EQUIPE TÉCNICA DAEB Antônio Carlos de Oliveira Almeida Arnaldo Gomes de Farias Neto Clarice Santos dos Santos Elaine Cristina Sampaio Elba Maria Leite Gomes Luiza Massae Uema Margarida Rodrigues Mariano Maria Alejandra Schulmeyer Maria Cândida Lacerda Trigo Nildo Wilson Luzio Teófilo Francisco de Paula Wagner Luiz dos Santos EQUIPE ADMINISTRATIVA Elenice Passamani de Morais José Bueno Rezende Josuelton Costa Gonçalves Tânia Viana Torres RELATÓRIO NACIONAL SAEB 2003 Brasília 2006 COORDENADORA-GERAL DE LINHA EDITORIAL E PUBLICAÇÕES Lia Scholze COORDENADORA DE PRODUÇÃO EDITORIAL Rosa dos Anjos Oliveira COORDENADORA DE PROGRAMAÇÃO VISUAL Márcia Terezinha dos Reis EDITOR EXECUTIVO Jair Santana Moraes REVISÃO Rosa dos Anjos Oliveira NORMALIZAÇÃO BIBLIOGRÁFICA Rosa dos Anjos Oliveira PROJETO GRÁFICO/CAPA Raphael Caron Freitas DIAGRAMAÇÃO E ARTE-FINAL Raphael Caron Freitas TIRAGEM 1000 exemplares EDITORIA Inep/MEC – Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira Esplanada dos Ministérios, Bloco L, Anexo I, 4º Andar, Sala 418 CEP 70047-900 – Brasília-DF – Brasil Fones: (61)2104-8438, (61)2104-8042 Fax: (61)2104-9812 [email protected] [email protected] DISTRIBUIÇÃO Inep – Coordenação de Divulgação Institucional Esplanada dos Ministérios, Bloco L, Anexo II, 4º Andar, Sala 414 CEP 70047-900 – Brasília-DF – Brasil Fone: (61)2104-9509 [email protected] http://www.inep.gov.br/pesquisa/publicacoes Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP) Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira Relatório Nacional Saeb 2003 / Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira. – Brasília : O Instituto, 2006. 266 p. 1. Educação básica. 2. Avaliação. 3. Brasil. I. Título. CDU 37.014.12 Sumário Introdução ............................................................................................................................. 11 1. Contextualizando a educação no Brasil .......................................................................... 15 1.1 Indicadores educacionais ........................................................................................... 17 1.1.1 Ensino fundamental ......................................................................................... 17 1.1.2 Ensino médio..................................................................................................... 23 1.2 Comparações internacionais ..................................................................................... 25 1.3 O Fundef....................................................................................................................... 28 1.4 Políticas coordenadas pelo Ministério da Educação .............................................. 29 2. A série histórica do Saeb: 1995 a 2003 ............................................................................ 31 2.1 Resultados em língua portuguesa ............................................................................. 33 2.2 Resultados em matemática ........................................................................................ 38 3. Análise dos resultados de desempenho dos alunos pelos estágios de habilidades – Brasil – 2001 e 2003 ..................................................... 43 3.1 4ª série do ensino fundamental ................................................................................. 45 3.2 8ª série do ensino fundamental ................................................................................. 47 3.3 3ª série do ensino médio ............................................................................................ 50 4. Análise dos resultados de desempenho dos alunos pelos estágios de habilidades – Regiões – 2001 e 2003 ................................................. 53 4.1 4ª série do ensino fundamental ................................................................................. 55 4.2 8ª série do ensino fundamental ................................................................................. 56 4.3 3ª série do ensino médio ............................................................................................ 56 5. A escala do Saeb: a interpretação das habilidades ......................................................... 59 5.1 Língua Portuguesa ...................................................................................................... 64 5.2 Matemática................................................................................................................... 88 6. As desigualdades de desempenho escolar no Brasil: algumas indicações do Saeb 2003 .................................................................................. 135 6.1 O Saeb e a medida das desigualdades educacionais no Brasil ........................... 137 6.2 Cor dos estudantes e desempenho educacional .................................................... 137 6.3 Nível socioeconômico e desempenho escolar ....................................................... 144 6.4 Desigualdade no desempenho escolar entre as regiões geográficas ............................................................................................... 148 7. Aspectos metodológicos do Saeb 2003 ......................................................................... 153 7.1 O delineamento dos testes ....................................................................................... 155 7.2 A matriz de especificações e as prioridades de descritores, temas e tópicos ........... 158 7.3 Os testes montados ................................................................................................... 166 8. Os questionários de contexto do Saeb........................................................................... 169 8.1 Para que servem os questionários? ......................................................................... 171 8.2 O processo de revisão dos questionários de contexto para o Saeb 2003 ........................................................................................................ 172 8.3 Questionário dos alunos da 4ª série do ensino fundamental .............................. 174 8.4 Questionário dos alunos da 8ª série do ensino fundamental .............................. 179 8.5 Questionário dos alunos da 3ª série do ensino médio ......................................... 186 8.6 Síntese das atividades desenvolvidas para construção dos questionários de 2003 ........................................................................................ 193 9. O plano amostral do Saeb 2003 ..................................................................................... 195 9.1 Antecedentes .............................................................................................................. 197 9.2 O sistema de referência para a construção da amostra ........................................ 198 9.3 A definição do universo para a aplicação dos testes ............................................. 198 9.4 Os estratos de interesse............................................................................................. 199 9.5 O plano amostral ....................................................................................................... 200 9.6 O sorteio das escolas ................................................................................................. 205 Referências bibliográficas .................................................................................................... 207 Anexos ................................................................................................................................... 209 6 Relatório Nacional Saeb 2003 LISTA DE TABELAS Tabela 1 – Tabela 2 – Tabela 3 – Tabela 4 – Tabela 5 – Tabela 6 – Tabela 7 – População de referência para o Saeb 2003 ....................................................... 13 Matrículas iniciais no ensino fundamental – Brasil – 1999 a 2004 ............. 18 Média de anos de estudo – Brasil – 1999 a 2003 ............................................. 18 Matrículas iniciais no ensino médio – Brasil – 1999 a 2003 ......................... 23 Taxas de rendimento do ensino médio – Brasil – 1999 a 2002 ..................... 24 Taxas de transição do ensino médio – Brasil – 1981 a 2003 ......................... 24 Percentual de estudantes nos estágios de construção de competências Língua Portuguesa – 4ª série do EF – Brasil – Saeb 2001 e 2003 ................. 45 Tabela 8 – Percentual de estudantes nos estágios de construção de competências Matemática – 4ª série EF – Brasil – Saeb 2001 e 2003 ................................... 46 Tabela 9 – Percentual de estudantes nos estágios de construção de competências Língua Portuguesa – 8ª série EF – Brasil – Saeb 2001 e 2003 ....................... 47 Tabela 10 – Percentual de estudantes nos estágios de construção de competências Matemática – 8ª série EF – Brasil – Saeb 2001 e 2003 .................................. 49 Tabela 11 – Percentual de estudantes nos estágios de construção de competências Língua Portuguesa – 3ª série EM – Brasil – Saeb 2001 e 2003 .................... 50 Tabela 12 – Percentual de estudantes nos estágios de construção de competências Matemática – 3ª série EM – Brasil – Saeb 2001 e 2003 ................................ 51 Tabela 13 – Percentual de estudantes nos estágios de construção de competências Língua Portuguesa – 4ª série EF – Regiões – Saeb 2001 e 2003 .................. 55 Tabela 14 – Percentual de estudantes nos estágios de construção de competências Matemática – 4ª série EF – Regiões – Saeb 2001 e 2003 .............................. 55 Tabela 15 – Percentual de estudantes nos estágios de construção de competências Língua Portuguesa –8ª série EF – Regiões – Saeb 2001 e 2003 ................... 56 Tabela 16 – Percentual de estudantes nos estágios de construção de competências Matemática – 8ª série EF – Regiões Saeb 2001 e 2003 ...................................... 56 Tabela 17 – Percentual de estudantes nos estágios de construção de competências Língua Portuguesa – 3ª série EM – Regiões – Saeb 2001 e 2003................. 56 Tabela 18 – Percentual de estudantes nos estágios de construção de competências Matemática – 3ª série EM – Regiões – Saeb 2001 e 2003......................................57 Tabela 19 – Número de itens submetidos à análise psicométrica .................................. 156 Tabela 20 – Delineamento de Blocos Incompletos Balanceados (BIB) ......................... 157 Tabela 21 – Número de itens por tópicos e descritores do teste de Língua Portuguesa – 4ª série do ensino fundamental ........................... 159 Tabela 22 – Síntese do número de itens por tópicos e descritores do teste de Língua Portuguesa – 4ª série do fundamental ........................................ 160 Tabela 23 – Número de itens por tópicos e descritores do teste de Língua Portuguesa – 8ª série do ensino fundamental ........................... 161 Tabela 24 – Síntese do número de itens por tópicos e descritores do teste de Língua Portuguesa – 8ª série do ensino fundamental .......................... 161 Tabela 25 – Número de itens por tópicos e descritores do teste de Língua Portuguesa – 3ª série do ensino médio ...................................... 162 Tabela 26 – Síntese do número de itens por tópicos e descritores do teste de Língua Portuguesa – 3ª série do ensino fundamental ........................... 162 Tabela 27 – Número de itens por temas e descritores do teste de Matemática – 4ª série do ensino fundamental ....................................... 163 Relatório Nacional Saeb 2003 7 Tabela 28 – Síntese do número de itens por temas e descritores do teste de Língua Portuguesa – 4ª série do ensino fundamental ........................... 163 Tabela 29 – Número de itens por temas e descritores do teste de Matemática – 8ª série do ensino fundamental ....................................... 164 Tabela 30 – Síntese do número de itens por temas e descritores do teste de Língua Portuguesa – 8ª série do ensino fundamental ........................... 164 Tabela 31 – Número de itens por temas e descritores do teste de Matemática – 3ª série do ensino médio................................................... 165 Tabela 32 – Síntese do número de itens por temas e descritores do teste de Língua Portuguesa – 3ª série do ensino médio ...................................... 165 Tabela 33 – Distribuição real do número de itens por tópicos e descritores do teste de Língua Portuguesa – 4ª série do ensino fundamental............. 166 Tabela 34 – Distribuição real do número de itens por tópicos e descritores do teste de Língua Portuguesa – 8ª série do ensino fundamental............. 167 Tabela 35 – Número de itens planejados por tópicos e descritores e efetivamente utilizados no teste de Língua Portuguesa 4ª série do ensino fundamental ..................................................................... 167 Tabela 36 – Número de turmas e escolas da população de referência do Saeb 2003 – por série ................................................................................. 199 Tabela 37 – Alocação da amostra esperada para o SAEB 2003 ...................................... 202 Tabela 38 – Distribuição das escolas do cadastro segundo as séries que possuem .................................................................................... 203 Tabela 39 – Número de turmas e escolas selecionadas por série em 2003 ............................................................................................ 205 LISTA DE GRÁFICOS Gráfico 1 – Taxa de analfabetismo das pessoas de 15 anos ou mais de idade – Brasil e Regiões – 1992 e 2002 ...................................................... 17 Gráfico 2 – Taxa de distorção idade-série do ensino fundamental 1999 a 2003 ......................................................................................................... 19 Gráfico 3 – Taxa de aprovação, reprovação e abandono por série do ensino fundamental – Brasil – 2002 .......................................................... 20 Gráfico 4 – Taxa de aprovação, reprovação e abandono Ensino Fundamental – Brasil e Regiões – 2003............................................. 21 Gráfico 5 – Tempo médio esperado para conclusão do ensino fundamental Brasil – 1995 a 2001........................................................................................... 22 Gráfico 6 – Média de proficiência em leitura – 4ª série do ensino fundamental – Brasil – 1995 a 2003 .............................................. 34 Gráfico 7 – Média de proficiência em leitura na 4ª série do ensino fundamental – Regiões – 1995 a 2003 .......................................... 35 Gráfico 8 – Média de proficiência em leitura na 8ª série do ensino fundamental Brasil – 1995 a 2003........................................................................................... 36 Gráfico 9 – Média de proficiência em leitura – 8ª série do ensino fundamental – Regiões – 1995 a 2003 .......................................... 36 Gráfico 10 – Média de proficiência em leitura na 3ª série do ensino médio – Brasil – 1995 a 2003 ....................................................... 37 8 Relatório Nacional Saeb 2003 Gráfico 11 – Médias de proficiência em leitura na 3ª série do ensino médio – Regiões – 1995 a 2003.................................................... 38 Gráfico 12 – Média de proficiência em matemática na 4ª série do ensino fundamental – Brasil – 1995 a 2003 ............................................ 39 Gráfico 13 – Médias de proficiência em matemática na 4ª série do ensino fundamental – Regiões – 1995 a 2003 ........................................ 40 Gráfico 14 – Média de proficiência em matemática na 8ª série do ensino fundamental – Brasil – 1995 a 2003 ............................................ 40 Gráfico 15 – Médias de proficiência em matemática na 8ª série do ensino fundamental – Regiões – 1995 a 2003 ........................................ 41 Gráfico 16 – Média de proficiência em matemática na 3ª série do ensino médio – Brasil – 1995 a 2003 ....................................................... 42 Gráfico 17 – Médias de proficiência em matemática na 3ª série do ensino médio – Regiões – 1995 a 2003.................................................... 42 Gráfico 18 – Cor dos estudantes (auto-declaração) – 4ª série do ensino fundamental – Brasil ................................................................... 138 Gráfico 19 – Cor dos estudantes (auto-declaração) – 8ª série do ensino fundamental – Brasil ................................................................... 138 Gráfico 20 – Cor dos estudantes (auto-declaração) – 3ª série do ensino médio – Brasil .............................................................................. 139 Gráfico 21 – Média de proficiência em Língua Portuguesa na 4ª série do ensino fundamental conforme a cor do estudante – Brasil – 2003...................... 139 Gráfico 22 – Média de proficiência em Matemática na 4ª série do ensino fundamental conforme a cor do estudante – Brasil – 2003...................... 140 Gráfico 23 – Média de proficiência em Língua Portuguesa na 8ª série do ensino fundamental conforme a cor do estudante – Brasil – 2003...................... 140 Gráfico 24 – Média de proficiência em Matemática na 8ª série do ensino fundamental conforme a cor do estudante – Brasil – 2003...................... 141 Gráfico 25 – Média de proficiência em Língua Portuguesa na 3ª série do ensino médio conforme a cor do estudante – Brasil – 2003 ............... 142 Gráfico 26 – Média de proficiência em Matemática na 3ª série do ensino médio conforme a cor do estudante – Brasil – 2003 ............... 142 Gráfico 27 – Média de proficiência em Matemática na 3ª série do ensino médio por rede de ensino e cor do estudante – Brasil – 2003 ................. 144 Gráfico 28 – Distribuição dos alunos da 4ª série do ensino fundamental conforme o nível socioeconômico – Brasil – 2003 .................................... 145 Gráfico 29 – Média de proficiência em Leitura na 4ª série do ensino fundamental de acordo com o nível socioeconômico – Brasil – 2003 ......... 145 Gráfico 30 – Média de proficiência em Matemática na 4ª série do ensino fundamental de acordo com o nível socioeconômico – Brasil – 2003 ......... 146 Gráfico 31 – Distribuição percentual dos alunos por nível socioeconômico na 8ª série do ensino fundamental – Brasil – 2003 ................................... 146 Gráfico 32 – Média de proficiência em Leitura na 8ª série do ensino fundamental de acordo com o nível socioeconômico – Brasil – 2003 ......... 147 Gráfico 33 – Média de proficiência em Matemática na 8ª série do ensino fundamental de acordo com o nível socioeconômico – Brasil – 2003 ......... 147 Gráfico 34 – Distribuição percentual de estudantes da 3ª série do ensino médio por nível socioeconômico – Brasil – 2003 ................... 147 Relatório Nacional Saeb 2003 9 Gráfico 35 – Média de proficiência em Leitura na 3ª série do ensino médio de acordo com o nível socioeconômico – Brasil – 2003............... 148 Gráfico 36 – Média de proficiência em Matemática na 3ª série do ensino médio de acordo com o nível socioeconômico – Brasil – 2003............... 148 Gráfico 37 – Média de proficiência em Matemática na 4ª série do ensino fundamental – Regiões – 2003 ................................................... 149 Gráfico 38 – Média de proficiência em Leitura na 4ª série do ensino fundamental – Regiões – 2003 ................................................... 149 Gráfico 39 – Média de proficiência em Matemática na 8ª série do ensino fundamental – Regiões – 2003 ................................................... 150 Gráfico 40 – Média de proficiência em Leitura na 8ª série do ensino fundamental – Regiões – 2003 ................................................... 150 Gráfico 41 – Média de proficiência em Leitura na 3ª série do ensino médio – Regiões – 2003 .............................................................. 151 Gráfico 42 – Média de proficiência em Matemática na 3ª série do ensino médio – Regiões – 2003 .............................................................. 151 LISTA DE QUADROS Quadro 1 – Processo de construção de competências em Língua Portuguesa na 4ª série do ensino fundamental .......................... 64 Quadro 2 – Processo de construção de competências em Língua Portuguesa na 8ª série do ensino fundamental .......................... 74 Quadro 3 – Processo de construção de competências em Língua Portuguesa na 3ª série do ensino médio ..................................... 80 Quadro 4 – Processo de construção de competências em Matemática na 4ª série do ensino fundamental ...................................... 88 Quadro 5 – Processo de construção de competências em Matemática na 8ª série do ensino fundamental .................................... 100 Quadro 6 – Processo de construção de competências em Matemática na 3ª série do ensino médio ............................................... 120 Quadro 7 – Modificações realizadas no Questionário 1 Caracterização do aluno de 4ª série do ensino fundamental..................... 174 Quadro 8 – Modificações realizadas no Questionário 2 do aluno Vida escolar do aluno de 4ª série do ensino fundamental ......................... 178 Quadro 9 – Modificações realizadas no Questionário 1 Caracterização do aluno de 8ª série do ensino fundamental..................... 180 Quadro 10 – Modificações realizadas no Questionário 2 Vida escolar do aluno de 8ª série do ensino médio ................................... 184 Quadro 11 – Modificações realizadas no Questionário 1 Caracterização do aluno da 3ª série do ensino médio .............................. 186 Quadro 12 – Modificações realizadas no Questionário 2 Vida escolar do aluno de 3ª série do ensino médio ................................... 191 Quadro 13 – Critérios para definir os estratos de interesse do Saeb 2003 .................... 200 LISTA DE FIGURAS Figura 1 – Configuração dos testes do Saeb 2003 ............................................................ 158 10 Relatório Nacional Saeb 2003 Introdução O Sistema Nacional de Avaliação da Educação Básica (Saeb) foi criado em 1990 e, desde 1995, realiza seu ciclo de avaliação a cada dois anos. O Saeb foi criado tendo por objetivo central promover uma avaliação externa e em larga escala da educação no Brasil, visando construir dois tipos de medidas: a primeira refere-se à aprendizagem dos estudantes e, a segunda, aos fatores de contexto correlacionados com o desempenho escolar. A implementação da avaliação em larga escala se constituiu com a intenção de subsidiar os formuladores e executores das ações governamentais na área educacional em todos os níveis de governo. Com a avaliação pretende-se averiguar a eficiência dos sistemas no processo de ensino-aprendizagem e, também, a eqüidade da educação oferecida em todo o país. A primeira medida, de caráter cognitivo, é obtida por meio da aplicação de testes padronizados que são construídos com base em matrizes de especificações e nas análises estatísticas das respostas aos itens de teste. As matrizes explicitam as habilidades cognitivas a serem medidas com a aplicação das provas. O resultado do desempenho dos estudantes é uma medida de proficiência própria a cada um dos componentes curriculares avaliados. A segunda medida é de caráter contextual. Os dados são obtidos a partir da aplicação de questionários aos alunos que estão respondendo aos testes; aos professores das turmas integrantes da amostra pesquisada; aos diretores das escolas; e, ainda, são coletadas informações acerca das condições físicas das escolas, em um questionário específico respondido pelo aplicador dos demais instrumentos que foi treinado para observar os quesitos. Os dados coletados com esses instrumentos propiciam os estudos de fatores associados ao desempenho escolar. Aplicando-se diversificadas técnicas estatísticas, são feitas pesquisas de tipo correlacional para averiguar quais fatores abordados nos questionários contribuem mais para a variação da proficiência. Cada ciclo de avaliação do Saeb está dividido em três etapas principais de trabalho. A primeira etapa é destinada à preparação dos instrumentos de pesquisa e à coleta dos dados (aplicação). Esta primeira fase inclui, principalmente, a elaboração dos itens a serem aplicados em cada uma das séries de interesse da avaliação. Desde 1995 a avaliação nacional tem sido aplicada nas 4ª e 8ª séries do ensino fundamental e na 3ª série do ensino médio. Após terem sido elaborados por professores das áreas e por especialistas, os itens de teste são submetidos a uma revisão para adequá-los aos critérios técnicos pertinentes aos de múltipla escolha. A revisão verifica se o item está adequado ao domínio cognitivo expresso em cada um dos descritores das matrizes de especificações e é finalizada com a validação teórica do item. Relatório Nacional Saeb 2003 11 A preparação dos itens continua, após a validação teórica, com uma validação empírica dos mesmos. Isso ocorre por meio de sua aplicação em uma amostra de estudantes da série para a qual eles foram originalmente elaborados. As análises estatísticas e psicométricas promovidas após a pré-testagem permitem produzir informações importantes acerca dos itens. Dentre elas, a dificuldade empírica de cada questão, seu coeficiente e parâmetro de discriminação e o comportamento de cada alternativa nos itens de múltipla escolha calculando-se correlações. Essas e outras informações são importantes, pois permitem que os cadernos de teste para aplicação definitiva na avaliação tenham itens com bom poder de discriminação dos níveis de proficiência e, também, para equilibrar os cadernos de testes com questões de variados graus de dificuldade, para garantir a validade e a confiabilidade dos testes e da medida de proficiência, com maior precisão. Após a pré-testagem, são montados os 26 cadernos de provas para cada série de interesse da avaliação e para cada componente curricular avaliado. Ao todo, o Saeb utiliza 169 itens por disciplina e série. Cada aluno responde a 39 itens, isto é, a um único caderno de questões. Esse modelo prevê a distribuição dos 169 itens em 13 blocos de 13 itens cada um. É um desenho de provas que serve às análises psicométricas baseadas na Teoria de Resposta ao Item (TRI), utilizada pelo Saeb desde 1995. Para uma medida mais precisa dos diversos níveis de habilidade dos estudantes por meio da TRI é preciso que sejam utilizados no mínimo três itens por descritor, com diferentes níveis de dificuldade. A principal vantagem em se utilizar a TRI é que ela permite estimar a proficiência dos indivíduos pertencentes a diferentes grupos, sejam eles de séries diferentes e mesmo de ciclos diferentes de avaliação. Ao final, a proficiência de todos os alunos é apresentada numa mesma escala, por disciplina, a qual varia de 0 a 500 pontos. A TRI foi desenvolvida, principalmente, para permitir comparações de desempenho num teste de grupos diferentes de alunos, pertencendo a séries diferentes ou tendo respondido aos testes em distintos ciclos de avaliação. Isso é de crucial importância para o Saeb, especialmente para monitorar os sistemas de ensino ao longo do tempo. Este monitoramento permite observar o comportamento da proficiência, por exemplo, em 2003 e compará-lo com 2001, observando se houve mudanças, para mais ou para menos, ou se o nível de desempenho se manteve. Por sua vez, a elaboração dos questionários de contexto ocorre paralelamente à preparação dos testes. A versão dos questionários para aplicação definitiva é obtida após pesquisas bibliográficas; consultas a especialistas e pesquisadores; avaliação dos questionários dos levantamentos anteriores do Saeb; e, também, consultando os questionários aplicados em outros sistemas de avaliação, inclusive de outros países. Ainda na etapa de preparação dos instrumentos é feito o plano amostral, o cálculo da amostra e a checagem das unidades amostrais. Esta etapa se concretiza com a aplicação dos testes e questionários nas escolas sorteadas para a amostra. A primeira etapa de trabalho do ciclo Saeb 2003 foi concluída com a aplicação dos testes e questionários, ocorrida no período de 3 a 7 de novembro daquele ano. A população de referência para a realização do levantamento do Saeb 2003 foi assim definida: todos os alunos registrados no Censo Escolar de 2002 em uma das três séries de interesse, exclusive os alunos das turmas multisseriadas e de aceleração. Foram incluídos também no universo da 4ª série do ensino fundamental os alunos das escolas não federais rurais com 10 ou mais alunos na série. A população para a qual foram construídas as estimativas de proficiência é mostrada na Tabela 1. 12 Relatório Nacional Saeb 2003 Tabela 1 – População de referência para o Saeb 2003 Fonte: MEC/Inep/Daeb – Saeb 2003. A segunda etapa da avaliação nacional da educação básica de 2003 foi dedicada, principalmente, à tabulação dos testes e questionários, à constituição dos bancos de dados e ao trabalho de análises para gerar as estimativas de proficiência. Nessa fase foi realizado o primeiro estudo, ainda de caráter predominantemente exploratório, das bases de dados geradas pelos questionários de contexto. Esta etapa de trabalho ocorreu no período de novembro de 2003 a junho de 2004. A terceira etapa teve início em junho de 2004. Ela ainda está em curso e destinase, principalmente, à divulgação dos resultados do ciclo de avaliação e à promoção de diversos estudos de fatores associados ao desempenho. Para a divulgação, foram preparados materiais impressos diversos e, na imprensa, foram veiculados notas, artigos e entrevistas. A disseminação dos dados da avaliação está ocorrendo, ainda, por meio de seminários e encontros com técnicos das secretarias estaduais, professores, diretores de escolas e outros profissionais da educação, visando tornar as informações do Saeb úteis para toda a comunidade educacional e escolar e também para a sociedade civil. Em primeira mão, os dados de proficiência foram apresentados aos Secretários de Educação dos Estados em reunião ordinária do Conselho de Secretários Estaduais de Educação (Consed), ocorrida em junho de 2004. Ainda no dia dessa reunião, foram distribuídos exemplares do Boletim de Resultados do Saeb 2003. Este documento, desde aquela época, encontra-se disponível no site do Instituto Nacional de Estudos e pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (www.inep.gov.br). Ele foi entregue aos jornalistas presentes ao evento do Consed e, no mesmo dia, aos que se fizeram presentes na coletiva de imprensa em que o Ministro da Educação divulgou os resultados da avaliação para os principais veículos de comunicação do País. Desde o princípio da divulgação, foram iniciados diversos estudos a partir da imensa quantidade de dados coletados no Saeb 2003. Há pesquisas em diversos temas, desde a caracterização das escolas eficazes; a investigação dos fatores correlacionados aos desempenhos; as pesquisas focadas no tema eqüidade na educação; estudos sobre a incidência de violência nas escolas até a abordagem dos níveis de satisfação no trabalho dos professores (síndrome de burnout). O Relatório Nacional do Saeb de 2003 dá seqüência à disseminação dos dados da avaliação. Está, portanto, inserido na terceira etapa de trabalho do ciclo. O texto do relatório foi dividido em três partes, a saber: 1) contextualizando a educação no Brasil; a série histórica do Saeb (1995-2003) e os resultados dos alunos por faixas de proficiência; 2) a escala interpretada do Saeb e as desigualdades de desempenho; 3) aspectos metodológicos do Saeb 2003. O volume completa-se com um anexo estatístico. A primeira parte apresenta um resumo do quadro educacional brasileiro, destacando alguns avanços e apresentando alguns problemas que ainda persistem. Entres os avanços, tem-se as quedas nas taxas de analfabetismo, o aumento na média de anos de escolaridade da população e a expansão das taxas de atendimento no sistema Relatório Nacional Saeb 2003 13 educacional em todo o Brasil, principalmente na faixa etária obrigatória, de 7 a 14 anos. Entre os problemas que se mantém, com maior gravidade, está a irregularidade do fluxo educacional gerando altas taxas de distorção idade-série, comprometendo, sobremaneira, a eficiência das redes de ensino em todo o país. Ainda, na primeira parte do relatório são apresentados os dados da série histórica do Saeb. As informações são comparáveis, pois conforme foi dito acima, as metodologias de apuração da proficiência (desempenho dos alunos nos testes) permitem fazer a equalização dos resultados ao longo do tempo. Esta é, talvez, a principal qualidade de um sistema de avaliação como o Saeb, ou seja, quando ele também se presta a servir como um sistema de monitoramento revelando, com dados confiáveis, a trajetória da educação em todas as Unidades da Federação. Concluindo a primeira parte do relatório, apresenta-se a distribuição de alunos para cada um dos quatro estágios de proficiência da escala do Saeb, em cada série e componente curricular avaliado. Os quatro estágios são: Muito Crítico, Crítico, Intermediário e Adequado. Os estágios foram definidos em intervalos de proficiência, observando-se o que os caracteriza em termos pedagógicos por série analisada. Nesta classificação é fundamental observar os percentuais de estudantes no estágio Muito Crítico, o pior patamar de desempenho, muito abaixo do nível aceitável para cada série. A segunda parte do relatório inicia-se com a apresentação da escala interpretada do Saeb. Nela estão explicitadas as habilidades que traduzem as competências da matriz de especificações. A escala é única para cada componente curricular, indo de 0 a 500 pontos, dividida em intervalos de 25 pontos e para os quais são interpretadas as habilidades, iniciando-se pelo nível 125. A caracterização de cada intervalo é feita por meio da interpretação dos itens âncora, os quais revelam as habilidades cognitivas requeridas para que o examinando responda corretamente aos itens. As questões que irão ancorar cada ponto interpretado da escala são escolhidas após as análises estatísticas, obedecendo a determinados requisitos. O principal deles é que o item descreva o intervalo da escala onde o total de respostas corretas atingiu 65%. Em seguida à apresentação da escala de interpretação das habilidades, são explicitados alguns dados sobre as desigualdades educacionais em todo o Brasil. Para gerar esses dados não foram aplicadas técnicas multivariadas de estatística, por isso não são medidas de correlação de cada variável ou conjunto de variáveis com a proficiência. Foram feitos cruzamentos simples da proficiência com algumas características dos estudantes para verificar as desigualdades de níveis de proficiência, em função da região do país onde eles moram, da classe socioeconômica a que pertencem e de sua cor ou etnia. A terceira e última parte do Relatório Nacional do Saeb 2003 apresenta aspectos metodológicos que orientaram a aplicação e análise deste ciclo de avaliação. Esta parte contém o delineamento dos testes, o número de itens aplicado por descritor de habilidade; a prioridade estabelecida para cada tópico da matriz ou cada tema e, ainda, a prioridade para cada descritor. Em seguida, é descrito o delineamento dos questionários de contexto, principalmente com a indicação dos construtos teóricos que foram investigados por meio das perguntas. Encerrando a parte dedicada aos aspectos metodológicos, o relatório apresenta o plano amostral do Saeb 2003, evidenciado a forma como ele foi construído e alguns de seus conceitos básicos. Por fim, foi incluído no Relatório um anexo estatístico contendo quadros com as médias de todos os estratos da amostra do Saeb 2003. 14 Relatório Nacional Saeb 2003 Contextualizando a educação no Brasil 1 1.1 Indicadores educacionais 1.1.1 Ensino fundamental O quadro educacional brasileiro, no início do século XXI, apresenta importantes avanços. A taxa de analfabetismo das pessoas de 15 anos ou mais de idade, em 1992, era de 17,2% e, em 2003, de 11,6%. No entanto, o número absoluto de analfabetos na população acima de 15 anos de idade impressiona por suas dimensões: são cerca de 14,6 milhões de pessoas. Para diminuir este número, o Ministério da Educação criou, em 2003, o Programa Brasil Alfabetizado e Educação de Jovens e Adultos. Incluído no Plano Plurianual de 2004-2007, o Programa visa à alfabetização de jovens e adultos e, posteriormente, permitir a continuidade de seus estudos. Gráfico 1 – Taxa de analfabetismo das pessoas de 15 anos ou mais de idade Brasil e Regiões – 1992 e 2002 Fonte: IBGE,Pnad. Relatório Nacional Saeb 2003 17 1 2 Como a vigência do Fundef vai até 2006, o MEC elaborou uma proposta de emenda constitucional criando o Fundo de Manutenção e Desenvolvimento da Educação Básica e de Valorização dos Profissionais da Educação (Fundeb), que deverá ser permanente e atingir toda a Educação Básica (educação infantil, ensino fundamental e médio). Enquanto o Fundef atingiu 31,2 milhões de alunos em 2003, o Fundeb poderia atingir 47,7 milhões. Outra diferença está relacionada às fontes de recursos. Além da participação da União, o Fundef recebe 15% de cinco fontes, enquanto o Fundeb deverá receber 25% de dez fundos. O montante de recursos previsto para o Fundef foi R$ 28,7 bilhões, enquanto que para o Fundeb seria de cerca de R$ 51 bilhões. Enquanto 60% dos recursos do Fundef são para remuneração dos profissionais do magistério, o Fundeb destinará 80% para remuneração e formação dos profissionais do magistério e outros trabalhadores da educação. O Fundef fixa anualmente o valor mínimo por aluno/ano para 1ª a 4ª séries, 5ª a 8ª séries e educação especial. O Fundeb fixará valores para todos os níveis e modalidades, da creche ao ensino médio, incluindo a área rural e a Educação de Jovens e Adultos. O mesmo percentual dos impostos federais (18%) é destinado à Manutenção e Desenvolvimento do Ensino; uma novidade do Fundef é a gradativa eliminação da Desvinculação de Receitas Federais – DRU (20% no Fundef). Os fundos são de âmbito estadual; cada Estado se encarrega de redistribuir os recursos aos municípios. Outro avanço a ser destacado é o aumento das matrículas na educação básica, fato constatado de maneira mais nítida no período de 1999 a 2004. No início do período em questão, o número de matriculados no ensino fundamental era de 29.203.724. Em 2004, as matrículas nesse nível de ensino atingiram 34.012.151. Portanto, uma variação percentual, em 13 anos, de 16,5%. As matrículas no ensino fundamental na faixa de 7-14 anos, considerada de obrigatória escolarização pela Constituição Federal de 1988, cresceram de 23.772.418, em 1991, para 27.061.394, em 2003 – um aumento de 13,8%. Tabela 2 – Matrículas iniciais no ensino fundamental – Brasil – 1999 a 2004 Fonte: MEC/Inep Para garantir o objetivo de universalização do acesso ao ensino fundamental, o Brasil implementou o Fundo de Manutenção e Desenvolvimento do Ensino Fundamental e de Valorização do Magistério (Fundef), criado pela Lei nº 9.424, de 24/12/1996. Os recursos do Fundef são repassados aos Estados e municípios, com base no número de alunos matriculados no ensino fundamental regular.1 A prioridade dada ao acesso das crianças de 7 a 14 anos à educação básica produziu uma significativa melhora na taxa de freqüência à escola nessa faixa etária, que era de 80,9%, em 1980, e passou a 96,9%, em 2002. Ainda representando uma evolução em termos educacionais, houve o aumento da média de anos de estudo da população, que em 1993 era de 6,02 e chegou a 7.26 em 2003.2 Os números da Pnad de 1999 a 2003 mostram que houve melhorias na média de anos de estudo, no Brasil e em todas as regiões. Fonte: Pnad. Tabela 3 – Média de anos de estudo – Brasil – 1999 a 2003 Fonte: MEC/Inep 18 Relatório Nacional Saeb 2003 Os avanços são inegáveis. No entanto, o sistema educacional brasileiro ainda convive com grandes problemas, agravados pelas fortes desigualdades regionais que ainda persistem em nosso país. Segundo o Censo Demográfico de 2000, o Nordeste tinha 26,2% de analfabetos (pessoas incapazes de ler e escrever um enunciado simples relacionado à sua vida diária) com 15 anos de idade ou mais, enquanto na Região Sudeste eram 8,1% e no Sul, 7,7%. Tanto no meio rural quanto no meio urbano, ainda existe um número expressivo de “analfabetos funcionais” (pessoas com mais de quinze anos de idade que sabem apenas desenhar o seu nome).3 O analfabetismo funcional no Nordeste é aproximadamente o dobro das regiões Sul, Sudeste e Centro-Oeste. Também em relação à média de anos de estudo da população com 25 anos de idade ou mais, o quadro vem corroborar as desigualdades entre as regiões. No Nordeste, a média em 2002 foi de 4,6, enquanto que nas Regiões Sudeste e Sul foi de 6,8 e 6,5, respectivamente.4 3 Pelo critério adotado pelo IBGE, seguindo recomendações da Unesco, são analfabetos funcionais as pessoas com menos de quatro anos de escolaridade. Ver: Indicador... (2001). 4 Fontes: IBGE, Pnad. Gráfico 2 – Taxa de distorção idade-série do ensino fundamental – 1999 a 2003 Fonte: MEC/Inep Relatório Nacional Saeb 2003 19 5 Ver: Fletcher, R. Philip; Ribeiro, Sérgio Costa. A educação na estatística nacional. Disponível em: h t t p : / / w w w. a b e p. n e p o. unicamp.br/docs/outraspub/ fletcher.pdf. Mesmo a taxa de atendimento escolar na faixa de 7 a 14 anos de idade, que avançou de forma significativa nos últimos 10 anos, também está marcada pela desigualdade regional. No Norte é de 93,4% e no Nordeste 95,2%, enquanto que no Sul é de 97,7% e no Sudeste 97,4%. Os avanços na taxa de atendimento escolar, especialmente na faixa etária obrigatória e no número absoluto de matrículas, bem como as quedas na taxa de analfabetismo e o aumento da média de anos de estudo, convivem com graves problemas de fluxo educacional no Brasil, que podem ser dimensionados com os níveis de distorção idade-série no ensino fundamental. Corrigi-los ainda é um grande desafio a ser enfrentado pelo País, demandando maior atenção governamental por meio de políticas públicas específicas. Um exemplo de baixa eficiência do sistema educacional brasileiro são as taxas de rendimento do estudante ao final do ano letivo – aprovação, reprovação e abandono. O Gráfico 3 mostra essas taxas para cada série do ensino regular em 2002. Percebe-se que as maiores taxas de aprovação, todas acima de 80%, ocorrem justamente nas séries de transição (4ª e 8ª séries do ensino fundamental e 3ª série do ensino médio, além da 3ª série do ensino fundamental). A menor taxa de reprovação, 5,5%, é na 3ª série do ensino médio. Por outro lado, as menores taxas de abandono, todas abaixo de 6,5%, ocorrem na 2ª, 3ª e 4ª séries do ensino fundamental; por uma ampla margem, a maior taxa de abandono, 19,1%, é encontrada na 1ª série do ensino médio. No final da década de 80 e no início da de 90 o século 20, estudos de Gráfico 3 – Taxa de aprovação, reprovação e abandono por série do ensino fundamental Brasil – 2002 Fonte: MEC/Inep Philip Fletcher, Ruben Klein e Sérgio Costa Ribeiro5 mostraram que o grande problema do sistema educacional brasileiro era a repetência e não a evasão. Segundo o modelo “Profluxo” (modelo 20 Relatório Nacional Saeb 2003 matemático do fluxo dos alunos no ensino fundamental que não depende de declarações sobre o passado escolar das pessoas e sim da situação escolar no momento da coleta de dados), cerca de 50% dos alunos matriculados no sistema regular de ensino repetiam a primeira série a cada ano, enquanto somente 2% se evadiam. Considerando-se as oito séries do primeiro grau, 33% dos alunos repetiam uma série a cada ano. Os alunos passavam em média cerca de nove anos no primeiro grau e os concluintes demoravam, em média, 11 anos. A grande maioria dos alunos tinha pelo menos uma repetência no primeiro grau, mas insistia em ficar na escola, só saindo após vários anos, por não conseguir progredir. Em geral, as taxas de rendimento mais recentes do sistema educacional no Brasil confirmam as conclusões de estudos de fluxo educacional no ensino fundamental feitos na década de 80 e início da década de 90. Ainda assim, o abandono é atualmente um problema muito grave na primeira série do ensino fundamental, afetando 9,1% dos alunos (contra 15,1% de reprovados). A reprovação é maior que o abandono da primeira à sexta série do ensino fundamental; da sétima série em diante é o abandono que supera a reprovação. O Gráfico 4 mostra as taxas de rendimento nas grandes regiões do País. A taxa de reprovação é mais elevada no Norte e Nordeste (cerca de 15%). A taxa de abandono é mais elevada nessas regiões e também no Centro-Oeste (11,6%). Menos de 5% das crianças no ensino fundamental regular no Sul e Sudeste abandonam a escola. O baixo rendimento nos sistemas de ensino contribui diretamente para as distorções em todo o fluxo escolar. O Gráfico 4 mostra o tempo médio de conclusão esperado para o ensino fundamental. Entre 1998 e 2001 esse tempo permaneceu relativamente estável, em aproximadamente 10 anos, quando o estudante deveria levar oito anos para concluir o ensino fundamental. Gráfico 4 – Taxa de aprovação, reprovação e abandono – Ensino fundamental Brasil e Regiões – 2003 Fonte: MEC/Inep Relatório Nacional Saeb 2003 21 Os prejuízos decorrentes da ineficiência dos sistemas de ensino, até agora discutidos em função das taxas de transição de fluxo escolar, são enormes. Afetam crianças e jovens que não conseguem concluir o ensino fundamental ou concluemno após sucessivas reprovações; e também a sociedade, que vê parte significativa de recursos públicos sendo desperdiçada. Estima-se que, em 2001, de cada 100 alunos que haviam ingressado na primeira série do ensino fundamental, perto de 48 não conseguiram terminar esse nível de escolarização. A taxa média esperada de conclusão do ensino fundamental cresceu de 51,9%, em 1995, para 65,8%, em 1997, caindo um pouco nos anos subseqüentes. Gráfico 5 – Tempo médio esperado para conclusão do ensino fundamental – Brasil Fonte: MEC/Inep De 1999 a 2003, a idade média de conclusão do ensino fundamental permaneceu constante em 15 anos. No ensino privado, correspondeu sempre ao ideal: 14 anos de idade. O principal resultado das ações tomadas com base no diagnóstico feito por Fletcher, Klein e Ribeiro foi a adoção de políticas públicas de redução das taxas de repetência, por meio dos sistemas de ciclos e redução da distorção da idade-série com a instalação de turmas de aceleração. Em conseqüência de tais ações houve queda da taxa média de repetência no ensino fundamental de 33,5%, em 1991, para 19,5%, em 2002. 22 Relatório Nacional Saeb 2003 Contudo, esse patamar ainda é elevado. Muitos alunos acabam sendo “expulsos” da escola e não concluem o ensino fundamental. Esse processo, chamado por Sérgio Costa Ribeiro de “Pedagogia da Repetência”, atinge com muito mais intensidade os mais pobres e desfavorecidos. A distorção idade-série no ensino fundamental melhorou em todos os anos, de 1999 a 2003, de forma linear, mas ainda é considerada muito elevada. O abandono continua sendo um problema sério, principalmente no Norte, Nordeste e Centro-Oeste. O problema é mais grave a partir da sétima série, mas a taxa ainda é muito elevada também na primeira série do ensino fundamental. 1.1.2 Ensino médio A Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional, Lei nº 9.394, de 20 de dezembro de 1996, estabelece, no seu Artigo 10º, que “os Estados incumbir-seão de assegurar o ensino fundamental e oferecer, como prioridade, o ensino médio”. Na prática, os Estados têm se incumbido cada vez mais de oferecer o ensino médio e os municípios, cada vez mais a responsabilidade pela oferta no ensino fundamental. A demanda pelo ensino médio no Brasil tem crescido nos últimos anos, em relação direta com o aumento no número de jovens concluintes do ensino fundamental. Isso pode ser confirmado pelo aumento do número de matrículas: de 1999 a 2003, as matrículas iniciais no ensino médio aumentaram todos os anos, crescendo de 7.769.199 em 1999 para 9.072.942 em 2003 (aumento de 16,8%). Esse aumento corresponde quase exatamente ao número de alunos concluintes do ensino fundamental de 2.323.207, em 1998, para 2.778.033, em 2002 (16,6%). Tabela 4 – Matrículas iniciais no ensino médio – Brasil – 1999 a 2003 Fonte: MEC/Inep O número de concluintes do ensino médio aumentou em 22,7% no período, passando de 1.535.943, em 1998, para 1.884.874, em 2002. Houve 2.778.033 concluintes do ensino fundamental nesse mesmo ano. No ano 2000, último ano para o qual a taxa de escolarização líquida foi calculada, apenas uma pessoa em três na faixa de 15-17 anos de idade estava matriculada no ensino médio. Ao mesmo tempo, o aumento das matrículas no ensino médio na faixa adequada (de 15-17 anos) foi de 31,9%. Em 2003, apenas 49,3% dos alunos de ensino médio (4.470.266 de 9.072.942) estavam dentro dessa faixa, contudo. Além do número de matrículas no ensino médio ter crescido, outro avanço importante foi o aumento da taxa de atendimento. Segundo os respectivos Censos Demográficos, a taxa de atendimento às pessoas de 15 a 17 anos de idade aumentou de 49,7%, em 1980, para 83,0%, em 2000. Contudo, tais avanços convivem com problemas de eficiência dos sistemas de ensino. No ensino médio, a distorção idade-série é de 49,3% (dados de 2003). E, em 2000, a expectativa de conclusão Relatório Nacional Saeb 2003 23 6 Ver: Geografia da educação brasileira. Brasília:Inep, 2001. 7 Em algumas escolas de ensino médio existe a quarta série. Em 1999, 144.284 pessoas matricularam-se nesse nível; em 2003, o número havia caído para 64.238. Isto representou menos de 3% do número de matrículas na 3ª série do EM. para cada grupo de 100 estudantes que ingressavam, era de 74. 6 Como no ensino fundamental, as taxas de transição (promoção, repetência e evasão) refletem as taxas de rendimento (aprovação, reprovação e abandono). A Tabela 5 apresenta as taxas de rendimento para o ensino médio. A taxa de reprovação subiu, entre os anos de 1999 a 2002, de 7,2% para 9%. Com relação à taxa de abandono, houve um decréscimo de 16,4% para 15,1%, para o mesmo período. A Tabela 6 mostra as taxas de transição do ensino médio. De 1991 a 1998, a taxa de repetência havia caído de 30,7% para 17,2%, com inversão da tendência a partir de 1999. Tendência semelhante, porém menos nítida, se verifica no caso de evasão, que subiu de 6,2%, em 1991, para 8,3%, em 1995, caindo em seguida para 5,7%, em 1998, e voltando a subir nos dois anos seguintes, até cair novamente em 2001. Tabela 5 – Taxas de rendimento do ensino médio – Brasil – 1999 a 2002 Fonte: MEC/Inep Tabela 6 – Taxas de transição do ensino médio – Brasil – 1981 a 2003 Fonte: MEC/Inep Refletindo, sem muita nitidez, essas tendências, o tempo médio esperado para a conclusão do ensino médio, que havia baixado de 4,0 anos em 1995 para 3,6 anos, em 1998, subiu de 3,6 anos, em 1999, para 3,7 anos, em 2001. De 1999 para 2000, a idade média de conclusão do ensino médio diminuiu de 24 Relatório Nacional Saeb 2003 19 para 18 anos de idade. O ideal seria que, tendo concluído o ensino fundamental aos 14 anos, o aluno fizesse a primeira série do ensino médio aos 15 e a terceira série, aos 17.7 De 2001 para 2002, a idade média de conclusão do ensino médio caiu de 18 para 17 anos nas escolas particulares. O percentual de alunos no ensino médio com mais de 17 anos de idade caiu de 55,2%, em 1999, e 55,7%, em 2000, para 49,9%, em 2003. Nas escolas particulares, esse percentual caiu de 32,4% em 1999, para 23,2% em 2003. Entre 1999 e 2003, o índice de distorção idade-série diminuiu de 54,8 para 49,3 no ensino médio em geral. Tais números mostram algumas melhorias, mas a eficiência do sistema, medida pelo fluxo escolar, ainda é baixa. No caso do ensino médio no Brasil, a expansão quantitativa de 16,8% nas matrículas entre 1999 e 2003 indica uma demanda social cada vez mais forte. Mas, além de corrigir o fluxo educacional, há necessidade de investimentos, principalmente na formação de docentes para atuarem nesse nível de ensino. O Ministério da Educação calcula que existe um déficit de 250 mil professores, em todo o Brasil, sendo a carência mais dramática nas áreas de Matemática, Física, Química e Biologia. 1.2 Comparações internacionais O Índice de Desenvolvimento Humano (IDH), calculado pelas Nações Unidas, é composto a partir de três dimensões: longevidade, renda e educação. Esta última dimensão é constituída por dois indicadores: a taxa de alfabetização de adultos (pessoas com mais de 15 anos de idade) e a taxa de matrícula bruta no ensino básico e superior. De acordo com IDH, o Brasil está situado entre os países de Desenvolvimento Médio. O IDH do Brasil vem evoluindo favoravelmente desde o início da série histórica deste indicador, há quase três décadas: 0,643 em 1975; 0,678 em 1980; 0,691 em 1985; 0,712 em 1990; 0,738 em 1995; e 0,777 em 2001. Em 2001, o Índice de Educação para o Brasil foi de 0,88. No Relatório de Monitoramento Global, feito pela Unesco, o Brasil aparece na 72ª colocação no Índice de Desenvolvimento do “Educação para Todos”, entre os 127 países que assinaram a Declaração de Dacar no Fórum Mundial de Educação, no Senegal, em 2000. Essas 127 nações se comprometeram a tomar seis medidas para melhorar o ensino em suas escolas: garantir o acesso a cuidados e à educação para a primeira infância; garantir a educação primária (ensino fundamental) universal; criar oportunidades aprimoradas de aprendizado para jovens e adultos; gerar um aumento de 50% em taxas de alfabetização de adultos; promover a igualdade de gênero; e melhorar todos os aspectos da qualidade da educação. Para implementar essas ações, os países têm dois prazos. Os objetivos de curto prazo precisam ser atingidos até 2005 e os de longo prazo até 2015. O Índice de Desenvolvimento do “Educação para Todos” é baseado em indicadores para as quatro metas que podem ser mais facilmente mensuradas: educação primária universal, alfabetização de adultos, qualidade (utilizando como indicador a taxa de permanência dos alunos até a 5ª série) e paridade de gênero. Na primeira dessas metas, o Brasil está no 32º lugar no ranking global; na segunda, está no 67º e, na paridade de gênero, na 66ª colocação. No entanto, no índice que mede a qualidade do ensino, o país está em 87º lugar. Ainda assim, o relatório da Unesco elogia algumas iniciativas brasileiras de promover a qualidade de ensino, como o programa Bolsa Escola, o Fundef e a capacitação de professores por meio de ensino a distância. Entre os 16 países da América Latina, o Brasil está em 10º lugar no ranking. O encontro do Grupo de Alto Nível de Educação para Todos, promovido pela Unesco em Brasília, em novembro de 2004, deixou uma advertência a todos os países, pobres e ricos: falta dinheiro para que as metas de “Educação para Todos” sejam atingidas, mas também Relatório Nacional Saeb 2003 25 26 8 A última pesquisa confiável sobre o assunto, do Inep, mostra os dados de 1994 a 1999. O percentual do PIB gasto em educação permaneceu praticamente constante de 1994 a 1997, a 3,8-3,9%. Em 1998 e 1999 foi de 4,2% e 4,3%, respectivamente. O percentual foi mais elevado nas regiões mais pobres (onde o denominador da equação, o produto bruto, é inferior): 7,4% no Nordeste, 6,8% no Norte e 5,5% no CentroOeste em 1999. Está previsto um crescimento de 5,2% do PIB em 2004, o melhor resultado desde 1994 (5,9%). Evidentemente, o gasto terá que aumentar tanto quanto o PIB para manter o mesmo nível percentual. 9 Ver MEC/Inep 2000: Relatório Nacional. 10 Ver “melhora desempenho brasileiro no Pisa”. Disponível em: http://inep.gov.br/ imprensa/noticias/ outras/ news04_51.ht. Relatório Nacional Saeb 2003 falta comprometimento com melhor gerenciamento e transparência. A avaliação da Unesco é de que o investimento ideal por país deve equivaler a 6% do Produto Interno Bruto (PIB). Boa parte dos países que precisam melhorar seus indicadores não chega a esse nível. No Brasil, o investimento hoje está estimado em 4,2% do PIB.8 De acordo com o Relatório de Monitoramento Global do “Educação para Todos”, boa parte desse investimento não é usada no ensino fundamental, que receberia o equivalente a apenas 1,2% do PIB. Em 2000, o Brasil participou pela primeira vez do Programa Internacional de Avaliação de Alunos (Pisa).9 O Pisa tem os seguintes objetivos: 1) avaliar conhecimentos e habilidades que são necessários em situações da vida real; 2) relacionar diretamente o desempenho dos alunos a temas de políticas públicas; e, 3) permitir o monitoramento regular dos padrões de desempenho. A avaliação realizada em 2000 enfatizou a Leitura. O Pisa é promovido pela Organização para Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE). Dos 32 países participantes em 2000, quatro (Brasil, Federação Russa, Letônia e Liechtenstein) participaram como convidados. Dos países convidados, os três primeiros, juntamente com Luxemburgo e México, foram os últimos colocados, sendo que o Brasil esteve em último lugar. O Brasil mostrou alguns avanços na segunda edição do Pisa, em 2003.10 Foi o que mais cresceu em duas das áreas avaliadas e Matemática, melhorou em Ciências e manteve o desempenho de 2000 em Leitura. Pretendendo verificar como as escolas estão preparando os jovens para os desafios futuros, a prova do Pisa foi aplicada a 250 mil adolescentes com 15 anos de idade em 41 países, na maioria membros da OCDE, que inclui todas as 30 nações. Da América Latina, participaram Brasil, Uruguai e México. No Brasil, o Pisa foi realizado pelo Inep entre os dias 18 e 29 de agosto de 2003, em 229 escolas das cinco regiões, distribuídas entre estabelecimentos das zonas urbana e rural, das redes pública e privada. Por meio de 60 perguntas (a maioria de Matemática e o restante dividido entre Leitura e Ciências), foram avaliados 4.452 alunos. O Pisa aplica testes com ênfases distintas em três áreas. Em 2000, o foco era na Leitura, com Ciências e Matemática em segundo plano. Em 2003, a área principal foi a Matemática. Em 2006, a avaliação terá ênfase em Ciências e, em 2009, a Leitura volta a ser avaliada com mais profundidade. No comparativo entre a prova de Matemática do ano passado e a última de que o Brasil participou, em 2000, o País subiu de 300 para 350 pontos na área de conteúdo “Espaço e Forma”. Nesta, os quatro países que apresentaram melhoras nos desempenhos foram a Bélgica, o Brasil, a Indonésia e a Letônia. Em “Mudança e Relação”, outra das quatro áreas de conteúdo de Matemática, o Brasil também avançou. Passou de 263 para 333 pontos, atingindo o maior aumento de desempenho entre os 41 países avaliados. Dentro de uma classificação elaborada pela OCDE, dez países apresentaram maior crescimento: Brasil, Bélgica, Canadá, República Tcheca, Alemanha, Coréia, Polônia, Portugal, Letônia e Liechtenstein. Mais de 25% dos alunos brasileiros, mexicanos, portugueses, espanhóis, norteamericanos e uruguaios estiveram na mesma faixa de desempenho, sem alcançar o nível 2 de uma pontuação de 0 a 6. Na escala geral de Matemática, o resultado do Brasil foi de 356 pontos. No entanto, estatisticamente não há diferença entre os resultados da Indonésia (360), Tunísia (359) e Brasil (356), já que é necessário levar em consideração uma margem de erro no cálculo da pontuação brasileira de 9,4 pontos, para cima ou para baixo, com 95% de confiança na estimativa. Na escala geral de Leitura, o Brasil não mostrou variação, se comparado com 2000 (403 pontos). Em Ciências, verificou-se uma melhora, tendo passado de 375 pontos, em 2000, para 390 na avaliação de 2003. A ligeira melhora dos resultados brasileiros no Pisa 2003 é atribuída a uma queda da distorção idade-série, ainda alta no Brasil, mas que, em 2000, ano da última avaliação, era maior. A diferença entre as séries em que estão estudantes brasileiros de 15 anos e os alunos dos demais países da OCDE é apontada como a causa principal do desempenho brasileiro nessa avaliação. Mas houve avanços, e eles acompanham a onda de correção dessa distorção, que começou nas séries iniciais e que, em poucos anos, deve alcançar as séries mais avançadas. O relatório nacional de avaliação dos dados do Pisa 2000, já havia apontado a distorção idade-série como importante na definição das posições que os países ocupam na avaliação. O atraso escolar, alto no Brasil, não é um fenômeno comum nos países da OCDE, com algumas exceções – Portugal e Itália. Isso é conseqüência de vários fatores, entre os quais a forma de organização do sistema, que, em geral, é feita a partir da idade do aluno e não por série, como é o caso brasileiro. O documento informava que, mesmo em países desenvolvidos, como Estados Unidos, Bélgica e Espanha, quando há distorção, o rendimento dos alunos diminui. No ano de 2000, a média obtida pelos estudantes com oito anos de estudo colocava essas nações ricas nos níveis elementares de desempenho, chegando a ser inferiores aos dos brasileiros. Nos Estados Unidos, por exemplo, a pontuação caía de 510 para 351 quando eram comparadas as notas médias dos alunos com nove ou mais anos de estudo com as dos estudantes que estavam na escola havia oito anos. Na Bélgica, a queda ia de 517 para 348 pontos. Mas, como nesses países o atraso escolar é muito baixo, ele tem pouca repercussão na média geral. Assim, nos Estados Unidos 67% dos estudantes com distorção idade-série – oito anos de estudo – tiveram em 2000 um desempenho semelhante ao dos brasileiros na mesma situação. Na Espanha e no México, 72% e 85% dos alunos, respectivamente, ficaram colocados no último patamar de rendimento ou abaixo dele. Naquele ano, entre os estudantes brasileiros sem distorção idade-série, ou seja, aqueles com nove anos ou mais de estudos, 35% alcançaram o nível dois de rendimento, numa escala com cinco patamares de desempenho. Foi o mesmo atingido por países como Polônia, Grécia, Letônia, Rússia, Luxemburgo e México. Outros 19% ficaram no terceiro nível, 5% no nível quatro e 1% no patamar mais elevado. A média geral do Brasil colocou o País no nível um na escala de rendimento. O impacto do atraso escolar fica evidente quando a comparação é feita com adolescentes brasileiros de 15 anos que cursavam a 8ª série do ensino fundamental – aqueles que tinham um ano de atraso escolar. Segundo o estudo, 72% deles situavam-se no primeiro degrau de desempenho ou abaixo dele. No Brasil, devido ao alto índice de distorção idade-série, metade dos adolescentes que participaram do Pisa, estava matriculada no ensino fundamental, principalmente nas 7ª e 8ª séries. Dessa forma, na aplicação da avaliação no Pisa, um contingente expressivo de alunos respondeu a testes com conteúdos aos quais ainda não haviam sido expostos na escola. O relatório do Pisa destacava, ainda, que o percentual de alunos abaixo do nível considerado mais elementar era bastante elevado nos diversos países com estudantes de 15 anos com menos de oito anos de estudo. Além do Brasil, estavam na mesma situação Hungria, México, Portugal, República Checa e LuRelatório Nacional Saeb 2003 27 28 11 Ver: MONLEVADE, João Antonio Algumas Reflexões sobre a Transição FundefFundeb. 2004. Disponível em: http://www.cnte.org. b r / f u n d e b / Tr a n s i c a o _ FUNDEB.pdf). 12 Marcos Mendes, em “Descentralização do Ensino Fundamental: Avaliação de Resultados do Fundef ” (Disponível em: http://www. ipea.gov.br/pub/ppp/ppp24/ parte2.pdf), conclui que “O Fundef parece ter atingido seus principais objetivos ao exercer importante impacto sobre o ensino fundamental, principalmente por meio da elevação do grau de escolaridade dos professores, do aumento da duração dos turnos de aula, do total de alunos matriculados, do número de professores em atividade, bem como da redução do atraso escolar ao substituir prioridades (favorecendo, com isso, as despesas com professores e alunos em detrimento das despesas com infra-estrutura), além de estimular a municipalização do ensino (...) além de ter havido progresso dos indicadores em todas as regiões do país, houve também uma nítida minimização das desigualdades nacionais, com os municípios de regiões atrasadas e de baixo ICV tendo uma melhor performance relativa. Não obstante, há evidências de que é justamente nesses municípios, em especial naqueles que recebem recursos complementares da União, que se concentram as fraudes e a má gestão dos recursos do Fundef...”. As denúncias por má gestão e/ou fraude concentraram-se em apenas dois Estados: Bahia (41%) e Ceará (24%). Relatório Nacional Saeb 2003 xemburgo. Em 2003, menos da metade dos alunos participantes do Pisa (46,3%) estava no primeiro ano do ensino médio, ou seja, na série adequada para a idade. Na sétima série foram 11,84% e na oitava, 21,86%; no ensino médio foram 19,47% na segunda série e 0,52% na terceira. 1.3 O Fundef O Fundo de Manutenção e Desenvolvimento do Ensino Fundamental e de Valorização do Magistério (Fundef) foi instituído pela Emenda Constitucional nº 14, de setembro de 1996, e regulamentado pela Lei nº 9.424, de 24 de dezembro do mesmo ano, e pelo Decreto nº 2.264, de junho de 1997. O Fundo foi implantado, nacionalmente, em 1º de janeiro de 1998, quando passou a vigorar a nova sistemática de redistribuição dos recursos destinados ao ensino fundamental. A maior inovação do Fundef consiste na mudança da estrutura de financiamento do ensino fundamental no País, ao subvincular a esse nível de ensino uma parcela dos recursos constitucionalmente destinados à Educação. A Constituição de 1988 vincula 25% das receitas dos Estados e municípios à educação. Com a Emenda Constitucional nº 14/96, 60% desses recursos (o que representa 15% da arrecadação global de Estados e municípios) ficam reservados ao ensino fundamental. Além disso, introduz novos critérios de distribuição e utilização de 15% dos principais impostos de Estados e municípios, promovendo a partilha de recursos entre o governo estadual e os municípios, de acordo com o número de alunos atendidos em cada rede de ensino. Genericamente, um fundo pode ser definido como o produto de receitas específicas que, por lei, vincula-se à realização de determinados objetivos. O Fundef é caracterizado como um fundo de natureza contábil, com tratamento idêntico ao Fundo de Participação dos Estados (FPE) e ao Fundo de Participação dos Municípios (FPM), dada a automaticidade nos repasses de seus recursos aos Estados e municípios, de acordo com coeficientes de distribuição estabelecidos e publicados previamente. As receitas e despesas, por sua vez, deverão estar previstas no orçamento, e a execução contabilizada de forma específica. Apesar das dificuldades enfrentadas, podemos concluir que houve três êxitos do Fundef:11 1) Por meio do mecanismo de distribuição dos 15% vinculados pelo critério de matrículas em cada rede, o Fundef diminuiu drasticamente as diferenças de custo-aluno entre os governos estaduais e os municipais, dando, na maioria dos casos, vantagens para os municípios (que tinham menos arrecadação e mais encargos); 2) Por meio da subvinculação de 60% dos recursos repassados, conforme o valor mínimo anual por aluno, para o pagamento de professores em exercício, o Fundef protegeu o nível salarial do magistério, propiciando, inclusive, grandes aumentos onde as remunerações eram irrisórias e incentivando a prática gerencial de uma relação de mais aluno por professor;12 3) Por meio das contas específicas no Banco do Brasil e da formação de Conselhos de Acompanhamento e Controle, o Fundef aumentou a transparência do financiamento e diminuiu os desvios das verbas vinculadas. 1.4 Políticas coordenadas pelo Ministério da Educação Ainda com relação às políticas de abrangência desenvolvidas com forte coordenação e participação direta do Ministério da Educação cabe mencionar o Plano Nacional de Educação, o Programa Nacional do Livro Didático, o Programa Nacional de Alimentação Escolar e o Transporte Escolar. O Plano Nacional de Educação foi promulgado em 2000, com metas estabelecidas para um horizonte de dez anos. Em síntese, o Plano tem como objetivos: – a elevação global do nível de escolaridade da população; – a melhoria da qualidade do ensino em todos os níveis; – a redução das desigualdades sociais e regionais no tocante ao acesso e à permanência, com sucesso, na educação pública; e – a democratização da gestão do ensino público, nos estabelecimentos oficiais, obedecendo aos princípios da participação dos profissionais da educação na elaboração do projeto pedagógico da escola e a participação das comunidades escolar e local em conselhos escolares ou equivalentes. O Programa Nacional do Livro Didático avalia e distribui livros didáticos e dicionários para todos os alunos da rede pública de ensino fundamental, em Língua Portuguesa, Matemática, Ciências, História e Geografia. A partir de 2003, o governo federal ampliou o programa, com a inclusão de escolas públicas de educação especial e instituições privadas definidas como comunitárias e filantrópicas. Em 2004, o MEC adquiriu 111 milhões de livros didáticos para atender 30,9 milhões de alunos, em cerca de 150 mil escolas, num investimento de R$ 604 milhões. Em 2005, pela primeira vez, o MEC distribuirá livros didáticos para alunos da rede pública do ensino médio, para melhorar esta etapa da educação básica nas regiões mais carentes do País. Inicialmente, serão distribuídos 2,7 milhões de livros de Português e Matemática para 1,3 milhão de alunos da 1ª série do ensino médio de 5.392 escolas públicas do Norte e Nordeste. O investimento é de R$ 39,4 milhões. Em 2006, todos os alunos das três séries do ensino médio receberão livros dos componentes curriculares de Língua Portuguesa e Matemática. A definição do quantitativo de exemplares a ser adquirido é feita pelas próprias escolas, em parceria com as secretarias estaduais e municipais de educação. Os dados disponibilizados pelo censo escolar feito pelo Inep servem de parâmetro para todas as ações do FNDE, inclusive para o PNLD. Os resultados do processo de escolha são publicados no Diário Oficial da União, para conhecimento dos Estados e municípios. O PNLD é mantido pelo FNDE com recursos financeiros do Orçamento Geral da União e da arrecadação do salárioeducação. Para melhorar a qualidade do livro didático, o MEC fez uma ampla revisão do conteúdo dos títulos usados em sala de aula. Em 1995, ano em que se instalaram as Comissões de análise da qualidade dos textos didáticos, a Fundação de Assitência ao Estudante (FAE) eliminou da lista oferecida aos professores 20% dos títulos que eram considerados de péssima qualidade. Essa análise do conteúdo é permanente. A maior preocupação do Ministério é fazer com que o livro chegue às mãos dos estudantes antes do início das aulas. Para tanto, existe um quadro técnico envolvido exclusivamente numa operação de acompanhamento das etapas de entrega do livro, desde a sua saída das editoras até Relatório Nacional Saeb 2003 29 a sua chegada às salas de aulas. Durante todo o ano de 1995, o ritmo de trabalho foi acelerado para cumprir a missão e, graças ao apoio que a Fundação recebeu dos Correios, o livro didático, pela primeira vez, chegou em 90% dos municípios brasileiros dentro do prazo certo. Quanto ao Programa Nacional de Alimentação Escolar (Pnae), a sua descentralização vem ocorrendo progressivamente e, hoje, praticamente beneficia todos os mais de 5.560 municípios brasileiros e cerca de 34 milhões de crianças. Os recursos repassados a Estados e municípios – R$ 660 milhões – garantiram em 1995, uma refeição diária durante 170 dias letivos. Em 2003, com o Programa Fome Zero, o valor per capita para o ensino fundamental passou de 6 para 13 centavos. A missão do Pnae é de contribuir para a formação de hábitos alimentares saudáveis por meio da garantia da oferta de, no mínimo, uma refeição diária durante permanência da criança na escola, e que essa refeição atenda às suas necesidades alimentares, contribuindo para a efetivação do processo de ensino-aprendizagem. O Ministério da Educação executa dois programas voltados ao transporte dos estudantes que vivem na área rural: o Programa Nacional de Transporte Escolar (PNTE) e o Programa Nacional de Apoio ao Transporte do Escolar (Pnate). O Programa Nacional de Transporte Escolar (PNTE) foi criado por meio da Portaria Ministerial nº 955, de 21 de junho de 1994, com o objetivo de contribuir financeiramente com os municípios e organizações não-governamentais para a aquisição de veículos automotores destinados ao transporte 30 Relatório Nacional Saeb 2003 diário dos alunos da rede pública de ensino fundamental residentes na área rural e das escolas de ensino fundamental que atendam alunos com necessidades educacionais especiais. A partir de 2004, o Programa Nacional de Transporte Escolar foi modificado e, agora, consiste no repasse de recursos financeiros somente às organizações não-governamentais sem fins lucrativos que mantenham escolas especializadas de ensino fundamental, atendendo alunos com necessidades educacionais especiais. As entidades recebem, em uma única parcela, o valor máximo de R$ 30.000,00, mediante celebração de convênio, para aquisição de veículo escolar zero quilômetro. O Programa Nacional de Apoio ao Transporte do Escolar (Pnate) foi instituído pela Lei nº 10.880, de 9 de junho de 2004, com o objetivo de garantir o acesso e a permanência nos estabelecimentos escolares dos alunos do ensino fundamental público residentes em área rural que utilizem transporte escolar, por meio de assistência financeira, em caráter suplementar, aos Estados, Distrito Federal e municípios. O Pnate consiste na transferência automática de recursos financeiros, sem necessidade de convênio ou outro instrumento congênere, para custear despesas com a manutenção de veículos escolares pertencentes às esferas municipal ou estadual e para a contratação de serviços terceirizados de transporte, tendo como base o quantitativo de alunos transportados e informados no censo escolar realizado pelo Inep/MEC relativo ao ano anterior ao do atendimento. A série histórica do Saeb: 1995 a 2003 2 Nesta parte do relatório é feita uma análise da série histórica dos resultados do Saeb de 1995 a 2003 para o Brasil e as grandes regiões geográficas do País. Nesse período, os resultados de proficiência são comparáveis. Isso se deve à utilização da Teoria de Resposta ao Item, a qual – pela combinação de pressupostos desenvolvidos pela psicometria com modelos estatísticos e matemáticos –, permite comparar as médias de desempenho de grupos populacionais diversos que responderam a diferentes testes em anos distintos. A análise do desempenho dos estudantes por meio das médias de proficiência irá observar como eixos centrais: - a tendência do primeiro ao último ano da série histórica até 2001; - comportamento das médias frente à média mínima satisfatória; e - a tendência verificada comparando-se os intervalos de confiança das médias obtidas em 2003 frente às de 2001. Nesta perspectiva, três são as situações possíveis: estabilidade, quando houver intersecção entre os intervalos de confiança; e crescimento ou decréscimo das médias, quando entre estas não houver coincidência entre os intervalos de confiança. Inicialmente são apresentados os resultados de Língua Portuguesa com as proficiências médias em Leitura, para as 4ª e 8ª séries do ensino fundamental e para o 3° ano do ensino médio. Em seguida são explanados os resultados de Matemática. 2.1 Resultados em Língua Portuguesa O Gráfico 6 apresenta as médias de proficiência em Leitura na 4ª série do ensino fundamental. Para uma melhor interpretação dos dados é preciso observar que, após quatro anos de escolarização, a média mínima satisfatória na escala do Saeb é da ordem de 200 pontos. Considerase que os indivíduos com proficiência próxima à média mínima desenvolveram habilidades de leitura condizentes com uma alfabetização plena e também um nível de letramento suficiente para garantir uma trajetória de sucesso ao longo dos anos subseqüentes da escolarização básica. Desde o início da série comparável, a média de proficiência no Brasil está abaixo do mínimo satisfatório. Isso ocorreu em todos os ciclos de avaliação. Em 1995, o País estava 12 pontos distante dos 200 e em 2003 estava a 31 pontos, revelando uma queda constante nas proficiências médias. Em relação a 2001, houve uma melhora de desempenho de 4,3 pontos, Relatório Nacional Saeb 2003 33 medida pela avaliação de 2003. Esta melhoria é estatisticamente significativa, pois os intervalos de confiança de ambas as médias não é coincidente. Deve-se aguardar a próxima avaliação e esperar que mudanças positivas ocorram no maior número de Estados para que ela não seja pontual e se configure como tendência sólida, já que a média geral reflete as estaduais. O crescimento na proficiência média do Brasil foi resultado de melhorias ocorridas nas Regiões Nordeste e Centro-Oeste, nos Estados de Sergipe e Mato Grosso do Sul, de maneira mais acentuada. Houve também crescimento no Acre, em Tocantins, no Rio Grande do Norte, em Pernambuco, na Bahia, em Mato Grosso e no Distrito Federal. Nesses Estados, contudo, o movimento de melhoria foi de menor impacto. Foi constatado por meio da estimação de um intervalo de confiança menor, portanto com maior possibilidade de não haver intersecção entre as médias analisadas. Gráfico 6 – Média de proficiência em leitura – 4ª série do ensino fundamental Brasil – 1995 a 2003 Fonte: MEC/Inep O Gráfico 7 apresenta as médias de proficiência em Língua Portuguesa de cada uma das regiões geográficas do Brasil. Todas as regiões estão abaixo da média mínima satisfatória, sendo que a distância é maior em 2003 do que era em 2001, em todas as regiões. Isso é coerente com a afirmação que, de maneira geral, houve queda da proficiência em todo o Brasil. As diferenças entre as regiões reafirmam no setor educacional as fortes desigualdades sociais e econômicas existentes no Brasil. Conforme evidencia o Gráfico 7, a proficiência estimada a partir da avaliação de 2003 nas Regiões Sul, Sudeste e Centro-Oeste está acima 34 Relatório Nacional Saeb 2003 da média nacional. As Regiões Norte e Nordeste estão abaixo deste patamar. Em todas as regiões a tendência entre 1995 e 2001 foi de declínio das médias, assim como na média nacional. Comparando-se o primeiro e o último ano da série histórica, a diferença de pontos foi mais acentuada nas Regiões Nordeste e Centro-Oeste: em ambas a média de proficiência em 2003 está cerca de 20 pontos abaixo da registrada em 1995. Em relação a 2001, o resultado de 2003 da avaliação da 4ª série em Leitura mostra estabilidade nas Regiões Sul, Sudeste e Norte. Por outro lado, nas Regiões Nordeste e Centro-Oeste houve melhoria do desempenho. As médias destas duas regiões nos dois últimos ciclos de avaliação não se encontram no mesmo intervalo de confiança, não existindo interseção entre tais intervalos. As desigualdades regionais revelam ainda uma indesejável estabilidade ao longo do período. Tal quadro sugere aos formuladores de políticas públicas no Brasil a necessidade de refletir sobre a adoção de políticas educacionais focadas, objetivando reduzir as diferenças. Gráfico 7 – Média de proficiência em leitura na 4ª série do ensino fundamental Regiões – 1995 a 2003 Fonte: MEC/Inep A análise dos resultados em Língua Portuguesa da 8ª série do ensino fundamental indica que, de maneira geral, o comportamento é muito parecido com o que se verificou na 4ª série. Em ambas as séries, a média geral do país manteve-se abaixo do mínimo de qualidade exigido do ensino-aprendizagem. Para os concluintes do ensino fundamental o mínimo é de 300 pontos de proficiência em Leitura, medidos na escala do Saeb. Na 8ª série, também se constatou uma estabilidade de tendência de 2003 em relação a 2001. Neste aspecto, o quadro geral desta série é similar ao da 4ª série, mas não se pode afirmar de forma conclusiva que a tendência de queda, claramente mais acentuada até 2001, tenha sido revertida. Para consolidar uma nova tendência é necessário que os resultados do próximo ciclo confirmem a estabilidade. O quadro geral de estabilidade de comportamento das médias em cada uma das regiões brasileiras acompanha a situação do País. Contudo, em alguns Estados houve uma queda, aferida por meio da comparação de intervalos de confiança das estimativas entre 2001 e 2003. A situação mais grave é a de Rondônia com queda de 14 pontos, verificada na comparação mais rigorosa. Na comparação menos rigorosa, houve queda ainda nos seguintes Estados: Pará, Rio Grande do Norte, Minas Gerais, Espírito Santo e Mato Grosso. Relatório Nacional Saeb 2003 35 Gráfico 8 – Média de proficiência em leitura na 8ª série do ensino fundamental Brasil – 1995 a 2003 Fonte: MEC/Inep Gráfico 9 – Média de proficiência em leitura – 8ª série do ensino fundamental Regiões – 1995 a 2003 Fonte: MEC/Inep. Entre as regiões brasileiras, a Sudeste, a Centro-Oeste e a Sul estão um pouco acima da média nacional. As Regiões Nordeste e Norte estão abaixo. Contudo, todas se encontram muito aquém da média mínima satisfatória (300 pontos). Essa distância aumentou ao longo da série histórica. Houve uma redução das desigualdades, mas a aproximação entre as regiões ocorre num patamar baixo de desempenho. 36 Relatório Nacional Saeb 2003 A média de proficiência em Leitura dos estudantes brasileiros da 3ª série do ensino médio, conforme estimativa do Saeb em 2003, foi de 266,7 pontos. É um patamar abaixo do que seria mais apropriado e pedagogicamente condizente com a conclusão da educação básica, em torno de 350 pontos na escala interpretada do Saeb. Ainda na 3ª série do ensino médio, a distância da média geral do Brasil em relação à média mínima satisfatória aumentou entre os anos de 1995 a 2003. No primeiro ano comparável, o hiato era de 60 pontos em média. No último ciclo de avaliação, a estimativa da média aponta uma diferença em torno de 83 pontos. O aumento da distância do patamar mais apropriado deu-se em função das quedas constantes da proficiência média do País ao longo do período. De todo modo, entre 2003 e 2001 houve um crescimento de 4,3 pontos que se revela significativo pelo procedimento de comparação de média menos rigoroso. Dentre os Estados brasileiros, e na mesma forma de comparação aplicada à média nacional, pode-se falar em crescimento no Maranhão – 19 pontos de diferença. Efetuando-se a comparação de forma menos rigorosa, portanto com menor intervalo de confiança, houve crescimento na Região Nordeste, com 71 pontos, e no Estado de Roraima, com 16,55 pontos. Gráfico 10 – Média de proficiência em leitura na 3ª série do ensino médio Brasil – 1995 a 2003 Fonte: MEC/Inep. Em comparação ao indicador nacional, a situação em quatro regiões é parecida – pois se verificou estabilidade em todas elas no resultado coletado em 2003 frente a 2001. Por outro lado, no Nordeste houve melhoria de desempenho. No entanto, o principal aspecto a se destacar relativamente à situação geral em cada uma das regiões é o fato de que elas estão abaixo do patamar mínimo esperado para o final da educação básica, em se tratando de proficiência em leitura. Essa tem sido a tônica desde 1995. Houve uma aproximação do desempenho médio das regiões ao longo do período, como se pode notar no Gráfico 11. Contudo, é uma aproximação no desempenho médio que ocorre num patamar muito baixo, revelando em todas as regiões um problema de eficiência dos seus sistemas de ensino. Relatório Nacional Saeb 2003 37 Gráfico 11 – Médias de proficiência em leitura na 3ª série do ensino médio Regiões – 1995 a 2003 Fonte: MEC/Inep A análise dos resultados em Língua Portuguesa no Saeb evidencia que, de maneira geral, as médias do Brasil estão abaixo do que seria aceitável. A mesma conclusão se aplica às regiões e aos Estados. Revela, ainda, que as distâncias se aprofundam conforme se avança nas séries, pois a distância da 4ª série frente ao mínimo é menor do que na 8ª série e esta, por sua vez, é menor do que no ensino médio. Como a escala é única para todas as séries no mesmo componente curricular, a análise comparativa entre elas é possível. Tal análise evidencia de forma nítida que os déficits de aprendizagem dos estudantes acumulam-se desde o início da escolarização. Para reverter essa situação fazse necessário melhorar a qualidade dos processos de ensino-aprendizagem nas séries iniciais, pois o reflexo dar-se-á em toda a etapa de escolarização básica. É preciso que os processos de alfabetização sejam efetivos, garantindo ao estudante que ingressa na 2ª série os pré-requisitos necessários ao bom letramento e à competência de leitura. São resultados que mostram, ainda, a necessidade premente de o ensino de Língua Portuguesa adotar como 38 Relatório Nacional Saeb 2003 eixo do trabalho docente a construção da competência lingüística entre os estudantes, seja na leitura seja na expressão escrita. Este eixo deve também orientar a qualificação dos professores e a produção de material didático. Essas medidas de orientação pedagógica, contudo, não minimizam a importância de mudanças no patamar de financiamento da educação. Nesse aspecto é preciso que o País aumente o volume de recursos destinados à educação. Um patamar próximo a 4% do PIB para a educação básica é o que investem os países que mais avançaram. É preciso melhorar os níveis de aprendizagem dos estudantes brasileiros, mas é importante também corrigir os problemas de efetividade do sistema escolar a partir dos indicadores de fluxo, notadamente a distorção idade-série, diminuindo a repetência e o abandono escolar. 2.2 Resultados em Matemática A média de proficiência mínima satisfatória para a 4ª série do ensino fundamental é de 200 pontos na escala interpretada do Saeb. Neste nível, a análise pedagógica avalia que as competências e habilidades na linguagem matemática irão permitir aos estudantes prosseguirem sua trajetória escolar com sucesso. Em se tratando de Matemática, a base é de suma importância pelos pré-requisitos que cada ano escolar fornece ao seguinte, por todos os 11 anos da educação básica. A progressão curricular observa, e deve considerar com muita acuidade, a necessidade de dispor os conteúdos curriculares de maneira lógica, observando o que é necessário consolidar para seguir adiante. Desde o início da série histórica do Saeb, a média nacional está abaixo do mínimo de 200 pontos, com tendência de queda acentuada até 2001. Em 1995, a distância era cerca de 10 pontos. Em 2003, a estimativa da média (177,1 pontos) revela uma distância do ponto satisfatório em torno de 23 pontos. A tendência medida pela comparação dos resultados de 2003 com os do ciclo anterior, 2001, revela estabilidade. As médias desses dois anos estão em intervalos de confiança com intersecção e, de maneira geral, esta é a situação verificada também em todas as regiões e Estados da Federação. Por outro lado, adotando-se um intervalo menor de comparação, portanto menos rigoroso, há variações entre 2003 e 2001. É o caso da Região Centro-Oeste, com aumento de 5,3 pontos na média, e também do Estado do Acre, com aumento de 6,7 pontos na média geral do Estado. Gráfico 12 – Média de proficiência em matemática na 4ª série do ensino fundamental Brasil – 1995 a 2003 Fonte: MEC/Inep. O resultado médio por região geográfica do País mostra que três regiões possuem médias acima da nacional: Sul, Sudeste e Centro-Oeste. Há duas com média abaixo da nacional: Norte e Nordeste. Isso revela um padrão de desigualdade semelhante aos resultados de proficiência em Leitura. Este padrão não se alterou de forma substancial ao longo do período comparável. Todas as regiões estão abaixo da média mínima, mas na Norte e na Nordeste há uma distância maior, cerca de 37 e 40 pontos, respectivamente. Relatório Nacional Saeb 2003 39 Gráfico 13 – Médias de proficiência em matemática na 4ª série do ensino fundamental Regiões – 1995 a 2003 Fonte: MEC/Inep. A trajetória dos resultados da 8ª série do ensino fundamental guarda uma forte semelhança com a da 4ª série, especialmente pela tendência comum de queda no período de 1995 a 2003. Porém, a queda da 8ª série foi menos acentuada entre o último ciclo de avaliação e o penúltimo, revelando neste último caso uma estabilidade, conforme estimativas mais rigorosas de intervalo de confiança. Por meio de estimativas menos rigorosas houve alterações em Rondônia, com uma queda de cerca de 7 pontos, e no Paraná, com uma melhora de 10,7 pontos. De maneira geral, portanto, a tônica foi a estabilidade, em nível nacional, regional e estadual nos dois últimos ciclos de avaliação. A distância da média relativamente ao ponto médio satisfatório na 8ª série é maior do que na 4ª série. Para a 8ª série é considerada minimamente significativa uma média de 300 pontos de proficiência na escala do Saeb. Gráfico 14 – Média de proficiência em matemática na 8ª série do ensino fundamental Brasil – 1995 a 2003 Fonte: MEC/Inep Os resultados das regiões caracterizam-se pela média superior à nacional alcançada por três regiões: Sul, Sudeste e 40 Relatório Nacional Saeb 2003 Centro-Oeste. As Regiões Norte e Nordeste têm médias abaixo da nacional. Este padrão de desigualdade não foi alterado de forma significativa ao longo dos anos, em se tratando do resultado da aprendizagem medido pela proficiência. Como exemplo, basta citar que entre o Sul e o Nordeste a diferença de proficiência de 27 pontos em 2001 foi a mesma encontrada em 2003. As desigualdades convivem com um baixo patamar de desempenho em todas as regiões do País. Uma forma clara de constatar isso é observando a distância da média pontual frente à média mínima satisfatória. Esta varia 42 a 70 pontos, conforme a região. Esse aspecto é tão relevante quanto o da desigualdade regional. Os resultados de todas as regiões seguem, ainda, um padrão parecido de tendência com quedas de 1995 a 2001 e uma estabilidade na última avaliação frente à penúltima. Uma melhoria geral da educação no Brasil, que seja consistente, deve observar a necessidade de diminuir as desigualdades. Na 3ª série do ensino médio, a média de proficiência no conhecimento matemático apontada como satisfatória é de 375 pontos. Neste nível, o aluno deve apresentar um conhecimento adequado das diversas representações dos números racionais, reconhecendo o valor posicional dos algarismos em um número decimal, operando com frações (por exemplo, Gráfico 15 – Médias de proficiência em matemática na 8ª série do ensino fundamental Regiões – 1995 a 2003 Fonte: MEC/Inep – Saeb 2003. somando frações com denominadores diferentes) e sabendo representá-las na reta. É também nesse nível que se demonstra o conhecimento a respeito de alguns tópicos importantes do final do ensino fundamental e do ensino médio. Os alunos sabem calcular áreas de figuras simples (triângulo, por exemplo); utilizar semelhança de triângulos; aplicar as razões trigonométricas na resolução de problemas; demonstram familiaridade com o plano cartesiano e sabem achar o ponto de interseção de duas retas. Conseguem, também, encontrar a lei que relaciona as duas colunas de uma tabela e sabem resolver problemas envolvendo funções afins ou exponenciais. Os alunos são capazes ainda de resolver problemas combinatórios utilizando o princípio multiplicativo, permutações ou arranjos e de calcular a probabilidade de um evento simples. A distância entre a média estimada e a mínima satisfatória dos estudantes brasileiros, em Matemática, mantevese praticamente constante ao longo do período de 1995 a 2003. Esta distância é considerável e maior do que a verificada nas outras séries investigadas pelo Saeb. Na verdade, ela é resultado de toda a educação básica: não é apenas o fruto da escolarização no ensino médio, mas reflexo também dos anos anteriores. Relatório Nacional Saeb 2003 41 Ao afirmar que a média mantém uma trajetória de estabilidade ao longo da série comparável, deve-se explicitar que tal estabilidade é inaceitável, pois evidencia um desempenho muito aquém do razoável. Não se constatam mudanças por meio da comparação dos intervalos mais rigorosos entre o ano de 2003 e o ciclo anterior, 2001. Pelos intervalos menos rigorosos, há dois casos a serem mencionados: uma queda da média de proficiência no Estado do Amazonas (11,7 pontos) e uma melhoria no Estado do Maranhão (13,9 pontos). O resultado das regiões mostra um padrão de tendência muito parecido com o da média geral e a tônica do período foi a estabilidade. Esta contribuiu para manter as diferenças entre as regiões. As Regiões Sudeste, Sul e Centro-Oeste estão acima das médias mínimas de proficiência; a Nordeste e a Norte, abaixo. Gráfico 16 – Média de proficiência em matemática na 3ª série do ensino médio Brasil – 1995 a 2003 Fonte: MEC/Inep – Saeb 2003. Gráfico 17 – Médias de proficiência em matemática na 3ª série do ensino médio Regiões – 1995 a 2003 Fonte: MEC/Inep – Saeb 2003. 42 Relatório Nacional Saeb 2003 Análise dos resultados pelos estágios de habilidades Brasil – 2001 e 2003 3 Os resultados do Saeb também são apresentados pela distribuição de freqüência em cada um dos intervalos das escalas de desempenho das áreas de conhecimento avaliadas. Esse modo de apresentação permite observar com maiores detalhes o desenvolvimento de habilidades pelos estudantes, bem como a quantidade de alunos por gradação escalar desse desenvolvimento. Permite, ainda, identificar os aspectos do ensino bem-sucedidos e aqueles aquém do desejado. Tais informações fundamentam o uso pedagógico da avaliação educacional externa e podem demarcar metas e objetivos a serem alcançados pelas escolas do País. Sugere-se que as metas busquem diminuir o percentual de crianças e jovens que se encontram nos estágios Muito Crítico e Crítico em cada uma das séries. Esses são patamares de pouco aprendizado. Reduzir o contingente de estudantes nos dois mais baixos estágios representa empreender uma política satisfatória de promoção da eqüidade educacional. Em outros termos, nesses níveis os estudantes desenvolveram habilidades muito elementares tanto para a série, quanto para a continuação dos estudos. São alunos que estão acumulando déficits educacionais graves. 3.1 4ª série do ensino fundamental Tabela 7 – Percentual de estudantes nos estágios de construção de competências Língua Portuguesa – 4ª série do EF – Brasil – Saeb 2001 e 2003 Estágio (*) Muito Crítico Crítico Intermediário Adequado Total 2001 22,2 36,8 36,2 4,9 100,0 2003 18,7 36,7 39,7 4,8 100,0 (*) Em 2001, 59% dos estudantes da 4ª série do ensino fundamental estavam nos níveis Muito Crítico e Crítico. Esse percentual, em 2003, caiu para 55%. Relatório Nacional Saeb 2003 45 Legenda: Construção de competências e desenvolvimento de habilidades de leitura de textos de gêneros variados em cada um dos estágios (resumo) – LP – 4a série: Muito Crítico Proficiência 0 a 125 Não desenvolveram habilidades de leitura mínimas condizentes com quatro anos de escolarização. Não foram alfabetizados adequadamente. Não conseguem responder aos itens da prova. Não são leitores competentes, lêem de forma ainda pouco condizente com Crítico a série; construíram o entendimento de frases simples. São leitores ainda Proficiência 125 no nível primário, decodificam apenas a superfície de narrativas simples e a 175 curtas, localizando informações explícitas, dentre outras habilidades. Intermediário Proficiência 175 a 250 Começando a desenvolver as habilidades de leitura mais próximas do nível exigido para a série. Inferem informações explícitas em textos mais longos; identificam a finalidade de um texto informativo; reconhecem o tema de um texto e a idéia principal; e reconhecem os elementos que constroem uma narrativa, tais como o conflito gerador, os personagens e o desfecho do conflito, dentre outras habilidades. Adequado Proficiência >250 São leitores com nível de compreensão de textos adequado à série. São leitores com habilidades consolidadas. Estabelecem a relação de causa e conseqüência em textos narrativos mais longos; reconhecem o efeito de sentido decorrente do uso da pontuação; distinguem efeitos de humor mais sutis; identificam a finalidade de um texto com base em pistas textuais mais elaboradas; depreendem relação de causa e conseqüência implícita no texto, além de outras habilidades. Tabela 8 – Percentual de estudantes nos estágios de construção de competências Matemática – 4ª série do EF – Brasil – Saeb 2001 e 2003 Estágio (*) Muito Crítico Crítico Intermediário Adequado Total 2001 12,5 39,8 40,9 6,8 100,0 2003 11,5 40,1 41,9 6,4 100,0 (*) Constata-se que entre 2001 e 2003 não houve mudanças significativas nos percentuais de estudantes nos estágios Muito Crítico e Crítico. 46 Relatório Nacional Saeb 2003 Legenda: Construção de competências e desenvolvimento de habilidades na resolução de problemas em cada um dos estágios (resumo) – MAT – 4a série: Não conseguem transpor para uma linguagem matemática específica os comandos operacionais elementares, compatíveis com a série. Não identificam uma operação de soma ou subtração envolvida no problema ou não sabem o significado geométrico de figuras simples. Muito Crítico Proficiência 0 a 125 Desenvolvem algumas habilidades elementares de interpretação de problemas, mas aquém das exigidas para a série. São capazes de Crítico reconhecer partes de um todo em representações geométicas e calcular Proficiência 125 áreas de figuras desenhadas em malhas quadriculadas contando o número a 175 de lados; resolvem problemas do cotidiano envolvendo pequenas quantias em dinheiro. Intermediário Proficiência 175 a 250 Desenvolvem algumas habilidades de interpretação de problemas, aproximando-se do esperado para a 4a série. Dentre outras habilidades, resolvem problemas do cotidiano envolvendo adição de números racionais com o mesmo número de casas decimais; calculam o resultado de uma adição e subtração envolvendo números de até três algarismos, inclusive com recurso e reserva, e de uma multiplicação com um algarismo. Adequado Proficiência >250 Interpretam e sabem resolver problemas de forma competente. Apresentam as habilidades compatíveis com a série. Reconhecem e resolvem operações com números racionais, de soma, subtração, multiplicação e divisão. Além das habilidades descritas para os estágios anteriores, resolvem problemas que utilizam a multiplicação envolvendo a noção de proporcionalidade, envolvendo mais de uma operação, incluindo o sistema monetário e calculam o resultado de uma divisão por número de dois algarismos, inclusive com resto. 3.2 8ª série do ensino fundamental Tabela 9 – Percentual de estudantes nos estágios de construção de competências Língua Portuguesa – 8ª série EF – Brasil – Saeb 2001 e 2003 Estágio (*) Muito Crítico Crítico Intermediário Adequado Total 2001 4,9 20,1 64,8 10,3 100,0 2003 4,8 22,0 63,8 9,3 100,0 (*) Em 2001, eram cerca de 25% os estudantes nos mais baixos níveis da escala do Saeb. Esse indicador para 2003 teve um acréscimo de um pouco menos de 2%. Relatório Nacional Saeb 2003 47 Legenda: Construção de competências e desenvolvimento de habilidades de leitura de textos de gêneros variados em cada um dos estágios (resumo) – LP – 8a série do ensino fundamental: Muito Crítico Proficiência 0 a 125 Não são bons leitores. Não desenvolveram habilidades de leitura exigíveis para a escolarização completa no ensino fundamental. Ainda não são bons leitores. Apresentam algumas habilidades de leitura, mas aquém das exigidas para a série (textos simples e textos informativos). Algumas das habilidades já consolidadas neste estágio: inferir o sentido metafórico de uma expressão; identificar (em fábulas) a intenção implícita Crítico contida na fala das personagens, o desfecho do conflito, a organização Proficiência 125 temporal da narrativa e o tema de textos poéticos; distinguir um fato a 175 da opinião relativa a este fato e identificar a finalidade de um texto informativo longo; estabelecer relações de causa e conseqüência em textos de diferentes gêneros; identificar os efeitos de sentido decorrentes do uso da pontuação e a idéia central de um texto poético. 48 Relatório Nacional Saeb 2003 Intermediário Proficiência 175 a 250 Os alunos que se encontram nesse estágio desenvolveram algumas habilidades de leitura mais compatíveis com a escolarização plena no ensino fundamental. Isso lhes permitirá continuar a escolarização no ensino médio com um déficit menor. Além das habilidades descritas para o estágio precedente, são alunos que desenvolveram mais algumas, destacando-se: distinguir entre vários enunciados aqueles que expressam uma opinião; identificar um tema de um texto argumentativo e a tese de um texto dissertativo, estabelecendo relações entre elas e os argumentos oferecidos para sustentá-la; identificar o conflito gerador em uma narrativa mais complexa e os diferentes tipos de narrador. Adequado Proficiência >250 São leitores competentes. Demonstram habilidades de leitura compatíveis com a 8a série (textos poéticos de maior complexidade, informativos, com dados pictóricos em tabelas e gráficos). Habilidades importantes, dentre outras, que foram explícitas na análise dos testes: depreender relações de causa e conseqüência implícitas no texto; reconhecer o efeito de sentido provocado pela seleção e escolha de determinadas expressões; identificar a seqüência temporal de uma narrativa e diferentes pontos de vista em um mesmo texto; reconhecer relações de causa e conseqüência a partir de enunciados com termos e sintaxe menos usuais; identificar os efeitos de sentido decorrentes do uso da pontuação; e reconhecer as intenções no uso de gírias e expressões coloquiais em um texto. Tabela 10 – Percentual de estudantes nos estágios de construção de competências Matemática – 8a série EF – Brasil – Saeb 2001 e 2003 Estágio (*) Muito Crítico Crítico Intermediário Adequado Total 2001 6,7 51,7 38,8 2,8 100,0 2003 7,3 49,8 39,7 3,3 100,0 (*) Em Matemática, o percentual de estudantes nos níveis Muito Crítico e Crítico caiu em 1%. Legenda: Construção de competências e desenvolvimento de habilidades na resolução de problemas em cada um dos estágios (resumo) – MAT – 8a série: Muito Crítico Proficiência 0 a 125 Não conseguem responder a comandos operacionais elementares compatíveis com a 8a série (resolução de expressões algébricas com uma incógnita, características e elementos das figuras geométricas planas mais conhecidas). Desenvolveram algumas habilidades elementares de interpretação de problemas, mas não conseguem transpor o que está sendo pedido no Crítico enunciado para uma linguagem matemática específica, estando, portanto, Proficiência 125 muito aquém do exigido para a 8a série. Resolvem expressões com uma a 175 incógnita, mas não interpretam os dados de um problema fazendo uso de símbolos matemáticos específicos. Desconhecem as funções trigonométricas para resolução de problemas. Intermediário Proficiência 175 a 250 Adquiriram habilidades matemáticas mais compatíveis com os oito anos de escolarização. Além das habilidades dos estágios anteriores, consolidaram habilidades que cabe destacar: identificam lados e ângulos de um quadrilátero (retângulo, losango, quadrado e trapézio); identificam o sistema de equações de primeiro grau, expressas em uma situação dada; lêem tabelas com números positivos e negativos; e identificam o gráfico de colunas correspondentes. Adequado Proficiência >250 Interpretam e sabem resolver problemas de forma competente; fazem uso correto da linguagem matemática específica. Apresentam habilidades compatíveis com a série em questão: interpretam e constroem gráficos, resolvem problema com duas incógnitas utilizando símbolos matemáticos específicos, e reconhecem as funções trigonométricas elementares. Além disso, resolvem problemas simples envolvendo frações e porcentagens, equação de segundo grau, e o conceito de proporcionalidade; resolvem expressão envolvendo as quatro operações, potências e raízes. Relatório Nacional Saeb 2003 49 3.3 3ª série do ensino médio Tabela 11 – Percentual de estudantes nos estágios de construção de competências Língua Portuguesa – 3ª série EM – Brasil – Saeb 2001 e 2003 Estágio (*) Muito Crítico Crítico Intermediário Adequado Total 2001 4,9 37,2 52,5 5,3 100,0 2003 3,9 34,7 55,2 6,2 100,0 (*) Os percentuais de Muito Crítico e Crítico de 2001 e 2003 mostram uma variação positiva de 3,5 pontos percentuais. Legenda: Construção de competências e desenvolvimento de habilidades de leitura de textos de gêneros variados em cada um dos estágios (resumo) – LP – 3a série do ensino médio: Muito Crítico Proficiência 0 a 125 Não são bons leitores. Não desenvolveram habilidades de leitura compatíveis com a 4a e a 8a séries. Ainda não são bons leitores. Apresentam algumas habilidades de leitura, Crítico Proficiência 125 mas aquém das exigidas para a série. Lêem apenas textos narrativos e informativos simples. a 175 50 Relatório Nacional Saeb 2003 Intermediário Proficiência 175 a 250 Desenvolveram algumas habilidades de leitura, porém insuficientes para o nível de letramento da 3a série (textos poéticos mais complexos, textos dissertativo-argumentativos de média complexidade, texto de divulgação científica, jornalísticos e ficcionais). Dominam alguns recursos lingüísticodiscursivos utilizados na construção de gêneros. Além das habilidades descritas para os estágios anteriores, cabe destacar algumas habilidades pertinentes a este estágio: depreender relações de causa e conseqüência implícitas no texto; identificar efeitos de sentido decorrentes do uso da pontuação (parênteses, reticências, exclamação); identificar o tema a partir da articulação do título com as partes do texto; discriminar a hierarquia das idéias de textos informativos mais complexos, apontando a idéia principal entre as várias opiniões emitidas por um determinado personagem. Adequado Proficiência >250 São leitores competentes. Demonstram habilidades de leitura compatíveis com as três séries do ensino médio (textos argumentativos mais complexos, paródias, textos mais longos e complexos, poemas mais complexos e cartuns) e dominam recursos lingüístico-discursivos utilizados na construção de gêneros. Em termos de habilidades, além das pertinentes aos estágios anteriores pode-se mencionar a identificação de informações explícitas no texto informativo com base na relação entre partes do texto; identificação do tema de poemas mais complexos com vocabulário pouco usual; e distinção, em dois textos, de opiniões diferentes em relação ao mesmo tema. Tabela 12 – Percentual de estudantes nos estágios de construção de competências Matemática – 3ª série EM – Brasil – Saeb 2001 e 2003 Estágio (*) Muito Crítico Crítico Intermediário Adequado Total 2001 4,8 62,6 26,6 6,0 100,0 2003 6,5 62,3 24,3 6,9 100,0 (*) A comparação entre os resultados mostra um aumento em mais de um ponto percentual de alunos em estágios Muito Crítico e Crítico, em 2003. Legenda: Construção de competências e desenvolvimento de habilidades na resolução de problemas em cada um dos estágios (resumo) – MAT – 3a série do EM: Muito Crítico Proficiência 0 a 125 Não conseguem responder a comandos operacionais elementares compatíveis com a 3a série do ensino médio (construção, leitura e interpretação gráfica; uso de propriedades de figuras geométricas planas; e compreensão de outras funções). Desenvolvem algumas habilidades elementares de interpretação de problemas, mas não conseguem transpor o que está sendo pedido no enunciado para uma linguagem matemática específica, estando, Crítico portanto, muito aquém do exigido para a 3a série do ensino médio Proficiência 125 (construção, leitura e interpretação gráfica; uso de algumas propriedades a 175 e características de figuras geométricas planas; e resolução de funções logarítmicas e exponenciais). Os alunos, neste estágio, alcançaram os níveis 4 ou 5 da escala do Saeb. Intermediário Proficiência 175 a 250 Apresentam algumas habilidades de interpretação de problemas. Fazem uso de linguagem matemática específica, porém a resolução é insuficiente ao que é exigido para a 3a série. Reconhecem e utilizam alguns elementos de geometria analítica, equações polinomiais e reconhecem algumas operações dos números complexos. Utilizam o conceito de Progressão Geométrica para identificar o termo seguinte de uma seqüência dada; calculam a probabilidade de um evento em problema simples; e identificam em um gráfico de função o comportamento de crescimento/ decrescimento. Adequado Proficiência >250 Interpretam e sabem resolver problemas de forma competente; fazem uso correto da linguagem matemática específica. Apresentam habilidades compatíveis com a série em questão – reconhecem e utilizam elementos de geometria analítica, equações polinomiais e desenvolvem operações com os números complexos. Além disso, são capazes de resolver problemas distinguindo funções exponenciais crescentes e decrescentes, dentre outras habilidades. Relatório Nacional Saeb 2003 51 Análise dos resultados pelos estágios de habilidades Regiões – 2001 e 2003 4 4.1 4a série do ensino fundamental Tabela 13 – Percentual de estudantes nos estágios de construção de competências Língua Portuguesa – 4ª série EF – Regiões – Saeb 2001 e 2003 Estágio (*) Muito Crítico Crítico Intermediário Adequado Total Norte 2001 2003 22,61 21,18 44,89 45,24 31,00 31,86 1,51 1,72 100,00 100,00 Nordeste 2001 2003 33,42 29,32 41,75 41,85 22,94 26,77 1,88 2,06 100,00 100,00 Sudeste 2001 2003 15,79 12,93 30,82 31,03 45,20 48,32 8,20 7,72 100,00 100,00 Sul 2001 13,47 35,70 45,79 5,04 100,00 2003 11,57 35,71 47,67 5,05 100,00 Centro-Oeste 2001 2003 20,50 14,91 39,23 37,60 36,64 43,28 3,63 4,20 100,00 100,00 Fonte: MEC/Inep /Daeb – Saeb 2003 (*) Norte: não houve modificações significativas entre os percentuais de Muito Crítico e Crítico entre os anos avaliados. (*) Nordeste: houve uma diminuição de aproximadamente quatro pontos percentuais entre os estudantes de desempenho Muito Crítico e Crítico. (*) Sudeste: diminuição de quase três pontos percentuais entre os alunos de desempenho Muito Crítico e Crítico. (*) Sul: diminuição de quase dois pontos percentuais entre os alunos de desempenho Muito Crítico e Crítico. (*) Centro-Oeste: diminuição de mais de sete pontos percentuais entre os alunos de desempenho Muito Crítico e Crítico. Tabela 14 – Percentual de estudantes nos estágios de construção de competências Matemática – 4ª série EF – Regiões – Saeb 2001 e 2003 Estágio (*) Muito Crítico Crítico Intermediário Adequado Total Norte 2001 2003 13,34 13,84 52,99 52,26 31,59 31,86 2,08 2,03 100,00 100,00 Nordeste 2001 2003 19,76 18,18 49,62 51,20 28,33 28,02 2,30 2,61 100,00 100,00 Sudeste 2001 2003 8,82 8,34 30,33 30,51 49,69 50,68 11,15 10,47 100,00 100,00 Sul 2001 5,83 33,64 51,87 8,67 100,00 2003 5,74 34,85 52,66 6,75 100,00 Centro-Oeste 2001 2003 10,58 7,91 42,70 39,76 41,20 46,69 5,52 5,65 100,00 100,00 Fonte: MEC/Inep (*) Norte: não houve modificações significativas entre os percentuais de Muito Crítico e Crítico entre os anos avaliados. (*) Nordeste: não houve modificações significativas entre os percentuais de Muito Crítico e Crítico entre os anos avaliados. (*) Sudeste: não houve modificações significativas entre os percentuais de Muito Crítico e Crítico entre os anos avaliados. (*) Sul: aumento de quase um ponto percentual entre os alunos de desempenho Muito Crítico e Crítico. (*) Centro-Oeste: diminuição de quase sete pontos percentuais entre os alunos de desempenho Muito Crítico e Crítico. Relatório Nacional Saeb 2003 55 4.2 8a série do ensino fundamental Tabela 15 – Percentual de estudantes nos estágios de construção de competências Língua Portuguesa – 8ª série EF – Regiões – Saeb 2001 e 2003 Estágio (*) Muito Crítico Crítico Intermediário Adequado Total Norte 2001 2003 4,06 4,69 22,69 24,34 67,98 66,12 5,27 4,86 100,00 100,00 Nordeste 2001 2003 7,30 6,40 26,27 26,42 60,61 61,19 5,83 5,99 100,00 100,00 Sudeste 2001 2003 4,58 4,60 18,19 21,20 64,02 62,43 13,21 11,76 100,00 100,00 Sul 2001 2,47 13,60 71,39 12,54 100,00 2003 2,71 15,66 70,84 10,80 100,00 Centro-Oeste 2001 2003 2,96 3,96 18,98 19,53 69,48 67,34 8,58 9,18 100,00 100,00 Fonte: MEC/Inep. (*) Norte: houve aumento de mais de dois pontos percentuais entre os percentuais de Muito Crítico e Crítico entre os anos avaliados. (*) Nordeste: não houve modificações significativas entre os percentuais de Muito Crítico e Crítico entre os anos avaliados. (*) Sudeste: houve aumento de mais de três pontos percentuais entre os percentuais de Muito Crítico e Crítico entre os anos avaliados. (*) Sul: aumento de mais de dois pontos percentuais entre os alunos de desempenho Muito Crítico e Crítico. (*) Centro-Oeste: aumento de aproximadamente dois pontos percentuais entre os alunos de desempenho Muito Crítico e Crítico. Tabela 16 – Percentual de estudantes nos estágios de construção de competências Matemática – 8ª série EF – Regiões – Saeb 2001 e 2003 Estágio (*) Muito Crítico Crítico Intermediário Adequado Total Norte 2001 2003 7,31 9,14 59,58 60,34 32,48 29,84 0,63 0,67 100,00 100,00 Nordeste 2001 2003 10,53 10,90 60,09 58,31 28,01 28,86 1,37 1,92 100,00 100,00 Sudeste 2001 2003 5,76 6,21 48,07 45,71 42,08 43,22 4,09 4,86 100,00 100,00 Sul 2001 2,81 43,13 51,48 2,58 100,00 2003 2,93 40,89 53,58 2,60 100,00 Centro-Oeste 2001 2003 4,66 6,55 52,68 48,12 40,56 42,91 2,10 2,41 100,00 100,00 Fonte: MEC/Inep. (*) Norte: houve aumento de cerca de três pontos percentuais entre os percentuais de Muito Crítico e Crítico entre os anos avaliados. (*) Nordeste: houve diminuição de pouco mais de um ponto percentual entre os percentuais de Muito Crítico e Crítico entre os anos avaliados. (*) Sudeste: houve diminuição de cerca de dois pontos percentuais entre os percentuais de Muito Crítico e Crítico entre os anos avaliados. (*) Sul: diminuição de mais de dois pontos percentuais entre os alunos de desempenho Muito Crítico e Crítico. (*) Centro-Oeste: diminuição de aproximadamente três pontos percentuais entre os alunos de desempenho Muito Crítico e Crítico. 4.3 3a série do ensino médio Tabela 17 – Percentual de estudantes nos estágios de construção de competências Língua Portuguesa – 3ª série EM – Regiões – Saeb 2001 e 2003 Estágio (*) Muito Crítico Crítico Intermediário Adequado Total Norte 2001 2003 7,06 4,69 46,63 46,45 43,85 46,41 2,45 2,45 100,00 100,00 Nordeste 2001 2003 7,53 5,52 44,90 42,49 44,33 47,77 3,23 4,22 100,00 100,00 Sudeste 2001 2003 4,16 3,52 34,37 30,99 55,04 57,91 6,43 7,57 100,00 100,00 Sul 2001 2,98 31,33 59,43 6,26 100,00 2003 1,99 26,98 63,52 7,52 100,00 Centro-Oeste 2001 2003 3,11 2,83 32,99 31,82 57,88 58,81 6,02 6,55 100,00 100,00 Fonte: MEC/Inep. (*) Norte: houve diminuição de mais de dois pontos percentuais entre os percentuais de Muito Crítico e Crítico entre os anos avaliados. (*) Nordeste: houve diminuição de quase quatro pontos percentuais entre os percentuais de Muito Crítico e Crítico entre os anos avaliados. (*) Sudeste: houve diminuição de quatro pontos percentuais entre os percentuais de Muito Crítico e Crítico entre os anos avaliados. (*) Sul: diminuição de mais de cinco pontos percentuais entre os alunos de desempenho Muito Crítico e Crítico. (*) Centro-Oeste: diminuição de aproximadamente mais de um ponto percentual entre os alunos de desempenho Muito Crítico e Crítico. 56 Relatório Nacional Saeb 2003 Tabela 18 – Percentual de estudantes nos estágios de construção de competências Matemática – 3ª série EM – Regiões – Saeb 2001 e 2003 Estágio (*) Muito Crítico Crítico Intermediário Adequado Total Norte 2001 2003 6,78 9,71 76,35 72,40 14,47 15,80 2,40 2,10 100,00 100,00 Nordeste 2001 2003 6,57 10,60 69,83 64,61 19,00 19,10 4,61 5,70 100,00 100,00 Sudeste 2001 2003 4,65 4,71 60,73 62,26 27,83 25,66 6,79 7,37 100,00 100,00 Sul 2001 2,43 51,67 38,78 7,12 100,00 2003 2,68 51,32 35,99 10,01 100,00 Centro-Oeste 2001 2003 3,03 6,66 58,66 60,46 31,74 24,81 6,57 8,06 100,00 100,00 Fonte: MEC/Inep /Daeb – SAB 2003 (*) Norte: houve diminuição de mais de um ponto percentual entre os percentuais de Muito Crítico e Crítico entre os anos avaliados. (*) Nordeste: houve diminuição de mais de um ponto percentual entre os percentuais de Muito Crítico e Crítico entre os anos avaliados. (*) Sudeste: houve aumento de mais de um ponto percentual entre os percentuais de Muito Crítico e Crítico entre os anos avaliados. (*) Sul: não houve alterações significativas. (*) Centro-Oeste: aumento de mais de cinco pontos percentuais entre os alunos de desempenho Muito Crítico e Crítico. Relatório Nacional Saeb 2003 57 A escala do Saeb: a interpretação das habilidades 5 Os resultados obtidos pelos alunos nos testes do Saeb são apresentados em escalas de desempenho. Para que a escala de desempenho do Saeb seja compreendida, pode-se fazer uma analogia com uma escala conhecida, por exemplo, a de temperatura que é medida pelo termômetro. O termômetro mostra valores numéricos para medir temperaturas e pode ser usado para verificar a temperatura corporal de uma pessoa. O desenho abaixo mostra um termômetro com a marcação dos pontos na escala. Se o termômetro acusar uma temperatura de 37 graus, interpretase que a pessoa está febril, mas se o termômetro marcar 39 graus, avalia-se que ela está com febre alta e precisa de cuidados imediatos. Quanto mais alta a temperatura, 40 graus, 41 ou 42, mais grave pode ser o estado da pessoa. A escala de desempenho do Saeb pode ser comparada a um termômetro, onde os valores numéricos medem o desempenho dos alunos e quanto mais alto o ponto da escala melhor o desempenho. Assim como na escala de temperatura não existe um zero absoluto ou uma unidade de medida absoluta (por exemplo, a temperatura é medida em graus Celsius ou graus Farenheit), na escala do Saeb também não há um zero absoluto ou uma unidade de medida absoluta. Para estabelecer a unidade de medida da escala do Saeb, a média e o desvio padrão da distribuição do desempenho dos alunos da 8a série, no ano de 1997, foram arbitrados respectivamente em 250 e 50. A escala de desempenho e o desvio padrão do Saeb vai de 0 a 500 e alguns pontos ou níveis foram escolhidos para se interpretar o que os alunos sabem e são capazes de fazer. Esta interpretação é baseada nas respostas dadas pelos alunos aos itens de teste do Saeb e, da mesma maneira que os pontos da escala de temperatura são interpretados para Relatório Nacional Saeb 2003 61 avaliar o estado da pessoa, interpretamse também os pontos na escala do Saeb em uma área de conhecimento ou disciplina. Os pontos da escala a serem interpretados foram arbitrados como devendo conter o ponto 250 e distarem entre si de meio desvio padrão (25). A metodologia de interpretação de escalas seleciona itens em cada nível que permitem interpretar o desempenho dos alunos naquele nível. O item é selecionado para ajudar a interpretação de um nível quando, neste nível, pela primeira vez o percentual de acertos no item dos alunos com desempenho ao redor deste nível é maior ou igual a 65%. Isto significa que nos níveis mais altos da escala este percentual de acertos será maior. É importante ressaltar que a interpretação da escala é cumulativa, ou seja, as habilidades apresentadas em um nível são válidas para os níveis mais altos da escala. Assim, o que o aluno no nível 250 sabe, ou é capaz de fazer, está descrito na interpretação deste nível e nos níveis anteriores (225, 200, 175, 150, 125). Tanto em Língua Portuguesa quanto em Matemática, o 1o nível possível de ser interpretado foi o 125. Outra observação importante é que a escala do Saeb é comum às três série avaliadas – 4ª e 8ª do ensino fundamental (EF) e 3ª do ensino médio (EM). Foi possível obter uma escala única porque alunos de 8ª série responderam a alguns itens apresentados nos cadernos de teste de 4ª série, e os da 3ª série do EM responderam a alguns itens apresentados nos cadernos de 8ª série. Pressupõe-se que alunos da 8ª série tenham as habilidades de um aluno da 4ª série no mesmo nível da escala e outras habilidades próprias da sua série. Por esta razão, a escala da 8ª série e da 3ª série do EM contém as habilidades descritas nas séries anteriores acrescidas das específicas das suas séries. A escala de desempenho em Matemática foi interpretada em treze níveis. Para facilitar a apreciação dos professores quanto às habilidades desejáveis nas séries, subdividiu-se a escala comum em três – uma por série –, que contêm as interpretações em oito níveis. Deve-se lembrar que a escala é cumulativa e, portanto, os níveis mais altos englobam as habilidades descritas nos níveis mais baixos. A escala de Matemática com seus níveis Por sua vez, a escala de desempenho em Língua Portuguesa foi interpretada em dez níveis. Para facilitar a avaliação dos professores quanto às habilidades desejáveis nas séries, subdividiu-se a escala comum em três – uma por série. A escala de 4ª série contém as interpretações em 62 Relatório Nacional Saeb 2003 sete níveis, enquanto a da 8ª série descreve seis níveis de desempenho. Já a escala da 3ª série do EM apresenta a descrição de cinco níveis. Deve-se lembrar que a escala é cumulativa e, portanto, os níveis mais altos englobam as habilidades descritas nos níveis mais baixos. A escala de Língua Portuguesa com seus níveis Os quadros de 1 a 6 mostram a descrição das habilidades para cada um dos estágios de construção de competências, a saber: crítico, intermediário e adequado. Os quadros mostram também a distribuição percentual de estudantes em cada um dos estágios. Vale ressaltar que, em cada quadro, resta um percentual para completar 100%. Este percentual ausente compreende em cada série e disciplina avaliada estudantes com baixíssima habilidade, cujo estágio é denominado Muito Crítico. Tal estágio está muito aquém em cada série analisada, definitivamente não corresponde a um nível de habilidade nem de longe próximo ao que é esperado para cada série. Em Língua Portuguesa são 18,7% de estudantes na 4ª série, 4,8% na 8a e 4% na 3ª série do ensino médio. Em Matemática os estudantes no estágio muito crítico compreendem 11,5% na 4a, 7,5% na 8ª série e 6,7 na 3a do ensino médio. Relatório Nacional Saeb 2003 63 64 Relatório Nacional Saeb 2003 13 Paráfrase, no contexto desse descritor, é a reprodução das idéias de um trecho do texto, de forma explícita. Portanto, a informação solicitada não se apresenta de forma literal. 5.1 LÍNGUA PORTUGUESA Relatório Nacional Saeb 2003 65 14 Onomatopéia são palavras ou conjuntos de palavras, cuja pronúncia reproduz o som natural daquilo que elas significam. Por exemplo o tique-taque do relógio ou o cocoricó do galo. 66 Relatório Nacional Saeb 2003 Relatório Nacional Saeb 2003 67 68 Relatório Nacional Saeb 2003 Relatório Nacional Saeb 2003 69 70 Relatório Nacional Saeb 2003 Relatório Nacional Saeb 2003 71 72 Relatório Nacional Saeb 2003 Relatório Nacional Saeb 2003 73 74 Relatório Nacional Saeb 2003 Relatório Nacional Saeb 2003 75 76 Relatório Nacional Saeb 2003 Relatório Nacional Saeb 2003 77 78 Relatório Nacional Saeb 2003 Relatório Nacional Saeb 2003 79 80 Relatório Nacional Saeb 2003 Relatório Nacional Saeb 2003 81 82 Relatório Nacional Saeb 2003 Relatório Nacional Saeb 2003 83 84 Relatório Nacional Saeb 2003 Relatório Nacional Saeb 2003 85 86 Relatório Nacional Saeb 2003 Relatório Nacional Saeb 2003 87 5.2 MATEMÁTICA 88 Relatório Nacional Saeb 2003 Relatório Nacional Saeb 2003 89 90 Relatório Nacional Saeb 2003