Curitiba, 23 de junho de 2015.
Águeda Thormann
Ajude-nos professor
Em
tempos
de
tecnologia
amplamente
disponível,
conhecimento
acessível,
comunicação em tempo real em todos os continentes, mídias atrativas e eficientes na
divulgação de mensagens e no convite às descobertas, qual a importância do professor? Uma
profissão tão antiga... Está ultrapassada? Pode ser dispensada, substituída?
Porém, em tempos de complexidade, como o século XXI, há que se pensar
sistemicamente, ou seja, por outros lados. Esses tempos também são tempos de incentivo à
autonomia e às liberdades antecipadas e sem limites. São tempos atrelados a velocidade, a
aceleração de processos, a rapidez das relações. São novos tempos, que parecem atropelar
instituições, crenças, pilares e estruturas. E eu diria, são tempos vertiginosos! Buscando o
sentido de vertiginoso lá estão: que anda muito depressa, impetuoso, rápido; que causa
vertigens; perturba a razão ou a serenidade do espírito.
Vamos pensar no ser humano inteiro, começando pelo ser humano biológico. Desde
que surgiu na Terra, veio mudando, porém, o tempo das mutações é longo. Penso então que
as necessidades biológicas são as mesmas de milênios atrás: sono/dormir, fome/alimento,
sede/água, curiosidade/busca de respostas, afeto/aconchego, acolhimento, cuidado. Não dá
para atropelar estas necessidades. Não dá para acelerá-las, diminuí-las, transferi-las ou
recebê-las por via virtual. Há que ser pelo contato, pelo olho no olho e por outro ser humano.
Bem, para tudo isso, há que se ter quem cuide. Pensa-se na família, mãe e pai, ou pãe,
ou mai. Ou vãe (vó/vô + mãe), ou vai (vó + pai), ufa! Tempos mutantes, novíssimos. A família
se prepara para ser família?
Assim, a criança é levada à escola e é recebida pelo(a) professor(a). Aliás, de quem se
espera muito. De quem a sociedade espera desempenho perfeito. Afinal, ele/ela estudou
determinada área do saber, preparou-se para ser professor(a). Todavia, ao longo do tempo,
passou a abarcar mais funções. Algumas da família, que nem sempre tem dado conta. O
professor é modelo. Modelo de buscar sabedoria, ser polido e ponderado. Modelo de acolher,
de postura ética, de respeito, de alegria. Modelo na espiritualidade, na criatividade e inovação.
Modelo de liderança, de comunicação, afinal, se o(a) professor(a) não faz bem isso, como vai
ser professor(a)? A lista poderia ser bem maior. Nem acabou e já está difícil ser tudo isso.
São tempos de saturação, também. É tanta imagem saturada de maldade,
descompromisso, desrespeito. É tanta falta de honradez e de brio saindo das telas (de TV)
para as casas! A velocidade das imagens causam vertigens, a impetuosidade não dá espaço a
reflexão e criticidade. O contexto mostra perturbações na razão e na serenidade do espírito. Na
vida diária, a convivência carece de respeito, calma nas decisões. Precisamos, urgente, de
ajuda para mudar esse panorama, para que a sociedade viva tempos de paz, de compaixão,
de comprometimento.
Sabe-se, dos estudiosos da educação, que aprende-se por imitação. Sabe-se também,
serem fundamentais os modelos para a criança e o adolescente. Que modelos a sociedade
tem hoje? Quem nossas crianças e jovens tem como modelos a imitar e assim construir seus
próprios modos de ser?
A importância do professor(a) para a sociedade contemporânea está em sua
capacidade de ser modelo. Em viver o sentido da vida. Ajude-nos professor. Sendo forte,
sendo o melhor que puder, acreditando e simplesmente sendo o que falta, o que se perdeu.
Ajude-nos sendo modelo de participação, de fazer com paixão, de olhar além, olhar por si
mesmo, pelos outros e pela vida.
Fonte: Águeda Thormann, especialista em educação e professora do ISE Sion.
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