SOLENIDADE DO SANTÍSSIMO CORPO E SANGUE DE CRISTO
04 de JUNHO de 2015
“Isto é o meu Corpo.
Isto é o meu Sangue”
Leituras: Êxodo 24, 3-8; Salmo 115 (116B), 12-13.15-16bc.17-18 (R/ 13);
Cartas aos Hebreus 9, 11-15; Marcos 14, 12-16.22-26
COR LITÚRGICA: BRANCA OU DOURADA
Animador: Hoje, celebramos a solenidade do Corpo e Sangue do Senhor,
recordamos, como fazemos na quinta-feira santa, a Santa Ceia do Senhor. É a ceia da
despedida. Jesus quis celebrá-la com seus discípulos. No pão partido e no cálice com
vinho, Jesus nos assegurou que Ele nos dava a si mesmo: "Tomai e comei, isto é o
meu corpo"; "Tomai e bebei, isto é o meu sangue". Queremos afirmar nesta celebração,
com todas as forças: hoje é dia de ação de graças e de louvor pelo dom que deu Cristo
na Eucaristia.
1. Situando-nos
A Solenidade do Santíssimo Corpo e Sangue de Cristo é uma celebração que tem
raízes profundas na piedade do povo cristão. Surgiu como resultado da devoção
eucarística, iniciada na França e na Bélgica, e que, do século XII em diante, se
desenvolveu, acentuando particularmente a presença real de Cristo no sacramento e,
portanto, sua adoração. Certamente foram as visões de Juliana de Cornillon, monja
agostiniana de Liège (Bélgica), que tiveram influência decisiva na instituição da festa.
Ela foi instituída pelo Papa Urbano IV, pela bula Transiturus de hoc mundo de 11 de
agosto de 1264, devendo ser celebrada na quinta-feira após a festa da Santíssima
Trindade, a qual acontece no domingo depois de Pentecostes.
O Concilio Vaticano II deu novo significado a esta celebração, a ligando à Páscoa
do Senhor, o mistério eucarístico por excelência.
São Tomás de Aquino diz, sobre este mistério: “O unigênito Filho de Deus,
querendo fazer-nos participantes da sua divindade, assumiu nossa natureza, para
que, feito homens dos homens fizesse deuses. Assim, tudo quanto assumiu da nossa
natureza humana, empregou-o para nossa salvação. Seu corpo, por exemplo, Ele o
ofereceu a Deus Pai como sacrifício no altar da cruz, para nossa reconciliação; sem
sangue, Ele o derramou ao mesmo tempo como preço do nosso sangue e purificação
de todos os nossos pecados (...) É oferecido na Igreja pelos vivos e pelos mortos, para
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que aproveite a todos o que foi instituído para a salvação de todos” (Cf. Das Obras de
Santo Tomás de Aquino, presbítero. Opusculum 57, In festa Corporis Christi, lect. 14. (Sec. XIII). In. Liturgia das Horas, vol. III. Ofício das Leituras, na solenidade do
Santíssimo Sacramento do Corpo e Sangue de Cristo).
2. Recordando a Palavra
O Evangelho de Marcos está situado na parte inicial da narrativa da paixão
(14,1-31). Após o reconhecimento de Jesus como o Ungido/ Messias pelo gesto da
mulher anônima (14,1-11), sua entrega aparece no contexto da Páscoa judaica (Mc
14,12-16) e a última Ceia está ligada à realização plena do banquete messiânico no
Reino de Deus (Mc 14,17-31). Enviado para “servir e dar a vida em resgate por muitos”
(10,45), Jesus trilha o caminho de fidelidade ao Pai até a entrega total na cruz.
Jesus e os discípulos estão em Jerusalém para a festa da Páscoa, memorial da
libertação do Egito que reavivava a esperança da salvação definitiva a realizar-se por
meio do Messias. A festa da Páscoa era celebrada durante oito dias. No primeiro dia,
imolava-se o cordeiro pascal. A Páscoa que os discípulos celebrarão é a da morte de
Jesus, o Messias crucificado. Por isso, os preparativos da ceia pascal sublinham a
iniciativa de Jesus. Os discípulos “encontram uma grande sala arrumada com
almofadas por Jesus” (Cf. Mc 14,15), que prepara a sua Páscoa. Ele se oferece como o
verdadeiro cordeiro pascal, realizando plenamente a esperança profética (Cf. Is 52, 1353,12).
Jesus durante a ceia pascal, dá um sentido novo aos gestos rituais que eram
realizados por ocasião das refeições judaicas solenes. Ao tomar o pão, Jesus
pronunciou a benção, partiu-o e entregou a eles, dizendo: “Tomai, isto é o meu corpo”
(Mc 14,22). Depois tomou o cálice, deu graças, entregou a eles e todos beberam. Jesus
desse-lhes: “Este é o meu sangue da nova aliança, que é derramado por muitos”
(14,23-24). Os discípulos, ao compartilhar do pão e do vinho associados à morte de
Jesus, alimentam-se de seu corpo e sangue oferecidos para a vida nova e definitiva de
todos.
A expressão “sangue da aliança” remete a Êxodo 24,8, à aliança no Sinai selada
com o sangue de animais. O profeta Jeremias anunciou a nova aliança (Cf. Jr 31,3134), que foi selada definitivamente em Cristo “pela oferenda do corpo de Jesus Cristo,
perfeita realizada uma vez por todas” (Cf. Hb 10,10). O “sangue derramado em favor de
muitos” alude, de modo especial a Isaías 53,12 e indica que Jesus é o Servo sofredor
por excelência, que entrega a vida pela salvação da humanidade. A Eucaristia torna-se
o memorial da nova aliança, plenificada na morte redentora de Cristo.
Jesus, por meio da paixão, morte e ressurreição, “beberá o vinho novo no Reino
de Deus” (Mc 14,25). Sua última ceia realizada a esperança messiânica, a festa do
Reino anunciada pelo profeta (Cf. Is 25,6) e manifestada na abundancia do alimento
(6,30-44; 8,1-10). Na ceia de entrega da vida, que Jesus celebra com seus discípulos,
culminam as refeições celebradas com os publicanos e pecadores (2,16), com os
excluídos. Manifestam-se a realidade do banquete escatológico, a esperança na
realização plena do Reino. Antes de ir para o monte das Oliveira, Jesus canta o hino,
isto é, os salmos de louvor (113-118) (Os Salmos 113-118 formam a coleção do Halle
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ou “Aleluia“. Eles eram cantados nas grandes festas de romaria e na ceia pascal (Cf.
Mc 14,26)).
A Leitura do livro do Êxodo descreve a conclusão da aliança no Sinai entre Deus
e o povo. Moisés, depois de fazer a experiência do encontro com o Senhor (19,3;24,12), reúne o povo e comunica “todas as palavras e todos os decretos do Senhor” (24,3a).
Trata-se especialmente dos dez mandamentos (20,1-21) e do código da aliança (20,2223,33). O povo compromete-se a seguir o caminho da aliança, que proporciona a
comunhão com Deus e entre si: “faremos tudo o que o Senhor nos disse!” (24,3b).
Moisés construir um altar e criou um espaço digno para a comunidade celebrar
e oferecer um sacrifício de comunhão (24,4-5). As doze colunas sagradas sublinham o
sentido da aliança para todo o Israel. Após a leitura solene do “livro da aliança”,
aspergiu o altar e o povo com o sangue do sacrifício, o “sangue da aliança”. Assim, os
dois contraentes da aliança: Deus, representado no altar (24,6) e o povo (24,8) que
renova o compromisso de obediência à Palavra (24,7), estão unidos na comunhão de
vida.
O Salmo 115 (116B) é uma oração de louvor e ação de graças ao Senhor, pois
foram quebradas as cadeias da opressão. O salmista ergue o cálice da salvação e
invoca o nome do Senhor, como sinal de compromisso.
A leitura da Carta aos Hebreus acentua que Cristo ressuscitado é o novo sumo
sacerdote, que entrou no santuário através da tenda maior e mais perfeita. Com a
única oferenda de si meso, levou à perfeição para sempre os que Ele santifica (Cf.
10,14), superando os sacrifícios antigos. O sumo sacerdote entrava no santuário, nos
Santos dos Santos, para oferecer o sacrifício anual de expiação (Cf. Lv 16). Cristo
ofereceu a vida por nossa libertação definitiva. Seu caminho, plenificado no mistério
pascal, conduz à comunhão plena com Deus.
“Cristo, em virtude do Espírito eterno se ofereceu a si mesmo a Deus como
vítima sem mancha. Ele purificará a nossa consciência das obras mortas, para
servirmos ao Deus vivo!” (9,14). Como a conclusão da aliança realizava-se mediante a
efusão de sangue (Cf. Ex 24,6-8), a nova aliança revela-se plenamente na morte
redentora de Cristo em favor de toda a humanidade. Assim, Cristo é ressaltado como
“Mediador da nova aliança” (9,15).
3.Atualizando a Palavra
A Eucaristia é o memorial do mistério pascal de Cristo, sua paixão, morte e
ressurreição. Deus sela a aliança eterna e definitiva com a humanidade através da
oferenda única e perfeita de Jesus (Hb 10,10-18), que é atualizada na liturgia por meio
da ação do Espírito Santo. Ao comungarmos do corpo e sangue, em cada celebração,
“estarei proclamando a morte do Senhor até que ele venha” (1 Cor 11,26),
comprometidos a formar o autêntico corpo eclesial.
O texto do Êxodo apresenta elementos litúrgicos essenciais, relacionados com a
celebração eucarística cristã, tai como a comunidade reunida, a Palavra, o altar, o
sacrifício de comunhão, o sangue da aliança. Como discípulos e discípulas,
celebramos a Eucaristia, motivados pela entrega de Jesus: “Fazei isto em memória de
mim” (Cf. Lc 22,19). Rendemos graças ao Pai com Cristo, “pão vivo (...) entregue pela
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vida do mundo” (Jo 6,51). A identificação com Jesus, no caminho do seguimento, leva
a ser pão partilhado através da doação, do amor oblativo.
Santo Tomás de Aquino sublinha que, na Eucaristia, torna-se presente a
memória daquele imenso e inefável amor que Cristo, em sua Paixão, demonstrou para
conosco. Para que a imensidade deste amor ficasse mais profundamente gravada nos
corações dos fiéis, Cristo institui este sacramento durante a última Ceia, quando, ao
celebrar a Páscoa com seus discípulos, estava prestes a passar deste mundo para o
Pai. A Eucaristia é o memorial perene de sua Paixão, o cumprimento perfeito das
figuras da Antiga Aliança e o maior de todos os milagres de Cristo (Cf. Das Obras de
Santo Tomás de Aquino, presbítero. Ofício das Leituras, na solenidade do Santíssimo
Sacramento do Corpo e Sangue de Cristo).
Como os discípulos, que seguiram o apelo do Mestre e encontraram o espaço
adequado para celebrar a ceia pascal e partilhar “aquele pão e aquele vinho que Jesus
lhes ofereceu”, somos chamados a entregar, nas mãos do Senhor, toda a preparação
para o XVII Congresso Eucarístico Nacional, que será realizado em Belém do Pará de
15 a 21 de agosto de 2016. O tema será “Eucaristia e Partilha na Amazônia
Missionária” e o lema “Eles o reconheceram no partir do Pão”.
4. Ligando a Palavra com ação litúrgica
A solenidade de hoje, eco da celebração da Quinta-feira Santa, nos faz
experimentar, de forma mística e concreta o mistério da entrega do Senhor Jesus. Já
na antífona de entrada somos agraciados com os sinais da abundância divina. “O
Senhor alimentou seu povo com a flor o trigo e com o mel do rochedo o saciou”.
De fato, somos saciados fartamente pelas mesas da Palavra e da Eucaristia. No
admirável sacramento, memorial da paixão do Senhor, não somente veneramos o
Corpo e o Sangue de Jesus Cristo (Cf. oração do dia), mas comemos e bebemos com
Ele, n’Ele e por Ele.
Os prefácios da Santíssima Eucaristia (I e II) rezam os grandes temas
eucarísticos das leituras bíblicas: “(...) Ele, verdadeiro e eterno sacerdote, oferecendo-se
a vós pela nossa salvação, institui o Sacrifício da nova Aliança e mandou que o
celebrássemos em sua memória. Sua carne, imolada por nós, é o alimento que nos
fortalece. Seu Sangue por nós derramado, é a bebida que nos purifica...” E ainda o
prefácio II: “(...) Reunidos os apóstolos na última ceia, para que a memória da cruz
salvadora permanecesse para sempre, Ele se ofereceu a vós como cordeiro sem mancha
e foi aceito como sacrifício de perfeito louvor. Pela comunhão neste sublime sacramento,
a todos nutris e santificais. Fazeis de todos um só coração, iluminais os povos com a luz
a mesma fé e congregais os cristãos na mesma caridade. Aproximamo-nos da mesa de
tão grande mistério, para encontrar por vossa graça a garantia da vida eterna”.
A solenidade do Corpo e Sangue de Cristo nos coloca em sintonia profunda com
o mistério da Páscoa o Senhor. Jesus Cristo, o Filho de Deus, se faz corpo, carne,
humano. Ele assume a nossa realidade (menos o pecado), nossa história, nossas
lutas. Ele se faz corpo entregue e sangue derramado. Por isso, participar da
Eucaristia, memorial e anúncio da morte e ressurreição de Jesus, de sua entrega por
amor, deve provocar também em nós, seus discípulos/as, ações de amor solidário.
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Celebrar em memória de Jesus significa fazer o que Ele fez, ser alimento para vida do
mundo.
Oração da Assembléia
Presidente: Depois de sermos alimentados pela Palavra de Deus, dirijamos
nossas preces ao Pai agradecendo a graça de participar da Eucaristia.
1. Senhor, que a Igreja possa sempre celebrar a eucaristia com zelo e amor.
Peçamos:
Todos: (Cantado): Senhor, vinde em nosso auxílio!
2. Senhor, que os governantes façam crescer o respeito à Eucaristia, para que
nosso louvor e nossas súplicas sejam sinceros e cheguem diante de vós. Peçamos:
3. Senhor, agradecemos a Palavra divina que nos alimenta, e que possamos
viver a religião de modo sereno e equilibrado. Peçamos:
4. Senhor, torne-nos autênticos em viver o compromisso da Eucaristia para
tornar nossas comunidades mais cristãs. Peçamos:
(Outras intenções)
Presidente: Obrigado Senhor, pelo alimento que recebemos na eucaristia e que
ela possa modelar a nossa vida de acordo com o projeto divino. Por Cristo, nosso
Senhor.
Todos: Amém.
III. LITURGIA EUCARÍSTICA
Preparação dos dons
Oração sobre as oferendas:
Concedei, ó Deus, à vossa Igreja os dons da unidade e da paz, simbolizados pelo
pão e vinho
que oferecemos na sagrada Eucaristia. Por Cristo, nosso Senhor.
Todos: Amém
Oração depois da comunhão.
Dai-nos, Senhor Jesus, possuir o gozo eterno da vossa divindade, que já
começamos a saborear na terra, pela comunhão do vosso Corpo e do vosso Sangue.
Vós que viveis e reinais para sempre Todos: Amém.
Procissão do Santíssimo Sacramento
Animador: Vamos dar início à Procissão do Santíssimo Sacramento. A
comunidade organiza a procissão e sai pelas ruas e estradas, levando o Santíssimo
Sacramento, para dizer para si mesma e para o mundo que, por Cristo, com Cristo e
em Cristo, é solidária com todo o sofrimento humano e para proclamar que, na vitória
de Jesus sobre a morte, repousa sua esperança.
Canto:
Senhor, quando Te vejo no sacramento da comunhão,
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Sinto o céu se abrir e uma luz a me atingir,
Esfriando minha cabeça e esquentando meu coração.
Senhor, graças e louvores sejam dadas a todo momento.
Quero te louvar na dor, na alegria e no sofrimento,
E se em meio à tribulação, eu me esquecer de Ti,
Ilumina minhas trevas com Tua luz.
Jesus,
Jesus,
Jesus,
Jesus,
fonte de misericórdia que jorra no templo.
o Filho da rainha.
rosto divino do homem.
rosto humano de Deus.
Chego muitas vezes em Tua casa, meu Senhor,
Triste, abatido, precisando de amor,
Mas depois da comunhão Tua casa é meu coração,
Então sinto o céu dentro de mim.
Não comungo porque mereço, isso eu sei, oh meu Senhor.
Comungo pois preciso de Ti.
Quando faltei à missa, eu fugia de mim e de Ti,
Mas agora eu voltei, por favor aceita-me.
Jesus,
Jesus,
Jesus,
Jesus,
fonte de misericórdia que jorra no templo.
o Filho da rainha.
rosto divino do homem.
rosto humano de Deus.
Chegada da Procissão
1. Tão sublime sacramento
Adoremos neste altar,
Pois o Antigo Testamento,
Deu ao Novo seu lugar.
Venha a fé, por suplemento,
Os sentidos completar.
2. Ao Eterno Pai cantemos
E a Jesus, o Salvador.
Ao Espírito exaltemos,
Na Trindade eterno Amor.
Ao Deus uno e trino demos,
A alegria do louvor. Amém
Amém. Amém.
Presidente: Do céu lhes destes o Pão.
Todos: Que contém em si todo sabor.
Presidente: (Oremos)
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Ó Deus, que pelo mistério pascal do Cristo, remistes todos os seres humanos,
conservai em nós a obra do vosso amor, para que comemorando o mistério da nossa
salvação, mereçamos participar dos seus frutos. Por Cristo, nosso Senhor
Todos: Amém.
Presidente: (Faz genuflexão, toma o ostensório e com ele traça, em silêncio, o
sinal da cruz sobre o povo).
Reposição: (Enquanto o Sacramento é reposto, pode-se cantar um canto
apropriado)
Avisos e agradecimentos
Pode-se despedir o povo com o abraço da paz.
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“Isto é o meu Corpo. Isto é o meu Sangue”