Sessão Solene - 25.ABRIL.2011 Intervenção da Bancada da CDU Senhor Presidente da Assembleia Municipal Senhor Presidente da Câmara Municipal Senhores Autarcas Minhas Senhoras e Senhores Estamos aqui hoje para assinalar os trinta e sete anos do 25 de Abril de 1974. E nesta data, podíamos contar trinta e sete histórias passadas e vividas nestes trinta e sete anos, histórias que tiveram personagens e que têm rostos, alguns, autênticos intérpretes de opereta. Tem todo o cabimento, neste tempo que vivemos, recordar as palavras que o Capitão Salgueiro Maia dirigiu aos seus soldados, na noite de 24 de Abril de1974, quando reuniu os 240 soldados que comandou até Lisboa: «Meus senhores, como todos sabem, há diversas modalidades de Estado. Os Estados sociais, os corporativos e o estado a que chegámos». E o livro «Capitão de Abril», onde estão compilados vários escritos seus, termina afirmando: «...não acreditando em democracias musculadas nem no sebastianismo, resta-nos, na orgulhosa situação de implicados no dia 25 de Abril de 1974, criticar os muitos que pagam o idealismo e a generosidade dos Capitães de Abril com o mesmo comportamento que caracterizou o regime nascido em 28 de Maio (de 1926): - a corrupção; - a incompetência; - o compadrio; - o circo do Poder. Até quando?» Fim de citação. Histórias que a História registará, para que os nossos filhos e netos venham a conhecer com verdade e rigor, quem foi quem, quem serviu ou se serviu e abusou da falta de informação e de esclarecimento, quem escondeu e ocultou intencionalmente a 1 realidade atrás de mentiras e falsas promessas nunca cumpridas, para iludir os mais simples e incautos. Como muitas mais histórias passadas podiam ser contadas, vividas e sofridas até à chegada do Dia da Liberdade e que para essa data muito contribuíram através das lutas até então desenvolvidas por verdadeiros e autênticos lutadores que fizeram e ainda fazem das suas vidas combates diários e permanentes, em favor do próximo, por uma vida melhor para todo o Povo Português. Muitos ficaram pelo caminho, torturados ou assassinados ao longo da sua caminhada de luta contra aquilo que foi a nossa tragédia durante os cerca de cinquenta anos do fascismo, que apelidavam de "estado novo", outros envergonhadamente chamam de "antigo regime" ou "anterior regime". O 25 de Abril, através do Programa do Movimento das Forças Armadas - cujos autores daqui saudamos vivamente e lembramos, particularmente aqueles que já não estão entre nós - prometeu-nos os desejados TRÊS D's, pormenorizando, para quem já não se recorde, eventual ou intencionalmente pretenda ocultar, DEMOCRACIA, DESCOLONIZAÇÃO e DESENVOLVIMENTO. Da Democracia, parcialmente, estamos servidos. Aqui estamos reunidos, podemos manifestar-nos falar mais ou menos livremente, podemos eleger e ser eleitos; mas a democracia cultural ainda é vivida com restrições, e se não fossem as iniciativas culturais proporcionadas pelas Autarquias, o interior do País continuaria numa total e vil tristeza. O mesmo acontece socialmente e quanto à ausência de democracia económica, são muitas centenas de milhar de cidadãos, aqueles que nas ruas deste País clamam por ela e a exigem, numa luta persistente e continuada. Da Descolonização, apesar de nem tudo ter corrido da melhor forma, no que teremos de concordar que seria tremendamente difícil, tendo em conta as condições vividas na altura, e no tempo que se lhe seguiu, desde logo desigual nas várias colónias, podemos naturalmente estar de acordo em que recolhemos um saldo altamente positivo. 2 Hoje são cinco os novos países, mais ou menos estabilizados, onde se fala a nossa língua. Sobre o terceiro "D", nos trinta e sete anos passados e especialmente neste período que estamos a viver, muito podemos e devemos questionar e muitas perguntas se nos colocam. Como pode um país pequeno como o nosso, alguma vez progredir e desenvolver-se sem uma verdadeira estratégia de desenvolvimento, ter esbanjado "milhões de milhões'' de Euros em betão, ter liquidado a nossa agricultura, pagando chorudos subsídios a agricultores para não produzirem, e aos pescadores para abaterem a nossa frota pesqueira, ter desbaratado o importante sector da construção naval e de material circulante, permitir tacitamente o desinteresse da Justiça face à corrupção galopante, permitir a fuga de vultosos movimentos de capitais através das "offshores" e da especulação de capitais, desenvolvendo, ao contrário, uma atenção persecutória junto dos pequenos comerciantes e da população mais pobre? Como é possível pertencermos a uma União Europeia em que um dos seus apregoados pilares", a "Coesão Social", seja pura e simplesmente, letra morta ao longo dos anos? Agora, andam por aí uns ditos "comentadores" para quem uma das grandes causas da nossa Crise, são as Autarquias Locais; para eles, há muitas câmaras municipais e demasiadas juntas de freguesia; esquecem e encobrem, o reduzido valor que o Poder Central transfere para as autarquias e o seu contributo, para o desenvolvimento regional e local e o apoio e combate ao desemprego. Mas ocultam os valores e o desperdício, com a existência de cerca de 14.000 institutos, fundações e outras organizações do mesmo tipo, algumas fictícias e que não prestam contas a ninguém sobre a aplicação dos muitos milhões que recebem do erário público. Neste momento, gostaríamos de saudar todos os eleitos autárquicos do nosso Concelho e em simultâneo, formalizar um desejo sincero: que apesar das nossas diferenças de pontos de vista, na lógica do que é - e tem de ser - o funcionamento dos Órgãos do Poder Local Democrático, consigamos compreender que estamos aqui, com a obrigação e o dever de deixarmos aos que nos elegeram e aos que se nos seguirão, um Concelho 3 do Crato MELHOR. Para o Senhor Presidente da Assembleia Municipal, uma saudação pela forma como tem dirigido o Órgão Deliberativo deste Concelho, dentro e fora das suas reuniões e pela participação que nos proporciona a todos os seus membros, através duma informação completa e que sempre nos é distribuída, duma maneira aberta e integral, sobre todas as situações e em todos os momentos, chegando a dar-nos a sensação de que as suas funções de Presidente da Assembleia Municipal do Crato são exercidas a tempo inteiro. Saudamos igualmente o Executivo Camarário e se me permitem, duma forma muito especial, o Senhor Presidente da Câmara. Já ouvimos, vezes demais, serem-lhe dirigidas injúrias, ofensas e ataques que ultrapassam de todo o normal e saudável nível da crítica. Até há quem pretenda atingi-lo, acusando-o de ir às festas, convívios e romarias nas freguesias. Por vezes, não sabemos bem se nesses ataques que alguns – poucos - lhe fazem, o tom usado resulta de algum sentimento de inveja da sua postura sociável, se da gestão ética e transparente que a Câmara Municipal está a realizar. Nós sabemos que o Senhor e os membros do Executivo em regime de permanência, vão a essas manifestações porque gostam, sempre que lhes é possível, de estarem junto da população do Concelho e esta gosta de os ver por perto. A gente simples do Concelho do Crato gosta dos seus, de quem luta e se esforça pela solução dos problemas e de quem a trata com respeito e honestidade, sem mentiras ou falsas promessas. Bem-haja, senhor Presidente! VIVA O 2 5 DE ABRIL! Crato, 25 de Abril de 2011. Pelo Grupo Eleito pela CDU na Assembleia Municipal do Crato, Rui Matos Dias. 4