O grande rio Grande Carlos Eduardo Paulino Ariane Martins Rodrigues Calegari O segundo grande tributário do rio Paraná nasce no sul de Minas, bem próximo a tríplice fronteira (São Paulo – Minas Gerais – Rio de Janeiro), junto a Serra da Mantiqueira. Cerca de metade de seu percurso localiza-se nas Minas Gerais, com seu vale dividindo várias serras do Planalto Atlântico como as Serras da Galga e das Vertentes a leste, das Serras do Cervo, Batatais e de Franca a oeste, a paisagem é soberba, neste trecho tem sentido sudestenoroeste, até encontrar o Triângulo Mineiro, quando muda, passa a dirigir-se de leste para oeste. No novo trecho separa as Serras da Canastra e do Veríssimo ao norte, da Serra de Jaboticabal ao sul, definindo assim o sul do Triângulo Mineiro e a fronteira São Paulo – Minas Gerais. Como se vê é mais um rio de planalto, logo, intensamente aproveitado na geração de energia, tanto que apontamos, ao menos, cinco grandes hidrelétricas que abastecem o forte centro econômico que é o Sudeste do Brasil. Furnas, Peixoto, Porto Colômbia, Marimbondo e Água Vermelha, mudaram o curso do rio Grande, bem como de todo o seu vale, mas o rio não tem só essa riqueza. No estreito canal por onde passa o rio Grande, ao separar a Serra de Franca da Serra da Canastra, encontramos uma das 19 regiões diamantíferas brasileiras, sede de garimpo não só da preciosa gema, mas também do ouro de aluvião e, sobretudo de lavras. Na volta grande que separa Frutal, importante cidade mineira produtora de frutas, como destaque para o abacaxi, de Barretos, cidade paulista de grande destaque na pecuária, encontramos uma das 12 áreas brasileiras de produção de gema corada, destacando-se a turmalina, a água-marinha, a ametista e a ágata. No entanto, o vale do rio requer muito cuidado, localiza-se numa região de latossolos, classe de solo bastante arenoso e aerado, portanto classificada como área com risco de erosão de forte a muito forte. Recentemente como suas margens vêm sendo povoadas por ranchos e ‘prainhas’ a vegetação original tem sofrido muito, o que antes era uma exuberante Mata Tropical do Interior, hoje se reduz a alguns trechos, Mata Ciliares, e mesmo o Cerrado, outra das formações vem sendo agredido pela agropecuária não planejada. Essa ocupação desordenada tem aumentado o assoreamento do rio, reduzindo a via útil das UHE e, infelizmente, encontramos em dois de seus afluentes, o rio Pardo do lado paulista e o rio Verde do lado mineiro, uma das 18 áreas mais ameaçadas do país, conhecidas pela denominação Poluição do Ar e da Água pela Atividade Industrial. O que, na verdade, é falta de inteligência, pois falamos tanto em criar qualidade de vida, sobretudo, para nossos filhos, mas estamos agredindo tanto o curso do Grande, que a energia e água, fundamentais, para esse sonhado futuro, estão em risco. Mas os problemas não param por aí, o Brasil possui 50 áreas de Contaminação do Solo e da Água por Atividade de Garimpo e Mineração, uma delas está no vale do rio Grande, justamente na área acima descrita como de importância na produção de gemas. De nada adianta ter tanta riqueza e não saber aproveitar. Curioso são os programas de televisão que tanto falaram da Rio+20, mas, por exemplo, não combatem a poluição dos caminhões. Por quê? E sequer descrevem nossos reais problemas ambientais, como faz essa série de artigos. Por quê? Para o próximo artigo teremos o rio Tietê. O grande rio paulista. Até lá.