AVALIAÇÃO DO IMPACTO DA IMPLANTAÇÃO DA GRATUIDADE PARA PESSOAS COM DEFICIÊNCIA SOBRE A TARIFA DE ÔNIBUS: UM ESTUDO DE CASO NO MUNICÍPIO DE FORTALEZA Calina Barros de Oliveira Mont’Alverne – Ph.D em Economia Viviane Fernandes Lima – Especialista em Engenharia Urbana Daniel Lustosa Mendes de Sousa –Mestre em Transporte José Ademar Gondim Vasconcelos – Mestre em Transporte ABSTRACT: De acordo com o Censo de 2000 a maior proporção das pessoas com deficiência se encontra no Nordeste (16,8%) e a menor no Sudeste (13,1%). Entre os estados brasileiros de maior ocorrência de pessoas com deficiência, estão Paraíba, com 18,76%, Rio Grande do Norte, com 17,64%, Piauí com 17,63%, Pernambuco com 17,4 e Ceará com 17,34%. Fortaleza conta atualmente com a estimativa de 292 mil pessoas com deficiência, o que significa quase 15 por cento da população. Dentro deste panorama, desenvolveu-se um estudo com o objetivo de estimar os impactos que a implementação da gratuidade poderia acarretar no valor da tarifa de ônibus, para que o Poder Público do Município de Fortaleza tenha todas as informações necessárias para indicar as possíveis fontes de custeio no texto da futura legislação a ser elaborada para este fim, com o objetivo de tentar evitar que o custo da implantação desta gratuidade seja repassado para a população. Para a elaboração dos cenários propostos, considerou-se que seriam atendidos um percentual da população de pessoas com deficiência que possuem baixo nível de renda, ou seja, aquelas que realmente necessitariam do transporte público para a realização de seus deslocamentos urbanos. Deste modo, este estudo levou em consideração os seguintes cenários: a) cenário 1 - implantação da gratuidade para pessoas com deficiência pré-cadastradas e implantação de um serviço regular acessível, composto por uma demanda de 18,382 pessoas que realizam 2 viagens por dia, e uma adaptação de 463 veículos a um custo de R$ 10,000.00 cada; b) cenário 2 – implantação de gratuidade para pessoas com deficiência pré-cadastradas e seus acompanhantes, através da implantação de um serviço regular acessível, composto por uma demanda de 24,798 pessoas que realizam 2 viagens por dia e uma adaptação de 463 veículos a um custo de R$ 10,000.00 cada; c) cenário 3 – mesmas características do cenário 1 considerando-se o mesmo número de pessoas com o mesmo número de viagens, mas apenas considerando a implantação de 65 veículos a um custo de R$ 10,000.00 cada; d) cenário 4 - mesmas características do cenário 2 considerando-se o mesmo número de pessoas com o mesmo número de viagens, mas apenas a implantação de 65 veículos a um custo de R$ 10,000.00 cada; e) cenário 5 – considerar apenas a aquisição de 463 veículos novos a um custo de R$ 241,474.19, sem considerar as gratuidades sobre o valor da demanda de passageiros. Em virtude deste estudo, verificou-se que em todos os cenários a isenção de pagamento por parte das pessoas com deficiência e a de seus acompanhantes, geraria um impacto considerável no valor da tarifa e uma diferença de arrecadação nas empresas operadoras do Sistema de Transporte Público de Passageiros de Fortaleza – STTP-FOR. Cabe ressaltar, que para que este estudo fosse elaborado com o máximo de informações confiáveis e que fosse evitado possíveis distorções, o trabalho foi desenvolvido em parceria com o Grupo de Trabalho de Acessibilidade da ETTUSA. Portanto, com o intuito de analisarmos num futuro próximo a viabilidade de garantir outras formas de gratuidade a pessoas com deficiência ao sistema de transporte, como por exemplo, o sistema de vans, este estudo se tornou extremamente importante para a implantação de outros tipos de serviços e que possa garantir que os usuários do sistema de transporte de Fortaleza continuem pagando pelo serviço uma tarifa justa e que as empresas operadoras continuem sendo remuneradas adequadamente pelo serviço prestado à população de nosso município. KEY WORDS: Gratuidade, Pessoas com Deficiência, Tarifa