Cultura
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Projeto reúne narrativas orais amazônicas e subsidia pesquisas nas áreas de letras,
literatura, antropologia, sociologia e psicologia, entre outras
Valda Rocha
“Aquele não era um doente comum...
Contavam os pescadores lá do alto Amazonas... Tinha
dois pescadores, pescavam juntos. Quando foi um dia,
aconteceu que um dos pescadores feriu o boto. Estavam
pescando. Aí, passou uns dias, ... aconteceu que nesse dia,
o outro não foi com ele pescar. Ele foi só. Aí, então, ele
estava muito longe, e aí veio aquela canoa cheia de
soldado. Aí, encostou na canoa junto dele e disse: - Mas
por quê? O que eu fiz? - Não sei o quê, mas você está preso,
e vamos logo. Aí, ele embarcou na canoa e saiu, quando
chegou no meio do rio, aí, ele disse: - Agora feche os olhos.
Aí, ele fechou o olho, e quando mandaram ele abrir, diz
que tinha um palácio. Aí, mas tudo era boto...”
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Cultura
O trecho na página anterior,
de uma das muitas lendas contadas sobre o boto, é uma pequena amostra do rico universo
do imaginário popular da região
amazônica. Sua construção é
conseqüência da miscigenação
cultural que marca a história do
Brasil, com presença marcante
de mitos greco-latinos, indígenas e africanos. Ao constatar as
muitas influências dos mitos na
cultura da Amazônia paraense,
Maria do Socorro Simões, do
Centro de Letras e Artes (CLA) da
Universidade Federal do Pará
(UFPA) idealizou o projeto “O
Imaginário nas Formas Narrativas Orais Populares da Amazônia”, em 1995. O Ifnopap nasceu
com o propósito de reunir em
um banco de dados o maior
número possível de histórias
contadas na região, mas, “à medida que as narrativas chegavam
às nossas mãos, ficávamos deslumbrados com as possibilidades de análise em níveis e
abrangência diferenciados”, conta Maria do Socorro.
O projeto previa, desde o
início, o contato direto com a
população. Para realizar a coleta
de material, a equipe da UFPA
contou com a participação de
professores e alunos dos oito
campi avançados da Universidade, situados nos municípios de
Abaetetuba, Altamira, Bragança,
Cametá, Castanhal, Marabá, Marajó e Santarém, além dos pesquisadores do CLA do campussede, que fica em Belém. O regis-
Até o momento, foram
reunidas 5.300 narrativas,
contadas por cerca de
2.000 informantes
tro foi realizado em fitas cassete
e, em alguns casos, de vídeo. Para
a transcrição do material gravado, o principal procedimento
adotado foi a manutenção de
todas as características da fala
do informante, respeitando o
vocabulário, a construção de
frases e a pontuação, entre outras. De 1995 até hoje, foram
reunidas cerca de 5.330 narrativas, de aproximadamente
dois mil informantes. Falta
ainda a finalização dos trabalhos de coleta em dois campi:
Cametá e Marajó.
Pesquisa
Tendo como matéria-prima o
banco de dados criado pelo
Ifnopap, já foram publicados
nove livros; dois CD-ROMs; e 14
dissertações de mestrandos da
UFPA, da Universidade Estadual
de Campinas (Unicamp) e da
Universidade de São Paulo (USP),
além de quatro teses de doutorado desenvolvidas nas universidades federais de Pernambuco
e de Minas Gerais e na Unicamp.
As histórias cadastradas também subsidiaram monografias
de cursos lato sensu, artigos e
trabalhos de conclusão de cursos de graduação. Muitos desses
trabalhos obtiveram financiamento; porém, atualmente o
projeto está sem o apoio de
órgãos de fomento.
O Ifnopap subsidia pesquisas
nas áreas de antropologia, psicologia, métodos e técnicas de
ensino, lingüística, sociolingüística, dialetologia, letras, literatura
brasileira e literatura comparada.
Um desses trabalhos, desenvolvido nas subáreas de semiótica
e narrativa, fez interessantes
descobertas sobre as diferenças
nas formas de contar histórias.
Intitulado “Análise Estrutural de
Narrativas”, o estudo foi coordenado por Maria do Socorro e
Christophe Golder e pretendia
encontrar, por meio da análise
da tipologia de gênero das histórias amazônicas, algo que as
distinguisse da estrutura clássica
da narrativa.
Depois de quatro anos de
trabalho, que somou análises
morfológicas (escrita formal das
palavras), sintáticas (disposição
das palavras na frase e das frases
no discurso) e lexicais (repertório de palavras), não foram
encontradas muitas variações
em relação às fórmulas do
conto tradicional, definidas pelo
lingüista russo Vladimir Propp
no livro “A Morfologia dos Contos Maravilhosos” (veja quadro
na pág. 3). No entanto, algo chamou a atenção da equipe de
pesquisadores. Foi o que os
semioticistas chamam de “elementos periféricos de um texto”,
ou seja, tudo o que não faz parte
efetivamente da estrutura básica da narrativa, mas sim de uma
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Cultura
A fórmula dos contos
O lingüista russo Vladimir Propp criou, a
partir da análise de contos infantis russos,
uma fórmula estrutural para as narrativas,
que descreveu no livro “A Morfologia dos
Contos Maravilhosos”. Na concepção de
Propp, os contos contêm três seqüências,
subdivididas em 31 funções (que estão
ligadas às ações dos personagens no
desenrolar da trama). De acordo com a
fórmula, nem todos os contos contêm as 31
funções; porém, são sempre divididos em
três seqüências.
Maria do Socorro Simões
idealizou o projeto ao constatar
as muitas influências dos mitos
na cultura da Amazônia paraense
Na seqüência preparatória ou inicial, as
funções são sete: afastamento/ausência
(um dos membros da família se afasta de
casa); interdição/proibição (ao herói
impõe-se uma proibição ou regra); transgressão; interrogação (o agressor tenta
obter informações); informação; engano
(o agressor tenta enganar sua vítima para
se apoderar dela ou de seus bens); e
cumplicidade involuntária (a vítima se
deixa enganar e ajuda assim seu inimigo
sem saber).
A seqüência seguinte é composta por
mais 11 funções: malfeitoria e falta (o
agressor faz mal a um dos membros da
família; falta qualquer coisa a um dos
membros ou este deseja possuir algo); envio
em socorro (a notícia da malfeitoria ou da
falta é divulgada e dirige-se ao herói um
pedido ou uma ordem. Este é mandado em
expedição ou deixa-se que parta por sua
própria vontade); empreendimento reparador (o herói aceita ou decide agir contra
o agressor); partida; prova imposta pelo
doador (o herói é testado, interrogado,
colocado à prova e, como resultado, recebe
um objeto ou um auxiliar mágico); reação
(o herói reage às ações do futuro doador);
posse do objeto mágico; transferência (o
herói é transportado até perto do local onde
se encontra o objetivo da sua demanda);
combate (o herói e seu agressor defrontamse); marca (o herói recebe uma marca);
vitória (o agressor é agredido); e reparação
(da malfeitoria inicial ou falta).
A seqüência final é dividida em 12 partes.
São elas: volta (do herói); perseguição;
socorro; chegada incógnita (o herói chega
incógnito à sua casa ou a outro país);
pretensões falsas (do falso herói); tarefa
difícil (proposta ao herói); tarefa cumprida;
reconhecimento; descoberta (o falso herói
é desmascarado); transfiguração (o herói
recebe uma nova aparência); punição (o
falso herói ou agressor é punido); e casamento (o herói casa-se e sobe ao trono).
Alguns pesquisadores acreditam que a
adoção dessas invariantes estabelecidas
pelo lingüista russo ajudam a compreender
a estrutura das obras infantis, bem como
permitem entender as convergências e
divergências entre os personagens infantis
dos contos para adultos e as personagens
infantis das histórias para crianças.
Fotos Alexandre Moraes
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Maria do Socorro (ao centro,
de chapéu) e a coordenação
do Ifnopap, a bordo do
Catamarã Pará
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Cultura
variedade lexical particular de cada
região. Os contadores trazem consigo uma espécie de dialeto próprio, resultado de um repertório
composto a partir das influências
dos colonizadores e do contexto e
paisagem em que vivem. É comum,
por exemplo, nas histórias de
príncipes e princesas, os protagonistas dormirem em rede e os
castelos estarem situados às margens dos rios que cortam a região.
A coordenadora da pesquisa
conta também que, com muita
freqüência, encontram-se resquícios da fala do colonizador português em expressões confundidas
com “a maneira de falar da população amazônica”,como é o caso de
“obra de”,“ilharga”,“carecer”e“enrascado”. E por falar em enrascado,
quem ficou nessa situação foi o
pescador, do começo da reportagem, que se viu em um mundo
de boto, sem saber o porquê. “...Só
era boto, e chegou lá no quarto,
estava o boto lá deitado. Estava
doente com ferimento, e disse: - Você
está vendo esse boto, aí? É aquele
que, aquele dia, que você andava
pescando, você furou. Acertou ele.Ele
está doente. Você vai tratar dele, se
ele ficar bom, você volta, se ele não
fica, você vai ficar aqui. Tinha uma
velha, se deu com ele, aí, ensinava
remédio pra ele. Aí, tudo o que a
velha ensinava ele fazia, né, e, aí, o
boto foi se recuperando. E deixa, que,
lá, a falta do pescador... Aí, foram
perseguir o outro, para dar conta do
amigo, né, que pescavam junto. E,
sem ele saber, foi preso esse rapaz.
Quando ninguém mais lembrava,
ele apareceu. Aí, contava a história.
Amarelo, cabeludo, aí, contava: Olha, eu estava tratando daquele
boto. Contava pra eles que nós estava pescando, aí acertamos ele. E eu
só voltei porque ele ficou bom, se ele
não tivesse ficado bom, eu tinha
ficado lá.”
Imaginário sensual
Lendas como as do Boto, da Iara, da
Vitória Régia e das Amazonas percorrem os muitos cantos do Brasil,
envolvendo o imaginário popular em
uma atmosfera de pura sensualidade.
Da descrição física dos personagens às
situações narradas, elas denotam a
beleza e a sensualidade como características irrefutáveis das narrativas.
No caso do Boto, por exemplo, a lenda
sempre vem acompanhada da descrição
de um rapaz bonito, elegantemente
vestido em linho branco, de chapéu na
cabeça e que, por ser altamente sedutor,
conquista mulheres jovens e bonitas,
casadas ou não, em festas que freqüenta
às margens dos rios. As histórias contam
também que muito da sedução do Boto
está ligada ao olhar, e é por isso que o
olho do boto é usado como amuleto na
arte da conquista pelos moradores da
região amazônica.
A versão feminina do boto, Iara,
mantém a tradição e é conhecida
também pelo encantamento que
exerce sobre os homens através do
olhar. Iara é uma linda mulher mo-
rena, de cabelos negros e olhos
castanhos. Os homens que a vêem
nua a banhar-se nos rios não conseguem dominar seus desejos e
atiram-se às águas. Muitos não
voltam e, os que o fazem, vêm
assombrados, descrevendo castelos,
séquitos e cortes de encantados.
Para a coordenadora do Ifnopap,
muito desse imaginário deve-se ao
clima tropical do país, cheio de sol e
umidade, somado à presença de corpos morenos e ao encanto da paisagem. “Além disso, é difícil dissociar
esses fatores da herança deixada por
um colonizador romântico, apaixonado e movido por uma sexualidade
extremada.”
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Cultura
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A volta das grandes expedições
Objetivo das viagens do Catamarã Pará é conhecer e discutir
in loco as manifestações culturais
Como nos tempos da colonização, o Ifnopap trouxe de
volta ao Brasil as “grandes expedições”. As atuais são realizadas
a bordo do navio Catamarã Pará.
Segundo Maria do Socorro, a
escolha pelo uso de um navio foi
a melhor maneira de levar os
pesquisadores aos lugares onde
estão os maiores repertórios de
histórias amazônicas. “O nosso
acervo é, em sua grande parte,
vindo do interior; portanto, os
encontros acadêmicos promovidos pelo Ifnopap tornaram-se
muito mais legítimos com as
visitas às populações ribeirinhas, tanto do ponto de vista
da paisagem quanto pela convivência com o homem dessas
regiões”, explica.
Essa convivência é facilitada
pela organização de uma série
de eventos, que atendem tanto
à demanda dos pesquisadores já
envolvidos e convidados, como
também da população local, já
que, na programação dos encontros, há espaço para atividez|2002
dades acadêmicas, mas também acontecem gincanas, festas folclóricas e exposições de
artesanato, como forma de
resgate das manifestações culturais locais.
Caminho
encontros consecutivos no Centro de Letras e Artes (CLA), com
a participação de profissionais
das áreas de psicologia, antropologia, sociologia, lingüística,
teoria da literatura e outras
disciplinas afins. O tema foi
“Narrativa oral e imaginário
amazônico”.
Esse contato direto com a
A partir de 1999, a coordenapopulação ribeirinha é fruto de
ção
do projeto considerou funum processo que começou no
momento em que os pesqui- damental percorrer os rios da
sadores e alunos envolvidos no Amazônia. Assim teve início a
projeto desde o início viram-se às voltas com determinados conceitos não
ligados especificamente à área de letras. Então, notaram
que era hora de interagir com outras áreas do conhecimento, para ampliar Projeto resgatou festa folclórica no município
o enfoque das pes- de Oriximiná. À direita, torre da igreja de Santo
quisas desenvolvi- Antônio (padroeiro da cidade) enfeitada para a
das a partir do acer- homenagem ao santo. À esquerda, o Catamarã
vo do Ifnopap. Fo- Pará iluminado para a procissão do Círio
ram realizados dois Noturno Fluvial
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Cultura
Contato com populações
ribeirinhas surgiu a partir
da necessidade de
interação com outras
áreas do conhecimento
participação do Catamarã Pará.
O navio, a cada encontro, acolhe
cerca de 140 pessoas durante
oito dias, percorrendo um dos
rios que compõem a bacia fluvial
da Amazônia. A embarcação foi
cedida ao projeto pelo Governo
do Estado do Pará. Para a realização dos encontros, existe uma
parceria entre a UFPA, o Governo
do Estado e a Eletronorte (concessionária de energia elétrica
que atende o Estado do Pará).
A primeira expedição percorreu o médio Amazonas até o
rio Tapajós, em Santarém. No
ano seguinte, o grupo rumou
para Oriximiná, cidade às margens do rio Trombetas. Ao grupo
de pesquisadores convidados
dessa expedição, somaram-se
profissionais da área de biodiversidade e, às discussões acadêmicas, foram incorporadas as
questões ligadas ao impacto
sobre as manifestações culturais
da Amazônia, tendo em vista as
agressões sofridas pelo meio
ambiente, enfocadas a partir
de então em todos os encontros anuais.
A pauta desse encontro reservou espaço também para a
preservação de uma tradição. A
coordenação do Ifnopap foi
informada de que havia uma
prática muito particular daquela região que estava quase
extinta. O Círio Noturno Fluvial,
uma festa em homenagem a
Santo Antônio, padroeiro da
região, não mais contava com
a participação popular como
anteriormente.
O Círio é uma procissão, realizada sempre no segundo domingo do mês de agosto, para a
qual os moradores da cidade
confeccionam pequenas “barquinhas”, a partir de pedaços de
tronco de miriti (uma palmeira
da região cuja madeira flutua).
As embarcações são colocadas
sobre as águas do rio, tendo ao
centro uma vela acesa e, em
torno dela, papel de seda colorido para proteger a chama do
vento. Elas seguem à frente do
cortejo, levadas pela brisa.
Sabendo do desinteresse da
população por essa festa folclórica, uma equipe do Ifnopap
esteve no local durante todo o
primeiro semestre de 2000, antes da realização do IV Encontro,
nos meses de julho e agosto. O
objetivo foi visitar escolas e
mobilizar os professores de
educação artística, para que
estimulassem as crianças a fazer
suas próprias barquinhas e participar do Círio. “Foi uma belíssima surpresa. Mais de cinco mil
barquinhas iluminadas participaram da homenagem em
2000, propiciando uma imagem
indescritível”,emociona-se Maria
do Socorro.
Seqüência
A expedição chegou, em 2001,
ao arquipélago de Marajó, onde
é possível encontrar resquícios
da presença do colonizador
português, como, por exemplo,
nas ladainhas e outras manifestações religiosas típicas. Os
profissionais do Ifnopap atestam
que os moradores fazem as apresentações das ladainhas em
latim. Quem ensinou? “Isto é
resultado do aprendizado que
passa de geração a geração,
desde o tempo da colonização”,
conta a coordenadora.
Em 2002, os participantes do
VI Encontro percorreram o rio
Xingu, com saída do porto da
capital do Pará e chegada no
campus da UFPA localizado na
cidade de Altamira. No desembarque, pesquisadores, alunos e
professores participaram de
palestra com técnicos da Eletronorte . O tema foi a construção da usina hidrelétrica de
Belo Monte, no Xingu, e o desafio
de ter ou não afetadas as manifestações culturais presentes na
região, devido à instalação de 20
turbinas, entre outras grandes
alterações.
Segundo Maria do Socorro, os
participantes ficaram convencidos de que a construção da
usina pode constituir um projeto
importante para o desenvolvimento da região. “Porém, não
perdemos de vista a necessidade
de estarmos atentos para o impacto ambiental que pode ser
ocasionado”, avisa.
dez|2002
Cultura
Frutos do imaginário caboclo
O projeto Ifnopap, que inicialmente tinha a
proposta de mapear e registrar as histórias,
lendas e mitos que fazem parte do cotidiano da
população da Amazônia paraense, tornou-se um
meio para o desenvolvimento de atividades
muito diversificadas. Entre seus inúmeros frutos
estão as três coletâneas da série “O Pará conta...”,
nas quais é possível conhecer as narrativas, nos
títulos “Abaetetuba conta...”, “Santarém conta...”
e “Belém conta...”.
Extensão
E o imaginário caboclo também entrou na era
digital... Está funcionando, em fase experimental,
o Portal da Amazônia na Internet, onde os
visitantes podem encontrar um grande número
de informações sobre a região. A equipe do
Ifnopap transformou o próprio Portal em um
laboratório. O programa de inserção de conteúdos está sendo viabilizado por um grupo de
técnicos, professores e bolsistas que têm se
dedicado a criar ferramentas adequadas às necessidades dos materiais a serem disponibilizados. “A finalidade é facilitar a relação do
usuário com o conteúdo, tanto para consulta
quanto para download, ou mesmo com a inserção de material”, complementa a coordenadora
do projeto.
Também os professores da rede pública estão participando do chamado Laboratório de Apoio Pedagógico em Letras (Lapel). A proposta é contribuir com a
qualificação de três mil docentes nas áreas de línguas e
códigos, língua estrangeira moderna, arte e educação, por meio de ações que
vão de palestras a cursos de especialização e aperfeiçoamento. O Lapel é fruto
de uma parceria entre a UFPA e a Secretaria de Educação do Estado do
Pará.
O Ifnopap desenvolve também trabalhos de extensão universitária. O projeto leva a alunos do ensino
fundamental e médio exposições, oficinas, palestras,
conferências e mesas-redondas, enfocando sempre as
manifestações culturais da Amazônia paraense. Essas
atividades são realizadas durante os encontros anuais do
projeto, promovidos nos municípios onde aportam os tripulantes
e passageiros do Catamarã Pará.
Projeto desenvolve atividades
com alunos e professores do
ensino fundamental e médio.
Na foto, oficinas de máscaras
e de desenho e pintura
Próxima parada
O encontro deste ano irá seguir o curso do rio Tocantins, que
atravessa grande parte da Amazônia paraense. O caminho a
percorrer de 25 de julho a 2 de
agosto será Belém-AbaetetubaCametá-Tucuruí. Informações
podem ser obtidas nos telefones
(91) 211-2017 ou 211-1501.
dez|2002
Quanto ao futuro, a coordenadora revela um sonho: transformar o Catamarã Pará em campus
flutuante, levando o ensino, a
pesquisa e a extensão aos cantos mais distantes do Pará. Ela
afirma que, sempre que um
pesquisador vai a campo, em
busca do registro de elementos
do imaginário caboclo, tem-se
uma nova oportunidade para
novos informantes, novas narrativas em novas circunstâncias,
assim como possibilidades de
desenvolver atividades que resgatem a cultura da Amazônia.
“Dessa forma, tem-se como certo que a prática de contar não
vai desaparecer. Haverá sempre
um bom contador, disposto a
fazer seus relatos, e ouvintes
atentos às saborosas histórias”.
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Cultura - Universidade Federal de São Carlos