AVALIAÇÃO DE EFICIÊNCIA EM INSTALAÇÕES DE BOMBEAMENTO
ATRAVÉS DE UM LABORATÓRIO MÓVEL DE ENSAIOS
Augusto Nelson Carvalho Viana1; Edson da Costa Borton 2; Carlos Belmiro Campinho3
RESUMO – O Laboratório de Etiquetagem de Bombas-LEB está em operação normal desde 2004
na Universidade Federal de Itajubá-UNIFEI como sendo referência nos ensaios de eficiência desse
tipo de equipamento, para a tender o Programa Brasileiro de Etiquetagem-PBE junto aos fabricantes
de bombas, coordenado pelo INMETRO, com apoio do PROCEL-ELETROBRÁS. Com recursos
do PROCEL, o LEB foi implantado com limitação de potência em 50kW, operando vazões até
0,100m3/s. As boas condições do laboratório apresentam pequenas incertezas nas medidas dos
parâmetros como pressão, vazão, temperatura, potência e outras variáveis que compõem um ensaio
de rendimento de uma bomba. Para complementar o LEB propõe-se nesse trabalho um Laboratório
Móvel equipado com instrumentação adequada para avaliar conjuntos moto-bombas instalados nas
empresas de saneamento, na indústria e no meio rural.
ABSTRACT – PROCEL/ELETROBRÁS financed the Pump Labeling Laboratory (LEB) installed
at the Itajubá´s Federal University´s Natural Resources Institute to be a reference in the
performance of tests on this type of equipment and to attend the Brazilian Program of Labeling
together with the manufacturers of the pumps. The LEB, in its first stages, is limited to tests in 50
kW of energy and 0,1000 m³/s of flow. The good conditions of the laboratory present small
uncertainties in the measurements of parameters such as pressure, flow, temperature, energy and
other variables that compose the performance test of a pump. To complement the LEB and attend
higher energies in already existing installations, in this work we propose a Mobile Laboratory,
equipped with adequate instrumentation for testing motor pump sets installed in the industry, in
sanitation and in rural areas with the purpose focused on the conservation of energy.
Palavras-chave: Instalações de bombeamento, conservação de energia, ensaios de bombas.
1)
2)
3)
Professor Adjunto da UNIFEI, Instituto de Recursos Naturais, Av. BPS, Pinheirinho, 37500-903, Itajubá-MG, E-mail
[email protected]
Professor Adjunto da UNIFEI, Instituto de Engenharia Elétrica, Av. BPS, Pinheirinho, 37500-903, Itajubá-MG, E-mail
[email protected]
Aluno de Mestrado do Curso de Pós-graduação de Engenharia Elétrica, Av. BPS, Pinheirinho, 37500-903, Itajubá, MG,
[email protected]
1 – INTRODUÇÃO
As bombas de fluxo que são as centrífugas, mistas e axiais representam no universo das
bombas, 90% das aplicações na indústria, no meio rural e no saneamento. Entretanto, dentro das
bombas de fluxo, as bombas centrífugas e mistas com potências abaixo de 50kW representam 80%
das aplicações. Além disso, o acionamento da grande maioria dessas bombas são realizados por
motores elétricos.
Baseados nesses dados, através de recursos do PROCEL/ELETROBRÁS construiu-se na
Universidade Federal de Itajubá-UNIFEI um Laboratório de Ensaios de Bombas Centrífugas com o
intuito de etiquetagem para propiciar testes com potência até 50 kW e vazões até 0,100m3/s, em
atendimento ao Programa Brasileiro de Etiquetagem-PBE.
Tendo um laboratório de referência, foi constituído o grupo de trabalho denominado GTBOM. O grupo é coordenado pelo INMETRO, agrupa representantes do PROCEL, do CEPEL, da
UNIFEI e atualmente envolve oito fabricantes de bombas centrífugas. Esses fabricantes
modernizaram seus laboratórios e alguns construíram novos laboratórios com equipamentos
modernos e sistemas de aquisição de dados. Atualmente seus produtos encontram-se em início de
etiquetagem.
Muitas das aplicações envolvem conjuntos moto-bombas com potências muito superiores à
capacidade do laboratório. Por outro lado, a logística envolvida para o transporte e instalação de
bombas de grande porte para um laboratório com capacidade de atendimento, também é uma
restrição que em muitos casos inviabilizaria a avaliação energética de tais conjuntos. Uma solução
alternativa seria a construção de modelos reduzidos, cuja principal restrição se dá de ordem
econômica, inviabilizando a análise.
Não obstante o grande parque instalado de moto-bombas é com grande freqüência que se
encontram sistemas mal dimensionados, mal instalados, mal operados e com uma manutenção
ineficiente acarretando em baixos rendimentos, perda de vida útil, aumento de custos de operação e
manutenção e, principalmente, provocando um consumo de energia muito além do que se
observaria em condições adequadas.
O objetivo deste trabalho é apresentar procedimentos de ensaios em conjuntos moto-bombas
através de um laboratório móvel dotado de instrumentação portátil para medidas hidráulicas e
elétricas, com incertezas nas medidas menores possíveis, mas compatíveis com esse tipo de ensaio.
Os ensaios avaliarão as condições operativas e rendimentos de sistemas de bombeamento baseados
em conjuntos moto-bombas, visando identificar potenciais de conservação de energia em indústrias,
companhias de saneamento básico, meio rural e prédios que se utilizam tais equipamentos.
“I Simpósio de Recursos Hídricos do Sul-Sudeste”
1
2 - DESENVOLVIMENTO DAS GRANDEZAS MEDIDAS E CALCULADAS
Para o desenvolvimento das equações, baseado nas grandezas lidas e calculadas foram
utilizadas a norma brasileira NBR-6400 (1989) e a ISO-9906 (1999).
As grandezas lidas são a vazão de bombeamento, as pressões de entrada e saída da bomba, as
cotas geométricas de entrada e saída da bomba, a temperatura do líquido e a potência elétrica do
motor. As grandezas calculadas são compostas da altura total de elevação da bomba, da potência
hidráulica e de eixo da bomba e dos rendimentos do conjunto moto-bomba e da bomba. O
rendimento da bomba pode ser avaliado em função do rendimento do motor.
2.1 - Instalação de bombeamento
A figura 1 apresenta o croqui de uma instalação de bombeamento, onde a bomba é acionada
diretamente por um motor elétrico, cuja potência elétrica é Pel e a potência de eixo é Pe. A entrada
(1) da bomba e sua saída (2) são apresentadas, bem como as cotas z2 e z3, que são em relação a uma
referência fixa, nestas posições. Na entrada da bomba poderá ser instalado um manovacuômetro e
na saída um manômetro, Viana (2001). Esses medidores de pressão poderão ser digitais ou
analógicos.
Será utilizada a figura 1 como base para as medidas e determinação dos parâmetros.
Figura 1 – Instalação de bombeamento acionada diretamente por um motor elétrico, Viana (2001)
2.2 - Grandezas Medidas e Calculadas
2.2.1 – Vazão
“I Simpósio de Recursos Hídricos do Sul-Sudeste”
2
Existem vários métodos de medidas de vazão. O laboratório móvel deverá estar munido de
várias alternativas em função do tipo e do arranjo da instalação de bombeamento, do tamanho do
diâmetro, do tipo de líquido, etc.. A praticidade de cada medidor de vazão deve ser levada em
consideração em função do local da instalação. Desta forma, selecionou-se dois métodos utilizados
na medida de vazão em tubulações.
O primeiro método, bastante conhecido, trata-se da medida baseada no tubo de Pitot. Os
métodos mais tradicionais de medidas de velocidades através do tubo de Pitot são os de tomada de
pressão simples e os duplos, Delmée (1983). Os duplos são denominados de Prandtl e o do tipo
Pitot-Cole, com a tomada de pressão diferencial ocorrida na própria haste do medidor. A medição
da velocidade de escoamento do líquido com o Pitot simples, a pressão total tem sua tomada na
haste do medidor e a pressão estática na tubulação.
Uma medida muito utilizada no saneamento é a determinação da vazão através do Pitot-Cole,
devido a sua praticidade em termos de furação da tubulação para a fixação do mesmo, com uma
máquina de furadeira/roqueadeira e instaladeira de tap. Neste caso, o laboratório móvel deverá estar
munido dessa máquina.
Para este trabalho será considerado, no caso do primeiro método, a medida de vazão pelo tubo
de Pitot-Cole. A figura 2 ilustra um tubo de Pitot-Cole, apresentando suas tomadas de pressões
estática e total, sendo sua diferença medida em um manômetro diferencial ou transdutor diferencial
e representa a pressão dinâmica.
A vantagem do Pitot-Cole em relação ao Prandtl é sua ponta ser mais estreita quando o
mesmo está na posição fechada, o que permite para sua instalação uma furação na tubulação com
diâmetro do furo menor. Além disso, a furação é realizada com a instalação de bombeamento em
marcha através de uma máquina que fura, rosqueia e instala um tap para fixação do Pitot-Cole. A
figura 3 ilustra a furação de uma tubulação de 1,7m de diâmetro, com uma espessura de ½”.
ptotal p
est.
ptotal
pest.
Ver Detalhe
2
ptotal
Ver Detalhe
1
Fluxo
DETALHE 2
ptotal
pest.
pest.
DETALHE 1
Figura 2 – Tubo de Pitot-Cole com as tomadas de pressão e nos detalhes as pontas de tomadas de
pressões total e estática
“I Simpósio de Recursos Hídricos do Sul-Sudeste”
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Figura 3 – Instalação da máquina furadeira, rosqueadeira e instaladeira de tap para fixação do PitotCole
A pressão dinâmica é determinada pela diferença de pressão total e estática e
conseqüentemente é determinada a velocidade de escoamento na posição medida. A determinação
do perfil de velocidades é obtido com posições padrões.
Baseado em Troskolanski (1965) sugere-se a medida do perfil de velocidades no diâmetro do
tubo e sua padronização está mostrada na tabela 1.
Para o cálculo da velocidade v[m/s] em cada posição, utiliza-se a equação 1, onde g[m/s2] é a
aceleração da gravidade, ∆h[m] é a diferença de pressão total e estática e kp é um coeficiente
adimensional do tubo de Pitot-Cole, obtido em sua calibração e o mesmo está entre 0,83 e 0,88.
v = k p . 2.g.∆h
(1)
A diferença de pressão pode ser medida através de um manômetro de colunas de água na
forma invertido ou através de um transdutor diferencial. Neste caso, com os valores lidos e/ou
aquisitados, determina-se o valor de cada velocidade de escoamento e conseqüentemente o perfil de
velocidades. Através da integração gráfica do perfil, determina-se a velocidade média e
conseqüentemente a vazão.
Entretanto, existem dataloggers preparados para aquisitar as diferenças de pressão e o
mercado possui medidores eletrônicos que medem os parâmetros hidráulicos e que foram projetados
e montados para as medições e registros simultâneos da pressão e da vazão dos sistemas que
envolvem as instalações de bombeamento, Lamon (2005).
“I Simpósio de Recursos Hídricos do Sul-Sudeste”
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Tabela 1 – Posições padrões no diâmetro da tubulação de acordo com Troskolanski (1965)
0
1
2
3
4
5
-1
-2
-3
-4
-5
R=
[m]
Posições ( r )
0.R
0,316.R
0,548.R
0,706.R
0,836.R
0,948.R
-0,316.R
-0,548.R
-0,706.R
-0,836.R
-0,948.R
R
-5 -4 -3 -2 -1 0 1 2 3 4 5
r
r
A Figura 4a ilustra o perfil de velocidades em função do diâmetro da tubulação, enquanto a
Figura 4b mostra o valor de r versus v.r.
Figura 4 – Perfil de velocidades no diâmetro da tubulação (4a) e valores de r.v para cada raio (4b)
“I Simpósio de Recursos Hídricos do Sul-Sudeste”
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Como o perfil de velocidades normalmente não deverá ser simétrico, a vazão de escoamento
da água é determinada pela equação 2 para cada raio r.
R
Q R = ∫ v.dA = π.∫ v.r.dr
A
(2)
0
∫
A área sob a curva da figura 4b representa a integral
R
0
v.rdr para cada raio. Para a
determinação dessa integral pode ser utilizado algum software gráfico.
O segundo método sugerido para esse trabalho é a medição de vazão através do ultra-som. É
uma medição de vazão eficaz, de simples instalação e de rápida resposta. Além disso, é adequada
para a maioria dos casos e com uma incerteza razoável, apesar de não constar nas normas de ensaios
de bombas de um modo geral. A sua utilização está prevista, desde que as partes interessadas, em
comum acordo, a aceitem (CEI 41, 2001).
Este medidor é portátil, o qual pode ser conectado nas tubulações com diâmetros externos de
25 [mm] a 5.000 [mm], e com a espessura da parede do tubo de até 40 [mm].
O principio funcionamento dos medidores de vazão ultra-sônicos é o da propagação das ondas
sonoras nos meios, no caso fluido em escoamento, com freqüências compreendidas entre 150 (kHz)
e 5 (MHz), Bortoni (2002).
Diferentes princípios físicos podem ser utilizados para medição de velocidades de
escoamentos, os quais permitirão determinar a velocidade média e pelo principio de conservação da
massa, a vazão. Dentre estes princípios destacam-se o Doppler e o de Tempo de Transito.
Os medidores de vazão ultra-sônicos Doppler se baseiam no princípio do mesmo nome, de
reflexão de ondas acústicas que incidem nas partículas em suspensão no escoamento do fluido,
como mostra a figura 5a. O medidor de vazão do tipo Doppler funciona bem com partículas em
suspensão no líquido, mas deve conter um número limitado, pois caso tenha um número acima do
recomendado, a faixa de ruídos aumenta ocasionando menor precisão na medida da freqüência da
onda refletida e conseqüentemente na vazão.
T/R
T
A
o
o
vS
V
D
D
VS
V
LS
vS
e
R
VS
B
e
L
T/R
Figura 5 – Medidor de vazão Doppler (a), Medidor de vazão tempo de trânsito (b)
“I Simpósio de Recursos Hídricos do Sul-Sudeste”
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Um medidor mais adequado para medida de líquidos limpos e homogêneos, ou sejam, líquidos
sem grandes concentrações de partículas suspensas ou bolhas de ar ou gases é o ultra-som de tempo
de trânsito. É um instrumento com base a um microprocessador para medir o fluxo. Ele se baseia na
medição dos tempos que ondas acústicas emitidas simultaneamente no sentido do escoamento e
contra a mesmo. Estes medidores podem ter o sistema emissor/receptor colocado externamente ao
tubo ou internamente denominados, respectivamente, medidores de vazão ultra-sônicos não
intrusivos e medidores de vazão ultra-sônicos intrusivos. A figura 5b apresenta um medidor de
vazão tempo de trânsito com sensores não intrusivos.
Esses medidores são configurados utilizando-se teclado compacto integrado e vídeo, a fim de
digitar variáveis como diâmetro do tubo, material do tubo, espessura da parede e tipo do fluido. O
medidor exibe a taxa de fluxo e o volume totalizado é apresentado em vários sistemas de unidades.
Além disso, pode ser configurado no modo remoto e monitorado por meio de uma interface RS232,
usando-se o utilitário de interface Polylink. Eles ainda, como alternativa, podem ser configurados e
os sinais analisados em ambiente Microsoft Windows.
A tabela 2 apresenta uma comparação entre os medidores de vazão do tipo Pitot-Cole e o do
tipo ultra-som.
Tabela 2 – Comparação entre os medidores
TIPO
VANTAGENS
DESVANTAGENS
Dificuldade de montagem (furação da
Custo baixo de aquisição; custo baixo tubulação – há necessidade da aquisição
de manutenção; pode ser utilizado da máquina furadeira/roqueadeira; a
Pitot-Cole
próximo
de
curvas,
válvulas
e vazão é determinada através de leituras
acessórios de tubulação, pois o perfil da
de velocidades pode ser corrigido.
diferença
de
pressão,
para
a
determinação do perfil de velocidade e
cálculos adicionais são necessários.
Facilidade de montagem; a vazão Custo Alto de aquisição; custo alto de
pode ser lida no display após as manutenção; não pode ser utilizado em
Ultra-som
informações necessárias solicitadas qualquer posição da tubulação, pois há
pelo menu do instrumento e também interferência de curvas, válvulas e
pode ser aquisitada.
acessórios de tubulações próximos.
2.2.2 - Altura total de elevação
“I Simpósio de Recursos Hídricos do Sul-Sudeste”
7
Para a instalação da Figura 1, a equação da altura total de elevação H[m] é dada pela equação
3:
H=
p3 p 2 v 32 − v 22
−
+
+ ( z 2 − z1 )
2g
ρ.g ρ.g
(3)
As pressões na saída da bomba (3) e na entrada da bomba (2) poderão ser medidas com
manômetros tradicionais como os do tipo Bourdon ou com transdutores de pressão. A vantagem dos
transdutores sobre os manômetros de Bourdon é poder armazenar as medidas de pressão através de
um sistema de aquisição de dados via computador.
Conhecendo-se os diâmetros internos das tubulações na entrada D2[m] e saída D3[m] da
bomba, pela equação da continuidade, pode-se determinar as velocidades v1[m/s] e v2[m/s]
apresentadas na equação 4.
v2 =
4.Q
4.Q
e v3 =
2
πD2
πD 32
(4)
As cotas geométricas z2[m] e z3[m] são fixas e facilmente medidas.
2.2.3 - Potência hidráulica
A potência hidráulica Ph[kW] é determinada pela equação 5.
Ph = ρ.g.Q.H.10 −3
(5)
A massa específica do líquido ρ[kg/m3] em função da temperatura t do líquido em graus
Celsius poderá ser determinada pela expressão 6 e a aceleração da gravidade g[m/s2] pela equação 7
em função da altitude local em A[m] e da latitude φ em graus (CEI 41, 2001).
ρ = 1000,14 + 0,0094.t − 0,0053.t 2
(6)
g = 9,7803.(1 + 0,0053.sen 2φ) − 3.10 6.A
(7)
A temperatura do líquido será medida com um medidor pirômetro ótico digital.
“I Simpósio de Recursos Hídricos do Sul-Sudeste”
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2.2.4 – Potência elétrica
Para determinação da potência elétrica Pel[kW] consumida pode-se utilizar um wattímetro
digital trifásico ou um medidor de grandezas elétricas. Este wattímetro poderá ser conectado no
secundário de TC’s e TP’s de medição quando houver, ou diretamente aos cabos de alimentação do
motor no caso de inexistência de TC’s e TP’s.
2.2.5
Rendimentos
O rendimento do conjunto moto-Bomba está apresentado na equação 8, onde a potência
hidráulica foi determinada pela equação, enquanto a potência elétrica foi medida.
ηc =
Ph
Pel
(8)
A potência de eixo da bomba Pe[kW] pode ser determinada em função do rendimento do
motor elétrico, como mostra a equação 9. O rendimento elétrico (ηel) por sua vez deve ser utilizado
de preferência, aquele dado pelo fabricante, ou em último caso estimado. O rendimento elétrico
para motores de indução trifásicos depende da sua potência. Por exemplo, na faixa de 1 [kW] a 50
[kW], no seu ponto nominal há uma variação de 80 [%] a 90 [%]. Dessa forma pode-se utilizar um
valor médio de 85 [%]. Para potências maiores os rendimentos podem atingir 95%.
A equação 10 determina ou avalia o rendimento total da bomba.
Pe = Pel .ηel
ηt =
Ph
Pe
(9)
(10)
3 – SISTEMA DE AQUISIÇÃO DE DADOS
O laboratório de Etiquetagem de Bombas da UNIFEI utiliza o software de aquisição
DASYlab, mas outros que estão no mercado poderão ser utilizados. Qualquer um deles poderá estar
associado de uma forma amigável utilizando o Visual Basic.
O principal objetivo do Laboratório Móvel é possibilitar ensaios de equipamentos em locais
de acesso restrito. O módulo de aquisição de sinais da National Instruments escolhido para o
“I Simpósio de Recursos Hídricos do Sul-Sudeste”
9
Laboratório Móvel, caracteriza-se pelo seu alto desempenho e precisão no condicionamento dos
sinais, que reflete na fidelidade dos dados aquisitados.
Além disso, o controle e supervisão podem ser desenvolvidos no LabView, software
adquirido, uma poderosa ferramenta de aquisição, tratamento, controle e supervisão de sinais e
processos. Além disso, o LabView pode se comunicar com outras interfaces, tais como a
comunicação serial, USB, GPib e outros, e com isso, abrange uma gama muito grande de
instrumentos e equipamentos que podem ser controlados pelo sistema a ser criado, tais como
wattímetros, osciloscópios, multímetros e outros.
O módulo de aquisição SCXI adquirido tem as seguintes vantagens:
•
Grande quantidade de canais de aquisição;
•
Alta Precisão;
•
Versatilidade;
•
Aquisição em corrente (4 a 20mA) e em tensão (0 a 10V, 0 a 300V, termopares).
O LabView possui as vantagens de:
•
Caracterizar-se por ser um sistema de controle e supervisão baseado em programação visual;
•
Basicamente, ter duas telas de programação: uma para a criação da tela de supervisão e outra
para a programação em si;
•
Na tela de supervisão, o desenvolvedor poder utilizar de recursos já prontos no Labview ou criar
seus próprios indicadores e campos de entrada e saída de informações;
•
A outra tela é restrita a programação e cada objeto criado na tela de supervisão é ligado a um
outro na tela de programação;
•
Além disso, o desenvolvedor dispõe de outras ferramentas para a programação, tais como
“loops”, rotinas de tempo, rotinas de seleção, matrizes, vetores, tabelas e outros, alem de
assistentes de aquisição e tratamento de sinais, tais como algoritmos de estatística, funções,
gráficos e outros.
O sistema de aquisição de dados deve ser preparado no Laboratório de Etiquetagem de
Bombas, simulando cada tipo de instalação, para que no local ocorram apenas ajustes mínimos e
como conseqüência não haja falhas.
As informações adquiridas antecipadamente sobre as instalações a serem avaliadas,
principalmente através da documentação dos equipamentos é de suma importância para preparação
do sistema de aquisição.
“I Simpósio de Recursos Hídricos do Sul-Sudeste”
10
Quando isso não é possível, haverá mais trabalho no local para a coleta de dados como o tipo
de arranjo, o tipo de bomba e do motor. Entretanto Laboratório Móvel deverá ter equipamentos e
instrumentação para selecioná-los em função da situação encontrada.
A figura 6 apresenta a preparação da tela principal do LabView e do sistema de aquisição de
dados para uma instalação de água tratada da CAGECE, onde existem três bombas em paralelo,
sendo que duas operam associadas e a terceira é reserva. As bombas são submersíveis, do tipo
centrífugas.
A figura 7 mostra as três bombas em paralelo da Estação Elevatória Aldeota em Fortaleza-CE,
pertencente a CAGECE e a preparação da medida de vazão através de um ultra-som tempo de
trânsito.
Figura 6 – Tela principal do software LabView sendo preparado para a aquisição de dados
“I Simpósio de Recursos Hídricos do Sul-Sudeste”
11
Figura 7 – Vista das três saídas das bombas e instalação de um ultra-som tempo de trânsito para a
medida de vazão em uma dos três tubulações.
4 - A UNIDADE MÓVEL
4.1 - Características e adaptação
O veículo para o transporte dos equipamentos e da instrumentação é um furgão que está em
fase de adaptação, e terá um pequeno gerador, armários adaptados para alojar ferramentas, materiais
de consumo, equipamentos de medidas e mesa para computador.
O veículo tem as seguintes características: motor 4 cilindros, potência mínima de 90cv, a
Diesel; compartimento de carga fechado, com capacidade volumétrica mínima de 9m3; uma porta
lateral tipo corrediça e duas portas traseiras com vidro; capacidade de carga mínima de 1.400kg; ar
condicionado para atendimento à cabina e direção hidráulica.
A adaptação que está sendo realizada terá: banco para três passageiros, atrás da cabine do
motorista, com todos os requisitos de segurança exigidos à legalização do veículo junto ao
DETRAN; caixa de distribuição do ar condicionado, incluindo tubos, válvulas e acessórios;
divisória atrás do banco instalado; revestimento térmico lavável em MDF; piso de compensado
naval de 15mm, revestido com lamina de PVC de 2mm; bancada com tampo de madeira revestida
com material resistente, área de 1,2 x 0,6m e 0,7m de altura; luminária com duas lâmpadas
fluorescentes tubulares de 15W e dimensões reduzidas; remoção da divisória original atrás da
cabine.
O laboratório Móvel estará equipado com instrumentação para medidas hidráulicas, como
manômetros manuais, transdutores de pressão, tubos de Pitot e ultra-som para medidas de vazão;
medidas elétricas, como Wattímetro, amperímetro e voltímetro; sensor de temperatura e sensor de
rotação; módulos de aquisição de dados para notebooks e sistemas portátéis de condicionamento de
sinais.
“I Simpósio de Recursos Hídricos do Sul-Sudeste”
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Além disso, deverá ter câmera fotográfica e filmadora, GPS portátil e uma mini oficina
equipada o suficiente para atender as necessidades em campo.
Todos esses instrumentos e equipamentos estarão em maletas de condicionamentos com
proteção para resistências a impactos.
4.2 - Função do laboratório móvel
O objetivo do laboratório é avaliar as bombas acionadas por motores elétricos nos mais
diversos ambientes, sejam eles indústrias, companhias de saneamento básico, instalações de
bombeamento no meio rural.
Os técnicos que estarão na unidade móvel deverão ter capacidades de avaliar as condições de
instalação do conjunto, as condições operativas e as condições de manutenção, e através de medidas
hidráulicas e elétricas serão avaliados os rendimentos dessas instalações, visando identificar
potenciais de conservação de energia.
5 – CONCLUSÕES E RECOMENDAÇÕES
O Laboratório Móvel deste trabalho foi solicitado ao Convênio ELETROBRÁS
(PROCEL)/UNIFEI com recursos do Banco Mundial (PNUD) e no momento está em fase de
adaptação. Todos os equipamentos e instrumentações já foram adquiridos.
O que se pretende é ter uma unidade móvel, instrumentada e com uma equipe bem treinada
para avaliação de instalações de bombeamento nos vários setores, enfocando a conservação de
energia.
Estando essa unidade móvel disponível, um trabalho de campo em vários setores da indústria,
do saneamento e do meio rural deverá ser realizado com o intuito de verificar os procedimentos
sugeridos no trabalho e avaliar as especificações técnicas dos equipamentos adquiridos e otimizá-las
para futuras aquisições, com base nos resultados obtidos.
Espera-se que a unidade móvel sirva como um laboratório piloto para que se tenham outras
unidades em regiões estratégicas no país para esse tipo de avaliação.
6 – REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
BORTONI, E.C (2002). “Instrumentação Industrial”. Apostila, UNIFEI. Itajubá-MG, 300p.
CEI 41 (1991). “Essais de Réception sur Place dês Turbines Hydrauliques, Pompes d’accumulation
et Pompes-turbines, em Vue de la Determination de Sens perfomances Hydrauliques”, 3ª edition.
“I Simpósio de Recursos Hídricos do Sul-Sudeste”
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DELMÉE, J. G. (1983). “Manual de Medição de Vazão”. Editora Edgard Bücher, 1ª Edição, São
Paulo – SP, 420p.
ISO – 9906 (1999). “Pompes Rotodynamiques – Essais de Fonctionnement Hydraulique Pour la
Réception – Niveaux 1 et 2.
LAMON, G. P. S. (2005), “Pitometria e Macromedição nas Empresas de Saneamento”, 1ª Edição,
Belo Horizonte, 180p.
NBR-6400 (1989). “Bombas Hidráulicas de Fluxo (Classe C) – Ensaios de Desempenho e de
Cavitação”.
TROSKOLANSKI, A. T. “Dês Mesures Hydraulics”. Editora Dunot. Paris, 450p.
VIANA, A. N. C. (2001). “Bombas de Fluxo e Ventiladores”, Conservação de Energia – Eficiência
Energética de Instalações e Equipamentos, Org. por Marques, M., Haddad, J., Martins, A.R.S.,
ELETROBRÁS/PROCEL, ed. EFEI, Itajubá-MG, pp.213 - 245.
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