APÊNDICE 5
COMBATE DE MONTE CASTELO
21 Fev 1945
(Figura 1)
1. AMBIENTAÇÃO
Perdurava, em Fev 1945, enorme saliente inimigo apoiado nos Montes
Apeninos, coincidente com a área de responsabilidade do IV C Ex (EUA) que
a 1ª Divisão de Infantaria Expedicionária (1ª DIE) integrava. Ocupava aquelas
alturas dos Apeninos, entre o rio Panaro e a Rodovia 64, o XIV Exército Alemão.
Isto impedia o uso da Rodovia 64 - trecho PORRETA TERME-BOLONHA, pelo
V Exército (EUA) para abastecer cinco de suas dez divisões.
2. SITUAÇÃO GERAL
O V Ex (EUA) atribuiu ao seu IV Corpo, ao qual integravam a 10ª Divisão de
Montanha (EUA) e a 1ª DIE (BRASIL), a missão:
Atacar alturas dos Montes Apeninos, divisoras das águas dos rios RENO e
PANARO, para eliminar ou reduzir o saliente alemão nelas apoiado.
3. SITUAÇÃO PARTICULAR
A 1ª DIE (BRASIL), segundo a primeira fase do Plano Encore teria a seguinte
missão:
Conquistar MONTE CASTELLO em íntima ligação com a 10ª Divisão de
Montanha (EUA) que atacaria paralelamente, à sua esquerda, na direção
BELVEDERE-MONTE DE LA TORRACIA.
Apd5-1
A Manobra da 1ª DIE foi assim planejada:
- Ataque principal sobre Monte Castelo, a cargo do Regimento
Sampaio (1ª RI), reforçado por dois pelotões de CC (EUA), 1ª Cia do 9º BE (para
remoção de minas e acompanhamento) e fogos de apoio direto dos 1º e 2º
Grupos de Artilharia 105 mm, reforçados pelas companhias de obuses 105, do
11º RI e Regimento Sampaio;
- Ataque secundário limitado a cargo do 2º Batalhão, do 11º RI (S.
João Del Rey), para cobrir o flanco direito do ataque principal;
- Defensiva no restante da frente, a cargo do 6º RI (Caçapava);
- Reserva da 1ª DIE:
- 11º RI (menos o 2º Batalhão); e
- Esquadrão de Reconhecimento Mecanizado.
- O 9º BE, menos a 1ª Cia, foi encarregado de reparar e conservar as
rodovias de interesse da operação;
- Os 4º Grupo e 3º Grupo (menos uma Bia), realizariam ações de
conjunto;
- As Comunicações deveriam estabelecer três eixos de comunicações com a tropa atacante.
Para melhor assegurar o comando da operação, o Cmt da 1ª DIE (Gen
MASCARENHAS), instalou-se em seu PC Avançado e destacou, para dar
assistência ao comandante do ataque principal, o Gen ZENÓBIO DA COSTA
(Cmt da ID) e seu E-3, o tenente-coronel Castelo Branco.
4. COMBATE DE MONTE CASTELLO
Às 05:30 h de 21 Fev, teve início o ataque a MONTE CASTELO, pela 1ª DIE,
após conquistados nos dois dias anteriores, pela 10ª Div Montanha (EUA), as
alturas de BELVEDERE GORGOLESCO e MAZZANGANA. A última, com
auxílio de aviões da Força Aérea Brasileira.
Aquelas alturas flanqueavam a via de acesso a MONTE CASTELO, a cargo
da 1ª DIE.
A 10ª Div Montanha (EUA) foi detida face à reação apresentada pelos
alemães em MONTE DELLA TORRACIA.
Apesar disso, a 1ª DIE prosseguiu para seu objetivo com perfeita coordenação entre os ataques principal e secundário e modelar apoio de fogo proporcionada pela A D. Fogo preciso e concentrado que transformou MONTE
CASTELO num vulcão e mereceu de um adversário a seguinte expressão: “As
concentrações de Artilharia aqui em MONTE CASTELO eram de arrebentar os
nervos de qualquer um”.
Apd5-2
Após 12 horas de combate, o Regimento Sampaio conquistou MONTE
CASTELO após ser fixado pelo 3º Batalhão (FRANKLIN) e desbordado pelo 1º
Batalhão (UZEDA).
O ataque secundário, apoiado pelos fogos do 3º Grupo de Artilharia,
avançou na direção de ABETAIA e assegurou cobertura ao ataque principal, em
virtude da ameaça representada pela cota 884.
A conquista de MONTE DELLA TORRACIA foi acelerada pela conquista de
MONTE CASTELO, que passou a ameaçar, de flanco, aquele objetivo da 10ª
Div de Montanha (EUA).
5. TÓPICOS PARA DISCUSSÃO
Discutir o Combate de Monte Castelo, à luz da manobra e seus elementos,
e dos princípio de guerra.
- Figura nº 1 6. UMA SOLUÇÃO
a. Manobra e seu elementos
1) Objetivo: Conquistar MONTE CASTELO.
Apd5-3
2) Forma: Ofensiva - Defensiva.
- Parte Ofensiva - Central;
- Penetração.
- Parte Defensiva - Defesa em Posição.
3) Direções: Paralelas, dos ataques principal e secundário.
4) Repartição de Meios:
- Ação Principal (Ataque principal sobre o MONTE CASTELO):
- Regimento Sampaio (1º RI);
- 2 Pel CC (EUA);
- 1ª Cia Eng/9ª BE, em reforço;
- 1º e 2º Grupos de Artilharia 105, em apoio direto, reforçados por
duas Cia de obuses 105, dos 1º RI e 11º RI.
- Ações Secundárias: - Ataque Secundário a cargo do 2º Btl do 11º RI,
com apoio de fogos de uma Bia do 3º Grupo;
- Defesa do restante da frente, a cargo do 6º RI.
- Reserva: - 11º RI (S. João Del Rey), menos o 2º Btl;
- Esquadrão de Cavalaria.
5) Amplitude: Tática.
6) Comando: Centralizado.
7) Desencadeamento: Ações simultâneas
b. Princípios de Guerra
1) Objetivo: Conquista de MONTE CASTELO, ponto chave da ruptura
das defesas alemãs nos Apeninos, entre os vales do RENO e MARANO.
2) Surpresa: Não caracterizada.
3) Massa: Regimento Sampaio reforçado por 2 Pelotões de CC (EUA),
1ª Cia/9º BE e apoio direto de fogos dos 1º e 2º Grupos de Artilharia 105,
reforçados por duas Cia 105 do Regimento Sampaio e 11º RI.
4) Economia de Meios: 2º Batalhão, do 11º RI, no ataque secundário; 6º
RI na defensiva, no restante da frente; e 2 Grupos de Artilharia, menos uma Bia,
em apoio ao conjunto.
5) Ofensiva: Deslocamento do Regimento Sampaio para MONTE CASTELO, mantendo a iniciativa das ações e ali impondo sua vontade ao inimigo,
Apd5-4
auxiliado pelo eficiente apoio dos carros de combate, da engenharia de
acompanhamento e dos grupos em apoio direto. Prosseguimento para o
objetivo, após ser a unidade vizinha detida.
6) Manobra: Deslocamento do Regimento Sampaio, com rapidez e
segurança, para colocar-se em posição vantajosa relativamente ao objetivo,
conquistado através de um desbordamento realizado no âmbito do próprio
regimento (1 BI fixando e o outro desbordando).
7) Segurança: Pelas informações colhidas sobre o terreno e inimigo,
através de patrulhas e outros meios. Pelo dispositivo: Ação principal coberta à
esquerda pelo ataque da 10ª Div Montanha dos EUA e à direita pelo ataque
secundário, reserva forte e defensiva no restante da frente.
8) Simplicidade: Manobra simples - Um ataque principal, um secundário
e defensiva no restante da frente. Ordens claras e precisas entendidas por todos
os executantes.
9) Unidade de Comando: Perfeita coordenação e ligação entre 1ª DIE e
a GU vizinha (10ª Div Montanha dos EUA). Coordenação e comando propiciados pelos três eixos de comunicações estabelecidos, e mais, a presença de
representantes categorizados do comandante da 1ª DIE, o general Zenóbio da
Costa e o E/3 da 1ª DIE, tenente-coronel Castelo Branco, junto ao PC do
Regimento Sampaio, e em estreita ligação com o comandante da 1ª DIE, em
seu PC Avançado.
Nenhum Cmt subordinado tomou iniciativa comprometedora da unidade
de comando.
Apd5-5
Download

APÊNDICE 5 COMBATE DE MONTE CASTELO