3. Conceitos, termos
e autores
Um [dos meus sonhos] consistia em arranjar a
cópia de uma chave da Secção Infantil da Biblioteca
Nacional, entrar sub-repticiamente e passar um fim
de semana sem mais companhia para além dos livros
[...].
Sonhava que todos aqueles livros aprisionados
queriam falar, que esperavam o interlocutor certo e
que esse era eu. Sonhava que os livros me falavam na
sua linguagem silenciosa…
Luis Sepúlveda, O Poder dos Sonhos, ASA, 2006
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Ideias & Imagens | Guia do Professor
Acrílico (técnica)
All Over (técnica)
Processo de pintura usado por certos artistas
abstratos (como os da Action Painting e de outros
informalismos) em que o suporte se encontra igualmente preenchido de tintas-formas, não se distinguindo qualquer foco central ou área dominante.
Alla Prima (termo técnico)
Numa tradução, à letra, significa “à primeira”.
Designa um método de pintura que se concretiza
com uma única camada de pigmento sobre uma
superfície/fundo branco, sem sobreposições nem
retoques.
Antefixo (à letra, “o que é colocado na frente”)
Termo usado em arquitetura para designar o
elemento estrutural e ornamental que é colocado
no final da fieira de telhas das águas de um telhado
para proteção face ao risco de deslizamento. O elemento é de origem greco-romana, mas foi muito
usado na arquitetura do Neoclassicismo e do estilo
Regência, e ainda no mobiliário Estilo Império.
Antiarte (conceito)
Designa os objetos realizados por artistas e
com intenção artística, que, não obstante, parecem contrariar e desafiar todos os conceitos e pressupostos até aí definidores de “arte”. O termo foi
usado pela primeira vez por Marcel Duchamp,
durante a sua adesão ao Movimento Dada, corrente que, numa atitude provocatória e inovadora,
dizia que toda a verdadeira arte era antiarte.
Exemplo de um objeto antiarte é a Mona Lisa
com Bigode de Marcel Duchamp.
Antunes, João
(1643-1712)
Foi um dos mais importantes arquitetos do
Barroco português, tendo exercido os cargos de
arquiteto-mor das Ordens Militares (desde 1697) e
de arquiteto real, desde 1699. Discípulo de Filipe
Terzi, foi também autor da Igreja do Bom Jesus de
Barcelos (1701-05), da Igreja de Santiago, em Alcácer do Sal (1700), dos palácios da Bemposta e do
Conde de Tarouca, na Cotovia (em 1701 e 1698,
respetivamente).
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Importante mostra internacional de arte realizada em Nova Iorque, entre 17 de fevereiro e 15 de
março de 1913, no 69.º Regimento Armory. Esta
exposição foi responsável pela divulgação na América de todas as vanguardas artísticas da Arte europeia da época, com exceção do Expressionismo
alemão e do Futurismo italiano que não estiveram
representados.
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Nome que se atribui às tintas que utilizam
como medium (aglutinador) um produto sintético
à base de resina. A pintura a acrílico seca muito
mais rapidamente, exigindo uma técnica própria.
A partir de meados do século XX começou a substituir o óleo e é, hoje, um dos processos mais utilizados pelos pintores.
Armory Show
Arte Autre (termo/conceito)
Expressão usada pelo teórico e crítico de arte
Michel Tapié (1909-1987), em 1952, numa obra
com o mesmo nome, para designar a arte produzida pelo artista alemão Alfred Wolfgang Schulze
ou Wols (1913-1951) e pelo francês Jean Fautrier
(1898-1964), após a 2.ª Grande Guerra. A arte abstrata criada por estes artistas parecia opor-se por
completo a todos os tipos de arte até aí conhecidos – era “uma outra arte”, de outro cariz.
Sendo estas expressões artísticas de raiz informalista, o termo Arte Autre tem também sido
usado para referenciar a arte informalista europeia,
com o mesmo significado de Abstração Lírica.
Arte Degenerada (do alemão “entartete Kunst”)
Nome provocatório dado pelos nazis a uma
célebre exposição de arte de vanguarda, realizada
em Munique em 1937, onde a tendência dominante foi a expressionista. As obras foram expostas
de modo caótico e com letreiros que ridicularizavam os seus temas e conteúdos, bem como os seus
autores.
Arte pela Arte (conceito)
Expressão utilizada para referir a arte que é produzida apenas com intencionalidade plástica e estética, desligada de intuitos morais, doutrinais ou
sociais. Foi usada pela primeira vez por Charles Baudelaire e pelo crítico e ensaísta francês Théophile
Gautier (1811-1872), referenciando a sua própria
arte. O conceito foi amplamente utilizado e difundido pelo Esteticismo inglês (Aesthetic Movement).
Assemblage (técnica/conceito)
A palavra significa, numa tradução à letra, ato
de reunir, juntar. Especificamente, designa um
método de criação de obras de arte, na pintura e
na escultura, pela junção de objetos bi e tridimensionais sobre uma superfície ou em composição
independente, intervindo ou não sobre eles com
tinta ou outros meios. Esta técnica ou processo
deriva da colagem iniciada pelos cubistas na passagem da fase analítica para a hermética e foi, depois,
continuada pelos Dadaístas e Neodadaístas.
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3. Conceitos, termos e autores
Azulejo
A palavra azulejo é um vocábulo de origem
árabe (zulej – que define uma superfície polida),
aparecido em Portugal a partir do final do século
XV. Como revestimento foi, também, conhecido
desde essa data e possuiu grande importância,
sobretudo nos séculos XVII e XVIII, sentindo-se a
sua influência até aos nossos dias.
Foi nas centúrias de 1600 e 1700 que o azulejo
cobriu grandes superfícies parietais, convertendo
os espaços em verdadeiros panos cenográficos.
Primeiramente, foi utilizado como revestimento enriquecendo as igrejas mais antigas e mais
pobres, em cujos programas construtivos a decoração pictórica e/ou escultórica não tinha sido contemplada. Mais tarde, o seu emprego foi alargado
a igrejas mais complexas, em particular as de
planta centrada, sentindo-se nelas o programa
decorativo imposto pela Contrarreforma que,
segundo o Dicionário da Arte Barroca em Portugal,
“pensava o corpo da arquitetura como uma alegoria
católica do próprio corpo de Cristo: um corpo desprezível (o exterior das igrejas reduzido à mera funcionalidade de muros separadores) suportando a riqueza
interior da alma (o espaço interior repleto de azulejos, combinados ou não com a talha, a pintura, a
escultura, visando a obtenção da obra de arte total)”.
No Barroco, este tipo de revestimento foi alargado aos espaços profanos, às construções palacianas interiores e exteriores (jardins) onde a
temática foi laica – temas dicotómicos (Sol/Lua,
Bem/Mal, Noite/Dia), do tempo (estações do ano,
meses), do mundo (as quatro partidas), do Universo (planetas), de tradição clássica e mitológicas
– ao contrário da das igrejas, dominantemente religiosas, com temas como os do Antigo e do Novo
Testamentos, da vida da Virgem e dos santos, dos
quatro evangelistas, das virtudes, etc.
O azulejo teve neste tempo três funções
básicas:
– uma meramente decorativa – destinou-se a
dinamizar os espaços por meio de uma repetição (padronagem), quando era não
figurativo;
– outra simultaneamente decorativa e narrativa
– serviu para ampliar os espaços em cenas
perspetivadas em trompe-l’œil;
–
finalmente, uma terceira, comum às duas
anteriores, a apelativa, que se destinou a
seduzir o espectador, dominando-o e convencendo-o pelos efeitos ilusionísticos do
cromatismo e da luminosidade que imprimia
aos ambientes.
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No século XVII, o azulejo teve, em Portugal, as
propostas mais originais afirmando a vitalidade da
arte portuguesa e superando, em quantidade e
qualidade, a pintura mural. Os azulejos deste
período possuíram um cromatismo extremamente
rico, constituído, na sua maioria, por amarelos, azuis,
castanhos-alaranjados, verdes-azeitona e castanhos-arroxeados, aos quais foram acrescentados, nos
finais de Seiscentos, os verdes mais avermelhados.
Ainda no final deste século, prolongando-se pelo
século seguinte, deram-se mudanças radicais quer
na temática quer no colorido do azulejo. Para essas
mudanças contribuíram os novos programas estéticos trazidos pela importação de azulejaria holandesa, que era de melhor qualidade, onde
dominavam as cores azul e branca, que passaram a
constituir a expressão cromática exclusiva. Só mais
tarde, no tempo do Marquês de Pombal, o azulejo
retomaria a policromia que caracterizará a produção tipicamente portuguesa.
Os especialistas – Santos Simões e José Meco –
classificaram a azulejaria do século XVIII em três
etapas de desenvolvimento, assim balizadas:
1.a – Grande Pintura (1700-1725), na qual apareceram várias personalidades criadoras. Deste
tempo são exemplo as obras de S. Vítor de
Braga, a Sé de Faro e a matriz do Sardoal
(1703)…
2.a – Grande produção (1725-1755), na qual se
desenvolveram as potencialidades cénicas do
azulejo, na composição (bocas de cena, narrativas, enquadramentos arquitetónicos…),
atingindogranderiquezaediversidadeeconvertendo-se num verdadeiro espectáculo. Exemplo desta produção são os azulejos de
S. Vicente de Fora.
3.a – Azulejaria rococó (desde cerca de 1735 até ao
final do século, no qual está incluído o tempo
pombalino), retoma a policromia, com predominância do amarelo-suave que coexiste com
as formas barrocas. Tal como na pintura, este
período é rico na representação de cenas
galantes e nos motivos de inspiração naturalista: aves, grinaldas, conchas, etc. Desta fase
destaca-se a produção de fábricas nacionais,
como a Real Fábrica de Faianças do Rato, em
Lisboa, e as fábricas de Coimbra, do Porto e de
Alcobaça.
Barroquismo (conceito)
Ato de complicar as formas e os elementos
decorativos pela profusão e exagero dos mesmos.
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Ideias & Imagens | Guia do Professor
Bernini. Gian Lorenzo, dito O
(Nápoles, 1598 – Roma, 1680)
Foi arquiteto, escultor, pintor, decorador de teatros e festas barrocas, músico, caricaturista e comediante. Aprendeu escultura com o seu pai, Pietro
Bernini (1562-1629) escultor maneirista e, para
alguns, o autor da Fonte da Barcaccia na Praça de
Espanha em Roma, mas ficou célebre, especialmente, nas áreas de arquitetura, pintura e escultura que tão bem soube interligar, representando
assim o espírito global da Arte Barroca, da Roma
dos Papas e do ideário da Contrarreforma. Foi protegido e pretendido pelos mais importantes mecenas da época, como a família dos Borghese e dos
Barberini; pelos papas Paulo V, Gregório XV, Urbano
VIII, Inocêncio X, Alexandre VII, Clemente IX, Clemente X e Inocêncio XI; e pelo Cardeal Richelieu e
Luís XIV de França. Foi contemporâneo de Borromini e de Pietro de Cortona com os quais nem
sempre teve relações muito amistosas. Senhor de
uma prodigiosa capacidade criativa, produziu uma
grande quantidade de obras, geralmente em mármore e de tamanho natural, das quais se salientam
David (1623); Apolo e Dafne (1622), O Êxtase de
Santa Teresa de Ávila (1645-52) para a Capela Cornaro na Igreja de Santa Maria da Vitória, em Roma, e
a Beata Ludovica Albertoni (1671-75), para a Igreja
de S. Francisco a Ripa, Roma.
Foi também um notável retratista das celebridades do seu tempo, acentuando gestos, posições,
expressões faciais, visando a expressividade e o intimismo, como no busto de Constanza Buonarelli
(1635), sua amante; a descrição psicológica, como
no retrato de Francisco d'Este (1650); pormenores
realistas como no busto de Gabriele Fonseca (166875) e no busto de Luís XIV (feito no ano de 1665, em
Versailhes, descrevendo um rei oficial e pomposo).
Criou também um novo tipo de monumentos
funerários como os túmulos dos Papas Urbano VIII
(1647) e Alexandre VII (1678), na Basílica de S. Pedro,
em Roma, onde interpretou a espiritualidade barroca
através de texturas, cores e materiais diferentes.
Foi também o autor de numerosas fontes, das
quais se referem, em Roma, a dos Quatro Rios (c.
1649), na Praça Navona, e a do Tritão, na Praça
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Barberini; em todas conseguiu a fusão do espaço
urbano com a água e com formas dinâmicas e
rebuscadas, numa conceção plástica teatral perfeita, onde os efeitos de perspetiva, os ângulos de
visão insólitos e as combinações próximas e distantes dos elementos arquitetónicos e escultóricos
foram conseguidos.
Em 1629, após a morte de Maderno, foi nomeado arquiteto da Basílica de S. Pedro em Roma;
completou a sua decoração interior; construiu o
gigantesco baldaquino (entre 1624-34); para a
entrada do Palácio do Vaticano projetou a Scala
Regia (de 1666, cuja abóbada de berço e colunas
só tem um efeito plástico, pois, decorando, reduzem a altura e a largura da escadaria) e fez a grandiosa colunata da Praça de S. Pedro (1667).
Uma das suas últimas obras arquitetónicas religiosas foi a Igreja de Santo André do Quirinal (1658-78), com uma fachada de linhas retas e curvas, de
espaços côncavos e convexos e uma planta elíptica, cujas paredes se prolongam numa cúpula
bem iluminada. Na arquitetura civil, foi a autor da
fachada do Palácio Barberini, dos projetos do Palácio de Monte Cetório em Roma (1650-55) e do Palácio Chigi-Odescalchi (1664), o arquétipo da arquitetura palaciana europeia; foi também autor (em
1665) de um projeto para a fachada leste do Louvre, que não foi aprovado.
Detentor de uma prodigiosa técnica e grande
imaginação, soube integrar o vocabulário e as
regras barrocas na vasta obra produzida. Explorou
a atração pelo celestial e logo pelo ritmo ascendente, especulou com o espaço natural, urbano e
de interiores, criando espaços festivos, onde arquitetura, decoração, escultura e pintura se interligam
e completam. Distinguiu-se também pela criação
de uma escultura com um toque de liberdade e de
sensualidade, caracterizada por figuras com contornos ziguezagueantes, formadas por vários blocos, harmonizadas com o espaço envolvente e cuja
expressividade é captada no ponto culminante da
ação.
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Beaux-Arts (conceito/estilo)
Em arquitetura, o termo designa um estilo académico e eclético que se desenvolveu entre finais
do século XIX e princípios do século XX, e que
seguia os rigorosos preceitos dos manuais de
ensino das academias da época, de que a principal
era a de Paris. Recebe inspiração direta do classicismo greco-romano e renascentista, que mistura
com materiais e técnicas mais contemporâneas.
Bordalo Pinheiro, Rafael
(Lisboa, 1846-1905)
Caricaturista, retratista, desenhador e ceramista. Irmão do pintor Columbano, aprendeu a
desenhar primeiro com o seu pai, Manuel Maria
Bordalo Pinheiro, e depois frequentou a Academia
de Belas-Artes de Lisboa. A caricatura espirituosa
fascinava-o e por aí enveredou; preteriu o convite
de revistas inglesas, francesas e espanholas para
criar, em Portugal, várias publicações de cariz satírico. São conhecidas Lanterna Mágica, O Calcanhar
de Aquiles, de 1870 (álbum de caricaturas gravadas
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3. Conceitos, termos e autores
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em água-forte dos principais políticos e intelectuais), O Binóculo, O Mapa de Portugal, A Berlinda e
A Paródia. Entretanto, resolveu partir para o Brasil e
também lá continuou a sua atividade de caricaturista em jornais como O Mosquito, Psit e O Besouro.
Regressado a Portugal, fundou a folha humorista
António Maria e depois Álbum de Glórias e Pontos
nos ii. Em 1885, passou a dedicar-se à cerâmica,
criando a Fábrica de Faianças das Caldas da Rainha;
com ela relançou a louça das Caldas que estava
abastardada pela cópia de maus modelos e desnaturalizada, à mercê de alheias influências, surgindo
assim obras como A Jarra Beethoven e figuras de
engonço como o sacristão, o padre, o polícia, a
ama de leite, a alcoviteira, e especialmente, as figuras da Maria da Paciência e do Zé Povinho de 1875.
Esta figura reflete os acidentes do dia a dia [...] a tal
besta que geme e paga e não bufa, [...] completada
pelo manguito, uma resistência indómita segundo
as palavras de José-Augusto França. Bordalo
Pinheiro contribuiu também para o desenvolvimento do cartaz artístico em Portugal.
Borromini, Francisco
(1599-1667)
Arquiteto italiano. É a partir de 1609 que está
documentada a sua presença em Roma, a trabalhar
como escultor nas obras da Catedral da São Pedro,
em Roma, sob a orientação dos arquitetos Maderno
e Bernini; por volta desta data, realizou obras para o
Palácio dos Barberini. Em 1634, começa a construir a
sua primeira obra de arquitetura, o claustro do Convento de San Carlo alle Quattro Fontane e o interior
da igreja, para a Ordem dos Trinitários. Depois de
1637 seguem-se outras obras, como: o Convento dos
Filippini; a Igreja de Sant'Ivo alla Sapienza, começada
em 1642; o restauro da Basílica de São João de Latrão,
entre 1646-49; a Igreja de Santa Inês, na Praça
Navona, entre 1652-55, e parte da fachada da Igreja
de San Carlo alle Quattro Fontane, entre 1665 e 1667,
altura em que se suicidou, tendo sido concluída
pelo seu sobrinho Bernado.
Trabalhou, maioritariamente, para ordens religiosas, pois não foi, como Bernini, um artista da
corte papal; aliás, Borromini mantinha com este
uma grande rivalidade, até mesmo nas conceções
artísticas. Foi um temperamental, como Miguel
Ângelo e Caravaggio, mas também como eles um
inovador. A sua arte chegou a ser mesmo melhor
aceite na Europa Central que na Itália. O seu estilo
caracterizou-se: pela aplicação da elegância e da
plasticidade nas formas (visíveis nas plantas flexíveis, na alternância e contraposição da concavidade/convexidade e do retilíneo/curvilíneo das
paredes ondulantes e grossas); pela integração e
exploração da luz e da sombra, daí resultantes;
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pelo uso de elementos funcionais, mas aliados à
decoração; por uma nova conceção de espaço,
movimentado, ritmado e fragmentado, mas correspondente à estrutura da planta elíptica, numa
oposição ao eixo transversal e à visão frontal e mais
rígida de Bernini.
Bourdelle, Émile-Antoine
(França, 1861-1929).
Escultor. Aluno na Escola de Belas-Artes de Toulouse, foi tido, inicialmente, como um dos seguidores de Rodin, pois foi um dos seus colaboradores;
mas depois, numa atitude de reação contra a arte
do mestre e na procura de um estilo próprio, enveredou por uma mistura harmoniosa do Realismo
com o Classicismo, realizando uma estatuária
monumental com figuras gigantescas e isoladas.
De entre as suas 900 esculturas são exemplos:
O Archeiro Héracles, 1902; O Centauro Moribundo,
1914; O Monumento à Polónia, em Paris; os numerosos estudos sobre Beethoven; a decoração arquitetural do Teatro dos Champs Éllysées e um
sem-número de bustos de personalidades do seu
tempo. Em Paris existe um museu com o seu nome.
Brancusi, Constantin
(Roménia, 1876 – Paris 1957).
Escultor. Estudou na Escola de Belas-Artes de
Bucareste e depois em Paris. Em 1906 expôs as
suas obras no Salon de Outono, em Paris; aí contactou com as obras de Gauguin, conheceu Rodin,
Modigliani, Léger, Matisse, Duchamp, Henri Rousseau, Picasso, Picabia e Triztan Tzara. Conviveu com
vários movimentos artísticos, esteve perto do
Cubismo e do Expressionismo, mas nunca se integrou em corrente alguma. A obra O Beijo de 1908
marca a sua fase antinaturalista e a procura de uma
estilização de formas e volumes bem definidos, eliminando os atributos acessórios e captando os
estados anímicos. Em 1913, para Armory Show, em
Nova Iorque, Brancusi enviou cinco das suas esculturas e tornou-se tão famoso que, em 1921, The
Little Review dedicou-lhe um número especial e,
em várias galerias, fizeram-lhe exposições individuais. Depois da 1.ª Guerra Mundial foi progressivamente retirando a figuração das suas peças,
caminhando cada vez mais para uma escultura
abstrata; influenciado pela escultura egípcia, cicládica e mexicana, partiu para formas ovais mais lisas
e mais perfecionistas, como em Mademoiselle
Pogany, 1913-33. Demorava muito tempo para
produzir as suas peças, mas atingiu uma unidade
estilística exemplar bem patente, por exemplo, em
Pássaro no Espaço, 1919-40, e em Coluna sem Fim,
1920-30 (cujas superfícies lisas e polidas permitem
um maior reflexo de luz). Nunca abandonou as
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Ideias & Imagens | Guia do Professor
Bucrânio
Motivo decorativo, esculpido ou pintado, em
forma de caveira de boi com cornos. O seu uso
remonta à época greco-romana.
Capricho (do italiano caprice)
Género de pintura que mistura realidade e imaginação. Incide sobre a representação de paisagens e/ou de cenas arquitetónicas imaginárias. O
termo divulgou-se no século XVIII em oposição a
um outro termo italiano – vedute ou vista. O “capricho” é uma “veduta ideata”, isto é, uma vista imaginada, idealizada.
Castro, Joaquim Machado de
(Coimbra, 1731-1822)
Escultor. Formou a Academia do Nu e a Aula,
Laboratório ou Casa da Escultura das Obras Públicas
e venceu o concurso público para a execução da
estátua equestre do Rei D. José, no Terreiro do Paço,
em Lisboa. Da sua vasta obra salientam-se as oito
estátuas colossais para a frontaria da Basílica da
Estrela e especialmente os seus presépios. A sua
produção, marcada pelo gosto barroco (obras no
Real Edifício de Mafra) e rococó, denota já influências neoclássicas nas esculturas do Palácio da
Ajuda. Deixou vasta obra como pedagogo.
Catalogue Raisonné
Termo francês que designa o inventário ou listagem escrita da totalidade das obras de um
artista, ou de um conjunto de artistas, ou ainda de
um certo tipo de arte, cuidadosamente datadas e
referenciadas, indicando proveniências e citações
bibliográficas. Apareceram pela primeira vez no
século XVI e foram-se tornando cada vez mais frequentes a partir do século XVIII. São, hoje, instrumentos importantes para os historiadores e críticos
de arte.
Chillida, Eduardo
(San Sebastian, Espanha, 1924-2002).
Escultor. Estudou, inicialmente, arquitetura na
Universidade de Madrid de 1943 a 47 e, ao mesmo
tempo, cursou desenho e escultura numa academia livre. No final dos anos 40, vivendo em Paris,
dedicou-se, exclusivamente, à escultura figurativa,
influenciado pela arte clássica e por Henry Moore.
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Nos anos 50, utilizando uma forja artesanal e trabalhando o ferro incandescente, criou as suas primeiras formas abstratas, como Ilarik, 1951 (uma
estrutura metálica simples, um monumento à língua basca de que Chillida sempre foi tido como
um defensor). Em 1958, na Bienal de Veneza,
ganhou o Grande Prémio da Escultura. Depois passou a trabalhar com outros materiais, nomeadamente, com a madeira e, a partir de 1959, com o
alabastro (ex.: Homenagem a Kandinsky, 1965), o
granito, o aço, a terracota e o betão (como La Casa
de Goeth, 1986, em Frankfurt e o Elogio del Horizonte, 1990, em Gijón). O seu percurso artístico
continuou, sendo conhecido como um dos maiores escultores da segunda metade do século XX na
Europa e nos Estados Unidos. Herdeiro de Brancusi, Calder e Giacometti, de quem foi amigo, e
conhecedor da obra de David Smith, a sua arte tem
um sentido político, um carácter monumental,
uma linguagem abstrata muito própria e rigorosa,
num constante diálogo entre as propriedades
expressivas dos materiais, o espaço envolvente, a
Natureza e os elementos cósmicos. O conceito de
espaço interior e exterior da própria escultura leva-o à construção de uma escultura arquitetónica,
intrínseca à sua formação. Cinquenta das suas
peças mais relevantes encontram-se no museu
pessoal em Hernani, o Chillida-Leku (o espaço de
Chillida, em Euskera), quer no edifício, quer no relvado e bosque, inaugurado em setembro de 2002.
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referências à Natureza, nem que seja só com um
toque simbólico. Uma novidade proposta por
Brancusi foi a importância dada ao suporte, ao
pedestal, que passa a ter um valor e um volume
esculturais. Como algumas das peças eram grandes e colocadas no exterior, teve sempre em atenção o espaço envolvente. Brancusi influenciou Arp,
Archipenko, Naum Gabo, Pvsner e Carl André.
Chinoiserie (ou “chinesice”)
Termo francês usado desde o século XVIII para
designar os motivos decorativos de origem chinesa, muito em voga no período rococó. No século
XIX, e por derivação, usou-se também o termo
“japonesices”.
Churriguera
Família de desenhadores, arquitetos e escultores espanhóis da Catalunha. De entre os seus elementos salientamos José Simão (m. 1682), o pai e
os seus três filhos:
José Benito (Madrid, 1665-1725). Desenhador,
arquiteto e construtor de retábulos. Começou
como desenhador da corte espanhola, depois realizou vários retábulos, ricamente decorados (um
deles com 27,5 m) para a Catedral de Segóvia e para
a Igreja de Santo Estêvão, em Salamanca; mas a sua
obra maior foi a realização do conjunto urbanístico
de Nuevo Baztán (1709-13), constituído por um
palácio, uma igreja, uma oficina para o fabrico de
vidro fino e casas para os operários.
Joaquín (Madrid, 1674-1724). Arquiteto. Colaborou com o seu irmão José Benito no projeto da
Nova Catedral de Salamanca e do pátio do Colégio
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3. Conceitos, termos e autores
de Calatrava, cuja decoração foi inspirada nas formas platerescas do século XVI.
Alberto (Madrid, 1676-1750). Arquiteto. Continuador do projeto da Catedral de Salamanca, criou
também para esta cidade os planos para a Igreja
de São Sebastião (1731) e para a Plaza Mayor
(1729), de planta quadrada, emoldurada pelas
fachadas de palácios muito decorada.
Das obras dos Churriguera derivou o termo e o
estilo Churriguerismo que perdurou durante o final
do século XVII e princípio do XVIII e que se caracterizou pela utilização de abundante, confusa, ondulante e monumental decoração, resultante da
influência da decoração plateresca com a do Barroco. Dois bons exemplos do Churriguerismo são o
Altar Transparente da Catedral de Toledo (1715-40) e
a Ponte de Toledo em Paris. Daqui nasceu o Rococó
espanhol; este estendeu-se às zonas da América
Latina, sob o domínio espanhol, e aí misturou-se
com a arte dos povos pré-colombianos. Este estilo
decaiu nos finais do século XVIII.
Cloison (termo técnico)
Compartimento ou célula, formada por pequenos filamentos de metal, usada na técnica de
esmaltagem.
CoBrA (1948-1951)
Grupo formado em Paris por artistas europeus
de tendência expressionista, oriundos das cidades
de Copenhaga, Bruxelas e Amesterdão, cujas iniciais deram origem ao nome. O grupo foi composto por Pierre Alechinsky (n. 1927), Asger Jorn
(1914-1973), Lucebert, nome artístico de Lubertus
Jacobus Swaanswijk (1924-1994), e Karel Appel
(1921-2006).
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Combine Painting (à letra “pintura combinada”)
Obra plástica que associa objetos bi e tridimensionais sobre superfícies pintadas. Esses objetos
podem ser intervencionados pelo pintor com tinta
ou deixados ao natural. O termo foi inventado por
Robert Rauschenberg (no seu período neodadaísta), que usou nas suas pinturas objetos como
pelagem de animais, aparelhos de rádio, têxteis e
outros.
Commedia dell'Arte
Nome que se atribuiu a um tipo de teatro
cómico, popular, nascido em Itália no século XV.
Era praticado por companhias itinerantes, de estrutura familiar, e as suas peças representavam-se praticamente de improviso, a partir de um pequeno
roteiro escrito (daí chamar-se também commedia
all’improviso). As personagens eram contudo fixas,
inspiradas por figuras-tipo do imaginário coletivo
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e/ou da sociedade. As mais comuns eram o arlequim, a colombina, o palhaço, o pantalone, o doutor
e o soldado. Os enredos, de intuito satírico e folgazão, partiam sempre de situações comuns do quotidiano: as intrigas amorosas; as de ciúme e inveja;
as de ânsia de poder e de vaidade, etc.
As representações eram feitas nas ruas e praças
públicas, em palcos improvisados ou utilizando as
próprias carroças em que a companhia se deslocava. Incluíam sempre diálogos, cantorias, pantominas e acrobacias.
A primeira companhia de que há registo foi a
Il Gelosí (Os Ciumentos), criada em Pádua, Itália, em
1545. Mas muitas outras se foram afirmando com o
tempo, tendo algumas conseguido a proeza de
levar as suas representações a palácios de nobres e
da realeza.
Tendo granjeado muita popularidade, a Commedia dell’Arte invadiu a Europa ocidental, prolongando-se com sucesso até ao século XVIII. Prova
desse êxito é o facto de os seus enredos e personagens terem inspirado frequentemente artistas
plásticos, poetas, escritores e dramaturgos, saltando da arte popular para a erudita.
Divisionismo (técnica)
Técnica de pintura usada pelo Neoimpressionismo e inventada por Georges Seurat que consiste em usar apenas pinceladas de cores puras
que não se misturam, nem na paleta nem na tela.
Duchamp, Henri-Robert Marcel
(Blainville, França, 1887 – Nova Iorque, 1968).
Pintor. As suas primeiras obras denotam
influências do Neoimpressionismo, do Pós-impressionismo, dos Nabis, do Fauvismo e do Cubismo.
Expôs, pela primeira vez, em 1909, no Salão dos
Independentes e no Salão de Outono, em Paris. Em
1912, pintou Nu descendo a escada n.° 2, que expôs
na Armory Show. Entretanto, envereda por uma
espécie de niilismo estético, procurando formas
experimentais nos ready-mades (objetos vulgares
apresentados como obras de arte) como a Roda de
bicicleta (1913) até à realização de A noiva despida
mesmo pelos celibatários ou O grande vidro (1915-23), pintura sobre uma chapa de vidro com fragmentos de estanho colados. Em 1915, já em Nova
Iorque, funda com Man Ray, Picabia e outros
A Sociedade Anónima contribuindo para o nascimento do Dadaísmo. Entre 1917-21 escandalizou o
mundo com Ampola Contendo 50 cc de Ar de Paris, e
toda uma série de ready-mades, como a Fonte (1917),
Why not Sweeze Rose Selavy e a obra A Gioconda
com Bigode (1919). Durante a primeira década do
século XX, realizou uma série de máquinas que
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Ideias & Imagens | Guia do Professor
Environment (termo/conceito)
Tipo de arte tridimensional e efémera, que utiliza materiais naturais e outros objetos, e que se
integra e/ou interage com o meio ambiente. Surgiu nos finais da década de 50 do século XX e teve
alguns dos seus melhores autores em Alan Kaprow
e Joseph Beüys.
Escola de Paris
Nome originalmente atribuído à arte produzida por um grupo de artistas não franceses que
trabalhou em Paris no período em torno da 1.ª
Grande Guerra. Posteriormente, o termo designou
também todos os movimentos de vanguarda que
tiveram Paris como seu centro difusor.
Estilo Império
Tendência artística de cariz neoclássico, nascida em França, que se inspirou no classicismo
greco-romano. Desenvolveu-se sobretudo entre
1803 e 1815/20, acompanhando o período do
Império napoleónico. Manifestou-se sobretudo na
arquitetura, na decoração de interiores, no mobiliário e no vestuário.
Forma fechada (termo técnico da escultura)
Peça de estatuária que permanece muito próxima da forma do seu bloco original, não se
abrindo ao espaço que a circunda nem parecendo
interagir com ele.
Frottage (técnica)
Técnica de reprodução de texturas ou relevos
através da passagem de um lápis ou crayon sobre
uma folha de papel colocada sobre a superfície a
reproduzir. Foi usada provocatoriamente pelos
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dadaístas e depois por surrealistas (como Marx
Ernst, por exemplo) e por outros movimentos contemporâneos. O mesmo que decalcomania.
Gainsborough, Thomas
(Sudbury, Suffolk, 1727 – Londres, 1788)
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contribuíram para a criação da arte cinética, experiências óticas, ensaios fotográficos e curtas-metragens surrealistas, até que, em 1928, deixou de
pintar e dedicou-se ao xadrez. Em 1937, realizou
urna exposição individual em Chicago. Entretanto,
foi criando alguns objetos 'absurdos', pois a Arte é
um meio de se autointoxicar, como o ópio e deve provocar quem a olha. A partir de 1946 dedicou-se a
organizar exposições, a ser conselheiro de colecionadores e a produzir, secretamente, uma construção "de ambiente" – Etant Donnés (num espaço
fechado diversos materiais são tratados de uma
maneira ilusionista). A sua arte deu origem aos
mais variados movimentos, como: Pop Art, Land
Art, Arte Povera, Anti-Form, Body Art, Happening,
Arte Conceptual e Minimal Art. Duchamp desconstruiu o conceito de obra de arte e de beleza estética; as suas palavras confirmam-no: no fundo não
acredito na função criativa do artista.
É um dos mais conhecidos pintores ingleses do
período rococó. Aluno do mestre francês Gravelot
(1699-1773), foi influenciado pela pintura rococó
francesa e pela pintura holandesa (nomeadamente
pela de Van Dyck). Gainsborough começou por
pintar paisagens e cenas pastoris, mas rapidamente se especializou no retrato, trabalhando para
a nobreza e burguesia inglesas, em cujo meio as
suas obras tiveram grande sucesso.
Em 1774, estabeleceu-se em Londres, onde
granjeou a simpatia da família real, a despeito da
sua rivalidade com o maior pintor do momento em
Inglaterra, Sir Joshua Reynolds (1723-1792). Em
1781 é aceite pela Royal Academy, onde expõe até
1784, ano em que se “zanga” com a Academia e
passa a expor unicamente no seu próprio ateliê.
O estilo de Gainsborough caracteriza-se pela
extrema liberdade em relação às regras académicas da época e pela execução rápida, geralmente
colhida com o motivo à vista. A sua pincelada leve
e fluida esbate os contornos, conferindo às suas
obras uma atmosfera poética, não isenta de emotividade e nostalgia. Os seus retratos, muitos deles
de casais, fogem às regras clássicas do retrato
renascentista, apresentando os retratados em
cenários naturais, muitas vezes os parques e jardins da elite comitente.
O seu gosto pela Natureza leva-o a pintar, numa
fase mais avançada da sua vida, numerosos caprichos de influência italiana.
Entre as suas obras mais conhecidas estão
O Rapaz de Azul (1770), O Retrato do Sr. e da Sra.
Robert Andrews (1748-50) e Mr. e Mrs. William Halett
ou O Passeio Matinal (1785).
Gutai (palavra japonesa que significa configuração)
Nome de um grupo formado por artistas japoneses de vanguarda, em 1954, em Osaka. Celebrizou-se, sobretudo, pelos seus happenings e
performances. O seu fundador foi o pintor abstrato
Jiro Yoshihara (1905-1972).
Lettering (ou letrismo)
Termo usado desde 1950 para designar o uso
de palavras, letras e signos em arte, pelo seu aspeto
meramente visual, sem atender ao seu significado
literal.
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3. Conceitos, termos e autores
Macchiaioli (do italiano macchia ou mancha)
Grupo de pintores italianos que trabalharam
em Florença, entre 1855 e 1865, e que se rebelaram contra a arte académica da época, procurando
uma pintura mais livre e individualizada, executada em contacto direto com o motivo e em pinceladas largas de cor. Colocam-se estilisticamente
entre o realismo de Corbet e o Impressionismo.
Entre os seus elementos mais representativos
estão Giovanni Fattori (1825-1908) e Silvestro Lega
(1826-1895).
Mobile (termo)
Obra de arte escultórica composta por diversos
elementos que se movimentam diversamente, quer
por deslocação de ar (vento) quer por processos
mecânicos. A palavra foi usada pela primeira vez por
Marcel Duchamp, em 1932, para descrever as obras
realizadas pelo americano Alexander Calder.
Nasoni, Nicolau (Florença, 1691 – Porto, 1773)
Pintor, decorador e arquiteto. Formou-se e trabalhou em Itália (Siena e Roma) e em Malta (1724),
de onde veio para o Porto a convite do deão da Sé
desta cidade, D. Jerónimo de Távora e Noronha. No
Porto casou (duas vezes) e trabalhou, deixando
nesta cidade e nos arredores a maior parte da sua
vasta obra. Dela destacam-se a renovação do Sé do
Porto (nomeadamente o portal oeste e a galilé
norte), a Igreja da Misericórdia, o Palácio do Freixo,
várias moradias, fontes e solares, mas, sobretudo, a
Igreja, Casa e Torre dos Clérigos, apogeu do seu
estilo que os especialistas classificam de transição
entre o Barroco e o Rococó.
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Naturalismo
Termo referente a uma abordagem artística em
que um autor procura representar os objetos e a
Natureza tais como empiricamente são observados, imitando-os. Este movimento estendeu-se
por toda a Europa, na segunda metade do século
XIX. Em Portugal destacaram-se Silva Porto, Marques de Oliveira, José Malhoa e Columbano na pintura, Soares dos Reis na escultura e Rafael Bordalo
Pinheiro na cerâmica.
Nazarenos
A designação Nazarenos foi adotada, em 1809,
por um grupo de pintores do Romantismo alemão,
que pretenderam recuperar os princípios da espiritualidade cristã e da pintura dos primitivos italianos. Por isso viajaram para Itália.
A sua aparência, vestindo longas vestes, à
maneira bíblica, e até os seus penteados, faziam
lembrar as personagens dessa época. Viveram em
Roma, de forma monástica, recuperando o espírito
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das oficinas medievais. Reagiram contra a ordem
racional do Neoclassicismo e valorizaram a espiritualidade da arte.
Autores deste movimento foram: Peter von
Cornelius, Josef Führich, Johann Konrad Hottinger,
Johann Friedrich Overbeck, Franz Pforr, Friedrich
Wilhelm Schadow,, Julius Schnorr von Karolsfeld,
Eduard Jakob von Steinle, Philipp Veit e Ludwig
Vogel.
Óbidos, Josefa de Ayala Figueira, conhecida como
Josefa de,
(Sevilha, 1634 – Óbidos, 1684)
Pintora do período barroco. Filha do pintor português Baltazar Gomes de Figueira e de uma
senhora espanhola, precocemente manifestou
uma forte vocação para a gravura em metal. Trabalhou em conventos e igrejas para a família real,
executando inúmeros retratos, naturezas-mortas e
outras obras de carácter religioso e místico. Tornou-se especialista na pintura de flores e frutos. Foi
influenciada pela pintura de Caravaggio e de La
Tour.
Objet-trouvé
Objetos do quotidiano usados pelos artistas em
assemblages, esculturas ou outros trabalhos plásticos. Os objetos podem ser usados tal como são ou
intervencionados parcialmente; podem ser usados
de per se (como ready-mades) ou associados e misturados com pintura [ver Combine Painting], colagem ou outros objetos. O conceito surgiu com o
Dadaísmo (ex.: Kurt Schwitters), mas já o Cubismo o
havia usado na fase das colagens (ex.: Picasso, Natureza Morta com fundo de Palhinha, de 1912).
Parquet
Pavimento revestido a tacos de madeiras diferenciadas (em tonalidade e veios), formando um
padrão geométrico.
Pátio de honra (do francês cour d’honneur)
Pátio exterior de um palácio ou edifício público
que antecede a entrada principal.
Pereira, Manuel (c. 1588-1683)
Escultor barroco. Nascido e criado no Porto, a
partir de 1620 encontra-se em Madrid e foi o escultor de Filipe IV de Espanha. As peças São Bruno da
Cartuxa de Miraflores, perto de Burgos, São Filipe
de Nery, para o Convento de São Filipe, El Real, em
Madrid, Cristo da Piedade, para o Oratório del Olivar, são algumas das suas mais importantes obras.
Para Portugal parece que também fez alguns trabalhos, como Cristo na Cruz e a Senhora do Rosário,
da Igreja de São Domingos de Benfica, Lisboa.
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Ideias & Imagens | Guia do Professor
À letra, significa tudo o que é belo e digno de
ser pintado. O termo generalizou-se no século
XVIII, a partir da obra de Uvedale Price (1747-1829),
Ensaio sobre o Pitoresco Comparado com o Sublime e
o Belo, publicada em 1794. Nessa obra, Price teoriza o sentido da palavra pitoresco quer em pintura, quer em escultura, quer inclusive no design
de jardins e no urbanismo. O termo nasceu associado à apreciação das pinturas de Claude Lorrain
e Nicolas Poussin, cujas composições harmonizam
cenários naturais e arquitetónicos de grande
beleza.
Raionismo
Movimento artístico que surgiu na Rússia em
1911-1912, iniciado por Mikhail Larionov (1881-1964) e sua mulher Natalia Goncharova (1881-1962).
Caracteriza-se pela prática de uma pintura abstrata,
feita por raios de cores puras que atravessam a tela
em várias direções, cruzando-se em ângulos agudos, e que procuram retratar a energia luminosa
libertada pelos objetos. Deriva do Futurismo Italiano e do Orfismo de Robert Delaunay.
Ready-made [ver também objet-trouvé]
Objeto do quotidiano, retirado da sua função
habitual e tratado como objeto artístico, sem contudo sofrer qualquer atuação por parte do artista.
O termo surgiu cerca de 1915, com Marcel
Duchamp, no início do Movimento Dada.
Realismo
Numa aceção ampla significa a tendência, por
parte dos artistas, para representarem a Natureza e
as coisas de um modo preciso e objetivo, enfatizando temas ligados à vida e às atividades do
Homem comum.
Como movimento autónomo, no campo das
artes, surgiu em França e esteve ligado às ideias
republicanas e socialistas que levaram à revolução
de 1848. O termo passou a ser mais empregue na
década de 50 desse século. A pintura esteve de
acordo com a literatura, na análise atenta da sociedade, retratando-a de um modo autêntico, embora
não necessariamente fotográfico. O líder do movimento foi o francês Gustave Courbet.
Após a 1.ª Grande Guerra a arte europeia sofreu
novo surto de realismo que, mantendo a raiz oitocentista, teve expressão e intencionalidade diferentes, consoante os países e suas circunstâncias
político-sociais.
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Rembrandt (Leiden, 1606 – Amesterdão, 1669)
Pintor, gravador e desenhador holandês.
Ingressou em 1620 na universidade da sua cidade
natal, mas cedo a trocou pela pintura. Começou a
trabalhar para artistas ligados à cultura italiana e à
arte de Caravaggio, vindo depois a estabelecer-se
como pintor independente. Assim, entre 1625-31,
tornou-se reconhecido pelo seu estilo, que se
caracteriza, numa fase experimental, pelos violentos contrastes de luz, pela utilização da luz lateral
(que sugere volume, profundidade e uma atmosfera misteriosa), pelas composições complexas e
pelo gosto em representar temas bíblicos, retratos
e cenas do quotidiano, com pessoas comuns, em
atitudes emocionais e expressivas. São telas feitas
com rapidez e de tamanho pequeno, como Tobias
com Ana e o Cabrito.
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Pitoresco (conceito/adjetivo)
Entretanto, já em Amesterdão, continuou a
conquistar popularidade e bem-estar financeiro;
casou com Saskia (o seu ideal de beleza feminina
que pintou continuadamente) e tornou-se colecionador de obras de arte e adereços orientais, muitas
vezes mostrados nas suas telas. A partir de 1632 e
até cerca de 1640, fez muitos retratos de meio
corpo e de três quartos e telas de grandes dimensões, mas teatrais. É desse ano a Lição de Anatomia
do Dr. Tulp, de 1632 (é uma coleção de retratos
objetivos e naturalistas, com atentos pormenores
psicológicos, numa composição piramidal mas
onde a luz, que foca o grupo e o cadáver, contrasta
com a densa atmosfera envolvente). Os temas
bíblicos e mitológicos são também da sua preferência mas tratados com dramatismo realista,
parecem instantâneos misteriosos e melancólicos
onde sobressaem contrastes de tons amarelos,
castanhos-dourados, verdes e cinzentos. São
exemplos A Descida da Cruz de 1632-1633 e Danae
de 1636-1643.
De 1640-42 a 1660 nota-se na obra de Rembrandt uma maior dimensão dramática e expressiva, conseguida pelos contrastes de claro-escuro,
pela riqueza dos seus empastes texturados e sulcados pelo cabo do pincel, pela luz dourada, pelas
cores ricas em tonalidades e misturadas à maneira
de Ticiano e pelas pinceladas livres. As mortes de
Saskia e da sua mãe e os problemas familiares e
financeiros podem estar ligados a este acentuar da
expressividade, a uma mais conseguida penetração psicológica e à exploração da emoção. São
desta fase as telas Aristóteles contemplando o Busto
de Homero de 1653 e a Ronda da Noite de 1642, a
sua obra mais bem-sucedida, que descreve uma
companhia militar mas que parece mais uma
representação de um espetáculo operático.
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3. Conceitos, termos e autores
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Nas décadas de 40 e 50, Rembrandt interessou-se também pelas paisagens e pelas naturezas-mortas, como O Cavaleiro Polaco e O Boi Abatido,
ambas de 1655. As suas características pictóricas
de um realismo analítico e expressivo e o seu
alheamento em relação ao gosto das convenções
da época e da sua clientela levam-no a explorar
cada vez mais o retrato e o autorretrato. Assim, em
1662 pinta A Guilda dos Negociantes de Panos, onde
fez uma descrição expressiva dos retratados e que
não foi bem aceite.
É nos seus mais de 60 autorretratos que melhor
se pode entender a sua evolução artística e o seu
percurso vivencial, pois são telas carregadas de
sentimentos, de interrogações e de confidências.
Na fase final da sua vida mostra mais autocrítica, mais intensidade dramática e mais misticismo
conseguidos pela grande riqueza cromática que se
concentra na modelação dos rostos e no sentido
da luz, em obras como O Regresso do Filho Pródigo
de c. 1669 e nos seus autorretratos.
Ao lado da pintura cultivou também o longo de
toda a sua vida a prática da gravura em água-forte
onde se tornou um autor exímio dado que esta
técnica lhe permitia explorar o seu traço expressivo e trabalhar o claro-escuro, como em A Peça dos
100 Florins, de 1642-45.
Salão, O (do francês Le Salon)
Mostra oficial de artes plásticas (pintura e escultura, sobretudo) da Academia de Belas-Artes de
Paris, que se inaugurava no dia de São Luís (25 de
agosto), mantendo-se aberta por várias semanas.
As exibições iniciaram-se em 1745 e prolongaram-se até 1890, com carácter anual ou bianual. Durante
o século XIX estas “mostras” foram, sem dúvida, os
eventos artísticos mais importantes de todo o
mundo ocidental, ditando modas e tendências.
A tradição dos salões da Academia remonta à
criação da primeira Escola de Belas-Artes em
França, em 1648, pelo cardeal Mazarino, então primeiro-ministro. Esta escola foi transformada, em
1674, na Real Academia de Pintura e Escultura que
fez a sua primeira mostra pública no Salon Carré do
Palácio do Louvre, onde as mostras se passaram a
realizar daí em diante.
O objetivo destas exposições era publicitar os
trabalhos dos graduados da Academia, pelo menos
daqueles cujos méritos eram reconhecidos pelo
júri de mestres consagrados que presidia à seleção.
Inicialmente destinadas apenas a artistas franceses
e a um público de especialistas, estas exposições
foram abertas ao público em geral a partir de 1737
e a artistas estrangeiros após a Revolução Francesa, tornando-se um dos eventos sociais de maior
renome em Paris.
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As mostras eram muito concorridas, enchendo-se as paredes do Salon Carré do chão ao teto,
aproveitando todos os espaços. Para todas as
exposições eram realizados catálogos descritivos
que são, hoje, fontes importantes para os historiadores de arte.
O fim dos “salões” deu-se em 1890 por dissidências internas na Associação dos Artistas Franceses
(que haviam assumido a direção das mostras em
1881), o que conduziu à formação da Sociedade
Nacional de Belas-Artes da França, que passou a
realizar mostras similares no denominado Salão do
Campo de Marte, em Paris, todas as primaveras.
Salão de Outono
Exposição anual de arte – pintura, escultura,
gravura, arquitetura, artes aplicadas, etc. – realizada em Paris, no mês de outubro, no Petit Palais,
desde o ano de 1903. A organização destas exposições nasceu da reação de um grupo de artistas ao
conservadorismo e à burocracia que envolviam as
outras duas exposições artísticas de Paris – a do
“salon” e a da Sociedade. Entre os membros fundadores do Salão de Outono estão Pierre-Auguste
Renoir e Auguste Rodin.
Mais aberto e pluralista que os salões anteriores, o Salão de Outono, que se manteve ativo até
finais do século XX, foi responsável pela exibição e
lançamento de muitas das mais importantes correntes artísticas de vanguarda, tais como o Fauvismo e o Cubismo.
Salão dos Recusados
Nome atribuído à exposição de arte que acolhia as obras que haviam sido rejeitadas pelo júri
do salão oficial.
O primeiro Salão dos Recusados realizou-se em
1863, sob autorização expressa do imperador
Napoleão III, face ao grande protesto gerado pela
rejeição anormalmente numerosa ocorrida nesse
ano no Salão Oficial.
Foi nesse primeiro Salão dos Recusados que
Édouard Manet expôs duas das suas mais conhecidas obras: Olímpia e Almoço na Relva.
Schinkel, Karl Friedrich
(Neuruppin, Alemanha, 1781– Berlim, 1841)
Foi pintor e decorador, realizou cenários de
ópera, mas foi como arquiteto do Neoclassicismo e
teórico deste movimento que se notabilizou e é
hoje consagrado. Fez a sua formação em Berlim,
após o que partiu para uma estadia de cerca de
dois anos em Itália (1803-1805), onde estudou a
arte clássica.
Regressado a Berlim, onde assentou o seu
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Ideias & Imagens | Guia do Professor
Souza-Cardoso, Amadeo de
(Manhufe, 1887 – Espinho, 1918)
Pintor. Frequentou o curso de Arquitetura na
ESBAL e também em Paris, mas acabou por desistir
da arquitetura em detrimento da pintura, a que se
dedicou a partir de 1907. Em Paris visitou locais de
exposições, com particular destaque para a retrospetiva de Cézanne realizada em 1907; frequentou
o Grupo do Bateau-Lavoir; assistiu à publicação do
Primeiro Manifesto Futurista de Marinetti e às
representações dos Ballets Russos de Diaghilev. O
seu ateliê tornou-se um local de encontro dos
artistas portugueses mas, em 1910, afastou-se deles
por os considerar demasiado ligados às regras académicas. Conheceu, por volta de 1908-09, Amadeo
Modigliani, que viria a ser o seu grande amigo e
companheiro de trabalho em Paris. Os dois amigos
expuseram pela primeira vez em 1911, com a ajuda
preciosa de Constantin Brancusi. A partir daqui iniciou uma fulgurante participação em diversas
exposições europeias (Berlim, Colónia, Hamburgo
e Londres), culminando com o convite para integrar a Armory Show – International Exhibition of
Modern Art –, em Nova Iorque, em 1913, onde foi o
único português a participar. Conviveu com Sónia
e Robert Delaunay, Constantin Brancusi, Juan Gris,
Diego Rivera, Alexander Archipenko, Umberto Brunelleschi, Max Jacob, Pablo Picasso e Guillaume Apollinaire; travou conhecimento com os futuristas Gino
Severino e Umberto Boccioni e, mais tarde, com
Picabia, Chagall, Klee, Marc e Macke. Aquando da
1.ª Guerra Mundial, refugiou-se em Portugal, dividindo o seu tempo entre Manhufe, Porto e Espinho. Manteve correspondência com Eduardo Viana
e com o casal Delaunay, que nesse tempo vivia em
Vila do Conde. Com eles elaborou projetos de
exposições no estrangeiro que nunca chegou a
realizar. Nos últimos anos de vida conviveu, ainda,
com Almada Negreiros e com o Grupo do Orpheu.
Almada dedicou-lhe o seu livro KA, o Quadrado
Azul. Em 1916, definiu-se ao jornal lisboeta O Dia,
como impressionista, cubista, futurista e abstracionista. De tudo um pouco. Morreu com 30 anos, na
cidade de Espinho, vítima da pneumónica. A obra
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de Amadeo de Souza-Cardoso é o testemunho
vivo da simultaneidade de expressões de um
homem em constante mutação num tempo de
mudança e de inovação. Foi, no dizer de Almada
Negreiros, em 1917, a primeira descoberta de Portugal no século XX.
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ateliê, deixou na região três das suas obras maiores: o Teatro da Ópera (1818-1821), em Gendarmenmarkt, o Altes Museum (Museu de Arte Antiga,
de 1824) e a Igreja de São Nicolau (1830-1837), em
Potsdam.
Apesar de grande adepto do Neoclassicismo –
corrente que ajudou a difundir no Norte europeu –,
foi também apreciador do Neogótico, estilo a que
obedeceu nos seus projetos para catedrais, dos
quais só concretizou a Igreja de Friedrichwerder
(1824-31), em Berlim.
Talha (técnica e/ou modalidade artística)
Em arte, a palavra é empregue para designar a
escultura em madeira. Esta foi profusamente usada
desde a Idade Média, com diferentes utilizações e
diferentes acabamentos: podia ser deixada em
branco, isto é, na cor natural da madeira, ou policromada ou dourada. A talha dourada (revestida a
folha de ouro) foi a mais comum em Portugal e
acompanhou o apogeu desta arte no país – o
período dos séculos XVII e XVIII, época do Barroco
e do Rococó. Com efeito, embora tenha subsistido
até ao século XIX e haja alguns bons exemplares
de talha neoclássica, esta arte entrou definitivamente em declínio a partir daí.
Estilisticamente, o período mais interessante da
talha portuguesa estende-se entre 1600 e 1780,
acompanhando os estilos maneiristas, barroco e
rococó.
O período maneirista vai de 1600 até finais do
século XVII. É o começo da expansão desta arte, o
que se deve a um conjunto de fatores, entre os
quais o económico foi seguramente importante.
Vivendo-se, à época, uma das crises mais graves da
História portuguesa (perda da independência face
à Espanha, crise no Império ultramarino e comercial, etc.), a talha foi uma solução de menor custo
para a decoração das igrejas e mosteiros, cumprindo os mesmos objetivos estéticos e doutrinais
propostos pela Contrarreforma.
Neste período, a talha surge mais frequentemente como emolduramento de pinturas e esculturas, dispostas em «registos» e obedecendo a
uma programação iconográfica. É notória a
influência de gravuras e tratados italianos e flamengos na iconografia e nos motivos decorativos
em que elementos geométricos (como pontas de
diamante, losangos salientes e cartelas) se combinam com motivos vegetalistas e figurativos (como
cabeças de anjos e máscaras) e com elementos
arquitetónicos como a coluna, cujo terço inferior é
elegantemente trabalhado.
É, no entanto, nesta época que a talha começa a
autonomizar-se, abandonando a função de simples
enquadramento de obras de arte. Sobretudo pelo
progressivo desenvolvimento do retábulo. Este
assume carácter arquitetónico, sendo frequentemente desenhado por arquitetos e posteriormente
trabalhado pelos artífices da talha, podendo
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3. Conceitos, termos e autores
também conter alguma pintura e/ou escultura
independente. O conjunto é estruturado em andares, à semelhança de edifícios, com um leque de
soluções variado, cobrindo completamente a
parede por detrás dos altares.
Os melhores exemplos de talha maneirista estão
nas capelas-mores da Igreja de São Domingos de
Benfica, da Igreja da Luz e da Igreja de São Roque,
todas em Lisboa. Contudo, é também possível ver
exemplos de talha deste período no Brasil e em Goa.
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O período barroco da talha começa no último
terço do século XVII e estende-se até meados do
século XVIII. Inicia-se com o chamado “estilo nacional” que se desenvolve no período da Restauração e
Guerras da Independência. Abandonam-se as
influências estrangeiras e procura-se inspiração na
arte portuguesa, nomeadamente nos portais românicos e renascentistas. Neste período, a talha prolifera nos interiores das igrejas portuguesas, revestindo completamente todo o espaço. Os retábulos
desta fase possuem colunas com fuste torso que
sustentam arquivoltas concêntricas decoradas com
motivos ligados à eucarística (cachos de uvas e
folhas de videira), pássaros simbolizando a mítica
Fénix, conotada com a Eternidade, serafins e folhas
de acanto. No centro desta estrutura surge um elemento exclusivo da talha portuguesa: o “trono”, uma
espécie de pirâmide de degraus, em cujo topo se
exibe o Santíssimo Sacramento. É ainda nesta época
que se generaliza a utilização dos “quartelões”, composições compactas que preenchem completamente os espaços laterais das capelas-mores e que
são constituídas por mísulas, pilastras e outros elementos decorativos diversificados.
À talha de estilo nacional seguiu-se a talha joanina, associada à figura do rei D. João V (que reinou
entre 1707 e 1750). Historicamente foi um período
de paz e serenidade, conjugadas com uma maior
prosperidade económica e prestígio internacional.
A decoração reflete a influência do Barroco
romano, devido à influência de gravuras e tratados
(como o Perspectiva pictorum et architectorum de
Andrea Pozzo), à importação de obras de arte de
Itália e à vinda para Portugal de artistas italianos
ou de formação italiana. A talha em geral, e os retábulos em particular, vão seguir este novo espírito,
adotando um novo esquema movimentado e
cenográfico, abandonando uma certa rigidez que
caracterizava a talha nacional. Na estrutura retabular são utilizadas colunas salomónicas; as figurações humanas multiplicam-se, com destaque para
os atlantes que sustentam toda a composição; o
trono eucarístico é tratado de forma mais majestosa; e a temática decorativa, de grande exuberância (querubins, elementos vegetalistas, sanefas,
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cortinados, festões, etc.) contribui para o crescente
ritmo cénico. A decoração espalha-se por toda a
igreja, chegando ao extremo de cobrir literalmente
toda a superfície disponível – abóbadas, paredes,
colunas, arcos e púlpitos –, como acontece nas
igrejas de Santa Clara e de São Francisco, no Porto.
Em Lisboa, são exemplares deste período: os retábulos dos altares principais das igrejas da Pena e
de Santa Catarina e ainda a talha do Convento da
Madre de Deus e da Igreja de Nossa Senhora da Conceição de Marvila.
O período rococó manifesta-se em Portugal a
partir dos finais da primeira metade de Setecentos,
sendo marcante a influência de artistas franceses
como Quillard, Debrie, Le Bouteaux e Meissonier. A
talha caracteriza-se por formas assimétricas e flamejantes, remates sinuosos e linhas onduladas,
apresentando as diversas escolas interpretações
muito próprias. Apesar da diversidade regional, é
de salientar a talha rococó do Norte, nomeadamente a da região de Braga onde trabalhou André
Soares.
Tachismo (corrente/movimento)
Vocábulo derivado do francês (de tache, palavra que significa mancha) usado pela primeira em
1951 pela crítica de arte – primeiro por Pierre Guéguen e por Charles Estienne (1908-1966) e depois
difundido por Michel Tapié – para nomear a pintura abstrata nascida no pós-2.ª Grande Guerra
(anos 40 e 50 do século XX) que se opunha quer à
arte abstrata geométrica (suprematismo, neoplasticismo e construtivismo), quer a qualquer outra
corrente até aí conhecida. Caracterizava-se pelo
uso de manchas cromáticas de formas irregulares,
com ou sem textura, executadas por pinceladas
animadas por gestos soltos e espontâneos, em
tinta grosseiramente misturada ou retirada diretamente dos tubos; estas manchas podiam estar
associadas a jatos e escorridos, pingos e linhas
orgânicas, numa proximidade à caligrafia [ver lettering]. É, assim, uma pintura abstrata, sensitiva,
orgânica e espontânea que se exprime unicamente
através da matéria pictural, afastando-se da restante pintura abstrata europeia que, negando o
conteúdo figurativo, continuava contudo ligada
aos valores clássicos da composição.
Entre os artistas associados ao movimento
estão: Henri Michaux (1889-1984), Camille Bryen
(1907-1977), Georges Mathieu (1921-2012), Sam
Francis (1923-1994), Jean Messagier (1920-1999) e
Arnulf Rainer (n. 1929).
O Tachismo tem sido considerado como o equivalente europeu da Arte Informal e do Expressionismo Abstrato americano.
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Ideias & Imagens | Guia do Professor
Movimento estético inglês nascido em Londres
no início do século XX, com expressão na literatura
e nas artes plásticas. Neste último campo assumiu-se como uma alternativa ao expressionismo, ao
cubismo e ao futurismo, embora receba destes
movimentos as suas principais influências. Teve
como fundadores o pintor e escritor canadiano
Percy Wyndham Lewis (1882-1957) e o escritor e
poeta americano a viver na Europa Ezra Pound
(1885-1972), a que se associaram mais nove artistas ingleses. Juntos formaram o grupo de onze que
assinou o Manifesto do movimento, publicado no
primeiro número da revista Blast, magazine literária propriedade do Vorticismo, saído em 2 de julho
de 1914.
Tal como o Futurismo, o Vorticismo exaltou a
modernidade – as máquinas, a indústria, as grandes cidades, o cinema –, mas fê-lo de modo diferente.
Ezra Pound escreveu um artigo citando as diferenças
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entre Vorticismo e Futurismo: «O Futurismo descende
do impressionismo. Na medida em que constitui um
movimento artístico, é uma espécie de impressionismo acelerado. É uma arte de superfície, ou extensiva, em contraste com o Vorticismo, que é intensivo.
[...] O Futurismo é essencialmente uma aceleração de
imagens sucessivas – como o Nu descendo As Escadas,
de Marcel Duchamp; o Vorticismo amplia essa aceleração em profundidade, criando um turbilhão de
perspetivas, ou seja, um vórtice.» Numa pintura vorticista, a vida moderna é-nos mostrada como um feixe
de linhas de cores “duras” que canalizam o olho do
observador para o centro da tela.
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Vorticismo (corrente/movimento)
Nascido em Londres, em tempo de guerra, o
movimento, que ambicionava internacionalizar-se,
teve, contudo, curta duração, não se mantendo
para além de 1919. Deixou, todavia, forte influência no modernismo britânico, em obras de artistas
como Henri Moore (1898-1986), Francis Bacon
(1909-1992) e Ben Nicholson (1894-1982).
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3.Conceitos, termos e autores