UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO “LATO SENSU” AVM FACULDADE INTEGRADA QUALIDADE NO ATENDIMENTO AO CLIENTE EM REDES HOSPITALARES Por Filipe Aguiar Cunha Orientador: Prof. Willian Rocha RIO DE JANEIRO 2011 1 UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO “LATO SENSU” AVM FACULDADE INTEGRADA QUALIDADE NO ATENDIMENTO AO CLIENTE EM REDES HOSPITALARES Monografia Cândido apresentada Mendes, como à Universidade requisito parcial obtenção do título de Pós-Graduação em Gestão de Relacionamento com Clientes e Ouvidoria Por Filipe Aguiar Cunha 2 UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO “LATO SENSU” AVM FACULDADE INTEGRADA QUALIDADE NO ATENDIMENTO AO CLIENTE EM REDES HOSPITALARES 3 AGRADECIMENTOS Agradeço à Deus por me dar força e fé sempre, por me fazer ser determinante em meus objetivos, agarrando os desafios com unhas e dentes. Ao meu companheiro e amigo Fábio pela paciência e incentivo sempre, ao Grupo Gas Natural Fenosa pelo incentivo e pela bolsa concedida e a todos os Mestres do curso, pelos conhecimentos transmitidos. 4 RESUMO Este trabalho de revisão bibliográfica objetiva verificar a importância, tanto para a empresa quanto para a sociedade, do atendimento de qualidade aos clientes de redes de hospitais. A aclamação pela humanização na assistência à saúde é demanda atual no contexto brasileiro, e surge da realidade na qual os usuários do serviço de saúde queixam-se dos maus tratos. Tanto a mídia como as recentes publicações cientificas comprovam os aspectos negativos do atendimento de saúde prestado no país.Entretanto, a qualidade está intrinsecamente ligada ao setor saúde. Os clientes do sistema hospitalar procuram tal serviço na busca de melhoria na qualidade de vida. O cliente sempre espera do Hospital, um atendimento humanizado, com qualidade e principalmente o acolhimento essencial para auxiliá-lo a enfrentar e superar a doença. Porém, o mesmo nem sempre encontra essa hospitalidade. Infelizmente, o que se verifica no dia a dia é a prática de um modelo perverso de medicina titulado por Siqueira de “cega e surda”, visto que se limita a “pobres variáveis anatômicas e/ou bioquímicas”, não enxergando o ser humano em sua totalidade e não o acolhendo como sujeito. Esquece-se, pois, que quando um paciente procura atendimento médico invariavelmente está buscando por cuidados que não se limitam simplesmente a livrar-se de um mal-estar circunstancial e a relação médicopaciente somente será eficaz se for conduzida com acolhimento, escuta e esperança de cura para o sofrimento Destarte, a qualidade no atendimento hospitalar passa primeiramente pela necessidade de humanização do atendimento de todos os envolvidos da organização.Na percepção do cliente, a qualidade está associada ao valor e à utilidade reconhecida ao produto ou serviço estando em alguns casos ligada ao preço. Assim, a qualidade é utilizado em situações bem distintas . A qualidade tem muitas dimensões e é por isso mais difícil de revelar. De tal maneira, que pode ser difícil até para o cliente expressar o que considera um produto ou serviço de qualidade. A Partir do momento, que o cliente adquiri um produto ou serviço,ele vai ter percepção de analisar, não só a qualidade do produto ou serviço, como também o atendimento que foi oferecido, a manutenção do serviço .Portanto todos estes fatores engloba um ponto de vista do cliente relacionado à qualidade. Através desta perceptibilidade a empresa deve se preparar e se reorganizar, baseando no foco do melhoramento da qualidade. No entanto a organização, alcançando a qualidade decorrera na diferenciação de seus produtos e serviço , conquistará a vantagem competitiva.Para que se consiga um atendimento humanizado e de qualidade ao paciente, é unânime a compreensão de que a instituição hospitalar, considerando sua missão essencial a favor do ser humano, deve preocupar-se com a melhoria permanente de seu atendimento. Além de equipamentos voltados aos cuidados médicos completos, o hospital deve proporcionar tanto acomodações adequadas para o conforto de seus pacientes durante sua permanência, como atenção aos cuidados referentes ao tratamento pessoal e individualizado. PALAVRAS CHAVE – CLIENTE, HOSPITAL. QUALIDADE, HUMANIZAÇÃO, ATENDIMENTO, 5 ABSTRACT This literature review aims to verify the importance for both the company and for society, quality of care to clients of hospital networks. The acclaim for the humanization of health care is the current demand in the Brazilian context, and arises from the fact that users of the health service complaining of mistreatment. Both the media and the recent scientific publications demonstrate the negative aspects of care provided in país.Entretanto, the quality is intrinsically linked to the health sector. System customers want this service in the hospital toward a better quality of life. The client always expect the Hospital, a humanized, quality and especially the host key to help you confront and overcome the disease. However, it does not always find such hospitality. Unfortunately, what we see in everyday practice is a perverse model of medicine titrated by Smith as "deaf and blind," since it merely "poor anatomical variables and / or biochemical" not seeing the human being its entirety and not accepting as a subject. Forget, then, that when a patient seeks medical attention invariably is looking for care that do not simply get rid of an evil being circumstantial and doctor-patient relationship will only be effective if conducted with care, listening and hope healing to the suffering Thus, the quality of hospital care is primarily by the need for humane treatment of all involved organização.Na of customer perception, quality is associated with the recognized value and usefulness to the product or service being in some cases linked to the price. Thus, quality is used in very different situations.Quality has many dimensions and is therefore more difficult to prove. So that it can be difficult even to express what the client considers a product or service quality. From the moment you acquire a product or service, it will be aware to analyze not only the quality of the product or service, as well as the care that was offered, the service maintenance. So all these factors includes a point of view of customer related to quality. Through this perceptibility the company must prepare and reorganize, based on the focus of quality improvement.However the organization, achieving quality elapsed differentiate their products and service, has the advantage that can competitiva.Para a humanized and quality patient care, is a unanimous understanding that the hospital, considering its essential mission for the human being, must be concerned with the continuous improvement of its service. In addition to equipment geared to comprehensive medical care, the hospital must provide suitable accommodation for both the comfort of their patients during their stay, the care and attention for the personal and individualized treatment KEY WORDS - QUALITY, HUMANIZATION, SERVICE, CUSTOMER HOSPITAL 6 METODOLOGIA Os métodos utilizados no estudo em questão foram diversas pesquisas bibliográficas através, leituras de livros, revistas, teses, e visitas em campo a clínicas e hospitais para observação do atendimento e relacionamento com os clientes. 7 SUMÁRIO INTRODUÇÃO .......................................................................................................... 09 1. ANÁLISE CONCEITUAL E HISTÓRICA DOS HOSPITAIS ................................. 11 2. O HOSPITAL, A HUMANIZAÇÃO E O ATENDIMENTO AO SER HUMANO ..... 20 3. A QUALIDADE NA ATIVIDADE HOSPITALAR ................................................... 25 CONCLUSÃO .......................................................................................................... 38 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ......................................................................... 39 8 INTRODUÇÃO Perante de um mercado irregular em que produtos e serviços alcançam escalas globais, torna-se significante para a sobrevivência da empresa um direcionamento de sua filosofia para a ampliação da cultura pela qualidade, estimulando a busca de novas tecnologias e de ferramentas de qualidade, dando enfoque no avanço contínuo de procedimentos que possam auxiliar a empresa na conquista de seus objetivos. Somando-se a esse cenário, nota-se um aspecto muito significante, que se pode apontar, diz respeito à rapidez nos sistemas de informações cuja tecnologia avançada beneficia a troca rápida de informações entre as pessoas, compondo um ambiente favorável à comunicação e ao incentivo para a cultura dos clientes, ampliando o desenvolvimento de um mercado exigente e crítico. Observa-se ainda que o cliente passa a ter maior valor para o mercado, influenciando, até mesmo, no desenvolvimento de produtos e serviços diferenciados. Deste modo nenhuma organização, seja ela uma empresa, uma escola ou um hospital, estarão imunes as exigências do mercado e, mas precisamente, dos clientes. A aclamação pela humanização na assistência à saúde é demanda atual no contexto brasileiro, e surge da realidade na qual os usuários do serviço de saúde queixam-se dos maus tratos. Tanto a mídia como as recentes publicações 9 cientificas comprovam os aspectos negativos do atendimento de saúde prestado no país. A humanização na saúde está inserida na Constituição Federal Brasileiro, instituída em 1988, que garante a todos o acesso à assistência à saúde de forma resolutiva, igualitária e integral. Em 2002 o Ministério da Saúde lançou o Programa Nacional de Humanização da Assistência Hospitalar (PNHAH) que tem como objetivo promover uma mudança de cultura no atendimento de saúde no Brasil, a fim de aprimorar as relações dos profissionais da saúde, tanto entre si como do hospital com a comunidade. Destarte, a qualidade no atendimento hospitalar passa primeiramente pela necessidade de humanização do atendimento de todos os envolvidos da organização. Sendo assim, este trabalho objetiva verificar a importância, tanto para a empresa quanto para a sociedade, do atendimento de qualidade aos clientes de redes de hospitais. 10 CAPÍTULO 1 ANÁLISE CONCEITUAL E HISTÓRICA DOS HOSPITAIS A palavra hospital tem seu radical no latim ”hospitium” que possuía o significado de hospício, designando estabelecimentos nos quais eram ocupados por pobres enfermos, incuráveis ou insanos. Mas, os lugares destinados ao tratamento temporário de enfermos eram caracterizados por “hospitais”. Esse termo “hospital” estava diretamente ligado a cuidados relacionados às práticas médicas, para com esses doentes. Vale lembrar que estamos abordando aqui alguns aspectos mais salientes no que diz respeito à história dos hospitais, sem considerar os mais diversos fatores que evolvem sua criação no âmbito mundial, pois isso ocorreu de diversas formas, e não nos convém abordar a todos, mesmo por que, isto não é o nosso objetivo. Além da amplitude dessa questão, pois, envolve peculiaridades da medicina chinesa, coreana, japonesa, européia, além de outros continentes. Uma discussão que pode também se estender ao campo religioso em que se destacam vários personagens (profetas, sacerdotes, discípulos, etc.) que deram início à assistência aos enfermos em diversos locais, como nos templos, hospedarias, além da medicina caseira e os aspectos curativos no âmbito das “magias”.Verifica-se então, a amplitude dessas questões, sendo cabível uma síntese interessante, mas que não se responsabilize em dar conta de todos os aspectos possíveis. 11 1.1 Antiguidade Na antiguidade não havia um local específico em que os doentes fossem tratados. Havia asilos onde se misturavam os doentes, pobres sem residência, peregrinos, órfãos, etc. Até mesmo Heródoto ao se referir às épocas mais remotas, expunha a existência de um mercado, onde os doentes eram vistos e medicados por qualquer um que por ali passasse. Os doentes eram conduzidos ao mercado, por que não existiam médicos. Os que passavam pelo doente interpelavam-no com o intuito de verificar se eles próprios tinham sofrido o mesmo mal ou sabiam de outros que o tivessem tido. Podiam assim, propor o tratamento que lhes fora eficaz ou eficaz na cura de pessoas de suas relações. E não era permitido passar pelo doente em silêncio. Todos deviam indagar a causa de sua moléstia (Heródoto apud CAMPOS, 1944, p.10). Os primeiros sinais consistentes da existência dos hospitais (543 a.C) está ligado ao budismo, conforme iniciou a propagação de instituições hospitalares. Destacou-se, na tomada dessa iniciativa, Sidartha Gautama (Buda), ao construir diversos hospitais, destinados a cada dez cidades um médico formado (Mac Eachem apud CAMPOS, 1944, p.13). Também nesse contexto emergem as primeiras referências à existência de enfermeiros (pessoas que se dedicavam aos estudos medicinais), cabendo a esses “asseio, habilidade, inteligência, além de, terem conhecimentos no âmbito culinário e no preparo de medicamentos, e , serem moralizados, dedicados a sua causa e cooperadores com os demais (PAIXÃO, 1960, p.13). 12 Antes da Idade Média, em Roma, por seu povo ser caracterizado por guerreiro, havia a necessidade de locais de atendimento ao doente. Esses locais recebiam o nome de “medicatrinas” (290 a.C.). Por volta do século I (a.C.), emergiram os “valetudinários Privados”, com a finalidade de cuidar de familiares e escravos, além dos “valetudinários públicos”, mas com finalidades lucrativas, e “valetudinários militares”. Esses últimos consistiram-nos mais importantes, pois, representavam autênticos hospitais, no que se refere ao tamanho, complexidade e pessoas envolvidas. Os médicos militares presentes neste tratavam de soldados feridos, além de outros doentes. No fim das batalhas, os casos considerados pouco graves eram atendidos a céu aberto ou em tendas, mas em casos graves, os enfermos era destinados a hospitais que se tornavam cada vez mais complexos (LISBOA, 2002). As ruínas que sobraram dessas instituições hospitalares foram encontradas em vários locais da Europa, e em essência em Bonn, na Alemanha, destacandose o grau de organização descoberta, como: De construção de forma quadrada, com pátio no centro. As alas do edifício medem 83m cada. Os feridos eram internados em salas com capacidades de três leitos cada, bem iluminados e arejados [...] Havia lugares para os enfermeiros, médicos e depósito de medicamentos [...]. A localização norte-sul do edifício corresponde a critérios modernos [...] tinham capacidade para 200 leitos, segundo a descrição feita por Vegezio (século IV d.C.). O hospital militar era supervisionado pelo chefe do acampamento e dirigido por um médico (MUNARO et al,1974, p.7-8). No que se refere aos hospitais e cuidados médicos na antiguidade, podemos dizer que: [...] antes do advento do cristianismo, encontramos civilizações altamente desenvolvidas em vários setores da atividade humana, mas pouco no que se refere à assistência à saúde, tanto individual como coletiva. [...] Coube, geralmente, à religião, o cuidado com os doentes, em algumas culturas 13 em forma de monopólio, ao lado de outros aspectos assistenciais: órfãos, viúvas, pobres e viajantes. O estado, na acepção latu sensu da palavra, teve pouca atuação no setor, da mesma forma que a iniciativa particular. Entretanto, esta última, ao lado da religião, deu início ao “atendimento do doente com finalidade lucrativa”.Com a exceção dos hebreus e da civilização greco-romana, os demais povos não tiveram maiores preocupações com os aspetos sanitários, quer da coletividade, quer das famílias e indivíduos o diagnóstico e a terapia estiveram sob o domínio das práticas “mágicas”, “religiosas”, “supersticiosas”, de “encantamentos”, “interpretação de sonhos” e outros, muito mais do que da observação e análise do paciente e da doença. A fundamentação científica desses estudos somente se firma com Hipócrates, na Grécia. Dentre os povos estudados, poucos desenvolveram a organização hospitalar e, menos ainda, de forma permanente, para o atendimento da população em geral. Podemos observar que a Índia, a China e o Japão, da mesma forma que a civilização greco-romana, foram os que integraram, em sua cultura, a “organização” hospitalar, muitas vezes complexa, com locais separados segundo a clientela, o tipo de doença e a característica do médico (LISBOA, 2002). 1.2 Idade média Na Idade Média, em essência na Europa, com o advento e reconhecimento do cristianismo, e da Igreja Católica, pelo Imperador Constantino, as atividades de assistência aos doentes se expandiram, juntamente com o renascimento das cidades e a crescente urbanização, paralelo ao processo de empobrecimento de grande parte da população, em virtude da entrada das relações capitalistas nos campos e nas cidades. Os pobres, cada vez mais, formavam uma considerável parte da população urbana, e isso ocorreu em razão das normas da lei do mercado, ou seja, regidos pelos acasos naturais e pelos mecanismos de lucro pelos ricos, sendo ameaçados constantemente pela fome. Inclui-se nessa classe de pobres socioeconômicos, os aleijados e doentes. Em meio a esse contexto, a Igreja Católica é vista como a protetora desses pobres, surgindo a partir do fim do século XII duas novas atitudes em relação ao pobre, que levam a caridade: 1) uma idéia tradicional, na qual o pobre é feito para o rico, para que o mesmo possa 14 alcançar sua salvação. 2) difundia principalmente pelos mendicantes, foi a idéia de que o pobre merece consideração, por seu valor espiritual e humano. Com isso o movimento urbano foi acompanhado por um movimento hospitalar. (LE GOFF, 1992, p.170-174). Nesse contexto, os mosteiros beneditinos e outras ordens religiosas cada vez mais se dedicavam aos enfermos, dispondo de hospitais, enfermarias, unidades de isolamento, farmácias, banheiros, instalações para os médicos e até ajudantes, ou seja, como no “mosteiro de São Galo (Suíça, século VIII) havia um requintado planejamento da abadia, incluindo, além da igreja e do alojamento dos peregrinos, a abadia, escolas, enfermarias, fazendas e residência para trabalhadores leigos” (MIQUELIN, 1992, p.35). Com o passar dos séculos gradativamente, as responsabilidades de administração dos hospitais e de outras instituições de atendimento aos doentes foram passando para as autoridades municipais, por volta dos séculos XIII ao XVI. Todavia a Igreja, com suas ordens continuou suas caridades. Para Lisboa a ascensão do Estado absolutista trouxe em seu bojo mudanças significativas no planejamento hospitalar, pois: O planejamento das edificações muda, procura-se melhorar as condições de ventilação e iluminação. Graças às experiências dos leprosários, dois novos fatores incorporam o planejamento hospitalar: separação entre as funções de alojamento e logística, e separação dos pacientes por patologia e sexo. O abastecimento de água passa a ser mais estudado, em função da melhoria das condições de higiene (LISBOA, 2002). 15 1.3 Idade Moderna Na Idade Moderna, com a decadência do sistema hospitalar cristão, novas formas de organização foram criadas. Isso em razão dos acontecimentos históricos e gradativos desse período, como o Renascimento, transformações socioeconômicas, emergência do burguês, que procurava por melhores condições de vida nas cidades. Essas passam a ser o foco de uma série de problemas, muitas vezes, ligados à imigração descontrolada, desemprego, vadiagem, excedendo as estruturas que as cidades conseguiam suportar. Nesse contexto, houve a urgência em alterar e reorganizar as funções dos hospitais, que estavam sobrecarregados, para que pudessem atender a um maior numero de pessoas, em um curto espaço de tempo, o que desembocou em duas soluções. Soluções que são apontadas por LISBOA (2002), como: a primeira, a partir do século XVII que foi representada por uma incipiente especialização, conforme os hospitais assumiam prioritariamente as tarefas de cuidados aos enfermos, cabendo a outros estabelecimentos suprir funções asilares; a segunda, em meados do século XVII, primeiro em Londres, consistindo em unidades hospitalares denominadas de “consulta externa”, tendo por meta oferecer cuidados médicos sem internação . Os estudos elaborados por Rosen (1980) demonstram que os estabelecimentos dos hospitais modernos surgiram gradualmente da conversão do hospital geral, em razão da secularização das entidades cristãs, por meio de quatro elementos básicos: a introdução da medicina profissional em sua área; a 16 redefinição de seu perfil institucional; as especificações de suas atribuições terapêuticas; e o aproveitamento racionalizado dos recursos disponíveis. 1.4 Contemporaneidade Do século XIX em diante o processo de modernização dos hospitais têm sido constante, principalmente no âmbito dos avanços tecnológicos, sempre acompanhado pelo imenso progresso no campo da medicina, com constantes descobertas cientificas. Todavia, vale ressaltar que os hospitais nasceram e evoluíram atrelados às necessidades humanas, e, de formas diversas, de acordo com os diferentes países e culturas. Assim, quando falamos em avanços no âmbito hospitalar e medicinal, não podemos deixar de considerar os vários aspectos que os envolvem até os dias atuais, tais como: a cultura atrelada ao desenvolvimento cientifico; o político ligado às formas de concessão de assistência, e, em essência, os aspectos econômicos, pois, não há uma uniformidade na história do progresso dos hospitais, pois, isso é dependente das condições econômicas que cada país possuía e possui, para investir na área de saúde. Além da própria condição econômica da sociedade. Em suma na Idade Moderna, emergiu, no âmbito hospitalar, a descentralização, com a separação de atividades complementares, além da cooperação entre os profissionais administrativos, médicos e auxiliares, como enfermeiros. Já na Idade contemporânea se expandiu e continua a se expandir, a 17 descentralização, e as estruturas organizacionais que se complexificam cada vez mais, além de ocorrer à diversificação de suas funções. 1.5 Conceito atual dos hospitais Constata-se que, atualmente, o hospital tornou-se uma instituição fundamental, colocada a serviço dos indivíduos, voltada para uma medicina preventiva e restauradora da saúde. A função preventiva de um hospital, seja ele governamental ou particular, se constitui efetivamente em parte de sua responsabilidade para com a comunidade que, por sua vez, reconhecerá socialmente os serviços hospitalares a ela oferecidos e proporcionados. O Hospital atualmente, procura manter sua finalidade definida pela Organização Mundial da Saúde, como sendo: “O perfeito bem estar físico, social e mental e não a simples ausência da doença ou enfermidade”. No Informe Técnico nº 122, de 1957, da Organização Mundial da Saúde, define que: “O hospital é parte integrante de um sistema coordenado de saúde, cuja função é dispensar à comunidade completa assistência à saúde, tanto curativa quanto preventiva, incluindo serviços extensivos à família, em seu domicílio e ainda centro de formação para os que trabalham no campo da saúde para as pesquisas bio-sociais”. O Informe Técnico fixou as seguintes funções para o Hospital: *Prevenir a doença: ações básicas; pré-natal e vigilância no parto; vigilância no crescimento normal da criança e do adolescente; prevenção às enfermidades 18 de longa duração; prevenção à invalidez física e mental; educação Sanitária; higiene do trabalho. *Restaurar a saúde: iniciativas; diagnóstico; tratamento curativo da enfermidade, incluídas as intervenções cirúrgicas, a assistência clínica e outras; readaptação física, mental e social dos pacientes; assistência em caso de urgência, para acidentes e enfermidades em geral. * Funções educativas: O exercício das funções educativas tem como objetivo transformar o hospital num centro formador por excelência, tanto no ensino formal para as profissões da saúde, quanto na educação continuada e campo de estágio para os que se preparam para o exercício de alguma profissão na saúde. Algumas profissões que mais se servem dessa prerrogativa são: Médicos (estudantes e residentes), Enfermeiros, Obstetrizes, Técnicos e Auxiliares de Enfermagem, Nutricionistas e Técnicos de Nutrição, Assistentes Sociais, Psicólogos Clínicos, Administradores Hospitalares e da Saúde. Profissionais das atividades de apoio do Hospital, como Lavanderia, Limpeza e Manutenção, Farmacêuticos, Bioquímicos e Técnicos de Laboratório e dos demais Serviços Complementares de Diagnóstico e Tratamento. 19 CAPÍTULO II 2. O HOSPITAL, A HUMANIZAÇÃO E O ATENDIMENTO AO SER HUMANO 2.1 A Humanização dos serviços hospitalares Atualmente, as instituições buscam cada vez mais a humanização dos serviços prestados, considerando que, permanece ainda uma grande concentração de sofrimento, tanto para os pacientes/clientes, como para os familiares. Apesar do termo “humanização” ser aplicado constantemente no âmbito da saúde ele não possui uma definição muito clara, mas geralmente é utilizado para designar uma assistência que valoriza além do cuidado do ponto de vista técnico, reconhece os direitos do paciente, de sua subjetividade e cultura, além do reconhecimento do profissional e da valorização do diálogo interdisciplinar (DESLANDES, 2004). Já os autores responsáveis pela elaboração da Cartilha do PNHAH consideram a humanização hospitalar da seguinte maneira: (...) humanizar é garantir à palavra a sua dignidade ética. Ou seja, o sofrimento humano e as percepções de dor ou de prazer no corpo, para serem humanizados, precisam tanto que as palavras que o sujeito expressa sejam reconhecidas pelo outro, quanto esse sujeito precisa ouvir do outro palavras de seu reconhecimento. (...) sem comunicação não há humanização. A humanização depende de nossa capacidade de falar e ouvir, do diálogo com nossos semelhantes.(...) O preço que pagamos pela suposta objetividade da ciência é a eliminação da condição humana da palavra, que não pode ser reduzida à mera informação 20 de anamnese, por exemplo. Quando preenchemos uma ficha de histórico clínico, não estamos escutando a palavra mas apenas recolhendo a informação necessária para o ato técnico. Indispensável, sem dúvida. Mas o lado humano ficou excluído (BRASIL, 2002). Com o intuito de reverter o quadro atual de desuminização na saúde muitas propostas tem sido elaboradas. Um levantamento realizado por Caprara e Franco (1999) aponta os principais estudos importantes neste esforço de mudança das práticas médicas, como segue os temas: (...) recuperação dos elementos subjetivos da comunicação entre médico e paciente com a ajuda dos conhecimentos da psicanálise e da psicologia médica; inclusão do ponto de vista dos usuários a respeito da assistência prestada pelo sistema de saúde; consideração do componente cultural da doença e da experiência do doente e seus familiares; consideração das práticas populares e suas influências na prevenção, no diagnóstico e no tratamento; personalização da assistência e direito à informação; incorporação de cuidados diferentes do modelo clínico ao sofrimento do paciente, como sensibilidade para conhecer a realidade do paciente, ouvir suas queixas e encontrar junto com ele estratégias que facilitem a adaptação ao estilo de vida exigido pela doença. Para resolver o problema da humanização no atendimento hospitalar Goldenstein (2006) afiança que muitas propostas e projetos surgiram, em especial, por meio das ONGS. Para o autor essas iniciativas passar a existir sob três vertentes. Assim, a primeira delas visa proporcionar a relação médico-paciente – aqui compreendido também como toda a equipe voltada para o atendimento ao paciente, esta que deve trabalhar conjuntamente com o médico - de maneira informal, descontraída e divertida o que, via de regra, tornaria e relação mais impessoal, ou seja, mais humana. Como exemplo de dita proposta tem-se o projeto Doutores da Alegria, ou ainda, outros que trazem para o ambiente hospitalar a musica, a pintura, o grupo de contadores de histórias, etc. 21 Já uma segunda vertente seria a denominada “modelo arquitetônico de hospital humanizado”, ou seja, adotar-se-ía paredes coloridas e iluminação natural, além de acrescentar alguns objetos capazes de trazer tranqüilidade ao paciente, como: plantas e aquários de peixes, jardins externos com fontes de água, recantos que convidam à contemplação e relaxamento, alternativas essas cada vez mais utilizadas em um ambiente hospitalar, que visa retirar dos mesmos hospitais o aspecto tradicional, lúgubre e escuro. Em uma terceira vertente Goldenstein (2006) aponta propostas que visam proporcionar ao paciente e seus familiares um atendimento menos rigoroso buscando a construção de um relacionamento mais próximo com a equipe médica. Como exemplo pioneiro o autor destaca o projeto “parto humanizado” que além de retirar a mulher de seu “sofrimento” e “acelerar” o parto através de medicações e de manobras técnicas ou cirúrgicas e é uma tarefa nobre da medicina obstétrica e assim vem sendo cumprida, deve prioritariamente, devolver protagonismo do parto à mulher. Martins (2003) critica as práticas médicas modernas, em que um profissional mais preocupado em gerir a relação de cura a partir da perspectiva de “tempo utilitário” não se preocupa com a vida pessoal do paciente a fim de não se “perder tempo” com aspectos não previstos pela metodologia anátomo-clínica adotados nas faculdades de medicina. Entretanto, faz-se pertinente os ensinamentos de Pessini e Bertachini (2003), que compreendem o processo de humanização na área da saúde não 22 somente pertinente ao ambiente médico e hospitalar, mas à própria sociedade que se apresenta desumanizante e desumanizadora. Por isso, muitos autores defendem que, para a humanização hospitalar ocorra de maneira efetiva, dependerá de alguns fatores: do administrador que, com seu papel de dirigente, passa a exercer função de individuo estimulador e facilitador, a fim de proporcionar a sua equipe médica a capacidade de desenvolverem suas habilidades e competências, possibilitando que sejam capazes de realizar, por si próprias, processos inovadores e, dessa forma, provocar mudanças estruturais e culturais e, assim, estimular o trabalhador a participar ativamente do processo de construção de uma proposta de humanização; de condições básicas tanto materiais como humanas para desenvolver as suas atividades, de forma digna e justa SELLI, 2003) ; a falta de condições de capacitação dos profissional que induz à “desumanização” pela má qualidade no atendimento e pela sua baixa resolubilidade, posto que essa carência a favorece o mau relacionamento entre profissionais e usuários, que por conta disso se relacionam de forma desrespeitosa, impessoal e agressiva, “piorando uma situação que já é precária (BRASIL, 2002). 2.2 Missão principal do Hospital: o atendimento ao ser humano Para que se consiga um atendimento humanizado e de qualidade ao paciente, é unânime a compreensão de que a instituição hospitalar, considerando sua missão essencial a favor do ser humano, deve preocupar-se com a melhoria permanente de seu atendimento. Além de equipamentos voltados aos cuidados médicos completos, o hospital deve proporcionar tanto acomodações adequadas 23 para o conforto de seus pacientes durante sua permanência, como atenção aos cuidados referentes ao tratamento pessoal e individualizado. A hotelaria hospitalar também surge para agregar mais qualidade a essas instituições. É um serviço que se preocupa em atender o cliente desde a recepção, serviço de quarto, higiene, lavanderia, rouparia, até as mudanças feitas na arquitetura, decoração, etc. O paciente/cliente deve receber tratamento digno, acolhedor e solidário por parte de quem o atende. Além de um direito, é mais uma etapa fundamental na conquista da cidadania e até mesmo no auxilio de sua recuperação. É importante que o cliente/paciente sinta que é alguém, e que o objetivo do Hospital é atendê-lo. A maioria dos pacientes sente como que arrancados de sua rotina diária quando entra no Hospital, e essa confusão de sentimentos é agravada pela doença, dor e mal-estar. O planejamento administrativo do Hospital, deve procurar manter, dentro do possível, uma certa continuidade do tipo de vida a que o paciente está acostumado. Não podemos descartar a possibilidade de que, as opiniões dos clientes/pacientes possam contribuir para a melhoria contínua no atendimento dos mesmos, pois diante do atendimento recebido, terão um olhar diferenciado para indicar os pontos positivos e negativos da Instituição. 24 CAPÍTULO III 3. A QUALIDADE NA ATIVIDADE HOSPITALAR A qualidade está intrinsecamente ligada ao setor saúde. Os clientes do sistema hospitalar procuram tal serviço na busca de melhoria na qualidade de vida. O cliente sempre espera do Hospital, um atendimento humanizado, com qualidade e principalmente o acolhimento essencial para auxiliá-lo a enfrentar e superar a doença. Porém, o mesmo nem sempre encontra essa hospitalidade. A qualidade sempre esteve voltada, culturalmente, às empresas, uma vez que os hospitais, durante muito tempo, resistiram a um programa formal de qualidade, por acreditar em um setor diferente, com características próprias .A área da saúde, a partir da utilização de meios de controle de qualidade, tem a oportunidade de aumentar o ritmo de suas melhorias, principalmente se tratando de custos, devido a otimização dos recursos utilizados. O Ministério da Saúde vem controlando a qualidade dos serviços de saúde credenciando o Sistema Único de Saúde – SUS, através de cartas de avaliação dos usuários e do Programa Nacional de Avaliação Hospitalar – PNASH, que avalia através de um questionário aplicado pelo gestor, diversos quesitos que dão uma nota ao hospital. A partir das informações coletadas pelas cartas enviadas aos usuários e pelo PNASH, o Ministério da Saúde institui critérios para incentivos financeiros, atualmente pelos programas denominados INTEGRASUS I e INTEGRASUS II. 25 Os programas formais de acreditação poderão vir a ser utilizados como forma de se estabelecer remuneração aos prestadores de serviços tanto pelos planos de saúde como pelo serviço público. Diante dessas informações, observamos que o controle da qualidade passou a ser instrumento indispensável no bom funcionamento de um Hospital, seja ele público, filantrópico ou privado, aumentando a produtividade e diminuindo custos. 3.1 A Qualidade do ponto de vista do cliente Do ponto de vista dos clientes, a qualidade não é uma unidade que envolve uma só dimensão. Quer dizer, os clientes não avaliam um produto ou serviço tendo em conta apenas uma das suas características, mas varias. Por exemplo, a sua dimensão, cor, durabilidade, design, e garantia do serviço prestado etc. Segundo Gianesi (1996), os níveis de exigência das necessidades ou expectativas são diferentes, portanto é imprescindível relacionar algumas considerações. No relacionamento do fornecedor de serviço com o cliente, é possível identificar o que ele transmite e espera do serviço, suas expectativas, enquanto que suas necessidades são menos mensuráveis, pois muitas vezes o cliente as ignora; porém, sabe transmitir claramente o que espera do serviço. Conforme Parassuraman (1990) no processo de avaliação do serviço, os clientes se utilizam métodos comparativos de análise entre suas expectativas e suas percepções. Nestes casos, em curto prazo, seria melhor que o sistema de operações de serviços estivesse preparado para identificar melhor as expectativas dos consumidores que suas necessidades. 26 Para Whiteley (1992), a qualidade possui duas dimensões que devem ser levadas em conta e defende que "proporcionar qualidade como o cliente a define significa compreender plenamente ambas as dimensões da qualidade: qualidade do produto e qualidade do serviço". Este autor ainda afirma que a qualidade, quando corretamente entendida, pode ser um meio de criar e sustentar a vantagem competitiva. Na percepção do cliente, a qualidade está associada ao valor e à utilidade reconhecida ao produto ou serviço estando em alguns casos ligada ao preço. Assim, a qualidade é utilizado em situações bem distintas . A qualidade tem muitas dimensões e é por isso mais difícil de revelar. De tal maneira, que pode ser difícil até para o cliente expressar o que considera um produto ou serviço de qualidade. A Partir do momento, que o cliente adquiri um produto ou serviço,ele vai ter percepção de analisar, não só a qualidade do produto ou serviço, como também o atendimento que foi oferecido, a manutenção do serviço .Portanto todos estes fatores engloba um ponto de vista do cliente relacionado à qualidade. Através desta perceptibilidade a empresa deve se preparar e se reorganizar, baseando no foco do melhoramento da qualidade. No entanto a organização, alcançando a qualidade decorrera na diferenciação de seus produtos e serviço , conquistará a vantagem competitiva. 3.2 O envolvimento das pessoas na busca da qualidade A busca pela qualidade dos serviços prestados, gera mudanças, sendo necessário o envolvimento e comprometimento de todas as equipes de trabalho. 27 Treinamentos e motivação dos colaboradores é a chave para que a empresa ou Instituição alcance seu objetivo: a busca da excelência. Todas as equipes de trabalho dentro do hospital precisam identificar, treinar e capacitar os líderes para que os mesmos tenham capacidade de executar e defender os valores da empresa. Cada colaborador deve reconhecer sua subordinação, mas deve se relacionar sem barreiras, ou seja, participar efetivamente da administração, podendo colocar em prática sua criatividade. Para Maligieri (2001,p.9) “um sistema de liderança se constrói para fortalecer a Instituição, para que as pessoas trabalhem de modo efetivo e eficiente”. Para que todos os colaboradores, mesmo com opiniões e reações individuais, proporcionem melhorias na busca da qualidade, é necessário que todos estejam cientes e orientados sobre a real necessidade e importância na excelência dos serviços prestados. Assim como treinamentos, o processo de qualidade não é imediatamente assimilada por toda a equipe e cada pessoa tem uma reação e opinião sobre tal. As reações costumam passar pelas seguintes etapas, conforme Camacho (1998): a) Negação: a equipe desacredita no programa, acha que logo será esquecido; b) Resistência: se resisto às mudanças, talvez desistam; c) Depressão: causada pela perda da estável rotina anterior; 28 d) Aceitação: nesta fase a equipe começa acreditar no programa; e) Satisfação: pela conquista de um estágio melhor que o anterior. O processo de qualidade e o aprimoramento devem ser contínuos. A satisfação não pode levar a acomodação das equipes. Para que a o hospital alcance todos os objetivos do processo de qualidade, principalmente a satisfação do cliente, é preciso que todos tenham a visão da mudança como um desafio, ou seja, o contínuo aprimoramento. 3.3 O controle da qualidade total Segundo Campos (1982), qualidade é o produto final de um processo de humanização dos serviços. A excelência no atendimento ao cliente é o que motiva o programa de qualidade na área da saúde. Todos os processos de atendimento ao cliente devem ser realizados com muito cuidado, sendo necessário total controle. O resultado, consequentemente se refletirá em informações claras, rápidas e principalmente transparecerá segurança ao cliente. A atenção ao cliente não pode ser diferenciada com um cliente hospitalizado que apresente um quadro clínico estável, consciente, para com um cliente que apresente um quadro clínico mais grave, inconsciente. Atos como a apresentação na troca de plantão, do profissional que estará responsável pelos seus cuidados em um determinado período, é essencial para a prática de um bom atendimento. De qualquer forma, o cliente sentirá mais segurança na equipe e 29 poderá, nos casos de clientes conscientes e orientados, avaliar o atendimento prestado. O atendimento prestado pela equipe hospitalar não pode ter falhas. O resultado pode ser fatal. Sendo assim, um programa de qualidade total deve sempre minimizar os riscos e oferecer segurança aos seus clientes. A confiança e a qualidade no atendimento fortalecem a equipe interna. Todos os profissionais, independentes de sua função, então envolvidos no processo da qualidade. A busca pela qualidade deve ser contínua. 3.3.1 Planejamento no Controle da Qualidade Total O planejamento é o ponto de partida, pois deve estabelecer objetivos, metas e resultados, definir formas de controle, estabelecer a metodologia de implantação, atribuições, cronograma e custos. O programa de controle de qualidade tem como objetivo planejar, enfatizando melhorias e manutenção. A melhoria da qualidade e manutenção envolve todos os colaboradores, onde se faz necessários treinamentos internos. Também envolve a participação de parceiros externos, na qualidade dos fornecedores organização e controle dos processos administrativos, serviços de apoio e também o comprometimento com as expectativas dos clientes, expressam em pesquisas de satisfação ou reclamações. 30 3.3.2 A implantação da Comissão de Controle da Qualidade Total A Comissão de Controle da Qualidade Total deve ter um responsável pela coordenação de todo o trabalho, o qual deve ser sempre nomeado pela alta administração do hospital. O responsável deverá possuir as seguintes características: respeitabilidade e credibilidade na instituição, conhecimento do programa e habilidade interpessoal (capacidade de lidar positivamente com as pessoas, administrar conflitos e liderar mudanças). Além do responsável pelo comitê, deverá nomear uma comissão interna para que junto aos gerentes das áreas afins, ocuparão uma posição fundamental na implantação do programa. O papel de cada membro do comitê deve ser definido. Todos deverão ter um profundo conhecimento do programa e estar seguros para liderar e orientar sobre as novas práticas de gestão. A comunicação é de fundamental importância para o sucesso do programa, pois todos os colaboradores da instituição deverão ter conhecimento das normas e objetivos que serão aplicados para alcançar a qualidade total. 3.3.3 Atribuições da Comissão de Controle da Qualidade Total A Comissão terá como atribuição treinar e educar todos os colaboradores da instituição, para que as pessoas conheçam e dominem as ferramentas que serão utilizadas no dia a dia. Porém, o treinamento deve ser conduzido com vista ao alcance das metas. Como toda mudança deixa as pessoas inseguras, a 31 comissão deve estar preparada para lidar e atender a essas necessidades, à medida que surgirem. 3.3.3.1 Itens de controle Para que seja possível atuar nas três atividades básicas de controle (planejamento, manutenção e melhoria da qualidade) de forma adequada e produtiva, é necessário que o programa de qualidade conheça os processos de trabalho para assegurar sua estabilidade e ações que objetivem sua melhoria contínua. É preciso manter os processos sob estrita vigilância e avalia-los para verificar se o processo atende as condições e especificações de qualidade. Estabelecer itens de controle é traduzir para uma forma mensurável de um determinado processo às características da qualidade. O controle da qualidade total é uma estratégia utilizada para melhorar um processo, requerendo a participação de todos e possibilitando que melhorias sejam implantadas. Os itens de controle devem ser estabelecidos sobre características que realmente afetem de maneira significativa o resultado final. Porém, não podemos acreditar que um grande número de medidas é sinônimo de bom gerenciamento. O programa de qualidade precisa estar devidamente assentado em metodologia científica e confiável. Alguns exemplos de formas de controle: 3.3.3.2 Ciclo PDCA O método PDCA que se baseia no controle de processos, foi desenvolvido na década de 30 pelo americano Shewhart, mas foi Deming seu maior divulgador, ficando mundialmente conhecido ao aplicar nos conceitos de qualidade no Japão. 32 Neste sentido, a análise e medição dos processos é relevante para a manutenção e melhoria dos mesmos, contemplando inclusive o planejamento, padronização e a documentação destes. O uso dos mesmos pode ser assim relatado: a) P (Plan=Planejar) Definir o que queremos, planejar o que será feito, estabelecer metas e definir os métodos que permitirão atingir as metas propostas. b) D (Do=Executar) Tomar iniciativa, educar, treinar, implementar, executar o planejado conforme as metas e métodos definidos. c) C (Check=Verificar) Verificar os resultados que se está obtendo, verificar continuamente os trabalhos para ver se estão sendo executados conforme planejados. d) A (Action=Agir) Fazer correções de rotas se for necessário, tomar ações corretivas ou de melhorias, caso tenha sido constatada na fase anterior a necessidade de corrigir ou melhorar processos. 3.3.3.3 Programa 5 S ou housekeeping O “5S” é uma prática desenvolvida no Japão e ocidentalizada como “Housekeeping”. As empresas com o objetivo da busca de melhoria da qualidade de vida no trabalho, criaram no programa 5S uma base para o desenvolvimento 33 dessa qualidade. Não só os aspectos de qualidade e produtividade devem ser delegados aos funcionários, o mesmo deve ocorrer com relação à organização da área de trabalho, gerando descarte dos itens sem utilidade, liberação de espaço, padrões de arrumação, facilitando ao próprio funcionário saber o que está certo e o que está errado, manutenção da arrumação, limpeza, áreas isentas de pó, condições padronizadas que clareiam a mente do funcionário e a disciplina necessária para realizar um bom trabalho em equipe, dia após dia. A denominação 5S é devido as cinco palavras iniciadas pela letra “S” em japonês, ou seja, SEIRI (organização), SEITON (arrumação), SEISO (limpeza), SEIKETSU (padronização) e SHITSUKE (disciplina). A organização se aplica a todos os aspectos do ambiente do trabalho: mesas, gavetas, armários, discos de computadores, etc. A arrumação deixa cada objeto em seu lugar para pronto uso. A limpeza é forma de inspeção, pois possibilita a identificação de defeitos, peças quebradas, vazamentos, etc. A padronização mantém o estado de limpeza, inclui outras considerações, tais como: cores, formas, iluminação, ventilação, etc. Busca manter os três primeiros Ss de forma contínua. A disciplina é a arte de fazer as coisas certas, de forma natural e cotidiana. É a base de uma civilização e o mínimo para que a sociedade funcione em harmonia e o caminho para a melhoria do caráter das pessoas. O maior ganho que o 5S proporciona é a mudança de comportamento das pessoas e do ambiente da empresa. Economia, organização, limpeza, higiene e disciplina tornam-se palavras comuns – e praticadas – por todos. Esses fatores são fundamentais para elevar e garantir a produtividade. Além disso, implantar o 34 5S é uma boa maneira de melhorar o seu gerenciamento de rotina e ter resultados cada vez melhores. Para uma pessoa ser o facilitador do 5S de uma empresa, deve-se ter algumas características, tais como: ser comprometida com o trabalho e com a empresa; ser dinâmica; ter liderança; ter boa fluência verbal; estabelecer boas relações sociais com os outros funcionários; ter disponibilidade de tempo e acreditar na filosofia do 5S. 3.4 Qualidade para profissionais da área da saúde Considerando que a adoção de conceitos de segurança por parte da instituição hospitalar aumenta o seu valor, a satisfação e a preferência do cliente, melhorando de modo significativo a relação cliente/hospital faz se necessária a implantação de medidas que procurem diferenciar os hospitais cujas atividades envolvam as boas medidas de segurança, daqueles que não tem este princípio. Assim, a redução de erros e defeitos ou condições inseguras e a eliminação de causas de insatisfação, contribuem significativamente para a visão de qualidade pelo cliente e funcionário e são, desse modo, partes importantes da qualidade centrada no cliente. Como o objetivo de se implantar medidas de segurança visando a integridade de cliente, funcionários, visitantes e do patrimônio hospitalar, devemos partir para a criação de valores claros. A alta direção deve criar metas específicas, bem como sistemas e métodos bem definidos para alcançar as metas de segurança ora traçadas. 35 O desenvolvimento contínuo da qualidade significa fazer constantes investimentos nos processos e na avaliação dos mesmos visando alcançar melhores e mais consistentes resultados. A melhoria contínua dos padrões de segurança requer um enfoque bem definido e bem executado em todas as unidades e atividades da instituição hospitalar. Entre outros tipos de melhorias, pode-se destacar: o aumento da atenção para com o cliente, a redução de erros de operação e defeitos de equipamentos, a melhoria da rapidez de respostas aos problemas que envolvem segurança, a redução do tempo médio entre falhas relativas à segurança, o aumento dos períodos de manutenção nos equipamentos e sistemas e melhoria da eficácia e da eficiência de todos os recursos de segurança disponíveis. As ações que visem a melhoria da qualidade nos serviços destinados à promoção de segurança em todas as atividades desenvolvidas no ambiente hospitalar devem ser baseadas em dados confiáveis. Estes dados, em sentido amplo, podem ser fornecidos pelo paciente, funcionários e visitantes. Além destes pode-se citar outros hospitais (aqueles que desenvolveram técnicas ou medidas mais adequadas para o controle de determinados riscos) e o mercado (através da apresentação de novas tecnologias e novos conhecimentos de riscos). O programa de qualidade voltado para a segurança requer o comprometimento dos funcionários, os quais bem treinados e encorajados a participar das atividades de melhoria contínua da empresa, contribuem valiosamente para alcançar as metas ora definidas (BRASIL, 1995). 36 Nesse sentido, cabe à alta direção a criação de sistemas de reconhecimento e premiação dos servidores de modo a reforçar a importância de sua participação. Contudo, proporcionar treinamento básico nos assuntos relacionados com a qualidade, dentro das atividades desempenhadas pelos funcionários, facilita a compreensão e ajuda a resolver os problemas referentes a esse assunto. 37 CONCLUSÃO Conforme estudos explicitados acima, conclui-se que para que seja atingido um nível de qualidade adequado no atendimento ao cliente dentro das Redes Hospitalares, é preciso um estudo completo sobre toda a estrutura dos locais, os pacientes, os serviços prestados e um envolvimento de toda a equipe, desde a recepção até o serviço médico em si, assim como conceitos de segurança e etc. É importante destacar que é preciso aumentar cada vez mais a atenção com o cliente, a redução de erros em diversas operações, falhas operacionais, falta de medicamentos, a melhoria da rapidez de respostas aos problemas que envolvem segurança, respostas quanto ao quadro clínico dos pacientes, retorno aos familiares, , o aumento dos períodos de manutenção nos equipamentos e sistemas e melhoria da eficácia e da eficiência de todos os recursos de segurança disponíveis. Para um bom desenvolvimento da qualidade é preciso realizar diversos investimentos em todos os processos e constantemente na avaliação dos mesmos para que se possa atingir melhores e mais consistentes resultados positivos. Essa melhoria contínua em todos os padrões requer uma ênfase bem definida e muito bem feita nas unidades e atividades das Redes Hospitalares. Acredita-se que com esses níveis de atendimento e que o paciente sinta-se acolhido e confortado na Instituição Hospitalar, mais que tudo precisa-se que todos vivenciem de forma intensa essa experiência. 38 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS BRASIL. Ministério da Saúde. Departamento de Normas Técnicas. Coordenação Geral de Normas. Coordenação de rede Física, Equipamentos e Materiais Médico-Hospitalares. Serviço de Engenharia Clínica. Brasília, 1995. BRASIL. Ministério da Saúde. Programa Nacional de Humanização da Assistência Hospitalar. Brasília, 2002. CAMACHO, J.L.T. Qualidade total para os serviços de saúde. São Paulo: Nobel, 1998. 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Mundo Saúde. 2003. 40 ÍNDICE FOLHA DE ROSTO .................................................................................................. 09 AGRADECIMENTOS ................................................................................................ 04 RESUMO .................................................................................................................. 05 METODOLOGIA ....................................................................................................... 07 SUMÁRIO ................................................................................................................. 08 INTRODUÇÃO .......................................................................................................... 09 1. ANÁLISE CONCEITUAL E HISTÓRICA DOS HOSPITAIS ................................. 11 1.1 Antiguidade ....................................................................................................... 12 1.2 Idade média ...................................................................................................... 14 1.3 Idade Moderna .................................................................................................. 16 1.4 Contemporaneidade.......................................................................................... 17 1.5 Conceito Atual dos Hospitais........................................................................... 18 2. O HOSPITAL, A HUMANIZAÇÃO E O ATENDIMENTO AO SER HUMANO ..... 20 2.1 A Humanização dos serviços hospitalares ..................................................... 20 2.2 Missão principal do Hospital: o atendimento ao ser humano ...................... 23 3. A QUALIDADE NA ATIVIDADE HOSPITALAR ................................................... 25 3.1 A Qualidade do ponto de vista do cliente ....................................................... 26 3.2 O envolvimento das pessoas na busca da qualidade.................................. 27 3.3 O controle da qualidade total ........................................................................... 29 3.3.1 Planejamento no Controle da Qualidade Total ........................................... 30 3.3.2 A implantação da Comissão de Controle da Qualidade Total .................... 31 3.3.3 Atribuições da Comissão de Controle da Qualidade Total ........................ 31 3.3.3.1 Itens de controle.......................................................................................... 32 3.3.3.2 Ciclo PDCA .................................................................................................. 32 41 3.3.3.3 Programa 5 S ou housekeeping ................................................................ 33 3.4 A Qualidade para Profissionais da área de Saúde ......................................... 35 CONCLUSÃO ........................................................................................................... 38 REFERÊNCIAS BIBLIOGRAFICAS ......................................................................... 40 INDICE ...................................................................................................................... 41 42