Comparação de ensaios de adensamento realizados em
equipamento de cisalhamento simples (DSS) e em prensa de
adensamento.
Natália Lopes Rodrigues
Escola Politécnica/UFRJ, Rio de Janeiro, Brasil, [email protected]
Graziella Maria Faquim Jannuzzi
COPPE/UFRJ, Rio de Janeiro, Brasil, [email protected]
Fernando Artur Brasil Danziger
COPPE e Escola Politécnica, UFRJ, Rio de Janeiro, Brasil, [email protected]
Ian Schumann Marques Martins
COPPE e Escola Politécnica, UFRJ, Rio de Janeiro, Brasil, [email protected]
RESUMO: Nos ensaios de cisalhamento simples (DSS) os corpos de prova são geralmente
adensados para as tensões de campo antes de serem cisalhados. Dois são os tipos de equipamento
de ensaio de DSS: com anéis metálicos e membrana reforçada. Em nenhum dos casos o corpo de
prova tem a mesma restrição do anel rígido da célula da prensa tradicional de ensaio de
adensamento. O presente trabalho objetiva apresentar uma comparação entre ensaios de
adensamento efetuados em equipamento de DSS com anéis justapostos com os realizados em célula
tradicional de adensamento. Os ensaios em célula tradicional foram realizados no Laboratório de
Reologia da COPPE/UFRJ, enquanto aqueles realizados com o equipamento de DSS foram
efetuados no Laboratório de Ensaios de Campo e Instrumentação, também da COPPE/UFRJ. Em
todos os ensaios manteve-se temperatura controlada, de 20°C. O solo utilizado para os ensaios foi a
argila mole de Sarapuí II. Os resultados obtidos em ambos os ensaios foram muito semelhantes,
indicando a confiabilidade do ensaio de DSS na fase de adensamento.
PALAVRAS-CHAVE: ensaio de adensamento, prensa de adensamento, DSS, argila mole.
1
INTRODUÇÃO
O ensaio de cisalhamento simples (direct simple
shear – DSS) ainda não representa uma prática
usual no Brasil e, de modo especial no caso da
argila mole de Sarapuí, ainda não havia sido
realizado. Devido à falta de difusão deste ensaio
no Brasil um pequeno resumo deste ensaio será
apresentado.
Os primeiros equipamentos de DSS foram
desenvolvido por Kjellman (1951) e por Roscoe
(1953). Vale ressaltar que nesta ocasião
Kjellman e Roscoe não tinham se dado conta
que se tratava de um ensaio diferente,
imaginavam que estavam realizando um ensaio
de cisalhamento direto melhorado.
Em 1961 o Instituto Norueguês de Geotecnia
(NGI) começou um estudo detalhado das
propriedades fundamentais tensão-deformaçãoresistência de argilas normalmente adensadas
de alta sensibilidade. O estudo foi iniciado por
resultados obtidos de investigações do
deslizamento ocorrido em Furre (Hutchinson,
1961). A proposta deste estudo foi obter melhor
entendimento dos fatores que influenciam a
resistência ao cisalhamento de campo para este
tipo de argila e desenvolver métodos que
permitissem avaliar a estabilidade de taludes
naturais.
Uma descrição detalhada do DSS foi
realizada no trabalho clássico de Bjerrum e
Landva (1966).
Segundo Vucetic e Lacasse (1982), o DSS
tornou-se relevante por causa do maior
conhecimento da importância da anisotropia no
comportamento
tensão-deformação
nos
problemas geotécnicos e da simplicidade do
ensaio DSS com relação aos ensaios triaxiais. O
ensaio DSS pode reproduzir aproximadamente
as condições de campo onde se espera um
estado de cisalhamento simples. Esta condição
pode existir, por exemplo, em análises de
aterros, fundações offshore e problemas de
estabilidade de taludes. No ensaio de
cisalhamento simples, as condições de
deformação cisalhante simples são impostas ao
corpo de prova após o adensamento.
Pode-se dizer que existem dois tipos de
equipamento de ensaio de DSS: com anéis
justapostos
e
membrana
reforçada.
Comparações entre os dois tipos foram levadas
a efeito por Baxter et. al., 2010, para maiores
informações ver Jannuzzi (2013). Em ambos, o
corpo de prova é adensado para condições de
campo. Surgiu o questionamento quanto à
capacidade do equipamento de DSS, com anéis
justapostos, realizar corretamente a fase de
adensamento. Para sanar esta dúvida foi
desenvolvida a pesquisa de Rodrigues (2014),
cujos resultados são apresentados no presente
trabalho.
2
QUALIDADE DA AMOSTRA
2.1
Generalidades
O corpo de prova pode ser definido como uma
porção de solo moldado a partir de uma amostra
para se realizar ensaios. Assim, o que é
chamado qualidade da amostra é na realidade
qualidade do corpo de prova, uma vez que, na
maioria dos casos, o que é avaliado ao final é a
qualidade do corpo de prova para a realização
do ensaio e não da amostra. Entretanto, o termo
qualidade da amostra tornou-se tão consagrado
que será mantido no presente trabalho.
A qualidade da amostra depende de vários
fatores, envolvendo os processos desde a
recuperação da amostra no processo de
amostragem até a extrusão (quando realizada)
(ver Ladd e DeGroot, 2003) e o processo de
moldagem até a colocação no equipamento de
ensaio.
Não existe método definitivo para se
determinar a qualidade absoluta da amostra
(Ladd e DeGroot, 2003). A influência do
amolgamento no caso de curvas de compressão
edométrica se manifesta na diminuição da
tensão de sobreadensamento (ou da razão de
sobreadensamento) e do índice de compressão;
já no trecho de recompressão há um aumento do
valor do índice de recompressão. Além disso, a
curva em formato de “S” é característica de
uma boa qualidade da amostra, tal como
ilustrada, por exemplo, por Coutinho (1976)
para a argila mole de Sarapuí I.
As observações acima são de natureza
qualitativa.
Alguns
poucos
critérios
quantitativos para se avaliar a qualidade da
amostra foram propostos, e a sugestão de Lunne
et al. (1997) é muito utilizada atualmente.
O uso do critério de Lunne et al. (1997)
implica na necessidade de realização do ensaio.
Para se avaliar a qualidade da amostra a priori
podem-se realizar ensaios, tal como raio X,
usado há muitos anos (Hvorslev, 1949).
Medidas da sucção inicial da amostra,
comparação entre as velocidades de onda
cisalhante obtidas no corpo de prova no
laboratório e no campo têm sido utilizadas (e.g.,
Hight e Leroueil, 2003, Landon, 2004, Lunne e
Long, 2006, Tanaka e Nishida, 2007).
Lunne et al. (1997) basearam-se no valor de
Δe/e0, onde Δe é a diferença observada no
ensaio entre o índice de vazios inicial da
amostra e0 e o índice de vazios associado à
tensão vertical efetiva sob a qual a amostra se
encontrava submetida no campo. A Tabela 1
apresenta a classificação proposta por Lunne et
al. (1997).
Com base nos resultados de ensaios em
argilas moles brasileiras, Coutinho (2007)
propôs alterações nos limites da tabela de
Lunne et al. (1997), tornando o critério menos
rigoroso (ver Tabela 2). As argilas ensaiadas
por Coutinho (2007) possuem OCR entre 1 e
2,5. Andrade (2009) sugeriu uma modificação
da proposta de Coutinho (2007) - definindo
melhor os intervalos -, apresentada na Tabela 3.
Tabela 1 - Classificação da qualidade da amostra (Lunne
et al., 1997).
Δe/eo
OCR Muito boa a
Boa a
Pobre
Muito
excelente
regular
pobre
1-2
<0,04
0,040,07-0,14 >0,14
0,07
2-4
<0,03
0,030,05-0,10 >0,10
0,05
Tabela 2 - Classificação da qualidade da amostra
(Coutinho, 2007).
Δe/eo
OCR Muito boa
Boa a
Pobre
Muito
a excelente
regular
pobre
1-2,5
<0,05
0,05-0,08 0,08-0,14
>0,14
Tabela 3 - Classificação da qualidade da amostra
(Andrade, 2009).
Δe/eo
Muito Mui- Boa Re- Pobre Muito
OCR boa a
to
a
gular
a
pobre
exce- boa a regua
muito
lente
boa
lar pobre pobre
1-2,5 <0,05 0,05- 0,065 0,08- 0,11- >0,14
0,065 -0,08 0,11 0,14
3
METODOLOGIA
O equipamento de ensaio de DSS empregado na
presente pesquisa está instalado no Laboratório
de Ensaios de Campo e Instrumentação da
COPPE/UFRJ, onde várias pesquisas têm sido
desenvolvidas, (Jannuzzi, 2013, Rodrigues,
2014). A Figura 1 ilustra o equipamento.
O procedimento empregado para a
moldagem dos corpos de prova é o mesmo
utilizado para moldagem dos corpos de prova
indeformados do Laboratório de Reologia da
COPPE/UFRJ, também recomendado por Ladd
e DeGroot (2003).
Foram realizados ensaios de adensamento
com duração de 3 horas por estágio. A primeira
tensão aplicada é 3,2 kPa, oriunda do próprio
peso do top cap, e em seguinda são efetuados
carregamentos com incrementos do dobro do
anterior: 6,25 kPa; 12,5 kPa; 25 kPa; 50 kPa;
100 kPa; 200 kPa; 400 kPa e descarregamento
de 400 - 200 kPa e de 200 - 100 kPa,
semelhante ao realizado no ensaio de
adensamento padrão 24 horas.
Figura 1 – Vista geral do equipamento instalado no
Laboratório de Ensaios de Campo e Instrumentação
(Jannuzzi, 2013).
4
APRESENTAÇÃO E ANÁLISE DOS
RESULTADOS
Neste trabalho foram consideradas as
profundidades nominais de 3 m e 6 m. As
amostras utilizadas na presente pesquisa foram
coletadas com um novo amostrador,
desenvolvido e considerado por Jannuzzi
(2013) aquele que forneceu amostras de melhor
qualidade dentre os amostradores diferentes
empregados por aquela pesquisadora.
Os ensaios de adensamento padrão 24 horas
realizados na prensa de adensamento, no
Laboratório de Reologia da COPPE/UFRJ,
estão detalhados em Jannuzzi (2013). Neste
trabalho serão descritas apenas as amostras
obtidas nos ensaios de adensamento realizados
no equipamento de DSS.
A primeira amostra, na profundidade de
3,53 m - 3,57 m (profundidade média 3,55 m)
foi retirada do mesmo tubo amostrador utilizado
para a realização dos ensaios de adensamento
padrão 24 horas. A argila apresentava coloração
cinza claro e não aparentava fragmentos de
concha significativos. A Figura 2 ilustra o corpo
de prova após o ensaio. A segunda amostra, na
profundidade de 3,63 m - 3,67 m, (profundidade
média 3,65 m), não foi possível ser moldada
devido à grande concentração de conchas,
algumas inteiras e fechadas, outras abertas,
além de muitos fragmentos; nas extremidades
da amostra as conchas encontravam-se
fechadas. Outro fragmento de tubo foi cortado,
com uma espessura maior, de 10 cm,
(profundidade 3,39 m – 3,49 m), e, novamente,
não foi possível moldar o corpo de prova
devido à grande concentração de conchas,
conforme ilustra a Figura 3.
Matéria orgânica
Figura 2 – Amostra seca e aberta após a realização do
ensaio, profundidade média de 3,55 m.
Figura 4 - Concentração
profundidade 6,51 m - 6,56 m.
de
matéria
orgânica,
5
APRESENTAÇÃO E ANÁLISE DOS
RESULTADOS
5.1- Qualidade da amostra
Figura 3 – Amostra com fragmentos de conchas,
profundidade 3,39 – 3,49 m.
Optou-se assim por realizar os ensaios com
outro tubo na mesma profundidade nominal. A
amostra na qual foi moldado o corpo de prova
na profundidade de 3,63 m - 3, 67 m apresentou
fragmentos de conchas, conchas inteiras abertas
e fechadas. As conchas e a maioria dos
fragmentos de conchas foram removidas e o
corpo de prova foi moldado e ensaiado.
Na profundidade nominal de 6 m foram
moldados dois corpos de prova, nas
profundidades de 6,51 m - 6,56 m,
(profundidade média 6,53m), e 6,47 m - 6,51 m,
(profundidade média 6,49 m).
Observou-se nos corpos de prova grande
concentração de matéria orgânica e na
profundidade 6,51 m - 6,56 m foi encontrada
uma lente de areia, que foi removida durante a
moldagem. A Figura 4 mostra fragmentos de
matéria orgânica na amostra.
A classificação da qualidade da amostra obtida
através dos métodos de Lunne et al. (1997),
com as alterações de Coutinho (2007) e
Andrade (2009), é apresentada na Tabela 4, na
qual também é realizada a comparação entre os
ensaios de adensamento feitos no equipamento
de DSS e na prensa de adensamento.
Tabela 4 – Classificação das amostras através dos
métodos de Lunne et al. (1997), com as alterações de
Coutinho (2007) e Andrade (2009).
Prof.
Lunne at Coutinho Andrade
∆e/eo OCR
(m)
al (1997)
(2007)
(2009)
3,55
0,01
2,5
Muito boa
a excelente
Muito boa
a excelente
Muito boa
a excelente
3,65
0,04
1,9
Muito boa
a excelente
Muito boa
a excelente
Muito boa
a excelente
3,54
0,02
2,9
Muito boa
a excelente
Muito boa
a excelente
Muito boa
a excelente
6,49
0,04
1,8
Muito boa
a excelente
Muito boa
a excelente
Muito boa
a excelente
6,54
0,03
1,8
Muito boa
a excelente
Muito boa
a excelente
Muito boa
a excelente
6,53
0,04
2,3
Boa a
Regular
Muito boa
a excelente
Muito boa
a excelente
Pode-se observar que todas as amostras são
de qualidade muito boa a excelente de acordo
com os métodos analisados, exceto uma na
profundidade de 6,53 m, que obteve qualidade
de boa a regular pelo método de Lunne et al.,
1997. Pode-se então verificar que não há
necessidade de flexibilização do critério de
Lunne et al. (1997) para as argilas brasileiras.
5.2 - Compressibilidade e índice de vazios
Para a profundidade nominal de 3 metros, os
dois ensaios realizados no equipamento de
DSS, com estágios de 3 horas de duração, e o
ensaio realizado na prensa de adensamento,
com estágios de 24 horas, tiveram deformações
volumétricas semelhantes (Figura 6). Isso
significa que, apesar dos ensaios realizados no
equipamento de DSS não possuírem o anel de
adensamento, que impede as deformações
laterais, os anéis justapostos não permitem que
as mesmas ocorram, pelo menos não de forma
significativa, o que corrobora que a fase de
adensamento do ensaio de DSS apresenta
resultados confiáveis.
Observa-se que o índice de vazios na
profundidade de 3,65 m é ligeiramente maior do
que os demais, o que pode ter resultado numa
maior deformação do corpo de prova no
decorrer do ensaio.
Para a profundidade nominal de 6 metros
(Figura 8), o corpo de prova da profundidade
média de 6,49 m apresenta deformação maior
do que a dos demais, possivelmente devido ao
maior índice de vazios inicial do corpo de
prova. A deformação volumétrica para os
ensaios realizados com o equipamento de DSS é
semelhante aos realizados na prensa de
adensamento, o que reafirma a capacidade do
equipamento de DSS de realizar a fase de
adensamento corretamente.
Esperava-se uma maior deformação para os
ensaios realizados com estágios de 24 horas de
duração, o que não se verificou, uma vez que
essa comparação não pôde ser realizada
corretamente devido à diferença nos índices de
vazios iniciais dos corpos de prova (Figuras 6 e
8).
Acredita-se que a diferença entre os índices
de vazios iniciais de cada corpo de prova pode
ser devido à heterogeneidade do solo.
Figuara 5 – Curvas deformação volumétrica pelo
logaritmo da σ’v, na profundidade nominal de 3m.
Figura 6 - Curva índice de vazios versus tensão vertical
efetiva, profundidade de 3m.
Figuara 7 – Curvas deformação volumétrica pelo
logaritmo da σ’v, na profundidade nominal de 6m.
corretamente o descarregamento, por esse
motivo este valor não foi apresentado.
Figura 8 - Curva índice de vazios versus tensão vertical
efetiva, na profundidade de 6m.
5.3 - Tensão de pré-adendensamento e índices
de recompressão, compressão e descompressão.
Os valores de
encontrados nos ensaios
padrão 24 horas realizados na prensa de
adensamento foram maiores que os resultados
encontrados nos ensaios realizados no
equipamento de DSS com 3 horas de duração o que não era esperado -, a diferença, entretanto
é atribuída à diferença entre os índices de
vazios inicial de cada corpo de prova. A Tabela
5 mostra o equipamento utilizado no ensaio de
adensamento, a profundidade do ensaio bem
como
Para as amostras na profundidade nominal de
3 m, o valor de
realizados na prensa foi
semelhante ao realizado com equipamento de
DSS na profundidade de 3,55 m e diferente do
realizado da profundidade de 3,65 m, esta
diferença pode estar associada aos diferentes
índices de vazios iniciais de cada amostra. Já
para a profundidade de 6 m, o valor de
foi
nitidamente maior para o ensaio realizado na
prensa (na profundidade de 6,53 m) do que para
os realizados no equipamento de DSS, uma vez
que o índice de vazios inicial do corpo de prova
(na profundidade de 6,53 m) é bem menor do
que a dos demais.
Os valores de ,
e
obtidos com os
ensaios de adensamento realizados no
equipamento de DSS e na prensa de
adensamento foram semelhantes. A pequena
diferença pode ser atribuída ao estágio de
carregamento ser de 3 horas ao invés de 24
horas. Na profundidade de 3,65 m, houve um
problema no equipamento, que não mediu
Tabela 5 – Valores encontrados de
, , , .
Tipo
de
DSS DSS Prensa DSS DSS Prensa
ensai
o
Prof.
3,55 3,64 3,54 6,49 6,54 6,53
(m)
2,00 2,00 2,30 1,82 1,62 1,44
0,26 0,35 0,39 0,17 0,23 0,27
0,25
0,20 0,22 0,21 0,15
25,10 19,18 28,40 35,70 34,11 45,04
5.4 - Coeficiente de adensamento.
O coeficiente de adensamento foi calculado
pelo Método de Taylor, uma vez que o método
de Casagrande leva em consideração o
adensamento secundário que não se manifestou
nitidamente para os estágios de 3 horas de
duração.
A Figura 9 mostra a comparação entre os
valores encontrados para o método de Taylor,
na profundidade nominal de 3 m, e a Figura 10
para a de 6 m.
Observa-se que os valores do coeficiente de
adensamento são maiores para o trecho
sobreadensado do que para o normalmente
adensado. Para tensões acima de 100 kPa tanto
para a profundidade de 3 m quanto para
profundidade de 6 m os valores de
encontrados foram da mesma ordem de
grandeza
cm2/s.
Figura 9 - Comparação entre os valores encontrados para
o método de Taylor, na profundidade nominal de 3 m.
Tabela 6. Valores do coeficiente de permeabilidade K
(
cm/s), nas profundidades nominais de 3 e 6 m
Est.
3,55
3,65
3,54
6,49
6,53 6,54
(kPa)
m
m
m
m
m
m
6,25
2,67
2,07
1,51
12,5
5,01
8,85
9,50
1,12
1,06
25
5,68
2,64
3,90
1,27
1,41
50
3,34
0,66
5,77
1,36
1,70 1,93
100
0,05
0,45
0,92
0,45
0,17 0,44
200
0,04
0,21
0,25
0,25
0,13 0,14
400
0,02
0,07
0,12
0,08
0,06 0,05
A Figura 10 - Comparação entre os valores encontrados
para o método de Taylor, na profundidade nominal de 6
m.
5.5 – Coeficiente de permeabilidade.
O coeficiente de permeabilidade foi calculado a
partir do ensaio de adensamento de acordo com
a equação 1.
(1)
Percebe-se nitidamente a diminuição do
coeficiente de permeabilidade com a redução do
índice de vazios.
Para os estágios iniciais, observa-se que os
valores encontrados para o coeficiente de
permeabilidade na profundidade de 3 m são
maiores do que os encontrados na profundidade
de 6 m, mas apresentam a mesma ordem de
grandeza de
cm/s, já para os estágios finais,
os valores foram semelhantes nas duas
profundidades, com ordem de grandeza de
.
Os valores de coeficiente de permeabilidade
encontrados em Sarapuí II encontram-se na
mesma ordem de grandeza dos valores obtidos
em Sarapuí I, e.g. Coutinho (1976) e Ortigão
(1980). As argilas de Sarapuí II são
praticamente impermeáveis de acordo com a
classificação de Lambe e Whitman (2000).
A Tabela 6 mostra os valores da
permeabilidade versus tensão vertical efetiva,
na profundidade de 3 m e 6 m.
6
CONCLUSÕES
Comparando-se os gráficos deformação vertical
por logaritmo da tensão efetiva, verifica-se que
a deformação lateral utilizando os anéis
justapostos não é significativa, podendo ser
desprezada.
Pode-se dizer que o equipamento de DSS
com anéis justapostos se mostrou uma
ferramenta capaz de realizar ensaios de
adensamento, o que corrobora que a fase de
adensamento do ensaio de DSS é corretamente
realizada no equipamento de DSS.
Para argilas muito compressíveis no qual a
variação de altura do corpo de prova ultrapassar
a capacidade máxima do curso do equipamento
de DSS, este não deve ser utilizado.
Analisando-se os resultados obtidos para a
qualidade das amostras, percebe-se que não é
necessária a flexibilização do método de Lunne
et al. (1997) para o solo ensaiado.
Verificou-se que, mesmo tomando todos os
cuidados durante os procedimentos e transporte
da amostra, pode-se ter uma qualidade inferior
da amostra devido à concentração de conchas –
e os reparos necessários no corpo de prova.
É imprescindível o ajuste do equipamento
para garantir que toda a deformação do corpo
de prova seja medida corretamente.
Os valores de
encontrados nos ensaios
padrão 24 horas realizados na prensa de
adensamento foram maiores que os resultados
encontrados nos ensaios realizados no
equipamento de DSS, devido à variação do
índice de vazios inicial do corpo de prova.
Observa-se pelos valores de cv calculados
pelo método de Taylor que os valores do
coeficiente de adensamento são maiores para o
trecho pré-adensado (
cm²/s) do que
para o normalmente adensado (
cm²/s).
Verifica-se a impossibilidade de calcular o
pelo método de Casagrande uma vez que a
curva que define o fim do adensamento
primário e destaca o secundário não fica bem
definida.
7
SUGESTÕES
FUTURAS
PARA
PESQUISAS
Realizar mais ensaios no equipamento de DSS
com duração de 3 horas a fim de aumentar o
banco de dados e melhorar a comparação
realizada entre os ensaios de adensamento
realizados na prensa de adensamento e no
equipamento de DSS.
Realizar ensaios de adensamento no
equipamento de DSS com estágios de duração
de 24 horas para melhor comparação com os
ensaios 24 horas realizados na prensa de
adensamento.
Fabricar um top cap mais leve a fim de se
poder ensaiar amostras superficiais.
Fabricar um anel rígido para a realização do
ensaio de adensamento no equipamento de DSS
a fim de se efetuar comparações entre os anéis
justapostos e o anel rígido no mesmo
equipamento.
Realizar ensaios de adensamento com
membrana reforçada e comparar os realizados
nos equipamentos convencionais.
REFERÊNCIAS
ANDRADE. M.E.S., 2009, Contribuição ao estudo das
argilas moles da cidade de Santos. Dissertação de
Mestrado, COPPE/UFRJ, Rio de Janeiro, RJ,
Brasil.
BAXTER, C.D.P., BRADSHAW, A.S., OCHOALAVERGNE, M., HANKOUR, A.M., 2010, DSS
test results using wire-reinforced membranes and
stacked rings. GeoFlorida 2010 ASCE.
BJERRUM, L.; LANDAVA, A., 1966, Direct SimpleShear Testes on a Norwegian quick clay.
Geotechnique. v.16, n. 1, pp. 1-20.
COUTINHO, R.Q., 2007, Characterization and
engineering properties of Recife soft clays - Brazil.
Characterization and Engineering Properties of
Natural Soils, Taylor and Francis – Balkema,
Editors Tan, Phoon, Hight and Leroueil, v. 3, pp.
2049-2100.
COUTINHO, R.Q., 1976, Características de adensamento
com drenagem radial de uma argila mole da
Baixada
Fluminense.
Tese
de mestrado,
COPPE/UFRJ, Rio de Janeiro, RJ, Brasil.
HIGHT, D.W.; LEROUEIL, S., 2003, Characterisation of
soils for engineering purposes. Characterization and
engineering properties of natural soils, Balkema, v.
1, pp. 255-360.
HUTCHINSON, J. N., 1961, A landslide on a thin layer
of quick clay at Furre, Central Norway.
Geotechnique, v.11, n.44, pp.69-94.
HVORSLEV, M.J., 1949, Subsurface exploration and
sampling of soils for civil engineering purposes.
The waterways experiment station, Corps of
Engineers, U.S. Army, Vicksburg, Miss, pp. 521.
JANNUZZI, G.M.F., 2013, Inovadoras, modernas e
tradicionais meodologias para a caracterização
geológico-geotecnica da argila mole de Sarapuí II.
Tese de D.Sc., COPPE/UFRJ, Rio de Janeiro,
Brasil.
KJELLMAN, W.,1951, Testing the shear strenght of clay
in Sweden. Geotecnique, v. 2, n. 3, pp. 225-232.
LANDON, M.M., 2004, Field quantification of sample
disturbance of a marine clay using Bender
Elements.
M.Sc.
Thesis,
University
of
Massachusetts, Amherst, MA.
LADD, C.C.; DEGROOT, D.J., 2003, "Recommended
Practice for Soft Ground Site Characterization:
Arthur Casagrande Lecture," 12th Panamerican
Conference on Soil Mechanics and Geotechnical
Engineering.
LAMBE, T.W.; WHITMAN R.V. 2000, Soil Mechanics.
New York: John Wiley & Sons.
LUNNE, T., BERRE, T., STRANDVIK, S., 1997,
Sample Disturbance Effects in Soft Low Plastic
Norwegian Clay. In: Proceedings of the Symp. on
recent developments in doil and pavement
mechanics, Rio de Janeiro, pp. 81– 102.
LUNNE, T.; LONG, M., 2006, Review of long seabed
samplers and criteria for new sampler design
marine geology, v. 226, n. 1-2, pp. 145-165.
ORTIGÃO, J.A.R., 1980, Aterro experimental levado à
ruptura sobre argila cinza do Rio de Janeiro. Tese
D.Sc., COPPE/UFRJ, Rio de Janeiro, RJ, Brazil.
RODRIGUES, N.L., 2014, Comparação entre os ensaios
de adensamento realizados em equipamento
convencional e em equipamento de DSS em argila
mole. Projetode Graduação., UFRJ, Rio de Janeiro,
Brasil.
ROSCOE, K.H., 1953, “An apparatus for the application
of simple shear to soil samples,” In: Proceedings of
the International Conference on Soil Mecanics and
Fundation Engineering, n. 3, Zur, v. 1, pp.186-191.
TANAKA, H., NISHIDA, K., 2007, Suction and Shear
Wave Velocity Measurements for Assessing
Sample Quality. Studia Geotechnica et Mecanica,
Vol. XXIX, No. 1-2, pp. 163-175.
VUCETIC, M.E., LACASSE, S., 1982, Specimen size
effect in simple shear test. J. Geotech. Engng Div.
Am. Soc. Civ. Engrs 108, GT12, pp. 1567-1585.
Download

Comparação de ensaios de adensamento