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Amar o próximo
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Wayne Jacobsen & Clay Jacobsen
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Amar o próximo
Aprendendo a cr iar relacionamentos
mais significativos
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Sumário
Dedicatórias
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Prefácio
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1. Escapando da armadilha da solidão
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PARTE 1
Começando internamente
2. Amar os outros como Deus o ama
24
3. Um lugar macio onde cair
33
4. Nem tudo diz respeito a você
43
PARTE 2
Abrindo a porta
5. O contato inicial
54
6. Compartilhando a bondade de Deus
63
PARTE 3
Compartilhando a jornada
7. Diminuindo o fardo
72
8. Encorajando
80
9. Partilhando nossa sabedoria
91
10. Oferecendo a Deus
99
PARTE 4
Para relacionamentos maduros
11. O artigo genuíno
110
12. Compartilhando a jornada
120
13. Tesouros à espera de serem descobertos
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Apêndice: Compartilhando a jornada com outros
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Dedicatórias
Minha mulher e eu estávamos na Austrália, há quatro anos,
quando nosso amigo Ben Tarren sugeriu que eu desenvolvesse
os conceitos sobre relacionamento que eu tinha apresentado em
meu primeiro romance. Foi a sugestão dele que me levou a participar do livro que você tem nas mãos. Muito obrigado, Ben, por
plantar essa semente.
A Cindy, minha mulher e principal parceira nessa viagem, só
posso manifestar minha gratidão por compartilhar a paixão por
estes conceitos e me ajudar a escrevê-los.
Clay
Aos antigos e atuais membros da Lifestream, que estiveram
sempre comigo e com Sara, dividindo momentos maravilhosos
e difíceis – Rich e Sheila Artis, Ron e Jen Brisco, Paul e Louise
Gutierrez, Jim e Margareth Oliveras, Nelson e Shannon Schwab,
Nick e Julia Sembrano, Phil e Sheri Shannon –, obrigado pelas palavras de encorajamento, pelos sábios conselhos, orações,
apoio e amizade tão rica.
Wayne
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Queremos também agradecer a Vicki Crumpton e a toda a
maravilhosa equipe da editora Baker, que transformou nosso
projeto num livro melhor do que teríamos conseguido produzir
sozinhos.
Wayne e Clay
Percebemos que livros escritos em conjunto muitas vezes podem perturbar o leitor quando os autores tentam identificar de
quem é a autoria de cada contribuição. Para evitar isso, resolvemos apresentar as ideias como se as palavras fluíssem do pensamento de um único autor. Quando usamos o “eu” neste livro,
estamos nos referindo tanto a Clay quanto a Wayne, ou aos dois
juntos. Além disso, mudamos os nomes das pessoas em nossos
exemplos para proteger a identidade delas e sua privacidade. Mas
são histórias verdadeiras que falam da alegria da solidariedade.
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Prefácio
A
través da janela, eu admirava as montanhas cobertas de
neve que cercavam o retiro na Nova Inglaterra. Eu tinha
acompanhado meu irmão ao retiro para ajudá-lo a realizar os
cultos e não estava preparado para a revelação que receberia do
Espírito Santo naquele dia. Wayne falava sobre o poder da amizade cristã, baseando-se em textos das Escrituras que ele chamava
de passagens sobre a solidariedade.
Logo que começou, suas palavras não pareciam conter nada
de novo. Fui educado por pais cristãos muito amorosos e já tinha
lido aqueles versículos separadamente dezenas de vezes. Muitos
deles eram para mim as passagens mais tocantes que eu estudara ao longo da vida, mas nunca os tinha agrupado. De repente,
percebi que, combinados, eles criavam uma visão muito rica das
incríveis relações de amor e proteção que o corpo de Cristo pode
proporcionar.
Minha experiência nesse retiro foi fantástica e mudou minha
vida. À medida que fui me aprofundando na arte perdida da solidariedade, iniciei uma viagem que transformou minha visão
da Igreja, minha relação com outras pessoas e até minha relação
com Deus.
No decorrer dos 10 anos que se seguiram, meu irmão e eu
percorremos caminhos diferentes, mas Deus nos reuniu de novo
para explorar estes conceitos com você. Como podemos estabelecer relações significativas e confiáveis com outros cristãos? Qual
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é o modelo proposto pelo Novo Testamento para cultivarmos
amizades afetuosas e enriquecedoras? São essas as questões que
vamos examinar. Se você deseja aprofundar relações com pessoas
que têm fé, talvez já esteja pronto para compreender a diferença
entre ir à igreja e ser a Igreja.
Veja aqui os textos da Bíblia que contêm todas as possibilidades de relacionamento com os outros:
Solidariedade
Amar o outro (João 13:34)
Perdoar o outro (Efésios 4:32)
Aceitar o outro (Romanos 15:7)
Apoiar o outro (Efésios 4:2)
Dedicar-se ao outro (Romanos 12:10)
Honrar o outro mais que a nós mesmos (Romanos 12:10)
Saudar o outro (2 Coríntios 13:12)
Acolher o outro (1 Pedro 4:9)
Ter bondade e compaixão pelo outro (Efésios 4:32)
Dividir com o outro (Hebreus 13:16)
Servir ao outro (Gálatas 5:13)
Carregar o fardo do outro (Gálatas 6:2)
Construir com o outro (1 Tessalonicenses 5:11)
Encorajar diariamente o outro (Hebreus 3:13)
Confortar o outro (1 Tessalonicenses 4:18)
Estimular no outro o amor e a bondade (Hebreus 10:24)
Aconselhar o outro (Romanos 15:14)
Ensinar o outro (Colossences 3:16)
Orar pelo outro (Tiago 5:16)
Confessar seus pecados ao outro (Tiago 5:16)
Ter compreensão pelo outro (Romanos 12:16)
Ceder ao outro (Efésios 5:21)
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Descobrir o significado desses textos das Escrituras foi indescritível para mim. Peço a Deus que essa viagem que você começa
conosco ao longo deste livro o ajude a descobrir a arte esquecida
da solidariedade em suas relações – ou seja, a arte de amar o outro como Deus o ama.
Clay Jacobsen
Camarillo, Califórnia
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Mesmo assim
As pessoas são irracionais, ilógicas e egoístas.
Mesmo assim, ame-as.
Quando você age com delicadeza, podem acusá-lo de ter
segundas intenções.
Mesmo assim, seja delicado.
Se você for bem-sucedido, vai conquistar alguns amigos
falsos e inimigos verdadeiros.
Mesmo assim, tente ser bem-sucedido.
O bem que você fizer hoje amanhã será esquecido.
Mesmo assim, seja bom.
Honestidade e franqueza podem tornar você vulnerável.
Mesmo assim, seja honesto e franco.
O que você levou anos construindo pode ser destruído numa
noite.
Mesmo assim, continue construindo.
As pessoas precisam de ajuda, mas podem atacá-lo quando
você tentar ajudá-las.
Mesmo assim, ajude-as.
Afinal, sempre se trata de uma questão entre você e Deus.
E não entre você e elas.
(Escrito numa parede do orfanato
Shishu Bhavan, em Calcutá)
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CAPÍTULO 1
Escapando da armadilha
da solidão
As pessoas querem redescobrir a sensação de viver numa comunidade
verdadeira. Estamos fartos de solidão, independência e competição.
Jean Vanier
A
na nunca se sentira tão sozinha. Seu marido, Herman, precisou fazer uma pequena cirurgia para corrigir uma hérnia,
mas como ele também sofria de Alzheimer, a situação se complicou. O médico avisou que depois da cirurgia seria necessário imobilizar os braços e as pernas de Herman. Achavam que
ele acordaria da anestesia desorientado e que poderia arrancar
o soro ou machucar-se de alguma forma. O hospital não tinha
enfermeiros suficientes para manter alguém permanentemente
junto a ele durante sua recuperação.
Ana ficou pensando sobre como seu marido se sentiria ao
ver-se imobilizado. Ela sabia que o seguro não pagaria uma enfermeira particular e que talvez mais tarde ele nem se lembrasse
do que acontecera, mas imaginá-lo com pés e mãos amarrados a
atormentava muito. O que fazer?
Alguém bateu na porta do quarto do hospital. Mike e Carol
eram 30 anos mais novos do que Ana e Herman, mas tinham
se tornado amigos, pois frequentavam o mesmo grupo de apoio.
Carol percebeu a angústia nos olhos de Ana e acabou descobrindo o motivo. Imediatamente brotou nela um desejo de ajudar.
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Mike e Carol estavam a caminho da reunião do grupo. Prometeram a Ana pensar numa solução e rezar por eles.
Uma hora depois o telefone tocou e Ana correu para atender.
Era Carol.
– Depois que rezamos por vocês, alguém quis saber por que
as enfermeiras não podiam cuidar de Herman. Quando explicamos que o hospital não tinha pessoal suficiente para isso, essa
pessoa perguntou se nós não poderíamos nos oferecer como voluntários. Todo mundo achou a ideia ótima e começamos a nos
organizar em turnos. Ana, Herman precisará ser imobilizado se
alguém ficar junto dele durante a recuperação?
– Não posso pedir que vocês façam isso – disse Ana, comovida
com o oferecimento.
– Você não está pedindo, nós é que estamos oferecendo. Pode
verificar se é possível?
Depois de consultar as enfermeiras, Ana ligou para Carol dizendo que se houvesse sempre alguém junto de Herman, ele não
precisaria ser imobilizado. Imediatamente ouviu a amiga repassar a informação para o grupo, e o entusiasmo nas vozes das pessoas convenceu-a a aceitar a oferta.
A partir daquela noite, 12 voluntários revezaram-se junto
a Herman durante sua recuperação. Quando souberam o que
os amigos de Ana e Herman estavam fazendo, alguns familiares também se ofereceram. Nos três dias que se seguiram, havia
sempre alguém junto a Herman e fazendo companhia a Ana nas
longas horas que passou no hospital.
Quando, algumas semanas depois, Ana tentou agradecer ao
grupo pela imensa demonstração de solidariedade, sentia tamanha gratidão que sua voz ficou embargada. Apesar de sensibilizar-se com o reconhecimento de Ana, o grupo não achou que
tinha feito um grande sacrifício. A alegria de poder ajudar seus
amigos num momento difícil compensou amplamente o esforço.
Esse grupo descobriu o poder simples da solidariedade.
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O isolamento na era da comunicação
Nunca houve tantos meios de transporte, tantos celulares e pagers – isso sem falar no alcance ilimitado da internet. Apesar de
nunca na história da humanidade ter havido tanta facilidade de
comunicação, hoje nos sentimos mais isolados.
Trabalhamos com pessoas de quem não gostamos, mal conhecemos nossos vizinhos, e na maioria das vezes participamos de
cerimônias religiosas nas quais somos apenas mais um rosto na
multidão. Mesmo com os amigos, muitas vezes a conversa não
vai além de comentários superficiais sobre filhos, trabalho, tempo ou esportes. Nada mais profundo e espiritual parece vir à tona.
E quando se tenta ir mais fundo, as pessoas logo se desinteressam
e voltam aos assuntos de sempre.
A história de Ana é um dos melhores exemplos que já testemunhei de solidariedade entre pessoas que partilham a mesma fé. É
uma história muito tocante porque, infelizmente, é muito rara.
Conheço muito mais histórias de pessoas que viveram momentos de grande desespero sem encontrar nenhuma ajuda ou afeto
na hora em que mais precisavam. Se já é difícil encontrar alguém
disposto a ajudar você num sábado, imagine passar a noite num
hospital com um homem que não vai reconhecer ninguém no dia
seguinte, nem se lembrar do que aconteceu!
De forma consciente ou inconsciente, muitas vezes nos protegemos de qualquer relação que possa nos conectar profundamente com os outros. Aprendemos desde os tempos de escola como os
relacionamentos podem ser instáveis. Às vezes um colega parece
ser seu amigo num momento, mas logo se afasta para unir-se a
um grupo que considera “mais importante”. Qualquer fragilidade
ou particularidade pode se transformar em motivo de chacota.
Ainda que se torne mais sutil, a dor gerada pela fofoca e pela
traição é tão destrutiva na vida adulta quanto na infância – às
vezes, até mais. Imagina-se que as congregações religiosas sejam
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um refúgio contra esses sofrimentos, mas muitas vezes acontece o contrário. “Nunca fui tão maltratado na vida quanto tenho
sido pelos cristãos” é uma queixa que, infelizmente, ouço com
frequência.
Por incrível que pareça, uma igreja onde se celebra missa aos
domingos de manhã pode ser um dos lugares mais solitários do
mundo. Quem já não tentou fazer novas amizades e saiu frustrado por não encontrar nenhum canal de afinidade? Oferecemos ajuda aos outros quando precisam e depois nos sentimos
explorados quando eles não estão disponíveis para nos ajudar. Se
acrescentarmos a isso nossas expectativas frustradas, não é de espantar que muitos encarem os relacionamentos como um risco,
e não como um tesouro.
Acabamos numa situação de conflito. Apesar de desejarmos
relacionamentos verdadeiros, nós nos defendemos mantendo as
pessoas a uma distância segura. Para nos proteger da dor e da
decepção, rejeitamos muitas vezes por temer sermos rejeitados.
Depois nos sentimos sozinhos e isolados e culpamos os outros,
sem nos darmos conta de nossa responsabilidade no processo.
Para criar relacionamentos saudáveis, não basta conviver diariamente no mesmo escritório, ou participar das mesmas atividades. É preciso trazer o amor de Jesus para construir relações
capazes de mudar nossas vidas. Em seus ensinamentos, Jesus
sempre demonstrou que gestos simples de amor e amizade são
capazes de tocar corações endurecidos e transformá-los.
O almoço que abalou o mundo de Zaqueu
Zaqueu queria ver Jesus, mesmo rapidamente. Mas, quando
chegou ao centro da cidade, a rua já estava abarrotada de gente.
Todos queriam ver o Galileu, sobre quem tantos rumores tinham
se espalhado. Diziam que ele curava os doentes e ressuscitava os
mortos. Seria ele o Messias?
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Zaqueu conseguiu subir numa árvore e achou um bom ponto
de observação. Qual não foi sua surpresa quando Jesus se aproximou de sua árvore, parou debaixo dela e ordenou a Zaqueu que
descesse e o convidasse para almoçar em sua casa!
A multidão ficou escandalizada com o pedido. Por que Jesus
escolhera a companhia de alguém tão desprezível? Afinal, Zaqueu era um aliado dos romanos, alguém que coletava impostos de seus irmãos e irmãs judeus. Certamente qualquer outra
pessoa naquela multidão era mais digna de passar a tarde com o
Mestre da Galileia.
Zaqueu também achava que Jesus estava arriscando sua reputação ao fazer amizade com ele. Para sua surpresa, porém, Jesus insistiu. Zaqueu acabava de encontrar alguém que procurava verdadeiramente se aproximar dos outros – alguém que se interessava
por ele, sem tentar manipulá-lo para obter qualquer vantagem.
Zaqueu nunca vira alguém agir assim. Os romanos o usavam
para fazer o trabalho sujo e seus compatriotas o odiavam por isso.
A vida lhe ensinara que, para ser bem-sucedido, ele tinha que
cuidar de si mesmo, ainda que isso prejudicasse os outros. Essa
atitude o transformara num homem solitário. Jesus penetrou em
sua solidão com um convite para almoçar.
Esse era o único milagre de que Zaqueu precisava. Até onde
sabemos, naquele dia nenhum cego passou a enxergar, nenhum
leproso foi curado. Um simples gesto de solidariedade – um convite para almoçar, a oportunidade de fazer uma amizade e algumas horas de conversa – modificou o mundo de Zaqueu.
Antes que Jesus fosse embora, Zaqueu prometeu doar metade
de seus bens aos pobres e devolver a cada pessoa de quem ele
cobrara impostos excessivos a quantia paga acrescida dos juros
devidos.
A cada encontro, Jesus agia dessa forma. Ele não se interessava pelas pessoas pensando no que teria a ganhar, mas no
amor de Deus que podia levar a elas. Como não estava centrado
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em si mesmo, ele tocava os outros com os tesouros mais profundos do amor divino. E era isso que produzia os milagres da
transformação.
Relacionamentos inspirados em Jesus
Infelizmente, a maioria de nós, tal como Zaqueu, está mais
acostumada com outro tipo de relacionamento: aquele em que
as pessoas manifestam amizade enquanto podem tirar algum benefício para si mesmas. É um relacionamento baseado nas necessidades delas: são calorosas num momento e frias no momento
seguinte.
Tenho um amigo que define essas relações como “acomodação
mútua de necessidades”. São relações que duram apenas enquanto satisfazem alguma carência profunda de segurança, aceitação
ou status. É por isso que a maioria dos relacionamentos com outros cristãos está ligada à realização de algum objetivo e sobrevive
apenas enquanto esse objetivo prevalece. Enquanto você estiver
colaborando, é aceito, mas se discordar de uma opinião, deixar
de comparecer a algumas reuniões ou mesmo passar a frequentar
outro grupo (coisa inadmissível!), as amizades se desfazem, ou
transformam-se em franca hostilidade.
Apesar de tantas experiências dolorosas, eu sempre me surpreendo ao verificar como somos perseverantes na nossa busca
de amizades verdadeiras. Quando as amizades são autênticas,
podemos passar algum tempo sem conviver, por estarmos muito ocupados, mas, quando as retomamos, é como se não tivesse
havido quebra no tempo. Mesmo pessoas que foram traídas por
amigos em quem confiavam, e que por isso criaram resistência a
estabelecer novos laços para escapar da dor, com o tempo, voltam
a buscar amizades profundas.
Pode parecer que o desejo de fazer amigos tem origem no
medo da solidão, mas, no fundo, sabemos intuitivamente que
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fomos criados para estabelecer relações. É como se Deus tivesse implantado em nosso ser um desejo de estar conectado com
Sua família, e esse desejo fosse capaz de resistir às piores decepções. Queremos encontrar pessoas com quem possamos dividir
alegrias e sofrimentos, compartilhar conhecimentos e ideias. A
verdade é que não queremos viver sozinhos.
Em todos os lugares aonde vou constato essa sede pelo corpo
de Cristo, uma sede que muitas vezes não é saciada. As pessoas
têm inúmeros conhecidos, mas poucos amigos de verdade. Temos dificuldade em fazer amigos, cultivá-los, ter prazer na companhia deles, e muitos de nós acabamos, a contragosto, fazendo
tudo sozinhos. A única forma de escapar desse risco é viver como
Jesus, sem tentar receber amor, mas aprendendo a dividi-lo com
os outros.
A reciprocidade
Sempre que releio as Escrituras, chama minha atenção o fato
de Jesus falar tão pouco sobre a igreja. Só Mateus registra Jesus
usando duas vezes essa palavra. Por que ele não se preocupou em
ensinar a seus discípulos sobre como organizar a igreja, o clero, e
planejar as cerimônias?
Acho que entendo a razão. Ele não falou sobre a igreja porque,
para ele, o mais importante era viver o que ensinava. Tornou-se
amigo de Zaqueu, Tiago, Pedro, Maria, Marta, Lázaro, Nicodemus e de inúmeras outras pessoas que se aproximaram dele ou
de quem ele se aproximou. Preste atenção na maneira como ele se
envolveu com essas pessoas, construiu relações baseadas no amor
do Pai e serviu-as sem pensar em si mesmo. Esse era o poder do
seu Reino e o segredo da alegria de viver em sua família. “Já não
vos chamo de servos... mas vos chamo de amigos.” Com essa simples declaração, Jesus definiu a natureza da relação que Deus sempre desejou ter com aqueles que criou: a de uma íntima amizade.
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Quando Jesus andou no meio do povo como alguém que tratava as pessoas sem nenhum egoísmo, o mundo virou de cabeça
para baixo. No fim de sua vida na Terra, ele só precisou dizer a
seus seguidores que tratassem o próximo da mesma maneira que
ele os tratava. E seus discípulos o compreenderam perfeitamente,
porque, enquanto o seguiam, observaram como ele procedia. Podemos ver o maravilhoso resultado disso nos primeiros estágios
da formação da comunidade cristã. Os discípulos de Jesus não
estavam preocupados com a liturgia, nem com a tradição, nem
com estratégias de expansão, mas com o simples poder de estabelecer relacionamentos inspirados em Deus, tanto com pessoas
da mesma fé quanto com as que ainda se debatiam com os problemas deste mundo.
Os primeiros cristãos não se viam como uma instituição, mas
como uma família. A igreja não era um lugar aonde eles iam,
mas um modo de viver em torno do Pai, com Seus outros filhos.
De fato, eles estenderam a todas as pessoas o amor que compartilhavam uns com os outros. Aconteceu exatamente o que Jesus
havia previsto: eles eram filhos de Deus num mundo hostil.
Todos se espantavam com o amor que existia entre as primeiras comunidades cristãs. O modo como se relacionavam fazia os
outros exclamarem: “Vejam como eles se amam!” Foi isso que
transformou o mundo. Quando os apóstolos contaram sobre o
modo de viver dos primeiros cristãos, falaram pouco sobre sua
organização ou seus encontros. Em vez disso, escreveram sobre
seus relacionamentos e sobre a alegria de tratar um ao outro da
mesma forma que Jesus os tratara.
Encontram-se espalhados pelo Novo Testamento textos de
solidariedade que definem suas vidas juntos. Muitos são repetidos várias vezes, mas há 22 referências específicas à vida em
comunidade dos apóstolos, onde são usadas as expressões “uns
aos outros” e “uns com os outros”. Ao longo dessas páginas vamos examinar cada uma dessas referências e sentir a alegria e a
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liberdade que a redescoberta da arte perdida da solidariedade
nos traz.
Uma vida centrada nos outros
Se você tem amigos capazes de se preocupar com os outros,
sabe como eles são raros e preciosos. Esses amigos se interessam
por você sem segundas intenções. A preocupação deles não está
ligada a interesses ou objetivos pessoais. A atenção deles não pede
nada em troca, e eles se alegram pelo simples fato de vê-lo feliz.
Eles abrem suas próprias vidas como um livro e deixam que você
o leia livremente. Você nunca precisa se preocupar com o que
estão pensando, porque eles vão ser francos e dizer exatamente
o que é. Com eles você vai se sentir seguro e não vai precisar fingir. Podem dar conselhos, mas nunca exigirão que você os siga.
Eles lhe darão liberdade para discordar e terão flexibilidade para
aceitar que você faça as coisas ao seu modo, sem que isso comprometa o afeto que sentem por você.
Com o maior desprendimento, esses amigos tirariam a roupa
do corpo para lhe dar se você precisasse, mas nem sempre lhe darão o que você quer. Sabem de seus erros, celebram seu desejo de
evoluir e farão tudo para ajudar. Vocês podem passar meses ou
anos sem se ver, mas quando se reencontrarem vão sentir como
se nunca tivessem se separado. Se eles disserem que vão rezar por
você, pode ter certeza de que o farão. Nos piores momentos, vão
estar ao seu lado. Mesmo que faltem palavras, a presença deles o
confortará.
Amizades assim têm sua origem no coração de Deus. Só é capaz de amar assim quem se sentiu profundamente amado por
Deus. Descubra o poder do Seu amor e você nunca mais estará
sozinho.
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Questões para discussão
1. Pense em alguns dos relacionamentos mais importantes
que você já teve na vida (sem considerar seus parentes próximos). Fale brevemente sobre uma dessas pessoas e conte
o que tornou essa relação tão especial.
2. Pense em alguma situação nesse relacionamento que revele o que você mais valoriza nessa pessoa. O que essa situação fez você compreender sobre a amizade?
3. Registre o que seu grupo aprendeu sobre os atributos da
amizade por meio dessas histórias.
4. Como essas histórias refletem as maneiras como Deus expressou Seu amor por você? Quais delas você gostaria de
viver em seus relacionamentos com outros cristãos?
As sugestões para facilitar a dinâmica de um grupo pequeno estão no apêndice da página 135.
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CONHEÇA OUTRO TÍTULO DO AUTOR
DEUS ME AMA
Wayne Jacobsen
Se nossa vida religiosa parece um vazio e se não temos certeza
do amor de Deus nos momentos em que mais precisamos, está
na hora de entender o significado do amor divino – um amor
profundo, libertador, sem limites e imposições.
Muitas pessoas acreditam que precisam viver de acordo com
as Leis de Deus para receberem Seu amor. Então seguem em uma
busca desesperada pela perfeição, impondo-se metas inalcançáveis, que as deixam frustradas e sem esperanças.
Outras levam para a vida religiosa a regra da “troca de favores” que aprendemos desde a infância. Ou seja, esforçam-se para
agradar a Deus, acreditando que assim terão suas preces atendidas. E, quando alguma coisa não dá certo, acham que não se
empenharam o suficiente. E há ainda aqueles que se dedicam a
atividades religiosas e à prática do bem apenas para tentar se livrar do sentimento de culpa.
Nesse livro inspirador, Jacobsen mostra como podemos evitar essas atitudes equivocadas e entender o que Deus realmente
espera de nós. Por vezes, ficamos tentados a pedir a Deus o que
julgamos mais conveniente. Mas o autor nos mostra que, somente confiando em Sua sabedoria e deixando que Ele decida o que
é melhor para nossas vidas, encontraremos o caminho para viver
na plenitude de Seu amor.
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CONHEÇA OUTROS TÍTULOS DA EDITORA SEXTANTE
LAÇOS DE AMIZADE
Wes Yoder
Laços de amizade é um livro singular, que tem a coragem de
abordar assuntos geralmente excluídos das conversas masculinas, como medo, culpa, vergonha, perdão, desilusão e fracasso.
As coisas sobre as quais os homens não falam revelam sua
verdadeira identidade. O diálogo masculino geralmente gira em
torno de esportes, trabalho, política e mulheres, numa superficialidade que esconde o que realmente se passa em seu coração.
Como eles podem estabelecer amizades sinceras se não se
abrem uns com os outros, não trocam experiências, não falam
sobre o que sentem?
Esse distanciamento que os homens criaram têm consequências profundas. Por não exteriorizarem seus sentimentos, tornam-se calados e amargurados, o que afeta sua relação com a
família, com Deus e com eles mesmos.
Em Laços de amizade, Wes Yoder aborda esse tema com leveza,
convidando os homens a descobrirem os motivos que os levaram
ao silêncio, ao mesmo tempo que oferece caminhos para que reencontrem sua voz.
Com um texto leve e em tom confessional, o autor levanta
questões provocadoras para ajudar os homens a se livrarem de
suas máscaras, assumirem sua identidade e abrirem o coração
para a presença transformadora da amizade.
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DEUS ESTÁ COMIGO
Rosa Almada
Quando queremos mudar uma situação ou encontrar a solução para um problema, geralmente pedimos a Deus que guie
nossos pensamentos e ilumine nossos caminhos.
Mas, no fundo, talvez não tenhamos consciência do incrível
poder que a oração tem sobre a nossa vida. Enquanto fazemos
nossas preces, entramos em contato com nossos verdadeiros
anseios, organizamos os pensamentos e passamos a enxergá-los
com mais clareza e objetividade.
Foi refletindo sobre essa força transformadora que Rosa Almada teve a ideia de escrever esse livro.
Deus está comigo traz dezenas de orações para todos os momentos, com o objetivo de nos ajudar a entrar em sintonia com a
centelha divina que existe em cada um de nós.
Por meio das preces reunidas nessa obra, aprendemos a usar
a fé não apenas para pedir orientação, mas, principalmente, para
encontrar dentro de nós a força necessária para dar o primeiro
passo.
Não importa se nosso desejo é mudar de vida, resolver um
problema ou encontrar a paz espiritual, Deus sempre estará ao
nosso lado. Mas lembre-se: Ele apontará a direção, porém o caminho deve ser trilhado por nossos próprios pés.
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CONHEÇA OS CLÁSSICOS DA EDITORA SEXTANTE
1.000 lugares para conhecer antes de morrer, de Patricia Schultz
A História – A Bíblia contada como uma só história do começo ao
fim, de The Zondervan Corporation
A última grande lição, de Mitch Albom
Conversando com os espíritos e Espíritos entre nós, de James Van
Praagh
Desvendando os segredos da linguagem corporal e Por que os
homens fazem sexo e as mulheres fazem amor?, de Allan e
Barbara Pease
Enquanto o amor não vem, de Iyanla Vanzant
Faça o que tem de ser feito, de Bob Nelson
Fora de série – Outliers, de Malcolm Gladwell
Jesus, o maior psicólogo que já existiu, de Mark W. Baker
Mantenha o seu cérebro vivo, de Laurence Katz e Manning
Rubin
Mil dias em Veneza, de Marlena de Blasi
Muitas vidas, muitos mestres, de Brian Weiss
Não tenha medo de ser chefe, de Bruce Tulgan
Nunca desista de seus sonhos e Pais brilhantes, professores
fascinantes, de Augusto Cury
O monge e o executivo, de James C. Hunter
O poder do Agora, de Eckhart Tolle
O que toda mulher inteligente deve saber, de Steven Carter e Julia
Sokol
Os segredos da mente milionária, de T. Harv Ecker
Por que os homens amam as mulheres poderosas?, de Sherry
Argov
Salomão, o homem mais rico que já existiu, de Steven K. Scott
Transformando suor em ouro, de Bernardinho
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INFORMAÇÕES SOBRE
OS PRÓXIMOS LANÇAMENTOS
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Amar o próximo - Livraria da Travessa