APRESENTANDO CONTEÚDOS DE FÍSICA DO NÍVEL MÉDIO DE UMA FORMA INTERATIVA, UTILIZANDO UM PROGRAMA COMPUTACIONAL Wildne Figueira Rodrigues1, Kessia Olinda do Nascimento Ferreira2 e José Roberto Tavares de Lima3. 1 Instituto Federal de Pernambuco / [email protected] 2 Instituto Federal de Pernambuco / [email protected] 3 Instituto Federal de Pernambuco / / [email protected] RESUMO O presente trabalho vem relatar uma atividade interativa, realizada por bolsistas do PIBID/CAPES em uma escola pública estadual na cidade de Pesqueira-PE. Essa intervenção pedagógica foi realizada em uma turma de 1º ano do Ensino Médio, em que foram utilizados experimentos de simples confecção e de baixo custo, além de um software educacional (o programa TRACKER) para auxiliar na compreensão dos alunos sobre os temas trabalhados M.U. (Movimento Uniforme) e M.U.V. (Movimento Uniformemente Variado). Buscando possibilitar uma melhor compreensão dos fenômenos físicos e mostrar aos alunos algumas aplicações da Física no seu cotidiano, adotamos esse software, pois ele permite ao aluno calcular e visualizar através de gráficos os valores e comportamentos de velocidade e da aceleração da trajetória realizada pela partícula. A metodologia utilizada na intervenção vem sendo bastante discutido pelos pesquisadores que buscam verificar a eficácia da utilização de tecnologias no processo de ensino-aprendizagem, com conceitos Físicos. Os alunos tiveram aulas previas de como funciona o software e quais as ferramentas seriam utilizadas por eles nas aulas seguintes. A manipulação dos experimentos e do programa foi totalmente realizada pelos grupos de alunos, com a intervenção dos bolsistas apenas nos momentos de duvidas sobre o software. Com isso, a participação dos estudantes foi ativa, o que acabou gerando uma maior motivação em participar da aula e interagir com os colegas de turma. Palavras-chave: Uso de Software educativo, Ensino de Física, Ensino Médio. INTRODUÇÃO A literatura científica há um bom tempo têm refletido sobre a dificuldade do ensino e aprendizagem da Física no ambiente escolar. Os métodos tradicionais de ensino são apontados como um dos obstáculos para o desenvolvimento das habilidades e competências pretendidas no ensino das ciências, gerando um desinteresse dos alunos em estudar Física. A dinâmica do ensino da Física concentrada em rotinas de exposição de conteúdos utilizando o quadro e os livros didáticos nas salas de aula não tem despertado interesse dos estudantes e motivação para aprofundamentos sobre os conceitos físicos e buscar carreiras profissionais na área tecnológica e científica. A grande incidência da utilização das práticas tradicionais se dá pela falta de recursos didáticos e experimentais nas escolas, assim como pela carência na formação dos professores. Segundo Borges (1996) “[...]o ensino tradicional de ciências do fundamental ao superior, tem se mostrado pouco eficiente, seja tanto na perspectiva dos estudantes e professores, quanto das expectativas da sociedade”. Uma das principais dificuldades para a mudança desse panorama é no processo e nas políticas de formação dos professores que lecionam física no Ensino Médio. Por uma carência de profissionais formados na área, as escolas alocam professores de outras áreas de formação, tais como: Biologia, Matemática, Geografia, História e outras componentes curriculares tentando suprir as necessidades do ensino de Física. O estudo dos fenômenos físicos necessita de uma boa capacidade de interpretação, trato com modelos matemáticos e conhecimento conceitual. Diante destas necessidades, em determinadas situações, os professores que não possuem formação na área buscam uma alternativa menos complicada para ensinar esses fenômenos, e geralmente essa alternativa é fazendo uso de uma abordagem puramente matemática. Quando o professor valoriza o trato matemático para o ensino da Física, com aplicações de fórmulas e questões que levam os alunos a responderem mecanicamente, o estudante se desestimula e não consegue ver significado no estudo das ciências. Veit e Teodoro (2009, p.3) enunciam que: “Na prática, a Física representa para o estudante, na maior parte das vezes, uma disciplina muito difícil, em que é preciso decorar fórmulas cuja origem e finalidades são desconhecidas.” Várias pesquisas têm sido realizadas com o intuito de buscar alternativas para transformar essa realidade do ensino da Física, buscando uma aprendizagem significativa e incentivar o estudo da Física e articular o conhecimento físico com as diversas situações do cotidiano. Para Leite, Silva e Vaz (2008) “[...]as aulas práticas servem de estratégia e podem auxiliar o professor a retomar um assunto já abordado, construindo com seus alunos uma nova visão sobre um mesmo tema.” O uso de softwares educacionais pode servir como facilitadores no ensino da Física, conciliando o estudo de fenômenos físicos com programas computacionais que auxiliam na visualização com maiores detalhes. Como exemplo alguns softwares de análise de sequência de vídeo permite o estudo das posições instantâneas de um objeto em queda livre, as variações da velocidade e da aceleração, o tempo de queda entre outros. Nessa perspectiva, o software de análise de sequência de vídeo, Tracker, possibilita a visualização de movimentos, através do recurso de diminuição da velocidade de exibição do movimento para uma melhor compreensão e simplificação dos dimensionamentos das grandezas físicas presentes no estudo, entre outros recursos disponíveis. Com a intenção de estudar as possibilidades e contribuições no processo de ensino e aprendizagem dos fenômenos da cinemática, esta investigação teve o objetivo de desenvolver uma atividade interativa que possibilite aos alunos vivenciarem os fenômenos estudados em sala de aula de uma forma significativa, buscando inserir a tecnologia em práticas de ensino da física e valorizando a articulação dos conhecimentos da Física ao mundo cotidiano. MÉTODOS E MATERIAIS A pesquisa foi realizada com 24 estudantes, com idades entre 14 e 15 anos, pertencentes ao 1º ano do Ensino Médio da Escola Estadual Cristo Rei, na cidade de Pesqueira-PE. Esses alunos são oriundos de diversos lugares da região, desde sítios próximos até cidades circunvizinhas, ou seja, possuem realidades e condições de vida diferentes. A intervenção foi realizada por três bolsistas do Programa Institucional de bolsa de Iniciação a Docência-PIBID/ CAPES e foi estruturada em quatro encontros semanais, sendo cada encontro em torno de 90minutos. O ambiente da vivência foi uma sala de aula e acompanhada pelo professor da turma. A dinâmica da intervenção buscou uma interação dos alunos com os materiais concretos em movimento e uma iniciação ao software Tracker. Os conteúdos físicos da cinemática vivenciados na pesquisa foram: Movimento Uniforme e Movimento Uniformemente Variado. O software Tracker é utilizado para visualização de alguns fenômenos físicos de movimento através de vídeos. O vídeo é importado para o programa Tracker e através das ferramentas disponíveis no software pode-se observar grandezas físicas, que, em tempo real, dificilmente poderíamos observar com riqueza de detalhes e precisão nas medidas das grandezas. O Tracker é um software de fácil manuseio e que pode ser baixado com facilidade na web. Dividimos os quatro encontros em etapas, as quais descrevemos a seguir: 1ª Etapa: Apresentação do software para os alunos. Exposição do funcionamento do programa e ferramentas a serem utilizadas. Esse momento foi totalmente expositivo no qual os alunos tiraram suas dúvidas e iniciaram suas observações sobre a aplicabilidade dos conceitos físicos já estudados em ambientes formais. Foi utilizado um vídeo previamente gravado no qual consistia na queda livre de uma esfera. Trabalhamos a exposição e medição de grandezas físicas tais como: o tempo de queda, as variações da velocidade e da aceleração. 2ª Etapa: Filmagem dos experimentos. Os alunos agrupados em quatro equipes desenvolveram atividades diferentes que consistiam de quatro experimentos a serem filmados pelos próprios alunos. 1- Mangueira com água: Consiste em preencher uma mangueira transparente com água, e colocar uma esfera metálica dentro da mangueira na vertical. 2- Mangueira com Óleo: Consiste em preencher uma mangueira transparente com óleo de cozinha, e colocar uma esfera metálica dentro da mangueira na vertical. 3- Rampa inclinada filmada de frente: Consiste em uma rampa de madeira na qual abandonamos uma esfera metálica. 4- Rampa inclinada filmada de lado: Consiste em uma rampa de madeira na qual abandonamos uma esfera metálica. Os experimentos 3 e 4 são semelhantes o que difere é o ângulo de filmagem, pois o software possibilita uma visualização diferenciada de algumas grandezas dependendo do vídeo. 3ª e 4ª Etapa: A utilização do Tracker pelos alunos Momento no qual os alunos começaram a manusear o software e detectamos as percepções de entusiasmo e empolgação dos alunos devido a oportunidade deles explorarem, pela primeira vez, a articulação dos conhecimentos adquiridos com a vivência. Ao fim das atividades, através de um questionário, buscamos levantar se o software contribuiu na visualização de uma forma mais significativa os fenômenos físicos, além de tentar reconhecer as contribuições para a aprendizagem da Física provocadas pela a aula construtivista. ANÁLISE E DISCUSSÃO DOS RESULTADOS Depois de seguirmos toda didática planeja podemos observa ao longo dos encontros, a empolgação dos alunos com os experimentos e o software. Durante as atividades procuramos questionar os alunos se eles conseguiam relacionar a teoria de sala de aula com os fenômenos físicos trabalhados no Tracker. A analise das respostas contidas no questionário entregue aos alunos e os questionamentos realizados durante as atividades, nos mostraram a importância de levar para os alunos métodos diferentes que possibilitem uma maior interação dos durante as aulas. A utilização do software possibilitou a discussão entre os alunos em algumas situação, como observado pelo aluno 1: E quando vai aumentando a velocidade a seta também aumenta num é? O aluno se referia ao vetor velocidade, sendo essa uma das grandezas físicas observadas no Tracker. Já o aluno 2 observou: A bolinha no óleo vai mais devagar do que na água por causa que o óleo é mais grosso que a água? Esse tipo de observação dos alunos é importante para o dialogo entre eles e na construção do conhecimento. Quando os alunos começam a fazer questionamentos sobre os conteúdos físicos, é um indicio que eles estão assimilando os fenômenos trabalhados. Segundo Leite, Silva e Vaz (2008), “[...]além de exporem suas explicações, os alunos aprendem a respeitar a opinião dos seus colegas durante o debate.” CONSIDERAÇÕES FINAIS Com a metodologia utilizada nas intervenções podemos observar que essas aulas diferenciadas ajudam na motivação dos alunos. Eles passam a ver uma aplicabilidade de alguns conceitos que ate então eram “jogados” de forma abstrata durante as aulas. É importante frisar que as aulas teóricas são fundamentais para o andamento de aulas diferenciadas, já que não bastar mostrar uma aplicação da Física se o aluno não possuir uma boa base teórica. Os encontros tiveram como objetivo aprimorar os conhecimentos sobre Movimento Uniforme e Movimento Uniformemente Variado, assim como buscando inserir a tecnologia no ensino/aprendizado da Física. De modo geral a pesquisa realizada mostra que quando os alunos interagem mais na aula, aumentam seus conhecimentos principalmente através dos diálogos e aprendem a respeitar a opinião dos outros alunos. AGRADECIMENTOS Agradecemos o apoio da Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (CAPES) pelo financiamento da pesquisa. REFERÊNCIAS Aliprandini, D. M; Santos, M. C; Schuhmacher, E. Processo Ensino e Aprendizagem de Física apoiada em software de modelagem. FURB. Blumenau-SC. 2009. Disponível em: < http://www.sinect.com.br /anais2009/artigos/11%20TICnoensinoaprendizagemdecienciaetecnologia/TICn oensinoaprendizagemdecienciaetecnologia_artigo13.pdf>. Acesso em: 20 jun 2014. Borges, A. T. O Papel do laboratório no ensino de ciências. Colégio Técnico da UFMG (1996). LEITE, A. C. S.; SILVA, P. A. B.; VAZ, A. C. R. A importância das aulas práticas para alunos jovens e adultos: uma abordagem investigativa sobre a percepção dos alunos do PROEF II. 2008. Veit, E.A.; Teodoro, V.D. Modelagem no Ensino/Aprendizagem de Física e os Novos Parâmetros Curriculares Nacionais para o Ensino Médio – Rev. Bras. Ens. Fis. 24 (2002), pp 87- 90. Disponível em: <http://www.if.ufrgs.br/cref/ntef/ producao/PCEM_modelagem_Veit_Teodoro.PDF>. Acesso em: 18 jun 2014.