ARTIGO tos efetivos do governo no desenvolvimento de tecnologia e patentes nacionais em saúde afim de estimular o crescimento do nosso CEIS; sem a incorporação tecnológica ficaremos sendo dependentes da produção de conhecimento cientifico internacional. Enquanto isso não acontece, continuamos a exercer a nossa urologia anódina que demora quase uma década para incorporar inovações e que nada produz. Mas pelo menos temos a Copa e os Jogos Olímpicos para entreter os distintos e saudáveis brasileiros... Foto Arquivo Pessoal robóticas estão disponíveis hoje no país em apenas 3 cidades diferentes. Muito pouco para um país com 200 milhões de habitantes, que gasta bilhões na construção de estádios e que direciona mal os investimentos na área da saúde. E o panorama é mesmo quando observamos o desenvolvimento de medicamentos na área de uro-oncologia. Talvez nenhum outro câncer tenha observado surgimento de tantos medicamentos com potencial de prolongar a sobrevida de pacientes com doença metastática que o câncer de próstata; Enzalutamida e o Radium-223 são exemplos destas medicações recentemente desenvolvidas pela indústria farmacêutica mundial e que, apesar de aprovadas há mais de 1 ano nos EUA, ainda não estão disponíveis no Brasil. Privar a população brasileira do acesso a estas medicações é um claro exemplo de desserviço a comunidade e demonstra o quando a nossa urologia se tornou coadjuvante e atrasada em relação à urologia mundial. O pior é quando finalmente incorporamos estas novas medicações aumentaremos ainda mais a dependência de nossa balança comercial do nosso CEIS. Enfim, é extremamente difícil falar em avanços na urologia brasileira quando não existe nenhum real avanço quando comparada a urologia mundial. Este papel de coadjuvante que assumimos nas últimas décadas só será superado quando houverem investimen- Foto Arquivo Pessoal A urologia brasileira sempre se caracterizou, historicamente, por seu grande destaque no cenário mundial tanto em relação a sua produção cientifica como por seu caráter assistencial e pioneirismo no desenvolvimento de novas técnicas cirúrgicas e métodos de tratamento. Grandes nomes da Urologia nacional tiveram seus nomes gravados nos principais livros de urologia publicados no mundo e foram reconhecidos mundialmente pela sua expertise no tratamento das mais diversas patologias do trato urinário. Entretanto, tem se observado uma clara mudança neste panorama nas últimas décadas; o pioneirismo da urologia nacional parece ter sido substituído por um papel meramente coadjuvante frente aos altos custos relacionados a inovação e produção cientifica na atualidade. E inegável que os grandes avanços em medicina, hoje, têm um custo associado extremamente elevado relacionados a produção e incorporação de tecnologias, produção de medicamentos e realização de estudos multicêntricos de alta complexidade. A medicina brasileira se tornou, nos últimos anos, um mero consumidor das inovações e patentes produzidas por centros de pesquisa e pela indústria farmacêutica sediada em países desenvolvidos. Está dependência tecnológica fica evidente quando avaliamos o déficit na balança comercial do nosso Complexo Econômico Industrial em Saúde (CEIS) que hoje supera 10 bilhões de dólares por ano. A produção tecnológica em saúde e a produção de patentes e inovações farmacológicas no país tem produzido resultados pífios nas últimas décadas. A urologia brasileira segue este mesmo padrão. Pouquíssimos avanços na urologia mundial nos últimos anos tiveram participação da urologia brasileira; nenhuma patente de destaque foi produzida em nossa área no Brasil e, finalmente, a produção cientifica nacional carece de qualidade sem causar qualquer impacto na pratica urológica no mundo. E não só a dependência tecnológica se tornou um problema para a urologia no Brasil. Também a incorporação e o financiamento destas novas tecnologias se tornaram uma clara barreira para o desenvolvimento da nossa especialidade. Vejamos o exemplo da cirurgia assistida no robô. A primeira prostatectomia assistida por robô foi descrita há 15 anos; a urologia foi a especialidade responsável pela grande disseminação desta tecnologia e, hoje, a cirurgia robótica se tornou a abordagem cirúrgica mais comum para inúmeras patologias urológicas. Este tipo de cirurgia domina qualquer congresso urológico em qualquer parte do mundo. Entretanto, enquanto hoje mais de 2500 plataformas robóticas estão instaladas nos EUA e mais 450 na Europa, o Brasil só instalou sua primeira plataforma em 2008 e permaneceu por anos com apenas 3 sistemas instalados exclusivamente em São Paulo. Apesar de um impulso maior no último ano, apenas 10 plataformas Dr. Rafael Ferreira Coelho Urologista Médico no Hospital das clinicas da faculdade de medicina da USP Chefe de equipe de urologia do instituto do câncer de estado de São Paulo CRM 108338 Prof. Dr. José Cury Urologista Prof. da Disciplina de Urologia do Hospital das Clínicas da Faculdade de medicina da USP. Chefe do Grupo de Medicina Sexual do HC. Coordenador da Graduação Médica do Curso de Urologia da FMUSP. Membro da American Urological Association,European Urological Association,Confederacion Panamericana de Urologia. Ex-presidente da Sociedade Brasileira de UrologiaSecção de São Paulo. CRM-SP 10826 Julho 2014 - APM - Regional Piracicaba 9