pequim concentrava
a atenção de todo o mundo com os jogos
Olímpicos, o Brasil sediava a maior competição de Educação Profissional das Américas. A
terceira etapa da Olimpíada do Conhecimento ocorreu entre os dias 13 e 19 de agosto em
Curitiba, na Universidade Positivo. Entre 24 e
27 de julho, as provas foram em Porto Alegre,
na sede da Fiergs. De 11 a 14 de junho, houve
a etapa catarinense, na Vila Germânica, cen-
Números da Olimpíada
Nas etapas de Blumenau, Porto Alegre e Curitiba
553
44
3
2.000
80.000
competidores
ocupações industriais
ocupações comerciais
participantes de eventos paralelos
visitas de alunos de Educação Básica
trabalhadores envolvidos na montagem dos
10.000
locais de provas
8
I n dús t r i a Br a si l e i r a
tro de eventos em Blumenau. “Um só local
não teria condições de abrigar toda a Olimpíada”, explica o diretor-geral do SENAI, José
Manuel de Aguiar Martins. Na classificação
geral, São Paulo ficou em primeiro lugar, seguido de Minas Gerais, em segundo, e do Rio
Grande do Sul, em terceiro. Paraná veio em
quarto e Santa Catarina, em quinto (veja quadro na página ao lado).
A Olimpíada é uma das principais vitrines
da excelência dos cursos de formação oferecidos pelo SENAI. Para o presidente da CNI,
Armando Monteiro Neto, graças à instituição o Brasil conseguiu criar uma indústria
de classe mundial. Ele afirma que apesar de o
País apresentar indicadores deficientes na educação pública, o SENAI conseguiu realizar
programas com foco nas demandas do setor
industrial, reconhecidos internacionalmente.
“A corrida pela capacitação é um processo de
superação permanente, fundamental para que
o Brasil não se atrase de modo irremediável
na competição que se dá em escala global”,
afirmou o presidente da CNI depois de visitar
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Olimpíada do conhecimento
OC 2008 - Ranking Nacional
POSIÇÃO
1º
2º
DR
Ouro
Prata
Bronze
SP
MG
19
6
11
11
8
9
Pontos
87
49
3º
RS
7
2
5
30
4º
PR
2
6
3
21
5º
SC
3
3
3
18
6º
AL
1
4
2
13
7º
PE
-
1
8
10
8º
RN
2
1
1
9
9º
DF
2
-
2
8
10º
CE
GO
1
-
2
3
1
7
7
11º
BA
1
1
-
5
12º
AM
ES
RJ
1
1
-
1
1
1
2
4
4
4
13º
PB
1
-
-
3
14º
15º
PI
MT
-
1
-
1
2
1
Ouro = 3 pontos
Prata = 2 pontos
Bronze = 1 ponto
a limites mínimos de competência estabelecidos para as ocupações. Leitão participa da
organização desde a primeira Olimpíada, e
afirma que “houve um desenvolvimento fantástico na preparação e participação dos alunos e professores”.
Na véspera de começar a competir, os estudantes dedicaram-se apenas a se familiarizar
com as bancadas de trabalho, as máquinas,
os equipamentos e as ferramentas necessárias
à execução das provas. “Essa etapa é muito
importante para que todos passem bem peMiguel Angelo
a primeira etapa da Olimpíada, em Blumenau
– ele esteve presente também em Porto Alegre
e Curitiba.
Prova do reconhecimento internacional
do SENAI é o desempenho de seus alunos no
WorldSkills, o mais importante torneio internacional de Educação Profissional. Na última edição, que ocorreu em 2007 no Japão,
os brasileiros, formados pelo SENAI, ficaram
em segundo lugar na pontuação final, perdendo apenas para os sul-coreanos, mas à frente
de países como Suíça e Estados Unidos. Os
vencedores da Olimpíada do Conhecimento
2008 concorrem a uma vaga na próxima edição do WorldSkills International, que no ano
que vem será disputado em Calgary, Canadá.
O desempenho dos brasileiros no WorldSkills tem progredido de forma constante,
junto com a própria Olimpíada do Conhecimento. Em 2001, quando foi criada a Olimpíada, foram disputadas 26 modalidades. Neste
ano, nas três cidades da Região Sul, competiram 553 alunos e ex-alunos do SENAI, em
44 modalidades industriais. Desta vez participaram também alunos do Serviço Nacional de Aprendizagem do Comércio (Senac),
em três ocupações da área. “Tão importante
quanto dar visibilidade ao nosso trabalho e ao
talento dos nossos alunos, é estar ao lado do
SENAI”, afirma o diretor-geral do Senac,
Sydnei Cunha. A inclusão das modalidades
comerciais tem por objetivo tornar a Olimpíada do Conhecimento o mais próximo possível do WorldSkills, que não se limita a modalidades da indústria.
Segundo o gerente de Olimpíadas e Concursos do SENAI, José Luís Gonçalves Leitão, as provas da Olimpíada do Conhecimento seguem o escopo das modalidades do
WorldSkills. Neste ano, a novidade em relação à edição de 2006 foi a participação dos
professores dos estados que tiveram alunos
inscritos na avaliação. As provas não foram
escolhidas pela coordenação nacional, como
ocorria antes. Isso foi feito em conjunto pelos
avaliadores de cada modalidade, obedecendo
vice-presidente
José Alencar
com o diretorgeral do SENAI,
José Manuel de
Aguiar Martins,
em visita à etapa
de Porto Alegre
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9
PARTICIPAÇÃO DOS EMPRESÁRIOS
Os patrocinadores são fundamentais para a realização da Olimpíada do
Conhecimento, seja na forma de cotas de patrocínio financeiro, seja na
doação de equipamentos para as provas. Na área de Marcenaria, muitos
equipamentos vieram da empresa alemã Ferramak, uma das patrocinadoras
da competição. “Oferecemos aos cursos do SENAI tecnologia de ponta, com
equipamentos que, em alguns casos, são importados”, afirma o diretor da
Ferramak Markus Ziel. Segundo ele, o que leva a empresa a investir no SENAI
é reconhecer que se trata de um modelo semelhante ao alemão, “que dá certo
há muito tempo”.
Empresas participam também por meio do apoio a seus funcionários que
são alunos ou ex-alunos do SENAI, permitindo que se afastem das tarefas
profissionais para se dedicar ao treinamento. O gerente industrial da Plastimax,
de Joinville (SC), Anderson Marcel dos Santos, conta que seu funcionário
Douglas dos Santos teve, durante seis meses, algumas horas por dia para
treinar para a modalidade Fresagem a CNC, na Olimpíada. A um mês do
certame, ele passou a se dedicar integralmente a isso. Santos acompanhou
as provas em Blumenau todos
A educação proporcionada
os dias. E não foi o único a
fazer isso lá e nas outras
pelo SENAI é semelhante
etapas. O empresário Antônio
ao modelo alemão, que dá
Cavalcanti, proprietário da
certo há muito tempo
Ferramentaria Rio Grande
Markus Ziel
diretor da Ferramak, uma das patrocinadoras
do Norte, em Manaus, viajou
da Olimpíada do Conhecimento
de uma distância bem maior
para acompanhar o funcionário Alysson Soares, competidor da modalidade
Tornearia a CNC, em Porto Alegre. “Chegar nessa etapa não é fácil, é produto
de muito estudo e dedicação. Quando se tem um talento assim na empresa,
deve-se reconhecê-lo e proporcionar oportunidades para que evolua cada vez
mais”, afirma. É um apoio que o competidor reconhece e valoriza. “Sempre
que termino as provas, ele vem conversar comigo, saber como estou. Sintome valorizado”, conta Alysson.
A presença de empresários tem também outra razão. Marcel, da Plasmax,
afirma que observa vários dos competidores, com a perspectiva de contratálos depois da competição. “Os ex-alunos do SENAI são muito importantes na
empresa. Além da excelente preparação, estão realmente interessados em
trabalhar no chão de fábrica. Não são como outros ex-alunos de outros cursos
técnicos, que apenas passam pela linha de produção e já pensam logo em
fazer um curso superior, de engenharia, por exemplo”, diz. Muitos empresários
fazem o mesmo que Marcel: vão à Olimpíada do Conhecimento como
olheiros. Formar-se no SENAI significa ter emprego praticamente garantido,
principalmente para quem participa da Olimpíada do Conhecimento.
10
I n dús t r i a Br a si l e i r a
los desafios propostos”, explica Leitão. Em
seguida, vieram quatro dias de provas, separadas em três fases: planejamento, execução
e produto.
Para muitos dos campeões, a Olimpíada
do Conhecimento é a etapa intermediária em
um processo, que chegará ao pódio do WorldSkills. E que se iniciou bem antes, nas etapas
estaduais, em que os melhores competidores
foram selecionados. “Ter chegado aqui foi
fruto de um trabalho de dois anos desde a
competição estadual. A rotina foi desgastante. Às vezes até pensei em desistir, mas o sabor
da vitória compensou tudo”, disse o vencedor
da ocupação de Sistema de Transporte de Informações, Wallace Mussi Félix.
Nas páginas a seguir desta edição de Indústria Brasileira, há relatos dos vencedores
em seguida à descrição de suas ocupações.
Eles relatam que a preparação exigiu, em muitos casos, dedicação integral, sem nenhum
descanso semanal. Além da abnegação, é necessário método nesse esforço. O carioca João
Carlos Chaves de Almeida, que competiu na
modalidade Tecnologia da Informação, conta
qual foi sua rotina: “Eu simulava uma jornada de trabalho, como se tivesse recebido uma
tarefa de meu chefe”.
Embora extenuante, a preparação não é
uma jornada solitária. Os estudantes contam
com o apoio, antes de tudo, dos docentes do
SENAI. O instrutor Luiz Leão, avaliador-líder na prova de Mecânica de Precisão, afirma
que exige muito rigor e disciplina dos alunos,
mas com muito cuidado. “Exigindo-se muito,
há risco de levar o aluno à desistência, de perdê-lo. É preciso treinar por etapas, elevando a
exigência progressivamente”, explica. Ele sabe
do que está falando: foi vencedor da medalha
de bronze da modalidade no WorldSkills de
1995, em Lyon, na França. “Durante o treinamento, não pensamos em outra coisa. Mas
não há nada mais compensador do que ver a
bandeira brasileira tremulando e ouvir nosso hino em uma competição internacional”,
conta. “É muito emocionante”.
set e m bro 20 08
Silvio Williams
Miguel Angelo
Olimpíada do conhecimento
A experiência da Olimpíada não se limita
aos competidores e avaliadores. Muitas pessoas visitam as Olimpíadas, incluindo empresários (veja box na página ao lado), muitos deles
patrocinadores, que são essenciais para a realização do evento. Um dos empresários mais
ilustres a visitar a etapa de Porto Alegre foi o
fundador da Coteminas e vice-presidente da
República, José Alencar, que percorreu o local
de provas. “Gostei muito do que vi. O papel do
SENAI é fundamental para a sociedade brasileira”, afirmou. A maior parte das visitas foi de
estudantes de escolas de Educação Básica: 80
mil alunos foram às três etapas. “As tecnologias
que estão aqui fazem parte das nossas vidas”,
disse encantada depois de visitar a etapa de
Blumenau a estudante Mariele Oleão, 14 anos,
da Escola Teodoro Becker, de Brusque (SC).
Visitar a Olimpíada significa observar de
perto o trabalho dos competidores em todas
as ocupações, com máquinas sofisticadas, que
só podem ser vistas em pleno funcionamento
no chão de fábrica, locais inacessíveis para a
maior parte das pessoas, por questões de segurança e de organização operacional. Além
disso, os visitantes da Olimpíada tiveram
acesso a exposições paralelas, com produtos
inovadores criados por alunos e docentes do
SENAI (veja reportagem na página 46) e com
publicações da entidade, na livraria SENAI.
Outra atração nas três etapas da Olimpíada foi a Praça da Cidadania, onde era possível
fazer cursos rápidos, de três a quatro horas
de duração, nas áreas de Panificação, Papel
e Celulose, Soldagem e Mecânica de Motos.
Na praça da Cidadania, os visitantes tinham
acesso também a alguns dos programas do
SESI, como a Biblioteca Móvel e o Cozinha
Brasil. Esse segundo programa foi criado a
partir de 2004, com base no programa Alimente-se Bem, do SESI paulista. A meta é ensinar as pessoas a cozinhar seguindo a tríade
qualidade, economia e sabor.
Curso do
Cozinha
Brasil,
do SESI, à
esquerda, e,
acima, alguns
dos 80 mil alunos
de Educação
Básica que
visitaram a
Olimpíada
Cozinha Brasil
As receitas do Cozinha Brasil, ensinadas na
Praça da Cidadania, incluem itens normalmente dispensados, como talos, caules, cascas,
folhas e sementes de hortaliças. Há, por exemplo, o ensopado de casca de melancia, e sobremesas: bolo feito com casca de banana e o doce
de casca de maracujá. “A casca das frutas em
geral tem duas vezes mais nutrientes que a polpa”, afirma a nutricionista Alice Dalla Valle,
do SESI paranaense, que ministrou cursos na
etapa curitibana da Olimpíada. Ela afirma que
desde que está no programa faz as receitas em
casa. Pesquisas indicam que as pessoas que fazem o curso também tendem a incorporar as
receitas de modo permanente em suas vidas. O
Cozinha Brasil mantém 30 unidades móveis
(caminhões), ministrando cursos rápidos em
cidades do interior do País.
w w w.c n i.org.brI n dús t r i a Br a si l e i r a
11
Aplicação de Revestimentos Cerâmicos
Ouro: Geveson Abreu Schimitt – RS
Prata: José Adriano Ferreira de Sousa – SP
Bronze:Ivanildo Luiz Santos da Silva – AL
Instalação e Manutenção de Redes TCP/IP
Ouro:EDUARDO BODINI SANTIAGO JÚNIOR – SP
Prata:MARCELO RICARDO DE OLIVEIRA MELO – AL
Bronze:MAICON ALVES SIQUEIRA – SC
Caldeiraria
Ouro: Fabiano Marques Miranda – MG
Prata: Gabriel Vinícius Ramalho Avelino – SP
Bronze: Antônio Francisco Peixoto Neto – PE
Instalação Hidráulica e a Gás
Ouro:Leandro Lucas Arantes Caldeira – MG
Prata:Bruno Pionkevicz de Souza – PR
Bronze:Nelson Agostinho de Souza Júnior – SP
Confecção de Calçados
Ouro:ELTON BORGES PINHEIRO – SP
Prata: GEVERSON DA SILVA – SC
Bronze: KAOMA SILVA GONZAGA – MG
Instrumentação e Controle do Processo
Ouro: Joel Henrique Soares Domingos – AL
Luis Carlos Alves da Silva – AL
Prata: Faberson Grein – PR
Luciano Zamprogna dos Santos – PR
Bronze: Fábio Bizetto – SP
Vinicius Mendes Maniçoba – SP
Confeitaria
Ouro:ELIANA RODRIGUES PEREIRA – SP
Prata:MARIA MARÍLIA ALVES DOS SANTOS – AL
Bronze: PRISCILA SILVA GOMES RODRIGUES – PE
Construção em Alvenaria
Ouro:Maurício João Battassini – RS
Prata: Abner Alves Mendes – SP
Bronze:Tarciso Alves da Silva – PE
Desenho Mecânico em CAD
Ouro: FERNANDO JOSÉ MANGILI LUIZ – SP
Prata:RAFAEL SILVA RUFINO – MG
Bronze: PEDRO HENRIQUE CAMPÊLO SENCADES BORBA – PE
Design da Moda: Vestuário
Ouro:THIAGO AUGUSTO ANICESKI CEZAR – PR
Prata:DIOGO GABRIEL FARIAS GOMES – GO
Bronze:EWERTON EMANUEL FERNANDES DE MEDEIROS – RN
Design Gráfico
Ouro:HELENA NEVES QUINTAS SIMÕES – DF
Prata:ERIKA KAORI HIGA – SP
Bronze: GABRIEL EVALDO FERNANDES DE MOURA – GO
Eletrônica Industrial
Ouro:Mateus Benedetti Freitas – SP
Prata:Daniel Alexandre Oleinik – PR
Bronze: José Henrick Viana Ramalho – AL
Ferramentaria
Ouro: Wladimir Ferreira do Sacramento – MG
Prata:Eduardo Henrique Santos da Silva – SP
Bronze: Jonatan Kettermann – RS
Fresagem
Ouro:Renan da Silva Vieira – SP
Prata: Jhony Cardozo – SC
Bronze: Allan Gibson Pereira Morbeck – MG
Fresagem a CNC
Ouro:DANILO RAFAEL DE OLIVEIRA SILVA – SP
Prata:DOUGLAS RENNÊ DOS SANTOS – SC
Bronze: FÁBIO GONÇALVES DE MEDEIROS – MG
Instalação Elétrica Industrial
Ouro:Diego Silva Cardoso – MG
Prata:Marllus Germany de Oliveira – SP
Bronze:Vander Edinei Campos – RS
Instalação Elétrica Predial
Ouro: André Didoné – RS
Prata:Mateus Corrêa da Silva – MG
Bronze: João Fernando Nabeta Cruz – SP
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I n dús t r i a Br a si l e i r a
Jardinagem
Ouro: Jefferson de Carvalho Santos – DF
Jonathan de Souza Silva – DF
Prata:Dyogenes Aranha Garbato – PR
Silvio Monteiro dos Santos – PR
Bronze: Gilvaní Tavares Costa – SP
Giselle Tavares Costa – SP
Joalheria
Ouro: Alexandre Concari – RS
Prata: Alexsandro de Aquino – RJ
Bronze:Natalia Neto Rosa – MG
Manufatura Integrada
Ouro: Gilson Josué Maus – RS
Gustavo Bock – RS
Luiz Rafael Buzanelo – RS
Prata: Arian Souza Guedes – MG
Ariel Gonçalves da Silva – MG
Gabriel Mendes Venceslau – MG
Bronze:Denilson Teixeira – SP
Gilson dos Santos Pinto – SP
Leandro Erba dos Santos – SP
Marcenaria
Ouro:Marcelo Salviato Erct – SP
Prata:Vitor Cassiano Teixeira – MG
Bronze: Germano Loos Carvalho – RJ
Mecânica de Automóvel
Ouro:Luis Cesar Akira Kakazu – SP
Prata:Thiago Aparecido Cavichioli Dotta – PR
Bronze: Jonatan Brochier – RS
Mecânica de Manutenção
Ouro: Juan Henrique Carvalho – MG
Prata:Raimundo Nonato Pereira de Moraes – CE
Bronze: Jeferson Daleffe – SC
Mecânica de Precisão
Ouro: Felipe Carvalho de Souza – PB
Prata:Marcelo Porazenka – SP
Bronze:Thiago de Almeida Alves – MG
Mecânica de Refrigeração
Ouro:Mackson Elias dos Santos – RN
Prata: Fábio Fonseca – MG
Bronze: Cássio Araujo de Lima – PE
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Quadro de medalhas
Mecânica Diesel: Motores Estacionários
Ouro:Luiz Felipe Gilli Fabiano – SP
Prata:Renan Paiva da Silva – PR
Bronze: Pedro de Castro Terrones Costa – RJ
Mecânica Geral: Ajustagem
Ouro:Isidoro Vilczak Junior – PR
Prata:Erick Carneiro de Lima – GO
Bronze: Caio Fernando Fumache – SP
Mecatrônica
Ouro: FERNANDO DEON RAUG – RS
MARCELO LUIS PRETTO DAGOSTINI – RS
Prata:DARIEL DE LIRA GOMES – SP
MARCIO VITOR DA SILVA – SP
Bronze:NÍKOLAS HENNEMANN BARBOSA – SC
VALSEU VANGER DA SILVA JÚNIOR – SC
Segurança do Trabalho
Ouro:MARIANA PANTANO FRANCISCO – SP
RODRIGO DE OLIVEIRA LIMA – SP
Prata: PAULA CAROLINA PIMENTA PEREIRA – MG
THATIANY CHRISTINA ALMEIDA – MG
Bronze: FILIPPY HENRIQUE RIBEIRO – PR
FLAVIO AUGUSTO INOCÊNCIO – PR
Sistema de Transporte de Informações
Ouro: WALLACE MUSSI FÉLIX – SP
Prata: CARLOS EDUARDO DE BARROS SANTOS JÚNIOR – PE
Bronze:BRIAN E SILVA REQUEIJO DE CARVALHO – MG
Soldagem
Ouro:Renato Silva Alves – RN
Prata:Rafael Soares Borges – GO
Bronze:Bruno Rocha Barbosa – MG
Metrologia Dimensional
Ouro: Gabriel Escopel da Silva – RS
Prata:Ricardo Luiz de Oliveira da Rosa – SP
Bronze:Brenda Freitas Ferreira – MG
Tecnologia da Informação – TI
Ouro:Thiago da Silva Furtado – SP
Prata:Tiago Alves Nogueira de Souza – AL
Bronze:Lucas Emanuel Salviano Murata – PR
Modelação Industrial
Ouro: JAKSON DO CARMO CARVALHO – ES
Prata:LEONARDO ESQUITA REGO – PI
Bronze: CIDARTA GAUTAMA DE SOUZA MELO – AM
Tecnologia do Plástico
Ouro:Bruno da Cruz Cardoso – AM
Igor Girão de Brito Vieira – AM
Prata:Eder Fernandes Gatto – SP
Rafael Scandizzo Caldana – SP
Bronze: Fernando Farinacio – PR
Renan Guilherme Marchi – PR
Panificação
Ouro: WELLINGTON RICARDO DOS SANTOS – SP
Prata:MARCO HENRIQUE DE BRITO MUDO – CE
Bronze: FÁBIO JOAQUIM DA SILVA – DF
Polimecânica
Ouro: Arthur Colasso Camargo – SP
Prata:Lucas Molinares Sales – MG
Bronze:Victor Emanuel Pereira de Castro – RS
Robótica Didática
Ouro: Fernando Fabrício Lopes Eller de Oliveira – MG
Juscélio Rodrigo de Almeida – MG
Welbert Otávio da Silva – MG
Prata:Bruno dos Santos – SP
Bruno Landgraf de Lima – SP
Marcelo Michelon Vilalta – SP
Bronze:Dayvison de Oliveira Silva – PE
Nielson de Oliveira Silva – PE
Sidney Manoel da Silva – PE
Robótica Industrial
Ouro:DAIANA PINTO DA SILVA – SP
FELIPE ENGEL – SP
GABRIEL DE ANDRADE REIS – SP
Prata:LEONARDO HERBERT GONÇALVES FERREIRA – MG
PETER FRANKLIN RIBEIRO DE SOUZA – MG
TIAGO JAIME CHAVES – MG
Bronze:DOUGLAS ANTONIO SCARIOTTI – MT
EDUARDO LUIZ DE OLIVEIRA – MT
JOEL HORTÊNCIO DIAS GOMES – MT
Robótica Móvel
Ouro: Andrei Rogger Belegante – SC
Kledson Alves – SC
Prata: Adalberto Vitor Luz de Souza – MG
Victor Alves Silva e Melo – MG
Bronze:Henrique Ferreira Canova – SP
Rui do Carmo – SP
Telecomunicações
Ouro: Alan Cardoso Franco Viana – SP
Prata:Rafael Wachter – RS
Bronze:Bárbara de Souza – MG
Tornearia Mecânica
Ouro: Claiton Eduardo Luizete – SP
Prata:Mauri Rafael Beck – RS
Bronze: Carlos Eduardo de Brito Silva – PE
Tornearia a CNC
Ouro: Weliton Batisti – SC
Prata:Thiago Meireles Grabe – MG
Bronze:Renan Leal – SP
Web Design
Ouro: ANDRÉ LUIZ MARTINS RAMOS – SC
Prata: KENNEDY FERREIRA ARAÚJO – AL
Bronze: LÍLIAN TAWANA LOURENÇO – DF
Cabeleireiro
Ouro:Lia Rebecca Alam Mendonça – CE
Prata:Daniela Teles Andrade – BA
Bronze: Alan Sodré de Oliveira – ES
Cozinha
Ouro: Gabriel dos Santos Moraes – SP
Prata:Luana França da Silva – RN
Bronze: Antonio Backes Tavares – RS
Serviço de Restaurante
Ouro:Denise Conceição Sales – BA
Prata:Hechtiene Boberdan Gonçalves Pereira Campos – MG
Bronze:Vanessa Maria Anselmo – PE
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José Paulo Lacerda
Aplicação de Revestimentos Cerâmicos
O Museu Oscar Niemeyer em Curitiba inspirou a tarefa dessa modalidade, algo que ocorreu também em Construção
em Alvenaria. Os competidores receberam um projeto e tiveram 22 horas no total para planejar o trabalho, selecionar
as cores de cerâmica usadas, cortar as peças e fixá-las num ambiente com duas paredes e um piso. Há qualidades do
trabalho dos competidores que se vêem facilmente. Outras exigem atenção e conhecimento técnico: prumo (alinhamento vertical), planicidade, esquadro (encontro das peças) e fidelidade ao projeto. Segundo o avaliador-líder Martinho Zacarias, o trabalho na área está ficando mais complexo com o surgimento de novos materiais, mais sofisticados.
É o caso do porcelanato, mais resistente e menos poroso do que os azulejos. Aliás, para Zacarias e os outros profissionais da área, azulejo não existe: são revestimentos cerâmicos. Participaram das provas em Curitiba competidores
de Alagoas, Ceará, Espírito Santo, Maranhão, Mato Grosso, Minas Gerais, Paraíba, Paraná, Pernambuco, Rio de
Janeiro, Rio Grande do Sul, Roraima, São Paulo e Sergipe. O primeiro lugar ficou com Geveson Abreu Schimitt, de
17 anos, da tradicional cidade gaúcha de Santa Maria. Ele afirma que as provas que disputou foram extremamente
difíceis. Schimitt diz que os resultados demonstram claramente o nível de dificuldade. “A diferença entre o primeiro
e segundo colocados pode ser medida em milímetros”, conta, acrescentando que fica demonstrada a excelência dos
ensinamentos ministrados pelos professores do SENAI. Foram dois anos de curso e mais seis meses de treinamento
intensivo para que Geveson alcançasse as importantes vitórias na fase estadual e nacional. “Agora o negócio é ralar
mais ainda para garantirmos a vaga no mundial no Canadá”, enfatiza. Ele revela que mesmo após a primeira vitória
no estadual já passou a receber propostas de trabalho em sua cidade e fora dela.
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I n dús t r i a Br a si l e i r a
set e m bro 20 08
Ocupações
José Paulo Lacerda
Reparar caldeiras industriais é apenas uma das inúmeras
atribuições que tem esse profissional. A marca de dois milímetros de chapa é uma fronteira que divide quem trabalha com lanternagem (reparos à lataria de veículos, por
exemplo) de quem trabalha com a caldeiraria. Os desafios
das provas incluem a moldagem de elementos em conformação com figuras geométricas, como cones e quadrados. Nas provas de Curitiba, os competidores tinham que
fazer e interligar um exaustor quadrado, um cone e um
duto cilíndrico. Segundo o avaliador-líder David Maciel,
a demanda por profissionais da área tem crescido muito
com o aumento da produção na indústria sucroalcooleira
e também na de petróleo e petroquímica. Participaram
das provas em Curitiba competidores de Minas Gerais,
Paraíba, Paraná, Pernambuco, Rio Grande do Norte e São
Paulo. Fabiano Marques Miranda, 19 anos, que levou o
ouro, já aos 12 anos de idade ajudava o pai, dono de uma
pequena serralheria, a trabalhar os metais, cortando-os e
soldando-os. Assim, esse mineiro de Itabira, terra do poeta Carlos Drummond de Andrade e de importantes reservas minerais, tomou gosto pela coisa. E foi em frente, com
os conselhos do pai, soldador e caldeireiro. Ingressou no
SENAI e dedicou-se com afinco aos estudos que o tornariam duplamente vitorioso nas etapas estadual e nacional
da Olimpíada do Conhecimento. O irmão mais velho,
soldador em plataformas da Petrobras, sempre foi outra
fonte de inspiração. Fabiano conta que as provas transcorreram na maior tranqüilidade. Ele se preparou durante
mais de um ano e revela que quer estudar Engenharia
Mecânica, mas sonha também trabalhar um dia na Petrobras. “Mas não sei se agüentaria, como meu irmão, ficar
tanto tempo no mar e longe de casa”, enfatiza.
Cristiano Andujar
Caldeiraria
Confecção de Calçados
Aos competidores dessa modalidade não basta produzir
sapatos bem feitos. As habilidades envolvem a leitura e
interpretação da ficha técnica, a modelagem no papel (na
próxima Olimpíada, esse processo será feito no computador), cálculo no consumo de matéria-prima etc. No aspecto ambiental, eles foram avaliados por produzir o mínimo
possível de sobras e também por descartá-las corretamente
em compartimentos de coleta seletiva de lixo. No aspecto
de produção propriamente dito, verificou-se a qualidade
do corte, a costura e o acabamento final. O ouro nesta
prova ficou com Elton Borges Pinheiro, 19 anos, nascido
na cidade de Franca (SP), um dos principais pólos calçadistas do País. Elton, cujo sonho é ser modelador ou
estilista, diz que as provas da modalidade Confecção de
Calçado não foram tão difíceis. “Foram três anos de treinamentos intensivos, árduos, mas altamente gratificantes.
O meu nível de conhecimento elevou-se enormemente”,
revela. Ele acrescenta que a “atmosfera calçadista” que se
respira em Franca, com toda a justiça denominada como
a “Capital do Calçado”, foi determinante em sua vida
para que empreendesse essa caminhada profissional. “Os
bons resultados estão aparecendo, pois já estou recebendo
inúmeras propostas de trabalho”, conta com orgulho.
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Ricardo Mega
Confeitaria
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I n dús t r i a Br a si l e i r a
Segundo a avaliadora-líder dessa
modalidade, Elisabeth Novaes, o
que se busca nos competidores é a
criatividade, a postura, a capacidade de tomar decisões. “É fazer gastronomia sem show”, resume. Os
participantes tiveram de fazer bases que são usadas no dia-a-dia da
profissão e também produtos finais:
bombons, pralinés e mousses, entre
outras sobremesas. No último dia
de prova, em Blumenau, foi pedida
uma peça artística produzida com
chocolate. Em algumas provas, os
ingredientes já eram conhecidos de
antemão. Em outras, foi fornecida
uma cesta-surpresa. Os dez competidores, de Alagoas, Amapá, Ceará, Distrito Federal, Minas Gerais,
Pernambuco, Rio de Janeiro, Rondônia, São Paulo e Rio Grande do
Sul, foram avaliados por sua atitude
no processo de produção e pelo resultado que conseguiram. A paulistana Eliana Rodrigues Pereira, de
21 anos, revela que deve ter confeccionado o melhor bolo de chocolate de sua vida quando teve que
apresentá-lo como parte das provas
a que foi submetida na Olimpíada
do Conhecimento. Isso garantiu-lhe
o ouro na modalidade Confeitaria.
“Todos os competidores eram muito fortes. Nós não tínhamos a mínima idéia do que nos seria exigido
no preparo das bases, por exemplo.
O que contou foram os dois anos de
curso e mais dois de treinamento.”
Eliana quer se iniciar na vida profissional, mas de forma segura. Revela
que não vai buscar apenas um bom
emprego, aliás as propostas já estão
sendo feitas, mas quer ser reconhecida como profissional competente
e criativa, uma vencedora enfim.
set e m bro 20 08
Ocupações
José Paulo Lacerda
Assentar tijolos é algo que se faz há milhares de anos, mas
há novas tecnologias na área que estão presentes no dia-adia dos alunos do SENAI. Exemplo disso são os blocos estruturais, que dispensam pilares e vigas, portanto também
as madeiras que são usadas como moldes e depois descartadas. Os blocos têm furos especiais no interior, que são preenchidos com concreto. A operação exige, porém, destreza
no alinhamento. Nos cursos do SENAI os alunos aprendem rigores técnicos ao usar materiais, que são cobrados na
Desenho Mecânico em CAD
Olimpíada. É o caso do tempo de uso da argamassa, que
não pode passar de duas horas depois do preparo. Na OlimNesta modalidade, o que se procura é menos o desenhista
píada do Conhecimento, os competidores tiveram de fazer
e mais a pessoa que tem capacidade de projetar por meio
uma obra que incluía um arco em forma de olho. O avaliado Computer Assisted Design (CAD), explica o avaliadordor-líder Anderson Campos explica que é uma homenagem
líder Fabio Souza, que participou do WorldSkills no Japão,
ao Museu Oscar Niemeyer, em Curitiba. Participaram das
no ano passado, como avaliador. Esse perfil mais sofisticado
provas competidores de nove estados: Alagoas, Espírito Sanem relação ao profissional do passado é resultado de uma
to, Mato Grosso, Minas Gerais, Paraíba, Pernambuco, Rio
mudança nas exigências da indústria. “Antes o profissional
Grande do Sul, São Paulo e Sergipe. O ouro
desenhava. Agora, resolve problemas”. Em
Por meio do SENAI, outras modalidades, pede-se aos alunos que
ficou com o gaúcho Maurício João Batassipude empreender as façam produtos a partir de projetos. Aqui,
ni, ex-aluno do SENAI que já está cursando
o primeiro ano da faculdade de Engenharia
ações mais avançadas eles fazem exatamente o projeto, a partir de
Civil. Quando era menino, relembra, já gosno meu aprendizado características solicitadas, incluindo desenho
tava de construir casinhas de pedra e areia
e o estabelecimento de medidas. Num dos
Fernando Mangili,
de
Bauru
(SP),
medalha
de
ouro
em
sonhando que um dia iria erigir altas edifimódulos, eles fizeram o projeto de um dispoDesenho Mecânico CAD
cações. Ele acha que está no caminho certo
sitivo para fixar o diferencial de uma camipara materializar os seus anseios de realização profissional.
nhonete. Em outros módulos, é preciso produzir protótipos
Durante oito meses, após o curso de dois anos, ele se prepavirtuais complexos, usando até mesmo animação. Na última
rou com afinco, em período integral, para vencer o desafio
etapa, o competidor recebe um projeto que precisa ser modiimposto por provas de alto nível de dificuldade. “Difíceis
ficado, de acordo com determinadas exigências. Ganhador
não só pela complexidade das tarefas, mas também pelo lido ouro, Fernando José Mangili Luiz já se considera, aos 20
mite de tempo dado para a sua execução”, conta. Ele diz que
anos de idade, um grande vitorioso. E tem razão. Natural de
a vitória está lhe trazendo também inúmeras oportunidades
Bauru, região noroeste de São Paulo, Fernando quer se torde trabalho, mas que agora o mais importante é estudar.
nar um engenheiro especializado e reconhece que o SENAI
foi quem abriu as portas para o começo da realização desse
sonho. Ele deu seus primeiros passos no Colégio Técnico de
Mecânica. “Mas foi por meio do SENAI que pude empreender ações mais avançadas no meu aprendizado”, enfatiza.
Filho de família humilde, ele teve no SENAI o apoio de
mestres instrutores num curso gratuito que o encaminhou
pelos meandros complexos de uma área muito especializada.
“Vou lutar para estar no Canadá em setembro de 2009, honrando o meu país e os meus mestres dedicados do SENAI”,
diz. E revela que para alcançar as vitórias nas duas etapas da
Olimpíada estudou e treinou o dia inteiro: “Foi fatigante,
mas valeu a pena, sempre”, arremata.
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Cristiano Andujar
Construção em Alvenaria
Felipe Christ
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Design da Moda:
Vestuário
Nessa modalidade, o que
conta é não só o resultado
final dos produtos, mas a
criatividade na concepção das peças e a competência necessária para
explicar e defender suas
escolhas. Os 11 competidores vieram de Ceará,
Espírito Santo, Goiás,
Minas Gerais, Paraíba,
Paraná,
Pernambuco,
Rio Grande do Norte,
Rio Grande do Sul, São
Paulo e Santa Catarina.
Eles tiveram que elaborar croquis para uma
minicolecão com quatro
peças (sem incluir sapatos ou acessórios) e suas
fichas técnicas (tecidos,
cor, descrição). Além disso, ponto alto das provas,
tiveram que apresentar
em desfile peças desenvolvidas em seus estados,
com a obrigatoriedade
também de defendê-las
perante os examinadores,
explicando idéia, método
de concepção etc. Thiago Augusto Aniceski
Cezar, curitibano de 21
anos, foi o grande vencedor dessa modalidade. “Sinto-me realizado porque demonstrei a mim mesmo que tinha
capacidade para vencer”, diz com orgulho. Acrescenta, com conhecimento de causa, que o SENAI “é muito bom”
na área do Design da Moda. “Rivaliza com as melhores escolas européias ou norte-americanas. Não conheço nenhum profissional da moda formado pela SENAI que não tenha se sobressaído no meio em que trabalha”, garante.
Ele, que já trabalhou na indústria da moda, afirma tachativamente que Curitiba vem se configurando já há algum
tempo como um importante pólo da moda no cenário brasileiro e que faz parte dos seus planos criar na capital
paranaense um “Fashion Corner”. “Claro que na minha atividade não há quem não sonhe em trabalhar para uma
grande maison da moda fora do Brasil. Mas não gostaria de sair da minha cidade tão logo. Curitiba já oferece
grandes oportunidades nessa área. Quem ficar e investir verá”, finaliza confiante.
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Silvio Williams
José Paulo Lacerda
Ocupações
Design Gráfico
Eletrônica Industrial
O profissional da área deve estar atento ao aprimoraA modalidade é “cada vez mais próxima da Engenharia”, semento tecnológico tanto nos softwares que utiliza quanto
gundo o avaliador-líder João Souza. Os competidores tiveram
nos sistemas de impressão que serão usados para transde descobrir defeitos inseridos propositalmente em placas eleformar em produto o arquivo eletrônico enviado à grátrônicas, desenvolver softwares e produzir um equipamento a
fica. Nas provas, foi exigida a produção de um impresso
partir de componentes fornecidos. Não foi uma prova fácil,
editorial (livro ou revista), com a capa e uma página;
admitem os participantes, enfatizando que o aprendizado de
a criação da identidade visual de uma organização, inalto nível ministrado pela SENAI foi fundamental. O vencluindo cartão de visitas e envelope; de embalagem; e de
cedor dessa modalidade, Mateus Benedetti Freitas, 20 anos,
impresso publicitário, com manipulação e tratamento de
confessa que “suou frio” para enfrentar o desafio que lhe foi
imagens. Foram nove competidores, de Alagoas, Bahia,
colocado na Olimpíada do Conhecimento. “É difícil explicar
Distrito Federal, Goiás, Minas Gerais, Paraná, Rio de
a sensação que senti naquele momento, mas me lembro muito
Janeiro, Rio Grande do Sul, São Paulo
bem do esforço que desenvolvi”, conta MaAs
simulações
de
trabalho
e Santa Catarina. Helena Neves Quinteus, nascido em Campinas (SP). “Isso agoreal que tive durante o ra é passado e tudo acabou sendo fechado
tas Simões, de Taguatinga, no Distrito
Federal, aos 21 anos de idade, levou a
treinamento me deram com uma chave de ouro. Foi a recompensa
medalha de ouro. Ela já sabe o que quer
segurança nas provas obtida por tanto esforço”. Ele faz questão
da vida. “Primeiro pretendo ir ao Japão,
de ressaltar a dedicação dos professores do
Helena Quintas,
do Distrito Federal, medalha de ouro
grande centro de artes visuais, para fazer
SENAI, fundamentais para o seu sucesso.
em Design Gráfico
alguns cursos ligados à especialidade.
“Só o que prejudicou foi o nervosismo. Não
Seria um importante passo profissional. Depois, quero
senti em nenhum momento falta de conhecimento”, ressalta.
dar aulas no SENAI e transmitir aos jovens aprendizes
Ele revela que o seu caminho profissional está na Engenhatudo aquilo de importante que me foi ministrado e conria, mas que não deseja sair de Campinas por melhor que
tribuiu para a minha vitória”. Helena revela que preferiu
seja a oportunidade de trabalho oferecida: “Minha cidade já
dedicar-se exclusivamente ao treinamento, dispensando
se configura num importante pólo industrial e a tendência é
ofertas de trabalho que surgiram antes das provas. “Não
a de que continue crescendo. Muitos jovens como eu estarão
me arrependo e, se não fosse assim, as dificuldades temotivados a ingressar numa escola, como o SENAI, que vai
riam sido maiores”, diz, enfatizando que o resultado foi
lhes abrir o caminho. Quero, portanto, participar do procesrealmente apertado. “Trabalhamos sob pressão. Mas siso, ajudando a transmitir conhecimento a esse pessoal e ao
mulações de trabalho real durante o treinamento derammesmo tempo participando do desenvolvimento industrial
me segurança durante as provas”, conclui.
regional”, conclui.
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Miguel Angelo
Ferramentaria
O ferramenteiro é responsável pelos moldes que servirão,
propostas de trabalho após as vitórias obtidas na Olimpor exemplo, para estampar portas de carros. São peças
píada do Conhecimento. Mas não quis sair de sua cidade
grandes o suficiente, em alguns casos, para abrigar uma
natal: o próprio SENAI, devido a sua ótima performanpessoa. Mesmo assim, é necessária grande precisão no
ce, decidiu contratá-lo. “A prova foi difícil, testou o meu
resultado final. “O profissional tem de
emocional. Fiquei nervoso no começo,
dominar o processo desde o projeto até Quero demonstrar gratidão
mas depois acabei me ambientando”,
a construção da ferramenta de confor- aos mestres do SENAI que
conta. Ele revela que o pai, industrimação de chapa”, explica o avaliador- tanto deram de si para nos
ário, o influenciou para que buscasse
líder Pedro Faria. A primeira estam- transformar em profissionais um dos cursos do SENAI. “Fiz a escopagem é ele quem faz, para verificar Wladimir do Sacramento,
lha certa e me sinto realizado”, assegude Contagem (MG), medalha de
se está correto. Se não estiver, deverá ouro em Ferramentaria
ra. Ele não elimina a possibilidade de
fazer ajustes, mesmo que seja nos detaum dia vir a aceitar uma boa proposta
lhes. Os competidores vieram de Minas Gerais, Paraná,
de trabalho em outro estado ou mesmo fora do Brasil.
Pernambuco, Rio de Janeiro, Rio Grande do Sul, Santa
“Mas por enquanto quero demonstrar minha gratidão
Catarina e São Paulo. Wladimir Ferreira do Sacramenao SENAI e aos mestres que tanto deram de si para nos
to, mineiro de Contagem, 20 anos de idade, teve várias
transformar em bons profissionais.”
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Ocupações
Fresagem
Miguel Angelo
José Paulo Lacerda
O fresador opera com uma máquina em que a peça (de metal, plástico
ou materiais compósitos) permanece estática, presa, e ganha forma
com a intervenção de ferramentas que giram a alta velocidade, desbastando ou fazendo cortes. A máquina difere-se do torno em que a
peça gira ao redor de um eixo e as ferramentas que intervêm ficam
paradas. No caso da fresagem, é possível intervir diretamente nas peças combinando-se dois ou até três eixos. O processo é usado também
para dar o acabamento fino em peças moldadas. É o caso dos blocos
de motor de carros, por exemplo, que precisam de desbastes especiais
muito precisos. Qualquer folga significaria prejuízo econômico, com
perda de eficiência e segurança, em conseqüência do desgaste excessivo. A Fresagem a CNC (controle numérico computadorizado) é usada
em processos repetitivos (veja texto a seguir), em que se exige grande
precisão e uniformidade. O avaliador líder da prova em Porto Alegre,
Edson Melo, afirma que as fresadoras normais continuam a ter espaço em pequenas e médias empresas, pois o custo do equipamento é
bem menor. Nas provas de Porto Alegre, concorreram estudantes de
Amazonas, Distrito Federal, Goiás, Maranhão, Paraíba, Paraná, Santa Catarina e São Paulo. Foram avaliados quanto ao planejamento,
processo de produção e produto final. O vencedor desta modalidade
foi o paulistano Renan da Silva Vieira.
Fresagem a CNC
O controle numérico computadorizado (CNC) foi criado para ganhar
precisão e uniformidade na produção de peças com a fresadora (veja texto
anterior). Não é fácil, porém, ao profissional responsável por essas máquinas, programá-las corretamente, estabelecendo velocidade de rotação com
o máximo de exatidão, para que se obtenha exatamente o que é esperado
no projeto. Na Olimpíada, os competidores devem trabalhar com precisão
superior à que é exigida na vida real, com desvios bem menores do que um
milímetro. Eles vieram de sete estados (Bahia, Goiás, Minas Gerais, Paraná, Santa Catarina, São Paulo e Rio Grande do Sul), e tiveram de elaborar
peças em aço, alumínio e duralumínio (liga usada em peças da indústria aeronáutica), com roscas, furos e formas cilíndricas. Danilo Rafael de Oliveira
Silva, de 21 anos, natural de Araraquara, interior de São Paulo, espera que
a vitória lhe abra portas para o seu crescimento profissional. Para Danilo,
os conhecimentos adquiridos nos cursos do SENAI objetivam justamente
colocar no mercado profissionais qualificados e integrados num processo
de produção industrial cada vez mais disputado e sofisticado. “Atualmente
trabalho numa empresa que presta serviços à Petrobras. É um ótimo emprego, que me foi oferecido em razão da minha participação e primeira vitória
(estadual) na Olimpíada do Conhecimento. Para ele, as provas a que foi
submetido pareciam parte de um exame de vestibular. “O treinamento foi
rigoroso, mas confesso que não esperava tanta pressão”, conclui.
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O profissional dessa área é responsável pela instalação de sistemas de produção envolvendo sistemas elétricos, com
variados níveis de complexidade. Nas provas de Porto Alegre, a tarefa foi a simulação do funcionamento de uma fábrica de tintas, com processo automatizado. Segundo o avaliador-líder Marco Túlio Hudson, 80% do trabalho foi
consumido na montagem da tubulação para os fios. Mas houve grande exigência de conhecimentos de informática
também. Foi necessário misturar dois produtos: a tinta inicial, para atingir a tonalidade de cor necessária, processo
que exige o acionamento e desligamento de motores. Para isso, usa-se um controlador lógico programável. O profissional deve programar o software supervisório do sistema para executar
a tarefa. Na Olimpíada, cabe ao competidor escolher, dentre as opções
de software no mercado, alguns desenvolvidos por empresas brasileiras.
Participaram competidores de quatro estados: Amazonas, Distrito Federal, Maranhão e Minas Gerais. Os mineiros levaram o ouro, com Diego
Silva Cardoso, de Divinópolis. Aos 19 anos de idade e já cursando o
primeiro ano de Engenharia de Produção, ele confessa que sua vitória na
modalidade foi uma surpresa. “Eu estava bem preparado, mas dado o
altíssimo nível dos concorrentes eu não esperava sair vitorioso.”
Silvio Williams
Instalação Elétrica Industrial
Instalação Elétrica Predial
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I n dús t r i a Br a si l e i r a
José Paulo Lacerda
É uma das áreas com maior número de competidores,
23 no total, do Amazonas, Amapá, Distrito Federal,
Espírito Santo, Goiás, Maranhão, Mato Grosso, Mato
Grosso do Sul, Minas Gerais, Pará, Paraíba, Paraná,
Pernambuco, Piauí, Rio de Janeiro, Rio Grande do
Norte, Rio Grande do Sul, Rondônia, Roraima, Santa
Catarina, São Paulo, Sergipe e Tocantins. Eles tiveram de montar circuitos elétricos, instalar um exaustor e descobrir rapidamente defeitos inseridos em circuitos. O avaliador Adjair Lourenço explica que os
sistemas estão se tornando cada vez mais complexos,
com a integração da iluminação e da segurança, o que
exige conhecimentos cada vez maiores de informática.
O primeiro lugar na modalidade ficou com o gaúcho
André Didoné, 19 anos. Apesar do cansaço, ele não
diminuirá o ritmo de treinamento, de olho na competição internacional. André acredita que o Brasil terá
um desempenho excepcional nessa disputa, uma vez
que o nível dos participantes do SENAI é muito alto
e nada fica a dever às escolas congêneres estrangeiras. Como a maioria dos vencedores da Olimpíada,
ele recorda que a competição foi árdua. Prova disso,
aponta, está na pequena diferença entre o primeiro e o
segundo colocado. Planos? Quer estudar Engenharia
Elétrica em Porto Alegre.
set e m bro 20 08
Ricardo Mega
Ocupações
Instalação e Manutenção de Redes TCP/IP
Fazer com que equipamentos e programas de informática trabalhem com eficiência e segurança é a missão
primordial de quem trabalha na área. Os competidores, em Blumenau, tiveram de oferecer soluções para demandas que fazem parte do dia-a-dia da profissão: quebrar senhas de equipamentos, estabelecer a comunicação
entre a matriz e a filial de uma empresa por meio de roteadores, controlar configurações dos usuários em todas
as máquinas de uma rede. A modalidade é uma das que tiveram maior número competidores: 15 no total,
vindos dos estados do Amazonas, Alagoas, Bahia, Ceará, Goiás, Minas Gerais, Paraíba, Paraná, Pernambuco,
Rio de Janeiro, Rio Grande do Sul, Rondônia, Santa Catarina e São Paulo, além do Distrito Federal. Para o
avaliador-líder Guilherme Panes, é de fundamental importância que o estudante da área não se esqueça que as
configurações dos computadores não são pacotes prontos, portanto ele terá de usar o seu conhecimento para
complementar o que falta em cada situação. O ouro ficou com Eduardo Bodini Santiago Júnior, 20 anos, de
Bauru, região noroeste de São Paulo. Sua vitória comprova que as cidades do interior do Brasil vêm constantemente revelando e enriquecendo o mercado profissional industrial. Eduardo sabe que há muito esforço pela
frente se quiser participar do WorldSkills, a ser realizado ano que vem no Canadá. Como a maioria dos competidores admite, ele também ficou nervoso no início das provas. “O nível do desafio era alto, mas logo recuperei
a segurança e fui em frente”, diz.
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Instalação Hidráulica e a Gás
Miguel Ângelo
Essa modalidade, das mais tradicionais, está se
tornando mais complexa com os novos materiais que vêm sendo usados, como tubos de polipropileno com revestimento interno de alumínio. Os competidores são avaliados quanto
à adequação ao projeto, a postura no trabalho,
a capacidade de resolver problemas inesperados
que são propostos, o conhecimento dos padrões
de qualidade técnica e o aspecto final do trabalho que executam. Participaram das provas em
Curitiba competidores de Alagoas, Distrito Federal, Minas Gerais, Paraná, Pernambuco, Rio
de Janeiro, Rio Grande do Sul e São Paulo. O
primeiro lugar ficou com o mineiro Leandro
Lucas Arantes Caldeira, um belorizontino de
20 anos. Ele garante que nasceu predestinado
a estudar a especialidade que o levou à vitória
olímpica. Faz questão de render homenagem
ao seu instrutor, José Maria, que foi quem o estimulou a estudar essa especialidade. Leandro
dedicou-se com afinco, durante seis meses, ao
treinamento que antecedeu a competição. “O
resultado foi muito gratificante”, diz, referindose às homenagens prestadas por colegas, mestres, amigos e os orgulhosos familiares. Leandro
sonha com o diploma universitário de Engenharia Civil. Recém-contratado pelo SENAI,
ele considera essa como mais uma vitória em
sua carreira: “Quero incentivar os jovens como
eu a não se deterem diante dos desafios profissionais”, assevera.
Miguel Ângelo
Instrumentação e Controle do Processo
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I n dús t r i a Br a si l e i r a
No processo de produção industrial, há muitas variáveis
que precisam ser monitoradas de forma permanente:
temperatura, pressão, vazão, viscosidade e pH. Os competidores dessa modalidade na Olimpíada tiveram de
elaborar o planejamento do sistema escolhido; o planejamento, a calibração dos instrumentos; e depois colocar
tudo em funcionamento. “Hoje não é mais necessário
estar na fábrica para monitorar o processo de produção.
É perfeitamente possível acompanhar a distância”, afirma o avaliador-líder Alexandre Yabu. Um dos grandes
desafios hoje nas fábricas, relata, é trabalhar com redes
sem fio. A grande vantagem desse sistema é a economia
com cabos e a redução do risco de acidentes – quando há
uma ruptura na rede, o reparo exige alto custo e tempo.
Em compensação, é preciso muito trabalho para evitar
interferência. “Quando se liga um computador em casa,
a TV sofre interferência. Numa rede industrial, isso não
pode acontecer”, explica. Nas provas de Curitiba, participaram concorrentes de nove estados: Alagoas, Espírito
Santo, Minas Gerais, Paraná, Pernambuco, Rio de Janeiro, Rio Grande do Sul, Santa Catarina e São Paulo. O ouro ficou com a dupla alagoana Joel Henrique
Soares Domingos e Luis Carlos Alves da Silva.
set e m bro 20 08
Miguel Ângelo
Ocupações
Jardinagem
A modalidade entrou pela primeira vez para valer na Olimpí- rosos de alinhamento. Participaram das provas competidores
ada do Conhecimento em 2006, mas teve apenas provas de- do Distrito Federal, Paraná e São Paulo. Para o brasiliense
monstrativas. O avaliador-líder Francisco Brito conta que foi Jonathan de Souza Silva, de 19 anos, que ficou em primeiro
grande o esforço para implantar o curso no Distrito Federal. lugar junto com seu colega Jefferson de Carvalho dos Santos,
foram dez meses de treinamento intensiInstrutor na área de construção civil, ele
Estou
rouco
de
comemorar.
vo até a realização das provas. Essas, ele
passou por treinamento intensivo com
Vencer na Olimpíada do admite, foram realizadas sob forte presespecialistas canadenses, avaliadores do
WorldSkills, e depois com agrônomos
Conhecimento foi uma das são psicológica. Quando foi entrevistado
brasileiros, que ensinaram técnicas de maiores vitórias da minha vida por Indústria Brasileira ele mal podia
falar: “Estou rouco de tanto comemorar,
plantio e poda de plantas. O projeto
Jonathan de Souza Silva,
do Distrito Federal, medalha de
pois essa foi uma das maiores vitórias da
com que os competidores trabalharam
ouro em Jardinagem
minha vida”, enfatizou emocionado. O
em Curitiba envolvia, além de arbustos e
grama, pavimentação, uma fonte e uma pérgola de madeira. avô, carpinteiro, foi, segundo Jefferson, o seu grande estimuSegundo Brito, o profissional da área tem de ter conhecimen- lador. O pai, apaixonado pela construção civil, deu também
to de construção, instalação elétrica, hidráulica e marcena- uma grande força para que Jonathan optasse pelo curso de
ria. Como nas provas de alvenaria e instalação de placas de Jardinagem e Paisagismo. Daqui para frente, adianta, quer
cerâmica, o resultado foi aferido conforme parâmetros rigo- fazer Arquitetura, na universidade.
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Miguel Ângelo
Joalheria
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Nessa modalidade, não é por metáfora que se diz que o resultado das
provas vale ouro. Competidores de
Minas Gerais, Rio de Janeiro, Rio
Grande do Sul e São Paulo trabalharam pela primeira vez na Olimpíada com o metal na pureza de 18
quilates – no Recife, em 2006, o
material usado era a prata. Essa novidade é uma adequação ao padrão
internacional, do WorldSkills. Os
competidores tiveram de fazer uma
peça complexa: um anel de rolete,
com elemento giratório. A exigência
é que eles sejam fiéis ao projeto que
recebem. Afinal essa não é uma modalidade de design, mais de demonstração de habilidade e conhecimento
na confecção de algo encomendado,
explica o avaliador-líder Claudinei
Rempel, de Guaporé (RS), cidade
que tem na produção de jóias sua
principal atividade, envolvendo 160
empresas. O primeiro lugar ficou
com Alexandre Concari, gaúcho
de Guaporé, pólo joalheiro do Rio
Grande do Sul. Ele quer ser um designer de jóias, conhecido e respeitado, quem sabe, internacionalmente. “Sonhar não faz mal, não é?”,
indaga com bom humor. Vivendo
e respirando ourivesaria numa pequena cidade de 25 mil habitantes,
cuja principal atividade econômica é
essa, Alexandre desde a adolescência
começou seu aprendizado num dos
ateliês da cidade. Mais tarde, já no
SENAI, treinou com peças de latão.
Na Olimpíada do Conhecimento
deram-lhe ouro com alto grau de
pureza para que demonstrasse suas
extraordinárias aptidões. “No começo fiquei um pouquinho só estressado diante da responsabilidade que
me foi colocada. Passou logo o nervosismo e deu tudo certo”, diz.
set e m bro 20 08
Ocupações
Manufatura Integrada
Miguel Ângelo
Está entre as poucas modalidades da Olimpíada em
que as equipes, de três alunos, recebem a tarefa com
antecedência. Os competidores de Minas Gerais, Paraná, Rio Grande do Sul e Santa Catarina desenvolveram
durante quatro meses um triturador de garrafas PET
movido a energia solar. Com o projeto na bagagem,
seguiram para Porto Alegre, onde usaram fresadoras a
controle numérico computadorizado (CNC) e tornos
normais para transformá-lo em realidade. O número
de máquinas era propositalmente limitado, exigindo
que os participantes negociassem entre si o seu uso. “As
indústrias têm de ser flexíveis e os profissionais também”, afirma o avaliador-líder Nilo Herman. Gilson
Josué Maus, gaúcho de Campo Bom, de 20 anos de
idade, é um dos integrantes da equipe vencedora. “Não
quero supervalorizar minha vitória, mas devo dizer que
foram provas muito difíceis”. Ele e seus colegas de equipe, Gustavo Bock e Luiz Rafael Buzanelo, prepararamse durante um ano, inclusive nos sábados e domingos,
“contrariando namoradas ciumentas”, diz Gilson com
bom humor. “Agora vai ficar pior ainda, pois já estamos
nos preparando para ir ao Canadá, disputar o mundial
e queremos fazer mais bonito que a nossa Seleção de
Futebol”, afirma. Gilson disse que começou a trabalhar
com 17 anos na empresa do pai, a pessoa que mais o incentivou para que fizesse um curso técnico no SENAI.
“Cheguei a fazer estágio também numa grande empresa de calçados, conhecida nacionalmente, mas agora o
momento é de estudo e treino”, completa.
Rosi Boninsegna
Marcenaria
Uma profissão dentre as mais tradicionais, cercada até de
certo romantismo, a Marcenaria convive hoje com a introdução de novos materiais e componentes. Na Olimpíada, os
competidores tiveram de fazer um rack para sala, incluindo
painéis com teca (pedaços maciços de eucalipto agrupados),
braço articulado a gás, corrediças telescópicas (que permitem
a abertura total da gaveta, com o mesmo princípio de funcionamento das escadas de bombeiros). O marceneiro deve ter
familiaridade com todas essas inovações, mas também com
técnicas antigas, como o malhete (acabamento no fundo da
gaveta que se assemelha à cauda de um pássaro). “Esse tipo
de acabamento é extremamente valorizado no WorldSkills”,
afirma o avaliador-líder Ricardo Saraiva. Isso significa também mercado potencial no exterior, algo importante para
quem quer exportar. Participaram das provas em Curitiba
competidores do Acre, Amapá, Amazonas, Distrito Federal,
Goiás, Maranhão, Mato Grosso, Mato Grosso do Sul, Minas
Gerais, Pará, Paraná, Rio de Janeiro, Rio Grande do Sul,
Rondônia, Roraima, Santa Catarina, São Paulo e Tocantins.
Foi o paulista Marcelo Salviato Erct, de Araraquara, que ficou em primeiro lugar. Com 19 anos, ele tem no mundial
do Canadá seu principal objetivo no momento. Conta que se
identificou com a Marcenaria desde quando ainda era garoto. “Adorava ver os velhos carpinteiros transformando a madeira em peças perfeitas, como se fossem mágicos”, relembra.
“Logo que foi possível, ingressei no SENAI e fiz o curso de
dois anos. O último ano foi de dedicação integral, trabalhando e treinando manhã, tarde e noite”, relata. Não há nenhum
competidor da Olimpíada do Conhecimento que negue a dificuldade das provas e Marcelo não foge à regra: “O nível de
dificuldade era muito alto, mas estávamos bem preparados”.
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José Paulo Lacerda
Mecânica de automóvel
O avaliador-líder da modalidade, Ed Wilson Bezerra, conta que no passado os veículos eram compostos de
sistemas estanques, separados, o que facilitava o diagnóstico de problemas. Com a sofisticação dos carros e a
redução de custos de produção, veio a integração. Um motor que falha pode ser resultado de problema com
o cabo de vela ou com o injetor de combustível. Isso exige maior conhecimento do profissional. Participaram das provas em Curitiba competidores de Alagoas, Ceará, Distrito Federal, Espírito Santo, Goiás, Mato
Grosso do Sul, Minas Gerais, Pará, Paraná, Pernambuco, Rio Grande do Sul, Rondônia, Santa Catarina,
São Paulo, Sergipe e Tocantins. O ouro foi para Luis Cesar Akira Kakazu, terceira geração de imigrantes
japoneses. Ele conta que traz a especialidade em Mecânica de Automóvel nos genes. Ainda menino, freqüentava a oficina mecânica dos tios, aprendendo, como ele mesmo conta, a sujar as mãos de graxa. Aos 17
anos de idade, esse paulistano já cursa o primeiro de Engenharia de Controle de Automação. A vitória na
Olimpíada foi a coroação do conhecimento e da vontade. “Foi bastante difícil”, relembra, “mas sem mistérios
para alguém como eu que se devotou de corpo e alma aos preparativos para a prova”. Hoje, esse vencedor se
dedica só aos estudos.
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I n dús t r i a Br a si l e i r a
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Ocupações
Mecânica de manutenção
Nessa área, os competidores trabalham com situações
reais da indústria. As máquinas são apresentadas com
componentes quebrados, tornando necessária a identificação do problema e o conserto com torno, fresadora e
furadeira. Em Porto Alegre, os competidores trabalham,
entre outros itens, com cadeiras odontológicas, o que envolve a manutenção do sistema pneumático (que usa ar
comprimido). Os competidores, do Ceará, Distrito Federal, Minas Gerais, Mato Grosso, Mato Grosso do Sul,
Paraná, Pernambuco, Rio de Janeiro, Santa Catarina,
São Paulo e Sergipe, trabalharam não só na manutenção
corretiva, mas também na preventiva, fazendo análise
de máquinas em funcionamento quanto à temperatura,
vibração e ruído. “A manutenção corretiva é mais cara,
porque obriga a empresa a deixar o computador parado, fora de uso”, explica o avaliador-líder Jayme Peixoto.
O primeiro lugar foi para o mineiro de Belo Horizonte
Juan Henrique Carvalho, de 20 anos. Ele diz não ter se
recobrado ainda da forte emoção. “Subitamente me vi
transformado no centro das atenções de colegas, amigos
e parentes. Tudo isso tem sido muito bom, mas a vida
tem que continuar”, enfatiza. O seu desempenho no curso e na Olimpíada foi tão bom que o SENAI o contratou imediatamente para trabalhar como instrutor. “Isso
é maravilhoso”, diz. E relembra que as provas foram de
alto nível de dificuldade, mas o ensino ministrado a ele
no SENAI durante quase três anos foi suficiente para
deixá-lo muito “afiado”.
Os profissionais dessa área têm de montar conjuntos mecânicos com alto grau de precisão
quanto às dimensões, rugosidade etc. Mais exatamente com uma precisão equivalente a um fio
de cabelo dividido por dez, explica o avaliadorlíder Luiz Leão. Medalha de bronze no WorldSkills de Lyon, França, em 1995, ele comemora
o crescimento do número de participantes da
modalidade. Em Porto Alegre havia sete: Minas Gerais, Mato Grosso do Sul, Paraíba, Rio
Grande do Sul, São Paulo e Santa Catarina.
Leão afirma que se preparar para a Olimpíada é extremamente cansativo, como competidor, mas também como treinador. “Mas não
há emoção comparável a ver a bandeira brasileira subindo, com o hino ao fundo, numa
competição internacional”, afirma. Ele explica
que são necessários seis meses de preparo sem
descanso, nem mesmo aos domingos. O vencedor da modalidade foi o paraibano Felipe
Carvalho de Souza, de 19 anos, de João Pessoa.
Modesto, ele afirma que tanto quanto ao seu
esforço, ele credita ao corpo de professores do
SENAI a grande responsabilidade pela sua vitória. “Com a formação profissional que eu tive
no SENAI, jovens ficam livres do desemprego.
Quanto mais jovens tiverem essa oportunidade
no País, menor será a pobreza” afirma em tom
emocionado.
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Silvio Williams
Rosi Boninsegma
Mecânica de precisão
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Mecânica de Refrigeração
José Paulo Lacerda
O profissional da área tem de entender de física (termodinâmica), química, eletricidade e eletrônica. Conhecimento de
informática é também cada vez mais necessário para a compreensão dos manuais dos fabricantes. Na Olimpíada, as provas
exigiram que se descobrisse se os defeitos dos equipamentos eram elétricos ou mecânicos. Participaram das provas em Porto
Alegre competidores de Alagoas, Amazonas, Amapá, Minas Gerais, Paraná, Pernambuco, Rio de Janeiro, Rio Grande do
Sul, Roraima, Santa Catarina e São Paulo. Foi o potiguar Mackson Elias dos Santos, de Natal, o vencedor da modalidade.
Com 20 anos de idade, ele confessa que está duplamente feliz: “Primeiro, pela vitória, é claro; e depois porque alunos participantes da Olimpíada do Conhecimento serão contratados como instrutores efetivos do SENAI”, revela. Segundo ele, esse
também era um sonho acalentado, o de poder um dia transmitir o que os instrutores do SENAI lhe ensinaram aos jovens
aprendizes, que, como ele, sonham com melhores oportunidades.
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I n dús t r i a Br a si l e i r a
set e m bro 20 08
Ocupações
Mecânica diesel: Motores estacionários
José Paulo Lacerda
Desde 2006, uma lei determina que todos caminhões brasileiros devem ser produzidos com injeção eletrônica. É cada
vez mais comum a quantidade de veículos com sistemas de
freios ABS, que impedem a derrapagem, e com sistemas de
localização por satélite, o GPS. “A eletrônica embarcada está
mudando o dia-a-dia da profissão”, afirma o avaliador-líder
da modalidade Mecânica Diesel na Olimpíada do Conhecimento, Sidésio Martins da Silva. Os profissionais usam scanner eletrônico para determinar os parâmetros de regulagem
de motores. E precisam saber cada vez mais informática e
inglês para usar os manuais dos fabricantes. Em Curitiba,
participaram das provas competidores do Acre, Amazonas,
Goiás, Mato Grosso do Sul, Minas Gerais, Pará, Paraná,
Pernambuco, Rio de Janeiro, Rio Grande do Sul, Rondônia,
São Paulo e Tocantins. O vencedor desta modalidade foi o
paulista Luiz Felipe Gilli Fabiano, 18 anos, de Bauru.
Miguel Ângelo
Mecânica geral: ajustagem
Hoje, quase todo jovem que procura um curso técnico ou de aprendizagem olha para aqueles que estão agregados a conhecimentos de informática. A
percepção é correta, afinal é para aí que apontam as
tendências do mercado profissional. A conseqüência
disso, porém, é uma grande escassez de quem tenha
habilidades essencialmente manipulativas, caso do
mecânico-geral, explica o avaliador-líder da área,
Marconi Cardoso. “Essa ocupação não vai acabar
nunca, porque não existe máquina computadorizada
que faça tudo o que faz esse profissional”, explica.
Os competidores (dos estados do Ceará, Minas Gerais, Goiás, Mato Grosso do Sul, Paraná, Paraíba,
Piauí, Rio de Janeiro, Rio Grande do Sul, São Paulo
e Santa Catarina) trabalharam com várias máquinas
manuais: torno, fresa, moto-esmeril e retífica plana.
Além da avaliação técnica dos produtos (rugosidade,
dimensões), os competidores foram cobrados quanto
à postura ética, compenetração, atenção às normas
de segurança e também quanto à capacidade de planejamento. A partir da situação proposta, tiveram de
calcular quanto tempo levariam para produzir a peça
e a que custo. Foi o curitibano Isidoro Vilczak Junior,
de 20 anos, o vencedor da modalidade. Ele atribui ao
que assimilou no SENAI o grande crescimento profissional que vem acontecendo em sua jovem vida.
“Parei de trabalhar para dedicar-me integralmente
ao treinamento. O conhecimento que normalmente
levaria dois anos para obter, eu o consegui em seis
meses”, ele conta, acrescentando que os instrutores
tomam o cuidado de aumentar gradativamente a
pressão sobre os níveis de exigência. “Isso faz com
que o aluno se sinta como se estivesse em tempo real
de competição”, revela.
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Mecatrônica
Ricardo Mega
O profissional da área é alguém que tem conhecimentos profundos
de mecânica e de eletrônica. Programa robôs, faz ajustes mecânicos
e promove a integração das linhas de montagem de quase todas as
plantas industriais, explica o avaliador líder da prova em Blumenau,
Marcelo Bianção. Ele é também responsável pelo departamento
de didática da Festo, empresa alemã de automação que fornece os
equipamentos usados na Olimpíada pelos competidores, que vêm
de dez estados: Amazonas, Bahia, Espírito Santo, Goiás, Minas Gerais, Pernambuco, Paraná, Rio Grande do Sul, São Paulo e Santa
Catarina. O gaúcho de Caxias do Sul, Fernando Deon Raug, de 19
anos, subiu ao topo do pódio dessa ocupação junto com seu colega
Marcelo Luis Pretto Dagostini. Ele considera que as provas a que
foi submetido “foram mais difíceis do que um exame de vestibular
e que a etapa de classificação contra São Paulo foi bastante árdua.
“Mas foi algo de bom que ocorreu na minha vida, pois viajei, conheci ótimas pessoas, ampliei meus conhecimentos e tenho a certeza de
que a vitória vai me abrir muitas portas”, afirma.
Metrologia Dimensional
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Miguel Angelo
O profissional da área reúne matemática e conhecimento
empírico para, nos laboratórios industriais, garantir a qualidade e precisão dos equipamentos usados e dos produtos
finais. Além das medições, é necessário tratar os resultados
com fórmulas matemáticas para a checagem e para descobrir informações não disponíveis. Tudo isso hoje é feito por
meio de softwares, o que exige, portanto, conhecimento de
informática. Os desafios na Olimpíada, que simulam um laboratório industrial, incluem controle dimensional (quando
se verificam as medidas de algo) e calibragem. Participaram
competidores de Goiás, Minas Gerais, Pernambuco, Paraíba,
Rio Grande do Sul, Santa Catarina e São Paulo. O gaúcho
Gabriel Escopel da Silva, de São Leopoldo, 20 anos de idade,
ficou com o primeiro lugar na ocupação. Orgulhoso da vitória, ele a define como “a consagração de um trabalho somado
ao comprometimento com o SENAI”. Ele espera que, com
seu desempenho, a escola onde se formou continuará investindo no seu potencial de forma mais aprofundada, fazendo
com que oportunidades se abram numa área carente de mãode-obra qualificada. Gabriel quer qualificar-se de modo suficiente para um dia poder trabalhar fora do País, “se possível
na Alemanha, uma nação tecnologicamente avançada e com
oportunidades nessa área”, afirma.
set e m bro 20 08
Miguel Ângelo
Ocupações
Modelação Industrial
O profissional da área tem de lidar cada vez mais com tecnologia digital, por conta do maquinário de costura que incorpora cada vez mais componentes eletrônicos, e o desenho das roupas, que com progressiva
freqüência é feito por meio do Computer Assisted Design (CAD). Essa foi uma das modalidades com maior
número de participantes em Blumenau: 18, do Amazonas, Bahia, Ceará, Distrito Federal, Espírito Santo,
Goiás, Mato Grosso, Mato Grosso do Sul, Minas Gerais, Paraná, Pernambuco, Piauí, Rio Grande do Norte, Rio Grande do Sul, Rondônia, Santa Catarina, São Paulo e Tocantins. Eles tiveram de fazer peças com
diferentes características e materiais, como tecido plano e malha. Os planos do capixaba Jakson do Carmo
Carvalho, de Vitória, após levar o ouro nessa ocupação, é ingressar numa faculdade para especializar-se
em Design de Moda. Com 18 anos, Jakson revela que a afirmação profissional é algo de muito relevante
em sua vida. “O mercado está aí, vence quem tiver capacidade”. Ele é um rapaz com vontade férrea. Sua
determinação impressiona: “As provas foram muito difíceis, mas eu vinha me preparando desde outubro do
ano passado até junho deste”. E alimenta um desejo: “Mesmo não participando do certame internacional,
gostaria de estar lá”, conclui.
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Cristiano Anduja
José Paulo Lacerda
Panificação
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I n dús t r i a Br a si l e i r a
A produção de pães é tradicionalmente conhecida
como um processo artesanal. Ao longo do século passado, porém, foi ganhando escala industrial. Hoje, o
mercado exige planejamento e nível muito reduzido
de falhas, explica o professor Nélio Felix, do SENAI
de Alagoas, avaliador-líder das provas da modalidade
que ocorreram em Blumenau. A informática é parte
do processo de planejamento dos alunos dos cursos de
panificação do SENAI, e assim também foi para os
competidores na Olimpíada, que vieram de 15 estados:
Alagoas, Amazonas, Bahia, Ceará, Distrito Federal,
Minas Gerais, Maranhão, Mato Grosso, Mato Grosso
do Sul, Pernambuco, Rio de Janeiro, Rio Grande do
Sul, Rondônia, Santa Catarina, São Paulo. A produção foi avaliada por critérios técnicos, como o peso dos
produtos, mas também por vários critérios não-mensuráveis, como a uniformidade, a textura, o sabor, a
apresentação. Ao longo dos quatro dias de provas, os
competidores fizeram pão francês, pães rústicos (com
fermento natural) e esculturas de massa. “Para vencer,
meti literalmente a mão na massa”, comemora com
bom humor o paulista Wellington Ricardo dos Santos,
de Taubaté. De família humilde, Wellington, 18 anos,
diz que se preparou durante um ano e meio, treinando
mais de 10 horas por dia. “Não podia me dar o luxo
de perder diante da oportunidade que a vida me oferecia naquele momento”, ressalta, afirmando que espera
que a vitória na Olimpíada do Conhecimento venha a
lhe abrir novos caminhos profissionais. E promete confiante: “Não quero ser apenas mais um padeiro, mas
evoluir, até ser considerado um mestre capaz de criar
produtos sofisticados na área da panificação”, afirma.
set e m bro 20 08
Ocupações
Polimecânica
Miguel Angelo
O profissional da área tem de ter profundos conhecimentos de eletricidade, mecânica e automação, segundo o avaliador líder Sherman Mukoyama. “É alguém que sabe praticamente tudo dessas três áreas”,
afirma. Deve ter habilidades de mecânico, sabendo usar a fresadora, torno e furadeira; de pneumática,
usada na automação industrial; e de eletricidade, para integrar os processos. Tudo é gerenciado por meio
do controlador lógico programável (CLP), o que exige também grande conhecimento de operação de
softwares. Foi o paulista Arthur Colasso Camargo, 20 anos, de Bauru, na região noroeste do estado, o vencedor da difícil modalidade da Polimecânica. Ele treinou durante um ano, “arduamente”, diz. E a vitória
também foi muito suada: teve de enfrentar uma prova final de desempate, em que foi vitorioso. Ele passa
três períodos de aulas no SENAI. “É um curso difícil e para entrarmos na corrida da Olimpíada tínhamos
de estar mais do que bem preparados”, afirma. Arthur quer continuar se aprimorando por meio de um
curso de Engenharia.
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Nessa modalidade, os competidores trabalham com módulos
fabricados pela empresa dinamarquesa Lego, com desafios que
imitam o ambiente real das fábricas. Como se estivessem em um
grande depósito, os robôs identificam os pallets (representados
por cubos coloridos) e os transportam para os locais determinado. “Robôs podem proporcionar grandes ganhos de produtividade nas empresas, porque não precisam de pausas”, explica
o avaliador-líder Jean Amorim. Além de construir os robôs, as
equipes tiveram também de programar os softwares para que eles
executassem as tarefas corretamente. A robótica não é um curso
específico, e sim uma área que envolve vários cursos: mecânica,
mecatrônica e eletroeletrônica. Em Curitiba, participaram das
provas competidores de Goiás, Minas Gerais, Paraíba, Paraná,
Pernambuco, Santa Catarina e São Paulo. O ouro foi para o
trio mineiro Fernando Fabrício Lopes Eller de Oliveira, Juscélio
Rodrigo de Almeida e Welbert Otávio da Silva.
Miguel Angelo
Robótica Didática
Nessa complexa modalidade, os competidores trouxeram os robôs produzidos em seus estados (Mato Grosso, Minas Gerais,
Paraná, Pernambuco, São Paulo e Santa Catarina). Eles receberam as especificações três meses antes de embarcar para Blumenau, com limites de peso e dimensões, mas não de custo ou tecnologia. Para garantir que as equipes (trios) eram realmente
responsáveis pelo projeto e construção dos robôs, exigiu-se que elas levassem os robôs desmontados e os montassem diante
dos avaliadores. As provas incluíram exigências de que os robôs fossem capazes de identificar e pegar, sem controle remoto,
objetos colocados em diferentes alturas e levassem para outros locais. Os robôs podiam ter diferentes características (rodas ou
esteiras, garras ou eletroímãs para pegar os objetos). Nas provas, os competidores foram avaliados pela eficiência de seus robôs,
mas também pela qualidade do projeto e a expressão oral ao explicá-lo e defendê-lo. Segundo o avaliador líder, Igor Krakheche, o custo de produção de cada robô ficou entre R$ 4.000 e R$ 20.000. Houve soluções bastante criativas, com adaptações,
por exemplo, de motores elétricos que são usados em carros (para levantar os vidros, por exemplo). “Um dos pontos importantes da Olimpíada é levar mais tecnologia para dentro das escolas. Quem investe mais fica mais competitivo, e também
passa a oferecer maiores benefícios didáticos aos alunos”, explica Krakheche. O trio de paulistanos Daiana
Pinto da Silva, Gabriel de Andrade Reis e Felipe Engel
ficou com o ouro dessa modalidade na Olimpíada do
Conhecimento. Gabriel, 20 anos, disse que o nível das
provas foi bastante elevado, mas que o preparo intensivo a que o grupo se submeteu, durante um ano em
período integral, foi o suficiente para que o trio pudesse
enfrentar com segurança os árduos desafios da Olimpíada. “Nossa vitória requereu profundos conhecimentos.
Estamos operando com ciência do futuro aqui e agora.
Acho que temos diante de nós um universo ilimitado
de trabalho e de conhecimento, graças ao SENAI, que
nos abriu essas portas.”
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Cristiano Andujar
Robótica Industrial
José Paulo Lacerda
Ocupações
Robótica Móvel
Nessa modalidade, os competidores exploram as possi- dústrias, os robôs móveis são responsáveis por transportar
bilidades de robôs didáticos da Festo, fabricante alemã peças e matéria-prima. E cada vez mais ganham funções
de equipamentos. Foi necessário nas provas fazer a mon- domésticas, como cortar a grama e varrer. Levaram a metagem mecânica e elétrica dos equipamentos, com dife- dalha de ouro na ocupação os catarinenses Kledson Alves
e Andrei Rogger Belegante, de Joinville.
rentes tipos de sensores. Depois, os roJá
na
etapa
estadual,
o
nível
Kledson revela que seu pai, industriário,
bôs tiveram de percorrer um labirinto e
de dificuldade das provas foi quem o incentivou a ingressar no
encontrar a saída. Em seguida, a tarefa
foi visualizar e reconhecer objetos, por
foi maior do que o do SENAI. Sua opção foi o curso técnico
meio de câmeras. A programação dos
WorldSkills em 2007 de Automação Industrial, que engloba a
especialidade da Robótica Móvel. Kledcomponentes utilizados torna-se proKledson Alves,
de Joinville (SC), medalha de ouro
son diz que as provas a que a dupla foi
gressivamente mais complicado ao longo
em Robótica Móvel
submetida, ainda no nível estadual, fodas provas, as únicas divididas entre as
três cidades olímpicas. Em Blumenau, concorreram equi- ram de altíssimo nível. “O nível de dificuldade foi supepes de Santa Catarina, Espírito Santo e Bahia. Em Porto rior ao do WorldSkills do ano passado”. Seus planos: “me
Alegre, as de São Paulo, Minas Gerais, Paraná e Espírito preparar para o mundial no Canadá, da melhor maneira
Santo. E em Curitiba, os quatro melhores: Minas Gerais, possível, e já no final deste ano prestar vestibular para
Rio Grande do Sul, São Paulo e Santa Catarina. Nas in- Engenharia de Controle de Automação”.
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Cristiano Anduja
O técnico em segurança no trabalho avalia a segurança de
um ambiente profissional: a disposição dos móveis e equipamentos, a iluminação, o piso e os riscos de contaminação
por agente químico ou biológico, tudo isso levando em conta
o tipo de atividade que ocorre ali. O objetivo é minimizar
a possibilidade de acidentes e garantir a saúde de quem trabalha, explica o avaliador-líder da modalidade em Blumenau, José Francisco dos Santos Pinto. Participaram duplas de
competidores de 12 unidades da Federação: Distrito Federal, Goiás, Minas Gerais, Paraná, Rio de Janeiro, São Paulo,
Mato Grosso do Sul, Pernambuco, Rio Grande do Norte. Os
competidores avaliaram situações reais: os ambientes de trabalho das outras modalidades em Blumenau, medindo variSistema de Transporte de Informações
áveis como luz e temperatura. Depois, elaboraram mapas de
risco, com bolas demonstrando o grau de risco, maiores ou
“Todo mundo quer chegar em casa e ter um sistema wireless
menores, e as cores demonstrando o tipo de risco. No final,
para conectar o computador, sem necessidade de tomada,
tiveram também de criar ações educativas para a redução de
de preferência em banda larga”, afirma o avaliador-líder desriscos nas atividades que avaliaram. Mariana Pantano Fransa área, Alex Reginato, em que trabalham os profissionais
cisco, paulista de Sorocaba, com apenas 17 anos de idade já
responsáveis por levar dados, voz e imagem do ponto em
se confessa “apaixonada” pelo tema Segurança
que o provedor os entrega, na rua, para dendo Trabalho, em que conquistou o ouro junto Vence quem estudou tro da casa ou do prédio. Ele explica que os
com o colega Rodrigo de Oliveira Lima. De- bastante e não fica
edifícios inteligentes agora têm sistemas conmonstrando bastante maturidade, Mariana nervoso na hora
vergentes para dados e imagens, a tendência
afirma que “o crescimento pessoal vem antes de competir
da tecnologia. O profissional da área em geral
do profissional e que os dois somados levam Wallace Félix,
é alguém formado em instalações elétricas.
de São Paulo (SP), medalha de ouro em
a resultados muito positivos e produtivos”. Sistema de Transporte de Informações
Segundo Reginato, é necessário, porém, um
Em outras palavras, ela quer dizer que a sua
curso de aperfeiçoamento de cerca de 150 ho“paixão”por essa especialidade deriva de sua constante preoras, em que se ensina a destrançar e conectar cabos de fibra
cupação com o bem-estar humano, sobretudo nos ambientes
óptica. Há limites de curvatura que são muito diferentes
de trabalho, “onde tudo deve ser planejado e bem programadaqueles que valem para os cabos usados em eletricidade. A
do para que os trabalhadores se sintam seguros”. Ela conta
regulamentação dos serviços na área ainda está sendo estuque se preparou com afinco para as provas, estudando pela
dada pela Agência Nacional de Telecomunicações (Anatel).
manhã e à noite, ao mesmo tempo em que fazia um estágio
Nas provas realizadas na Olimpíada, os competidores foram
na parte da tarde. “Foi duro, mas valeu a pena”, conclui.
testados, entre outros itens, quanto à velocidade para fazer
conexões (quanto maior o número de fusões com qualidade
em uma hora, mais pontos). Houve participantes de quatro
estados: Goiás, Minas Gerais, Pernambuco e São Paulo. O
paulistano Wallace Mussi Félix, 20 anos, ficou em primeiro
lugar nessa ocupação na Olimpíada. Ele afirma que em certames como esse, “vence quem estudou bastante e não fica
nervoso na hora de competir”. Ele acredita que a vitória lhe
abrirá portas no mercado, mas pretende continuar se aperfeiçoando no aprendizado de normas e padrões internacionais dos sistemas. “Quem tem currículo bom sempre acaba
tendo boas oportunidades no mercado”, assevera.
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Felipe Christ
Segurança do Trabalho
José Paulo Lacerda
Ocupações
Soldagem
Nessa modalidade, a grande demanda por profissionais vem não só do crescimento da indústria sucroalcooleira,
caso da caldeiraria, mas também da construção de novas usinas hidrelétricas no País. Os competidores têm de
fazer soldas em chapas de diferentes materiais, com variadas espessuras. Além do exame visual, os avaliadores
fazem imagens dos trabalhos por meio de aparelhos de raio-x. Submetem também as chapas a cortes e dobramentos, para checar a resistência das soldas. Em Curitiba, concorreram competidores de 13 estados: Espírito Santo,
Goiás, Maranhão, Minas Gerais, Pará, Paraíba, Paraná, Pernambuco, Rio de Janeiro, Rio Grande do Norte, Rio
Grande do Sul, Santa Catarina e São Paulo. O ouro nessa ocupação ficou com Renato Silva Alves, de Natal, Rio
Grande do Norte.
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José Paulo Lacerda
TECnologia do Plástico
Os competidores da modalidade lidaram com máquinas de R$ 200 mil, as únicas desse porte produzidas no País. São capazes de exercer pressão de 130
toneladas para segurar os moldes, onde se injeta plástico a alta temperatura para a produção de diversas
peças. As cinco duplas de competidores (Bahia, Minas Gerais, Paraná, Rio Grande do Sul e São Paulo)
receberam os moldes metálicos prontos, que tiveram
de ser instalados nas máquinas (operação chamada set
up), e depois produziram 20 peças. Além do produto
e do processo, foi avaliado também o planejamento.
Bruno da Cruz Cardoso, manauara de 18 anos, ficou
em primeiro lugar na ocupação junto com o colega
Igor Girão de Brito Vieira. Bruno ficou feliz com o
reconhecimento dos mestres, colegas e amigos, mas
confessa que se decepcionou com o pouco espaço que
a Olimpíada teve em jornais e na televisão. Por outro
lado, relembra que foram dez meses de preparo, onde
tudo ocorreu conforme o esperado. “Com bom preparo, as provas se tornam menos difíceis.”
Tecnologia da Informação – TI
40
I n dús t r i a Br a si l e i r a
José Paulo Lacerda
“Chama o pessoal da TI” é uma frase ouvida
todo dia nas empresas, por colaboradores em
apuros com o computador. As funções desse
profissional vão muito além de resolver problemas de configuração nas máquinas. Eles devem
conhecer os softwares profundamente, e propor
soluções que os usuários comuns não imaginam
existir. É possível criar atalhos que facilitam
muito a vida até mesmo de quem só usa o computador para escrever e trocar mensagens. As
provas em Curitiba envolveram processamento
de texto, planilha eletrônica, banco de dados e
gráficos. Os competidores vieram de 18 estados:
Acre, Alagoas, Amapá, Amazonas, Distrito Federal, Espírito Santo, Goiás, Minas Gerais, Paraíba, Roraima, Pernambuco, Rio de Janeiro,
Rio Grande do Sul, Rondônia, Roraima, Santa Catarina, São Paulo e Sergipe. O ouro nessa ocupação ficou com o paulistano Thiago da
Silva Furtado.
set e m bro 20 08
Miguel Angelo
Ocupações
Telecomunicações
O profissional da área desenvolve soluções de fabricação
e instalação de componentes. Em Porto Alegre, as provas
incluíram a instalação em computador de um software de
voz sobre internet (voip), a montagem de placas eletrônicas para fins específicos e a identificação de falhas em placas prontas. Participaram competidores da Bahia, Minas
Gerais, Rio Grande do Sul e São Paulo. Alan Cardoso
Franco Viana, paulistano de 20 anos, comemora o ouro
na área de Telecomunicações como uma das mais importantes realizações de sua vida. “Foram dois anos e meio
de muito empenho, agora pretendo conseguir um estágio
numa boa empresa e, se possível, dar aulas no SENAI.”
w w w.c n i.org.brI n dús t r i a Br a si l e i r a
41
Tornearia Mecânica
José Paulo Lacerda
Dentre as formações de nível técnico, essa é uma das mais conhecidas no País
pelo fato de o presidente Luiz Inácio Lula da Silva ter um diploma de torneiro
mecânico pelo SENAI de São Paulo. O avaliador-líder Claiton Vieira explica
que houve muitas mudanças nos tornos nas últimas décadas. “Os equipamentos são muito mais uniformes entre si e precisos. Conseqüentemente, as
peças que produzem também têm essas características. Não há mais espaço
para a improvisação”, explica. Os tornos manuais raramente são usados para
fazer os produtos das empresas, já que os equipamentos a controle numérico
computadorizado (CNC) são muito produtivos em tarefas repetitivas (veja
texto abaixo). Mas são cada vez mais importantes para a produção de peças
de reposição e para os equipamentos usados na fábrica. “Esperar pela reposição do fornecedor pode levar dias, o que significa equipamento parado e prejuízo”, diz Vieira. Na Olimpíada, os competidores tiveram de fazer das peças
mais simples, como pinos, às mais complexas, com características de excentricidade (mais de um eixo de rotação). “O padrão de exigência aqui não é da
média do mercado e sim dos melhores profissionais disponíveis no mercado”,
afirma Vieira. Foram a Curitiba competidores de Alagoas, Amazonas, Ceará,
Goiás, Maranhão, Mato Grosso, Mato Grosso do Sul, Minas Gerais, Pará,
Paraíba, Paraná, Pernambuco, Piauí, Rio Grande do Sul, Rondônia, Santa
Catarina, São Paulo, Sergipe e Tocantins. O vencedor dessa modalidade na
Olimpíada do Conhecimento foi o paulista Claiton Eduardo Luizete, de São
José do Rio Preto. Aos 21 anos, ele se diz ainda surpreso com as manifestações que vem recebendo por parte dos colegas e mestres do SENAI. Ele está
agradecido aos instrutores e também a seu pai. “Aos primeiros pela incrível
dedicação à nossa formação, e ao meu pai por ter me incentivado a ingressar
no SENAI”. Ele conta que as provas foram difíceis. “Mas foi tudo bem. Se for
preciso, estou pronto para outra”, diz em tom satisfeito.
José Paulo Lacerda
Tornearia a CNC
42
I n dús t r i a Br a si l e i r a
O torno é essencial para a produção de peças com componentes
cilíndricos, como vilabrequim e pistão, que existem nos motores
de carros, por exemplo. Para fazer essas peças com uniformidade
e rapidez, foram criados os tornos a controle numérico computadorizado (CNC). Embora a base dessa tecnologia de repetição
exista desde a Segunda Guerra Mundial, as máquinas estão cada
vez mais sofisticadas e complexas. Apresentam no display de cristal líquido simulações em três dimensões da peça que é desenvolvida, o que exige grande capacidade para lidar com softwares.
Outras inovações tornam a vida do operador mais fácil, com
ferramentas de corte mais resistentes e precisas. Participaram da
categoria competidores da Bahia, Distrito Federal, Espírito Santo, Goiás, Mato Grosso do Sul, Minas Gerais, Paraíba, Paraná,
Rio Grande do Norte, Rio Grande do Sul, São Paulo e Santa
Catarina. O ouro ficou com o catarinense Weliton Batisti.
set e m bro 20 08
Ricardo Mega
Ocupações
Web Design
Apresentar-se na internet de forma atraente e eficaz é indo, ao desenvolvimento do layout. No terceiro, cuidaram
dispensável hoje para qualquer organização e até mesmo
da navegação e funcionalidade. No quarto, de itens mais
para profissionais de diversas áreas. Uma página eletrôcomplexos, como o sistema de gerenciamento de contenica dificilmente é algo acabado: precisa ser
údo. Foi o catarinense André Luiz Martins
Me
mantive
constantemente repensada, de modo a não
Ramos, de Tubarão, quem ficou em primeiro
perder a capacidade de comunicar o que se tranqüilo porque lugar. Aos 18 anos, André, cujos planos inpretende. Em Blumenau, esses desafios foram
navego nessa cluem o ingresso numa faculdade de engeencarados por competidores de oito unidades área há dois anos nharia, considera que venceu uma batalha
da Federação: Alagoas, Bahia, Distrito Fedenum contexto muito maior, uma vez que preAndré Luiz Ramos,
de Tubarão (SC), medalha de ouro
ral, Goiás, Pernambuco, Santa Catarina e São
tende expandir seus conhecimentos na área
em Web Design
Paulo. Com 20 softwares à disposição, e um
por vastos horizontes. Quanto à competição
banco de mídia de onde podiam tirar imagens e textos,
propriamente, ele considera que foi de nível bastante eleeles fizeram o site de uma ONG ambiental imaginária.
vado: “Mas me mantive tranqüilo, pois navego por essa
O primeiro dia foi dedicado ao planejamento. O segunárea há dois anos”.
w w w.c n i.org.brI n dús t r i a Br a si l e i r a
43
A indústria dos serviços
Na Olimpíada do Conhecimento de 2006, no Recife, houve uma competição demonstrativa internacional, da qual participaram competidores do
WorldSkills nas áreas de cabeleireiro, cozinha,
serviço de restaurante, jardinagem-paisagismo
e floricultura. Em Porto Alegre, as três primeiras modalidades foram integradas pela primeira
vez à Olimpíada, com a participação de alunos
e profissionais formados em cursos do Serviço
Nacional de Aprendizagem Comercial (Senac).
A idéia é que a delegação brasileira em Calgary possa incluir competidores dessas áreas.
Jardinagem-paisagismo também foi integrada à
Olimpíada, mas nesse caso trata-se de uma área
sob responsabilidade do SENAI – as provas foram em Curitiba.
Cabeleireiro
José Paulo Lacerda
Os competidores dessa modalidade em Porto Alegre começaram elaborando um corte feminino numa cabeça artificial, mas as provas cresceram em complexidade, com penteado artístico, incluindo tranças, coloração e, por fim, penteado ornamental. Participaram das provas em Curitiba competidores da Bahia, Ceará, Espírito Santo, Pernambuco
e Rio Grande do Sul. A vencedora foi a cearense Lia Rebecca Alam Mendonça.
44
I n dús t r i a Br a si l e i r a
set e m bro 20 08
Ocupações
Silvio Williams
Cozinha
Preparar robalo, polvo, contrafilé e peru não é fácil. Mais difícil ainda é cozinhar com uma
caixa-surpresa de ingredientes, proposta num dos dias da prova. Para complicar as coisas, os
participantes foram avaliados quanto ao planejamento dos pratos (ficha técnica, custo), técnica de execução, boas práticas (higiene da bancada, armazenagem dos ingredientes, conhecimentos das normas sanitárias), apresentação e sabor dos pratos. A coordenadora da área de
gastronomia do Senac gaúcho, Úrsula Silva, afirma que o turismo tem aumentado muito a
demanda por profissionais da área. Além disso, cada vez mais pessoas têm o hábito de comer
em restaurantes na cidade onde moram. São clientes familiarizados com gratins e espumas,
por exemplo, antes exclusivos de restaurantes muito sofisticados. A influência da comida
oriental é também crescente, afirma. Participaram das provas em Curitiba competidores do
Ceará, Minas Gerais, Rio Grande do Norte, Rio Grande do Sul e São Paulo. O primeiro
lugar ficou com o paulista Gabriel dos Santos Moraes, de Aparecida. Com bom humor, ele
confessa que ainda está “digerindo” a vitória. Aos 18 anos de idade, Gabriel sonha ser um
grande chef, criando pratos que se diferenciem dos cardápios tradicionais. “Agora que passou,
posso dizer que fiquei muito nervoso no começo e queria que a minha mãe estivesse ali para
me salvar...”. Ele revela, aliás, que a mãe sempre foi a sua grande inspiradora e estimuladora.
“Tivemos que preparar dez pratos diferentes, tudo cronometrado, corrido. Agora estou descansando e usufruindo da melhor comida do mundo, a de mamãe”, conta.
Postura e autocontrole são capacidades essenciais na modalidade Serviço de Restaurante. Pessoas sorteadas entre
os visitantes da Olimpíada em Porto Alegre serviram de modelos de clientes para os garçons, que tiveram de preparar a mesa, propor harmonização de vinhos, servir pratos previamente elaborados e concluir diante dos clientes,
à mesa, alguns pratos específicos – um exemplo é a flambagem de sobremesas. O competidor também participou
do preparo de coquetéis e bebidas quentes. “Acredito que a parceria entre o SENAI e o Senac para a Olimpíada do
Conhecimento será algo de longo prazo”, afirma a avaliadora-líder Danielle Lordello. Segundo ela, a área de serviços
de restaurante está se tornando cada vez mais complexa com a crescente importância dos vinhos. Os competidores
dessa área vieram da Bahia, Espírito Santo, Minas Gerais e São Paulo. A soteropolitana Denise Conceição Sales, 20
anos, formada pelo Senac, foi vencedora
da modalidade. Ela revela que treinou
durante 12 horas por dia, incluindo sábados e domingos, para colocar em prática a vasta gama de especialidades que
incluem o Serviço de Restaurante. Ou
maitrerie: a maestria na delicada tarefa de servir uma boa mesa. “Tínhamos
que conhecer tudo: a arrumação com
pratos e talheres em suas posições corretas, vinhos e demais bebidas”, conta
a baiana, acrescentando que essa sempre foi uma área dominada por homens.
“Um verdadeiro clube do Bolinha, mas
que hoje, ainda bem, torna-se progressivamente aberto às mulheres.”
w w w.c n i.org.brI n dús t r i a Br a si l e i r a
45
Miguel Angelo
Serviço de restaurante
Images.com/Corbis/LatinStock
Capacidade criativa
Alunos e docentes do SENAI apresentam os produtos que inventaram em
mostras paralelas às três etapas da Olimpíada
Para um paraplégico, embrenhar-se em trilhas
ecológicas não é impossível, mas tampouco é fácil. É preciso contar com a ajuda de pelo menos
sete amigos para carregá-lo entre as árvores. A
ONG Caminhadores do Rio Grande do Sul pediu uma solução ao SENAI para facilitar o contato dessas pessoas com a natureza, que encarregou da tarefa a equipe de instrutores e alunos
do setor automotivo. Foi desenvolvida uma solução que depende de apenas três pessoas para ser
operada: uma cadeira de rodas off-road, com um
amortecedor central único, que impede a trepi46
I n dús t r i a Br a si l e i r a
dação no solo acidentado, apoios laterais para as
mãos, e, a grande vantagem, uma haste longa de
manejo para quem conduz a cadeira, que permite incliná-la facilmente quando necessário. O
protótipo ainda está em desenvolvimento. Estuda-se, por exemplo, incluir um motor elétrico,
segundo o instrutor do SENAI gaúcho Paulo
Porodeczki. “Pretendemos conseguir a patente e
disponibilizar a cadeira para quem quiser”, diz.
A cadeira de rodas off-road foi uma das grandes atrações da mostra de produtos do Programa
SENAI de Ações Inclusivas (PSAI) na etapa gaúset e m bro 20 08
Ricardo Mega
Ricardo MegA
Inovação
cha da Olimpíada. Outra invenção exposta foi
uma moto Harley-Davidson adaptada para uma
pessoa com apenas uma perna: pedal de marcha
e de freios, normalmente acionados um pelo pé
esquerdo e o outro pelo direito, foram colocados
do mesmo lado.
Além dessa mostra, específica da etapa gaúcha,
os visitantes da Olimpíada nas três cidades puderam também conhecer os produtos destacados na
mostra Inova SENAI, com produtos criados por
docentes e alunos da instituição em vários estados
brasileiros. Os melhores trabalhos foram escolhidos e premiados na primeira etapa, a de Blumenau, e dali seguiram para as outras. Um deles foi
do instrutor Nélio Félix, da área de alimentos do
SENAI de Alagoas, que criou um sorvete de rapadura. “É um sabor característico do Nordeste. Mas
a idéia aqui não é se limitar ao paladar. A rapadura
é muito nutritiva: contém cálcio, ferro e fósforo,
entre outros itens de que o organismo precisa diariamente. Por isso precisamos usar a matéria-prima
natural e não a essência”, explica. Félix conseguiu
chegar a um resultado equilibrado, sem deixar que
o sorvete fique muito doce. A fórmula? “Revelo
para quem me passar a da Coca-Cola”, brinca.
Alunos e docentes do SENAI de Curitiba
desenvolveram roupas para diminuir o risco de
furto de carteiras, celulares e outros itens de valor. Uma das inovações é um bolso falso dentro
do bolso da calça, onde a carteira fica presa. “A
preocupação foi adequar a necessidade de segurança à estética, eliminando conflitos entre ambas”, explica o instrutor Marcelo Azevedo.
No SENAI de Araraquara (SP), alunos desenvolveram um sistema lúdico para orientar crianças
na separação de lixo reciclável. As tradicionais quatro lixeiras de cores diferentes para plásticos, papéis,
metais e vidro foram ligadas a um scanner central,
que reúne sensores de vários tipos. A criança põe a
embalagem usada ali e automaticamente abre-se a
tampa da lixeira certa. Além disso, uma gravação
dá informações sobre o produto e a importância da
proteção ambiental. “A idéia é trabalhar com o tema
desde a primeira infância”, afirma o instrutor Sinésio Gomes, que orientou o trabalho dos alunos.
A lixeira
eletrônica
para ensinar
educação
ambiental a
crianças, à
esquerda,
e a morsa
pneumática
que poupa
energia, acima
PATENTE REQUERIDA
O docente Adagir Saggin, do SENAI de Joinville (SC), desenvolveu sozinho uma morsa hidro-pneumática. O aparelho é usado para prender objetos que são trabalhados, consumindo
uma pequena fração da energia usada em um
equipamento tradicional. No caso de uma serra,
por exemplo, consome-se 2.208 watts para manter a madeira presa durante o processo de corte.
Com o equipamento de Saggin, são necessários
apenas 25 watts. “Sei que a aplicação que criei
tem menor apelo para o público do que outras
inovações, como a lixeira, mas garanto que terá
grande importância na indústria, pela economia
de energia”, diz. Ele já registrou o pedido de patente do produto, mas ainda faz segredo sobre o
seu funcionamento para evitar que surjam imitações enquanto negocia com algumas indústrias o
início da produção em série. w w w.c n i.org.brI n dús t r i a Br a si l e i r a
47
Colin McPherson/Corbis/LatinStock
Aquecimento só
na emoção
Emissões de carbono da Olimpíada do Conhecimento são neutralizadas com
o plantio de 2.507 árvores no Rio Grande do Sul, Paraná e Santa Catarina
Combater as causas do aquecimento global é
uma preocupação da CNI, SESI, SENAI e IEL
inscrita no Mapa Estratégico da Indústria
2007-2015, que preconiza a sustentabilidade
como condição para o crescimento sustentável.
De forma coerente com essa diretriz, todas as
emissões de carbono da Olimpíada do Conhecimento 2008 foram neutralizadas por meio do
plantio de árvores no Rio Grande do Sul, Paraná e Santa Catarina, estados-sede do evento
neste ano.
A primeira parte do trabalho foi levantar
o volume de emissões de carbono em todas as
etapas da Olimpíada, com o transporte dos
equipamentos para cada cidade, montagem dos
locais de provas, transporte dos competidores,
avaliadores e pessoal de apoio, funcionamento
do evento e, finalmente, a desmontagem. O total apurado em cada cidade foi diferente (veja
48
I n dús t r i a Br a si l e i r a
quadro na página ao lado), ficando em torno de
300 toneladas de carbono.
Em seguida, foi necessário decidir quantas
árvores deverão ser plantadas, o que está longe de ser uma conta exata, afirma o consultor
ambiental Elcio Herbert, coordenador técnico
da compensação realizada nas três etapas da
Olimpíada. “A Organização das Nações Unidas
pretende definir normatizações para essas ações,
mas isso ainda não foi feito”, diz Herbert. A capacidade de cada árvore de seqüestrar carbono
do ambiente depende da espécie, do local onde
é plantada e de outras interpretações. O número
de mudas plantadas, portanto, varia conforme o
projeto escolhido em cada estado da Região Sul.
No Rio Grande do Sul, serão plantadas 700
mudas de espécies de mata atlântica em Maquiné, litoral norte do estado. Em Santa Catarina,
chegou-se a um número de 607 mudas para
set e m bro 20 08
compensar o carbono emitido na etapa de Blumenau. A opção foi por plantá-las nas 34 unidades do SENAI no estado. “Em função disso,
há grande diversidade de espécies, escolhidas de
forma a se adaptar a locais muito diferentes, na
serra ou no litoral, por exemplo”, explica Herbert. No Paraná, as árvores ficarão em uma
fazenda, ao lado de uma plantação de milho,
em São Pedro do Paraná, no oeste do estado.
Serão plantadas 1.200 mudas de espécies nativas da região. O fazendeiro ganha na parceria
adequando-se à lei, que determina um mínimo
de 20% de matas nativas na propriedade, algo
que já foi eliminado em muitas das propriedades
rurais no País.
Monitoramento por 20 anos
A compensação ambiental não pode se limitar
ao plantio das mudas. É preciso que se transformem em árvores, que ao longo da vida irão tirar
da atmosfera a quantidade de carbono estipulada. Para garantir que isso ocorra, os projetos
do Rio Grande do Sul e do Paraná incluem o
monitoramento das mudas plantadas durante
duas décadas. Nos dois primeiros anos, haverá
relatórios semestrais, com fotos, demonstrando
a evolução das mudas. No projeto catarinense,
esse acompanhamento ficará a cargo do próprio
SENAI, afinal as mudas serão plantadas em suas
unidades. A complexidade e a longa duração
desses projetos sugerem custos elevados para sua
implantação. Mas não é o que acontece. SegunCompensação
O plano de neutralização de carbono da Olimpíada
do Conhecimento
Emissão
Total de
Mudas
Rio Grande
do Sul
293
de espécies da
Mata Atlântica
Paraná
291
de espécies do
noroeste paranaense
Santa
Catarina
303
de espécies próprias
a cada local
Estado
(em toneladas)
700
1.200
607
Local
Maquiné, litoral
norte gaúcho
São Pedro do
Paraná, noroeste
do estado
34 unidades
do SENAI
catarinense
Luciano Grüdtner Buratto/Folha Imagem
Meio ambiente
do Herbert, o desembolso total nos três estados
ficará em torno de R$ 15 mil, já contando com
o monitoramento.
A preocupação ambiental não se limitou à
compensação das emissões de carbono. Nas três
etapas da Olimpíada, a coleta seletiva de lixo
foi uma preocupação constante. Em Curitiba,
foi estabelecida uma parceria com uma cooperativa de catadores de papel, que agora passará
a trabalhar de forma permanente para a reciclagem de lixo de unidades do SENAI. Na etapa
curitibana da Olimpíada, foi testado um carrinho elétrico para uso dos catadores de papel
nas ruas de Curitiba, parcialmente financiado
pela Itaipu Binacional. O modelo é de simples
operação, com um cabo que serve de direção
para a pessoa que o conduz, caminhando. Jonas
Souza, 31 anos, que trabalha há 22 anos com
reciclagem, afirma que o ganho com o carrinho
é grande. “Dá para a gente andar o dobro num
dia: em vez de 20 km, posso chegar a 40 km.”
Mas há críticas também. Para Maria Aparecida
Januário, 43 anos, há 33 anos na reciclagem,
um defeito do modelo é que não dá ré, o que
dificulta quem quer estacioná-lo numa vaga
de carro, na rua, enquanto coleta o lixo. “Para
empurrar fica muito pesado, porque o carrinho
agüenta muito mais carga que o outro, puxado
à mão”, explica.
Araucárias
na serra
catarinense:
espécies foram
escolhidas de
acordo com
o local
w w w.c n i.org.brI n dús t r i a Br a si l e i r a
49
José Manuel de Aguiar martins
Mais que
um torneio
Miguel Ângelo
A Olimpíada do Conhecimento é parte do processo
educacional do SENAI, contribuindo para formarmos
profissionais que estão entre os melhores do mundo
R ealizada neste ano nos três estados da região
Sul entre junho e agosto, a Olimpíada do Conhecimento 2008 é o maior certame de Educação Profissional que ocorreu até hoje nas Américas. A capacidade de realizar algo desse porte é
um orgulho para todo o SENAI. Mas não teria
significado se fosse um fim em si. A Olimpíada
do Conhecimento é, na verdade, parte de um
processo que leva às empresas industriais brasileiras profissionais com qualificação comparável
à dos países mais desenvolvidos.
Os campeões da Olimpíada do Conhecimento concorrerão a uma vaga no WorldSkills,
maior competição internacional de Educação
Profissional, a realizar-se em 2009 em Calgary,
no Canadá. No ano passado, em Shizuoka, no
Japão, a delegação brasileira de alunos do SENAI
ficou em segundo lugar na colocação geral, atrás
apenas da Coréia do Sul, dentre os 48 países que
participaram.
Os parâmetros de avaliação do WorldSkills,
aprimorados de forma constante, incorporamse antecipadamente a cada edição da Olimpíada
do Conhecimento. Desse modo, nossos competidores chegam ao certame internacional com
preparação já adequada às novas exigências. Os
parâmetros da Olimpíada do Conhecimento,
por sua vez, são usados também pelos cursos do
SENAI. Assim, temos sempre um padrão educacional em linha com o que há de mais avançado
no mundo. Isso garante a formação de profissionais que proporcionam competitividade global
às empresas.
Além da importância para os cursos do SENAI,
a Olimpíada do Conhecimento tem outros desdobramentos importantes. É uma oportunidade para
debates, seminários, palestras e fóruns sobre temas
de interesse da indústria e de toda a sociedade. Em
Blumenau, foram realizados seminários com apresentação de boas práticas da educação a distância
em empresas e com análise dos impactos da TV
Digital no mercado de trabalho. Os debates reuniram usuários dos serviços e especialistas cuja contribuição tem permitido ao SENAI antecipar-se às
demandas impostas pelas novas tecnologias.
Em Porto Alegre, houve o Fórum SENAI Empresas, promovido pela Unidade de Relações com
o Mercado, em que foram debatidos temas relacionados ao desenvolvimento de recursos humanos e à
competitividade. O fórum foi uma excelente oportunidade para estreitar as relações entre o SENAI
e as empresas. Curitiba sediou o Simpósio de Inovação, com o objetivo de disseminar o tema entre
pequenas, médias e grandes indústrias.
Evento aberto ao público, a Olimpíada do
Conhecimento é também uma vitrine para os
produtos e serviços do SENAI, assim como para
realizações de alunos e docentes. Em Blumenau,
foram escolhidos os dez melhores projetos de inovação, no âmbito da Mostra Inova SENAI 2008.
Os trabalhos premiados na primeira etapa foram
apresentados em Porto Alegre e Curitiba aos visitantes da Olimpíada. Um deles, o vice-presidente
da República, afirmou, depois de percorrer a
etapa de Porto Alegre, que “o papel do SENAI é
fundamental para a sociedade brasileira”.
José Manuel de Aguiar Martins, diretor-geral do SENAI
50
I n dús t r i a Br a si l e i r a
set e m bro 20 08
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