Direito Administração Ciências Contábeis 2014 JORNAL DAS FACULDADES MILTON CAMPOS • N.ª° 175 • ANO XX • 2014 Homenagem a Sálvio de Figueiredo reúne mundo jurídico em sessão na Milton Campos Maio As Faculdades Milton Campos, a Academia Mineira de Letras Jurídicas e o Instituto dos Advogados de Minas Gerais (IAMG) prestaram no último dia 5 de maio grande homenagem ao ex-ministro do Superior Tribunal de Justiça Sálvio de Figueiredo Teixeira, falecido em 2013. Um dos fundadores do Centro Educacional de Formação Superior (Cefos), entidade mantenedora da Milton Campos, Sálvio de Figueiredo teve fértil carreira na magistratura e no magistério, criando ou colaborando para criar diversas instituições de formação jurídica. A Milton Campos inaugurou um Espaço Cultural com seu nome na biblioteca do Campus II, onde estão deposi- tados cerca de 10 mil livros doados por ele. Além da inauguração do Espaço Cultural, a homenagem constou de sessão solene, que teve como orador oficial o ministro Adhemar Ferreira Maciel, e entrega pelo Instituto dos Advogados de medalhas a seis personalidades de destaque do meio jurídico mineiro. A solenidade contou com a presença de desembargadores, juízes, advogados, promotores e servidores do Judiciário, muitos dos quais exalunos do ministro. Cobertura completa nas páginas 3, 4 e 5 Congresso debateu possíveis mudanças no novo CPC Especialistas de todo o país debateram na Faculdade de Direito Milton Campos, no início de abril, as novas disposições previstas no projeto do Código de Processo Civil, em tramitação no Congresso Nacional. Organizado pelo departamento de Direito Processual Civil e pelo Dacon, sob a coordenação dos professores Caetano Levi e Suzana Cremasco, o Congresso foi considerado grande sucesso pelos participantes, inserindo a Milton Campos nesse importante debate. Página 8 2 2 67 Fórum debateu plano diretor de Nova Lima com a comunidade CPA usa nova metodolodogia para avaliação da faculdade Artigo debate papel do CNJ e a dignidade humana Contratos na computação em nuvens são discutidos E x T E N S ã o Forum e Observatório ampliam integração da MC com Nova Lima J O R N A L D A S FA C U L D A D E S M I LT O N C A M P O S • N . 1 7 5 • M A I O / 2 0 1 4 HENRIqUE bEDETTI* A Faculdade de Direito Milton Campos, consciente do papel sócio educacional que desempenha, realizou nos dias 8, 9 e 10 de abril o Fórum Mineiro de Direito Urbanístico e Ambiental, para discussão do fenômeno da expansão urbana e ocupação dos solos. O evento contou com a participação de representantes do poder público, sociedade civil, professores e especialistas em direito urbanístico, ambiental e condominial, que debateram as seguintes questões: reforma do Plano Diretor do Município de Nova Limae eventuais repercussões sociais; preservação de biomas e licenciamento ambiental; destinação dos resíduos da construção civil, domiciliar, industrial e hospitalar; utilização de meios alternativos de solução de controvérsias em matéria ambiental; e papel do Ministério Público na resolução de conflitos urbanísticos e ambientais. Após a enriquecedora discussão promovida, realizou-se,no dia 11 de abril, a primeira reunião para a fundação do Observatório Milton Campos, programa de ensino, representantes das Associações citadas a fim de promover trabalho educacional que beneficiará tanto a Instituição quanto a sociedade civil. Evidencia-se, por fim, que a concretização de tais eventos apenas corrobora o compromisso institucional da Faculdade de Direito Milton Campos com a academia e com a comunidade novalimense.• pesquisa e extensão com foco nos processos de ocupação territorial, mobilidade urbana e intermunicipal, habitação, licenciamento para mineração, enfim conflitos urbanísticos e ambientais da APA-Sul Nova Lima. Estavam presentes na reunião os representantes das Associações dos bairros Paulo Gaetani, Parque Aurilândia, Ouro Velho e Vila São Luiz, sendo franqueada a palavra a cada representante para expor, brevemente, os principais problemas comunitários. Na oportunidade, convencionou-se que, em data próxima, realizar-se-á encontroconjunto da comunidade acadêmica da Faculdade de Direito Milton Campos e A v A l *PELA EqUIPE ORgANIzADORA DO FóRUM MINEIRO DE DIREITO URbANíSTICO E AMbIENTAL E DO ObSERvATóRIO MILTON CAMPOS DE CONFLITOS URbANíSTICOS E AMbIENTAIS DA APA-SUL NOvA LIMA. i A ç ã o CPA inovou em metodologia para apresentação de relatório F A C U l D A D E S M i l T o N C A M P o S A Faculdade do seu tempo. DIRETORA DA FACULDADE DE DIREITO: Prof.ª Lucia Massara • VICE-DIRETOR: Prof. Marcos Afonso de Souza • DIRETOR DA FACULDADE DE ADMInISTRAçãO: Prof. Jorge Lasmar •VICE-DIRETOR: Prof. Vicente de Paula Mendes • DIRETOR EM ExERCíCIO: Prof. Carlos Alberto Rohrmann • SECRETáRIO: Prof. Décio Fulgêncio Alves da Cunha • ASSESSORIA DE COMUnICAçãO: GM3 Comunicação e Consultoria • EDITOR RESPOnSáVEL: Manoel Marcos Guimarães (JP 1587/MG) • EDIçãO, PROJ. GRáFICO e DIAGRAMAçãO: Communicatio (31) 3286-1422 • TIRAGEM: 7,5 mil. As Faculdades são uma instituição de ensino superior, de natureza privada, sem qualquer vínculo com órgão público, tendo como entidade mantenedora a Sociedade Civil denominada Centro Educacional de Formação Superior (Cefos). PRESIDEnTE: Prof. José Barcelos de Souza• SECRETáRIO: Prof. Haroldo da Costa Andrade • DIR. FInAnCEIRO: Prof. Osmar Brina Corrêa Lima e-mail: [email protected] Home page - http:// www.mcampos.br Tel.: (31) 3289-1900 • CAMPUS I - Rua Milton Campos, 202 • CAMPUS II - Alameda da Serra, 61 Bairro Vila da Serra - nova Lima - MG Caixa Postal 3268 - Cep 30140-970 - BH A Comissão Própria de Avaliação (CPA) da Faculdade de Direito Milton Campos utilizou a metodologia SWOT para apresentar o relatório final dos trabalhos desenvolvidos em 2013, durante reunião com o presidente do Cefos, professor José Barcelos de Souza, e com a diretora da Faculdade, professora Lucia Massara, em abril último. Segundo o coordenador CPA, professor Paulo Tadeu Righetti Barcelos, “o relatório foi inovador em relação aos anteriores com o intuito de mensurar os pontos frágeis e fortes da instituição, assim como delinear suas potencialidades”. O relatório da CPA observou o aumento do investimento na infraestrutura da faculdade com a aquisição de novos equipamentos multimeios e substituição de todos os computadores do laboratório de informática, além de efetivar a política de acessibilidade na instituição de ensino. Observou-se também maior necessidade de comunicação entre os setores da faculdade, além de aumentar a divulgação das atividades desenvolvidas por cada um. O coordenador ressalta que a CPA é um órgão interno de avaliação, independente e autônomo, que, além de fiscalizar, tem a função de propor melhorias em prol da comunidade acadêmica. A íntegra do relatório pode ser consultada no endereço: www.mcampos.br, no item “CPA”, no menu esquerdo do sítio.Todos os membros da CPA estão à disposição de comunidade acadêmica para os esclarecimentos necessários na sala 311 ou pelo e-mail [email protected]• Comissão entregou relatório ao presidente do Cefos, professor José Barcelos de Souza R E C o N h E C i M E N T o P ú b l i C o RODRIgO zAvAgLI Fotos: Sérgio Falci Foi inaugurado em 5 de maio último o Espaço Cultural Ministro Sálvio de Figueiredo Teixeira na Biblioteca do Campus II das Faculdades Milton Campos. O evento foi marcado pelo descerramento de placa e por solenidade no auditório, onde foram prestadas homenagens ao ministro e jurista, falecido em 2013, e à sua família, além da entrega da Medalha Sálvio de Figueiredo pelo Instituto dos Advogados de Minas Gerais a grandes nomes da área jurídica mineira. A sessão foi promovida em conjunto pelas Faculdades Milton Campos, pelo Instituto dos Advogados de Minas Gerais (IAMG) e pela Academia Mineira de Letras Jurídicas e contou com a presença de inúmeras personalidades do mundo jurídico, entre desembargadores, juízes, advogados, membros do Ministério Público e servidores, muitos dos quais ex-alunos do homenageado. Compuseram a mesa de honra o filho e a viúva de Sálvio, Vinícius e Simone da Figueiredo; a diretora da Faculdade de Direito Milton Campos, Lucia Massara; o ministro aposentado do STJ Adhemar Ferreira Maciel, orador oficial; o ministro João Otávio de Noronha, representando o presidente do STJ, ministro Félix Fischer; o presidente do Instituto dos Advogados de Minas Gerais (IAMG), Luís Ricardo Gomes Aranha; o presidente da Academia Mineira de Letras Jurídicas, Aristóteles Atheniense; o juiz Bruno Terra Dias, representando a Amagis; Alexandre Miserani, representando o presidente do Centro Educacional de Formação Superior (Cefos), José Barcelos de Souza; o diretor da Faculdade de Admi- nistração Milton Campos, Carlos Alberto Rohrmann; e o advogado José Anchieta da Silva, ex-presidente do IAMG. A cerimônia foi iniciada com a execução do hino nacional brasileiro pelo Quarteto de Cordas da Orquestra Sinfônica da PMMG, seguindo-se pronunciamento da diretora Lucia Massara, que destacou a justiça da homenagem e “os nobres sentimentos que permearam a vida de Sálvio de Figueiredo Teixeira”. Em seguida, fizeram pronunciamentos o ministro Adhemar Ferreira Maciel e os presidentes da Academia Mineira de Letras Jurídicas e do IAMG. O filho do ministro Sálvio, Vinícius de Figueiredo, encerrou os pronunciamentos com um agradecimento à homenagem prestada, destacando os ensinamentos do pai e do orgulho de suas conquistas como Autoridades e familiares compuseram a mesa diretora da solenidade, que contou com a presença de grande número de exalunos e colegas do homenageado. magistrado. Todos os depoimentos dos presentes revelaram muito carinho, estima e admiração por Sálvio de Figueiredo e por seu trabalho desenvolvido a favor do Direito e da Educação do País. Agraciados Durante a solenidade, o Instituto dos Advogados de Minas Gerais premiou com sua Comenda Oficial seis personalidades de diversas áreas do Direito que se destacaram em 2013: Sacha Calmon Navarro Coelho, na categoria Magistério Jurídico; Geraldo Rogério de Souza, na categoria Magistratura; Felipe Dias Falles Gomes Pinto, como Delegado de Polícia; Obregon Gonçalves, categoria Advogado; Marcelo de Oliveira Milagres, Ministério Público; e Heloísa Monteiro de Moura Esteves, por sua atuação como servidora da Justiça. Em sua sétima edição, a Medalha do IAMG excepcionalmente este ano recebeu o nome de Medalha Ministro Sálvio de Figueiredo, como forma de homenagem e como parte das comemorações do centenário do instituto, comemorado em 2014. Um discurso de Obregon Gonçalves em nome dos premiados encerrou a condecoração. (Leia mais nas páginas 4 e 5) J O R N A L D A S FA C U L D A D E S M I LT O N C A M P O S • N . 1 7 5 • M A I O / 2 0 1 4 Espaço Cultural e entrega de medalhas marcam homenagem ao ministro Sálvio de Figueiredo h o M E N A g Pronunciamentos destacaram amizade e dedicação à magistratura e à educação Todos os pronunciamentos durante a solenidade enfatizaram a carreira do ministro Sálvio de Figueiredo, seu dinamismo, sua dedicação ao magistério, seu bom humor e sua paixão pelo Clube Atlético Mineiro. A seguir breves resumos das falas. Ministro Adhemar Ferreira Maciel “O amigo de mil faces” J O R N A L D A S FA C U L D A D E S M I LT O N C A M P O S • N . 1 7 5 • M A I O / 2 0 1 4 Fotos: Sérgio Falci Amigo de Sálvio de Figueiredo, o ministro aposentado do STJ Adhemar Ferreira Maciel foi o responsável pelo pronunciamento oficial de homenagem. De forma descontraída, lembrou da amizade e sobre os anos em que trabalharam juntos: “Hoje, exatamente hoje, 5 de maio de 2014, o ministro Sálvio estaria completando 75 anos de idade. Fui o escolhido para falar por uma razão muito simples: ser membro da Academia e ter privado da amizade e da confiança do ministro Sálvio por meio século. Parodiando a ‘toada’ de Guimarães Rosa, diria que ‘Sálvio, são muitos. Porém, são poucos aqueles que conhecem suas mil faces’”. O ministro Adhemar também recordou de entrevista que uma amiga gravara com Sálvio, em que ele conta um pouco de sua história. Um trecho da entrevista foi exibido para os presentes na solenidade. Por fim, fez questão de reverenciar a personalidade do amigo e exaltar a home- Lucia Massara “Sentimentos nobres” A diretora da Faculdade de Direito Milton Campos abriu os pronunciamentos citando Sálvio de Figueiredo para descrevêlo: “Sou de uma terra onde o povo, além de amar a liberdade, cultiva lendas e tradições (...) e se emociona com gestos de bravura e momentos tangidos pela musicalidade dos acordes do coração, sobretudo quando emoldurados pelos sentimentos mais nobres da alma humana.” De acordo com Massara, Sálvio era uma pessoa íntegra, de “nobres sentimentos, e amigo de todos nós”. A diretora também fez questão de recordar a participação do Ministro como um dos fundadores da faculdade e sua participação para os rumos da Instituição: “A Faculdade Milton Campos teve o Ministro Sálvio como um de seus 24 fundadores. Durante boa parte da sua vida, quando estava na ativa como juiz, sempre nos trouxe prestígio e, especialmente, sua inteligência para que sempre conseguíssemos trilhar caminhos acertados”. Ao final do pronunciamento, ela agradeceu Sálvio e sua família, presente no evento, pelo acervo de obras herdado pela faculdade, que propiciou a inauguração do novo espaço no Campus. nagem a ele: “Um traço marcante de sua personalidade estava na disposição em ajudar a todos que cruzassem seu caminho. Eu mesmo sou imensamente grato a ele. Menos de uma semana antes de seu falecimento, em 15 de fevereiro de 2013, conversamos longamente por telefone. Ele me cobrou mais uma vez a publicação de um livro que eu começara a escrever quando ainda estava no STJ. Sálvio disse: ‘Não se preocupe em ganhar dinheiro na advocacia. O livro é a semente que fica’”. Uma rica carreira de magistrado e professor Sálvio de Figueiredo (1939-2013) construiu uma rica carreira jurídica, se iniciando como Juiz de Direito titular das comarcas de Passa Tempo, Sacramento, Congonhas do Campo, Betim e Belo Horizonte. Foi juiz do Tribunal de Alçada de Minas Gerais entre 1979 e 1984 e desembargador do TJMG entre 1984 e 1989. Tornou-se neste ano Ministro do Superior Tribunal de Justiça (STJ), foi corregedor geral da Justiça Eleitoral em 2002 e vice-presidente do STJ em 2004, entre outros cargos. Sálvio também foi um dos fundadores do Cefos, entidade mantenedora das Faculdades Milton Campos, professor da Universidade Federal de Minas Gerais, membro da Academia Brasileira de Letras Jurídicas e um dos idealizadores da Escola Judiciária Eleitoral, do projeto que instituiu a Escola Nacional de Formação e Aperfeiçoamento de Magistrados (Enfam). Ele é nacionalmente reconhecido por sua enorme contribuição para o aprimoramento da educação jurídica do país. E M M A S á l v i o “Fortalecimento da cidadania” Aristóteles Atheniense abriu seu pronunciamento relembrando sua fala de agradecimento ao ingressar na Academia Mineira de Letras Jurídicas, há cinco anos, quando reproduziu uma fala de Sálvio sobre a magistratura. Para Atheniense, o homenageado sempre se empenhou em demonstrar que nunca é tarde para somar esforços com vistas à transformação da sociedade: “Na sua concepção de magistrado, o juiz não pode mais aquietar-se, passivamente, ante a realida- de que está a exigir-lhe postura ativa e comprometida com o fortalecimento da cidadania.” Encerrando, Atheniense exaltou os agraciados com a Medalha pelo Instituto dos Advogados de Minas Gerais e afirmou que a maneira mais autêntica de cultuar a memória de Sálvio é “manter a Faculdade de Direito Milton Campos, da qual ele é cofundador, implicada na defesa do Estado Democrático de Direito, na luta pela independência econômica e a soberania da nação”. Luiz Ricardo Aranha “O amor pelo galo” Luiz Ricardo Aranha iniciou seu pronunciamento contando histórias de Sálvio de Figueiredo Teixeira e lembrando do amor do Ministro pelo Clube Atlético Mineiro, de quando se conheceram e da amizade que construíram. Em seguida, falou sobre a participação do Instituto dos Advogados de Minas Gerais na solenidade “Todo ano escolhemos entre nossos associados os melhores advogados em diversas categorias. O Instituto tem uma satisfação muito grande de participar desta solenidade, e, através dela, entregar as medalhas a grandes juristas de Minas Gerais, no ano do centenário do IAMG, que será muito comemorado”. Obregon Gonçalves Vinícius de Figueiredo “Um sábio juiz” “Um grande legado” O filho do ministro foi o último a discursar e abriu seu pronunciamento lembrando dos ensinamentos do pai e citando o legado que deixa para os magistrados e para todos que acompanharam seu trabalho de perto: “O Sálvio foi um grande jurista, um grande professor e um grande pai. Mas acho que o maior mérito dele foi conseguir arregimentar pessoas com os mesmos ideais, que também desejavam fazer algo para o país. Ele conseguiu trazer mudanças significativas para a magistratura e foi fundamental para a educação jurídica do País. Prova disso está no número de Instituições, espaços e premiações com o nome dele.” “E hoje estamos aqui prestando essa homenagem a ele, e não posso deixar de pensar que, ao fazer esse agradecimento a todos vocês pela presença e pela amizade, temos que continuar levando adiante os sonhos e princípios do meu pai. Com toda minha sinceridade, muito obrigado a todos”, concluiu. O advogado Obregon Gonçalves discursou em nome dos condecorados com a Medalha Ministro Sálvio de Figueiredo e abriu o pronunciamento homenageando o Ministro: “É um momento de grande satisfação, porque estamos dando à figura de um grande jurista, um sábio juiz e um dedicado Placa preserva memória educador o destaque que ele tanto fez por merecer. Certa vez, a ministra Eliana Calmon nos falou que ‘se podemos criar projetos para o magistrado do século XXI, é graças ao esforço de Sálvio Figueiredo Teixeira’. Em traços simples, Sálvio é um exemplo para aqueles que vão nos suceder nessa árdua luta pela busca da justiça”. O advogado também agradeceu a comenda e refletiu sobre seu ofício: “tenho a honra de, em nome dos homenageados, agradecer a comenda que nos é outorgada. Essa honraria nos enche o coração de felicidade. Muito obrigado, em nome de todos, por esse grande momento de emoção e felicidade”. E completou: “A nós, advogados, cabe a dura tarefa de exigir o cumprimento dos nossos direitos; e à justiça, a inarredável função de equilíbrio, fazendo com que esses direitos sejam cumpridos”. Após a solenidade no auditório, houve a inauguração do Espaço Cultural Sálvio de Figueiredo Teixeira, com descerramento, pela família, de placa, na Biblioteca do Campus II das Faculdades Milton Campos. O espaço, que contém quase 10 mil obras do acervo do homenageado, foi doado à Faculdade de Direito Milton Campos, como desejou o jurista: “Como Sálvio queria, esta biblioteca foi organizada como uma extensão de sua casa, que agora é a casa de todos vocês”, disse Lucia Massara, encerrando a cerimônia.• J O R N A L D A S FA C U L D A D E S M I LT O N C A M P O S • N . 1 7 5 • M A I O / 2 0 1 4 Aristóteles Atheniense A R T i g o CNJ e sua administração: meio ou fim? J O R N A L D A S FA C U L D A D E S M I LT O N C A M P O S • N . 1 7 5 • M A I O / 2 0 1 4 RICARDO MANOEL DE OLIvEIRA MORAIS* Neste exame, pretende-se refletir acerca da administração da justiça e o caráter teleológico que a justiça deve assumir. Quanto ao “administrar”, deve ser um meio para que se alcance um fim que, no caso em questão, é o da justiça. Entretanto, os meios pelos quais a instância nacional administra tal categoria estariam adequados? As medidas de administração devem partir “de dentro”, ou requerem uma incidência anterior e mais ampla? Quando se pensa no órgão nacional com tal atribuição (CNJ), conclui-se que ele deve ter como telos radical a busca pela realização do justo, e não a administração como fim burocrático. Antes de se adentrar nas questões colocadas, cumpre fixar alguns marcos teóricos. Quando se menciona o princípio da dignidade, parece hoje um tema excessivamente debatido e exaustivamente levantado como espécie de fundamentação nem sempre bem subsumida. Mas o ser humano, enquanto tal, é um existir que procura se realizar, e somente o faz, na vida em sociedade (eudaimonia). Tendo em vista que se busca uma realização tal que seja aberta às novas experiências humanas, ela somente pode se dar por categorias que sejam universais, caso contrário, não haveria que se falar em um “ser” do humano. Dessa forma, para que seja possível se realizar, o homem deve ter um telos, que será, absolutamente, o Bem. Esse Bem, que será efetivado no âmbito imanente, é subsumido pelo agir ético de cada indivíduo, que o faz em cada ato. Mas, pensar o ato ético e o indivíduo que age isoladamente seriam abstrações, tendo em vista que a eudaimonia se dá em comunidade. Sendo assim, quando se pensa o homem nessa comunidade, ele deve ser colocado como fim radical que vive em comunidade para se realizar, não admitindo ser colocado como meio (dignidade humana). Daí a importância da categoria proposta por Henrique Cláudio de Lima Vaz do reconhecimento, no qual somente pode haver dignidade se o indivíduo eu reconhece seu semelhante como outro-eu, colocando-o como telos de cada ato da vida ética. Além do reconhecimento, para que seja possível pensar uma comunidade ética que seja pautada na teleologia humanística, deve haver o consenso, que se traduz em lei e justiça. Esta é apresentada por Lima Vaz como “(...) categoria universal suprema que preside inteligivelmente ao exercício da vida ética na sua dimensão intersubjetiva ou enquanto vida na comunidade ética”. Quanto à lei, ela deve realizar a justiça e tornar possível a realização humana na comunidade ética. Em se tratando da administração da justiça e de um órgão nacional que tem como atribuição tal função, deve-se ter como pano de fundo, necessariamente, o telos da dignidade: o ser humano e sua realização plena. Quanto à aplicabilidade menos “abstrata” de tais reflexões, considera-se que seria importante pensar a justiça mais como realização do jurisdicionado e menos como instância burocrática judiciária. Quando se examina a administração da justiça “na prática”, o referido órgão o faz fixando metas aos magistrados, estatísticas dos tribunais e publicando inúmeras resoluções. Quanto à fixação de metas, parece haver mais uma preocupação com a imposição de um termo ao litígio que com sua real solução. A administração parece estar sendo feita de modo a tentar resolver o “demandismo” judicial com uma medida intrassistêmica, quando muito mais efetivo seria uma retirar a administração da justiça do foco judiciário. Em outras palavras, parece que muito mais eficaz seria não procurar resolver conflitos de maneira célere no judiciário, com criação de novos cargos, metas, etc., mas evitar que conflitos cheguem até ele. Quanto a isso, um bom início parece ter tido o TJSP, que limitou o tamanho das petições no PJe, mesmo que não seja, ainda, uma medida exterior ao judiciário. Nesse sentido, retorna-se à questão inicial: medidas “de dentro” do judiciário seriam as mais acertadas? Quanto à publicação de resoluções e estatísticas, na medida em que a presente investigação se volta para uma abordagem mais filosófica, e sendo este um saber que se ocupa de fazer boas questões, questiona-se: fixação de metas e exposição da produtividade em estatísticas fazem com que o juiz opere tendo como telos a realização do jurisdicionado ou o mero termo do processo? Resoluções que tratam dos princípios do Sistema de Estatística do Poder Judicário (Resoluções 76 de 2009, 15 de 2006 e 16 de 2005), das diretrizes para as contratações de Solução de Tecnologia da Informação e Comunicação pelos órgãos submetidos ao controle administrativo (Resolução 182 de 2013) ou, ainda, que dispõe e institui a Medalha Joaquim Nabuco (Resolução 109 de 2010), estariam de fato administrando a justiça no sentido de realizar o jurisdicionado ou simplesmente burocratizando ainda mais o aparelho estatal com medidas intrassistêmicas? Por fim, essa administração da justiça estaria tendo como telos ela mesma ou o ser humano (dignidade)?• *gRADUADO EM DIREITO PELA FDMC E EM FILOSOFIA PELA FAJE; MESTRANDO EM FILOSOFIA POLíTICA PELA UFMg. A R T i g o JULIANA FALCI SOUSA ROCHA CUNHA* A computação em nuvem é uma realidade tecnológica que tem sido cada vez mais adotada por empresas e consumidores. Trata-se de recurso de informática que possibilita o armazenamento e o processamento de dados e/ou informações, permitindo que eles sejam acessados a qualquer momento,de qualquer local e dispositivo. Assim, a cloud computing propicia que a empresa foque no seu core business e não em atividades meio, seja mais produtiva e reduza os seus custos. Os serviços oferecidos pelos provedores de computação em nuvem são vários, entre eles, o armazenamento de arquivos e a realização de backups, além do gerenciamento e atualização de softwares. Os contratos de serviço de computação em nuvem oferecidos aos consumidores e pequenas empresas são de adesão. Entretanto, quando o cliente é uma grande empresa, nota-se certa flexibilidade, podendo ser discutidos determinados pontos e realizadas pequenas adaptações nos contratos. Assim, quando uma grande companhia decide implantar a cloud computing ela deve estar atenta às cláusulas do contrato atípico de fornecimento do serviço, como integridade e criptografia dos dados/informações, além do destino do conteúdo em caso de quebra de contrato. A integridade dos dados/informações está atrelada à responsabilidade do contratado pelo seu armazenamento e conservação. Muitos provedores do serviço se comprometem a, no máximo, realizar o “melhor esforço” para manter a integralidade do conteúdo armazenado. Assim sendo, eles oferecem backup a custo adicional, o qual possibilita recuperar dados perdidos.Também pode ser estipulado contratualmente que a integridade dos dados será periodicamente auditada pelo cliente ou por um terceiro indicado. A cláusula de disponibilidade assegura que o contratado disponibilizará o serviço 24 horas por dia, durante 7 dias por semana, o que é importante principalmente para organizações multinacionais. Entretanto, isto é impossível, sendo geralmente estabelecidos índices de performance, por exemplo, de 97% ou 99%. Alguns provedores inclusive enumeram situações excepcionais nas quais poderão não disponibilizar o serviço. Quanto à proteção e à privacidade do conteúdo, o contratado deve realizar os P U b l i C A ç ã o registros de atividades em seu ambiente, guardando os logs efetuados com data e hora. Também é aconselhável que ele realize testes aleatórios da disponibilidade de logs, com o envio do resultado ao contratante. Sobre a divulgação de informações é interessante analisar a inclusão de cláusula que preveja a notificação do cliente a respeito de requerimentos legais para fornecimento de suas informações, com exceção dos casos em que a autoridade legal proíbe tal comunicação, como quando é necessário preservar a confidencialidade de uma investigação criminal. As empresas contratantes também devem estar atentas à legislação aplicável ao contrato. Geralmente os fornecedores possuem infraestrutura em vários países, de acordo com o baixo custo de manutenção, a oferta de mão de obra capacitada e a disponibilidade e o custo de energia, o que pode dificultar eventual atuação do contratante, como em discussão sobre propriedade intelectual ou industrial e até mesmo quanto ao acesso não autorizado a informação confidencial. Os Estados Unidos, por exemplo, possuem legislação que autoriza o país a acessar qualquer tipo de informação armazenada e processada no seu território, por razões ligadas à segurança nacional. Enfim, o “mundo digital” é uma realidade que atinge toda a sociedade moderna, principalmente grandes companhias, o que torna necessário que elas estejam preparadas para discutir as diversas cláusulas contratuais, principalmente no que se refere aofornecimento de cloud computing. São muitas as questões que podem gerar conflito e que devem ser reguladas pelo contrato de computação em nuvem, tendo algumas delas sido brevemente tratadas, sendo que o documento deve ser redigido de maneira clara, bem como ser interpretado de acordo com a intenção das partes.• *MESTRANDA EM DIREITO EMPRESARIAL PELA FDMC. MEMbRO DA COMISSãO DE TECNOLOgIA E INOvAçãO DA OAb/Mg. ADvOgADA E PROFESSORA UNIvERSITáRIA. D E A R T i g o S O espaço para artigos é aberto a professores, alunos e ex-alunos das Faculdades Milton Campos. Envie o seu para [email protected]. O texto deve ter de 4.000 a 6.000 caracteres (com espaço), ser identificado com o nome do autor, telefone para contato e, no caso de estudantes, nome do professor responsável pela revisão. Mande também sua dica para a ilustração. Os artigos são publicados por ordem de chegada. N o T A Os professores e alunos interessados em encaminhar artigos para publicação no ESTADO DE MInAS poderão fazê-lo por intermédio da Assessoria de Comunicação da faculdade: [email protected] J O R N A L D A S FA C U L D A D E S M I LT O N C A M P O S • N . 1 7 5 • M A I O / 2 0 1 4 Os contratos de computação em nuvem Escreva para o Jornal da Milton Campos e acumule 50 pontos e 10 horas de atividades complementares. Seu artigo deve ser revisado por um professor. FECHAMENTO AUTORIZADO, Envie para: [email protected] PODE SER ABERTO PELA ECT. C o N g R E S S Mala Direta Postal Básica 9912238913/2009-DR/MG Centro Educacional de Formação Superior CORREIOS o Debates destacaram pontos do novo CPC J O R N A L D A S FA C U L D A D E S M I LT O N C A M P O S • N . 1 7 5 • M A I O / 2 0 1 4 MIgUEL MARzINETTI* Pelo menos três destaques podem ser apontados no congressos “Novos Paradigmas do Direito Processual Civil: O Novo CPC em Debate”, realizado na FDMC nos dias 2 e 3 de abril e que reuniu os maiores nomes do tema no país, em palestras e debates assistidos por profissionais e estudantes de diversas localidades de Minas Gerais. O congresso foi organizado pelo departamento de Direito Processual Civil da Faculdade, sob coordenação do professor. Caetano Levi e organização direta da professora Suzana Cremasco, em parceria com o Dacon. Os destaques foram protagonizados pelaparticipação de três dos quatro processualistas que integraram,na Câmara dos Deputados, a comissão de juristas responsável pela redação do projeto nesta casa legislativa. O primeiro deles, professor Leonardo Cunha, apresentou o que considera uma das grandes inovações do projeto, que é o ‘negócio processual’. Trata-se da possibilidade de as partes celebrarem acordo para criar, ampliar, reduzir ou extinguir fases, prazos ou a incidência de determinado instituto processual, como determinada prova, recurso ou efeito de recurso. O segundo, professor Dierle Nunes, enfrentou o tema dos ‘Precedentes Judiciais’, que, se aprovada a nova legislação [ainda depende de provação no Senado e sanção presidencial], permitirá maior controle na aplicação de decisões anteriores aos novos casos sob julgamento. Ademais, segundo ele, a regulação de Precedentes Judiciais se estende à aplicação de súmulas, fazendo com que se demonstre a pertinência temática do acórdão paradigma gerador da súmula ao caso concreto que está sendo enfrentado pelo magistrado. O último dentre os três, professor Fredie Didier Jr., abordou os percalços do processo legislativo e suas consequências negativas para o projeto. Lembrou que muito mais poderia ter sido inserido como forma de se aprimorar a legislação, contudo a resistência política inviabilizou maiores avanços. O congresso teve também, por outro lado, participação de palestrantes que se posicionaram de forma contrária à nova legislação, que é o caso do Prof. Carlos Alberto Carmona, defensor da manutenção da legislação atual, por entender que o novo texto significa pouco avanço. Outra participação de destaque foi a do professor Humberto Theodoro Júnior, que apresentou os fundamentos teóricos orientadores do projeto, sendo essencial mencionar que foi ele um dos integrantes da comissão de juristas que elaborou o anteprojeto para o Senado. Elencou como as experiências de reforma legislativa no direito comparado serviram de inspiração e explanou para os ouvintes as razões pelas quais determinados princípios passaram a ocupar lugar privilegiado. • Presença do Dacon O Dacon (Gestão Ação) participou ativamente da organização do Congresso, se envolvendo em todas as etapas e mobilizando os alunos a participarem. Foram conferidas 30 (trinta) horas complementares aos que compareceram a 75% das atividades, estando o certificado disponível aos participantes no site www.novocpcemdebate.com.br . Segundo o Dacon, com a realização do congresso “a FDMC entrou de vez no circuito de debates a respeito do Novo CPC, figurando como Instituição pioneira na promoção das reflexões que a novel legislação provoca”. O Diretório também registrou agradecimentos às diretorias da FDMC e do Cefos pelo incondicional auxílio ao evento, bem como aos seus apoiadores, entre os quais Advocacia Walter Rodrigues Filho, Ney Campos Advogados, Aroeira Salles Advogados, Arraes Editores, Livraria Del Rey, Amidi, IDDE, CAAP/UFMG, MPF/MG, OAB-E e OAB/MG, Cemig, BMTEC e TLMG/EJEF. Integraram a comissão organizadora: Bruno Giannetti Viana, Bruno Henrique Silva Pontes, Camila Silva Peixoto, Isabela Monteiro Leão, Jessica Marques da Silva Alves, João Gabriel Fassbender Barreto Prates, Marcus Vinícius de Oliveira Castro, Miguel Marzinetti Franca e a professora Suzana Santi Cremasco.• ADvOgADO, gRADUADO PELA FDMC EM DEzEMbRO DE 2013.