VESTIBULAR UFPE – UFRPE / 1996
2ª ETAPA
NOME DO ALUNO: _______________________________________________________
ESCOLA: _______________________________________________________________
SÉRIE: ____________________
TURMA: ____________________
Literatura
01.
Observe:
“Descoberto em 1500, no século que, em
Portugal, dominava o Classicismo, o Brasil, por muitas
causas, não teve condições de dar início à colonização e
ao processo cultural.
Entre as raras manifestações literárias do século,
destaca-se o teatro jesuítico.
A obra de colonização do Brasil, iniciada
propriamente por Martim Afonso em 1530, já pelos
inconvenientes do sistema, já por outros motivos fáceis de
entender, mais dificultosa se tornaria, não fosse a
colaboração oportuna e decisiva dos jesuítas.”
contra as distorções provocadas pela mudança na
forma de produção de riqueza que atingiu uma
industrialização acelerada na Europa.
4-4)O Modernismo brasileiro, segundo Mário de Andrade
(o seu mais importante líder), derivaria de três
princípios fundamentais: o direito permanente à
pesquisa estética, a atualização da inteligência
artística brasileira e a estabilização de uma
consciência criadora nacional.
03.
Esta questão versa sobre aspectos do romantismo
enquanto estado de alma e estilo literário:
(Faraco e Moura, em Língua e Literatura)
A partir de então, surgem dois movimentos que ainda não
podem ser considerados literatura propriamente brasileira.
0-0) O Barroco é o primeiro grande período artístico no
Brasil. Nas artes plásticas há destaque para a figura
do Aleijadinho; na Literatura, para o poeta Gregório de
Matos Guerra.
1-1) O Neoclassicismo, movimento estético propenso a um
retorno aos ideais espirituais e artísticos do
Renascimento, corresponde a uma tendência contrária
ao barroquismo.
2-2) No texto barroco, a linguagem é retorcida, com
bastante jogos verbais, enfatizando a prolixidade e o
estilo confuso.
3-3) No texto neoclássico, a linguagem é racional, as
imagens são conhecidas e repetidas (chavões,
lugares – comuns).
4-4) No Barroco, tanto quanto no Neoclassicismo, os
poetas abordaram aspectos como dúvida, angústia e
tédio, sob a forma de um sentimentalismo lacrimoso.
02.
Esta questão versa sobre aspectos gerais da Literatura
brasileira.
0-0) Como qualquer outra arte, a Literatura, inclusive no
Brasil, é um fenômeno social. É a expressão artística,
criativa e original (por meio da escrita) da vida e do
relacionamento com outros homens, com o meio em
que vive e com sua época.
1-1) No Brasil, o Romantismo representou a importação
das idéias do luxo, da pompa da vida social francesa.
2-2) Com a vinda da Família Real para o Brasil, em 1808,
houve modificações profundas no ambiente cultural e
social, recebendo mais diretamente as influências
européias. E isto repercutiu no movimento romântico
brasileiro.
3-3) No Brasil do final do século XIX, através dos
escritores realistas, o objetivo não era mais divulgar os
padrões burgueses importados da Europa. Era
transformar a literatura em um “instrumento de luta”
“Nenhuma força virá me fazer calar
Faço no tempo soar minha sílaba
Canto somente o que pede para se cantar
Sou o que soa
Eu não douro pílula.
Tudo o que eu quero
É um acorde perfeito, maior
Com todo mundo podendo brilhar
Num cântico
Canto somente o que não pode mais se calar
Noutras palavras, sou muito romântico.”
Caetano Veloso / Muito Romântico.
0-0) É comum encontrarmos traços de romantismo até na
literatura dos nossos dias, a exemplo destes versos,
em que o “eu lírico” mostra seu estado de alma
romântico.
1-1) Enquanto estado de alma, o romantismo encontra-se
unicamente concentrado no Romantismo Literário
(primeira metade do século XIX).
2-2) Pela temática explorada, o compositor Caetano
Veloso integra o estilo de época chamado
Romantismo.
3-3) Não há qualquer distinção entre romantismo (estado
de espírito) e Romantismo (estilo de época).
4-4) Fuga da realidade através da imaginação,
comportamento baseado na liberdade, na emoção e
na idealização da realidade definem o estado de alma
romântico.
04.
Observe que os textos a seguir representam a visão do
amor em três autores do Romantismo. São momentos da
poesia romântica coincidindo com três gerações.
“Boa noite, Maria! Eu vou me embora,
A lua nas janelas bate em cheio.
Boa noite, Maria! É tarde… é tarde…
Não me apertes assim contra teu seio.”
Castro Alves
“Não acordes tão cedo! Enquanto dormes
Eu posso dar-lhe beijos em segredo
Mas, quando nos teus olhos raia a vida
Não ouso te fitar… Eu tenho medo!”
Álvares de Azevedo
“Enfim te vejo – enfim posso,
Curvado a teus pés, dizer-te
Que não cessei de querer-te
Apesar de quanto sofri.”
Gonçalves Dias
0-0) O amor em Gonçalves Dias é sempre ilusão perdida, e
a experiência concreta é o fracasso e o sofrimento.
1-1) Em Álvares de Azevedo, já aparece um misto de
erotismo e medo, frustando assim a realização da
experiência amorosa.
2-2) Na obra de Castro Alves prevalece a temática do amor
sensual.
3-3) No lirismo amoroso de Gonçalves Dias e Álvares de
Azevedo inclui a falta de sensualidade presente em
Castro Alves e também se descobrem, nos autores, os
traços de donjuanismo.
4-4) Os três autores apresentam, como ponto comum, a
visão da mulher como uma musa inacessível.
05.
OBSERVE:
Começo a arrepender-me desse livro. Não que ele me
canse; eu não tenho que fazer, e, realmente, expedir
alguns magros capítulos para esse mundo sempre é tarefa
que distrai um pouco da eternidade.
(Memórias Póstumas de Brás Cubas/
Machado de Assis)
0-0) Este fragmento é de um romance pretensamente
biográfico, escrito por um “defunto-autor”.
1-1) A ironia, o pessimismo e o desmascaramento das
ilusões estão presentes no livro.
2-2) “Não tive filhos, não transmiti a nenhuma criatura o
legado da nossa miséria”. Frase de fim do romance,
encerra o desencanto do autor diante da vida.
3-3) Memórias Póstumas de Brás Cubas é seu primeiro
romance, tendo sido escrito na fase romântica.
4-4) O texto revela uma forma trabalhada, limpa e perfeita.
Em sua obra, o rigor formal não exclui a clareza.
06.
OBSERVE:
“No fundo do mato virgem nasceu Macunaína, herói de
nossa gente. Era preto retinto e filho do medo da noite.”
(Macunaína/ Mário de Andrade).
0-0) O autor de Macunaína foi um dos idealizadores da
Semana de Arte Moderna, que iniciou o Movimento
Modernista no Brasil.
1-1) O Movimento Modernista, entre outras metas,
propunha-se à busca de identidade nacional, o que se
acha na obra citada.
2-2) A liberdade de expressão, o cotidiano, o
coloquialismo, resultantes da desintegração da
linguagem literária tradicional, foram preconizadas por
Mário de Andrade como arauto e teórico do
Modernismo.
3-3) Macunaína representou a identificação de Mário com
o nacionalismo primitivista.
4-4) “Há uma gota de Sangue em cada poema” , obra
escrita em 1917, sob a influência da 1 Guerra ,não
tem valor estético, apesar de constituir-se o título em
uma experiência poética.
07.
Observe o fragmento do discurso Notícias, Hiper Realismo e Ética pronunciado pelo Senador Artur da
Távola, no plenário do Senado Federal / Junho-1995).
“O Realismo já é pequeno como expressão diante
do vigor da realidade. As formas românticas estão
apartadas
da
contemporaneidade,
porque
a
contemporaneidade não é regida pelas regras do
Romantismo na literatura, na arte em geral. As formas
surrealistas, enveredando pelo inconsciente, tiveram o seu
tempo de duração.
Talvez restem, hoje em dia, dentre as tendências
contemporâneas da Literatura e das Artes Plásticas, o
Expressionismo e o Hiper – Realismo”.
0-0) O texto mostra que as tendências literárias têm maior
permanência que as escolas; no entanto, o
Romantismo e o Realismo não mais conseguem
expressar a realidade.
1-1) O Romantismo permanece como expressão da
contemporaneidade, porque não é regido por regras.
2-2) O Realismo expressa ainda hoje, com vigor, a
realidade circundante.
3-3) O Surrealismo, enveredando pelo inconsciente,
apresenta pontos em comum com o Simbolismo que
explora temas oníricos.
4-4) O Expressionismo e o Hiper – Realismo representam,
nas Artes Plásticas e na Literatura, as tendências mais
atuais.
08.
O mais importante para a Literatura não é provar o que
acontece, mas mostrar uma realidade sob o ponto de vista
do autor. Focalizada sob os mais diversos ângulos, a
mulher inspira poetas e artistas:
0-0) “Sois anjo que me tenta, e não me guarda”.
- Verso de Gregório de Matos, delineando, pelo
paradoxo, a figura da mulher como apelo aos
sentidos.
1-1) “Eu vi uma mulher verdadeiramente bela. Seus
cabelos são negros e luzidios como azeviche(…)
Sua fronte branca, elevada e lisa…”
- Fragmento do escritor romântico Manuel Antônio de
Almeida, traçando um perfil psicológico profundo do
personagem feminino, sem a idealização própria da
Escola Romântica.
2-2) “E estas, sem ser desunharem, tinham já mordeduras
por todo o busto.”
- Fragmento de Aluísio Azevedo, mostrando que as
personagens são de condição inferior, vistas na sua
condição animal.
3-3) “Porque a Beleza, gêmea da verdade,
Arte pura, inimiga do artifício,
É a força e a graça na simplificidade.”
- Versos de Olavo Bilac, contando que à mulher,
mesmo sendo bela, compete viver um vida que não
escolheu e cujo destino lhe escapa.
4-4) “Como a senhora, comadre,
pode manter o seu lar.”
- Versos de João Cabral de Melo Neto, voltando-se
para a condição social da mulher nordestina.
09.
OBSERVE:
“Os miseráveis, os rotos
São as flores dos esgotos
São espectros implacáveis
Os rotos, os miseráveis
São prantos negros de furnas
Caladas, mudas, soturnas”.
Cruz e Sousa
3-3) Oswald de Andrade escreveu os textos mais
corrosivos da estética modernista, destruindo os
padrões da narrativa.
4-4) Como se pode observar, no texto, Oswald de Andrade
destacou-se pela inovação no uso dos termos com
derivações e formações estrangeiras, além de
metáforas inusitadas. Sua narrativa estabelece uma
mistura entre o descritivo e o narrativo.
12.
0-0) Este autor representou o Simbolismo no Brasil,
propondo uma poesia pura não-racionalizada,
explorando imagens e não conceitos.
1-1) A poesia simbolista é hermética, misteriosa e
despreza a poética racional.
2-2) Cruz e Sousa, principal figura do movimento, era filho
de escravos e, como tal, usou a escravidão e as
injustiças como tema central de sua poética.
3-3) Pela espiritualização contínua de sua poesia , tenta
desfazer-se de todos os referencias concretos,
adotando para isso uma linguagem rebuscada e
musical.
4-4) O trecho acima, pertencente a Litania dos Pobres,
tem o tom de denúncia social, apesar do idealismo
platônico do autor e de sua tendência à
espiritualização.
10.
A 29 de Janeiro de 1922, o Estado de São Paulo
noticiava:
“Por iniciativa do festejado escritor, Sr. Graça Aranha,
haverá em São Paulo uma SEMANA DE ARTE
MODERNA, em que tomarão parte os artistas que, em
nosso meio, representam as mais modernas correntes
artísticas.”
0-0) O Primitivismo nacionalista da Antropologia e do
Verde–Amarelismo foi a primeira diversificação, em
correntes do Modernismo.
1-1) Logo após a Semana de que fala o texto, nas revistas
do movimento (Klaxon e Estética) começaram-se a
vislumbrar as primeiras tendências dos autores de
então.
2-2) Oswaldo de Andrade e Raul Bopp pretenderam um
retorno às raízes primitivas, autênticas e selvagens de
nossa nacionalidade. Seu lema era: “Tupy or not Tupy,
that is the question.”
3-3) Menotti del Pichia e Plínio Salgado focalizaram as
fontes nacionalistas, na valorização da raça, do
sangue e dos heróis nacionais.
4-4) A Semana reuniu jovens modernistas numa exposição
de arte literária, plástica, musical e de dança, mas não
pode ser considerada como início oficial do
Modernismo brasileiro.
11.
OBSERVE:
OBSERVE
“Tive ouro, tive gado, tive fazendas,
Hoje sou funcionário público.
Itabira é apenas uma fotografia na parede
Mas, como dói!”
(Carlos Drummond de Andrade/Confidências
Itabirano)
de
0-0) Foi um poeta que tratou de assuntos brasileiros e
regionais (no texto acima, fala sobre Minas Gerais)
dando-lhe um caráter folclórico exótico.
1-1) Versejou sempre de acordo com a poética tradicional,
respeitando a métrica e a rima.
2-2) Sua maturidade poética foi atingida através da
precisão da linguagem e do aprofundamento da visão
de mundo.
3-3) A sua poesia tem como pólos o eu e o mundo; no
primeiro sobressaem os temas do passado ( a família
e a província) e o amor, caracterizado pela carência.
4-4) Além de explorar as profundezas do eu, preocupa-se
com o social, canta a solidariedade e interroga sobre o
sentido da vida.
13.
OBSERVE:
“Não sentia a espingarda, o saco, as pedras miúdas que
lhe entravam nas alpercatas, o cheiro de carniças que
empestavam o caminho. As palavras de Sinhá Vitória
encantavam-no.”
(Graciliano Ramos. / Vidas Secas)
0-0) O autor é alagoano e iniciou-se tarde na vida literária
com o romance “Caetés”- 1933.
1-1) Analisou, sem piedade, o universo em derrocada das
oligarquias rurais em “São Bernardo”.
2-2) Em “Infância”, narrativa autobiográfica, relata sua
experiência como filho de família abastada, tratado
com carinho por um pai superprotetor. É um livro cheio
de lembranças ternas.
3-3) Memórias do Cárcere – 1953, é sua única incursão
no mundo da poesia. Seus poemas
são objetivos e têm o mesmo tom de denúncia dos livros
anteriores.
4-4) Vidas Secas – 1938, tragédia ocasionada pelas
condições ecológicas, ultrapassa esta condição,
relatando o drama humano do despojamento e da
miséria nordestina. Sua grandeza reside na
construção formal e na análise dura da realidade
circundante.
“O céu jogava tinas de água sobre o noturno que me
devolvia a São Paulo.
O comboio brecou lento para as ruas molhadas, furou a
gare suntuosa e me jogou nos óculos menineiros de um
grupo negro. Sentaram-me num automóvel de pêsames.”
Oswald de Andrade
Sobre Manuel Bandeira:
0-0) Seu autor é modernista da última fase, não tendo
participado da Semana de Arte Moderna.
1-1) O nacionalismo de Oswald de Andrade foi uma volta
ao ufanismo parnasiano, sem perspectiva crítica.
2-2) Principal divulgador da orientação nacionalista
primitiva, participou do movimento Pau Brasil e do
movimento Antropofágico.
0-0) Contribuiu para a instalação do Modernismo, com a
Semana de Arte Moderna, ridicularizando os
parnasianos no poema Os Sapos.
1-1) A poesia da Bandeira manteve até o final as
influências parnasiana e simbolista.
2-2) O cotidiano está sempre presente em seus textos,
pelo lirismo do Eu, numa fusão perfeita da
subjetividade com a objetividade.
14.
3-3) Ao contrário dos românticos, em sua poesia ironizou
seus próprios desejos, considerando-os como
ilusórios.
4-4) Usando as formas clássicas do lirismo, Bandeira
escreveu em linguagem culta e empolada, longe dos
usos cotidianos, por isso de difícil compreensão.
15.
Observe:
“Nonada. Tiros que o senhor ouviu foram de briga de
homem, não, Deus esteja. Alvejei mira em árvore, no
quintal, no baixo do córrego. Por meu acerto. Todo dia isso
faço; gosto, desde mal em minha mocidade. Daí vieram
me chamar. Causa de um bezerro: um bezerro branco,
erroso, os olhos de nem ser-se viu -; e com máscara de
cachorro. Me disseram: eu não quis avistar.”
(Guimarães Rosa / Grande sertão, Veredas)
O texto acima, apesar de curto, contém
características do estilo do autor, entre as quais:
muitas
0-0) Explora o chamado Superregionalismo (dentro do
Modernismo) que ampliava e transformava as
características do homem do interior.
1-1) Seu universo ficcional é dos senhores de terra
aristocráticos, dominados por conceitos arcaicos, e
dos capitalistas do litoral, ambos expressos em
linguagem convencional.
2-2) Seguindo o modelo de José Lins do Rego, o linguajar
de seus personagens copiava o dos sertanejos, sem
modificações, imobilizado no tempo, como cópia fiel
da realidade.
3-3) O texto utiliza arcaísmos, metáforas, neologismos,
além de construções sintáticas inovadoras com
inversões e apagamentos.
4-4) Apesar das inovações, o texto conserva o tom
coloquial, isto é, o tom de conversa da gente do
interior, numa imitação da fala.
16.
Esta questão versa sobre a forte relação existente entre o
que acontece na vida política, econômica e religiosa de um
povo, e as atitudes literárias perante as crises.
0-0) Barroco: influência européia, contestação à Igreja, à
sociedade, com Gregório de Matos Guerra.
1-1) Arcadismo: Escravidão negra, problemas diversos.
Movimentação republicana. Poetas começam a
despojar sua poesia de sentimentalismo, e
preocupam-se com a sociedade. Poesia social com
Castro Alves.
2-2) Romantismo: Período da mineração. Contestação ao
regime português.
Descontentamento popular.
Movimento revolucionário com a Inconfidência
Mineira. Críticas de Tomás Antônio Gonzaga.
3-3) Realismo: Abolição da escravatura. Vitória das idéias
republicanas
sobre
as
idéias
monárquicas.
Proclamação da República. Literatura de crítica, de
denúncia, de documentação da realidade, análise das
pessoas e da sociedade. Destaque para Machado de
Assis.
4-4) Modernismo: Reflexo, no Brasil, das dificuldades
econômicas na Europa e nos Estados Unidos.
Queima de café. Comércio e indústria em dificuldades.
A literatura dedica-se ao dia-a-dia, quer na Liberdade
de criação, quer no uso da linguagem.
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2 Etapa Literatural