RESGATE HISTÓRICO DA DIOCESE DE EREXIM Pe. Antônio Valentini A Diocese de Erexim, em preparação ao Primeiro Fórum da Igreja no Rio Grande do Sul, de 20 a 23 de setembro deste ano, em Porto Alegre, realizou seu Fórum em 20 de maio, nas dependências da igreja São Pedro, em Erechim. O evento motivou um “resgate histórico” em nível regional e estadual. 1. I Fórum da Igreja Católica no Rio Grande do Sul O que é: encontro amigo e fraterno para troca de idéias, para uma reflexão profunda, à luz da Palavra de Deus, sobre o passado, o presente e o futuro da nossa Igreja em nosso Estado. Tema: A vida e a missão da Igreja no Rio Grande do Sul. Lema: A vida se manifestou, nós a vimos e a testemunhamos (I Jo 1,2). O que quer: partilhar o que se faz e o que se pode fazer no seguimento e no anúncio de Jesus Cristo para resgatar as culturas, qualificar a vida para sermos mais para Deus e para os irmãos. Quando: de 20 a 23 de setembro de 2007. Onde: em Porto Alegre, no Campus da Pontifícia Universidade Católica. O que terá: quatro grandes conferências, estudo e troca de experiências em grupos, apresentações artísticas, diversas celebrações litúrgicas, muitas tendas para a exposição dos trabalhos pastorais dos organismos da Igreja. Quem convoca e organiza: Os bispos das 17 Dioceses do RS e diversas comissões. 2. A importância da história em nossa vida - Sem memória, não se faz história Cada estágio do desenvolvimento humano é resultado de conquistas anteriores e do espírito empreendedor, da capacidade de pessoas e de grupos de inovar, de projetar o futuro, de buscar novas possibilidades. Quem só repete o passado não avança. Quem só olha para frente sem valer-se da experiência da história apenas sonha. O grande pensador latino, Cícero, dizia que a história é “mestra da vida”. De forma humorista, pode-se lembrar o sujeito que improvisou uma corda para descer de um alto edifício. Quando estava quase no fim, ela quebrou e ele se estatelou na calçada. No meio do alvoroço, perguntam a ele: o que foi? Responde: “Não sei de nada. Estou chegando agora!” Todo motorista precisa ter o olhar sempre atento para o que está pela frente, mas precisa também do espelho retrovisor, especialmente no momento de fazer alguma ultrapassagem. Na fé, celebramos a ação de Deus na história humana e projetamos nosso futuro. Pe. João Batista Libânio (CRER NUM MUNDO DE MUITAS CRENÇAS E POUCA LIBERTAÇÃO, Edições Paulinas e Siquem Ediciones Catequéticas y Litúrgicas, 2003, p. 31), diz: “A fé cristã insere-se na longa história da salvação. Entende-se unicamente em relação a fatos históricos dos dois Testamentos. Tudo nasce com Abraão. O povo de Israel prepara a vinda do Messias. Jesus nasce para dentro da história. Seus discípulos entendem que devem continuar sua missão até o final dos tempos. A pessoa histórica de Jesus, a quem se procura seguir, ocupa o centro de tudo.” O povo da primeira aliança recordava o fato fundante de sua história: a libertação da escravidão do Egito, o Êxodo. Ao levar ao altar do Senhor os primeiros frutos das colheitas na terra que o Deus vivo e verdadeiro lhe dera, declarava: “Meu pai era um arameu prestes a morrer, que desceu ao Egito com um punhado de gente para ali viver como forasteiros, mas tornou-se ali um povo grande, forte e numeroso. Os egípcios afligiram-nos e oprimiram-nos impondo-nos uma penosa servidão. Clamamos então ao Senhor, o Deus de nossos pais, e ele ouviu o nosso clamor, e viu a nossa aflição, nossa miséria e nossa angústia. O Senhor tirou-nos do Egito com a sua mão poderosa e o vigor de seu braço, operando prodígios e portentosos milagres. Conduziu-nos a esta terra que mana leite e mel” (Dt 26,5-9). Na Ceia pascal de sua despedida, Jesus de Nazaré instituiu a Páscoa da Nova Aliança no seu Corpo e no seu Sangue, mandando celebrá-la em sua memória. 3. Uma olhada histórica para a Igreja em nosso Estado Ao realizar seu primeiro Fórum, a Igreja no Rio Grande do Sul tem presente alguns dados históricos referenciais: - 03 de maio de 1626: chegada dos padres jesuítas e abertura da primeira missão, a de São Nicolau do Piratini (381 anos). - 1732: criação da primeira Paróquia no RS, na cidade de Rio Grande (275 anos). - 1756: morte de Sepé Tiaraju (251 anos). - 07 de maio de 1848: criação da primeira Diocese do Estado com o nome de São Pedro do Rio Grande do Sul (159 anos), desmembrada da Arquidiocese de São Paulo. - 26 de setembro de 1852: nomeação do primeiro Bispo do Rio Grande do Sul, dom Feliciano José Rodrigues Prates, pelo Papa Pio IX. - Ano de criação das outras atuais 16 Dioceses do RS: 1910: Pelotas, Uruguaiana e Santa Maria; 1934: Caxias do Sul; 1951: Passo Fundo; 1957: Vacaria; 1959: Santa Cruz do Sul; 1960: Bagé; 1961: Santo Ângelo; 1962: Frederico Westphalen; 1971: Erexim, Cruz Alta, Rio Grande; 1980: Novo Hamburgo; 1991: Cachoeira do Sul; 1999: Osório. - 1957: criação da Conferência dos Religiosos do Brasil no RS (50 anos). - 1962: criação do Regional Sul 3 da CNBB (45 anos). É oportuno lembrar também, em nível nacional e mundial: - 1952: criação da CNBB (Conferência Nacional dos Bispos do Brasil). - 1954: criação da CRB (Conferência dos Religiosos do Brasil). - 1955: Primeira Conferência Geral do Episcopado Latino-Americano, em Rio de Janeiro, Brasil, da qual resultou a criação do CELAM (Conselho Episcopal da América Latina). - 1962-1965: realização do Concílio Ecumênico Vaticano II (45 anos). - 1968: Segunda Conferência Geral do Episcopado Latino-americano e caribenho, em Medellín, Colômbia - Tema central: “A Igreja na atual transformação da América Latina, à luz do Concílio Vaticano II”. – 1979, Terceira Conferência Geral do Episcopado Latino-americano e caribenho, em Puebla, México. Tema central: “A evangelização no presente e no futuro da América Latina:” - 1982: criação do Conselho Nacional de Igrejas Cristãs – CONIC (25 anos). - 1992: Quarta Conferência Geral do Episcopado Latino-americano e Caribenho, em Santo Domingo. Tema central: “Nova Evangelização, Promoção Humana e Cultura. - 13 a 31 de maio de 2007: V Conferência Geral do Episcopado Latino-americano e caribenho, em Aparecida, SP, Brasil. 4. Uma olhada histórica para a Diocese de Erexim Observação 1: Trata-se de alguns enfoques para o fórum diocesano e seus objetivos. A forma de abordagem e os aspectos definidos dependem deste contexto, do tempo disponível e das condições pessoais. A elaboração de texto sobre história, por menor que seja, exige muito tempo para a coleta de dados e a checagem entre as fontes de informação. Um número pode alterar de uma ou mais dezenas ou centenas determinada data. Este texto está em construção e a partir do fórum diocesano, certamente, receberá emendas e acréscimos de parte de todos os que puderem colaborar. Já o leram e deram preciosas contribuições: Dom Girônimo Zanandréa, Ir. Cassilda Prigol, Ir. Luiza Wastowski, Pe. Jair Carlesso, Pe. Ângelo Rosset, Pe. Valter Girelli, Pe. Anacleto Ortigara, Nilva Zill Henke, Neusa Zill, Enori Chiapparini, Agostinho Aristides Zambonatto. Na busca de dados históricos, diversas pessoas consultadas foram muito prestimosas na colaboração. Observação 2: Quanto à grafia de Erechim: lei municipal estabelece que seja grafado com ch. O Dicionário Brasileiro de Topônimos grafa com x. A Academia Brasileira de Letras reconhece esta forma. A Diocese foi criada como Diocese de Erexim com x. Por esta razão, no texto, quando se fala do município, se utiliza o ch. Quando se trata da Diocese de Erexim se utiliza o x. 4.1. Dados históricos gerais O tratamento de saúde, a participação em Romarias, a comercialização de produtos ou a aquisição de bens de consumo, a participação em reuniões, encontros e assembléias de organismos de classe ou movimentos populares fazem que muitas pessoas da região de Erechim se desloquem de uma cidade a outra e muitas vezes convirjam para Erechim. Muita gente, por isso mesmo, conhece bastante o panorama geográfico e social atual da região. Mas como era esta região há 50, há 70 ou mais anos? A partir de quando e por onde chegaram aqui os migrantes europeus ou seus descendentes? Antes deles não havia índios por aqui? A presença indígena não é devidamente contemplada nos livros de história e menos ainda na consciência popular. Além das restrições de conotação discriminatória em relação aos índios, há o receio de que o reconhecimento da sua presença em determinada área favoreça a demarcação de terras como indígenas, com forte impasse para os atuais moradores. Segundo o pesquisador Enori Chiaparini, estudos da ELETROSUL asseguram que a presença humana na Região do Alto Uruguai data de 10 mil anos atrás. O índio Kaingang vivia nesta Região há mais de 300 anos antes da chegada do branco. Pessoas de diversas localidades falam de ter encontrado utensílios indígenas em suas terras. Antes de se iniciar a povoação branca propriamente dita nesta região, ela era refúgio de fugitivos de guerra dos Farrapos (1835-1845), da Revolução Federalista (1893-1895), da Polícia, da justiça e dos posseiros que se apossavam das terras do Estado. Era também alvo da incursão de pessoas que haviam pertencido às expedições bandeirantes (grupos que se embrenhavam pelo interior a partir de São Paulo). Pelo Goio-En, os paulistas teriam penetrado em solo riograndense em busca de ouro. Foi também por aí que os jesuítas cruzaram o rio Uruguai em barcos improvisados de couro de gado, dirigindo uma caravana de milhares de índios expulsos de Guaíra. Segundo alguns, um sargento de São Paulo, Atanagildo, usou o passo do Goio-En, quando, em 1809, veio buscar uma tropa de mulas para serem vendidas em Sorocaba. Por isso o lugar foi chamado também como Passo do Atanagildo. Goio-En, em língua indígena significa água funda, ou que não dá passagem. Para Gladis Helena Wolff, em Trilhos de Ferro Trilhas de Barro, UPF Editora, 2005, p. 33, “a região foi a última porção do espaço sulino incorporado ao processo de produção capitalista-colonizador por ter sido rejeitada pelo latifúndio de criação extensiva; foi o espaço que restou aos indígenas encurralados pelo avanço da ocupação anterior em outras regiões; também foi o refúgio de ‘bandoleiros’ debandados da revolução de 1893; os lotes já sofriam fracionamento e, portanto, eram menores que os das Colônias Velhas (no início 25 ha e, depois, 12,5 ha); os colonos, em sua maioria, não eram imigrantes europeus, mas seus descendentes, e, à exceção da colônia judaica de Quatro Irmãos, os núcleos formados na primeira década do século XX eram determinados a ser multiétnicos: a colonização foi feita no sistema público – através da Comissão de Terras – e pelo sistema privado – através da Jewish Colonization Association (Colônia Quatro Irmãos) e da Gesellschaft Luce Rosa & Cia. Ltda. (Colônia Barro).” Algumas datas de referência, segundo o pesquisador Enori Chiapparini, em entrevista, e segundo Antonio Ducatti Neto, em O Grande Erechim e sua história, Ed. EST (Escola Superior de Teologia São Lourenço de Brindes), 1981, p. 21 e ss: - Em 27 de abril de 1809, foi criado o município de Rio Pardo; - Em 13 de outubro de 1917, foi criado o município de São Luiz de Leal Bragança (Missões); - Em 28 de maio de 1934, foi criado o município de São Borja. - Na mesma data, foi criado o município do Espírito Santo da Cruz Alta (Cruz Alta atual), do qual fazia parte esta região; - Em 18 de maio de 1846, foi criado o município de Soledade. - Em 28 de janeiro de 1857, foi criado o município de Passo Fundo, ao qual esta região passou a pertencer. Logo depois, em 07 de agosto do mesmo ano de 1857, por ocasião da instalação oficial daquele município, esta região passou a integrá-lo, na qualidade de 3° Distrito, com a denominação de Alto Uruguai ou Butiá, tendo por sede a atual Coxilha; - Em 21 de outubro de 1902, foi criado o 7° Distrito de Passo Fundo, com sede em Capoerê. Trata-se de Capoerê Velho, também chamado Povinho. Segundo Pe. Benjamim (Meu Erechim Cinquentão, crônica 29), ficava na antiga estrada a Getúlio Vargas. “Hoje não sobra mais nada, absolutamente nada do velho povoado que ficava um pouco fora da atual estrada. ... Talvez fossem umas 20 casas as que formavam aquilo que já foi sede do 7° Distrito de Passo Fundo. A capelinha foi transferida para junto da estrada geral.” A capela era dedicada ao Senhor Bom Jesus, por devoção de “famílias da região entre Lagoa e Vacaria. Trouxeram a devoção da Capela da Ribeira, nos limites entre Paraná e São Paulo, onde ainda hoje se venera com muita devoção uma das mais belas imagens do Senhor Bom Jesus. Tem também interesse histórico uma curiosa devoção espalhada entre os antigos morados do Campo Capoerê Velho. A de São João Maria, geralmente representado como monge de branco. Foi criatura que existiu realmente lá por Santa Maria, ao findar do século passado. Depois esteve no Botucaraí, em Vacaria, e morreu em Jundiaí, SP. Seu nome: João Maria Agostini.” - Em 06 de outubro de 1908, o Presidente do Estado do Rio Grande do Sul criou a Comissão de Terras para a colonização da região, fazendo inicialmente a devida demarcação. Ele criou a Colônia Erechim, com sede em Getúlio Vargas, que se chamava Erechim. - Em 1909, foi lançado o marco inicial da atual Getúlio Vargas, na época Erechim. A população inicial era de 36 colonos; - em 22 de dezembro de 1910, Passo Fundo criou o 8° distrito com sede na Colônia Erechim, que era a atual Getúlio Vargas. Por que Erechim? Segundo o Pe. Benjamim Busato, em seus artigos em A Voz da Serra, com o pseudônimo de Chico Tasso, por causa da designação que os índios kaingang deram ao conhecido afluente do Uruguai-Mini, hoje Rio Passo Fundo. Significa campo pequeno. Era uma campina na costa do referido rio. A atual Erechim inicialmente chamava-se Boa Vista do Erechim. - Em 1912, chegavam a Boa Vista: Eugênio Isoton (primeiro sapateiro), Pedro Longo (primeiro seleiro), Elisa Vacchi (primeira parteira), Augusto Stefanus (primeiro alfaiate), Bartolomeu Stumpf (primeiro hoteleiro), Cabo Cezário e Oliveira Mattos (primeira autoridade policial), Francisco, Augusto e Ângelo Poletto (tropeiros que transportavam a mudança dos pioneiros). Os primeiros comerciantes foram: José Bonaldo, Carlos Dalla Costa, Adão Cichoski, João Tozzo, Modesto Silva, Achyles Caleffi, Bertoldo Bischof, Attilio Assoni, Bortolo Balvedi. - Em 1916, a sede da Colônia Erechim foi transferida para Paiol Grande, atual cidade de Erechim. Por que Paiol Grande? Segundo o mencionado Pe. Benjamim, “por causa de um primitivo paiol (galpão) de milho existente não se sabe exatamente onde. Dizem uns aí nos Capra, estrada velha para Getúlio Vargas (Rio Tigre). Outros falam em Três Vendas”. Segundo Antonio Ducatti, obra citada, p. 44, em 1906, o engenheiro Marcelino Ramos da Silva, ao fazer o traçado da estrada de ferro iniciada em 1904, encontrou no centro da mata, descendentes dos bandeirantes, próximos a um paiol de erva cancheada e escreveu em sua caderneta de campo o nome do local: Paiol Grande. Segundo o historiador Enori Chiaparini, a designação se deve à existência de vários paióis na região nos quais se industrializava a erva mate. De fato, vinha muita gente de Passo Fundo colher erva-mate por aqui que, segundo alguns, era levada até para a Argentina. - Em 30 de abril de 1918, foi criado o município de Boa Vista do Erechim. Boa Vista, segundo o historiador Oscar Karnal, citado por Ducatti, teria sido o primeiro nome dado à localidade. Este historiador cita o relatório de J. de Azambuja Fortuna, auxiliar-chefe da primeira turma de medidores dos ervais: “Sobre a linha norte-sul há um carijó de missioneira, do Senhor Andrônico Manoel de Assumpção, com 21 anos, branco, nascido neste lugar em 1882, morador de um paiol dentro do perímetro. Consta de uma casa de esteios de madeira de lei, coberta de tabuinhas e palhas de taquara. Primeira turma de medidores de ervais de Erechim, Acampamento em Boa Vista, em 13.11.1903.” (Ducatti, p. 44). Por isso, Karnal afirma que ao dar o nome de Boa Vista à localidade hoje chamada Erechim nada mais fizeram do que restabelecer a sua primitiva designação, em substituição a Paiol Grande, que designou o local por algum tempo. É oportuno observar que a residência de Andrônico se situava nas proximidades do Taboão. A designação definitiva do novo município passou por outras variações. Pe. Benjamim diz que ser boavistense era orgulho. Indústrias, casas comerciais, tomavam este nome. O primeiro jornal foi O Boavistense, mudando depois para A Voz da Serra. Mas, pelo Decreto n° 7210, de 5 de abril de 1938 (cf. Sônia Mári Cima, em Reza e Política, uma combinação na história do Pe. Busato em Erechim, p.77), o interventor local trocou o nome do município. Pe. Benjamim diz que da noite para o dia Boa Vista passou a se chamar José Bonifácio, da família dos Andrades e Silva. Teria sido homenagem do interventor ao “patriarca da independência”. Pe. Benjamim diz que justamente naquela época se verificaram diversos incêndios, consumindo praticamente toda a Avenida. E em sua fina e costumeira ironia diz que quase trocaram o nome para José Botafogo... Mas com o novo nome de José Bonifácio houve transtornos. A Viação Férrea não trocou o nome de sua estação local. Fornecedores de São Paulo diziam que José Bonifácio não era servido de viação férrea e não despachavam as mercadorias. Os Correios enviavam as correspondências para cidades com o nome de José Bonifácio em Minas Gerais e na Bahia. Ainda bem que Getúlio Vargas decretou a extinção de nomes em duplicata e muito extensos. Coincidia com uma tendência pela utilização de nomes guaranis para as localidades. Segundo Pe. Benjamim, para a nossa realidade, era um contrasenso, pois os índios daqui eram kaingangs e não guaranis. Foi desencadeada uma campanha em favor de um nome kaingang para substituir José Bonifácio. O Boavistense publicou série de artigos em seu favor. Até que em 1944 o antigo Erechim optou por Getúlio Vargas e José Bonifácio ficou definitivamente Erechim. Os colonos que aqui chegavam conviviam com o barro vermelho, característico da região. Como usavam botas de couro natural, em pouco tempo tornavam-se amareladas. Daí a designação, inicialmente pejorativa, de “Botas Amarelas”. O time de futebol Ypiranga, fundado em 18 de agosto de 1924 (seu atual estádio foi inaugurado no dia 02 de setembro de 1970), quando ia jogar em Passo Fundo, era recebido provocativamente com a expressão: “lá vêm os Bota Amarela”. Não demorou que para os erechinenses a designação passou a ser expressão de valentia dos pioneiros desbravadores. A colonização foi desencadeada a partir de 1908, com a criação da Comissão de Terras que, no início tinha sua sede na atual cidade de Getúlio Vargas, então chamada Erechim, depois transferida para a atual cidade de Erechim, na época Paiol Grande e depois Boa Vista do Erechim. Mas deve-se registrar a chegada de moradores antes deste processo de colonização desencadeado pelo Estado a partir de 1908, como se disse acima. Como já foi dito, conforme Gládis Wolff, a colonização teve a ação do Estado e a participação de duas empresas particulares: Segundo Antonio Ducatti Neto, obra citada, p. 92-93, a Empresa Luce & e Rosa começou suas atividades na região em 1917. Ela “possuía, em Erechim, um total de 39.915 hectares de terra, que foram divididas em 1.279 lotes coloniais. Destes, 504 ficavam na colônia Barro (atual Gaurama), abrangendo Três Arroios, e outros 775 lotes nas colônias Dourado e Rio Novo (atual Aratiba). Toda esta área estava coberta de mata virgem.” Em cada colônia, a empresa reservava áreas para a sede do povoado e colaborava na organização de capelas, cemitérios e colégios. Abria estradas para suas colônias. Ela teve atuação determinante em Gaurama, Aratiba, Severiano de Almeida, Mariano Moro, Três Arroios...Ela atuou também no sudoeste de Santa Catarina, com área maior do que no norte gaúcho. Conforme o mesmo autor, (p. 88-90), a outra empresa de colonização, a ICA (Jewish Colonization Association), entidade filantrópica de assistência a judeus emigrados, fundada em 1891 pelo judeu francês Barão Maurice Hirsch, adquiriu, em 1909, a fazenda dos Quatro Irmãos, com área de 93.850 hectares, na recém fundada Colônia Erechim, situada nos atuais municípios de Quatro Irmãos, Campinas do Sul, Jacutinga e São Valentim. A fazenda foi dividida em colônias de 150 hectares, rodeadas de arame farpado, com casa de madeira para residência familiar e um galpão. Os primeiros colonos judeus instalaram-se aí em 1911-1912, vindos de províncias da Argentina e da Rússia. Outros chegaram por conta própria. Em 1914, havia cerca de 350 famílias. Com as dificuldades da guerra, muitas voltaram para a Argentina e outras foram para outros lugares. Em 1915, restavam 73 famílias em Quatro Irmãos. Com a revolução de 1923, as fazendas foram invadidas e saqueadas. Muitos judeus abandonaram suas propriedades. Apesar dos prejuízos, a ICA continuou a financiar a vinda de famílias da Europa. Vieram mais dificuldades com a revolução de 1930. A maioria dos colonos saiu de lá. Em 1935, havia 114 famílias remanescentes. Como tinham mandado seus filhos estudar, estes acabaram levando os próprios pais para a cidade. Em 1963, restavam 16 famílias. Em 1981, apenas 10. Um fator determinante para a constituição dos povoados foi a estrada de ferro ligando Passo Fundo a Marcelino Ramos. Segundo Gladis Wolff (p. 117) “Um dos últimos atos do Imperador dom Pedro II foi o decreto de 9 de novembro de 1889, concedendo ‘(...) privilégios, garantia de juros e terras devolutas, mediante autorização legislativa, para construcção, uso e gozo de uma estrada de ferro, que partindo das margens do Itararé na Província de S. Paulo, vá terminar em Santa Maria da Bocca do Monte, na Província do Rio Grande do Sul, com diversos ramaes’”. O trecho entre Santa Maria e Cruz Alta foi concluído em 1894. Em 1897, a estrada chegou até Carazinho. Em 1898, chegou a Passo Fundo. A Estação Ferroviária de Erechim foi inaugurada no dia 03 de agosto de 1910. No mesmo ano, a Ferrovia chegou em Marcelino Ramos. A ponte definitiva sobre o Rio Uruguai foi inaugurada em 1913. Entre 1912 e 1917, foi construído o ramal da estrada de ferro entre Erebango e Quatro Irmãos. A ICA queria que se estendesse até Nonoai. Mas não logrou êxito. É necessário destacar a importância de uma estrada para o desenvolvimento de uma região. Foi ao longo da estrada de ferro que se estabeleceram os povoados que hoje são municípios. Acontece que ela foi desativada, porque o ferro dos trilhos foi substituído pela borracha dos pneus. Em Marcelino Ramos chegou a se estabelecer uma filial de grande empresa de São Paulo. Com a desativação da ferrovia, a região perdeu grande fator de desenvolvimento. O outro ramal ferroviário, de Erebango a Nonoai, não foi construído. A rodovia Erechim a Chapecó não foi asfaltada por completo até hoje. Com melhores estradas, nossa região não seria diferente? Caberia uma referência à questão econômica. O que se produzia na região, como a produção era comercializada? Qual foi a evolução econômica, industrial da região? Quais as condições de vida dos colonos pioneiros? Dever-se-ia mencionar: a agricultura de subsistência, a extração da madeira e da ervamate; a cultura de trigo, milho, feijão; a criação de suínos e gado de leite. Na região, havia muitos moinhos para farinha de trigo e de milho; diversos frigoríficos, casas de banha. O transporte dos produtos, inicialmente, era feita pelos famosos “ternos de mulas”. A região foi capital da erva-mate, do trigo. Hoje, a cidade de Erechim é chamada de capital da amizade, expressão utilizada por um animador de concentrações populares, nos festejos do cinqüentenário do município. 4.1.1. O Combate no Desvio Giareta e outros Em de novembro de 1922, houve eleições no Estado. Antonio Augusto Borges de Medeiros, do Partido Republicano, (“chimangos” – usavam lenço branco), foi eleito Presidente “derrotando” Joaquim Francisco de Assis Brasil, da Aliança Libertadora – Partido Libertador (“maragatos” – usavam lenço vermelho). Os ânimos estavam muito acirrados. Na campanha eleitoral, um folheto dos maragatos dizia: “A revolução é para derrubar um tirano e não impor ao Rio Grande um Presidente”. Os chimangos, borgistas, divulgaram um “Pai nosso dos Riograndenses” – “Borges de Medeiros que estais em palácio, sufragado seja o vosso nome, seja feita a vontade do povo, aqui como em toda a parte; não deixeis o Assis avançar no que é nosso, perdoai-lhe sua ganância, assim como nós perdoamos aos seus assalariados e não nos deixeis cair na tentação. Votai Borges de Medeiros em 25 de novembro para todo o século. Amém.” A posse estava marcada para 25 de janeiro de 1923. Mas crescia a oposição. No dia 24 de janeiro, teve início a revolta dos maragatos partindo de Carazinho a Passo Fundo. Segundo Altair Menegati e Geder Carraro, em O COMBATE NO DESVIO GIARETA, Revolução de 1923, sem editora, 2003, em Erechim, então chamado Boa Vista do Erechim, no dia 31 de janeiro, o deputado Artur Caetano da Silva, um dos chefes depôs as autoridades do município e nomeou Marcino de Castilho como administrador. Mas, 23 horas depois, Fimino de Paula, comandando mil chimangos, destituiu o recém nomeado administrador. Em 24 de março, tropas maragatas comandadas pelo General Filippe Nery Portinho tomaram o poder municipal de Erechim e dominaram a região até 18 de setembro daquele ano. Diante da movimentação de grupos revolucionários, naquele mês de janeiro, Pe. Carlos Schwersghlager, pároco de Erechim, foi conversar com os comandantes deles, acampados em CapoErê Velho, urgindo que poupassem as famílias dos trabalhadores ordeiros, que não se metiam nestas escaramuças. Frei Gentil de Caravaggio, Pároco de Getúlio Vargas, participou deste encontro de mediação. Segundo o autor da biografia de Fr. Gentil, a iniciativa da intermediação foi dele, a pedido dos agricultores, na iminência de um combate em Erechim. O pedido retardou a chegada da tropa, que se deu em 12 de março. Já o Frei Justino, de Gaurama, teve seu cavalo requisitado pelos maragatos. (Adiante, carta do Padre Carlos e seus registros no Livro Tombo da Paróquia São José). Os grupos revolucionários se movimentavam muito pela região. As autoridades constituídas e as forças de segurança tentavam resistir. Como se verá no registro do Pe. Carlos, já em 14 de janeiro de 1923, um domingo, antes mesmo de ser declarada a revolução, foi organizada uma Guarda local em vista dos boatos da chegada de grupos revolucionários. No dia seguinte, muitas famílias fugiram. Em 22 de abril, diante da presença dos revolucionários, abandonaram a cidade, deixando o município acéfalo. Houve três enfrentamentos de maior expressão entre chimangos e maragatos na região. Um foi da Fazenda de Quatro Irmãos, no dia 24 de abril de 1923. Neste, os maragatos, comandados por Felippe Nery Portinho, foram derrotados. O outro foi no Desvio Giaretta, em 23 de junho do mesmo ano. Desvio Giaretta, dizem Altair Menegati e Geder Carraro, era, como diz o nome, um desvio da Viação Férrea, destinado ao carregamento de vagões de madeira, predominante no comércio local da época, assim como havia o Desvio Gauer, próximo ao aeroporto, e o Desvio Becker, perto de Balisa. Este combate foi o maior. O General Firmino de Paula, comandante dos chimangos, vinha com dois três trens de 10 vagões cada. Seu grupo era de 500 homens bem armados, com armas de repetição e metralhadoras. O General Portinho valeu-se do elemento surpresa para fazer-lhe frente com apenas 210 homens mal armados. Preparou cargas de dinamite entre os trilhos da estrada de ferro após uma curva e ordenou a comandados seus que lhes tocassem fogo quando os trens apontassem na tal curva. Era a uns seis quilômetros de Erechim, nas imediações do atual Bairro Peccin. Mas não foi necessário explodir os trilhos e o comboio. Os trens pararam antes da curva. Mas aí os outros maragatos abriram fogo dos seus esconderijos no mato próximo. Segundo registros, os chimangos dispararam 30.000 tiros e os maragatos 8.000. Foram horas de combate sangrento. Resultaram mais de 50 mortos e mais de 70 feridos dos chimangos, 4 mortos e 8 feridos dos maragatos. Os mortos e feridos dos chimangos foram levados para Erechim e alojados na sede da Comissão de Terras (Castelinho). Os maragatos se deslocaram para Floresta (Cotegipe), mas depois foram levados também a Erechim e tratados no salão do Cinema Avenida. O atendimento foi feito pela Cruz Vermelha que havia sido organizada anteriormente na cidade. Pe. Benjamim relata: “A gente de Portinho atacava com gana. Durou muito o combate. Daqui da cidade se ouviam bem os disparos. Até que parou. Para apartar os contendores na Avenida se estendiam duas linhas de milicianos. Uma de cada lado. Pelas casas, corriam as senhoras arrecadando cobertores, lençóis, camas. Tudo era levado para a Comissão de Terras, Cine Avenida de Emílio Noal, convertido em Hospital de sangue. Logo mais vieram os feridos e os mortos. Muita gente. Cem, depois mais cem. Vinham sangrando. Lá no Desvio os vagões estavam com grossa sangueira coalhada. No rosto dos erechinenses havia seriedade. Muita gente nesse entrevero. Erechim passava pelo batismo de sangue.” O terceiro combate foi também em Quatro Irmãos, no dia 13 de setembro daquele ano. Os chimangos eram comandados por Vitor Dumoncel Filho. Os maragatos, por Felippe Nery Portinho. Em Quatro Irmãos, fica o Cemitério do Combate. Pe. Benjamim se pergunta: “Quantos morreram? O povo fala em 400. Talvez não chegassem a tantos. Mas foram muitos. Os mortos foram enterrados lá mesmo. Daí o monumento que está a merecer mais consideração da nossa parte. Repousa aí um punhado de heróis. De ambos os lados. E que tinha ideais. A liberdade... Os feridos vieram para Paiol Grande. Os maragatos foram hospitalizados no prédio de Ismael Pessini, onde hoje está o Arioli. Os chimangos na Comissão de Terras. E a cidade patrulhada pelo 7° de Santa Maria. Um médico de Cruz Alta atendia a ambos. Em parte, a preocupação do Pe. Benjamim foi atendida. Já houve melhoramentos. Dary Schaefer, tradicionalista, fala de um projeto, já existente, para um monumento moderno que contaria com tocha permanente. Em Quatro Irmãos, denominação derivada dos quatro irmãos Pacheco que foram os últimos proprietários da Fazenda vendida para a Jewish Coloniszation Association (ICA), em 1909, já haviam acontecido graves distúrbios. Em 1856, a fazenda fora assaltada por índios que assassinaram Clementino dos Santos Pacheco e mais 6 ou 7 pessoas. Depois, provavelmente durante a revolução Farroupilha, revoltosos matou todas as pessoas que colhiam erva e estavam alojadas numa casa. Como o fato se deu num capão perto da Fazenda, este foi denominado Capão da Mortandade. 4.1.2. Documentos históricos do Pe. Carlos Schwergschlager 1°) Registros no Livro Tombo da Paróquia São José. Estão na página 12v a 14v do Livro número um dos assentamentos paroquiais, relativos a 1923. Consta o seguinte, na grafia por ele utilizada: O princípio deste (1923) entrou com maos augúrios. Já nos primeiros dias de Janeiro correram boatos de um movimento revolucionário, sahindo mesmo desta sede do Município com o pretexto de alcançar a deposição do actual Intendente e do Chefe da Comissão. Fallou-se de se terem reunido gruppos revolucionários perto da villa; infelizmente estava a villa sem defesa, pois a brigada foi retirada no mês de dezbr.pp. Formou-se, com muitas difficuldades, uma guarde de 300 homens. No dia 14 de Janeiro, Domingo, os boatos se tornavam cada vez mais alarmantes; chegaram notícias de que 18 km distante da Villa, na Estada para Erechim estavam reunidos 700-800 homens armados com a intenção de atacara Villa. No mesmo Domingo, pela Guarda, na Villa, foram tirados os cavallos aos homens e mesmo senhoras que chegaram para a Missa; até jovens foram detentos (presos) para fazer parte da Guarda. Contra este proceder o Vigário levantou protesto perante o Sr. Intendente, que tentou desculpar essa medida com o perigo iminente. Na Segunda feira (15 de Janeiro) muitas pessoas e famílias inteiras fugiram pelos trens, outras já anteriormente tinham abandonado a villa; as famílias que ficavam, cada vez mais assustadas, pediram conselho do Vigário o que deviam fazer. Este, por fim se resolveu ir pessoalmente ao accampamento dos revoltosos, para fallar com eles e se for possível, evitar derramamento de sangue entre irmãos. As autoridades approvaram esta tentativa como uma “obra de caridade”, só fazendo questão de não querer fallar em nome das mesmas; offereceram ao Vigário um auto: às 3 horas chegou casualmente o R. P. Vigário de Erechim, F. Gentil, O. Cap. que se declarou pronto a accompanhar a viagem. Realmente, no Km 18 distante da villa estavam reunidos vários gruppos armados; no princípio os chefes destes receberam o Vigário com muita desconfiança, mas enfim declarando este que não chegou em nome das autoridades, mas puramente na qualidade de Vigario, em nome das famílias angustiadas, tentando evitar se manchasse a bandeira da Pátria com sangue de irmãos, os chefes dos revoltosos acalmaram-se e se comprometteram não querer atacar a villa, mas antes aceitar no dia seguinte uma Comissão, para entender-se pacificamente com o Governo; assignaram mesmo neste sentido um papel. Na villa, entretanto já estavam com medo de ser o vigário preso ou morto, e grande foi a surpresa quando o mesmo voltou e comunicou o resultado da viagem. O Vigário já tinha declarado aos revoltosos que não podia tomar compromisso mas só fazer o possível recomendando às autoridades uma Conferencia. Porém estas, desconfiando nas promessas de segurança da parte dos revoltosos, na mesma noite foram a Passo Fundo e voltaram no dia seguinte com um destacamento da Brigada. A população tinha mandado um telegrama ao Presidente do Estado, pedindo evitar derramamento de sangue; o comandante da Brigada veiu com informações de entender-se com os revoltosos; mas estes, desconfiantes, retiraram-se mais longe. Nos dias seguintes foram chamados os chefes das autoridades desta villa para Porto Alegre e mais tarde transferidos; os revoltosos, pelos menos apparentemente, se dissolveram. Foi nomeado aos 5 de Fevereiro intendente deste município o Sr. Celestino de Souza Franco. Não obstante este movimento revoltoso a parochia fez um grande passo de desenvolvimento. ... (Registra a chegada das Irmãs Franciscanas e a abertura do Collegio S. José.... No dia 12 de março as forças de Felippe Portinho, que reinicio de novo o movimento revolucionário, entraram na Villa, soltaram os presos e d’aqui por deante tomaram posse do município, só de vez em quando expulsos pelas forças legaes. As autoridades tinham abandonado a Villa. No dia 22 de Abril o Exercito tomou a seu cargo a manutenção da ordem na Villa. No Junho entrou Felippe Portinho de novo na Villa e instituiu autoridades da sua parte. Na vigília de S. João (23 de Junho) houve um combate sangrento perto da villa, na Parada Giaretta. O Vigário foi a cavallo ao campo da luta para offerecer seus serviços aos feridos; encontrou a força do Portinho, mas os feridos já estavam recolhidos em Floresta; depois de voltar à Villa, encontrou a Brigada que esteve com quatro mortos e uns trinta feridos. Oito dias depois retirou-se a Brigada entrou de novo a força revolucionária com Hospital de Sangue. Muitos foram os soffrimentos, principalmente dos colonos; o movimento religioso quasi totalmente impossibilitado; ameaçaram o Pe. Justino que queria visitar as capellas, tiraram cavallo etc. Mesmo na villa, já no Abril queriam tirar o cavallo do Vigário; por vinte milreis o restituíram. No Agosto e Setembro se exigiram grandes impostos de guerra. No dia 7 de setembro um official revolucionário mandou tirar o cavallo do Vigário apesar de ter este uma garantia escripta pelo próprio General Felippe Portinho; nunca voltou o cavallo. No dia 13 de Setembro a Brigada expulsou em combate sangrento expulsou os revolucionários e no dia 18 Firmino Paim tomou conta do município. Daqui por diante podiam visitar-se as capellas mas o povo ficou ainda por muito tempo desconfiado. Finalmente 14 de Dezembro chegou a notícia official da Conclusão da Paz. Foi logo celebrada Benção em ação de graças. Apesar de tanto movimento revolucionário, a Igreja podia também neste anno receber alguns melhoramentos. Foi colocado o Choro para os Cantores e augmentado o espaço na Igreja, tirando as duas sacristias que estavam dentro da mesma e collocando maior sacristia atraz da Igreja. Graças a Deus poude comprar-se um grande Presépio. 2° Carta do Pe. Carlos ao Intendente revolucionário Themistocles Celso Ochôa A carta é transcrita do citado livro de Altair Menegati e Geder Carraro, p. 143 a 145. Bôa Vista do Erechim, aos 16 de junho de 1923. Ilmo. Sr. Themistocles Celso Ochôa. Peço licença de apresentar a Vossa Senhoria os comunicados seguintes: No dia 9 deste mês o Sr. Tenente Coronel Cony me mandou por um próprio uma carta na qual dizia que sabendo de fonte segura, que estava em meu poder um revolver Smitch Militar, o requisitava, etc... Já respondi ao mesmo que nunca esteve nem estava em meu poder tal arma. Mas como aquele portador é o auxiliar do sr. Cony, chamado seu auxiliar me dissera que aquela “fonte segura” também se sabia que era “chimango”. Como já anteriormente, no dia 15 de janeiro na ocasião da minha chegada ao acampamento dos revolucionários, o Sr. Robertinho Chaves me declarasse que sabia de “fonte segura” que eu tinha pregado que se “votasse no Borges”. Acho-me obrigado na qualidade de Vigário da Bôa Vista do Erechim, contestar, respeitosamente, essas acusações. 1 – Durante estes 15 anos que estou no Brasil como Vigário, nunca me meti na política, mas simplesmente respeitei as autoridades legalmente constituídas, como era meu dever, e mais ainda Vigário. Isto nunca me impediu de levantar minha voz e meu protesto junto as mesmas autoridades se procediam mal ou praticavam arbitrariedades como por exemplo, no dezembro passado quando queriam aqui prender como “revolucionário” um moço e confiscar as armas dele, que tinha pousado na minha casa, ou mais tarde, no dia 14 de janeiro, quanto o Intendente de então, mandou requisitar os animais sem necessidade dos que chegaram a Igreja e também os homens. 2 – No ano passado as autoridades desta Villa me falaram para que os apoiasse na ocasião da eleição, mas recusei tal insinuação alegando que sendo Vigário, não podia meter-se em política. Esta minha resolução comuniquei também ao Juiz da Comarca Dr. Homero Baptista quando aqui estava presente, o qual aprovou plenamente a minha atitude a esse respeito. 3 – Oito dias antes da eleição, domingo, dia 19 de novembro, Festa da Bandeira, realizou-se na matriz solene benção da Bandeira Nacional, comemorativa do centenário que fazia parte do programa dos festejos do jubileu, mas que por causa do mau tempo, foi transferida para este dia. Nesta ocasião, na presença das principais autoridades que serviam de padrinhos, falei na Igreja sobre o Amor da Pátria, que consistia em cumprir os deveres de cidadão, trabalhar pela Pátria, e se fosse necessário sacrificar-se por ela. A respeito da eleição disse unicamente nestes termos: “Entre os deveres do cidadão estão também o direito de votação”. Neste respeito não preciso dizer nada, senão repetir as palavras dos Bispos do Brasil que na sua Carta Pastoral de 1915 assim se exprimem: “O cidadão católico tem o dever de dar o seu voto a quem, em consciência, julgar mais capaz de servir ao bem da pátria e da Religião”, e nada mais. Testemunha imparcial destas minhas palavras é o Sr. Dr. Henrique Cordova que de propósito assistiu meu sermão do princípio até o fim, e logo depois me felicitou por ter sabido evitar meter-me em política. As autoridades porém não estavam satisfeitas comigo e o Major Cândido Machado insistiu comigo para que eu ao menos aquela semana, visitando as capelas falasse de votar em Borges, o que lhe recusei de novo, e realmente nem publica, nem particularmente falei de outra forma que na Igreja. (Conforme as palavras acima). 4 – Na tarde do mesmo dia, a convite, assisti a uma inauguração do busto de José Bonifácio no escritório da Comissão de Terras. Como depois da oração patriótica o Sr. Dr. Mário Requião convidasse os presentes a assinarem um telegrama de felicitações ao Dr. Borges, felicitando-o por ser dia de seu aniversário – me retirei sem assinar tal telegrama que falou de solidariedade incondicional. Testemunha disso é o Dr. Henrique Cordova, que se retirou junto comigo. 5 – Quando no dia 16 de janeiro, a meu pedido, os Senhores Coletor Federal Paim e o advogado Henrique Cordova vinham conferenciando com os revolucionários que por sua parte se comprometeram não entrar na Villa caso o Governo do Estado se entendesse com ele. Assinei com outros um telegrama ao Dr. Borges, pedindo em favor das famílias desta Villa, entendendo-se com os revolucionários e não deixar atacá-los pela Brigada, pedido este que foi atendido pela Brigada. 6 – Quando depois do dia 25 de janeiro o Sr. Celestino Franco me convidou para assinar um telegrama de felicitações ao Dr. Borges pela tomada de posse ao Governo, lhe recusei categoricamente alegando que como Vigário não podia me meter em política. 7 – Durante todos estes meses do movimento revolucionário me empenhei sempre assim publicamente, na Igreja, como em palestra particular em acalmar os ânimos, aconselhando paciência, calma e oração a Deus para alcançar o quanto antes a desejada paz no nosso Estado. Mesmo quando me chegaram com queixas sobre certas violências que se deram nas colônias, até declarando que os chefes do movimento revolucionário, como eu sabia, de fonte autorizada, e mesmo de boca do Sr. General Portinho, proibiam tais excessos e castigavam os delinqüentes. Todos estes fatos, me parece, são prova bastante de que nesta situação delicada, a minha atitude foi sempre, pela mesma neutralidade. Pelo que protesto energicamente, contra quaisquer asserções em contrário e confiando nos sentimentos de inteira justiça de Vossa Senhoria, peço tomares providências para que mal intencionados não possam aproveitar-se desta situação para fazer intrigas. Com toda consideração e respeito de Vossa Senhoria servo delicado Pe. Carlos Schwergschlager – Pároco. 4.1.3. Registros de Frei Gentil de Caravaggio, pároco de Getúlio Vargas (Erechim) Pe. Frei Alberto de S. M. de Caxias, OFMCap. (Vitor Stawinski) escreveu biografia do Pároco de Getúlio Vargas de 28 de outubro de 1918 a 07 de julho de 1924, Frei Gentil de Caravaggio. Nesse livro, está o seguinte depoimento dele a respeito dos embates entre maragatos e chimangos: “Erechim (Getúlio Vargas) foi uma das regiões do Estado que mais tem sofrido com a revolução. Durante dez meses, a minha paróquia foi talada por tropas, ora Assisistas, ora Borgistas. Onde quer que se acampassem, tanto estes, como aqueles, praticavam incursões predatórias entre os indefesos colonos, espoliando-os de víveres, de roupas, de armas, de pelegos, de arreios e, sobretudo de animais de montaria. Se vinham tropas assisistas, saqueavam as moradias dos próprios correligionários, sob o pretexto de que estes deviam auxiliar o movimento revolucionário. Da mesma forma depredavam aos borgistas, alegando que eram inimigos do movimento revolucionário. Se vinham, depois, tropas borgistas praticavam idêntica razia, pretextando que faziam tudo pela ordem. Pobre povo! Pobre Erechim!... E eu, lembrando-me do imenso bem praticado pelo meu antigo pároco, Pe. Cámine Fasulo, na revolução de 1893, tomei a resolução de permanecer junto do meu povo e de prestar-lhe todo o amparo possível.” Ele também se refere aos combates do Desvio Giareta e de Quatro Irmãos. Segundo Frei Gentil, naquele encontro do Pe. Carlos e ele com o grupo revolucionário o chefe dele queria que o Pe. Carlos permanecesse como refém. A exigência era pelo fato de que Pe. Carlos fora acusado de dar apoio aos borgistas durante a campanha eleitoral. Frei Gentil desfez a calúnia e disse ao caudilho: “O Pe. Carlos veio comigo e comigo deve voltar. Caso ele ficar retido, eu também ficarei com ele”. E os dois puderam retornar para suas casas e “vila de Paiol Grande foi poupada”. 4.2. Dados históricos eclesiais 4.2.1. Alguns dados iniciais A maioria das pessoas que veio para esta região era de fé cristã, e em grande parte, católica. Uma das primeiras providências ao se estabelecerem era definir um local de encontro dominical para o terço, identificando-o, inicialmente, por uma cruz. Em seguida, construíam um oratório (capitel). Em quase todos esses lugares foi construída uma igreja que hoje é a da sede de uma paróquia. Até 1910, a região pertencia à única Diocese do Rio Grande do Sul, Porto Alegre. De 1910 em diante, pertenceu à nova Diocese de Santa Maria, criada junto com Pelotas e Uruguaiana. De 1951 em diante, pertenceu à Diocese de Passo Fundo. Em 25 de outubro de 1911, foi criado o Curato, considerada a primeira paróquia da região com sede na atual cidade de Getúlio Vargas, que, como se viu, chamava-se Erechim. Foi desmembrado da Paróquia de Na. Sra. da Conceição Aparecida de Passo Fundo. Sua extensão era um pouco maior do que a atual Diocese de Erexim, pois incluía território pertencente hoje à Diocese de Passo Fundo e Frederico Westphalen. Ia de Coxilha até Marcelino Ramos e do Rio Ligeiro a Nonoai. Em Getúlio Vargas, já havia uma igreja protestante. Posteriormente, foram criadas as paróquias de Áurea, em 10 de abril de 1915; São José da Boa Vista do Paiol Grande (Erechim) e São Luiz Gonzaga de Barro (Gaurama), em 19 de agosto de 1919. O quadro completo das Paróquias da atual Diocese de Erexim é o seguinte: Imaculada Conceição Na. Sra. do Monte Claro São José São Luiz Santa Ana São João Batista Santa Isabel Sagrado Coração de Jesus Santo Antonio Na. Sra. Medianeira Na. Sra. do Rosário Sagrado Coração de Jesus São Valentim Na. Sra. da Glória (do Pedancino) São Caetano São Tiago Santa Teresinha Na. Sra. dos Navegantes Na. Sra. da Salette São Pedro São Francisco de Assis Getúlio Vargas Áurea Erechim Gaurama Carlos Gomes Marcelino Ramos Três Arroios Viadutos Jacutinga Barra do Rio Azul Barão de Cotegipe Paulo Bento São Valentim Erval Grande Severiano de Almeida Aratiba Estação Campinas do Sul Três Vendas, Erechim Erechim Mariano Moro 25/10/1911 10/04/1915 19/08/1919 19/08/1919 08/02/1925 22/02/1928 1°/01/1932 23/09/1934 14/09/1937 02/02/1938 14/09/1938 02/06/1943 13/02/1944 23/02/1947 07/08/1951 07/08/1951 05/06/1952 20/12/1954 08/12/1954 13/07/1958 25/01/1965 São Roque São Roque São Pedro Na. Sra. das Dores Na. Sra. de Fátima São Cristóvão São Francisco Itatiba do Sul Benjamim Constant Dourado Capoerê Entre Rios do Sul Erechim Erechim (B. Progresso imediações) 02/09/1965 27/04/1966 1°/01/1967 11/01/1968 1975 12/05/1981 e 31/07/2005 Alguns registros de atividades anteriores à criação da Paróquia de Getúlio Vargas e da Paróquia São José de Erechim: - Ducatti (p. 54) relata informação do Pe. Benjamim Busato: na Secretaria do Bispado de Santa Maria, encontrou, no primeiro livro de batizados de Nonoai, este registro: Barca do Goio-En, 30 de junho de 1870: foi batizado Francisco, nascido em 18 de julho de 1869, filho de Antonio João A. Nekele e Ana Bárbara. Padrinho: Francisco de Paula Almeida Braga, que era de Campo do Bugre. Relata também que havia mais batizados na Barca do Goio-En, o que dá a entender que aquela localidade era bastante habitada e com visita regular de padre. - O mesmo autor (p. 55), ao fazer referência a Votouro, atualmente na Paróquia de Benjamim Constant, como um dos lugares mais antigos da região Alto Uruguai, diz que o nome se deve ao Cacique assim chamado e que foi batizado pelo Pe. Solanelas, no ano de 1850. Este padre veio, com outros jesuítas, de Buenos Aires ao Brasil em 1849, para a catequese entre os índios de Nonoai. - a primeira missa na atual cidade de Erechim foi celebrada em 1911, numa casa grande construída nas proximidades da Viação Férrea, que serviu de estabelecimento comercial e depois de hotel (Cf. Ducatti, p. 99). - a primeira capela de madeira foi construída por iniciativa de Elisa Vachi. Ficava na rua Torres Gonçalves, pela metade da primeira quadra, à esquerda no sentido Centro-Bairro. Tinha 4m x 6m, totalizando 24 metros quadrados. Foi dedicada a Santo Antonio. A primeira missa neste oratório foi celebrada no dia 13 de junho de 1913, pelo Pe. Alberto Scheurmann, de Getúlio Vargas. Nesta capelinha esteve, em 21 de outubro daquele ano, pela primeira vez na região, um bispo, o de Santa Maria, Dom José de Lima Valverde. E fez uma grande previsão: “O estábulo de Belém era pequeno e a capela que ora visito é menor ainda. Mas tenho a certeza de que dessa igrejinha surgirá um dia uma grande matriz”. O crescimento da vila, hoje cidade, fez surgirem várias igrejas grandes (incluindo o Santuário). O crescimento da cidade faz prever novas construções. O importante não são os templos, mas as comunidades, verdadeira razão da existência deles. 4.2.2. A ação dos leigos Na maioria das famílias, era intensa a prática religiosa. Oração diária, incluindo o terço. Memorização das orações e do catecismo. Muitas pessoas ainda lembram que ao redor do fogão a lenha, enquanto preparava o jantar, a mãe ou mesmo o pai ia “tomando a lição do catecismo” dos filhos. Os tempos mudaram, claro. Mas não estaríamos no extremo oposto? As comunidades que iam se formando contavam com pessoas para a catequese e para a “reza do terço” aos domingos e para as exéquias, pois dificilmente havia padre para os sepultamentos. Eram os tradicionais “capelães”. Na infra-estrutura, havia os conhecidos “fabriqueiros”. Integravam as “diretorias”, hoje Conselhos de Assuntos Econômicos. Associações e movimentos ajudavam os leigos a cultivarem a mística cristã: Legião de Maria, Apostolado da Oração (na Paróquia São José, Erechim, oficializado em 06 de agosto de 1920), Vicentinos. Mais recentemente: Movimento Familiar Cristão (desde 1960), Cursilho de Cristandade (1974), Encontro de Casais com Cristo, Renovação Carismática Católica, Treinamento de Liderança Cristã (TLC, na década de 1980)... A partir da renovação conciliar, são organizadas as diversas pastorais, nas quais é elevado o número de leigos atuantes. Praticamente em todas as comunidades da Diocese há leigos e leigas oficializados em ministérios que lhe são próprios. 4.2.3. A presença e a ação dos padres Deve-se destacar o heroísmo dos padres dos primeiros tempos em toda a região. Nas condições limitadas da época, acompanhavam pastoralmente as famílias e as comunidades que iam sendo organizadas. Valendo-se de uma boa mula, bom cavalo ou burro, visitavam periodicamente a todas. Praticamente todos os anos, realizavam a bênção das famílias e das casas. Chamados para um doente, não importava a distância, colocavam-se na estrada. Foi emocionante ouvir o relato do Cônego Estanislau Pollon, já acamado, de uma visita que fez a um moribundo em meio a uma enchente, arriscando a vida para atravessar o rio Paloma transbordando. Impossível fazer menção a todos. Mas é oportuno citar alguns por alguma peculiaridade. - Cônego Estanislau Pollon (*22/02/1906; +14/06/1973), pároco de Barão de Cogetipe por quase 40 anos, incentivou intensamente a devoção a Maria. Um dos meios para esta iniciativa foi introduzir as capelinhas domiciliares, que desta Paróquia passaram para as demais na região. Organizou uma usina para geração de energia elétrica, que, talvez, tenha sido a primeira no Estado. Ele atendia comunidades até Frederico Westphalen, a cavalo. - Mons. João Farinon, “um santo e piedoso sacerdote”, segundo Côn. Pollon, recordado por seu trabalho pioneiro na extensa área da Paróquia de Getúlio Vargas no tempo em que lá foi pároco; por sua dedicação à juventude e às famílias. Assumiu a Paróquia 12 de julho de 1924 e nela permaneceu até 22 de junho de 1953. - Cônego Dionísio Basso, pelas suas campanhas e pelos seus trabalhos na construção do Seminário de Fátima. Ficava muitos dias com os agricultores e celebrava missa na comunidade de Monte Alegre. - Côn. Santo Fortunatto Guerra, segundo reitor do Seminário de Fátima, que consolidou sua organização. Dirigiu a construção do Seminário. Administrava uma granja que garantia em grande parte a sustentação do Seminário. Coordenou a construção do Santuário. Foi em seu tempo de reitor que, com grande intervenção do Pe. Anacleto Zaffari que conseguia as máquinas junto à Prefeitura Municipal de Erechim e ao Departamento Autônomo de Estradas e Rodagem do Estado (DAER), foi realizada a terraplenagem que resultou na atual esplanada do Seminário e seus campos esportivos. - Pe. Benjamim Luiz Busato (*27/06/1902; +27/03/1984), Pároco da Paróquia São José, Erechim, de 26 de dezembro de 1926 a 17 de maio de 1950, por sua liderança, por suas diversas iniciativas não só no campo religioso, mas também social, pelos seus escritos no jornal A Voz da Serra (hoje Voz Regional), com crônicas audazes, e no Correio Riograndense, na época “Staffetta”, com coluna sobre Política e Religião por dois ou três anos. Valia-se, como se disse acima, do pseudônimo Chico Tasso. As duas palavras, separadamente, identificam sugestivamente um articulista. Lidas numa só, foneticamente igual a “chicotaço” temos aquilo que o autor colocava em seus textos, uma verdadeira chicotada com destinatários diversos, conforme assunto abordado. No jornal Staffetta, usava o pseudônimo “Bepi Scuria” – José Soiteira (açoiteira, rebenque). Pe. Benjamim é recordado por zelo catequético. Redigia e entregava às famílias textos de educação da fé. Pelo ano de 1980, os padres que trabalhavam na Paróquia São Miguel Arcanjo de São Miguel do Oeste, pediram-lhe um texto com orientações para os pais na educação da fé dos filhos. Valendo-se de sua longa experiência, os atendeu de imediato. O texto publicado por aquela Paróquia para suas famílias foi editado também pela Paróquia de São Valentim, em nossa Diocese. Também por seu trabalho social. De acordo com Sônia Mári Cima (p. 34), além de fundar o Círculo Operário, reestruturou a Associação Rural, que teve por sede o atual terreno do Seminário de Fátima. O terreno era do Estado. Depois passou para a Mitra Diocesana de Passo Fundo para a construção do Seminário de Fátima. A família Mariano e Genovefa Lise foi instalada nesse terreno pelo Pe. Benjamim Busato e pelos outros membros da Diretoria da Associação Rural. Durante a Guerra Mundial, Pe. Benjamim fazia vir de Porto Alegre querosene, sal, açúcar e outros produtos em falta na região. Segundo o professor Adroaldo Lise, filho do casal Mariano e Genovefa, eles passavam o querosene para litros e o Pe. Benjamim os levava para os agricultores utilizarem em seus lampiões. O Pe. Benjamim colocava ao encargo da família suínos e galinhas de raça melhorada para a reprodução, a fim de repassar aos agricultores para terem matrizes de melhor qualidade. Também foi o Pe. Benjamim que incentivou a soja na região. Pelo ano de 1948, ele entregou àquela família uma bolsinha com alguns quilos de semente da oleaginosa, recomendando que plantasse e cuidasse bem, pois seria o futuro da humanidade. Dela se poderia conseguir leite e outros alimentos. Aquelas primeiras sementes foram plantadas onde hoje está o Centro Diocesano. Quando a pequena plantação estava amadurecendo, Pe. Benjamim levou peça de roupa de algodão para a dona Genovefa costurar bolsinhas para encher de sementes de soja a serem distribuídas aos agricultores. Na crônica 56 da coletânea Meu Erechim Cinquentão, sem data, mas anterior a 1950, ele revela sua consciência crítica e seu adiantamento no tempo em relação aos nossos dias. Referindo-se a constantes contrabandos, arremata: “ainda sustento constantemente – o que o Brasil deve temer é a corrupção em primeiro lugar, o comunismo vem muito depois...” Em 1945, segundo Sônia Mári Cima (p, 34, 90 e 91), Pe. Benjamim, em 1945, foi escolhido para ser deputado estadual pelo Partido Social Democrático, mas não aceitou. De 1946 a 1947, foi indicado como membro do Conselho de Administração e também seu Presidente – em outras palavras, vereador e presidente da Câmara. De acordo com a mesma pesquisadora, Pe. Benjamim foi radioamador e, na década de 1930, agenciador de papéis para a assistência médica, obstétrica e aposentadorias. Foi ele também grande defensor da preservação do Mato da Comissão. Segundo conta em uma de suas crônicas, Meu Erechim Cinquentão, n° 30, Pe. Benjamim garantiu a construção da estrada a Nonoai. O pároco de lá veio falar com ele, por ser Presidente da Associação Rural, pedindo interferência para a construção da referida estrada. A Associação Rural fez estudo e o encaminhou ao Secretário da Agricultura para que ordenasse à Comissão de Terras de Erechim para abrir a estrada. “E a estrada saiu”. Pe. Benjamim foi um dos idealizadores da Romaria da Salette em Marcelino Ramos. Em 1935, ele havia visitado o Santuário Mariano de Lujan, na Argentina. Aqui no Estado havia ameaça de nova revolução. Pensou em recorrer a Maria Santíssima para evitar derramamento de sangue. Convidou os fiéis para ir em romaria a Marcelino Ramos. Reuniu-os na igreja, atendeu a confissão de todos e embarcaram no trem, sem mesmo avisar os padres de lá. Eram 660 pessoas (Cf. crônica 57). Para garantir a energia elétrica de qualidade, ele assinou empréstimo de “mil contos” junto ao Banco Pfeifer (crônica 67). Ele também teve desafetos e contestação, chegando a ter um “enterro simbólico”. Ao deixar a Paróquia São José, ficou sem exercer o ministério presbiteral por algum tempo. Reintegrado no ministério, foi capelão do Hospital de Caridade, em Erechim, de 1963 a abril de 1966, quando passou para o Hospital Santa Isabel de Gaurama, onde permaneceu até o final de sua vida. Faleceu no dia 27 de março de 1984, em acidente automobilístico no trevo de Erechim a Gaurama, na BR 153. Seus restos mortais estão nos ossários da Catedral São José. O trabalho do Pe. Benjamim com os agricultores remete ao trabalho realizado posteriormente por padres que acompanharam o Movimento de Atingidos por Barragens, a renovação sindical, a Pastoral da Terra, como Milton Mattia, Antonio Scheffel, Valter Girelli, Pe. Anacleto Ortigara, MS, e outros. Pe. Antonio Scheffel deu especial atenção à Pastoral Indígena. Em 2005, pediu liberação de responsabilidades paroquiais para dedicar-se ao trabalho com os índios. Remete ao trabalho do Pe. Dirceu Benincá na organização dos catadores de lixo, com a criação da ARCAN (Associação de Recicladores de Lixo Amigos da Natureza), em Erechim, no 06 de fevereiro de 2001. - Côn. Estanislau Kostka Olejnik (*29/10/1909; +19/04/1987), por suas bênçãos, seu trabalho de aconselhamento, pelas doações, especialmente de pão para os pobres, pela organização de comunidades e construção de igrejas nos bairros de Getúlio Vargas. Um grupo de fiéis continua a doação dos pães. Durante a Segunda Guerra Mundial, esteve em campo de concentração. Segundo a monografia de Marli Elicker Camargo, O PADRE POLACO, Getúlio Vargas 1954 a 1987, Universidade Integrada do Alto Uruguai e das Missões, Campus de Erechim, Em 26 de agosto de 1940, festa de Na. Sra. de Czestochowa, durante a missa, 17 soldados nazistas foram prendê-lo. Deixaram-no concluir a missa participada por cerca de duas mil pessoas. Levaram-no à prisão e depois de três dias para o campo de concentração, em Sachsehousen, perto de Berlim, e, no mês de dezembro, para o campo de Dachau, onde ficou até 29 de abril de 1945. Depois de sair do campo de concentração, trabalhou como capelão na Alemanha dando assistência religiosa aos poloneses. Sem seguida, foi para a Bélgica, atendendo os poloneses de cinco companhias de carvão. A convite de Dom Cláudio Colling, veio ao Brasil, chegando no Rio de Janeiro em 18 de novembro de 1952. Passou um ano em Barão de Cotegipe para aprender a língua portuguesa, recebendo orientações do Cônego Estanislau Pollon. De 04 de janeiro de 1954 a 03 de janeiro de 1959, foi Pároco de Carlos Gomes. No dia 04 de janeiro de 1959, assumiu a Paróquia de Getúlio Vargas. Teve algumas dificuldades ao iniciar seu trabalho nessa Paróquia. Completou a construção da igreja Imaculada Conceição e construiu a casa paroquial. Para essas obras e para os pobres, dou muito dinheiro pessoal, recebido da indenização da guerra. Promoveu a construção da igreja no bairro da COHAB, dedicando-a a São Maximiliano Kolbe, morto em campo de concentração, durante a guerra. Em vista da situação política em seu país de origem, ficou 37 anos sem rever sua família e sua diocese. No dia 13 de maio de 1984 sofreu isquemia ou ameaça de derrame cerebral. Recuperou-se e voltou aos trabalhos que desenvolvia como Pároco emérito. No dia 09 de abril de 1987 foi hospitalizado com suspeita de infarto.No dia 19 do mesmo mês e ano, domingo de Páscoa, às 17:35, serenamente, faleceu. A missa de exéquias foi presidida pelo Bispo Diocesano, Dom João Hoffmann, acompanhado de 51 padres e participada, segundo cálculos, por 7.000 pessoas. - Pe. Estevão Wonsowski (*22/12/1914; +29/6/1977), pelo seu zelo vocacional. Também porque na residência paroquial costumava ter um pequeno zoológico, com cotias, pacas, veados, cachorros, pássaros... - Pe. Estevam Kfiecinski (*30/10/1928; +30/12/2005), Professor e Reitor do Semináiro de Fátima, assistente dos seminaristas de Passo Fundo e professor no Seminário de Viamão, Pároco de Getúlio Vargas, onde introduziu o Movimento da Renovação Carismática Caatólica, Vigário-Geral em dois períodos – de 1971 a 1978 e de 1994 até seu falecimento. No primeiro período organizou toda a infra-estrutura da Diocese e dirigiu a construção do Centro Diocesano de Administração e Pastoral. No segundo período, foi também Coordenador da Cúria Diocesana e assessor eclesiástico do Movimento de Cursilhos de Cristandade. . - Pe. Atalibo Maurício Lise (*10/06/1927), pároco da Paróquia São José de Erechim de 13 de fevereiro de 1967 a 03 de janeiro de 1987 e 02 de janeiro de 1988 a 20 de janeiro de 1990. Coordenou a construção da atual Catedral e a Comissão Pró-Diocese. Trabalhou em São Valentim, Vila Maria (da Diocese de Passo Fundo), Viadutos, Getúlio Vargas, Campinas do Sul, São Cristóvão (Erechim). Foi também Vigário-Geral da Diocese. A construção da Catedral foi iniciada em julho de 1969 e inaugurada em 15 de maio de 1977. A parte térrea foi inaugurada no dia 6 de junho de 1970 e passou a ser o local das celebrações litúrgicas, que, desde o início das obras, eram realizadas na capela do Colégio São José. Pe. Lise descobriu o grande artista polonês Arystarch Kaskurewicz (* 12/02/1912, Polônia, + 08/4/1989, São Bernardo do Campo, SP). Em conseqüência de explosivo durante a guerra, era cego de um olho e não possuía os dedos das mãos e assim mesmo fez os maravilhosos painéis decorativos da Catedral na arte do sgrafito – baixo relevo. O projeto de uma nova igreja é anterior ao Pe. Lise. Seu antecessor, Pe. Tarcísio Utzig, no último registro de 1965 no livro “Tombo” anotou: “Foi apresentado ao Bispo um estudo sobre a nova igreja matriz. Em princípio foi dado parecer favorável à idéia de fazer a igreja na esquina ocupando o terreno hoje tomado pela canônica. A igreja de acordo com essa idéia terá a forma de um leque, estreita na entrada e larga na frente...” Em 25 de julho de 1966, registrou: “O pároco foi a Porto Alegre para tratar das plantas da nova matriz”. Pe. Lise também registra, em 06 de janeiro de 1968, que, ao chegar à paróquia, encontrou carta de Dom Cláudio, datada de 1965, autorizando “o Pe. Tarcisio Utzig a construir uma nova igreja matriz no local da antiga”. 4.2.4. A presença e a ação das religiosas e dos religiosos Diversas Congregações mantiveram e/ou mantêm comunidades na região, dedicando-se, especialmente, no campo da saúde, da educação e da ação social. - Palotinos: Atenderam o Curato de Erexim (Getúlio Vargas) de 26 de novembro de 1911 até 1918. Três padres atuaram no Curato: Alberto Scheuermann, Antonio Nieberle (1915) e Luiz Priuli (1916). Segundo Pe. Geraldo Moro, que tem um irmão palotino, Pe. Carlos Schwergstlhager, pároco Paiol Grande de 26 de fevereiro de 19922 a 08 de maio de 1926, era palotino. - Barnabitas: atenderam a Paróquia São José de Boa Vista do Paiol Grande de 08 de abril a 30 de agosto de 1920. - Capuchinhos: Frei Gentil de Caravaggio, nome religioso de Fortunato Giacomel, esteve em Getúlio Vargas de 28 de outubro de 1918 até 07 de julho de 1924. A Ordem mantinha uma propriedade agrícola em Butiá, no atual município de Ipiranga. A comunidade dos freis que lá residiam desenvolvia algumas atividades pastorais. Eles deixaram Butiá no início de 2001. - Franciscanos: Estiveram em Três Arroios, mesmo antes de ser criada a Paróquia Santa Isabel da Hungria, de 1920 até 1957. Atuaram em Gaurama desde a criação da Paróquia São Luiz, em 1919 até 13 de janeiro de 1957. De primeiro de setembro de 1920 a 26 de fevereiro de 1922, atenderam a Paróquia São José de Erechim, que estava sem pároco efetivo. - Irmãs Franciscanas Missionárias de Maria Auxiliadora: Sua entrada no atual território da Diocese de Erexim se deu por Três Arroios, onde iniciaram suas atividades em 02 de setembro de 1920, dirigindo o Colégio Na. Sra. de Lurdes. O Colégio foi passado para o Estado em 1977. Estiveram no Hospital São Leonardo da mesma localidade, de 15 de janeiro de 1951 a 29 de fevereiro de 1968. Em 28 de março de 1978, foi encerrada a permanência das Irmãs naquela Paróquia. Em 12 de fevereiro de 1922, elas fundaram o Colégio Santa Clara em Getúlio Vargas, a pedido de Frei Gentil de Caravaggio. Atualmente, ele tem alguns contratos de locação com Instituições educacionais. O primeiro Pároco de São José da Boa Vista do Paiol Grande, Pe. Vicente Testani, ainda em 1919, pedira ao Bispo de Santa Maria o seu apoio para abrir um colégio de irmãs na sede paroquial, pois "isto era muito desejado pelo povo". A resposta do Bispo foi de apoio e promessa de ajuda, ressalvando que seria difícil e que "antes de Boa Vista estava Passo Fundo". Mas em 15 de março de 1923, Pe. Carlos Schwersghlager registrava feliz: "depois de muitos passos se alcançou que no dia 15 de março se podia abrir o colégio São José. Foram as Irmãs Franciscanas que se comprometeram a dirigir o colégio. Houve muitas dificuldades, mas por fim venceu a proteção de São José. Logo foi grande a matrícula do colégio." As atividades do Colégio São José, assim chamado porque iniciou no dia do Santo, 19 de março de 1923, iniciaram numa casinha alugada na Rua Alemanha, no final da primeira quadra, à direita, no sentido centro-bairro. Três anos depois, como o espaço fosse pequeno, o Colégio transferiu-se para uma casa na Maurício Cardoso, pelo Centro da primeira quadra, no sentido centro-bairro. Em setembro de 1927, o Colégio fixou-se na Av. Pedro Álvares Cabral, 280, em prédio próprio, de madeira. Cresceu em espaço físico e em atividades educacionais. Em setembro de 1963, no seu quadragésimo aniversário, foi destruído pelo fogo. De suas cinzas, com recursos próprios e ajudas diversas, ele ressurgiu renovado. Em 1921, a pedido de Frei Modesto Oechtering, a Congregação iniciou trabalho educacional em Gaurama, com a Escola Maria Auxiliadora. Em 03 de maio de 1924, as irmãs abriram outra obra em Gaurama, o Hospital Santa Isabel. Em 1983, por problemas financeiros, a Escola foi transferida para o Estado. As irmãs, além de continuarem a dirigir o Hospital, atuaram e atuam na pastoral paroquial. Em 06 de março de 1936, a Congregação abriu outra frente de atuação: Severiano de Almeida, com a Escola Cristo Rei. Em 1939, criou o Hospital São Roque. Depois de passarem a Escola para o Estado e o Hospital para uma administração comunitária, as irmãs residem numa casa, atuando na pastoral paroquial. Estação foi onde a Congregação abriu nova comunidade, em 24 de fevereiro de 1938. A escola que abriu encerrou suas atividades em 1972. As irmãs continuam com Casa de Formação e atuação paroquial. De 1940 a 1947, dirigiram o Colégio Sagrado Coração de Jesus em Aratiba, a pedido do bispo diocesano de Santa Maria, Dom Antonio Reis. Nesse período atuavam também na pastoral paroquial. Em 06 de novembro de 1941, a pedido do Pe. Benjamim Busato, as Irmãs passaram a ter uma comunidade no Hospital de Caridade, nele residindo até início de 1979, quando passaram a morar em residência própria, mas continuando a trabalhar no Hospital. Em 1985, elas encerraram definitivamente os trabalhos nesta obra. Na casa em que residiam as irmãs que trabalhavam no Hospital, passaram a morar também irmãs que trabalhavam no Colégio São José em diversas pastorais da Diocese de Erexim. Foi relevante a presença das Irmãs no Seminário de Fátima por 50 anos, desde 28 de fevereiro de 1953 até 02 de fevereiro de 2003. Atuaram também no Bairro São Cristóvão. A casa delas aí foi fundada em fevereiro de 1969. Mas a Irmã Consolata Graber, com outras irmãs, trabalhava no Bairro desde 1953. Realizou relevante trabalho de promoção humana, espiritual, social e material. A comunidade das irmãs teve grande participação na organização da Paróquia São Cristóvão e na construção da residência dos padres e da igreja da sede paroquial. Em fins de 1977, a obra foi entregue aos leigos para que dessem continuidade a este projeto iniciado pela Irmã Consolada Graber. Também no Bairro São Cristóvão, de 1981 a 1992, a Congregação tinha uma residência, situada ao lado da igreja, para o trabalho de formação com as postulantes, candidatas a ingressar na instituição. Ir. Miriam Lorenzetti também realizou benemérito trabalho no Bairro e na cidade com dependentes de álcool e de tóxicos, bem como na formação de jovens candidatas à Vida Religiosa. Marcaram presença no Lar dos Velhinhos Jacinto Godoy, Erechim, de 09 de janeiro de 1966 a 13 de novembro de 1987. As Irmãs conduziram a parte administrativa até 1987. A partir de então, residindo fora, continuaram a prestar serviço de atendimento às pessoas idosas desta obra, até 1991. Em 1973, o bispo Dom João Hoffmann pediu religiosas para a obra do Patronato Agrícola São José, pois a mesma não possuía pessoal habilitado para atender crianças e adolescentes abanados pelas ruas da cidade. Em 1975, as Irmãs passaram a morar no Patronato e assumiram a direção do mesmo, desenvolvendo nele um trabalho pastoral. Em 1992, devido à falta de pessoas preparadas para este trabalho, a obra passou a ser dirigida pelos freis Terciários Capuchinhos, cujo carisma é justamente o trabalho com as crianças e adolescentes a que o Patronato atendia. Desde 20 de dezembro de 1985, atuam no Bairro Progresso, Erechim, com promoção humana e atividades pastorais, formação de lideranças, formação de comunidades eclesiais. Em 1980, o Bairro São Vicente de Paulo, Erechim, passou a ter a presença das Irmãs Franciscanas de Maria Auxiliadora. Para um trabalho junto às famílias, iniciaram plano de evangelização e catequese, dando ênfase à celebração dominical, à promoção humana, especialmente à mulher. Em 2001, devido à falta de Irmãs, a Congregação encerrou suas atividades nesse Bairro. Em 1986, a Congregação criou uma nova casa em Getúlio Vargas, no Bairro Champagnat, para atender necessidades pastorais do mesmo, bem como para o atendimento de jovens vocacionadas à Vida Religiosa. - Irmãs Franciscanas da Sagrada Família de Maria: Sua primeira comunidade na Diocese se estabeleceu em Áurea, em primeiro de fevereiro de 1930. A primeira atividade das irmãs foi numa escola, que iniciou suas atividades com 180 matrículas. Hoje não dirigem mais escola, mas atuam nas Escolas do Estado e no Colégio Agrícola. Atuam também em todos os setores de pastoral da Paróquia, bem como na ornamentação da igreja. Criaram e mantém a Casa do Imigrante, na qual as pessoas podem reviver o passado da região. De 1933 a 2001, estiveram em Carlos Gomes, dirigindo um Colégio e atuando na Paróquia. Em 04 de fevereiro de 1938, as irmãs estabeleceram uma primeira comunidade em Viadutos, também com atividades escolares. Enfrentaram situação peculiar: os alunos falavam apenas o dialeto italiano e as irmãs eram de origem polonesa. Em 1939, as irmãs passaram a atuar no Hospital Na. Sra. da Pompéia, permanecendo nele até 2001. No trabalho hospitalar destacou-se Ir. Henriqueta Rogachevski. Seu jeito simples de ser e sua acolhida a todos, sua bondade, cativaram a todos e fazem com que seja lembrada até hoje. São freqüentes os pedidos de missa de ação de agradecimento por graças atribuídas à sua intercessão. Extinta escola particular, passaram a atuar na Escola Estadual. A antiga casa foi adaptada para acolher irmãs doentes e idosas. Em 02 de agosto de 1967, foi criada a Província São Francisco de Assis, desmembrada da Província de Curitiba, abrangendo o Rio Grande do Sul e Santa Catarina, com sede em Erechim, Rua Polônia, 125. Em Erechim, as irmãs atuaram em várias Escolas do Estado; ajudaram na catequese e liturgia da Paróquia São José e Paróquia São Pedro. Uma das irmãs, Celina, coordenou, por alguns anos, a Pastoral da Saúde da Diocese e acompanhou a Renovação Carismática Católica. A casa da sede provincial destina-se também a cursos, encontros e retiros. Em 27 de janeiro de 1968, as irmãs estabeleceram uma comunidade em Paulo Bento, atuando nas pastorais da Paróquia. Uma irmã trabalha no Posto de Saúde do Município. Em 04 de janeiro de 1970, foi fundada uma comunidade em Capoerê. As irmãs participam nos trabalhos paroquiais, organizam a saúde preventiva e remédios caseiros. Trabalham também na Escola Estadual. Uma das imãs desta comunidade, atualmente, coordena a Pastoral da Saúde da Diocese. De 1976 a 1985, a Congregação manteve uma comunidade no Seminário de Fátima, em Erechim. As irmãs acompanhavam os seminaristas na oração, nos estudos, nos serviços gerais. Davam aulas e atendiam a secretaria. Viviam o papel de mães, de conselheiras, amigas dos seminaristas. Os que ficaram padres lembram com muito carinho esta presença amiga e materna delas. De 1998 a 2005, as irmãs tiveram uma comunidade, chamada Na. Sra. da Luz, na Sociedade Getuliense de Amparo aos Idosos. - Filhas da Caridade de São Vicente de Paulo (vicentinas): Aos 26 de outubro de 1934, dia da festa de Cristo Rei, as primeiras 4 Irmãs com destino a Barão de Cotegipe foram recebidas na estação rodoviária de Boa Vista (hoje Erechim), após duas noites e dois dias de viagem, hospedando-se na casa das Irmãs Franciscanas. Em 15 de março do ano seguinte, as irmãs iniciaram as atividades educacionais na Escola Cristo Rei, assim chamada para lembrar elas haviam chegado no ano anterior, que era festa de Cristo Rei. Além do curso primário inicial, a Escola foi oferecendo outros cursos curriculares. As Irmãs ministravam também aulas de corte e costura, bordados, pinturas, piano e datilografia. Prestavam auxílio à comunidade paroquial na catequese, coral e no cuidado minucioso com a igreja. A partir de 1º de janeiro de 2004, a Escola Vicentina Cristo Rei encontra-se em parceria administrativa e educacional com o Instituto Anglicano Barão do Rio Branco de Erechim, oferecendo os cursos de Educação Infantil e Ensino Fundamental. Em 31 de janeiro de 1937, foi fundado o Hospital São Vicente de Paulo, administrado pelas mesmas Irmãs Filhas da Caridade. De 2001 a 2006, teve uma parceria administrativa com o Hospital de Caridade de Erechim, encerrada em 31 de dezembro de 2006, voltando a funcionar como hospital da Província de Curitiba. De 1940 a 1984, residiram e trabalharam no Hospital Santa Terezinha de Erechim. Deixando-o, continuaram residindo na cidade, em casa própria. De 1985 a 1992, administraram a Obra Social Santa Marta. Desde 25 de maio de 1945, atuam em Jacutinga; desde 03 de agosto de 1958, em Campinas do Sul. Houve ainda outras obras das Filhas da Caridade na Diocese de Erechim, sendo elas nas cidades de São Valentim, Erval Grande, Barra do Rio Azul, Marcelino Ramos e Estação, que, para fortalecimento de outras obras, encerraram suas atividades. - Irmãs dos Santos Anjos: Atuaram em Colégio na Barra do Rio Azul de 1956 a 1975; estão em Aratiba desde 1958, tendo trabalhado em escola desde aquele ano até 1982; continuam na Paróquia atuando na pastoral e no hospital. Estão presentes também em Marcelino Ramos, desde o dia 11 de abril de 1982, atuando na Pastoral Paroquial, na Catequese, Liturgia, Pastoral Familiar, da Saúde, envolvendo-se em movimentos sociais e no ensino junto às Escolas Estaduais. Em 1982, assumiram a coordenação da Casa do Menor, que tem como objetivo o atendimento a crianças e adolescentes em situação de vulnerabilidade social através dos Programas de Abrigo e de Apoio Sócio-educativo em Meio Aberto. - Filhas dos Sagrados Corações: A Congregação chegou em Getúlio Vargas, no Lar da Menina, dia 17 de fevereiro de 1982, onde permanece, tendo completado já 25 anos de preciosa presença. - Companhia de Santa Teresa de Jesus: A Congregação chegou em Erechim em dezembro de 1989 para assumir a Escola Na. Sra. da Salette, em Três Vendas, locada das Irmãs Missionárias da Consolata. As irmãs terezianas dirigiram a Escola até o final de 2001. Permanecem na Paróquia da Salette atuando na pastoral, especialmente nos bairros. - Irmãs de Jesus Bom Pastor (Pastorinhas): Chegaram em Getúlio Vargas no dia 19 de fevereiro de 1966, permanecendo até 27 de dezembro de 2002, atuando na secretaria e na pastoral da Paróquia. - Irmãs Cônegas de Santo Agostinho: Sua presença em Erechim data de 09 de janeiro de 1957, com a Escola Normal Regional de Primeiro Grau Santo Agostinho, na Av. Sete de Setembro no terreno em que agora está o Campus da Universidade Regional Integrada. Ao chegarem em Erechim, as Irmãs adquiriram uma chácara, de propriedade do Cônego Gregório Comassetto. A chácara se estendia pelos dois lado da Av. Sete de Setembro. O Cônego se desfez da propriedade por ser em favor das irmãs. Inicialmente, elas construíram sua residência e uma pequena escola de primeira a quarta série, à esquerda da Avenida no sentido Centro Bairro. Ficava entre a atual sede da Associação Atlética Banco do Brasil e o Estádio do Ipiranga, onde as irmãs continuam tendo uma comunidade. Com a venda de alguns lotes, puderam construir a Escola à direita da Avenida no sentido Centro Bairro, que em 1970 foi adquirida pela Prefeitura Municipal para o futuro Centro Universitário. Havia oferta de compra por um grupo comercial que oferecia maior vantagem econômica para as irmãs. Mas a Congregação preferiu a alienação do terreno em vista da educação. Encerrando as atividades da Escola, passaram a dedicar-se à assessoria a Movimentos Populares, ao sindicalismo, à Pastoral da Terra, às CEBs, Catequese e outras atividades similares. Desde 1999, atuam no Centro Educacional Santo Agostinho, no Bairro Morada do Sol, com ação junto a crianças em situação de risco, ação de mulheres e cursos de cultura alimentar, corte e costura etc. As irmãs vieram a Erechim a pedido de Dom Cláudio Colling. Ponderou-lhes que em lugar de levar vocacionadas a São Paulo era melhor terem uma casa aqui para a formação de suas candidatas à vida religiosa. Insistiu que aqui havia necessidade da presença educativa das irmãs. - Irmãs Filhas de Jesus: Chegaram em Benjamim Constant no dia 17 de outubro de 1989. Atuam na pastoral da Paróquia, especialmente junto aos índios. - Padres do Instituto Missionários da Consolata (IMC): O primeiro missionário, Pe. Afonso Durigon, chegou no dia 20 de maio de 1947, para trabalhar com o Pe. Benjamim. Em 1948, de comum acordo com ele, transferiu-se para a capela da Salette, nas Três Vendas. E como este padre veio parar em Erechim? Segundo Pe. Benjamim Busato, em crônica “Como surgiu o Bairro de Três Vendas”, “chegaram a Erechim os padres da Consolata. Padre Bísio e outro companheiro haviam vindo ao Rio Grande lá de São Manoel, SP, para abrir um Seminário no Estado. As autoridades religiosas porém não haviam anuído a aspiração. Assim um belo dia se encontraram em Erechim em simples visita de cortesia ao Vigário. Estando este sozinho para atender a toda a região, o Padre Bísio resolveu deixar um padre provisoriamente em Erechim. De provisório passou a definitivo. De definitivo o padre Vigário lhe pediu para atender a Três Vendas”. Criada a Paróquia da Salette, em 08 de dezembro de 1954, foi confiada aos Padres da Consolata, na qual permaneceram até 20 de fevereiro de 2000. Em 1948, com permissão de Dom Antonio Reis, Bispo de Santa Maria, abriram um pequeno seminário, naquele Bairro, em casa de madeira. Mas a condição era não fazer campanha vocacional aqui, recebendo alunos de seminário menor da Consolata de Santa Catarina. De início, este pequeno seminário se chamava Seminário São José. Mais tarde, quando foi construído uma casa maior, em alvenaria, passou a chamar-se Seminário Na. Sra. da Consolata. Foi desativado em 1998. Em 1951, com a criação da diocese de Passo Fundo (RS), O IMC em Erechim obteve a permissão de fazer campanha vocacional para o próprio Seminário, mas com esta outra condição: formar no município um Patronato, para recolher menores abandonados, o que foi feito em 1954. O Patronato, que recebeu o nome de “São José”, ficou aos cuidados do IMC até 1972, quando foi entregue à nova diocese de Erexim. - Irmãs Missionárias da Consolata: Chegaram em 28 de abril de 1950, abrindo uma casa, com aprovação do Bispo de Santa Maria, Dom Antonio Reis, no Bairro Três Vendas, Erechim, com duas finalidades: 1ª) Escola Primária Paroquial para crianças do Bairro; 2ª) Uma Escola profissional e doméstica para moças. Para atender a realidades missionárias Ad Gentes mais urgentes, como pede o Carisma da Congregação, as Irmãs encerraram as atividades na Escola em 28 de dezembro de 1989. Enquanto estiveram na Escola, as irmãs atuaram na pastoral paroquial e integraram a Equipe Diocesana de Vocações. As Irmãs da Consolata tiveram casa também em Paulo Bento, aberta dia 25 de março de 1951, para acolher as jovens e adolescentes para a formação religiosa. Esta casa foi fechada dia 1° de janeiro de 1968. - Padres Saletinos: Chegaram em Marcelino Ramos em fevereiro de 1928, assumindo a Paróquia São João Batista em 18 de março seguinte. No dia 02 de julho do mesmo ano, criaram a Escola Na. Sra. da Salette, junto à casa paroquial. Em 28 de julho de 1958, assumiram a recém criada Paróquia São Pedro, em Erechim, permanecendo até 31 de janeiro de 1999. Há mais de 70 anos, promovem a romaria interestadual da Salette no Santuário do mesmo nome, em Marcelino Ramos. O Seminário é utilizado mais como casa de encontros, curso e retiros. É também o ponto de referência da Equipe Missionária Saletina que realiza missões populares em muitas paróquias. - Terciários Capuchinhos de Nossa Senhora das Dores: Trabalharam no Patronato Agrícola São José de 12 de julho de 1985 a maio de 2002. - Irmãos Maristas: Chegaram em Erechim no dia 09 de janeiro de 1935 com a fundação da Escola Medianeira, localizada na Rua Ceará, esquina com a Pedro Álvares Cabral. O objetivo da vinda dos Irmãos era: Educar, através da Escola e Internato, crianças e jovens. As aulas iniciaram no dia 07 de março daquele ano. Em 1937, a Escola foi transferida para atual sede, esquina Valentim Zambonato com Amintas Maciel. Nº de alunos: a) início do ano de 1935: 144; b) no final do ano: 171 (cursos primário, a partir do 3º; Admissão ao Ginásio e Comercial). Número atual de alunos: 330 (educação infantil e fundamental). Os Maristas tiveram presença também em Getúlio Vargas, a partir de 14 de fevereiro de 1938, com a Escola Técnica de Comércio Cristo Rei, que ficava em frente à igreja Imaculada Conceição. Em 11 de fevereiro de 1954, fundaram o Juvenato Imaculada Conceição, no prédio onde hoje funciona a Prefeitura Municipal. Em dezembro de 1992, com a formatura da 42ª turma do Curso Técnico em Contabilidade, a Escola encerrou suas atividades. Em dezembro de 2004, houve o Encerramento das atividades como casa de formação e das atividades dos Irmãos Maristas naquela cidade. - Padres da Sociedade de Cristo: Em fevereiro de 1961, assumiram a condução da Paróquia de Carlos Gomes. Desde 1981, atuam também em Áurea. Tiveram passagem por São Valentim, Barão de Cotegipe, Benjamim Constant e Capoerê. - Pobres Servos da Divina Providência: No dia 12 de fevereiro de 2006, assumiram a Paróquia São Francisco, no Bairro Progresso e imediações. Desde aquela data, atuam também no Patronato São José. 4.3. A Diocese de Erexim 4.3.1. Seminário e Romaria, fatores de unidade e identificação da região Em 1926 ou 1927, visitou Erechim o segundo Bispo de Santa Maria, Dom Ático Eusébio da Rocha. Depois da cerimônia oficial de acolhida, fez sua previsão: “Boa Vista, terra de venturas! Estou vendo o teu futuro, grande cidade, importante bispado”. A possibilidade parecia bastante remota. Um aceno bem mais concreto a respeito de um bispado em Erechim veio bem mais tarde. Pe. Benjamim Busato, na crônica 28 de Meu Erechim Cinquentão, escrita depois de 1965, pois cita Documento do Concílio Vaticano II (realizado de 1962 a 1965) revela algo que “nem todos sabem”. Sem dar a data, conta que Dom Antonio Reis, Bispo de Santa Maria, no encaminhamento da Diocese de Passo Fundo, enviou para aquela cidade Mons. Clemente Mueller “para tratar da Catedral e do Patrimônio”. Enfrentando algumas dificuldades em Passo Fundo, Mons. Clemente veio a Erechim, “espontaneamente”, falar com o pároco local. Pediu a matriz para catedral, uma casa para o Bispo e um patrimônio. O pároco colocou logo à disposição casa e igreja. A Prefeitura garantiu o patrimônio, “600 contos”. “Mons. Mueller voltou para Passo Fundo. A turma de lá se estorceu. Mudou tudo. Mas nem Mons. Mueller nem ninguém nos veio dar qualquer satisfação”. Em 10 de março de 1951 foi criada a Diocese de Passo Fundo, à qual o território da atual Diocese de Erexim passou a pertencer. Uma das primeiras iniciativas de seu primeiro Bispo, Dom Cláudio Colling, foi prever o seminário para a formação dos futuros padres. Construiu um pré-seminário em Tapera e o Seminário Menor em Erechim. Com o Seminário de Erechim, tinha em vista um centro de devoção mariana e de incentivo às vocações na região do Alto Uruguai. O Seminário de Erechim teve sua aula inaugural em 03 de marco de 1953, numa construção de madeira que serviu, depois, por alguns anos, de salão para teatro e depósito. Mas já em outubro de 1952 iniciaram as romarias de Na. Sra. de Fátima, junto ao primeiro monumento no terreno do Seminário, cuja imagem foi doada pelo Pe. João Sorg, de Carazinho. A primeira ala do atual prédio do Seminário foi inaugurada no dia 25 de fevereiro de 1955, com a presença, além dos bispos do Estado, do então Governador do Estado, Ildo Meneghetti. A outra parte, foi inaugurada em 21 de outubro de 1956, com a presença até do Presidente da República, Juscelino Kubitschek de Oliveira. Desde sua fundação, até o ano de 2003, passaram pelo Seminário 1.383 seminaristas, dos quais 101 foram ordenados presbíteros e desses, 4 bispos: Dom Luiz Demétrio Valentini (ordenado bispo dia 31/07/1982), Dom Girônimo Zanandréa (17/01/1988), Dom Osvino José Both (02/09/1990) e Dom Pedro Ercílio Simon (30/12/1990). É a seguinte a relação dos padres que estudaram no Seminário de Fátima: 01. Pe. Aquiles Klein (03/07/1965); 02. Pe. Afonso Motdkoski (10/12/1966); 03. Pe. Elí Benincá (03/07/1965); 04. Dom Pedro Ercílio Simon (12/12/1965 - 30/12/1990); 05. Dom Luiz Demétrio Valentini (06/02/1965 - 31/07/1982); 06. Pe. Simplício Hoffmann (03/07/1965); 07. Pe. Angelo Follador (07/10/1967); 08. Pe. Antônio Rambo (09/07/1966); 09. Pe. Gentil Secco (10/07/1965); 10. Pe. Guido Taffarel (09/07/1966); 11. Pe. Ivo Fritzen (Julho de 1967); 12. Pe. Lino José Webber (29/06/1968); 13. Pe. Milton Mattia (15/07/1967); 14. Pe. Nelson Tonello (09/07/1967); 15. Dom Osvino José Both (22/4/1967 - 02/09/1990); 16. Pe. Adroaldo Ciaparini (12/07/1968); 17. Pe. Aldino Barth (15/07/1967); 18. Pe. Angelo Rosset (15/07/1967); 19. Pe. Antônio Scheffel (13/07/1968); 20. Pe. Harry Hoffmann (31/12/1967); 21. Pe. Ivo Moehlecke (13/07/1968); 22. Pe. Lino Skowronski (28/01/1966); 23. Pe. Irineu Stertz (11/07/1965); 24. Pe. Leone Tavares (18/07/1965); 25. Dom Girônimo Zanandréa (03/07/1964 - 17/01/1988); 26. Pe. José Spuldaro (23/01/1966); 27. Pe. Luiz Pierdoná (04/07/1964); 28. Pe. Hilário Fritzen (27/07/1968); 29. Pe. Dionísio Benvegnú (26/01/1968); 30. Pe. Artêmio Foschiera (08/07/1967); 31. Pe. Dino Ciotta (Julho de 1968); 32. Pe. Antônio Serraglio (Julho de 1969); 33. Pe. Darci Treviso (12/07/1969); 34. Pe. Ivo Barth (12/07/1969); 35. Pe. Célio Wendling (Julho de 1971); 36. Pe. Antônio Valentini Neto (11/12/1971); 37. Pe. Arnildo Fritzen (18/12/1971); 38. Pe. Adalíbio Barth (15/01/1972); 39. Pe. Geli Grisa (11/01/1969); 40. Pe. Raulindo Cavaglieri (09/07/1967); 41. Pe. Valter Baggio (09/12/1972); 42. Pe. Agelino Andreola (09/12/1972); 43. Pe. Adelar P. de David (16/12/1972); 44. Pe. Idemir Luiz Bagatini (31/12/1972); 45. Pe. Pedro Onório Gajardo (06/01/1973); 46. Pe. Valdecir Rovani (22/12/1973); 47. Pe. Vendelino Crestanello (15/12/1973); 48. Pe. Nadir Zanchet (21/12/1974); 49. Pe. Luiz Casteli (11/12/1976); 50. Pe. João Sobiesiak (08/01/1977); 51. Pe. Luiz Warken (1°/01/1977); 52. Pe. Germino Pagno (06/07/1977); 53. Pe. Hélio Luiz Welter (17/12/1977); 54. Pe. Pedro Ligoski (10/12/1977); 55. Pe. Aloísio Felipe Werlang (31/12/1977); 56. Pe. Celestino Munaro (11/02/1978); 57. Pe. Nelson C. Longo (16/12/1978); 58. Pe. Hélio Corso Marsíglio (03/02/1979); 59. Pe. Egídio Balbinot (17/02/1979); 60. Pe. Nelson Taffarel (09/12/1979); 61. Pe. Valter Girelli (13/12/1980); 62. Pe. Olírio Luís Streher (1°/08/1981); 63. Pe. Otávio José Klein (12/12/1981); 64. Pe. Hélio Schuster; 65. Pe. João Luiz Foschiera (24/07/1982) 66. Pe. Ivanilso Brum (Seminário Consolata - 09/02/1985); 67. Pe. Leonardo Maria Foschiera (28/04/1985); 68. Pe. Jorge Elias Dall'Agnol (06/12/1986); 69. Pe. João Zappani (20/12/1986); 70. Pe. Altair José Steffen (31/12/1986); 71. Pe. Agostinho Francisco Dors (10/01/1987); 72. Pe. João Roberto Ceconello (26/12/1987); 73. Pe. Gladir Pedro Giacomel (1°/01/1988); 74. Pe. Nestor Santo Moroni (1°/01/1988); 75. Pe. Dirceu Balestrin (31/12/1988 ); 76. Pe. Jair Carlesso (02/09/1989); 77. Pe. Alvise Follador (31/12/1989); 78. Pe. José Tolfo (Seminário Consolata) (31/12/1990); 79. Pe. Celso Luiz Faccio (28/12/1991); 80. Pe. Carlos Luiz Zorzi (09/05/1992); 81. Pe. Dirceu Dalla Rosa (12/12/1992); 82. Pe. Maximino Tiburski (31/12/1992); 83. Pe. Ivacir João Franco (30/01/1993); 84. Pe. Jaime Patias (Seminário Consolata) (29/10/1993); 85. Pe. Sérgio Noskoski (18/12/1993); 86. Pe. Claudino Talaska (29/01/1994); 87. Pe. João Dirceu Nardino (05/03/1994); 88. Pe. Clair Favreto (07/01/1995); 89. Pe. Dirceu Benincá (15/01/1995); 90. Pe. Cezar Menegat (25/02/1995); 91. Pe. Valtuir Bolzan (30/12/1995); 92. Pe. Volmir Terêncio Raldi (07/01/1996); 93. Pe. José Carlos Sala (27/12/1997); 94. Pe. Davi Pereira Oliveria (20/12/1998); 95. Pe. Lecir Jacinto Barbacovi (10/01/1988); 96. Pe. Cleocir Bonetti (06/02/1999); 97. Pe. Lucimar Pértile (1°/01/2000); 98. Pe. Carlos Pontel (22/12/2002); 99. Pe. Rudinei Lolatto (28/12/2002); 100. Pe. Moacir Luiz Noskoski (21/08/2004); 101. Pe. Marcos Oliveira Pereira (21/08/2004); Em sua existência, o Seminário de Fátima teve os seguintes reitores: 1º) Pe. Carino Corso (1953); 2º) Côn. Santo Guerra (1954-1964); 3º) Pe. Estêvam Kfiecinski (1965); 4º) Pe. Raimundo Damin (1966-1967); 5º) Pe. Luiz Demétrio Valentini (1968-1972); 6º) Pe. Girônimo Zanandréa (19731977); 7º) Pe. Ângelo Rosset (1978-1982); 8º) Pe. Luiz Warken (1983-1986); 9º) Pe. Olírio Luiz Streher (1987); 10º) Pe. Moacir Stieve (1988); 11º) Pe. João Zappani (1989-1993); 12º) Pe. Dirceu Balestrin (1994-1998); 13º) Pe. João Dirceu Nardino (1999-2002); 14º) Pe. Valtuir Bolzan (2003...). O Santuário de Fátima teve sua construção iniciada em 1957 e foi inaugurado no dia 16 de outubro de 1960, por ocasião da 9ª Romaria. O Seminário e a Romaria criaram grande unidade e identificação das comunidades da região, fatores relevantes para a consolidação da atual Diocese de Erexim. Quanto ao terreno do Seminário, como se disse ao mencionar o Pe. Benjamim, fora recebido pela Mitra Diocesana de Passo Fundo com cláusula de inalienabilidade, para garantir a finalidade educacional. Ultimamente, tornava-se difícil a preservação de invasões do terreno e de roubo dos bens, especialmente de animais. Além disso, algumas atividades, criação de suínos, frangos e gado leiteiro, não seriam mais possíveis pelas exigências da legislação urbana. A alienação de parte do terreno seria necessária, mas se preservaria a finalidade original. A Universidade precisava de mais espaço para ampliação de suas atividades. Então, se deu início ao processo de viabilização de venda de parte do terreno. Depois de muitas tratativas, que envolveram a Mitra Diocesana, a Prefeitura Municipal de Erechim, a Universidade Regional Integrada (URI) Campus de Erechim, autoridades e lideranças locais e estaduais, o Governador do Estado assinou documento concedendo a liberação da mencionada cláusula. Isto foi no final de 2005. A partir dela, o Seminário de Fátima encaminhou ao Bispo pedido para a venda de parte do terreno, em torno de cem mil metros quadrados, com exposição de motivos e as providências tomadas. O Bispo encaminhou todas as providências necessárias para tal: consulta ao Colégio dos Consultores, expediente à Santa Sé etc. As diversas instâncias da Universidade também analisaram o projeto de negociação. E a venda foi efetuada. A quitação total de parte da URI se dará 2009, com a devida correção monetária. A documentação contém diversas cláusulas A venda não é para a vida ordinária do Seminário mas para a transformação do patrimônio com o melhoramento e ampliação de imóveis para cursos e hospedagem de cursistas e outras pessoas e relocação das atividades agro-pastoris. Anteriormente, já houvera cedência de parte do terreno para a URI, Campus de Erechim. 4.3.2. Processo de criação da Diocese A idéia de Erechim tornar-se Diocese teve grande impulso com a renovação conciliar. Segundo consta no livro “Tombo”, em 20 de julho de 1967, Pe. Atalibo Lise, pároco da São José, viajou a Garibaldi, onde se encontrava Dom Aloísio Lorscheider em encontro com os freis capuchinhos, a fim de conversar sobre passos a serem dados em vista da criação da Diocese. Uma orientação de Dom Aloísio foi de que tudo fosse tratado com o Bispo diocesano, no caso, Dom Cláudio Colling. Em 12 de outubro de 1968, houve uma reunião do Pe. Atalibo e a Diretoria da Paróquia com Dom Cláudio Colling para falar sobre o processo de criação da futura Diocese. Como na reunião Dom Cláudio não tivesse deixado muita esperança de que o processo fosse agilizado, Pe. Atalibo foi ter pessoalmente com ele. Dom Cláudio garantiu-lhe que apresentaria ao Núncio Apostólico, numa próxima reunião dos Bispos, um pedido assinado por representantes de Erechim solicitando a criação da Diocese. Em 19 de maio de 1969, na Câmara Municipal de Vereadores, Dom Cláudio Colling “deu solenemente posse” à Comissão pró-Diocese, tendo à frente o Pe. Atalibo Lise. Exortou a todos a providenciar casa, local de secretaria e outros aspectos da infra-estrutura. Quanto à residência do Bispo, ele sugeriu angariar os recursos financeiros, deixando para definir local e construção para quando o mesmo fosse nomeado. A comissão visitou logo todas as Paróquias sugerindo a doação de CR$ 4.000,00 para a residência episcopal. A Comissão convidou também Dom Ivo Lorscheiter, Secretário do Regional Sul 3 da CNBB para encontros de reflexão com lideranças e o povo sobre a natureza e a constituição de uma Diocese. Após o trabalho de Dom Ivo, os padres realizaram uma série de pregações sobre Igreja, Diocese, Bispo e outros, com roteiros preparados pelo Pe. Demétrio Valentini, Reitor do Seminário de Fátima. Em agosto de 1969, Pe. Lise, a pedido dos padres que pertenceriam à futura Diocese, numa de suas reuniões mensais, viajou a Brasília para falar da criação da mesma com o Núncio Apostólico, Dom Sebastião Baggio. Este lhe assegurou que a Diocese de Erexim seria criada no ano seguinte. “Anunciamos isto na igreja, na imprensa falada e escrita, a fim de criar sempre um novo ânimo em torno da tão esperada criação da Diocese.” No início do segundo semestre de 1970, os padres que pertenceriam à futura Diocese remeteram correspondência ao Núncio Apostólico, a esta altura Dom Humberto Mozzoni, manifestando o anseio com que aguardavam a criação da mesma. Na carta também manifestavam seu receio e temor em relação à nomeação, como havia transparecido, de um bispo não diretamente envolvido na ação pastoral e sem conhecimento da situação da região. Posterior consulta, pelo Bispo de Passo Fundo, por meio de carta a padres e a autoridades da região, a respeito da transferência de um bispo com este perfil, causou certo mal-estar. 4.3.3. Padres nas Paróquias da futura Diocese em 1969 Em 1969, ano de instalação da Comissão Pró-Diocese, o Seminário de Fátima e as Paróquias da futura Diocese contavam com os seguintes padres: 1. Seminário de Fátima: Pe. Demétrio Valentini, Reitor; Pe. Agostinho Sangalli, Ecônomo;; Pe. José Spuldaro, Assistente 3º e 2º Colegial e Professor; Pe. Antônio Rambo, Assistente 1º Ginasial e Professor; Pe. Girônimo Zanandréa, Assistente 2º e 3º Ginasial e Professor; Pe. Lino Skrowonski, Assistente 4ª série Ginasial e 1º Colegial e Professor; Alunos no ano: 121. 2. Paróquia São José, Erechim: Pe. Atalibo Lise, Pároco; Pe. Aquiles Jacob Klein e Pe. Milton Lay Mattia, Vigários Paroquiais. 3. Paróquia Na. Sra. da Salette, Erechim: Pe. Ângelo Del Pin, IMC. Também trabalhavam na Paróquia os padres da Consolata Heitor (Ettore) Fattor, Roberto Cosa e João Bortolas. 4. Paróquia São Pedro: Pe. Adriano Franzon, MS. Atuavam na Paróquia também os padres saletinos Augusto Menegat e Nicolau Martinowski. 5. Paróquia Imaculada Conceição, Getúlio Vargas: Cônego Estanislau Olejnick, Pároco; Pe. Estevam Kfiecinski, vigário paroquial. 6. Paróquia Santa Terezinha, Estação: Cônego Gregório Pelegrino Comassetto. 7. Paróquia Na. Sra. Montes Claros, Áurea: Pe. José Kusminski. 8. Paróquia Sana Ana, Carlos Gomes: Pe. José Woida, S Chr. 9. Paróquia São Luiz, Gaurama: Pe. Alpídio Magrin. Pe. Benjamim Busato era capelão do Hospital Santa Isabel, onde chegou no dia 11 de abril de 1966. De 1963 até aquela data, ele fora capelão do Hospital de Caridade, em Erechim. 10. Paróquia Sagrado Coração de Jesus, Viadutos: Pe. Estevão Wonsoski. 11. Paróquia São João Batista, Marcelino Ramos: Pe. João Casagrande. Ajudavam na Paróquia, por estarem no Seminário Na. Sra. da Salette: Pe. Lino Trezzi, Pe. Fioravante Basso, Pe. Anacleto Ortigara, Pe. Aldacir Carniel, Pe. Délcio Broetto. O prefeito do Município era Pe. Davi Gemelli. 12. Paróquia São Francisco de Assis, Mariano Moro: Pe. Ângelo Biazi Follador. 13. Paróquia São Caetano, Severiano de Almeida: Pe. Antonio Victorio Corso Tamagno. 14. Paróquia Santa Isabel da Hungria, Três Arroios:Pe. Wolfang Grabosch. 15. Paróquia São Pedro, Dourado: Pe. Simplício Hoffmann. 16. Paróquia São Tiago, Aratiba: Pe. Máximo Coghetto. 17. Paróquia São Roque, Itatiba do Sul: Pe. Lido Liberalli. 18. Paróquia Na. Sra Medianeira, Barra do Rio Azul: Pe. Ângelo Rosset. 19. Paróquia Na. Sra. da Glória, Erval Grande: Pe. Nicodemos João Moehlecke. 20. Paróquia São Roque, Benjamim Constant: Pe. Afonso G. Modkovski. 21. Paróquia São Valentim, São Valentim: Pe. Geraldo Paschoal Moro. Estava na Paróquia também, por algum tempop, o Pe. Lino Longo. 22. Paróquia Na. Sra. do Rosário Barão de Cotegipe: Cônego Estanislau Pollon. 23. Paróquia Sagrado Coração de Jesus, Paulo Bento:Pe. Pedro Argemiro Della Méa. 24. Paróquia Santo Antonio, Jacutinga: Pe. Albino Luís Stawinski 25. Paróquia Na. Sra. dos Navegantes: Pe. Agostino Giacomini, Pároco; Pe. Antonio José Scheffel, Vigário Paroquial. 26. Paróquia Na. Sra. das Dores, Capoerê: Pe. Valentim Novacki. 4.3.4. Criação da Diocese de Erexim e seu primeiro Bispo Finalmente, no dia 02 de junho de 1971, foi divulgado o Decreto (chamado “Bula”) “cum Christus” do Papa Paulo VI, datado de 27 de maio anterior, que criava três Dioceses no Rio Grande do Sul: Erexim, Cruz Alta e Rio Grande. Na oportunidade, o Papa nomeou também o primeiro Bispo desta Diocese – Dom João Aloysio Hoffmann, transferindo-o da Diocese de Frederico Westphalen. Dom João nasceu em Joaneta, hoje pertencente ao município de Dois Irmãos, Rio Grande do Sul, no dia 24 de junho de 1919, tendo, pois, completado 79 anos há quatro dias. Sua família transferiu-se para Selbach, onde fez a escola primária. De 1931 a 1936, fez o seminário menor, em Santa Maria. De 1937 a 1939m, fez filosofia no Seminário Central, em São Leopoldo, onde também a teologia, de 1940 a 1943. Foi ordenado presbítero no dia 19 de dezembro de 1943. Completaria, neste ano, 55 anos de ordenação presbiteral. Foi ordenado Bispo no dia 10 de junho de 1962, participando, em seguida, do Concílio Ecumênico Vaticano II. Antes de ser bispo, exerceu as seguintes atividades: Vigário paroquial de Bom Jesus, Carazinho, em 1944; Pároco de Tapera, de 1945 a 1957; Secretário-Geral e Vigário-Geral, em Passo Fundo, de 1957 a 1962. Foi o primeiro bispo de Frederico Westphalen, onde trabalhou de 1962 a 1971. A Diocese foi solenemente instalada, com o início do ministério episcopal de seu primeiro bispo, no dia primeiro de agosto de 1971. O evento teve uma edição comemorativa de um livro intitulado A DIOCESE DE EREXIM, organizado pelo Pe. Demétrio Valentini, na época Reitor do Seminário de Fátima, com a mensagem de saudação aos diocesanos do primeiro Bispo, dados estatísticos e reflexão sobre a Diocese. Os aspectos deste item já haviam sido utilizados na fase de motivação do povo para a criação da Diocese. Por diversos meses, Dom João residiu num apartamento na rua Aratiba, 380, na altura da antiga rodoviária (na primeira quadra da Rua Alemanha, esquina com Aratiba, no sentido centro-bairro), cedido sem ônus por José Campello Costa, popularmente chamado Ceará. Depois, passou a residir em casa na Rua Silveira Martins, 683, adquirida pela Diocese, em março de 1972. Posteriormente, aquela casa foi vendida. A partir de 1985, passou a residir na residência episcopal no terreno do Seminário, junto à Cúria Diocesana, cuja construção foi iniciada em agosto de 1983. 4.3.5. Construção do Centro Diocesano e organização pastoral e administrativa da Diocese Até julho de 1976, a Cúria funcionou na casa que servia de residência e secretaria da Catedral São José, Av. Maurício Cardoso, 76. A casa, construída em 1935, serviu de salão paroquial. Nela também funcionou, por algum tempo, a Rádio Difusão Sul Riograndense de Erechim. Foi vendida para o Sr. José Rovílio Meneguzzo, em julho de 1975. Por sua vez, ele vendeu o imóvel para Casas Bahia, em 2005. Em agosto de 1976, a Cúria Diocesana e outros serviços foram transferidos para a construção erguida para tal finalidade no terreno do Seminário de Fátima, na Av. Sete de Setembro, 1251. O projeto arquitetônico foi aprovado em 22 de abril de 1974. As obras iniciaram no mesmo mês. A Diocese passou a viver um processo de consolidação jurídica com revisão geral da escrituração de terrenos e averbação de construções, levantamento de patrimônio etc. Na dimensão pastoral, antes mesmo da criação da Diocese, havia uma equipe que procurava desenvolver um trabalho de animação e articulação na região que seria a futura Diocese. Depois de instalada, numa das primeiras reuniões dos padres, foi escolhido o coordenador diocesano de pastoral, Pe. Milton Mattia. Ele e o grupo que já atuava com ele foram oficializados por Dom João como Equipe Diocesana de Coordenação Pastoral até dezembro de 1973. A Equipe foi organizando os diversos setores de pastoral e desencadeou a Assembléia de Pastoral em 1972 e 1973. No ano de 1974, o Bispo Diocesano assumiu “interinamente” a função de coordenador de pastoral. Em 1975, ele nomeou para esta função Pe. Antonio Valentini Neto, que já era coordenador do setor de Liturgia e que passou a acompanhar o Cursilho, o Movimento Familiar Cristão e outras atividades. Os coordenadores seguintes foram: Dom Girônimo Zanandréa, Bispo Coadjutor, de 1988 a 1993; Pe. Olírio Streher, de 1994 a 2005; Pe.Cezar Menegat a partir de 2006. Já em 1972, foi realizada a primeira Assembléia Diocesana de Pastoral. No ano seguinte, a segunda. A terceira aconteceu em 1979; a quarta, em 1981, a quinta, em 1983; a sexta, 1985; a sétima, em 1989; a oitava, em 1993, a nona, em 1999; a décima, em 2003. O caderno das Diretrizes Diocesanas da Ação Pastoral de 1986 a 1989 traz algumas constantes na vida diocesana: - Organização e vivência comunitária: o objetivo de 1972 dizia: integrar pessoas e formá-las no espírito comunitário. O de 1973: promoção dos valores das pessoas em comunidade... integrando grupos na missão comum de construir a Igreja Diocesana. O de 1978-1979: organização e vivência comunitária de todos... Os objetivos dos biênios posteriores e o quadriênio mencionado propunham evangelizar o homem da região ou confrontar a realidade da região com o Evangelho... em comunidades eclesiais, no testemunho e/ou vivência da comunhão e da participação. - Formação de agentes: concretizada em projetos como a Escola de Servidores, cursos diocesanos anuais para padres e agentes, cursos e encontros paroquiais, além do Seminário para a formação específica dos presbíteros. - Processo de planejamento: iniciado com a primeira coordenação diocesana, que estruturou as áreas e os setores, desencadeou as primeiras assembléias, foi intensificado a partir de 1976, quando foi realizado um curso sobre planejamento pastoral para os padres e agentes. Verifica-se de maneira mais forte em alguns momentos: assembléia diocesana, revisões paroquiais, reuniões de áreas, de coordenadores e setores. - Abertura para a dimensão sócio-transformadora da vida cristã: Em 1976, o objetivo diocesano manifestava a preocupação da diocese de caminhar com as pessoas da região. Daí para frente, o objetivo sempre mencionou este aspecto. 4.3.6. Realizações da Diocese Algumas realizações que fortaleceram a caminhada da Diocese: - Criação da Escola Diocesana de Servidores de Comunidade em 1973. Por diversos anos, a Escola tinha apenas o curso de servidores rurais, com cinco etapas de dez dias em tempo integral no Seminário de Fátima. Depois, criou o curso de servidores urbanos, com aulas em sábado e domingo, depois, numa noite por semana, no Centro Diocesano de Pastoral. Realizou também um curso complementar para Diáconos Permanentes. Mais tarde, realizou o curso de servidores na Área Pastoral de Getúlio Vargas. No Plano Diocesano de Pastoral de 2004 a 2007, a Escola passou por uma reformulação, assumindo a conotação de Escola de Formação, com cursos descentralizados nas Áreas Pastorais. Pela Escola passaram aproximadamente três mil alunos. Alguns deles são diáconos, muitos são ministros Leitor e Acólito, Ministras Extraordinárias da Comunhão Eucarística. E há também os que atuam em movimentos populares, em Sindicatos e também na política partidária. - A opção pelo diaconato permanente feita em 1972. Antes mesmo de ser criada a Diocese, havia pessoas que haviam passado pela Escola Diaconal Santo Estevão, do Regional Sul 3. Em 1980, a Escola Diocesana realizou um curso complementar para candidatos ao Diaconato. Foram ordenados vários Diáconos Permanentes. Foi esta opção que desencadeou a Escola de Servidores, embora não tenha sido pensada em vista da formação específica para diáconos e sim como escola aberta para acolher as diversas pessoas que estão a serviço das comunidades eclesiais, homem e mulheres, casados ou solteiros, com perspectivas ou não de serem ordenados diáconos, contanto que estejam a serviço das comunidades eclesiais seja como animadores da liturgia, catequistas, ministros instituídos ou ministras oficializadas. A Escola também tinha presente a formação de lideranças cristãs para a atuação nos organismos de classe e na política. O primeiro diácono permanente ordenado foi Jandir Gazoni, em Vila União, em 1971, então Paróquia de Campinas do Sul. Atualmente, ele está em Pato Branco, PR. A Paróquia de Campinas chegou a ter 7 diáconos. Um deles, já falecido, Casemiro Rossignolli, participou da Conferência de Puebla, representando os diáconos do Brasil. Na cidade de Erechim, a primeira ordenação de diácono permanente ocorreu só em 2006, dia 22 de abril de 2006, João Pascoal Pozza, da Catedral; a segunda, dia 05 de agosto de 2006, Almeri Bornelli, da paróquia São Pedro; a terceira, Reinaldo Balbinot, dia 31 de dezembro de 2007, Na. Sra. da Salette, Três Vendas. - A elaboração e a promulgação das Diretrizes da Pastoral dos Sacramentos em 1980, reelaboradas e promulgadas em 2005. - A reflexão sobre o dízimo com a elaboração de um documento e de um subsídio em 1983. No Plano Diocesano de 2004 a 2007, a Pastoral do Dízimo consta como um projeto especial. - A nova configuração dada às chamadas Diretorias das comunidades, dando-lhes o perfil de Conselhos de Assuntos Econômicos; - A constituição dos Conselhos de Pastoral em nível de comunidade, paróquia e diocese com seu respectivo regimento, cuja última publicação se deu em 2002. - A publicação de subsídios, como livro de canto, de roteiros para grupos de famílias e especialmente os periódicos: celebração dominical da Palavra de Deus, Comunidade em Oração e Comunicação Diocesana. O roteiro da celebração da Palavra de Deus começou assim: No início de 1972, Pe. Milton Mattia, coordenador diocesano de pastoral, pediu ao Pe. Antonio Valentini Neto, recém nomeado vigário paroquial da Catedral, que coordenasse a pastoral litúrgica na Diocese. Este perguntou-lhe que indicações de trabalho teria. Entre outras iniciativas, Pe. Milton lhe sugeriu um trabalho com os animadores do terço dominical, a fim de ajudá-los a incluir nele as leituras do dia, preces comunitárias, cantos... Em 21 de maio de 1972, Pe. Antonio Scheffel, Pároco de Aratiba, realizou encontro com as então chamadas diretorias das comunidades e com os “rezadores” do terço. Convidou Pe. Estevam Kfiecinski, Vigário-geral, para assessorar o trabalho com as diretorias e o coordenador de liturgia para refletir com os “rezadores” do terço. Depois de reflexões sobre o domingo, a assembléia litúrgica, a celebração da Palavra de Deus, o coordenador de liturgia perguntou a todos se conseguiriam iniciar algum tipo de celebração dominical da Palavra. Disseram que sim, desde que dispusessem de algum roteiro. Com isto, o coordenador retornou com o compromisso de elaborar um roteiro semanal. Era feito em uma folha mimeografada a álcool, com 30 cópias. No mesmo ano, houve encontro com lideranças das Paróquias de Gaurama, Paulo Bento e Catedral São José com a mesma finalidade. No final de 1972, o pequeno roteiro de celebração tinha 80 cópias. No início do ano seguinte, atendendo ao pedido de outras Paróquias, o número passou para 250, multiplicadas em mimeógrafo a tinta, passando logo para mais de 700, utilizadas já por quase todas as Paróquias. Em 1992, passou a ser impresso em gráfica, com mil cópias, utilizadas por 26 das 27 Paróquias da Diocese. Atualmente as 28 Paróquias o utilizam. O quarto domingo do tempo comum C, em 04 de fevereiro de 1979, marcou o início do folheto litúrgico dominical diocesano para a celebração eucarística. Ele foi organizado pelo Pe. Atalibo Lise. Do segundo em diante até o de maio de 1989, foi elaborado pelo então coordenador diocesano de liturgia. Os dois primeiros números não tinham nome. Do terceiro em diante, passou a chamar-se de Comunidade em Oração. Utilizado inicialmente apenas na Catedral, atualmente o é pelas 28 Paróquias da Diocese, com uma tiragem de 8.000 exemplares. Desde agosto de 2004, está no site da Catedral São José (http://www.catedralsaojose.org.br). A partir de 1976, o conjunto mensal dos roteiros das celebrações passou a incluir “Informações Diocesanas”, logo depois publicadas em separado como boletim diocesano. Aquelas “Informações Diocesanas” deram origem ao atual Boletim “Comunicação Diocesana”, impresso e com 650 exemplares. Também está no site da Catedral desde agosto de 2004. A comunicação diocesana conta com a Rádio Aratiba, passada para a Diocese, em forma de Fundação Cultural, em primeiro de janeiro de 1982; a Rádio Virtual FM, inaugurada no dia 18 de março de 1995. Na região há também retransmissora da Rede Vida de Televisão e da TV Canção Nova. O livro de cantos, inicialmente chamado apenas de “Cantos e Orações”, posteriormente “A comunidade canta”, atualmente “Ao redor da mesa”, em 1985 alcançou a oitava edição com sucessivas reimpressões até 1992. A atual edição não indica o número da edição. E tem também edição da partitura de todos os cantos. Em 1978, foi impresso o livro “Oração e Doutrina em Família”, com segunda edição em 1979, num total de 19.000 exemplares, pelo Secretariado Diocesano de Pastoral. Posteriormente, a Editora Vozes realizou outras 4 edições. Em 1978, foi impresso também o livro “Comunidade em Oração”, com roteiros para celebrações para velórios, exéquias e outras, com 2 mil exemplares na primeira edição pelo Secretariado Diocesano de Pastoral, outras duas mil pelo Pe. Avelino Dala Vecchia, de Porto Alegre, e outras 4, revistas e ampliadas, pela Editora Vozes. É ainda procurado, mas está esgotado. A pedido dos alunos da Escola de Servidores, para garantir melhor apresentação e mais facilidade de conservação a subsídios mimeografados, foram impressos dois textos. Em 1980, com 500 cópias pelo Secretariado de Pastoral, foi impresso “Os Sinais Sacramentais da Fé”. Em 1983, em co-edição do Secretariado de Pastoral, Editora Vozes-filial Porto Alegre e Escola Superior de Teologia São Lourenço de Brindisi, foi impresso “Liturgia Fonte Vital da Comunidade”, com 2.000 exemplares. A publicação teve mais três edições pela Editora Vozes. Na celebração do jubileu de prata da Diocese, em 1996, foi publicado o livro Uma Diocese chamada Erechim, redigido pelo Pe. Dirceu Benincá, na época vigário paroquial de São Cristóvão, Erechim. A preparação e a celebração do Jubileu tiveram momentos de retomada da história da Diocese. Na qüinquagésima Romaria de Fátima, em 2001, também foram feitos trabalhos de retomada histórica, especialmente sobre o Seminário e a Romaria. Foi feito um vídeo. A Diocese de Erexim participou da fundação e da manutenção do Instituto de Teologia e Pastoral de Passo Fundo - ITEPA. A decisão da criação do ITEPA se deu no dia 29 de julho de 1982, no Seminário Na. Sra. Aparecida, em Passo Fundo, em reunião dos Bispos do Interdiocesano Norte (Subregional) da CNBB sul 3, Passo Fundo, Erechim, Vacaria e Frederico Westphalen. Conforme a ata da reunião, o Instituto surgiu com a finalidade de: preparar os futuros sacerdotes da região para o ministério sacerdotal; propiciar a religiosos e leigos oportunidade de fazer estudos teológicos e exercitar-se na pastoral; capacitar os agentes de pastoral; ser um centro de pesquisa e reflexão teológica. Dois dias depois, 31 de julho, Dom Cláudio Colling, Arcebispo de Porto Alegre e Presidente do Regional Sul 3 da CNBB, deu seu visto à iniciativa. Em dois de agosto do mesmo ano, Dom Urbano Allgayer, Bispo de Passo Fundo, assinou decreto de fundação do ITEPA. Suas atividades escolares iniciaram em março de 1983. O primeiro diretor foi Pe. Elli Benincá. Em seus 35 anos, a Diocese viveu 30 ordenações de diáconos permanentes, 45 ordenações de padres diocesanos e 39 de padres religiosos. Viveu ainda duas ordenações episcopais. Em 31 de julho de 1982, foi ordenado bispo Pe. Luiz Demétrio Valentini, nomeado para a Diocese de Jales, SP. O ordenante foi Dom Cláudio Colling, Arcebispo de Porto Alegre, tendo como co-ordenantes Dom João Aloysio Hoffmann e Dom José Ivo Lorscheiter, Bispo de Santa Maria e Presidente de CNBB. Em 17 de janeiro de 1988, foi ordenado Bispo coadjutor (de 1988 a 1993) e atual Bispo diocesano da Diocese (de 1994 em diante) Pe. Girônimo Zanandréa. O ordenante foi o núncio apostólico, Dom Carlo Furno, e co-ordenantes, Dom Cláudio Colling e Dom João Aloysio Hoffmann. A Diocese é uma das Instituidoras da Fundação Alto Uruguai para a Pesquisa e o Ensino Superior (FAPES), hoje cedida em comodato à FURI (Fundação da Universidade Regional Integrada (FURI), mantenedora da Universidade Regional Integrada (URI). A Diocese teve e tem presença em obras sociais, como o Patronato São José, o Lar da Criança, criado a partir da Campanha da Fraternidade de 1976. Recentemente, o Bispo adquiriu um terreno com construção, nas proximidades da Escola Branca, para ser centro de recuperação de dependentes de álcool. Diversas Paróquias mantém obras sociais. É importante registrar também o atendimento da Diocese a algumas solicitações de ajuda de cunho missionário. Na década de 1970, Pe. Adelar Pedro De David foi liberado para acompanhar a Juventude Operária Católica. Atuou também junto à Pastoral Operária e Ação Católica Operária. Depois fixou-se na Diocese de Duque de Caxias e São João do Meriti, RJ, onde ainda permanece. Na mesma época, Pe. Lino Skowronski, por um projeto pessoal e por solicitação da Diocese de Goiás Velho, foi também liberado para atuar lá. Em 1990, foi iniciado um trabalho de entreajuda com a Diocese de Imperatriz, MA, com o Pe. Lecir Barbacovi e o Diácono Carlos Zorzi. O projeto foi interrompido em pouco tempo. De 1995 a 1999, Pe. Antonio Scheffel também atuou na Diocese de Goiás Velho. Pe. Antonio Valentini Neto esteve a serviço da CNBB, ficando 4 anos no Secretariado Regional Sul 3 da CNBB, em Porto Alegre, como Secretário Executivo, e 5 anos no Secretariado Nacional da CNBB, em Brasília, como Subsecretário-geral. Na mesma década de 1990, Pe. Carlos Zorzi, a pedido pessoal, trabalhou na capelania da Marinha Nacional. 4.3.7. Padres da Diocese falecidos Desde sua instalação até agora, faleceram os seguintes padres da diocese: 01. Côn. Estanislau Pollom (+14/06/1973; * 22/02/1906; Ord. 04/11/1930) 02. Pe. Estevão Maurício Wonsowski (+29/06/1977; *22/12/1914; Ord. 1/12/1941) 03. Pe. Máximo Coghetto (+01/02/1982; *31/05/1920; Ord. 08/12/1951) 04. Pe. Benjamim Busato (+27/03/1984; *27/06/1902; Ord. 09/08/1925) 05. Pe. José Ignácio Werlang (+08/01/1985; *06/03/1938; Ord. 02/07/1964) 06. Pe. Pedro Argemiro Della Méa (+27/02/1985; *28/06/1917; Ord. 20/12/1942) 07. Pe. Fortunato Ignácio Dall'Agnol (+ 11/04/1986; *31/07/1916; Ord. 08/08/1940) 08. Côn. Estanislau Kostka Olejnik (+9/04/1987; *29/09/1909; Ord. 18/06/1933) 09. Pe. Lino Giovani Longo (+22/09/1988; *06/01/1909; Ord. 21/12/1941) 10. Pe. José Kuzminski (+25/03/1989; *01/07/1913; Ord. 28/10/1938) 11. Pe. Albino Luiz Stawinski (+30/04/1989; *10/04/1913; Ord. 05/11/1939) 12. Mons. Paulo Chiaramonte (+19/04/1991; *09/11/1910; Ord. 17/10/1937) 13. Pe. Alpídio Magrin (+15/10/1991; *06/02/1928 ; Ord. 23/08/1953) 14. Pe. Roberto Stefani (+11/12/1991; *31/05/1912; Ord. 17/10/1937) 15. Pe. Lido Armando Liberali (+08/06/1992; *05/07/1926; Ord. 8/05/1952) 16. Pe. Valentim Nowacki (+30/11/1994; *02/02/1908; Ord. 28/04/1940) 17. Pe. Aldo Caetano Romagna (+11/02/1997; *07/08/1931; Ord. 06/05/1995) 18. Côn. Gregório Pelegrino Comassetto (+29/01/1998; *01/08/1911; Ord. 28/10/1938) 19. Dom João Aloysio Hoffmann (+27/06/1998; *24/06/1919; Ord. 19/12/1943 - 10/06/1962) 20. Pe. Agostino Sangalli (+07/09/1999; *11/01/1930; Ord. 08/12/1954) 21. Pe. Angelo Biazi Follador (+11/09/1999; *03/02/1940; Ord. 07/10/1968) 22. Pe. Simplício José Hoffmann (+05/09/2003; *29/12/1934; Ord. 03/07/1965) 23. Pe. Antônio Victório Corso Tamagno (+29/04/2004; *18/04/1935; Ord. 06/07/1962) 24.Pe. Estevam Kfiecinski (+ 20/12/2005; *30/08/1928; Ord. 27/10/1957) 4.3.8. Bispo, padres, diáconos e suas atribuições em 2007 Desde 26 de janeiro de 1994, o Bispo Diocesano de Erexim é Dom Girônimo Zanandréa. Nasceu no dia 09 de julho de 1936, em Benjamim Constant, na época município e paróquia de São Valentim. Fez o primeiro grau no Seminário São José de Santa Maria; o segundo, no Seminário de Fátima de Erechim; Filosofia e Teologia no Seminário Imaculada Conceição de Viamão. Fez mestrado em Teologia Dogmática na Pontifícia Universidade Gregoriana, Roma, Itália. Fez também especialização em Filosofia na Universidade de Passo Fundo. Foi ordenado padre no dia 03 de julho de 1964, em Benjamim Constant; Bispo, no dia 17 de janeiro de 1988, na Catedral São José, Erechim. Como padre, foi formador no Seminário de Fátima, Erechim, Vigário Paroquial da Catedral São José, Diretor da Rádio Aratiba em Aratiba, Pároco da Catedral São José, Professor no Centro de Ensino Superior de Erechim (CESE) e no Instituto de Teologia e Pastoral de Passo Fundo. Como Bispo, foi Coadjutor da Diocese de Erexim de 1988 a 1993. Atualmente, são as seguintes as atribuições na Diocese: 1. Cúria Diocesana, Vigário-Geral: Pe. Dirceu Balestrin; é também membro do Tribunal Eclesiástico Regional de Passo Fundo; Secretário-Geral do Bispado, responsável pela redação de subsídios: Pe. Clair Favretto; Coordenador de Pastoral: Pe. Cezar Menegat; Ecônomo da Diocese: Sr. Ildo Benincá. 2. Coordenação Diocesana de Pastoral. É constituída pelo Bispo, coordenadores das metas, dos projetos, dos setores, das áreas e dos movimentos. Metas: 01) Catequese (momentaneamente sem coordenador/a); 02) Liturgia: Pe. Clair Favretto; 03) Vocação e Missão: Pe. José Carlos Sala; 04) Pastorais Sociais: Pe. Valter Girelli; 05) Família: Casal Luiz e Carmelinda Skowronski; 06) Escola: Pe. Cezar Menegat; 07) Juventude: Pe. Moacir Noskoski; 08) Organização Pastoral:Pe. Cezar Menegat. Projetos: 01) Formação: Pe. Cezar Menegat ; 02) Mutirão: Laércio Sponchiado; 03) Pastoral do Dízimo: Pe. Gabriel Zucco. Áreas: 01) Formadores: Pe. Jair Carlesso; 02) Gaurama: Pe. Anderson Spegiorin; 03) Getúlio Vargas: Pe. Valter Girelli; 04) São Valentim: Pe: Antonio Miro Serraglio; 05) Aratiba: Pe. Claudino Talaska; 06 Jacutinga: Pe. Gabriel Zucco; 07) Erechim: Pe. Moacir Noskoski. Setores: 01) Catequese (momentaneamente sem coordenador/a); 02) Liturgia: Pe. Clair Favretto; 03) Cáritas: Laércio Sponchiado; 04) Pastoral da Criança: Leonice Fátima Balestrin; 05) CRB - Religiosos da Diocese: Ir. Ivaldina Basso; 06) Pastoral da Juventude: Janaina Oliveira; 07) Pastoral Rural (momentaneamente sem coordenador/a); 08) Pastoral Universitária: Pe. Cezar Menegat; 09) Pastoral Familiar: Luiz e Carmelinda Skowronski; 10) Pastoral Vocacional: Pe. José Carlos Sala; 11) Animação Missionária (momentaneamente sem coordenador/a); 12) Pastoral da Saúde: Ir.Juliana Kosvoski; 13) Pastoral Carcerária: Teresinha e Regina Tonial; 14) Pastoral Indigenista: Pe. Antonio Scheffel; 15) Pastoral da Comunicação: Pe. Clair Favretto; 16) Pastoral da Educação: Lourdes Bergamin; 17) Ensino Religioso Escola: Dulce Caldart Reato; 18) Animação das CEBs: Diác. Valdemir Debastiani; 19) Comissão dos Diáconos: Pe. Jorge Dall’Agnol; 20) Infância Missionária: Carolina Niespodziewany; 21) Pastoral da Sobriedade: Pe. Ivo Antonio Moehlecke; 22) Pastoral da DST/Aids: Pe. Antonio Nazzari; 23) Pastoral da Pessoa Idosa: Geny Bósio Oro. Movimentos: 01) Movimento Familiar Cristão: Adroaldo e Iride Lise; 02) Movimento do Cursilho: Ervino Oro; 03) Encontro de Casais com Cristo: Delandir e Jurema Fochi; 04) Renovação Carismática Católica: Edith Maria Rech; 05) Apostolado da Oração: Pe. Paulo Bernardi; 06) Sociedade S. Vicente de Paulo: Fabrício de Oliveira. 3. Seminário de Fátima, Reitor: Pe. Valtuir Bolzan; Vice-Reitor: Pe. Paulo Bernardi; Assistente: Pe. Everton Sommer; professor e Coordenador Diocesano da Pastoral Vocacional: Pe. José Carlos Sala; Assistente do Propedêutico: Pe. Paulo Bernardi; Pe. Milton Lay Mattia também é assistente, mas residindo na Paróquia. 4. Paróquia Imaculada Conceição, Getúlio Vargas: Pároco: Pe. Agostinho Francisco Dors; Vigário Paroquial: Pe. Marcos Oliveira Pereira; Diácono Permanente: João Carlos Baideck. 5. Paróquia Na. Sra. do Monte Claro, Áurea: Pároco: Pe. Anderson Spegiorin, SChr. 6. Paróquia da Catedral São José, Erechim, Pároco: Pe. Antonio Valentini Neto, Vigário Paroquial: Pe. João Dirceu Nardino; Diácono em estágio pastoral, com ordenação presbiteral marcada para 29 de dezembro deste ano (2007): Valdemir José Debastiani; Diácono Permanente: João Pascoal Pozza; Diácono Emérito: Domingos Coan. 7. Paróquia São Luiz, Gaurama, Pároco: Pe. Gladir Pedro Giacomel; Diácono Permanente: José Kraemer 8. Paróquia Santa Ana, Carlos Gomes, Pároco: Pe. Adalberto (wojciech) Bernat, SCh 9. Paróquia São João Batista, Marcelino Ramos, Pároco: Pe. Edinaldo dos Santos Bruno, MS. 10. Paróquia Santa Isabel, Três Arroios, Pároco: Pe. Milton Lay Mattia. 11. Paróquia Na. Sra. do Rosário, Barão de Cotegipe, Pároco: Pe. Maximino Tiburski. 12. Paróquia Sagrado Coração de Jesus, Viadutos, Pároco: Pe. Valdemar Zapelini. 13. Paróquia Santo Antonio, Jacutinga, Pároco, Pe. Olírio Luiz Streher. 14. Paróquia Na. Sra. Medianeira, Barra do Rio Azul, Pároco: Pe. Sérgio Noskoski; Diáconos Permanentes: Neudir Roque Bagatini, Décio Agostini, Ivanildo Bonato. 15. Paróquia Sagrado Coração de Jesus, Paulo Bento, Pároco: Pe. Gabriel Zucco. 16. Paróquia São Valentim, São Valentim, Pároco: Pe. Nelson Caetano Longo. 17. Paróquia Na. Sra. da Glória, Erval Grande, Pároco: Pe. Ivacir Franco. 18. Paróquia São Caetano, Administrador Paroquial: Pe. Claudino Talaska. 19. Paróquia São Tiago, Aratiba, Pároco: Pe. Alvise Follador. 20. Paróquia Santa Teresinha, Estação, Pároco: Pe. Valter Girelli; Vigário Paroquial: Pe. Eolino Bortolanza; Diáconos Permanentes: Egydio Sartori e Selin José Picolli. 21. Paróquia Na. Sra. dos Navegantes, Campinas do Sul, Pároco: Pe. João Zappani; Diáconos Permanentes: Natalino José Parmegiani, Osmar Lorenzi, Luiz Batistoni (Emérito). 22. Paróquia Na. Sra. da Salette, Três Vendas, Erechim, Pároco: Pe. Luiz Warken; Vigário Paroquial, Pe. Antonio Nazzari, PSDP; Diácono Permanente: Reinaldo Balbinot. 23. Paróquia São Pedro, Erechim, Pároco: Pe. Altair Steffen; Vigários Paroquiais: Pe. Moacir Luiz Noskoski e Pe. Davi Oliveira Pereira; Diácono Permanente: Almeri Bornelli. 24. Paróquia São Francisco de Assis, Mariano Moro, Pároco: Pe. Claudino Talaska. 25. Paróquia São Roque, Itatiba do Sul, Pároco: Pe. Jorge Elias Dallagnol. 26. Paróquia São Roque, Benjamim Constant, Pároco: Pe. Antonio Miro Serraglio, CS. 27. São Pedro, Dourado, Pároco: Pe. Lucimar Pértile; Diáconos Permanentes: Ludovino Polli e Jandir Bianchi. 28. Paróquia Na. Sra. das Dores, Capoerê, Pároco: Pe. Ivo Moehlecke. 29. Paróquia Na. Sra.de Fátima, Entre Rios do Sul, Pároco: Pe. Carlos Pontel; Diácono Permanente: Elizeu Pedott 30. Paróquia São Cristóvão, Erechim, Pároco: Pe. Rudinei Lolatto; Vigário Paroquial: Pe. Alberto Disarz. 31. Paróquia São Francisco, Progresso, Erechim, Pároco: Pe. Ibanor Zanatta. 32. Párocos Eméritos: Pe. Atalibo Maurício Lise, residente em Erechim, enfermo desde início de abril de 2006, em conseqüência de derrame cerebral; Pe. Geraldo Pascoal Moro, residente em Erechim; Pe. Ângelo Rosset, residente em Barão de Cotegipe; Pe. Antonio Scheffel, responsável pela pastoral indígena, residente em Gaurama. 33. Assistente dos Seminaristas Filósofos, em Passo Fundo: Pe. Jair Carlesso; Assistente dos Seminaristas Teólogos, em Passo Fundo: Pe. Dirceu Dalla Rosa. 34. Padres não residentes: Pe. Cleocir Bonetti, em Curso em Roma; Pe. Dirceu Benincá, em estudos, São Paulo; Pe. Adelar Pedro De David, trabalhando na Diocese de Duque de Caxias, RJ. 35. Santuário da Salette, Marcelino Ramos: seu reitor é o Pe. Arlindo Fávero. Com ele está Pe. Vergínio João Dall’Agnol. O Seminário e Santuário São também ponto de referência da equipe missionária saletina que conta com os padres: Presentino Rovani, Artur Dudziak, Claudino Lise, Carlos Baldini. 4.3.9. Alterações e situações desafiadoras na região e na Diocese Desde sua criação até agora, a Diocese vive uma inversão radical em sua configuração rural e urbana. Em 1971, segundo os dados do recenseamento do ano anterior (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística , a população era de 197.176 habitantes. Deste total, 53.609 – 27,19% eram do meio urbano e 143.567 – 72,81%, do meio rural. Hoje, a população, em sua grande maioria está no meio urbano. O município de Erechim, especialmente a cidade, foi o que mais aumentou sua população. Já está na casa dos cem mil habitantes. O Campus da Universidade Regional Integrada (criada em 1992, sucedendo o Centro de Ensino Superior de Erechim, cujo início se deu na década de 1960) e o Distrito Industrial (criado em 1979) são grandes fatores de atração de estudantes e trabalhadores. A construção de barragens na bacia do rio Uruguai alterou profundamente alguns municípios, algumas comunidades e paróquias. As constantes e profundas mudanças culturais, sociais e econômicas levantam o grande desafio da cultura moderna à evangelização e à vivência cristã. Mesmo quem vive no meio rural assume pensar e agir diferentes. A evangelização na cidade e da cidade é outro desafio. Num processo crescente de urbanização, continua-se a atuar com estrutura, linguagem, metodologia... do meio rural. O crescimento dos grupos religiosos autônomos (“seitas”) também apresenta desafios. Há muitos membros das comunidades católicas que passam para eles ou os freqüentam e continuam com práticas católicas esporádicas (batizado, crisma, casamento, sepultamento...). A propósito, duas pequenas amostras estatísticas. A primeira, só do município de Erechim em relação a nascimentos e batizados e casamentos no civil e no religioso, separações e divórcios, de 1994 a 1999. A segunda, de celebração de sacramentos em anos diversos, aleatoriamente, na Diocese. Quadro comparativo entre casamentos civis e religiosos, nascimentos e batizados em Erechim Cas. civis Cas. Relig. Diferença separaçõe divórcios s Nascimentos Batizados Diferenç a 1994 447 268 179 78 82 1.778 1.135 1995 434 277 157 77 66 1.695 1.064 643 631 1996 381 230 151 75 48 1.553 1.124 1997 391 212 179 92 75 1.597 1.195 1998 398 193 205 71 48 1.577 1.116 1999 (23/10) 254 121 133 83 50 1.234 739 429 402 461 495 Estatística de sacramentos celebrados na Diocese de Erexim 1971 1974 1978 1987 1988 1993 1995 2003 2006 Batizados 3.143 4.048 4.030 3.809 4.295 3.536 3.218 2.784 2.652 2.090 1.804 Crismas - - - - 3.300 3.640 3.493 3.662 3.335 3.429 3.373 1ª Eucaristia - - - - 2.330 3.157 2.838 2.981 2.979 2.684 2.470 Matrimônios 1.660 1.364 1.425 1.372 1.445 1.039 927 1998 687 2000 588 429 345 Como continuar e ampliar o resgate histórico de nossa Diocese? Como percebemos a caminhada da Diocese? Que desafios se apresentam hoje para a nossa Diocese? No dia do Fórum Diocesano, Pe. Clair Favretto e Pe. Jair Carlesso motivaram os mais de 700 participantes a um olhar para as situações desafiadoras para a Igreja hoje em nossa região e também para possíveis respostas a elas. Entre as situações que preocupam, citaram: as mudanças rápidas e profundas; a cultura moderna, a globalização e suas conseqüências; os avanços tecnológicos especialmente, nas comunicações, na biologia, na eletrônica e na genética; o crescimento das desigualdades sociais; a crescente pobreza e exclusão social; a decadência dos serviços públicos, principalmente ligados à saúde; a mudança de mentalidade com sempre mais acentuado subjetivismo; a corrupção da e na política; a tendência de cair o preço da matério-prima e o aumento da produção industrial; a crescente urbanização; a banalização da vida com atentados sempre mais graves e violentos; mudanças religiosas e pluralismo em todos os aspectos; tendência das pessoas buscarem uma religiosidade mais privada, afetiva, emocional; aumento da devoção popular. Entre as possíveis perspectivas de ação da Igreja, eles apontaram: ajudar as pessoas a viverem um encontro com Cristo vivo; ter como centro da vida a Palavra de Deus e a Eucaristia; fortalecer a família e a santidade do matrimônio (ver a família como “célula-mãe” da sociedade); valorizar a pastoral da acolhida, o contato interpessoal; promover a dignidade da vida e o respeito a ela desde sua concepção até o seu natural declínio; cuidar mais da iniciação na fé por parte da família; valorizar as organizações populares, sociais e culturais; denunciar a corrupção e a falta de ética; investir mais na formação (dar continuidade à Escola Diocesana de Servidores, à Escola Catequética, ao Canto Litúrgico, às Escolas da Juventude, possibilitar formação teológica para os agentes); promover o diálogo com as outras Igrejas, com os grupos religiosos, com a ciência e com a sociedade; fortalecer a solidariedade; dialogar com a juventude em suas diversas formas; valorizar o domingo, dia da celebração comunitária, do encontro familiar, do descanso; apostar na comunidade, porque ela é nossa Mãe, nos humaniza, nos fortalece, nos educa, nos alegra e não nos deixa sozinhos; retomar a “experiência de Deus”, no testemunho de vida (verdade, justiça, fidelidade ao Evangelho, perdão, hospitalidade, tolerância, promoção da paz...), na defesa dos pobres e excluídos e no respeito à vida da natureza. Erechim, 11 de julho de 2007, Festa de São Bento. Pe. Antonio Valentini Neto, Pároco da Catedral São José. --------------------------------------------------------. Anexo 1: CINQÜENTENÁRIO DE ERECHIM - P. Ruben Neis Nota: Antecedendo a comemoração dos 50 anos de criação do município de Erechim, o historiador Pe. Ruben Neis, da Arquidiocese de Porto Alegre, escreveu série de cinco artigos publicados pelo Correio do Povo, também de Porto Alegre. Pelo significado histórico do estudo, a série de artigos é colocada como anexo à tentativa de resgate histórico da região e Diocese de Erexim.A digitação é do diácono Valdemir José Debastiani. Cinqüentenário de Erechim (I) Dia 30 de abril próximo transcorrerá o cinqüentenário do município de Erechim. Grandes festividades estão sendo programadas para celebrar dignamente o acontecimento, não faltando um hino especial que está sendo gravado em disco para mais ampla difusão. Erechim, conforme os que parecem entendidos no assunto, significa “campo pequeno” no linguajar dos bugres, assim como Erebango nas proximidades de Erechim, significa “campo grande”. Capoerê, cuja tradução seria “campo das pulgas”, situada mais ou menos a meio caminho entre a antiga Erechim (atualmente Getúlio Vargas) e a nova Erechim, teria sido a primeira localidade povoada por aqueles lados, sendo o paranaense Isac Barbosa seu primeiro morador, lá pelos idos de 1868. Em sua casa teria havido um combate, na revolução de 1893, com o passivo de 18 mortos, saindo vencedores os maragatos. Em 1902 Capoerê foi elevado a 7º distrito de Passo Fundo, compreendendo toda a zona até as margens do rio Uruguai, entre Nonoai e Lagoa Vermelha. Entretanto pouco depois, em 1905, esse distrito foi novamente supresso. Diz a tradição que estas matas estavam infestadas de elementos fugidos da polícia, que naquelas extensões estavam a salvo da justiça, e levavam o pânico para as regiões circunvizinhas, e para os que se atreviam a penetrar nestas matas. O governo do Estado via-se duma situação tumultuosa, descrita no Relatório da Diretoria de Terras e Colonização do ano de 1908: “Por toda a parte do extenso município de Passo Fundo existem terras do domínio do Estado. Nelas acham-se encravadas posses legitimadas e por legitimar e grande número de intrusos. Todas essas terras são em regra de uma fertilidade extraordinária. Depois da proclamação da República, a invasão dessas terras tem ido sempre crescendo. Atualmente se está estabelecendo uma corrente de moradores de outros municípios, atraídos pela fertilidade das terras, e estes se tem estabelecido de preferências às margens do Rio do Peixe. Torna-se necessário regularizar o povoamento dessas terras, não consentindo no estabelecimento nelas senão mediante concessão de lotes previamente demarcados”. Diante desta situação, o Governo Estadual, por proposta da Diretoria de Terras e Colonização, “em data de 6 de outubro de 1908, resolve criar a Colônia de Erechim, fundada não só na insuficiência das outras colônias, como para atender antigos colonos de várias procedências, que ali se estavam estabelecendo tumultuariamente, atraídos pela fertilidade das terras e a presença de uma estrada de ferro” (Relatório da Diretoria de Terras e Colonização do ano de 1910). Vemos assim, claramente, que o estabelecimento dos primeiros moradores não ocorreu após a fundação da colônia, mas que havia grande número de intrusos. E no decorrer dos anos seguintes, a Diretoria de Terras e Colonização sempre procurou considerar com espírito altruístico a situação desses intrusos facilitando-lhes a legalização de seus lotes, ou a consecução de outro de seu interresse. O Presidente do Estado, o Sr. Borges de Medeiros, em 11 de outubro de 1919 remeteu um telegrama ao Ministro da Agricultura, onde diz entre outras coisas: “Terras públicas do Estado ficam zona norte, ao longo do rio Uruguai. Nessas terras encontram-se disseminados inúmeros intrusos, a maioria lusobrasileira, cuja situação Estado está normalizando demarcando-lhes lotes, protegendo-os, misturandoos colonos origem estrangeiros nascidos Estado” (Relatório da Diretoria de Terras e Colonização de 1920). Foi nomeado primeiro Diretor da Comissão de Terras e Colonização da Colônia de Erechim o Dr. Severiano de Souza e Almeida, Agrimensor, que por isso foi removido por Portaria de 27 de março de 1909 da extinta colônia Jaguari. No dia 8 de junho foi escolhido o lugar da sede provisória da colônia, no local da atual cidade de Getúlio Vargas; este lugar começou a ser chamado Erechim, como também a estação da estrada de ferro, a 4.567 metros de distância da sede provisória (cf. Relatório da Diretoria de Terras e Colonização, 1909, pg.107). Uma semana depois, dia 15 de julho, começaram os trabalhos da primeira medição, em outubro começou a derrubada das matas e já em fevereiro do ano seguinte, 1910, deu-se início à construção de casas, e chegou a primeira turma de imigrantes. Até fins de junho já estavam construídas na sede 50 casas, em construção havia 22, e o número de imigrantes era de 226. Vemos assim seu rápido crescimento, sendo em fins do mesmo ano de 1910 criado o distrito de Erechim, 8º de Passo Fundo. Em 26 de outubro e 1912 (nota: no texto do Pe. Neis, está assim, mas a data certa é 25 de outubro de 1911) o bispo diocesano de Santa Maria, a cuja jurisdição pertencia esse território criava a paróquia de Erechim (Getulio Vargas), na sede provisória da colônia do mesmo nome. Também já existia na mesma localidade uma igreja protestante, construída à praça principal. Tinha chegado o tempo, em que toda aquela região seria o Eldorado, a Terra da Promissão e da fartura de nosso Rio Grande. Juntamente com a sede povoavam-se os lotes coloniais já demarcados em grande número, com milhares de imigrantes que chegavam anualmente do estrangeiro, e outros milhares que provinham das colônias velhas do Rio Grande. Começou um verdadeiro êxodo das colônias velhas, já muito subdivididas, para a nova terra da promissão. Eram principalmente descendentes de italianos e alemães que procuravam novas terras. E do estrangeiro, eram principalmente poloneses que estavam chegando. O elemento estrangeiro deixou de vir no ano de 1914, quando terminou o acordo que o Estado tinha com a União a respeito da introdução do braço estrangeiro, e também devido à grande guerra que se iniciava. Para vermos o grande número de estrangeiros entrando na colônia de Erechim, basta dizer que em 30 de junho de 1913 o número de habitantes da colônia era de 18.000 pessoas, das quais 10.000 eram imigrantes provenientes diretamente do estrangeiro, e os 8.000 restantes compunham-se de “brasileiros, já estabelecidos antes da fundação da colônia ou que se vieram estabelecer depois, e elementos das antigas colônias, sejam velhos agricultores, sejam principalmente descendentes destes últimos” (Relatório de 1913). O Relatório da Diretoria de Terras e Colonização do ano de 1915, após a suspensão da imigração estrangeira, diz à pág. 123, que na colônia de Erechim entraram ao todo 14.659 imigrantes estrangeiros. Estes, na quase totalidade, eram poloneses. Deixando de entrar o elemento estrangeiro, e aumentando ainda mais o êxodo das colônias velhas, o elemento italiano foi aos poucos superando os de outras origens. Em 1918, ano da fundação do município, o número de habitantes já era de 35.000. Em média haviam entrado por ano perto de 5.000 pessoas na colônia de Erechim. Juntamente com o povoamento da colônia, procurou a Diretoria de Terras e Colonização abrir estradas internas e para fora da colônia, que não servissem apenas para carroças, mas também para automóveis, que naquela época já estavam começando a surgir. A primeira destas estradas foi aberta entre a estação Erechim e a sede, num percurso de 4.567 metros, continuando depois até Sananduva, no município de Lagoa Vermelha, num total de 56 quilômetros. O traçado foi determinado nos últimos meses de 1911, e já em 1913 esteve pronta a estrada Erechim-Sananduva passando por ela pela primeira vez um automóvel, para espanto de milhares de pessoas que nunca tinham visto nem imaginado coisa semelhante. Uma testemunha ocular, que naquele tempo era menino de 13 anos e atualmente é um jovem de 68 anos, contou-me este fato que depois pude confirmar pelo Relatório da Diretoria de Terras e Colonização, que diz que a estrada realmente foi aberta em 1913. Por fim, mais algo, que a Diretoria de Terras e Colonização achou importante para colocar em seu relatório de 1915, à pág. 130: “Existe um automóvel Fiat, de propriedade particular, para o transporte de passageiros, especialmente da estação até o povoado Erechim”. Cinqüentenário de Erechim (II) Ao longo da estrada de ferro, que já em 1911 alcançara Marcelino Ramos, e que foi uma das causas da grande valorização da Colônia de Erechim, foram-se formando diversos núcleos populacionais, como Sertão, Erechim, Erebango, Capoerê, Paiol Grande, Baliza, Barro, Viadutos e Marcelino Ramos. Mas o povoado mais importante continuava a ser a sede da colônia, a atual cidade de Getulio Vargas: “Povoado Erechim é o povoada que mais se tem desenvolvido, não só como sede que ainda é da administração da colônia, mas ainda como centro da região que primeiro começou a colonizar-se” (Relatório da Diretoria de Terras e Colonização, 1915, página 127). “De todos os povoados da colônia é atualmente o mais importante Erechim, infelizmente mal localizado e mal instalado, sem prévio estudo do terreno, sobretudo em conseqüências do atropelo havido na fase inicial da colônia devido à entrada de grande levas de imigrantes” (Relatório do ano de 1916, página 175). Mas tudo haveria de mudar. No decorrer dos anos já houve muita rivalidade entre as atuais localidades de Erechim e Getúlio Vargas, primeiro a respeito da sede da colônia, depois quanto a sede do município e terceiro quanto ao nome Erechim, ao qual cada uma das duas cidades queria ter direito. Lendo os relatórios de Terras e colonização, já a partir do ano de 1909, quando foi escolhido o lugar da sede, sempre encontramos a idéia de que a sede definitiva deveria ser no lugar da atual cidade de Erechim, por ser o centro de todas as glebas a serem colonizadas, até o vale do Rio Uruguai, e o ponto mais alto de toda a região. Mas como de momento apenas seriam loteadas as terras desde Sertão até as proximidades da atual cidade de Erechim, achou-se que o ponto melhor e mais central seria o lugar da atual cidade de Getúlio Vargas, onde se começou a demarcação dos lotes urbanos, sendo este novo povoado escolhido para sede provisória, com o nome Erechim. No relatório de 1911 se diz: “A atual sede Erechim, desde sua fundação foi sempre considerada como provisória e secundária, tendo sido por isso desde então reservadas para sede geral as terras das imediações da estação Paiol Grande. Na excursão que realizei este ano, pude constatar ser realmente a melhor situação para a nova sede”. Nesse mesmo ano de 1911 se estabeleceu em Paiol Grande com casa comercial o Sr. Albano Albino Stumpf, que no ano seguinte “abriu o primeiro hotel da localidade. Foi na residência desse prestimoso cidadão que se disse a primeira missa em Boa Vista e onde se hasteou pela primeira vez o auriverde pendão nacional” (De Paranhos Antunes, Notas Históricas sobre Erechim). Os relatórios de 1912 e 1913 falam dos estudos que já estavam sendo realizados para a nova cidade. Apesar da proibição, em 1913 já havia ali 41 casas construídas. O relatório de 1914 diz: “A sede geral da colônia de Erechim em Paiol Grande será o primeiro caso neste Estado do estabelecimento de uma cidade com projeto previamente estudado. A sua situação e a sua instalação ordenada a tornarão certamente uma bela cidadezinha futura, cujo nome Paiol Grande deve ser trocado por outro menos prosaico”. Relatório de 1915: “Sede geral em Paiol Grande. Foi já iniciada a locação do povoado, tendo sido demarcados no período deste relatório (1-7-1914 a 30-6-1915) 550 lotes. Até fins do corrente ano deve estar transferida para este povoado a administração da colônia, aguardando-se para isto apenas a construção do edifício respectivo. A medida é da maior conveniência, quando se considera o conjunto da região, da qual Paiol Grande é o centro geográfico de onde melhor podem ser atendidos os trabalhos atuais e próximos de colonização e de viação, a serem realizados. Isto, reunido à situação admirável junto a viação férrea, bem como à ordem e método observados na sua instalação, induzem a prepará-lo para seu próximo papel de sede natural do futuro município a ser constituído dentro de poucos anos na região. Avizinhando-se a transferência de sede, cumpre substituir o nome local, Paiol Grande, por outro menos prosaico”. No mesmo relatório consta que já “ficou ultimada a ligação (estrada) da sede geral com o povoado Erechim (Getúlio Vargas)”. Afinal, no dia 20 de abril de 1916 foi transferida a sede administrativa da colônia Erechim para Paiol Grande. Em 1917 foram terminados os trabalhos de vilamento, traçando-se então as Avenidas José Bonifácio e Brasil, e a Praça Júlio de Castilhos, sendo iniciada a respectiva arborização. Estava assim pronta a nova sede, com urbanização e traçando modernos. Pela mesma época foi mudado o nome de Paiol Grande para Boa Vista, por estar situada em lugar muito alto, a 768 metros de altitude, sendo a estação férrea mais alta de todo o Estado. Quando o Governo do Estado no dia 30 de abril de 1918, depois de muitos estudos, e pela insistência, principalmente dos moradores da antiga sede, criou o novo município de Erechim, pelo decreto nº 2342, fez constar no art. 1º o seguinte: “Fica elevado à categoria de município o atual 8º distrito de Passo Fundo, com a denominação de Erechim, tendo por sede a vila de Boa Vista, outrora povoado de Paiol Grande”. Houve muita alegria e entusiasmo da parte da população, mas os moradores da antiga sede tiveram sua alegria diminuída diante desse fato: a sede do município será Paiol Grande. O irmão mais velho viu sua primogenitura postergada para um irmão mais novo. É como o irmão mais velho que está triste porque não encontrou casamento, enquanto o mais novo já tem noiva e casamento marcado. Apesar de Erechim nesse tempo ainda ter mais habitantes que Boa Vista, já se podia prever que a sede nova de fato era o ponto ideal para a sede do município, e que dentro de pouco sobrepujaria a sede antiga e todos os outros povoados, e seria o ponto de convergência e de mais importância em todo aquele vasto território, alem de ser melhor planejada como cidade moderna, e estar situada junto à estação ferro. E acompanhando o movimento global da colônia, que nesse tempo já estava sendo colonizada até as margens do rio Uruguai, devia-se dizer: realmente a sede do novo município devia ser Boa Vista. Os moradores da sede antiga tiveram ao menos um consolo: o nome Erechim, que era de seu povoado, passou a ser o nome de todo o município. Mas, melhor não o fosse; alegria em casa de pobre dura pouco. Se o município era Erechim, também sua sede deveria chamar-se Erechim. E o nome do antigo povoado passou para a sede do novo município, para a vila de Boa Vista. “Em 1924, um grupo de moradores da antiga sede propugnava pela emancipação de seu distrito, querendo formar mais um município; mas em vão. Em 1930 voltaram à carga, fazendo reuniões e se empenhando junto aos poderes competentes, para este fim. Finalmente, em fins de 1934, os lutadores pela criação do município pleiteavam, também, seu tradicional nome Erechim. Reivindicação de caráter sentimental, de vez que fora a sede da colônia do mesmo nome e tal a denominação da localidade por longos anos” (Enciclopédia dos municípios, XXXIII, pág. 237). A pretensão quanto ao nome Erechim foi rejeitada; conseguiram, entretanto, em 18 de dezembro de 1934, a emancipação política, formando desde então o município de Getúlio Vargas, também muito progressista. Parece que assim terminou essa briga em família, com a independência dos dois irmãos, ainda que com certa vantagem do mais novo, mais robusto, sobre o mais velho. O município de Boa Vista do Erechim, de 1938 a 1944 foi denominado José Bonifácio, e a partir dessa data chama-se simplesmente Erechim. Cinqüentenário de Erechim (III) Em 1918, quando foi criado o município de Erechim, agora cinquentão, que atingia o território dos atuais municípios de Aratiba, Barão de Cotegipe, Campinas do Sul, Erechim, Erval Grande, Gaurama, Getúlio Vargas, Itatiba, Jacutinga, Marcelino Ramos, Mariano Morro, Maximiliano de Almeida, São Valentim, Severiano de Almeida e Viadutos, quase todo aquele território já estava sendo demarcado e loteado, apesar de diversas sedes municipais de hoje ainda naquele ano estarem ocupadas de mata virgem. Em sua maior parte o próprio governo do Estado, proprietário daquelas terras devolutas, fazia a demarcação e venda dos lotes e terrenos, por intermédio da Comissão de Terras e Colonização. Houve, entretanto, também duas grandes firmas colonizadoras, que cooperaram para a mais rápida colonização do município de Erexim. Foram a Jewish Colonization Association (ICA), que estabeleceu uma colônia de judeus em Quatro Irmãos, e a Empresa Colonizadora Luce, Rosa e Cia. Ltda., que colonizou o norte do município. A Jewish Colonization Association (ICA), entidade de fins puramente filantrópicos em benefício dos judeus, foi fundada pelo engenheiro judeu francês Barão Maurice de Hirsch com a cooperação de alguns judeus proeminentes de Paris e Londres, e registrada em Londres no ano de 1891. Em 1904 estabeleceu a primeira colônia judaica no Rio Grande do Sul, em Pinhal, a 25 quilômetros de distância de Santa Maria. A colônia recebeu o nome de Colônia Philippson, hoje Filipson, em homenagem ao vice-presidente da entidade, sr. Franz Philippson, banqueiro belga, então presidente da Companhia de Estradas de Ferro da Argentina e do Rio Grande do Sul. Na colônia de Filipson foram instalados entre outros colonos, quase todos originários da Bessarábia, os de sobrenome Stifelman, Akselrud, Seligman, Silberman, Knijnik, Goldenberg, Schwartz, Kopstein, Siebenberg, Wolf, Schneider, Goldman, Nudelman, Soibelman, Russowski, Rosenberg, sendo chefe religioso Abrahão Steinbruch, todos nomes conhecidos em nossa sociedade. Inicialmente, e com a forte colaboração da ICA, o núcleo da colônia Filipson parecia progredir. Tanto assim, que a ICA resolveu aumentar em maior escala a colonização judaica no Rio Grande do Sul. Para esse fim comprou em dezembro de 1909 a fazenda “Quatro Irmãos”, com 93.850 hectares de terra, na recém fundada colônia Erexim, abrangendo os atuais municípios de Campinas do Sul e Jacutinga, e parte de São Valentim. Dividiu uma parte da fazenda em lotes coloniais, formando assim o primeiro núcleo, o de Quatro Irmãos. Cercou os lotes com arame farpado, adquiriu os animais, o material e os instrumentos agrícolas a serem distribuídos entre os colonos. Colonização realmente bem organizada. Os primeiros colonos vieram em 1911 e 1912. Umas 40 famílias da Argentina, outras da Bessarábia; em 1913 chegou da Rússia um grupo de 150 famílias. Cada família recebia um lote de 150 hectares de terra de campo com uma casa de moradia, um galpão, 4.000 metros de arame farpado cercando o lote, 14 vacas, 4 bois, 1 touro, 2 cavalos, 1 carroça, 1 arado, 1 grade, e diversas ferramentas para lavoura. Todo o valor com os juros de 4% a ano, tinha prazo de 20 anos para ser reembolsado. Pelo início da grande guerra de 1914 havia umas 350 famílias judaicas em Quatro Irmãos. Sobreveio a guerra, com as dificuldades de contato da ICA com sua Central em Paris, além de dificuldades locais. Conforme diz a “Enciclopédia Judaica”, obra recente de muito valor, 160 famílias se retiraram para a Argentina, outras para outros lugares; em 1915 restavam apenas 73 famílias em Quatro Irmãos. Após a guerra voltaram as atividades normais, a colônia progredia, mas infelizmente a revolução de 1923 foi muito desastrosa para Quatro Irmãos. As fazendas invadidas, o gado e os produtos arrebatados. É conhecido na história da revolução o combate de Quatro Irmãos, a 24 de abril de 1923. Também bandidos aproveitam a situação confusa e assaltam moradores de Quatro Irmãos. Muitos judeus, desanimados, temendo que a revolução durasse muito tempo, abandonaram suas propriedades, organizadas com tanto trabalho e tanto capricho. A ICA não desanimou. Em 1926 mandou vir mais 100 famílias, umas da Turquia, outras da Polônia, e a maior parte da Lituânia, instalando-as na Fazenda Quatro Irmão, nos núcleos de Barão Hirsch, Baronesa Clara e Rio Padre, em lotes de 75 hectares de mato. Infelizmente houve pouco apoio governamental para a colônia. A revolução de 1930, para a qual Erexim armou 1.500 soldados, a queda dos preços dos produtos agrícolas nos anos posteriores à revolução, e mais assaltos de bandidos aos lares dos colonos judeus, provocaram o desânimo dos colonos, e a maioria, não crendo na possibilidade de terem uma vida tranqüila de trabalho e progresso na colônia, foi fixar alhures os seus lares. Alguns, de mais posse, tinham mandado seus filhos para estudar nas cidades, e estes, como acontece com todos os filhos de colonos que vão para a cidade, já não voltam para trabalhar na roça, levando mais tarde também seus pais, já idosos para a cidade. Em 1963 havia ainda 16 famílias judaicas em Quatro Irmãos. Atualmente não chegam a 10 as famílias de judeus que ainda residem nos diversos núcleos de Quatro Irmãos; entretanto muitos que saíram, conservaram lá suas propriedades. Igualmente os colonos judeus da colônia Filipson foram aos poucos abandonando suas terras, atraídos para a vida citadina. Hoje a maior parte das terras de Filipson pertence ao Sr. Jerônimo Zelmanovitz, filho de antigo colono, e ao Dr. Abrahão Steinbruch, agrônomo formado pela Escola de Agronomia de Piracicaba (São Paulo), neto do falecido Abrahão Steinbruch, chefe religioso de Filipson. Empregando técnicas e maquinaria modernas, dando ao solo tratos e adubos apropriados, conseguiram tirar das terras de campo outrora consideradas impróprias para a cultura, colheitas de trigo notáveis pelo rendimento e pela qualidade (Enciclopédia Rio-Grandense). Assim as duas colônias judaicas organizadas em nosso Estado não tiveram feliz êxito, apesar da exemplar organização. Entre os judeus instalados nos diversos núcleos de Quatro Irmãos podemos citar os dos sobrenomes a seguir citados, grande parte dos quais na Europa se dedicava aos trabalhos de lavoura. Provenientes da Turquia: Kives e Schwartz; da Polônia: Hauptman, Wagner, Kriegel, Federbuch, Neiberg, Samberg; de outras procedências: Iochpe, Henkin, Schmith, Schneider, Lichtenstein, Schwatzman, Uberman, Gensas, Skarsinki, Kwitko, Arenson, Bujanski, Raskin, Bacalchuc, Jovelevich, Blacheeris, Rudnitzki, e outros, hoje em dia radicados em Porto Alegre, São Paulo, e diversas cidades do interior, onde em geral se dedicam ao comércio. A ICA tinha construído uns 500 km de estradas, e escolas e sinagogas em quatro núcleos diferentes de Quatro Irmãos. Em 1916 construiu um ramal de 18 km de estrada de ferro, ligando o núcleo Quatro Irmãos à rede da Viação Férrea na estação Erebango, tendo locomotiva e vagões próprios. Atualmente a ICA não tem mais escritório em nosso Estado; retirou-se há poucos anos, depois de ter vendido o trem e retirado a estrada de ferro de Quatro Irmãos. Continua, entretanto no Rio de Janeiro, onde tem colônia judaica em Rezende, e em diversos outros países, onde teve melhor êxito em colonização. Na antiga Fazenda Quatro Irmãos, ex-colônia judaica, encontram-se atualmente os municípios de Campinas do Sul e Jacutinga, e parte do município de São Valentim, desmembrados do município de Erexim. Cinqüentenário de Erechim (IV) A outra firma colonizadora de grandes credenciais e de grande êxito no município de Erechim, foi a “Empresa Colonizadora Luce, Rosa e Cia. Ltda”. Eram seus sócios inicialmente os srs. A. Guilherme Luce, Dr. Timóteo Pereira da Rosa, Ernesto Häussler e dr. Hans Meyer; mais tarde, em 1919, quando a empresa estendeu suas atividades para Santa Catarina, entraram ainda como sócios os srs. dr. Felisberto de Azevedo, diretor do Banco da Província do Rio Grande do Sul, e José Petry, então residente em Passo Fundo, pai do sr. Anito Petry, atual secretário da Agricultura de Santa Catarina. Pelo ano de 1916 o “Sr. Timóteo Pereira da Rosa e outros” receberam do Governo do Estado grandes áreas de terras no município de Passo Fundo, distrito de Erechim, como indenização. No relatório da Diretoria de Terras e Colonização do ano de 1917 encontramos o seguinte: “As indenizações resolvidas e ainda não satisfeitas, montam à área de 30.000 hectares aproximadamente. Em relação à maior parte desta área, isto é, 22.186 hectares, o Governo do Estado, por despacho de 20 de dezembro de 1916, resolveu consentir que os próprios interressados Luce, Rosa e Cia. Façam a descriminação e demarcação das terras, no município de Passo Fundo. Os trabalhos tiveram início em princípio do corrente ano (1917), sob a fiscalização imediata da Comissão de Terras e Colonização de Erechim”. A escritura de permuta foi feita em 22 de janeiro de 1917 no 3º Cartório de Porto Alegre, recebendo a Empresa Colonizadora Luce, Rosa e Cia. 13.394 hectares de terra, em troca de 11.261 hectares, na posse dos quais o Governo já estava mais tempo na Fazenda dos Ilhéus. Os restantes 2.232 hectares correspondiam a indenizações por despesas de medição procedida pela empresa colonizadora. Mais tarde, por escritura de permuta de 14 de outubro de 1927, a empresa recebia na mesma zona norte do município de Erechim mais 26.149 hectares de terra, em troca de terras nos municípios de Guaporé, Encantado e Cachoeira do Sul, que também já estavam na posse do Estado há mais tempo. Tinha assim a empresa no município de Erechim um total de 39.915 hectares de terra, que foram divididos em 1.279 lotes coloniais, dos quais 504 ficavam na colônia Barro (atual Gaurama), abrangendo Três Arroios, e outros 775 lotes nas colônias Dourado e Rio Novo. Toda esta área estava coberta de mata virgem. Assim tivera início, em 1917, as colônias de Três Arroios, Nova Itália (atual Severiano de Almeida), Dourado e Rio Novo (atual Aratiba), que hoje em dia constituem diversos prósperos municípios. Em cada colônia a empresa reservou áreas para a sede do povoado. Em Rio Novo reservou 218 hectares, em Três Arroios 112, em Dourado 110, e em Nova Itália 63. Colaborava também para a fundação de capelas, cemitérios, colégios, ajudando inicialmente sua manutenção; o que, além de ser um auxílio para os colonos, atraia a simpatia para seus loteamentos. Desta maneira, a pedido dos padres franciscanos que atendiam os núcleos fundados, e com a colaboração financeira da empresa colonizadora, o povoado de Três Arroios já no ano de 1920 recebia religiosas Irmãs Franciscanas de Maria Auxiliadora, Congregação fundada no Equador no ano de 1888, e que atualmente tem sua sede geral em Cartagena, na Colômbia. Desde 1911 se encontram trabalhando no Brasil, principalmente na direção de escolas e hospitais. Fundando a primeira comunidade em Três Arroios no ano de 1920, já em 1921 iniciaram suas obras de apostolado em Barro, em 1922 em Getúlio Vargas, e em 1923 em Erechim, que é hoje seu quartel general no Brasil. A metade das Irmãs atualmente no Brasil, pode-se dizer, trabalha no território do antigo município de Erechim. Um dos fatores do grande êxito da Empresa Colonizadora Luce, Rosa foi o ter vendido os lotes coloniais diretamente e somente aos colonos interressados em trabalhar sua terra; excluindo assim firmas intermediárias, que compram terras e ficam a espera de sua valorização. Num memorial remetido em 1941 pela empresa colonizadora ao Conselho de Imigração e Colonização, com sede no Rio de Janeiro, consta que nas colônias de Barro, Dourado, Rio Novo e Paloma no município de Erechim, estavam estabelecidas mais ou menos 1.100 famílias, sendo 750 de origem italiana, 325 de origem alemã, e 25 famílias estrangeiras. Das 1.100 famílias, 900 eram católicas e 200 evangélicas. No ano de 1919 a empresa começou também loteamentos do lado catarinense, onde possuía um total de 49.276 hectares de terras, que foram subdivididas em 1. 658 lotes desta maneira os antigos municípios de Erechim e Xapecó foram em grande parte loteados por essa empresa. A empresa também procurou abrir estradas para suas colônias. A estrada principal partia de Barro (Gaurama), passando por Três Arroios, onde se bifurcava, indo uma para Nova Itália e outra por Dourado e Rio Novo até a beira do Rio Uruguai, seguindo pelo outro lado até Xapecó. Até 1922 a empresa tinha construído 120 km de estradas de rodagem de primeira ordem, 110 km de estradas vicinais e 530 km de estradas para cargueiros. A empresa colonizadora Luce, Rosa e Cia. querendo diminuir o trajeto da estrada de ferro Erechim-Porto Alegre, fez um projeto que apresentou ao governo do Estado, retificando o trajeto Passo Fundo-Porto Alegre, de maneira que se evitasse a grande volta por Santa Maria e Cruz Alta. Queria executar o projeto, pedindo em troca algumas terras ao longo da estrada de ferro. Todos os cálculos, inclusive os das pontes, já estavam feitos. Mas o Governo não aceitou a proposta da empresa. O município de Erechim, de maneira especial os novos municípios de Gaurama, Aratiba, Severiano de Almeida e Mariano Morro, têm um dever especial de gratidão para com essa empresa, que colaborou para sua mais rápida colonização e seu mais rápido progresso, introduzindo nesses territórios gente ordeira e trabalhadora, gente que ama a terra em que trabalha, gente, que substituindo as gigantescas árvores seculares pelo pequeno pé de trigo, transformaram a “Rainha do Mato” em “Capital do Trigo”. Cinqüentenário de Erechim (V) Em fins de 1918, portanto logo após a fundação e instalação do município de Erechim, um padre visitou o norte daquele município permanecendo diversos meses no meio dos colonos lá residentes. Escreveu depois uma reportagem anônima, publicada no Almanaque “Der Familienfreund” do ano de 1920, à pág. 57 e seguintes. Nesta reportagem temos uma idéia do que era o norte de Erechim no ano da fundação do município, um ano após o início da colonização dos povoados Três Arroios, Nova Itália (Severiano de Almeida), Dourado e Rio Novo (Aratiba). O autor começa a falar da estação Barro, atualmente sede do município de Gaurama, que no ano seguinte já seria paróquia: “Barro é um lugar bem elevado, e já bastante povoado. De diversos pontos se tem vistas bonitas sobre o vale do Rio Uruguai. O nome Barro não condiz bem com o lugar, que é um tanto rochoso. Mas na abertura da estrada de ferro, o lugar de acampamento não foi bem escolhido, ficando muito embarrado em tempo de chuva; daí a denominação de “acampamento do barro”, que deu nome ao lugar. Na sede há um escritório da firma Luce, Rosa e Cia., e um hotel de propriedade de Carlos Reichert, bem administrado, onde se alojam os que estão de viagem, à procura de terras. Quanto aos moradores, a maioria são italianos, em seguida vem os alemães, católicos e protestantes. Os italianos fabricam um vinho muito bom, que porém não dura o ano todo, porque já é tomado antes”. De Barro o autor foi para Três Arroios, “que fica a 500 metros de altitude. O nome provém de 3 arroios que circundam o povoado. Em belo vale encontram-se as casas já bastante numerosas, ao longo de duas ruas. Italianos há poucos a maioria dos que chegam são alemães. A estrada que vem de Barro se bifurca aqui, seguindo uma para Dourado e Rio Novo, e a outra para Nova Itália”. O seguinte lugar a ser visitado foi Nova Itália, sede do atual município de Severiano de Almeida: “Uma capelinha de madeira, em lugar um tanto elevado, domina o belíssimo povoado. A capela não fica vazia. Em minhas repetidas visitas, todas as famílias sempre assistem à missa. Todos são italianos. A maioria provém da região de Vale Vêneto e Jeringonça. Como em toda a parte, uma das primeiras coisas que fazem os italianos é plantar parreiras. Também plantam muito trigo”. Dourado foi o seguinte povoado a ser visitado: “À minha chegada havia na sede quatro coisas: a casa para os funcionários da companhia colonizadora, a casa comercial de Pedro Steffens, a casa comercial de João e Matias Holz, e a casa de moradia de José Ely. Nos arredores da sede moram diversas famílias de alemães e italianos, que com muita freqüência assistem à missa. Também na ausência do padre se reúnem para rezar. À meia-noite de Natal, por não haver padre, se reuniram para uma devoção ao Menino Jesus. A companhia loteadora reservou Dourado só para elementos católicos. Por ocasião da peste espanhola houve aqui, como em outras partes, muita caridade. Na casa do Sr. Holz estavam acamados cinco doentes dos arredores, cuidadosamente cuidados como num hospital. A maioria dos que chegam a Dourado, onde a quase totalidade dos lotes já foi vendida, segue doze quilômetros adiante até Rio Novo, onde compra suas terras”. Também o autor foi de Dourado a Rio Novo (atual Aratiba), até onde a estrada já estava pronta para o trânsito de carroças, e estava sendo melhorada para poderem entrar automóveis: “Encontrei muito poucas cobras, mas muitas caranguejeiras. E uma praga são os micuís ou borrachudos (mosquinhas pequenas), que em certos dias, principalmente de outubro a dezembro, não deixam um minuto de sossego. Em Cerro Largo no começo também foi assim. De Rio Novo penetrei diversas vezes pela belíssima mata virgem, até a beira do rio Uruguai. Há extensões imensas de mata virgem neste nordeste do Estado, e do outro lado em Santa Catarina. Agora a estrada de ferro abriu um pouco estas matas, e as tornou mais penetráveis”. O padre visitou ainda Viadutos e Marcelino Ramos. “Em Viadutos a totalidade dos moradores são italianos das mais diversas regiões da Itália e das colônias velhas. Marcelino Ramos é um mosaico de elementos de diferentes nacionalidades e regiões. Marcelino Ramos, última estação da estrada de ferro, infelizmente ainda não tem sacerdote, nem sequer capela”. O autor ainda acrescenta que “muita gente morreu da peste espanhola em toda esta zona de Erechim, por falta de recursos. A peste, partindo das estações da estrada de ferro, se difundia pelas regiões adentro”. Eis um breve resumo da longa reportagem escrita há 50 anos sobre o porte do município de Erechim. Muitíssimo progrediu o município nesse tempo, muitíssimo se trabalhou lá. As mãos calejadas dos colonos derrubaram as matas seculares, revolveram a terra, e a fizeram produzir quantidades imensas de cereais e outros produtos para o abastecimento do Rio Grande e do Brasil. Os habitantes atuais de Erechim e municípios vizinhos continuam dentro do mesmo espírito de trabalho e construtividade de seus primeiros colonizadores, e fizeram daquela zona o maior centro produtor de trigo e de cevada em todo o Estado. E assim a “Rainha do Mato”, como alguém chamou esta cidade em seus inícios, ostenta hoje com orgulho o merecido título de “Capital do Trigo”. ---------------------------------------------------------. Anexo 2: Coisas da História de José Bonifácio Pe. Benjamaim Busato (Chico Tasso) Nota: Entre alguns escritos do Pe. Benjamim Busato, conservados na Cúria Diocesana de Erexim, estão duas séries de alguns artigos. Uma é datilografada, constando em cada texto a data de sua publicação no Jornal A Voz da Serra (hoje Voz Regional). A outra série é de recortes do referido jornal. Num deles apenas Pe. Benjamim anotou a data de publicação: 07 de abril de 1943. Os outros devem ter sido pela mesma época. Pe. Benjamim utilizava o pseudômino Chico Tasso (lido numa palavra só: chicotaço, significaria uma chicotada...). Costumava referir-se ao seu pároco ou ao próprio Pe. Benjamim, como se tratasse de outra pessoa... Em vista do valor histórico destes textos, vão neste anexo ao trabalho de “Resgate histórico da Diocese de Erexim”. A digitação foi feita pelo Diácono Valdemir José Debastiani. 1. Os primeiros que fizeram nossa terra Não há dúvida alguma que muito antes que viessem para este recanto do Estado, os moradores que passamos a notar, diversos outros – e aqui excluímos os índios – passaram por aqui ou aqui tiveram uma estadia efêmera. Queremos recordar, apenas, os primeiros aportados e permanecidos. Por conseguinte, os fundadores desta rica terra. Neste intuito fizemos as pesquisas possíveis, indagando dos remanescentes, já idosos, daquelas eras algo a respeito. Assim viemos a saber que aqui, no perímetro da cidade, o primeiro morador e desbravador de mato foi Joaquim Assunção. Era natural de Pontão – lugar conhecido também por Colônia do Bugre – região próxima de Passo Fundo. Aportou nessas bandas por volta de 1883, e estabeleceu-se aí pelos fundos do atual cemitério municipal, onde ainda hoje existe uma campina, que foi feita ao tempo dele e por ele. Foi esta a primeira aberta nestes sertões. Junto com ele veio de Pontão um irmão chamado Manuel Ortiz Assunção, e é a este que se deve ter tomado a esta região o nome de Paiol Grande. Como ainda há muita gente que pensa ter sido construído este paiol grande – e era um verdadeiro galpão para armazenar produtos – aqui na cidade ou em suas vizinhanças devemos informar que nada de mais errôneo. Este paiol foi construído por Manoel Ortiz Assunção, mais ou menos nas terras que são hoje de José Longo, aí por perto do Desvio Giareta, onde Manoel tinha suas roças e onde juntava a hervamate que por estas bandas apanhava, e que levava para Passo Fundo. Outro morador daquelas épocas em nossa terra e vindo com os Assunção foi Antonio Alves, hoje ainda vivo e morador agora nas vizinhanças do sr. Meca. Este fez o seu sítio nas proximidades de onde hoje está situado o sr. Florindo Grando. Conta este velho (vai já para os noventa) duma picada que passando por sua casa vinha de Getúlio Vargas para cá. Levavam então de suas casas até Passo Fundo 8 dias com as bestas de carga. Antonio Alves é natural de Povinho velho, próximo de Passo Fundo. A picada que acabamos de falar passava pelo Gramado, e aí, onde hoje tem as suas posses o sr. José Giacomini, morava também um antigo morador chamado de Antônio Machado. Nas proximidades deste morava outro caboclo, tal Manoel Manduca. Ficava na campina que ainda hoje se nota junto a um moinho que foi dos Mariga. Outro intruso daquelas datas é Vidal Martins. Havia feito o seu sitio onde hoje tem terras o sr. Justos Biasus, e possuía um galpão nas Três Vendas. O primeiro morador do povoado Campo Capoerê-velho (hoje extinto) foi Felizardo de tal. Este povoado foi o mais antigo aglomerado de gente das nossas bandas. Contava o velho Lopez Santana, Morador deste povoado, que levava de vinte a trinta dias o tropeiro-negociante para buscar mantimentos e roupas em Passo Fundo. Passavam em viagem, por muitas peripécias, inclusive ataques de feras. Na volta o povoado recebia-os em festa, espoucando foguetes e armando bailes. NOTA – Pedimos queiram endereçar para – Chico Tasso – Redação da “A Voz da Serra” qualquer correção do que acabamos de dizer bem como de qualquer outra notícia daqueles tempos – antes da revolução de 93 – afim de podermos guardar os primeiros fatos da nossa história. 2. Começos do Século XIX Inicialmente, devemos observar que o Estado em começos de 1800 tinha uma população muito escassa. O Alamanak de Porto Alegre de 1808 dá para o Rio Grande de São Pedro, como então éramos conhecidos, “2000 fogos com 9000 almas” sendo que “Porto Alegre tinha 1200 fogos com 6000 almas”. Donde podemos concluir que aqui por perto não podia haver muita gente. (NOTA: A palavra fogo designa lar, residência, casa). Estradas quase não existiam como também poucos moradores. Sabemos que em carta de 23 de maio de 1720, ao governador de S. Paulo, o paulista Bartolomeu Paes Leme propôs abrir um caminho para o Rio Grande “sem a menor despeza para a fazenda real... a custa de sua vida e fazenda”, Mas o governador não acedeu “por ogeriza”. Tentou a mesma empresa Antonio da Silva Caldeira Pimentel (1726-32) declarando que “era de grande utilidade à sua real fazenda... abrir-se caminho da terra do Rio grande (sic) de S. Pedro da Costa do mar pela qual pudesem passar gados e cavalgaduras”. Porém, quem começou, de fato, a abertura foi Fr. De Souza Faria, tendo recebido regimento para a construção em 19 de setembro de 1727 e sendo nomeado no dia seguinte “sargento-mor das vizinhanças do Rio Grande de São Pedro e seus sertões”. Em 1732, Cristovam Pereira, subia daqui para S. Paulo com uma tropa de 800 cabeças, havendo por esta ocasião retificado grandes trechos da estrada no que gastou 3 meses e tudo á sua custa, deixando o caminho “com estivas, canoas em rios e mais trezentas pontes”. Em 1738 o mesmo Cristovam Pereira ligava esta estrada com Viamão. Lê-se nas memórias do Visconde de São Leopoldo que mais ou menos por volta de 1820, mandou fazer em Pinheiro Torto “para proteger os tropeiros quem iam daqui para São Paulo” um forte, e nota que a estrada passava pelo Campo do Meio o qual como diz o nome, ficava “entre o Mato Castelhano e o Mato Português”. Logo, não muito longe de nós. Pois bem, depois de esclarecidas estas circunstâncias de certa importância, vamos dar algumas notas sobre os povoados que nesta parte do Rio Grande se formaram em torno de nós. Em 1822 pertencíamos a Rio Pardo. Em 1833 pertencíamos a Cruz Alta e desde 1857 a Passo Fundo, do qual nós já fomos o 3.º, 7.º e 8.º distrito. Cruz Alta começou a existir em 4 de julho de 1821, quando os poucos habitantes pediram ao Cel. Antonio José da Silva Raulete, comandante geral das Missões orientais, “meia légua em quadrado para o povoado”. O que mais interressa a nós é Passo Fundo, logicamente. Conta o cônego Gay em sua História Jesuítica do Paraguay, que por ocasião da invasão das Missões por Frutuoso Rivera (1828) o administrador geral dos povos, ten. cel. Manoel da Silva Pereira do lago foi ter a Passo Fundo com algumas famílias. Datam daí, mais ou menos, as origens da nossa terra-mãe. Sabemos que durante a Revolução Farroupilha, Passo Fundo era um povoado que, como na guerra do Paraguay, deu forças para as diversas causas. Walter Spalding diz que “no dia 5 de janeiro de 1841 os farroupilhas instalam-se no Passo Fundo, onde estabelecem passageiramente o seu quartel general sem a menor dificuldade, por ter Pedro Labatut, contra as ordens de João Paulo dos Santos Barreto, descido da Serra”. Em outra obra do já citado cônego Gay encontra-se o seguinte tópico: “A primeira brigada, que comandava o sr. Cel. Fernandes, compunha-se naquela ocasião (1865), dos seguintes corpos provisórios: Ns. 10, 11, 22 e 23, e do 5º corpo provisório de Passo Fundo. Falando em “corpo provisório de Passo Fundo” dá a entender que era gente da terra, como soem ser feitos os corpos provisórios, o que equivale a dizer que, por esta data, a população de Passo Fundo deveria ser regular, e conseqüentemente, talvez alguma família estabelecida nas nossas proximidades. Quanto a Palmeira, outra localidade vizinha, conta o sr. Walter Spalding, em sua obra A Revolução Farroupilha que, “a 12 de dezembro de 1842, na estrada da Palmeira, próximo a Passo Fundo é preso pelas forças legais o coronel Rafael Tobias de Aguiar. Logo, por esta época também existia Palmeira. Evidentemente, pois, com toda esta gente em nosso redor, é de se poder julgar que na primeira metade do século XIX bem poderá alguém ter passado pelo nosso solo. 3. Conseqüências da Revolução de 93 Não resta a menor dúvida de que a revolução de 93, com suas barbaridades, muito contribuiu para a maior penetração de gente branca nas terras de José Bonifácio. Referiram-nos os mais antigos moradores do extinto povoado do Campoerê, entre os quais o já falecido Lopes Santana, bem como os Veber do Lageado Liso e os Fagundes do Rio Erechim, que eram numerosíssimas as famílias que se retiravam, por ocasião das tropelias de 93, de Lagoa Vermelha, Passo Fundo, Vacaria, Cruz Alta e Soledade, metendo-se pelos matos adentro a fim de fugir às perseguições e à morte. Muitas destas famílias, aproveitando os caminhos primitivos que, pelo sertão adentro, condiziam até cá, ou, então vindos pelos campos de Nonohay, Serrinha e Erechim, vieram se estabelecer aqui. Foi assim que se avolumou a população do povoado do Campo Capoerê; que se fez a penetração no Campo de Erechim, nas campinas da barra do Lageado Liso com o Erechim; e se estabeleceram mais moradores entre Passo Goyo-En e o hodierno Herval Grande, na zona que hoje tem o nome de Fachinal dos “Boaba”. Devemos, porém, frisar que além da revolução de 93, também contribuiu para maior povoamento desta terra, se bem que em escala bem inferior, o fato de possuirmos bons hervais, os quais, naturalmente e pela facilidade com que eram explorados convidavam não poucos trabalhadores a fazerem por aqui suas moradas. Isso, todavia, não desdirá nunca que o principal fator da primeira imigração para cá não tenha sido a revolução de 93. Para se ter uma idéia mais ou menos aproximada do que era a revolução de 93 em Passo Fundo e seus arredores, das suas barbaridades e do natural forte instinto de conservação da vida que despeitava obrigando a vir para o mato quantos pudessem, vamos transcrever para aqui uma parte dum folheto de Prestes Guimarães, um dos “bravos e grandes patriotas riograndenses” como lhe chamou almirante Custódio de Mello. Eis as suas palavras: “As prisões, assassinatos, violências abaixo transcritos são só os que tiveram lugar em Passo Fundo e logo após a Convenção de Bagé e, portanto, antes da invasão do R. Grande pelos federalistas. Um jovem republicano que assinara as atas de 26 e 27 de junho na sala da câmara, em Passo Fundo, genro do Dr. Candido Lopes e irmão de Gervásio, Gasparino Lucas Annes, indignado com o procedimento desleal dos seus companheiros, e não podendo conseguir deles respeito e observância do patuado em as ditas atas, que outra cousa não era senão paz e concórdia, resistindo nobremente ao engodo de mil seduções, resolveu emigrar com a sua família para outro município, o que levou a efeito sem demora, não manchando-se dest’arte nos lamentáveis excessos, postos em prática condenável por seu irmão e sequazes. Gasparino, apesar de moço, ou talvez por isso, foi o Noé salvo na barca de sua consciência impoluta, do dilúvio dos males que o despotismo em desvario, fez chover por mais de 40 dias sobre a região serrana, especialmente sobre Passo Fundo, terra clássica do liberalismo em todos os tempos no Rio Grande, bem como Soledade e Palmeira. Os atentados contra a propriedade foram mais numerosos na Palmeira que na Soledade, dando-se nesta, porem, maior número de assassinatos, com circunstâncias agravantes. Gasparino subiu no conceito de homens de bem, cumprindo o pacto constante das atas. Os mais rasgando-o não só desceram neste conceito, como foram os autores das hecatombes humanas, que sofreu o lugar, um verdadeiro martirológio. “Fecharemos – continua Prestes – estas ligeira pinceladas históricas com duas revelações nominais, incompletas, uma, das prisões arbitradas, extorsões por que passaram em Passo Fundo, muitos cidadãos, outra dos assassinatos mais notórios e incontestados. Não temos dados seguros para fazer a crônica, medonhamente rubra, da Cruz Alta. Talvez mais tarde possamos cumprir esta ingrata tarefa. Prisões arbitradas e extorsões: do Capitão Fidêncio Gonçalves do Nascimento, do Capitão Vicente Braz Ferreira Martins, do Tte. Cel. Antonio Ribeiro de Santana Vargas; os quais foram presos e roubados; Antonio Francisco de Melo, Roubado e apesar de ancião, posto em quatro estacas; .. (segue a lista com outros nomes de indivíduos que foram presos e amarrados em cordas e conduzidos “em magro sendeiro”.) Antonio da Silva Loureiro, preso num açougue e a quem roubaram mais de 500 rezes. E continua: “Ao mesmo tempo cometiam assassinatos horripilanes, com requintes da malvadez para roubar ou não, pessoas do povo que a mashorca gervasiana não podia contar com elas; a saber: 1º Virgílio Bueno; 2º Jorge Bueno – irmãos mortos; 3º Eugênio Bueno – na serra do Taquary; 4º Pedro Bueno; 5º João Prestes, conhecido por Cangica; 6º Sebastião Lopes – tirado atado do lar da família, e depois degolado; 7º Juvêncio Lopes, irmão do precedente, conduzido em cordas da casa de Lourenço M. de Barros, depois degolado; 8º O negro Clemente – escapou ferido, e buscando asilo em casa de Frederico Bento foi por este entregue a seus verdugos e logo ferozmente degolado; 9º Estevam Korçak, polaco, casado, negociante. Morto a traição no Carazinho, e horrivelmente mutilado; 10º Salvador de tal,... atado, conduzido a lugar ermo no campo, e aí degolado... 11º Carlos Vicente Braz Ferreira Martins... arrancado dos braços da família, em Carazinho, morto na estrada a tiros e seu cadáver mutilado. E muitos e muitos outros. Seria longa e dolorosa, ainda mais dolorosa, uma relação mais circunstanciada e exata. Basta!...” Além deste pedacinho da relação de Prestes, temos uma carta do D. Cláudio José Ponce de Leon, então bispo do Rio G. do Sul ao Marquez de Tamandaré, onde como membro da Cruz Vermelha pedia urgentes medidas para acabar com as barbaridades da revolução. Destacamos os seguintes tópicos... “a mortandade dos homens válidos tem sido considerável... pelos atos de barbaridade e inaudita ferocidade... Si continuarmos desta sorte, sem lei, sem garantia alguma para a vida... para as propriedades, entregues a déspotas rancorosos, às feras desesperadas, ficará o Rio Grande completamente aniquilado. Tem-se chegado a amarrar na estaca o pai, e feito despir a filha e neta para violá-las diante de seus olhos.”... Pelas descrições que acabamos de relatar é bem fácil ajuizar do estado de susto e de terror em que se deveria encontrar permanentemente toda a população da região serrana. Em tais condições nada mais certo do que calcular o número de famílias que deveriam se internar pelas matas quase selvagens e ínvias do nosso município. Será um dos belos trabalhos a fazer, relatar um dia as famílias vindas desta forma para as nossas bandas. 4. Nós e a Revolução de 93 Atendendo ao pedido da bela inteligência do meu caro amigo Aldo Castro e, roubando um quarto de hora daqui e outro dali, quero hoje dar à publicidade um pedacinho da nossa história do tempo da revolução de 93. Antes, porém, quero dizer que o Sr. Aldo Castro, poderá muito melhor do que eu escrever algo desse pedaço do Rio Grande, que nos é tão caro, porquanto nem lhe faltam dados (coligidos em seus apreciados arquivos com uma paciência beneditina) e por contar entre seus maiores (como me afirmou um amigo comum) a bela figura de Evaristo Afonso de Castro, autor da “Notícia Descritiva da Região Missioneira”, onde, por certo, deve de haver muita coisa a respeito. Fica, pois aqui um apelo para que quem muito bem pode ser meu mestre nesse caminho, saia do silêncio e nos auxilie nesta tarefa muito asseguradamente bela. Dito disto, vamos à história. E vai falar um documento interressante. Trata-se duma justificação que requereu no juízo de Passo Fundo o Sr. João Barbosa de Albuquerque e Silva, em fins de 1893, afim de obter a indenização de 15:810$700 pelos danos causados pelas tropas revolucionárias e governamentais em suas posses. Digamos antes que João Barbosa de Albuquerque e Silva, é o pai do nosso muito caro amigo e digníssimo sub-prefeito de Paulo Bento, o Sr. Raul Barbosa. Viera ele de São Paulo e se estabelecera no Campo de Erechim, em 1872, onde por seu trabalho e inteligência, possuía em 1893 um capital acima de 30:000$000; naqueles tempos, mui de seguro uma vultosa soma. Moravam em seu campo acima de 800 cabeças de gado vacum e mais de 250 de cavalar. – Pois bem. Deu em sua justificação o Sr. João Barbosa de A. e Silva – “... que teve durante o referido mês (maio de 1893), aviso por parte das Autoridades Federais e Estaduais, de se retirar do município, ou de acautelar-se contra qualquer assalto a mão armada oriunda de forças revolucionárias ou de qualquer outra. Que por outro lado durante o referido mês e nem mesmo nos anteriores – nesta cidade (de Passo Fundo) teve guarnição armada capaz de repetir qualquer ataque de revolucionários e de garantir a ordem e a propriedade dos seus habitantes tanto da cidade como do seu Município. (Nota: Deve-se recordar que então José Bonifácio fazia parte do 3º distrito de Passo Fundo, e chamava-se Alto Uruguai. Criado em 1858, compreendia parte de Palmeira e tinha a sua sede em Nonohay). ... Que é assim, (continua o documento) que achava-se esta Cidade e Município, quando na manhã de 31 de maio deste ano, foi o município invadido por uma força revolucionária superior a mil homens capitaneados pelos Chefes, Tte. Cel. Amâncio de Oliveira Cardoso, Cap. Elizandro Ferreira Prestes, Major Estanislau de Barros Miranda, João Carlos Schwartz (nota: este era conhecido também por João do Engenho), Juvêncio Faria, Sebastião Pires – no dia 3 de junho último, com 20 e tantos homens armados com o fim de reunir mais gente naquele lugar e aí chegados acamparam-se em Campos de criação do justificante, no lugar denominado Erexim, e no dia 5 do referido mês, às 6 horas da manhã chegados à casa do justificante ahy penetraram, arrombaram as portas e saquearam os gêneros do seu comercio, trens de casa, que consigo levaram e parte destes, como sejam fazendas. Prenderam os índios quase domesticados que estacionavam naquele logar e imediações – o que, assim procediam no intuito de aliciar aos Índios para os fins revolucionários. Como sendo o acampamento dentro dos campos de criação do justificante, então conseguiu Schwartz reunir para mais de 180 homens que ali se conservaram athé perto de fins de junho estragando e destruindo tudo quanto encontravam, como sejam: casas, animais bravos e mansos, gados e porcos; a gente que da casa podiam prender hia para o castigo e degola: eis a razão porque o justificante retirou-se fugando, e que milagrosamente escapou-se com sua família da dureza do castigo deixando todos os seus bens athé hoje em completo abandono e procurando abrigo aqui na cidade; e os assaltantes athé hoje andam em grupos nas matas beira-campo do justificante, e as forças legais acampadas constantemente no dito campo – tudo isso já há 3 meses, pouco mais ou menos, e nunca em número menor de 100 homens, pois que as primeiras forças que bateram o acampamento de Schwartz, foram as do Major José Claro de Oliveira, Capm. Manoel Bento de Souza, e Capm. Paz de Cruz-Alta, e logo após estas lá estiveram as forças dos Capitães Alypio Ferreira Leão, Francisco Lopes de Oliveira e as de Manoel Bento de Souza; athé hoje se conserva em avultado número ali porque mesmo sendo o campo entre meio do Sertão e sem comunicação com outro campo de criação, e sendo ele o principal e único recurso das forças ali e que só dali a uma légua pouco mais ou menos de matas sahe-se nos Campos ou na Fazenda dos Quatro Irmãos que faz parte deste mesmo campo – importando os prejuízos causados pelos assaltantes na quantia de 15:810$700, fora lucros sessantes”. Como se depreende dos termos do citado documento, é bem patente que foi o campo de Erechim, dentro do nosso município, vasto teatro dos feitos de 93. Para maior documentação, damos a seguir parte do texto de uma carta que sobre estas mesmas ocorrências aos Campos do Bravo João Barbosa, em Campo Erechim, escreveu alguém para um amigo de Passo Fundo na época de terror. “...No dia 4 deu-se o combate e no dia 5 eu andava em viagem do Erechim (Campo Erechim) ao Rio Passo Fundo, afim de receber uma eguada que comprei a seu conselho, e neste dia chegou lá o João do Engenho, reunindo gente, cavalos, armamentos, etc. E não me achando já carneou umas rezes, e reuniu gente e foi a Capoerê (nota: é o nosso Capoerê-Velho, que não existe mais) onde prendeu o velho Jorge Pessoa, um filho, Vitorino Fonha, e no Erechim prendeu o Maneco Castelhano e era para prender todos os republicanos que achasse e atados degolava depois dar-lhes as maiores torturas e sofrimentos, como prisão em duas estacas, etc. De tudo isto, escapei-me pelo milagre de Deus, pq si me pegam me faziam o mesmo. Em casa roubarão e prenderam o Paolino, que escapou-se e roubaram a Fazenda que ele comprou para negociar, 3 vezes arrombaram a casa e saquearam tudo que havia athé o chapéu que você me trouxe, roupas, açúcar, café vinhos e doces. Tudo isto quando foram batidos, ainda o José Claro achou no acampamento do Taboão que eles levaram pouco antes de serem atropelados dali, e levaram de 2, 3 e 5 reses p. dia pa. os Bugres também. Mulas que estavam nas mãos do domador levaram também. Sal e porcos, tudo levaram. Gatos mataram e puseram no nosso quarto de dormir, tudo picado bem miudo. Os cavalos da Eliza e o petiço do Raul (nota: é o nosso amigo muito distinto, Raul Barbosa) todos se foram como outros também. Enfim que hoje faz mais de mês que sahy de lá pq. No meio deste barulho eu estava nos Quatro Irmãos em lida com a eguada e de lá fui buscar a Eliza e filhos e tudo tirei em animais viajados. Viemos no Posto onde estava o Veríssimo com a mulher; logo aparece o Maneco Bento e Rodolphino que iam bater os homens, e reconhecido que eram em grande número reclamaram muita gente e pelo conselho de Maneco Bento viemos á Fazenda dos Q. Irmãos, e da Fazenda ao Buthiá em casa do Juca Rodrigues e dali viemos aqui onde já vai a 15 dias que estou. Pois em todo este mês não tive tempo de saber nada mais de nossa casa, cortou-se todas relações, ninguém mais pode andar só pq. corre perigo pq. há grande número de gente extraviada e corrida, roubando e saqueando que é um fim do mundo. Depois da derrota dos federais aqui, o João do Engenho se conservou dias no Erexim (nota: Campo do Erechim) e parecia que sustentava fogo, e nada sustentou porque correu sem vergonha p. o mato com toda a gente que foi um extravio sem qualificativo. Os homens que eles tinham presos foram degolados na hora da fuga. José Claro achou alguns estrebuchando ainda. O Degolador foi o Nico Ruivo, genro do velho Ângelo. Entrou muitas forças p. Erexim e Capoerê; athé que uma com outras se encontraram e pensaram que eram inimigos e houve o tiroteio, onde saiu baleado com dois ferimentos o Maneco Bento, mas já está fora de perigo. Não preciso dizer que segue-se as perseguições e mortos sem fim. Morre gente que já ninguém faz caso de ver gente sem sepultura, que há por toda parte, nos matos e nas sangas”. São pedaços estes que não precisam de comentários. 5. Boa Vista do Erechim, Erechim ou Goio-xim? (1 – publicado em 19/02/1943)) Ocorrendo neste ano (pois coincide agora) o qüinqüênio em que as comissões de Geografia receberam sugestões para modificações dos nomes topográficos das regiões brasileiras e sabedores da justa insistência com que, especialmente o nosso comércio, quer voltar ao primitivo nome de Boa Vista do Erechim, resolvemos por em movimento os nossos repórteres para auscultar a opinião dos mais entendidos sobre a matéria, e, assim, ajudar a dar a saída à incômoda situação em que nos encontramos: de termos a cidade com o nome de José Bonifácio e a estação ferroviária com o antigo nome de Boa Vista do Erechim. Procuramos por isso o p. Benjamim Busato, presidente do Grêmio Bonifaciense de Letras que, de uns tempos a esta parte, dedica especial carinho às coisas históricas de nossa terra. Encontramo-lo em seu gabinete de estudo, rodeado dos quase dois milheiros de volumes que constituem a sua rica biblioteca, e de onde sobressaem mais de 500 referentes à história da Pátria. Abordado sobre a missão que nos levava até aquele recinto de estudo, para logo nos foi fazendo esta observação: - É sobremodo lastimável – nos disse – como se esteja, em nossa terra, guaranizando as toponímias, quando, precisamente, deveríamos nós caiganguizá-las. – E, batendo-nos no hombro, acrescentou: não se assuste com o “cainganguizar”; “caingang” que é o nome da nação aborígine que habita, faz centenas de anos a nossa terra. Deve saber que esta nação deixou raros vestígios toponímicos no Brasil. Os poucos que sobraram, estão por aqui. Ainda se conservam: Capoerê, Erebango, Nonoai, Xanxerê, Chapecó, Chopin. Morreram quase: Erechim, Goio-en; e morto é o antigo nome do Uruguai: Goio-chim, e Goio-covó (Iguassú). – é bem entristecedora esta destruição. Ninguém sabe com que amor e com estudo davam os indígenas as denominações toponímicas. Quando guardadas com zelo, ainda hoje, são ótimos elementos históricos. Ivo d‘Evreux, em sua obra “viagem ao norte do Brasil nos anos de 1613 e 1614”, nos diz que “eram os indígenas muito sábios na formação dos nomes locais que deviam designar os característicos físicos da causa nomeada, reunindose, para isso, em assembléias noturnas de que participavam os maiores da tribo, e que, tais nomes só eram aceitos após demorada deliberação. “E. F. Martins dos Santos acrescentou: “Sabendo-se da importância que os indígenas brasileiros davam ao problema da denominação da terra, denominação que seria o seu roteiro natural, o seu guia geográfico, uma vez que não conheciam a astronomia e não usavam estradas, temos nós, preliminarmente, a obrigação restrita de procurar esse sentido geográfico de quase todos os vocábulos deixados”. E o nosso entrevistado, puxando da História do Brasil de Rocha Pombo, exemplificou como o rumo das migrações indígenas através da América encontra um dado precioso nos nomes Paraná, Paranaguá e Paranapanema, e onde o erudito historiador diz que deveria primeiro ser conhecido dos índios do rio Paraná, para, depois poderem ter citado as outras duas variantes do Paraná. – Veja aqui, nos disse a seguir o p. Benjamim abrindo-nos a nova carta geográfica municipal organizada pela Prefeitura local – arroios Abarê, Quicepecum, Iguré, Apuaê, etc. Tudo isso é guarani, quando é bem possível que os guaranis pouco tivessem andado por aqui, como se pode concluir das obras de Gabriel Soares, Montoya, e outros. Nos tempos das bandeiras já aqui não havia guaranis. Eram tapuias os que andavam por estas bandas. 6. Boa Vista do Erechim, Erechim ou Goio-xim? (2 – publicado em 24/02/1943) Há necessidade, imposta pela própria história, de revisar quanto antes essa toponímia, para salvar a pré-história de nossa terra. Sendo este o único recanto do Estado onde possuímos municípios com nomes caingangs – Erechim e Boa Vista do Erechim e, portanto, onde ainda se recordava essa brava gente das nossas matas, com a morte destes nomes, destruímos inconscientemente para os pósteros, uma documentação valiosa do nosso índio. E, que pensa então, da campanha que se faz sentir nesta hora sobre a revisão do município? – arriscamos. - Acho obra imensamente necessária. Prestamos com ela dois serviços. Um para o descanso do comércio. Vocês sabem melhor do que eu o transtorno que está causando a amolante situação de termos a cidade com um nome e a estação ferroviária com outro. Ainda há pouco, em correspondência de certa gravidade, verifiquei que a imensa demora em chegar era devida a ter sido a mesma desviada para José Bonifácio em São Paulo. E a outra José Bonifácio em Minas Gerais. Tudo isso atrapalha. E, não faz muito, acrescentou, deu-se um caso curioso, quase anedótico. Uma firma em São Paulo, pouco conhecedora da nossa anomalia toponímica e, com certeza, pouco avisada no caso, justava para fazer a cobrança judicial dum título de que era devedor um tal José Bonifácio, residente em Boa Vista do Erechim. – E já que nossa cidade, pelo seu movimento econômico, tem marcado relevo na vida nacional, urge quanto antes se resolva esta dificuldade. E o melhor modo, repito, é recorrer a caigangs. Em segundo lugar prestamos, com a volta ao caingang, um serviço à história, e uma justíssima homenagem ao nosso índio. - E quanto ao nome preciso a ser dado, que pensa? - Homem, aí tem certa dificuldade. Consta que não se pode mais daràs sedes municipais nomes que tenham mais de um étimo ou palavra. Não tem dúvida que todo mundo quer Boa Vista do Erechim. Mas se for certo que a necessidade de haver só uma palavra para o nome, ainda nos sobraria Erechim. É verdade que Erechim não é bem nosso, foi de Getúlio Vargas e é também verdade que o nome faz lembrar aquele chiste do finado Gal. Fermino de Paula que dizia de nosso chão “aquilo lá não é Erechim, não, mas é Mixirim.” Eu, de minha parte e em último caso, sugeriria o nome de Goioxim. Goio-xim (ou Goio-chim) era o nome que os caingangs davam ao rio Uruguai em tempos idos. E como o nosso é, precisamente onde toma o Uruguai o nome de Uruguai, por quanto é assim batizado na confluência do Canoas (atual rio do peixe) com o Pelotas, não ficava mal ter o nome de Goio-xim, quando o mesmo rio ao terminar de banhar o Rio Grande dá o nome de Uruguaiana à última cidade que beija ao deixar terras brasileiras. Sobreleva, porém, e em qualquer hipótese, para descanso do comércio e para uma justa homenagem ao nosso índio, voltar ao caingang. E se Boa Vista do Erechim puder ser, sou por Boa Vista do Erechim toda a vida, rematou o ilustre entrevistado. E como outros afazeres o chamavam para outro setor de sua ilustre atividade, agradecidos, nos despedimos e, ainda em seu gabinete, nos prometeu, para breve, mais motivos para o nome caingang da nossa terra. 7. Boa Vista do Erechim, Erechim ou Goio-xim? (3 – publicado em 22/02/1943) A própria redução de Sta. Tereza, do tempo de 1630 e pouco, que deveria a meu ver, estar aí por perto de Lagoa Vermelha, possui elementos para ser reconhecidos como composta de índios tapuias guaranizados. De modo que este trabalho pouco criterioso de guaranizar as toponímias de nossa terra está completamente errado. Eu creio que se soubessem disso os grandes amigos das verdadeiras toponímias selvagens e ainda fossem vivos, como: d’Evreux, Luiz Figueira, Montoya, Martins, Vegas, Spix, Padre Seixas, G. Dias Tastevin, B. Caetano, Barbosa Rodrigues, Simpsom, Lacerda, C. de Magalhães, Mendes de Almeida, T. Sampaio, se revoltariam diante deste trabalho pouco patriótico. A nossa primeira obrigação – mesmo para fazer trabalho de valor seria fazer ressurgir os antigos nomes caingangs dos nossos rios e montes. Naturalmente não seria isso obra de um momento. Seria necessário um estudo consciencioso por pessoas competentes e não entregar este serviço (de dar nomes a lugares) a qualquer adventício com pruridos de conhecedor de indianologia dest’arte salvaríamos a nossa velha história geográfica e aborígene. E, se este serviço fosse impossível; então se recorreria nas denominações, já de muitíssimos estudos. O guarani só nos deu o nome primitivo do rio Passo Fundo, a que chamavam Uruguay-Puitang. E a esta altura o p. Benjamim nos puxou um volume da Revista do Instituto Histórico e Geográfico do RGS e nos fez ler as seguintes notas interessantes do indianólogo João Borges Fortes, as quais, com prazer passamos a copiar. Diz o citado autor naquela revista: “Os missionários alastraram o seu domínio no território riograndense limitado pelos 3 grandes rios Uruguai, Ibicui e Jacui, fundando o seu imenso e poderoso império, constelado de aldeias e estâncias. Para os acidentes artificiais de geografia política – criação da conquista – deram os padres nomes extraídos da fé ou do culto católico. Para os acidentes artificiais de geografia física – a obra da natureza – reservaram eles os graciosos nomes que lhes forneceu a pitoresca e significativa língua do país. Tal conclusão é imperativa quando se passa os olhos sobre a carta dos afluentes dos 3 grandes rios que acima mencionamos. Desse mesmo exame se deduz ainda até onde alcançaram os limites das dominações jesuíticas... Avançando em sua obra evangélica, iam eles, ao passo que descobriam um continente virgem, fazendo a geografia do País quando davam a cada acidente físico que se lhes antolhava um nome que o destaca nos mapas e arquivos da Ordem: ficaram de tal modo as designações que são as dos mais relevantes acidentes geográficos: Batucaraí, Tapuari, Cai, Itapuí, Gravataí, Guaíba, Itapoan, Itacolumi,, Tramandaí, Mambituba. – Do Jacuí para o norte e para o mar, as denominações dos rios e das montanhas, como dos sítios e povoados, acentuam o cunho português do dominador mais recente, sobre a trama indelével das primeiras explorações dos missionários. – Uma linha ao Norte acentua ainda os limites do Império das Missões – é a linha do Uruguai-Puitang, onde se encontram dois nomes exóticos: Goio-en e Nonoai. Nas florestas que cobrem as margens do Uruguai, nas adjacências daquele tributário, habitavam os índios tapuias, dominando a picada do Nonoai e pela qual provavelmente, investiam os guaranis. Do Uruguai-puitang para o montante não aparece mais um nome tupi para os afluentes do Uruguai, caracterizando-se por esta forma, uma linha limítrofe do domínio dos jesuítas. “Como vê, concluía o nosso entrevistado, a guaranização apressada que se percebe na nova carta do município está errada. 7. Não podemos ser Erechim? Então, sejamos Goio-En (3 – publicado em 07/7/1943) Entramos na paliçada para defendermos a terra dos caingangs, que é a nossa de José Bonifácio, e nos sentimos muito orgulhosos por termos já lavrado um tento em seu favor. Pois bem, diante das sugestões partidas agora de alguém que se diz rogado pelo Conselho Nacional de Geografia e em que adianta o topônimo de Marangatú para nossos chãos, nome guarani, e por conseguinte absolutamente inconsonante com nossa formação histórica, eis-nos de novo na estacada ao lado dos interesses da nossa indiada e da nossa história. a) Contra a tupinolatria Preliminarmente, tornamos a nos insurgir contra a tupinolatria que, evidentemente, se está derramando em demasia, com prejuízo manifesto e injusto de outras nações índias, tão brasílicas e tão grandes como a tupi. Já se erguem algumas vozes dispersas contra este atentado (Art. Tupinologia e Tupinolatria, in Rev. Bras. de Pedagogia, out. 1935; Novos Rumos da Tupinologia, in Rev. do Cir. do Est. Bandeirantes, Curitiba, 1935). Urge reacender o fogo da defesa. Angione Costa (in Introd. à Arqu. Brasileira. 1938) escreve: “Não foi, apenas historicamente, o povo Tupi-guarani a grande raça indígena do Brasil. Outras nações desfrutaram quase que o mesmo poder ocupando considerável extensão territorial. Os GÊS e os NUARUAK para não citar se não os maiores, influenciaram ou dominaram territórios mais amplos, no período anterior à conquista, isto é, de 1614 para trás... Observando a importância dessa grande família, torna-se indispensável o seu estudo em virtude do acentuado valor histórico (o grifo é nosso) que ela representa, e de sua vasta disseminação pelo centro do território brasileiro. Os GÊS habitavam em vários pontos do país, e foram senhores da Amazônia antes dos NU-ARUK e dos Tupis-guaranis ali se fixarem. De lá desceram estabelecendo-se em regiões diferentes... Ao sul a família GE está representada pelos Caiapós ou Ubirajara; pelos Acuen, de que descendem os atuais Chavantes ou Cherente e Caigang (sic) da Serra dos Parecis; e pelos COROADOS...GÊ são os índios de Pernambuco e Maranhão que prestaram auxílio aos holandeses nas lutas de 1684... Os GÊ, cujo nome se estabeleceu pela predominância dessa letra na formação do seu idioma, não foram povos de civilização inferior aos tupi-guarani, antes tão adiantados quanto eles, senão mais nas indústrias domésticas”. Nesta enorme citação, fica, perentoriamente e com a autoridade do autor (e a que poderíamos juntar muitíssimos outros nomes) provada a importância dos GÊS, povo a que, como é por demais conhecido, pertencem os caingangs de José Bonifácio. E como outrora foi dito que fosse dado a Cezar o que é de Cezar, seja agora outorgada aos caingangs o que é dos caingangs. E, passemos ao que nos prometemos dizer. b) O nosso Município foi dos Caingangs e não dos Guaranis. Em primeiro lugar, já assentamos em outros artigos desta mesma folha, que é antiguíssima a existência dos caingangs nesta região de José Bonifácio, e chegamos a afirmar que é sólida a afirmação de não terem habitado permanentemente aqui os guaranis, pelo menos depois da época da descoberta. E estribamos a nossa opinião sobre estudos de documentos e mapas das primeiras eras. Aurélio Porto, insigne devassador de nosso passado indígena, está conosco quando escreve no artigo aborígenes (in Dicion. Enc. do RGS), e em Primitivos habitantes do RGS (in Terra Farroupilha) neste mesmo sentido. A mesma assertiva se depreende dos escritos de Nicolas del Techo, segundo Aurélio Porto. O P. Manoel de Ortega esteve com eles no Rio da Várzea (Uruguai-puitang) e o P. Cristovam de Mendoza os catequizou nas margens do Tibiquari (hoje Taquari). No mapa de Ernot (1647) vemos os Guananas e Gualaxos ocupando esta região nordestina do RGS (Apud Furlong, Cartografia Jesuítica). Ora quer uns como outros são, como é sabido, da nação GE. A d’E. Tanay em sua monumental obra, História Geral das Bandeiras Paulistas, 2º vol. diz: “Tal o despovoamento ali (refere-se à zona do Guaira, ao tempo de sua destruição pelos paulistas em 1628 – 1629) que exterminados os fugitivos (os guaranis do Guaira)... este desaparecimento permitiu que tribos GES de além Paraná (na parte do Brasil) com os caingangs viessem estabelecer-se naquele solo guaranítico” (pág. 150). Na mesma obra e citando os Annaia do Padre Lupercino Zurbano, diz que depois da batalha de Mbororé “muitos paulistas haviam figurado nos festins dos antropófagos gualaxos” (pág. 352). E ainda o mesmo autor nos afirma, citando Registro vol. 2º, pág. 601, que Fernão Dias Paes Leme esteve entre os Guaianazes (mesmo que Guanânas) em 1661. Ora os Guananas e os Guaiaxos nós os encontraremos nesta época na região conhecida pelo nome de Ibituruna, região que ocupava desde o centro norte deste Estado, e mais o médio Santa Catarina e médio-sul do Paraná. Fica assim, e depois dos argumentos que já trouxemos anteriormente, provado mais uma vez a antiguidade dos Caingangs em nossa terra. 8. Não podemos ser Erechim? Então, sejamos Goio-En (4 – publicado em 09/7/1943) c) GOIO-EN. Segundo ponto, que nos prometemos explanar, neste curto estudo e dentro do espaço permitido nesta folha, é que foi, certamente, pelo Passo Goio-en que entraram neste Estado os Caingangs. E a argumentação que vamos conduzir para esse fim, queremos salientá-la para lembrar a importância deste histórico passo no Rio Uruguay, e, consequentemente aferir a conveniência de conservar seu nome para nosso Município, de vez que é em nossa terra que ele existe. Assim que, se não pudermos ser Erechim, sejamos, pelo menos, Goio-en, em recordação dos caingangs, e da importância histórica do passo Coió-En, encontra-se grafado também como GOIM (Apud Gay, História da República Jesuítica do Paraguai, 1863); e como Goioêne. Cezimbra Jaques em Assuntos do RGS, 1912, pág. 93, conta com referência à origem deste nome, a seguinte lenda: “Quando os índios caingangs passaram o rio Uruguai, para a terra Rio Grandense, era um dos seus grandes capitães o notável Cacique Nonohai. Ao aproximar-se do dito rio, o grupo indígena da grande tribo, capitaneada pelo dito cacique, mandou ele uma partida de índios explorá-lo, afim de ver se achavam um vau para passarem. De volta desta incumbência, disseram os índios ao chefe Nonohai: GOY-OÊNE, água funda ou que não dá passagem. Então ouvindo o cacique essa informação, fez passar toda a gente em pirógas”. Registramos a lenda como uma curiosidade. Nada mais. Sobre a significação do étimo, nos diz Fr. Mansueto Barcatta de Val Floriana em seu Dicionário Kaingang, obra clássica sobre a língua destes índios, à pág. 374, publ. no 12º tomo da Rev. Paulista: GOIO-EN é nome caingang de uma cidade (sic) do RGS, banhada pelo Alto Uruguai. Alguns intérpretes a querem composta de dois vocábulos GOIO, água, e EN, grande. Contesta, porém, esta opinião o defunto Telêmaco Borba quanto ao vocábulo EN, dizendo que, como o ouvira narrar dos caingangs, deriva de OINT (vaint), que ele diz significar invadavel. Por minha conta, acrescento que quanto ao sentido, se pode aceitar esta interpretação, mas gramaticalmente, não. Neste último sentido deve-se traduzir difícil ou impossível subentende-se, a passar por ser aí o rio além de caudoloso, muito correntoso, de forma que não dá vau”. GOIO-EN teve também, em certa época, nomeada de ponto estratégico. – Assim, entre outros autores, citamos o dr. Otacílio Camará, em sua obra O valor Estratégico da Cidade de Pelotas, 1891. Diz o referido escritor: “Quando construídas as linhas férreas indicadas (faz referência à necessidade de ser feita uma estrada de ferro ligando Sorocabana com o RGS, passando pelo passo do GOIO-EN) e estabelecida a sua continuidade até o Rio de Janeiro, fosse o Passo Goioêne o ccbiçado objetivo (o grifo é nosso) das agressões dos pérfidos vizinhos, poderia ele ser então socorrido pela corte e pelas províncias de São Paulo, Paraná, S. Catarina e RGS”. Mas... vamos ao assunto: a importância do Passo de GOIO-EN na história dos Caingangs. d) Caminhos indígenas pré-colombianos Peabirú e caminho dos Caingangs. Digamos, preliminarmente, que possuíam os índios do Brasil suas grandes estradas de comunicação, senão feitas como as de hoje, pelo menos unindo grandes distâncias. E é entre elas célebre a chamada Peabirú, pré-colombiana, “que com a largura de 8 palmos e a extensão de 200 léguas ia da capitania de S. Vicente, da costa de Brasil, até ás margens do Rio Paraná, passando os rios Tibaxiba (Tibagi), Huybay (Ivai) e Pequeri”, (Washington Luiz; citando Lozano na Conquista del Rio de Lá Plata e Jarque em Rui Mentoya em las Índias). Diz Romário Martins (in História do Paraná) que “a igual distância do Ivai e do Piqueri, o caminho que se bifurcava para o sul ia ter ao Iguassú, no ponto em que este rio, na sua margem esquerda, recebe o S. Antônio. (Segundo Mapa da Capitania de S. Paulo, de Montexino, nº 19 a, da Coleção do Barão do Rio Branco). Por este caminho histórico transitaram muitos vultos do nosso passado. Sabemos também que Tomé de Souza, em 1552 (Apud Romário), mandou obstruir o caminho que da Costa de S. Catarina ia ter ao Rio da Prata (Assunção) e que era um dos ramos da linha tronco de Peabirú”. Deve ser este o caminho que notamos no Mapa de las Regiones del Paraguai, dedicado ao P. Caraffa, e que traz a data de 1647 (nº 3 da Cartografia de Furlong). Sabemos que havia um ramal do caminho em questão que vinha mais ou menos pelo litoral, mais tarde conhecido por “entrada do P. Grou (ver Hist. Geral das Band. de Taunay, pág. 74 do 2º vol.). Este caminho figura no Mapa del Paraguai, etc., segun los pp. Ovall. Techo e outros, (Furlong, n. 6, de 1703). Este caminho ligava o Rio da Prata com S. Paulo, passando em alguns mapas pela margem direita do Taquari e em outros pela esquerda (veja-se, Cartografia, de Furlong). 9. Não podemos ser Erechim? Então, sesjamos Goio-En (5 – publicado em 12/7/1943) Tinha este caminho também o nome, dentro do nosso Estado, de “caminho do Rio”. É com referência ao mesmo que lemos em A. Porto (Apud Terra Farroupilha): “Constata-se nas cartas mais antigas esse caminho do rio, que dá denominação à Ibiá e à província que atravessava. É, possivelmente, o mesmo aberto pelas primeiras migrações de índios que vêm do norte”. O P. Jaeger (in As invasões bandeirantes no RGS) fala de 3 caminhos terrestres que entravam no RGS, um, que deve ser o que deixamos agora indicado como o caminho do Rio, que vinha de Sorocaba e ia ao Prata; outro, que vinha de Guabirenda (Laguna?), para nosso Estado, quase pela costa atlântica; e o terceiro que vinha do S. Paulo entrando no RGS pelo Alto Uruguai. e) caminho dos Caingangs. Com relação a estes caminhos todos que deixamos indicados, devemos observar o seguinte fato, para o qual chamamos devidamente a atenção. Quem conhece, primeiro, as grande matas, cheias de impecilhos de origem vegetal que se mantêm numa enorme faixa ao longo da costa do mar, desde S. Paulo até o RGS; e quem sabe, por outro lado, de toda a rede de rios, de bacias profundas e íngremes, e das montanhas alcantiladas (como, por ex. a grande muralha de itaimbés que parte de Osório no nosso Estado e vai até á nascente do Iguassú) bem pode concluir que por aí não poderiam ter sido traçadas pelos índios estradas principais de entrada do norte para o RGS. Haveria, sim, estradas de comunicação junto à costa porque, como é sabido, trazem facilidade de se conservar o rumo (como aliás acontece com os grandes rios) das caminhadas; mas, conhecendo-se aquela outra toponímia, quase toda coberta de campos (e, por conseguinte, plana e livre de obstáculos) que vem de S. Paulo até este Estado, é evidente, que seria por ela que teriam de preferência caminhado os índios. Assim, e dentro desta consideração, notamos o seguinte encordoamento de campos. Em S. Paulo: os campos de Piratininga. Estes se ligam com os de Guarapuava, já dentro do Paraná, estes, por sua vez, se tocam com os de Palmas, vindo até S. Catarina. Daí até os campos de Irany, há quase nada. Os Campos de Irani ligam-se com os campos de Xanxerê, destes com as campinas (que ainda conservam o nome de Passo dos Índios) o Xapecó e destas até os Campos de Nonohai é um pulo. É toda uma faixa, sem rios numerosos, plana, e nas matas (que é preciso atravessar) encontramos quase exclusivamente pinheiros. Torna-se, pois, evidente, que seria por este rumo, que os índios, pouco afeitos a trabalhos de abertura de estradas e às fadigas das caminhadas por serras, deveriam ter caminhado para entrar no RGS. É por ele que vieram os caingangs para o nosso Estado, e que por isso mesmo, dada a antiguidade da existência destes indígenas em quase todo o percurso desta enorme via, se deveria chamar a mesma caminhos dos caingangs. Sendo, como é, um caminho natural, feito, poderíamos dizer, pela própria natureza, não só o deveriam ter encontrado e usado os índios, como também os primeiros civilizados que, por ele teriam vindo a procura de pedras preciosas, ouro e índios. Vernhagen, em sua Hist. do Brasil, tomo IV, é um dos primeiros que nos vem ao encontro neste particular. Escreve: As terras ao norte desses campos (Vacaria), isto é, entre o Uruguai e o Iguassú, eram muito conhecidas desde o século anterior (1600), pelos mineiros de Curitiba e por um antigo roteiro deles (que consigo levava o sargento-mor Faria, e que temos a vista) acerca das minas de Inhanguera, haviam, com certeza, chegado ao pé do morro do Bituruna que vai afocinhar no Uruguai, que tinha um campo ao pé “mui grande, mui razo e com muitos butiás, que dão muita e boa farinha, e por baixo dos butiás, tem muita erva mimosa”. “Destes informes, continua Vernhagen, temos provas evidentes que os nossos antigos mineiros tiveram exato conhecimento do campo modernamente chamado de Palmas, e explorado de novo, pois até tratam de mato grosso carrasquenho que havia para o sul; e do rio que aí corre (o Xapecó) pelo pé da Serra Negra, o qual, diz o tal roteiro, vai buscar as cabeceiras de um monte que fica a leste dela, pequeno e de forma cômica, com uma campina ao pé. Passados os extensos campos que vão terminar à margem do Uruguai, não tardariam os nossos de valer-se deste rio para comunicar com a Colônia do Sacramento”. E não tardariam de fato as previsões de Varnhagen em se realizar. Em 18 out. 1628, partia Manoel Preto, dirigindo a bandeira de Raposo Tavares. Taunay (Hist. Geral das Bandeiras) diz que nas cabeceiras do Tibagi, se partiu em duas colunas indo uma aos Patos (RGS) e outra ao Paraná (rio). A última bandeira para o RGS entrou, a nosso ver, decididamente pelo caminho dos caingangs. Romário Martins (opus cit.) diz que este rumo “era já conhecido no século 17, quando os paulistas atingiram com suas bandeiras a região do GOIO-En”. O mesmo historiador, tratando de um documento do tempo das Demarcações, onde se narra o encontro de objetos na foz do Xapecó, traz parte do mesmo nestes termos: “encontrámos varios tiestos de ollas de barro bien cocito y com molduras, que sin duda debem ser de los paulistas quando frequentaban este rio para hacer sus correrias a los pueblos de Missiones”. Duma relação do P. Ruyer (Apud. Taunay, op. Cit., pág. 315), lemos o seguinte: “sabia-se vagamente que o inimigo rondava pelas cabeceiras do Uruguai (foi no tempo da batalha de Mbororé – 1641)... chegou a tempo o aviso do P. Boroa como mensageiro de má notícia. Vinham os paulistas rio abaixo... Chegando os padres ao Salto do Uruguai, despacharam espias por terra e pelo rio. Estes pombeiros não tardaram em voltar... Contaram então que o plano dos paulistas era marchar uma coluna ao Paraguai, outra por sobre S. Tereza...” Pelo visto se entende que os paulistas deveriam se encontrar mais ou menos na altura do Xapecó. E daí então, segundo notícia dos “pombeiros” uma coluna iria à redução de S. Tereza. Como sabemos, esta redução estaria nas proximidades de Passo Fundo. (nas cabeceiras do Jacuí, cerca das nascente do Igay, diz Techo, onde estão as famosas selvas do Ibiturú, Ibitirabebo, Mondeca, e onde há pinheiros de 120 pés de altura, cabras e javalis). 10. Não podemos ser Erechim? Então, sesjamos Goio-En (6 – publicado em 14/7/1943) O caminho mais certo e fácil para chegar a esta redução seria continuando pelo caminho dos Caingangs, atravessando o Rio Uruguai, no passo de Goio-Em, como eles faziam. Sairiam logo nos campos de Nonoai e daí, por campos, até Passo Fundo. Vemos ainda, mais tarde, este mesmo caminho dos Caingagns (1809) ser percorrido pelo major Atanagildo Martins, quando mandado ao Campo de Palmas. No último mapa da Coletânea de Mapas de Taunay, feito por Daniel P. Muller em 1837, vemos que o caminho dos Caingangs tem nome de Caminho do Atanagildo. Ora, Atanagildo passou por Goio-En, como do mesmo mapa se vê. Foi na célebre viagem que fez até Pulador, onde comprou e conduziu uma tropa de gado até São Paulo pelo seu caminho. E já que estamos falando em gado, devemos observar que segundo P. Teschuer, em estudos que fez de antigas cartas, em uma delas viu, onde hoje está o Goio-En a inscrição Sítio de Lãs Veinte Mil Bacas e em outro, e no mesmo local, Uaqueria destruída (Poranduba Riograndense, in Ver. Do Instituto Histórico do RGS, 1921). Vem isto salientar ainda mais a importante estrada dos Caingangs e do Passo do Goio-En. Sabemos, também, que de outras fontes, que antes que fosse aberta a estrada Vacaria-Lages (1728), por Cristovam Pereira, já por volta de 1700 (mais precisamente 1718) era bem conhecido o valedo Taquari e, com mais minúcias as suas cabeceiras. É o que ressalta do seguinte documento (Arquivo Pub. Nac. Vol. 10, 31) ... “na cabeceira deles (dois rios) principalmente no que chamam RIQUARY, há bastante ouro, e se o buscarem em outras partes... se o achará com mais abundância; também dizem que em uma serra distante deste rio (nota-se o pouco conhecimento da região da hodierna Santa Cruz, a que chamam Botucaraiba haviam minas de prata etc. ... Nas memórias do Visconde de São Leopoldo (Ver. Instit. Hist. RGS, 1922) se lê que o mesmo havia mandado levantar um forte em Pinheiro Porto (na altura, cremos onde está a capela de São Miguel) para proteger contra os índios os tropeiros que conduziam o gado para São Paulo. Ora, disso tudo se depreende que era Passo Fundo importante ponto da estrada que ia a S. Paulo, porquanto era nele que, além de passar a estrada para o norte, nele se entroncava a primitiva estrada dos Caingangs, vinda também do norte por Goio-En, como vimos pelos dados anteriores com que, dando como o ponto de entrada para ao RGS Passo Fundo, tudo fica bem compreendido, se ligarmos este Estado com o de São Paulo, pela estrada dos Caingangs: a dos campos. Ainda sobre esta estrada, que não cansaremos de chamar dos Caingangs, fala Evaristo Afonso de Castro, pai do nosso amigo A. A. Castro, em sua obra Notícia discritiva da Região Missioneira, publicada em 1887. Tratando de Nonoai, escreve: Um dos primeiros que conheceram praticamente (nota-se que o autor apóia suas afirmações sobre dados fornecidos por um seu amigo de Nonoai, Moura Neto) estas paragens foi o brigadeiro Francisco da Rocha Loires, morador de Guarapuava... que veio em 1884, com alguns companheiros de comissão, reabrir uma picada, feita ligeiramente pelos índios... de cuja tribo eram chefes Veruy e Condá (Caingangs) ... Cruzaram primeiro os campos de Palmas embrenhando-se depois no sertão deste nome, e depois de permanecerem 18 léguas que separam Nonoai das primeiras campinas de Vila de Palmas, aqui chegaram.” Goio-En, em todas estas descrições, que trouxemos em documentos sobre o caminho dos Caingangs, era o passo obrigatório do Uruguai. A. Malan (Anuário do RGS, 1910) relatando os passos do Rio Uruguai, na parte norte de nosso Estado, contam 4. O primeiro de Santa Vitória, que fica precisamente onde faz barra, na esquerda do Uruguai, o rio dos Touros. Por ele passa a estrada que de Vacaria vai a Lages e é diz “de muito trânsito”. O segundo é o da Cadeia. Fica no “trilho que vai do pobre município São Joaquim da Costa da Serra a Taquara do Mundo Novo. As descidas são muito íngremes e serve para cargueiros. Tem o passo no poço, que fica logo acima da corredeira que permite o passo do Barracão. Fica junto a foz do Lageado Passo, e liga a estrada de Lagoa Vermelha a Campos Novos. A. Malan assinala como de muito trânsito.” O quarto é o Goio-En. E o mesmo autor diz “muito trânsito”, na barra do Passo Fundo, onde o Uruguai tem 200 metros e o Passo Fundo 65, profundidade 8 braças. Nota-se que os 4 ligam sempre campos de Santa Catarina com os do Rio Grande do Sul. O passo que poderia parecer ter servido aos Caingangs no seu caminho (depois do certo Goio-En) só seria o do Barracão. Mas a simples contemplação do mapa em que se apresenta o vale do Rio do Peixe com suas escarpas e matarias fechadas, faz compreender que este passo não poderia ser o passo natural do caminho dos Caingangs. Há ainda além desta, outra observação a considerar. Seria incompreensível a enorme volta que teria que fazer este caminho para aproveitar este passo, quando em seu rumo natural e mais curto, necessariamente deveria cruzar por Goio-En. Goio-En seria, pois, o passo natural dos Caingangs na sua marcha ao RGS. Queremos anotar neste ponto, como uma curiosidade histórica que, segundo Pauwels (Ver. Inst. Hist. do RGS 1926), a Comissão Mista Brasileiro-Argentina de limites mediu de Goio-En até PepiriGuassú 221 Km. Mais de uma vez foi corrida a trena de Goio-En e Uruguai abaixo, depois de acesa a questão de limites entre o Brasil e Argentina, a qual queria o Xapecó como sendo o Pepiri-Guassú e dando base para isso o célebre mapa de OYAVIRD, onde este rio era indicado com o nome de Piriguaçu. Terminou, porém, a contenda a célebre vitoriosa Exposição de Rio Branco. E aqui, resumindo tudo que dissemos, assentamos por esta vez, o seguintes pontos: a) Marangatú poderá servir de topônimo para qualquer outro ponto do Estado, menos para José Bonifácio. Sendo, como é de origem guarani (mara: povo, gatú: bom), e não tendo possuído aqui seu habitat os guaranis, é perfeitamente impróprio para nós. b) Dado que o célebre caminho, que nós chamamos “dos Caingangs”, dava entrada para este Estado através do nosso município, e dada a importância histórica dos Caingangs, gente GÊ, é mais do que justo que tenhamos para nós um nome Caingang. C) Admitida a importância histórica de Goio-En, precisamente passo do caminho dos Caingangs e dos bandeirantes e dos condutores de tropas riograndenses para São Paulo é Goio-En, o nome que mais condiz para o nosso município, de vez que não possamos ser Erechim, como seria mais vontade do povo e nem Goioxim, por ter menos motivos em seu favor. 11. Porque Boa Vista do Erechim? (Ao Conselho Regional de Geografia e Estatística) O nosso amigo p. Benjamim em uma reportagem deste jornal, não faz muito, sustentou que um dos motivos para voltar a Boa Vista do Erechim era: um dever de gratidão histórica para com os Caingangs, que habitaram há séculos a nossa terra riograndense e especialmente esta região. Dizia ele que bem pouco, ou quase nada, estava sobrando, na toponímia brasileira, desta gente. No Rio Grande seu habitat desde, pelo menos, a época da descoberta, conforme em seguida se dirá, o único município que lhes recordava a língua – Erechim – foi condenado a mudar o nome, deitando dest’arte a última pá de terra sobre sua gloriosa recordação. É assim que se foi estendendo o manto do esquecimento eterno também sobre os nomes dos intrépidos heróis das nossas matas -Condá, Doble, Braga, Fongué, Perocan, caciques caingangs porque morto o nome de seus chãos, breve estará morta de igual modo a situação histórica dos mesmos. Afirmou o P. Benjamim que dos Caingangs ainda restava aqui a tribo exogâmica dos Votôros, situada no distrito de São Valentim. (Sobre a divisão dos caingangs nas 4 famílias ou tribos exogâmicas: Kadnierú, Kamé, Aniki e Votôro e sobre a superioridade racial desta última, vejam-se: Herbert Baldus “Ensaios de Etnologia brasileira”, Loureiro Fernandes em “Arquivos” do Museu Paranaense, P. Teschauer em Rev. do Inst. Hist. e Geograf. RGS, conferência de 30-5-1926). Ora estes Votôros são os mesmos Coroados, ou pelo menos pertencem à mesma família coroada, que nos começos do século passado e que, até 1860 mais ou menos, habitavam as florestas do Mato Castelhano, Mato Português, Monte Caseros, Vale do Taquari até Soledade, Palmeira e nossa terra. É o que se deduz dos estudos do Tte. Cel. P. F. Afonso Mabilde em Anuário do RGS de 1899, do Dr. Hermann von Iherin (ibidem 1895), de Carlos von Keseritz em Rev. do Museu RGS, 1928, de Reinaldo Hensel (ibidem, 1928). Os termos que recolheu Hensel e que estão no citado documento são os mesmos que, para as mesmas cousas ainda hoje, usam os votôros de nossa terra, fato que tivemos a curiosidade de constatar, nós mesmos, mais de uma vez, conversando com os indígenas de Votôro e de Lontras (Paraná), sendo que dentre estes últimos tivemos a oportunidade de conhecer o mesmo kaigang Mendes com quem falou Herbert Baldus. Em fins do século 18, por volta de 1790, os caingangs ainda estavam em nossas terras como podemos verificar pelo Mapa Corográfico da Prov. de S. Paulo feito por Daniel P. Müller, e que vemos na Coletânea de Mapas da Cartografia Paulista Antiga de A. d’E. Taunay. Segundo diz Souza Chichorro em sua conhecida Memória fora-lhe dada a incumbência de levantar o mapa da Comarca de Curitiba e Campos de Guarapuava. Para confecção deste mapa, diz Taunay, tinha Müller “quantidade de notas pessoais e conhecia perfeitamente as cartografias do tempo sobre a região paulista, como as de Matozinhos, Costa Ferreira e outros”. Costa Ferreira em seu mapa se aproveitara para o curso do Rio Uruguay das notas dos engenheiros e astrônomos dos demarcadores de 1752. Ora neste mapa de Müller aparece o Rio Uruguai com o nome de Goioxim, e o rio do Peixe com o nome de Goiomirim e o Iguassú com o nome de Goio-covó. Ora Goio é o termo perfeitamente caingang e quer dizer água. Logo, embora o mapa tenha sido construído em 1837, é bem de se concluir que para ser dado semelhante nome caingang ao rio Uruguai, tão conhecido, deveriam os caingangs estar há muito tempo nesta região e habitando exclusivamente a terra. Doutra forma não se compreende a cainganguização do Uruguai. Segundo Romário Martins (História do Paraná) os Votôros foram encontrados em 1771 nos Campos de Guarapuava. Passando agora para os primeiros séculos da descoberta do Brasil, queremos constatar a presença destes mesmos caingangs em nossa terra. – Antes, porém, devemos apor aqui uma nota importante. O termo Caingang para designar a tribo dos indígenas que nos interessa é recente. Embora hoje muito comum, ele é de 1882 apenas. É encontrado pela primeira vez num Catálogo, impresso por ordem de C. A. de Carvalho e onde aparece uma memória sobre os caingangs, de frei Luiz de Cimitille e um vocabulário, de Telêmaco Morosini. (Rev. Inst. H. e Geogr. Brasil. Suplem. Ao tomo LI). Antes eram os caingangs denominados de diferentes maneiras, como constatamos acima com o nome de Coroados. Mais antigamente e como a nação principal catequizada pelos jesuítas fosse a dos guaranys, acontece que era desta língua que vinham as denominações de outras tribos não guaranis. Não raro encontramos que tudo que não é guarani é tapuia. E, já assim, verificamos nos documentos jesuítas do primeiro século que os selvagens que habitavam nossa região eram tapuias. Idêntico testemunha nos dá a História dos Bandeirantes Paulistas de Taunay. Aurélio Porto, que muito dedicou ao estudo do nosso selvagem diz em Terra Farroupilha: “No século I do descobrimento, segundo pesquisas a que procedemos ocupavam a região compreendida pela província de Ibiaçá (nota nossa – Em Dic. Enc. Do RGS diz o mesmo autor que a prov. de Ibiaçá “era compreendida entre o rio Jacuí até suas cabeceiras, na Serra, rio da Várzea até sua foz no Uruguai e por este acima até suas cabeceiras e pelo Mambituba, até o litoral, limitando ao sul com os tapes e ao norte com os carijós) três principais nações do grupo racial Tapuia-Gê: Ibirayara, Caagua e Gualacho. “Como se vê a denominação é guarani. Entretanto não são guaranis os Ibirayaras, porque como afirma B. Teles (apud T. Farr.), “posto que difiram alguma cousa em sua língua dos índios da costa”. “É aí no Alto Uruguai – continua A. Porto – que os vai encontrar o padre Manuel de Ortega, mandado por Anchieta àcatequese do gentio, em 1589. N. Techo (Hist. de la Prov. del Paraguai, I, 165) acrescenta que Ortega “conhecia as maravilhas do idioma que falavam, diverso do guarani”. O padre Cristovam de Mendonza os catequizou no vale do Taquari. Passando a falar dos Caaguas diz A. Porto: “Os caaguas que parecem ser os últimos representantes do povo autóctone da região... se podem classificar como o tronco originário dos depois chamados Coroados da região serrana. Os tupis designavam-nos por Irayti-inhacame, que significa “cera na cabeça”. Faziam largas coroas e cobriam-nas de cera”. (Anotamos aqui o que sobre as coroas disse von Ihering – Anuário RGS, 1895 – “no tempo de Hesel, os coroados já tinham abandonado a tonsura, mas ainda tonsuravam os meninos). Acerca da língua destes índios diz Hervas ( Catálogo de las lenguas de las naciones conocidas, 1800, Madrid). “Os caiaguás usam língua própria, difícil de entender, pois quando pronunciam suas palavras não parecem falar, se não dar assobios, ou formam acentos confusos na garganta”. É exatamente o que ainda hoje acontece com a língua dos caingangs – uma nazalização e uma guturalização impossíveis de se conceber. A mesma palavra, com sons de nuance pouco diversa, significa logo outra cousa. Ainda, e fundados sobre esta denominação de caaguas, poderíamos fazer qualquer outro argumento para dizer que caagua seria o mesmo que caingangs. Acima, na referência de Hervas, vimos o termo caagua passar para caaiaguá. Romario Martins registra caiguás. J. A. Ambrossetti escreve Cainguà. Daí para Caingang não há nada; devendo-se ainda tomar em conta que em guarani caà é mato e guà (corrupção de guanà) – gente e que a palavra caingang pode ser derivada (segundo R. M. Guérios) de dois elementos caingang: 1º Ka, árvore, pau, mato e 2º ingang, homem. Segundo Baldasúa, vem de Ka-a, bosque e iog, falar (falar é de gente) que daria no mesmo, sempre “gente do mato”. Assim que caaguà e caingang seriam, etimológicamente, a mesma cousa e por conseguinte significariam a mesma nação. Chegados a esta altura, podemos concluir que os caingangs (coroados ou caaguas, valem o mesmo) são habitantes mais velhos de nossas paragens. Há mesmo quem diga (A. Porto) ter sido aqui a sua morada mais antiga. Ora, estes selvagens, que habitaram o interland brasileiro, em parte alguma deixaram vestígios de sua passagem, através da toponímia nacional, salvo dois ou três nomes em S. Catarina. E é, pois, por se tratar de uma raça indígena tão importante em sua resistência existencial, através dos séculos e, mais: por haver possibilidade de ter tido seu berço original neste recanto do Estado, que lutamos no sentido de uma reconsideração do ato do Conselho Regional de Geografia que nos impôs José Bonifácio e para voltarmos ao antigo e doce nome de Boa Vista do Erechim. Pedimos justiça para aqueles bravos que primeiro povoaram esta terra. Queremos que, com o retorno do nome antigo, se redescubra os heróis de nossas matas e para que com o nome de Erechim as gerações futuras ainda recordem a nobre raça que há mais de 500 anos, pisou e pisa nossos chãos. 12. A morte de Antonio Ferreira Prestes Guimarães Filho (publicado em 07/4/1943) Era filho do grande Prestes Guimarães que foi governador do Estado desde julho de 1899 até a época da proclamação da República. Seu pai, quando ainda coronel, fugira de Sto. Tomé, onde estava emigrando, em 14 de fevereiro de 1893 e, junto com mais 4 companheiros decididos federalistas, viera até Passo Fundo, onde por sua popularidade, seria um dos grandes líderes da revolução. Em Taboão, na nossa terra, havia-se travado uma luta entre governistas e federalistas. Manéco Bento batera com sua gente aos últimos, e estes tiveram que fugir. Entre os fugitivos contavam-se: o jovem António Ferreira Prestes Guimarães, que podia ter quanto muito 17 anos, e mais: Juvêncio Faria, João Schwartz (por alcunha João do Engenho), José Bonifácio da Rosa e Quintino Lamacchio. Vindos pelo Toldo, subiram até a Campina dos Assunção (nos fundos do atual cemitério municipal) e fizeram pouso em Bela Vista. Vinha uma porção de companheiros com eles. Em Bela Vista, que era uma clareira nos matos que então havia nesta cidade, e que ficava nas proximidades de onde foi antigo Hotel do finado Albano Stumpf, comeram alguma coisa, porquanto havia uma lavoura de milho logo nas cabeceiras do Dourado. Em seguida, por uma picada que descia o Dourado abaixo, em que só se podia caminhar a pé, com mil sacrifícios, se transportaram até quase a afluência do Dourado com o Uruguai. Aí, a toda pressa, trataram de arranjar umas canoas para descer o rio Uruguai abaixo afim de alcançar as terras do município da Palmeira. O pobre Antônio Prestes Filho, moço criado com conforto, esperava com os pés inchados a hora do embarque para distanciar-se do inimigo. Mas, eis que, de repente, um piquete de governistas, ao mando de Simplício Vaz, aponta no meio da mataria. Espantados, os fugitivos tratam de se embarcar nas pirogas, o que, na maioria, consegue. Fogem todos e só ficam – pela impossibilidade de embarcar com tanta pressa – o jovem Antonio e o dedicado companheiro que não o quer deixar só: Juvêncio Faria. A gente de Simplício, vendo fugidos os demais, cai em cima dos dois infelizes. A tiros de fuzil prostraram-nos mortos no chão. E assim cai por terra, em terras do Erechim, vítima da revolução, morto, o filho do grande Antonio Ferreira Prestes Guimarães. Seus ossos bem como os de seu companheiro desafortunado descansam, até hoje, em nossa terra, poucos centenares de metros acima da barra do Dourado com o Uruguai. Nota: - Pelos informes que conhecemos, é curioso notar-se, como ao tempo da Revolução de 93, a gente de Capo-Erê Velho era em sua maioria governistas. Por isso os fugitivos que acima descrevemos, não pararam de naquela localidade, hoje completamente extinta, e que já foi, criada em data de 21 de outubro de 1902 sede do 8º Distrito de Passo Fundo, com uma praça chamada República e com três ruas denominadas, respectivamente, do Comércio, de Mal. Deodoro e de S. Pedro. Como dados interessantes damos o rol dos primeiros moradores deste Povoado, e que o habitavam desde, pelo menos, 1890. São eles: Isaac Barbosa, natural do Paraná, e que dizem ter chegado em Capoerê por volta de 1868, morto em 1917. Marcos Brum de Camargo, José Lopes de Santana, Manoel Joaquim dos Anjos, Jerônimo dos Santos Camargo, vindo de Butiá Grande, de Passo Fundo, Rodolfo Cândido de Jesus, Francisco de Moreira do Nascimento (Vulgo Francisco Domiciano), Vicente Rodrigues dos Santos (Vulgo, o Vicentão), capitão na revolução de 93, e morto pelos governistas, à traição, por ocasião de um baile no povoado, e João Soares, pai do Cap. Jango Soares, que foi morador nas Derrubadas. Morava também no povoado do Capoerê-Velho, um tal Gringo Vicente os quais ambos tinham bodega. Manéco Bento morava então nas cabeceiras do Rio Cravo, próximo de onde hoje está a estação Capoerê. 13. Achêgas para a História de José Bonifácio 13.1. Capão da Mortandade (Ao sr. Horácio Melo) Para muita gente a história de José Bonifácio só começa aíi por 1900. Entretanto, ela tem suas raízes nos começos do século passado. E para prova disso trazemos para as colunas deste jornal o relato da chacina que teve lugar no Capão do Mortandade. Este capão é hoje conhecido por Capão do Herval e fica a poucos quilômetros a oeste de Quatro Irmãos, dentro, por conseguinte, do nosso atual Município. O fato o colhemos em seus detalhes da boca do venerado patrício sr. Horácio Melo e por narração do sr. Raul Barbosa, íntegro sub-prefeito de Paulo Bento, verdadeiro escrínio da nossa antiguidade. Antonio de Melo Rego, avô do sr. Horácio Melo, viera moço de S. Paulo, junto com seu pai, e fora se estabelecer no que mais tarde se deveria chamar Rincão dos Melos, no município de Vila Rica, hoje, Julio de Castilhos. Homem afeito a grandes caminhadas pelos sertões, breve deveria se encontrar em Caçapava, onde iria se casar com uma jovem da distinta família dos Marques. Isso por volta de 1820. Pouco depois, em viagens pela serra, interessou-se pela erva mate, que, naquela época se negociava muito em Rio Pardo. E conheceu então as campinas da porção de nossa terra que chamaria depois Quatro Irmãos onde abundava a conhecida ilicinea. Requereu e obteve do governo provincial a posse da mencionada região, e, embora morando ainda em Vila Rica, tinha nos Quatro Irmãos feito um estabelecimento para colheita de erva. Havia então muito índio caingang nestas paragens, mas como relativamente manso, era empregado nos misteres da fazenda. Sempre, todavia, recordava seu antigo domínio absoluto desta zona e daí a origem, não muito rara, de vingança contra os intrusos. Por muito tempo caminhavam os trabalhos de António de Melo Rego sem novidade. Nem por sonho passava pela mente do bravo paulista o que dentro em pouco havia de acontecer em sua fazenda. António já tinha diversos filhos, alguns desenvolvidos. Devia de ser o tempo da revolução farroupilha, visto com segundo relato de família do sr. Raul Barbosa, se encontravam na fazenda também alguns foragidos da revolução. O sr. António trabalhava em uma sua casa, que ficava, mais ou menos, onde agora está o povoado dos Quatro Irmãos, e a indiada, junto com os peões ajustados e os filhos, estavam no Capão da Mortandade (nome que adviria ao lugar após a chacina) e o qual como dissemos, ficava a um bocado da residência do proprietário. A certa altura dos trabalhos, os índios combinados caíram em cima da peonada e dos filhos de António e a todos mataram a cacete. Só se escapou uma senhora, que lastimada embora, conseguiria chegar até a morada do patrão. Relatado o ocorrido, desesperado, o bravo paulista mandou encilhar a cavalgada e mal teve tempo de se afastar que os índios já vinham sobre ele, para rumar a Passo Fundo, que naquele tempo era pouca coisa, e ir dar em Vila Rica em busca de socorro. Passados 15 ou 20 dias, que tanto era o preciso para uma viagem a toda brida, estava António de volta à fazenda castigada a indiada deu sepultura aos mortos até então insepultos. Mas o bravo, com a morte dos seus filhos nunca mais teve paz de espírito Meio enlouquecido com tanta amargura, diz a tradição de família, em troca de dois negros escravos vendeu sua posse aos Pachecos, estabelecidos então com criação de mulas nos Três Serros, pouco acima de Quatro Irmãos, e voltou para o Rincão dos Melos. É desde esse tempo que se chamou ao tal Capão, Capão da Mortandade. 13.2. Onde o velho Antônio Alves conta como surgiram alguns nomes da nossa terra... (Publicado em 19/4/1943) O velho Antônio Alves é um taruman dos nossos chãos. Mora pelas bandas do Meca. E com 80 e tantos anos nas costas, dos quais quase 60 passados aqui, ainda monta no seu pingo. Mecê, veja seu Chico, já são 5 viaje que faço até a cidade – nos dizia num destes dias – para mó de registrar meus filhos... (E o mais velho já é sessentão). Agora marcaram audiência para o dia 17. Vamos ver se me despacham. O sr. vai me dar uma mão para me desembaraçar duma vez... E depois de prometer que sim fui mexendo na memória do bom velho sobre os primeiros tempos desta terra. Bons tempos aqueles, seu Chico. A gente furava estes matos todos, fazia erva, ponhava tudo no lombo dos burros e vendia em Passo Fundo, Lagoa e Vacaria, donde se voltava com sal, açúcar, e pano para se cobrir. Viagens de mês... - Mas, seu António, eu quero agora que me conte a história de como botaram os nomes dos legados e lugarejos Henriques, Dourado, Paca, Toldo, Tigre, Negro, e os de Balisa, Barro, Canavial, etc. - Pois, mecê, veja. O lageado Henriques (é assim o nome certo e não Henrique) tem seu nome do apelido familiar do casal que morou aí nas proximidades da Capela S. João e de que era chefe o sr. José Henriques. Tinha ele dois filhos, um José também e outro Eduardo. O primeiro soube, não faz muito, que morreu em Nonoai. O sr. José Henriques era um dos primeiros moradores do lugar. Sua morte até foi uma morte cercada de circunstâncias especiais. Bem junto ao passo do lageado que fica para cá da Capela, estava ele trabalhando na faina de cada dia, quando certa vez foi atacado por um tigre, de que havia muito naquele tempo. E lastimou-o o tigre de tal forma que veio a morrer dos ferimentos. O que é curioso é que dito tigre passava as noites últimas da vítima, rondando-lhe a casa miando as noites inteiras, desaparecendo para nunca mais quando o velho faleceu. Os nomes de Dourado e Paca, vieram do tempo pouco antes da exploração da estrada de ferro, de fatos casuais em que foi principal agente o finado Joaquim Ortis Assunção, morador logo atrás do atual cemitério da cidade. Então a gente era pouca e os casos que aconteciam eram de todos. Foi o Dr. Aquiles, engenheiro que trabalhava na exploração que os acreditou nos papéis. E não só estes como os demais que vou contar. O seu Joaquim era dos que ajeitava o rancho para o pessoal que trabalhava motivo porque entrava por todas as bandas para prear caça e pesca. Outro serviço, que naquelas datas, fazia a gente conhecer a região, vinha de que o Dr. Aquiles precisava de aposentos sobre os rumos de todas as cordilheiras para adiantar a estrada de ferro. Foi numa destas excursões que apanhou o finado Joaquim um dourado, no lageado que hoje ele guardou o nome, quase na altura de onde mora agora o sr. Francisco Poletto. E noutra feita, matou uma paca, a meias águas do lageado Paca. – O arroio do Tigre tem seu nome de dois tigres que matei eu e o Joaquim aí no Capra, na ocasião em que os bichos sangravam uma terneira do Joaquim, mais ou menos onde está o cocho agora, e cujos couros vendemos em Campo do Meio por 25$000. O Toldo chama-se assim por causa de um toldo de índios que havia na campina que fica na proximidade do mesmo e na altura do seu Aurélio Pavinatto. O Rio Negro veio de que todas os moradores que ficavam nas suas águas eram negros. Quanto aos nomes dos lugares: o da Balisa se originou do fato de se haver perdido naquele lugar uma balisa de exploração. O de Barro foi por causa de um bruto tremedal que havia no Soturno de então e onde o animal dum trabalhador da exploração se atolou de tal jeito que foi preciso eu e mais cinco homens para retirá-lo. Canavial, dum canavial que já então havia na localidade. Como disse, naquele tempo, nós éramos poucos e se se precisava de uma indicação de lugar fazia-se fácil. Alguém queria ir a Barro aquele onde se atolou o animal do compadre tal. E a força de repetir ficava a localidade ou o rio batizado. O dr. Aquiles, então, ponhou tudo isso em cima dos papéis e ficou firme até hoje. 14. Toponímias Caingangs da Nossa Região (Publicado em três partes, nos dias 13, 15 e 18/10/1943) As toponímias caingangs da nossa região são: Erechim, Erebango, Capoerê, Goio-en, Votôro, Nonoai, Xanxeré, Chapecó, Xaxim, Chopin. Será para muitos bem curioso saber o que significa estes étimos. Em Erechim, Erebango e Capoeré, encontramos a repetição do fonema ERE. Souza Doca em Vocábulos indígenas na Geografia riograndense, grafa este fonema como sendo em caingang herê. Enganou-se, porém. Não há o h inicial, porque o étimo não possui nenhuma aspiração antes do primeiro e, como se pode ver no Dic. de frei Mans. Barcatta, em Rosário Guérios (Est. Sobre a ling. caingang). Erê significa campo. Os caingangs erê, como arê ou simplesmente rê. Assim dizem: Mim krin emprüarê, literalmente: da cabeça da onça estrada campo, ou, como nós diríamos: campo da estrada da cabeça da onça. Rê, curán, büöngh, campo claro e grande. Erê, arê, na sua primeira acepção quer dizer: capim. “Hervas mais grossas que a guaxuma, chamam ka, pão”. Parecido com o guarani: caá, páo ou mato. CHIM pequeno. Melhor se grafaria – xin, visto ser assim o som da última letra. Os caingangs também usam o termo xi, que é o mesmo. E também me. Assim dizem Min xin xu, onça pequena, gato. Me, significa originalmente, pouco. Dizem, Tóri mé ix ne, eu estou esperando um pouco. Xin, também significa, bonito. Na mesma acepção dizem também xi. O étimo xin entra em muitas palavras; por ex.: a criança é, huntxi, de hun, gente, ser, pessoa, e xin pequeno; katxin, rato de antigo ka (xab, tibagiano; kab, caxinauá; cape-re, latim: pegar): e xin, pequeno, etc. (Querios). BANGO – corrupção de boungh, grande. Diz-se também, buogn, bank, bang. Deriva-se de bong, crescer, criar-se. Entra na composição de outras palavras próprias, como buonghtiti, lua cheia; titi, é repetição de ti, para dizer muito. TI é, origináriamente, ele, homem, o tal animal, a tal cousa. Assim a lua cheia representam como sendo tal cousa grande, grande (cheia). N’gh’buöngh, capitão, de õn, homem algum que é; e buöngh, grande. CAPO – pulga. Melhor escrever KAPPO. Os caingangs usam mais: KAMPO. – Duca na obra que citamos, escreve: No mapa do C. Engenharia se lê Campo Ere, composta de campo, substantivo português e Herê, queimado, em guarani, igual a campo queimado. Se se tomar o segundo vocábulo como de origem bugre, a tradução é: campo, o que evidencia o erro da última denominação citada, que se lê também em outros autores. “Entretanto enganou-se Doca. Porque, como vimos o étimo KAMPO não é português. Tanto que o povo, conservador como é das cousas, ainda hoje diz: vou ao CAMPOERE. E está muito certo: kamp: pulga (bicho de pé) e eré, campo. A existência das duas formas: KAPPO e KAMPO (como em tappera e tampere, enxada; happá e hampá, jacaré; xapé e xampé, chapéu), fez entrever a Guérios, a lei de Battisti e Grammont que estabelece não se conservarem os pp geminativos, quando são mediais. Uma nota interessante da tradição. – Relatam os velhos remanescentes da tribo que nos tempos velhos, quando os índios passavam por Capoerê, não podiam nunca estabelecer pouso neste, em virtude da enorme quantidade de pulgas que havia neste campo. GOIOEN – A respeito deste nome já trouxemos, em outro artigo, o que em sua referência escreveu Frei Floriano Barcatta Docca, em sua obra já citada , diz: Goio En, composto de goio e en, muita água ou rio fundo, no dialeto dos bugres. Mas não explica mais nada. Consultado por nós o exímio lingüista e prof. na Universidade do Rio, dr. Padberg-Drenkpol, nos respondeu com referência a este étimo, o seguinte: “goio en, não parece água grande ou funda, mas, talvez goio-vaint (de vaix), água difícil de passar. Repetiu frei Floriano. – Não satisfeitos com esta explicação, fomos, em diversas ocasiões, ouvindo velhos índios coroados sobre o assunto. Ora resultou de nossas indagações o seguinte. As duas margens do Uruguai, no passo Goio-em, eram, em tempos idos, como o foram até bem pouco, fechadas com mato muito cerrado. Daí chamarem os caingangs ao rio Uruguai GOIOEN (como chamavam Passo Fundo, Goioxin). Goio-Ené composto então de dois vocábulos: goio, água, rio, e, en, corrupção do termo caingang ng’vaingü, que por metaplasma, se transforma na linguagem familiar em ng’vaingh (aqui o v soa como v). NG’VAINGH, é a palavra com que os nossos índios indicam o mato cerrado. Seria então, o rio do mato cerrado (subentendido, nas margens ). Aliás os caingangs ainda hoje não dizem Goio-en, mas goio-ng’vaingh. Desfaz-se assim uma longa tradição em nossa literatura geográfica que já havia conquistado foros de convicção. Acrescentaremos alguma cousa mais. Tanto dizem os caingangs goio, como goim, goin, ‘ngoin, ngoin e também engoi, ou engoio. Donde se vê e enorme metaplasmação desta língua. – Goi entra na composição de diversas palavras. Assim temos Goi-fá, cachaça, fá amarga; Guérios encontra-a também em Kon-goin, erva mate, derivando este fonema desta forma: kon, igual ao radical guarani kô, campo, horta, e primitivamente erva, e goin, água; goikuprin, água branca, leite (notar que kuprin também é “alma”, vida; lembra que o leite é a vida, o sustento principal). – Goio, é também rio. Assim diziam os caingangs, Goio-kokró ao Tieté, Kakró, fedorento; Goio-xó, ao Agauapei, xó preto; Goiocovó ao Iguassú, covo, salto; Goio-kupri, ao rio do Peixe, por possuir águas claras. – Go-pke é chover; Go’ro (também groro, gróra) barro. VOTÔRO – Doca escreve Voturo, e diz, “nome de um velho cacique coroado, notável pelo auxílio prestado para a catequese de seus compatriotas.” Causa parecida diziam os atuais caingangs, mas sem saber precisar mais nada. Cezimbra Jaques em Assuntos do RGS, escreve Votouro e notou o que Docca repetiu. Temos esperança de poder, em época não muito remota, alguma cousa mais a respeito do Votoro, se é que, de fato foi cacique, porquanto estamos aguardando umas notas dos pp. Jesuítas de Bs. Aires, aos quais esteve afeta a catequese destes índios na nossa região por volta de 1850, (sendo notável entre eles a obra do p. Sollanellas, segundo informa o p. Teschauer em anuário do RGS, 1910). João Borges Fortes (em OTupi na Corograf. Do RGS, in Ver. do Inst. Hist. e Geograf. RGS.) registra: Votouro – corrupção de ybytira, monte, serra, encosta, morro, ladeira. Alteração de Ubutura, butura, botura, votura. “Pouco provável esta explicação porquanto a faz derivar do guarani. H. Baldus em sua obra Ensaios de Etnografia brasileira, escreve: “A tribu (dos caingangs divide-se em duas “metades” exogamas e patrilineais, das quais cada uma está, por sua vez, dividida em dois grupos, de caracterização diferente. As designações Kadnyerú, Kamé, e Votôro, usadas,às vezes, na literatura como nomes de tribos sãs as denominações de três destes grupos: o quarto grupo é chamado Aniky”. Segundo, pois, este autor, o termo Votôro designaria uma parte exogâmica dos caingangs. Participa da mesma opinião o eminente catarinense dr. Loureiro Fernandes. De maneira que podemos aceitar a explicação da origem social do étimo. – Mas, etimologicamente, que é que pode significar? Será que se deriva dos compostos: Vog, mover e turu (também tara), duro? Duro de movimentos? Teria sido, no caso do cacique, um homem de movimentos pesados? Seria a tribo, pesadona, como Kamés significa medrosa? NONOAI – Doca em Vocábulos, diz: corrupção de nunu-ai, o tremedal que consome (guarani). Nome de um velho tuxava caingans, “o primeiro que com sua tribo transpôs o Uruguai para a margem sulriograndense” e cita ainda um pedaço de Cezimbra Jaques, que nós, em outro artigo, já trouxemos. Que houve um cacique com esse nome é certo. No-lo afirma L. A. Boiteux em sua obra Notas para a História Catarinense, pg. 355, onde diz: “em 1845 o alfares Fr. da Rocha Loires, morador em Guarapuava, auxiliado pelos caciques da tribo dos coroados Victorino e Condá, este seu amigo de infância, iniciou uma estrada ligando os campos de Palmas às Missões no RGS. Procurando impedir esse grande melhoramento saiu a campo no passo de Nonoai o cacique deste nome com sua tribu. Condá interveio na contenda tudo aplainando mas, pouco depois, estomagado com o cacique Fongué, retirou-se com os seus. “Basílio Magalhães também o nomeia. O que é interessante é que os caingangs pronunciam Nonoai de maneira algo diferente da que se escreve. Dizem Nonnã’ng’n’uãing. Esta palavra é composta de dois vocábulos: nonnê n’vaing (o v soa aproximado de u). Nonnê significa, língua. Conforme o lugar, nas frases, se diz também nonnã’ng. N’vaing se traduz por uma doença parecida com bouba, doença que ataca a língua. Ora o que é natural é, que segundo uma tradição que recolhi entre diversos caingangs velhos o cacique Nonoai era casado com uma índia que no lugar Nonoai foi atacada desta doença e da mesma veio a morrer. – Reza a dita tradição que o cacique, enviuvado, denominou-se a si Nonoai e assim ficou também batizado o lugar onde morou e onde veio também a falecer. Chapecó – A. d’Escragnolle Taunay em sua monografia Os Índios Kaingangs (in Rev. do Inst. Hist. e Geogr. Brás. suplem. ou tomo LI, pág 25-310) diz: “chapekó-xà, salto – embetkó, modo de pegar ratos (espécie de encerra em que são apanhados e depois flexados, nota nossa), aplicado ao rio deste nome para caçar os cascudos”. Faz referência a Telemaco Borba. Entretanto, seguindo o nosso modo de obter explicações, fomos procurar na tradição dos índios, que sabemos saber ser a melhor fonte de informações, a verdadeira explicação da toponímia em questão. Rezam as tradições dos velhos caingangs, que costumavam vir ao RGS atravessando o Chapecó, (vindos de Palmas, seu habitat central) que, ao tempo em que conheceram o sal, traziam este precioso condimento em espécie de cestos parecidos com chapéus. Numa das viagens, atravessando o rio Chapecó em canoas feitas as pressas, afundaram-se diversas perdendo grande parte do salino passo. Como xá – é sal para eles, designaram o passo do Xá-xa-pecó. Xapecó é composto de duas palavras xapé (ou também xampé), chapéu e kô, espécie de bananeira do mato, com cuja fibra faziam ditos chapéus. Seria, pois, denominado o rio pelo fato de ter-se ido o sal ao fundo nos tais chapéus. Seria assim que a tradição batizou o passo do rio, passo, que ao depois, deveria denominar o rio todo e hoje, o florescente município. XANXERÊ – A. Taunay na obra que já notamos diz: Xanxeré, de xanxá e ré (ou ere), eré, campo e xanxá, cascavel. Padberg-Drenkpol, respondendo a uma nossa consulta nos escreveu: “xansá – houve apócope da vogal final de xanx? Ora em caingangs xanxó é gralha, xanxi é passarinho e xanxá é cascavel. Podia se campo de gralha, passarinho ou cascavel. Barcatta em seu Dicionário diz: Xanxá aré, campo do cascavel. E o certo mesmo deve ser campo da cascavel, porquanto rezam as tradições indígenas que, de fato, no tempo do “bruto” (sertão bruto) como dizem, era tão grande o número de cascavéis naquela localidade que não se atreviam fazer pouso. CHOPIM – Drenkpol nos diz: “o nome do rio Xopin (perto de Palmas) seria xo-pin, de pin – fogo e também lenha, e xó “ruído apagando-se a lenha n’água”, logo, lenha faz ruído. O mesmo registram A. Tunay e T. Borba, donde, cremos, extraiu sua opinião Drenkpol. XAXIM – Pensamos que não seja o xaxim que nós conhecemos como sendo um arbusto, feto do mato. Entendemos ser étimo caingang porquanto andaram muito os caingangs em suas proximidades e no próprio lugar. Deveríamos então derivá-lo de xanxi ou xanxin, e seria, neste caso, passarinho. Ou melhor de xá salto do rio e xin, pequeno. Faltaria só saber se não há na localidade ou vizinhanças algum saltinho no rio do mesmo nome. 15. Reuniu-se o Diretório Municipal de Geografia Sugerida a mudança do nome desta cidade e de algumas vilas. Em atenção a instruções baixadas belo D.R.G., com a circular n. 30, de 18 de agosto último, o Diretório Municipal reuniu-se a 18 do corrente, sob a presidência do dr. Jerônimo Teixeira de Oliveira, afim de propor a mudança do nome desta cidade e município, assim como de algumas vilas, por existirem esses nomes em duplicata, no país. São as seguintes as vilas cujos nomes terão de ser trocados: Cotegipe, Barro, Rio Novo e Princesa Isabel. Recaindo sobre os senhores Harry Sperhacke, Longines Mallinowski e João Germano Imlau a incumbência de estudar o assunto e sugerir os nomes que deverão substituir os atuais, opinaram eles pelos seguintes: ERECHIM, em lugar de José Bonifácio, IVITI, em lugar de Cotegipe, VERUI, em lugar de Barro, GOIOTENG, em lugar de Rio Novo e CONDÁ, em lugar de Princesa Isabel. A sugestão da comissão acima referida baseia-se nas recomendações baixadas pelo Conselho Nacional de Geografia, que determinam, entre outras coisas, que, quando houver várias cidades e vilas com o mesmo nome, este será mantido somente para a de maior categoria, e, no caso de haver diversas com a mesma categoria, prevalecerá o nome para aquela que o tiver há mais tempo. Ora, esta cidade e município, tendo passado a denominar-se José Bonifácio apenas de 1938 para cá, é evidente que não poderão competir com o seu homônimo, de São Paulo. Pela razão apontada e ainda por outras de ordem local, já do conhecimento do público, é que a comissão resolveu optar pelo restabelecimento do seu antigo nome de Erechim. Acresce ainda que na escolha dos novos nomes é vedado o uso de nomes estrangeiros, os de pessoas, bem como os nomes longos ou formados de mais de uma palavra. É, porém, recomendado a adoção, sempre que possível, de nomes indígenas com propriedade local. Assim sendo a comissão sugeriu para as vilas cujos nomes serão substituídos obrigatoriamente, por já haver cidades homônimas suas, os acima expressos, argumentando como segue: Ivití é o nome de flor, na língua dos parecís. Ora, Cotegipe, antiga Floresta, é um distrito que produz cereais em abundância, é florescente, logo parece ficar-lhe muito bem a nova denominação. Veruí é o nome dum cacique caingang que habitou o município; Goioteng significa rio novo, no idioma caingang; e Condá foi também um cacique caingang que habitou o atualmente chamado distrito de Princesa Isabel. Se os nomes propostos forem aceitos pelo Conselho Nacional de Geografia, entrarão em vigor em Janeiro de 1944. 16. O 26º Aniversário do Mun. José Bonifácio Em 1902, no intuito de facilitar a administração e policiamento da extensa zona que hoje constitui este município e parte do de Getúlio Vargas, a municipalidade de Passo Fundo criou em ato n. 38, de 21 de outubro, o 7º distrito, dando-lhe por sede o povoado de Capo-erê. No ano seguinte, também por conveniência administrativa, foi sua área subdividida em nove secções. Administrou-o o cidadão Joaquim Alves Duarte Telhado. Teve, entretanto, pouca duração essa divisão territorial, porque foi extinta em 1905, sendo a sua área anexada a outros distritos de Passo Fundo. Reapareceu em 1910, com as divisas um tanto modificadas e sob a denominação de 8º distrito, tendo desta vez por sede Erechim, atual cidade de Getúlio Vargas. Foi fundador da colônia e primeiro chefe da Comissão de Terras, o engenheiro Severiano de Souza e Almeida, cidadão dinâmico e que já havia dirigido a colonização em Jaguarí. Ocupou o cargo de sub-intendente do novo distrito, em 1910, o Sr. Dinarte Soares de Oliveira, mais tarde assassinado, quando, no desempenho de seu cargo, procurava efetuar a prisão de alguns indivíduos que foram encontrados em flagrante desacato às leis. Em 10 de Julho de 1917, teve lugar na sede do distrito um incidente que convém registrar aqui com destaque: o governo extinguiu a escola pública do povoado e, em conseqüência disso, os habitantes da localidade se reuniram, a fim de solicitarem do Estado a revogação do ato que tamanhos prejuízos acarretariam à educação de muitas dezenas de crianças. E foi assim que nasceu a idéia de emancipação. Ventilado o assunto relativo à escola, os componentes da reunião organizaram, a seguir, uma comissão encarregada de angariar adesões no interior da colônia e dirigir ao Sr. Presidente do Estado um memorial pedindo a imediata criação do município. Esteve à frente da mencionada comissão o conceituado cidadão Cândido Cony, secundado pelos senhores Edmundo Pereira Paiva, Albino Albano Stumpf e outros, que muito se esforçaram para a consecução do que pleiteavam. Depois de muitas demarches junto ao governo estadual e ao chefe do partido republicano de Passo Fundo, viu aquela comissão os seus esforços coroados de êxito, com a criação do município, expressa no decreto n. 2342, de 30 de Abril de 1918, cujo teor é o seguinte: “Art. 1. – Fica elevado à categoria de município o atual 8º distrito de Passo Fundo, com a denominação de “Erechim”. Tendo por sede a vila de Boa Vista, outrora povoado de “Paiol Grande”. Art. 2. – Os limites do novo município serão os do atual 8º distrito de Passo Fundo, a saber: “Partindo da Barra do Rio do Peixe, no Ligeiro, pelo rio do Peixe acima até a barra da sua principal vertente que fica entre os quilômetros 405 e 406 da linha férrea, daí em linha reta até a cabeceira do primeiro afluente do rio Teixeira do Facão, por este ao Passo Fundo, por este ao Uruguai, por este acima até a barra do Ligeiro, e por este acima até o ponto de partida. Art. 3. – O novo município regular-se-á pela Lei Orgânica de Passo Fundo, até que o Conselho Municipal em sua primeira reunião decrete a lei Orgânica respectiva. Art. 4. – Vigorará no novo município o atual orçamento de Passo Fundo, em tudo o que for aplicável até que o Conselho Municipal, em sua primeira reunião, vote o orçamento definitivo. Art. 5. – O governo do Estado nomeará um intendente provisório, que procederá no menor prazo possível, à eleição do intendente e conselheiros municipais. Art. 6. – O território deste município constitui parte integrante da Comarca de Passo Fundo. Art. 7. – Revogam-se as disposições em contrário. Palácio do Governo, em Porto Alegre, 30 de Abril de 1918. (aa) A. A. BORGES DE MEDEIROS - PROTÁSIO ALVES Ficou assim criado o município de Erechim, atualmente José Bonifácio e, que, através do tempo e de diversas administrações – umas prósperas e outras ineficazes – chegou a ser, em apenas 26 anos de vida própria, o que hoje vemos: uma comuna estuante de progresso, quer no tocante à lavoura, onde vem sendo adotada a policultura, quer no que diz respeito a outros setores de sua riqueza natural, já largamente explorada pela indústria extrativa e ainda no que refere a seu comércio cada vez mais intenso e prometedor. É que seus habitantes sabem que “dentre a orquestra da serra e do malho, brotam vida, cidades, amor...”, segundo as palavras de Antônio Feliciano de Castilho, e vão entoando o hino ao trabalho, com o que estão contribuindo para o crescente progresso de José Bonifácio, município que já conquistou entre os demais do Estado, posição privilegiada, com a arrecadação, em 1943, de mais de dois milhões e meio de Cruzeiros. 17. Um recanto de Erechim: Goio-en (Publicado em 28/4/1944) (Contribuição para a data de 30-4-1944) A poucos metros da barra do Rio Passo Fundo com o Uruguai, à direita, está o histórico passo do GOIO-EN, que irá dar seu nome ao futuro distrito daquela parte do nosso Município. O passo teve também o apelido de Passo Reuno. Aliás, REUNO não é o nome certo, porquanto o certo é REYUNO, como muito bem grafa o Mapa chamado Plano del Território de las Missiones según los estúdios hechos por la Comission Mixta, do ministério das Relações Exteriores da Argentina. Ademais, segundo a tradição que recolhemos entre os Caingangs, deriva-se do nome de um cacique que assim era chamado porque foi um dos primeiros que veio possuir uma arma denominada Comblain. Como dissemos, fica o passo do Goio-en a poucos metros do Passo Fundo. Este rio já teve as denominações históricas de Uruguai-Mini e Uruguai-Mirim. A título de curiosidade histórica fomos pesquisar em diversos documentos da antiguidade alguns dados a seu respeito, já que é rio da nossa terra também. E assim é que o documento mais velho em que o fomos encontrar é o mapa, talvez o mais antigo da nossa região, chamado Mapa de los Verbales de las Reduciones Orientales. A respeito deste importante documento assim se expressa o P. Furlong em sua Cartografia Jesuítica del Rio de la Plata: “... pertenecia esta mapa a um manuscrito que se halla actualmente em la Bibliotéca Nacional, de Rio de Janeiro (I, 29-3-1943), y cujo titulo reza así: Tanto autoriçado de los títulos e instrumentos de padres em abono de las tierras de la otra banda que estan entre el Uruguay y Yyui guaço que en nombre del Corregidor y Cabildo de la Reduccion de San Francº Xavier, presenta ente su Ra. el Pe. Prou al Ignácio de Frias el Pe. Pedro de Medina, Cura actual de dicha Reduccion en defensa suia sobre el pleito que tiene pendiente com el Pueblo de la Concepcion sobre dichas tierras em este año de 1699. Como se vê data de 1699. O nome rio Passo Fundo está aí grafado: uruguaymini. E como neste mapa se assinalam os “yierbales”, os ervais: se verifica que, em ambas as margens, existiam regulares extensões da conhecida ilicínia. Figuram dois rios à margem direita; e entre o Uruguai e o primeiro, e entre o primeiro e o segundo, se vêem duas cruzes, as quais, segundo se depreende das demais indicações, significariam duas capelas de redução. Um dos rios seria o Erechim, porém, ambos estão sem nome. A região que mais possuía herva é indicada como sendo onde hoje está Herval Grande. Seria cousa muito curiosa o se poder conferir o manuscrito em questão, porquanto, composto como é de “23 declaraciones” (Furlong. op. cit.), talvez nele se poderia descobrir algo a respeito das duas mencionadas capelas, situadas uma entre e rio Uruguai e o Erechim, em lugar onde deveria haver uma regular mancha de terra sem ervas, e a outra à esquerda do Erechim e o Cravo. O pe. Jaeger em sua obra A Tragédia do Pirapó (1936, P. Alegre) diz que o mapa em questão, entre os seus congêneres, é “o mais precioso de todos”. Mas o que é curioso é, que depois deste mapa tão minucioso, desapareça o rio Uruguai-Mini, até 1726. De fato não o encontramos nos Mapas de d’Ovalle e Techo (1703). Vamos porém, encontrá-lo de novo no mapa chamado “Paraquariae cum adjacentibus”, 1726; no mapa “Die Landschaff nider Paraquaria”, 1728; no “Paraquariae Provinciae Soc. Jesus”, 1732; no de “Anville”, 1733; no “Mapa de las missiones de la Compania de Jesus” 1749, do P. Queiruga etc. Banhada por este histórico rio e pelo rio Uruguai, teve a região de Goio-En fama das melhores terras do nordeste do Estado. Diz Evaristo Antonio de Castro (digno progênito do nosso caro companheiro de trabalhos históricos, sr. Aldo A. Castro) em sua obra Notícia Descriminativa da Região Missioneira, 1887: “Eu não conheço em toda a província, lugar mais fértil e de maior abundância do que o vale do rio Goio-En, em Nonoai: ali nunca há falta de produtos da lavoura, porque a terra produz todos os frutos em qualquer estação”. E na mesma obra encontramos que o pioneiro da agricultura na aludida região, foi Manoel de Moura Gavião que morava “na margem direita do Passo Fundo” e “o primeiro que encetou a cultura da cana em Nonoai, o engenheiro, portanto, mais antigo, tem colhido em sua lavoura, excelente café, bem como neste ano (1887?) fez uma boa colheita, regulado dar cada cafeeiro, termo médio três quilogramas de café.” Do sobrenome Moura deste cidadão veio o nome de “Faxinal dos Moura” que ainda hoje subsiste para uma região que fica pouco além do Herval Grande, também conhecida por “Campina dos Boava”. (Sobre este étimo, veja-se a complicada derivação e significações dadas por A.A. de Freitas in Vocabulário Nheengatú, pgs. 102. ss). O território do futuro Distrito de Goio-En, fazia parte do 3º Distrito de Passo Fundo, denominado Alto Uruguai, com sede em Nonoai, criado em 1857: “A área superficial do Distrito em léguas quadradas não é conhecida. É calculada do Passo Fundo do Goio-en, compreendendo as terras lavradias do Cel. Mascarenhas, e de Manoel de Moura Gavião, na margem direita do Passo Fundo – pelo Rio Uruguai acima, as quais estão compreendidas no distrito, estabelecendo divisa ao N. do Passo Fundo, em igual distância – 34 léguas mais ou menos, e da estrada da Picada do Sarandi, no rio da Várzea, e por este abaixo até sua embocadura no rio Uruguai, em 42 léguas, calculando-se, segundo a forma natural do terreno em 1.400 léguas a circunferência. É paróquia há muitos anos e por motivos ignorados, não tem sido provida de pároco”. Quanto à última observação do citado historiador, devemos anotar o seguinte: Procurando na Câmara eclesiástica de Santa Maria os registros de batismos de Nonoai, observamos que começam os assentamentos em 28 de abril de 1870, e são assinados pelo pe. José Stuer “capelão”. Este P. José Stuer, segundo Mons. Balem, historiador residente em P. Alegre, fora mandado para Nonoai pelo Bispo D. Sebastião Laranjeira, em 1870, saindo da paróquia de Santa Cruz onde era vigário “para reerguer a catequese entre os índios em Nonoai”. As missões de catequese em Nonoai, começadas com tanta vantagem pelos padres jesuítas espanhóis vindos de B. Aires em 1849 com o pe. Solanellas, e anteriormente feitas pelo p. Antônio de Almeida Leite Penteado, haviam sido extintas pelo Governo Provincial em 1852 por nativos reacionários. Restabelecidas em 1854, só porém em 1870, foi que voltava a catequese para Nonoai por intermédio do pe. jesuíta, José Stuer. Este padre ficou até 15 de junho de 1873. Nesta data rege a paróquia o pe. Cirilo da Cunha que em 1875 é substituído pelo padre Nicolau Guida. Em 1876 retorna o pe. Cirilo, para pouco depois ficar Nonoai dependendo da paróquia de Passo Fundo e atendida pelos padres do mesmo lugar. Que os padres de Nonoai, e especialmente, o pe. José Stuer pisaram terras de Goio-En, faz prova o primeiro livro de registro de batismos de Nonoai, onde quase no começo, são feitos os seguintes termos de batismo: Batizados na Barca do GOIO-EN – 30 de julho de 1870 – Francisco, nascido em 18-7-1869, f.º de Antônio João Nekele (deve ser NECKEL) e Florinda Cândida de Almeida, sendo neto paterno de João A. Nekel e Ana Bárbara. Padrinho: Francisco de Paula Almeida Braga. (Nota: Essa família Neckel é aparentada com a nossa família Reichmann, e o padrinho era o dono do campo do Bugre Morto - descoberto em 1830, segundo E. Castro). João da Cruz Modesto, f.º de José Modesto. Padrinhos: João Batista Lajus e Ana Muller (Nota: Lajus é aparentado com a família Sperry de Passo Fundo) Elidia, nascida em 1868, filha de João Vaz de Oliveira, neta de João Manoel Gonçalves e Maria Rosa Weiss. (O que é interressante é como nessa época havia famílias de origem alemã em Goio-En). Digno de nota é, que é também o mesmo padre José Stuer, que batizou famoso cacique FONGUÉ. Batizou-o aos 28 de out. de 1870, na Serrinha, com idade de 80 anos, tendo sido padrinhos, Manoel de Souza Rodrigues e Praxelina Maria. -----------------------------------. Anexo 3: Relação de capelas Nota: Nos arquivos da Cúria Diocesana, encontra-se uma relação de capelas datilografa em meia folha ofício e que deve ter sido feita em 1929. Porém, nos dados de uma capela (São Francisco,não a de Gramado), consta: “até a data de hoje.... 1/X/28”. É uma espécie de inventário. Alguns dados ficaram para ser acrescentados posteriormente e não o foram. Nomes são abreviados e podem ter alguma imprecisão, mas certamente são bem identificáveis por descendentes ou outros atuais moradores das localidades. Ao que tudo indica, é da Paróquia São José. Em cada capela está a indicação do fabriqueiro ou fabriqueiros. Exerciam a função dos atuais conselhos econômicos. Quando há só um, corresponde ao tesoureiro, que, certamente, acumulava outras funções. Pelos dados que contém, especialmente pela nominata dos “sócios”, tem grande valor histórico. Por isso é transcrita. A digitação foi do Diácono Valdemir José Debastiani. CAPELA DE S. MIGUEL 1) Fica nas cabeceiras do Rio Paloma, a 22 km de Sede. Feita em 1922. Regular. 2) É situada nos lotes nº 118 e 114 da linha 6 da Secção P. Grande. 3) Tem área de 4000 mq. Passada à Mitra em 1928. Pertencia o terreno a Attilio Lanfredi e Victoria Marostega. 4) O livro de contas data de 1925. 5) Tem escola sobre o terreno da Mitra onde se ensina Catecismo. Tem pedra d’ara. Paramento de seda. Um sino. 6) Fabriqueiro para 1929: Attililio Lanfredi. CAPELA DE S. ROQUE (Pacca) 1) Fica à esquerda digo à direita do Lajeado Pacca. 24 km da sede. É das melhores. 2) Sobre o lote nº 152, Linha I, Secção P. Grande. Pertencia o terreno a João Zin. 3) Tem 1000 mq. Passada à Mitra em 1925/26. 4) Tem pedra d’ara. Uma escola sobre o terreno da Mitra, onde se ensina o Catecismo. 5) Possui Livro de Contas que começa com 1927. 6) Sócios: Abel e Miguel Biasi. Jac. Dall’azen, Ang., José, Luiz, Fortunato, Santo e Victor Amaniotto; João, Raym., Pedro e Mario Zin; João, Luiz, Julio e Ant. Bevilaqua; Tomas, Attilio, Segundo, José e Ant. Daniel; José Maschio, Maria Biasi, Julia Denardi, Jac. Nadaletti, José Baú, Germano Kerstes, Ricardo Martarello, Vade Reska, Franc., João e Ant. Tacca; Nanetti Tacca, Luiz Lazzaretti. Fabriqueiro Para 1929: Quinto Zin. CAPELA S. MARCOS 1) Fica retirada da estrada do Lajeado Grande Km 3, a 29 km da Sede. Existe desde 1919. Foi reformada em 1924. É regular; 2) Sobre o lote nº. 3, Linha 5, Secção 2ª Cravo. 3) Tem 20 mq. 4) Tem pedra d’ara. 5) Possui livro de contas desde 1929. 6) Sócios: Rafae Bortilini, Jão Lorenzi, Manoel Marques, Atílio Balzanello, Carmine Saugo, Aquillino S., José Costanaro, Emílio Barbacovi, Cezar Anselmi, João Argenta, Alex. Vedana, Carlos Portigliotti, Ang. Muneron, Silvestre Lazzarotto, João Saugo, Vva. Ant. Forte, Maximiliano Rosa. 7) Fabriqueiro para 1929: Capela de S. PAULO (V. Berto.) 1) Fica na estrada que vai para Nonoahy, 36 km daqui. Existe desde 1926. É primitiva. 2) Sobre o lote nº 5, Linha 5, Secção 2ª Cravo. Pertencia o terreno a Valentim Berti. 3) Tem mq. 4) Tem pedra d’ara. Possui uma escola sobre o terreno da Mitra, onde se ensina o Catecismo. 5) Possui livro de contas que começa com 1928. 6) Sócios: Valentin Berto, José Dal Chiavão, Achilles Balzanello, Caetano Lazzarotto, Agost, Menegatti, Lourenço Zicatto, Alex. Vedana, Ang. Zicatto, Ant. Lezinski, Marcolino Antunes, Luiz Gazzardi, Victor Capelletto, Luiz Lampognani, José Soski, Zacharias Menegazzi, João Lazinski. 7) Fabriqueiro para 1929: CAPELA DE S. VALENTIM 1) Fica na estrada que vai para Nonoahy, a 35 km da Sede. Construída em !924, foi renovada em 1928. É grande e espaçosa. 2) Sobre o lote nº 8, linha 7, Secção II Cravo. Pertencia o terreno a 3) Tem mq. Passado a Mitra em 1928. 4) Tem pedra d’ara. Tem uma escola sobre o terreno da Mitra onde se ensina Catecismo. 5) Possui Livro de Contas datado de 192 6) Sócios: Fioravante Baldissera, Pascoal e Victor Moro, Antonio Moro, João Sarolli, Pedro, Caetano, Ang. Meneghetti, Victorino Turra, Ant. Agnoletti, Pedro Rampanelli, Palmo Remor, Guido Rosina, José Rampanelli, Florindo Franceschi, Boccolo Galli, Dyonisio G_, Cesário Barca, Antonio Rampanelli, David e Victor Pedrotti, Alfredo Ertes, Silvério Agnoletti, Domingos Santacatarina, Riziero Sansigol, João e José Rampanelli, Affonso Conci, Pedro Pedrotti, Bortolin Meneguetti, Guirino Bao, Isac Caser, Ant. Baldissera, Fino Cagol, Ricardo Postali, Adolfo Gaboardi, Hilário Rosina, Artico Fae, Luiz Lazzari, Ricardo Conci, José Meneghetti, João Comminetti, Dolmo Pedrotti, Ern. Comminetti, Vva. Agnoletti, Luiz Bertoldi, Franc. Gris, Herm. Trizzotto, Olympio, Nicolau e Mauricio Fagundes, Aug. Rego so, Jer. Bigolin, João Bertoldi, João Lazzari, Eugenio e Rizieri Agnoletti, Alb. Zotti. 7) Fabriqueiro para 1929: Guido Rosina CAPELA de S. ANTONIO (Santacatarina) 1) Fica à direita do Lajeado Grande, a 28 km da Sede. Construída em 1920; é uma das melhores. 2) Sobre o lote nº , Linha V, Secção II Cravo. Pertencia o terreno a 3) Tem 10.000 mq. Passado a Mitra em 1923. 4) Tem todo o necessário para se rezar Missa. Possui um sino. Tem escola sobre o terreno da Mitra, onde se ensina o Catecismo. 5) Possui livro de contas desde 1929. 6) Sócios: Pedro Santacatarina, João S., João Tortelli, João Barcarol, André B. Bortolo Gransotto, Pedro Confortin, Luiz Grazelli, Fiorindo Barcarol, José Orlandi, Alberto Durante, Zacharias Fae, Tibério Munari, José, Serafin, Fiorello Capelletto, João Santacatarina, Ant.de Carli, Domingos Beraldin, Ant. Santacatarina, Pelegrino Bonatto, José Santacatarina, José Gasparetti, Quinto Mattiazzo, Pedro Fae, Pedro Zoldan. 7) Fab. para 1929: Pedro Santacatarina. CAPELA de Nª Sª de POMPÉIA 1) Fica nas cabeceiras do Rio Negro, a uns 12 km da Sede. Existe desde 1921, tendo sido renovada em 1927. É uma das Regulares. 2) Fica no lote nº 98, L. II, Secção P. Grande. Pertencia o terreno a Humberto Vicari. Tem 3720 mq., tendo-se feito escritura pública em 29 de novembro de 1928. 3) O livro de contas data de 1928. 4) Tem sobre o terreno uma escola onde se ensina Catecismo. Tem pedra d’ara. 5) Sócios: Humberto Vicari, Ang. Bernardi, Pedro Simeonatto, Adelino Damasceno, Ant. Magnabosco, José Girelli, Adão Sampaio, Carlos Vicari, Vva Josefina Coan, Fernandes Vicari. 6) Fabriqueiro para 1929: Bernardo Coan. CAPELA SÃO BRÁZ 1) Fica nas cabeceiras do Rio Liso, a uns 36 km da Sede. A primeira capela foi feita em 1921, quando se tratou de reformá-la surgiu uma questão, sendo que parte a queria na mesma posição e outra mais para baixo (uns 600 m). Houve uma solução dada pela Autoridade Diocesana, a qual parecia se submeter os contrários, tal não se verificando depois. Fez-se escrituração à Mitra dum terreno logo abaixo da atual Capela. A reforma da Velha se fez em 1926. 2) Fica no lote nº 63, da linha 6, da Secção Cravo II. O terreno está sobre a Posse de José Vedana. Não se fez escrituração porque não tem título. 3) O livro das contas data de 1929. 4) Sócios: Franc. Sansigolo, Cyro Celli, José Camarro, Maximiliano Nogara, Gaspar Locatelli, Ant. Maragna, Anchiles Puerari, Eitor Puerari, Vivente e Cervno Vissol, Ant. Dalla Costa, Ang. Nogara, Pedro Oltramari, André Brugnera, Pedro B., José Szultz, João Zamignan, André Z., Ladislao Kemisk. Fabriqueiro para 1929: José Carraro. CAPELA de Nª Sra. de LURDES (Lise) 1) É situada a 8 km da Sede à direita do Rio Dourado. Foi construída em 1921. É uma das melhores. 2) É situada no lote n. , linha , e secção . Possui perto de 2000 mq. Pertencia o terreno a Luiz Lise. Passou escritura em 1924. 3) O livro das contas data de 1926. 4) Sócios: João Balvedi, Luiz Lise, Ângelo Rossato, Boaventura Lise, André Maggioni, Amadeo Maggioni, João B. Lise, Ant. Pitt, Ern. Caldartt, Matheus Bresolin, Corino Dodes, Pedro Spassin, Ang. Bernardi, Pedro Simeonnato, João Dall’azen, Pedro Lino, Ant. Rosset, Eug. Zamboni, Valente Rosset, Feliz Ferrari, Ernesto Perachi, Alberto Secco, Paulino Rosset, Luiz Carmignan, Geronimo Fávero, Sebastião De Toffoli, Franc, Polleto, Vicente Pedretti, Primo Nadaletti, Vito Gallina. 5) Fabriqueiro para 1929: 6) Tem preparo completo para Missa. Tem sino. Tem escola sobre o terreno da Mitra, onde se ensina Catecismo. CAPELA de S. ANTONIO (Rio Azul) 1) Fica no Rio Azul (cabeceiras), a quase 20 km da Sede. Feita em 1924, foi renovada em 1928. É uma da boas em tamanho e beleza. 2) 3) 4) 5) Situada no lote n. 35, linha , Secção Rio Azul. Tem 5000 mq. Passada à Mitra em 1924. Pertencia o terreno a Primo Pavan. O livro das contas data de 1928. Fabriqueiro para 1929: Antonio Prior. CAPELA de N. Sra dos NAVEGANTES. 1) Fica à esquerda do Lajeado Grande a 27 km da Sede. Feita em 1919. Primitiva. 2) Fica no lote n. da linha V da Secção 2ª Cravo. Pertencia o terreno a 3) Tem um terreno de 10.000 mq. Escriturada em 1926. 4) O livro de contas data de 1925. 5) Guerrini Canali, Antonio Grezelli, Domingos Grigoletto, José Tortelli, Ang. Barro, Ant. Paris, Ângelo Guarnieri, Valentia Greselli, Agostinho Maccali, Miguel Ferrarese, José Locchini, André L., Luiz Paris, André Segatti, José Paris, Antonio Tomaselli, Pedro Pinto, Ângelo Zicatti, Arlindo da Rosa, Tertuliano Ferraz, Laurindo Bernardi, Luiz De Cesaro, Affonso da Silva. 6) Fabriq. para 1929: 7) Tem pedra d’ara, calix, paramento de seda, sobrepelliz. 1) 2) 3) 4) 5) 6) 1) 2) 3) 4) 5) 6) 1) 2) 3) 4) CAPELA de S. PAULO (Pacca) Sua situação é nas cabeceiras do Paca. A primeira construção data de 1920. Construiu-se nova em 1926. É bem espaçosa. É situada no lote n. 160, linha III, Secção Paiol Grande. Tem área de 9600 mq. Passada á Mitra em 1923. O livro de contas começa com 1921. Houve uma aprovação em 22/XI/1925 em V. Pastoral. Sócios: Fred. Klein, Olimpio Busatto, Eug. Piccoli, Fr. Cerioli, Abel Filipini, Erasmo F., João Viater, João Venisca, Tomas Val, Basílio André Loch, David Farina, Clemento F., Luiz Caovilla, Germ. C., Fr. Viater, José Munarini, Fred. Piccolo, Hen. Cerrutti, Pedro Bonatto, Segundo Rovani, Ant. Martarello, José Rosseti, Raym. Luterek, Ant. Bertocchi, Luis B , Casimiro Jazina, Primo Rossetti, Ang. Lazzaretti, João Munarini, Ign. Luterek, Ant. Dudek, José Dudek, João Retska, Maria Zambusche, Brunislava Pafuski, Daniel Filipini. Fabriqueiro para 1929: Olympio Busatto. CAPELA de S. ANTÃO Sua posição é no Rio Bonito. A primeira capela foi feita em 1925. É ainda primitiva. Fica no lote n. 94, digo 95. Linha Rio Bonito, no distrito do Rio Novo. A terra é de Germano Dellani. Ainda não é passada à Mitra. O livro de contas começa com 1927. Sócios da Capela: Luiz Madalosso, Ang. Madalosso, José e João Trapasson, Ang. Liberal, José e Maria Brustolin, Carlos, Orestes e Alberto Frigeri, Alfredo e Guerrino Zorzi, Torino Boni, Alexandre e Rizieri Putton. Fabriqueiro para 1929: Carlos Frigeri. CAPELA de N. Sra. do CARAVAGIO Posição: na estrada que vai a Nonoahy, A primeira capela foi feita em A atual é de 1925. Boa e espaçosa. Tem 12.000 mq. Foi escriturada em 1925. Era proprietário: Ângelo Foschiera. O livro de contas começa com Sócios: Ang. Sordi, Domingos e Luiz Santin, Eug. Fedato, Lazzaro Sitta, José Marmentini, Eug. Sordi, João e Severiano Carpeneda, Fioravante, José, Vict., Albino, e Pedro Rottava, Guilh. Biancho, João Zancanaro, Guilh Bodanese, Ang. e José Foschiera, João Rosset, Luiz Barela, João, Romeu e Danilo Nazzari, Luiz Sacchet, Aig. Mantovani, Ant. e Pedro Follador, Benjamim Caresia, Julio Artusi, Raym. Baceso, Seraino Cattani, Vicente Moretto, Carlos Coppi, Vict. Chiochetta, Alb. Sordi, Hen. Spassim, José Bertuol, Aug. Hett, Quirino Arceri, Carlos Bacesso, Ang. Sacchet, Alberto Deboni, Ang. Bigolin, Pedro Marcon. 5) Fabriqueiro para 1929: João Carpeneda. 1) 2) 3) 4) 5) 6) CAPELA de S. ROQUE (Balisa) Sua posição é na estrada que vai a Três Arroios, 8 km da Sede. A primeira capela, que é a existente, data de 1921. É boa e assaz espaçosa. Fica no lote n. , Linha I, Secção Dourado. Tem 2300 mq., digo 3200 mq. Foi passada à Mitra em 1923. Tem livro de contas, começa em 1924. Sócios: João Deboni, Vict. Deboni, Clemente, José, Sylvio e Marcilio Berlanda, José Masiero, José Ang., Ern., Agost. Pedrotti, Ant. Malacarne, Evarista Juraski, José Piazeski, José Bobis, Ric. e Octaviano Moro, Emilio Simionatto, Vicente e Reinaldo Borile, José Bergamim, Vict. Ceccehet, Ant. Passuelo, André Nasewoski. Fabriqueiro para 1929: João Deboni. CAPELA de S. TERESA 1) Sua posição é nas cabeceiras do Rio Negro. A primeira capela nesse lugar foi construída, em 1920, e é a existente. 2) Coloca-se sobre o lote n. 134, Linha IV, Secção Paiol Grande. 3) Tem destinados a ela os metros que contém uma quarta. Não é passada por não ter título. Proprietário: Adélio Mingotti. 4) O livro de contas começa com 1925. 5) Sócios: Adélio e João Mingotti, Alfredo Bez, Ang. Baraldi, Ant. Piran, Fred. Censi, Jer. Oro, Jacob Giorgio, Hen. Baraldi, João Cenci e João Oro, Joaquim Piccolo, José Mingotti, Heitor Cenci. 6) Fabriqueiro para 1929: Alfredo Bez. CAPELA de S. ANTONIO (Lazzaretti) 1) Fica na costa do Rio Erechim, pela estrada que vai ao Lajeado Grande. A primeira capela, que é a existente, foi feita em 1919. É primitiva. 2) Está sobre o lote n. 30, Linha V, Secção Cravo II. Pertence o terreno a Silvestre Lazzaretti, ainda não está escriturada porque não há título e porque talvez seja transferida para outro lugar. 3) Tem escrituração desde 1927, mas muito deficiente. 4) Sócios: Máximo, Damião, João, José e Rino Lazzarretti, Guilh., Ern., Attilio, Gaetano, Octavio e Pedro Lazerotto. Franc. Malacarne, Clemente Bampi, João e Silvestre Segatti, Nicolao Rakoski, Miguel Segatto, Estevam Koskowski, Primo Malacarne. CAPELA de S. ANDRÉ AVELINO 1) Fica a 2 km à direita do Rio Dourado e a 9 das cabeceiras. Foi feita em 1925. Ainda existe a mesma. É boa, pequena. 2) Está sobre o lote n. 89/91. Pertencia o terreno a Liberato Fascículo e Romano Romam. Escriturada à Mitra em 1927. (Está na Linha , Secção P. Grande). 3) Tem 6400 mq. 4) O livro de contas começa com 1928. 5) Sócios: Gaetano Rosset, José Sfredo, Telêmaco Spassini, Godofredo e Victorino Moro, Bortolo Dariva, José, João e Liberato Fascículo, Romano Romam, Boleslao Wilk, Olinda Massarotto, Pedro Spassini. 6) Fabriqueiro para 1929: Telêmaco Spassini. CAPELA de S. FRANCISCO 1) Sua posição é nas cabeceiras do Rio Azul. A atual capelinha, que é a primeira construída nesse lugar, foi levantada em 1922. 2) Está sobre a colônia n. 162 da linha IV, da Secção Paiol Grande. 3) Até o dia de hoje não é ainda passada à Mitra por não estar o lote, sobre que está, sem título. 1/X/28. (Deve ser: por estar o lote, sobre que está, sem título). 4) O livro de contas começa com 192 .......... 5) Sócios da Capela: Marino Piccoli, Pedro Farina, Angelo F., Fernando Maffini, Francisco Farina, Fr. Bonsere, Lazzaro Martini, Fr. Piccoli, Js. Maffini, Orestes Copercini, Pedro Maffini, Miguel Deres. 6) Fabriqueiro para 1929: Marino Piccoli. CAPELA de SÃO LUIZ 1) Sua posição é nas cabeceiras do Pacca. A atual capelinha, que é a primeira, existe desde 1922. 2) Está sobre o lote n. 158, linha III, Secção Paiol Grande. 3) Possui 6825 mq., ainda não passada à Mitra, mas com promessa de passá-los o mais cedo possível. 4) O livro de contas começa com 1929. 5) Sócios da Capella são: João, Pedro e Victo Andreola; Attilio, Isidoro, Pedro, Achyllees Farina, Santo Burin, Ang. Trentim, Ang. Mingotto, Joaquim Valdemar, José e Jorge Pinotti, Domingos Pertile, André Copercini. 6) Fabriqueiro para 1929: João Andreola. CAPELA de S. LÚCIA 1) Sua posição é nas cabeceiras do Rio Dourado, a 8 km da Sede. Existe desde 1923, sendo a atual capelinha a primeira. É regular. 2) Está sobre o lote n. 66, linha II, Secção P. Grande. Foi proprietário Antonio Bisinella. 3) Possui 2400 mq., escriturados à Mitra em 1924. 4) Sócios da Capela são: Florêncio Menegat, Libero Sottili, Antonio Bisinella, Victor e Humberto Giacomoni, Vva Maria Adames, Vva Francisca Barens, Vva Felecita Bisinella, Antonio Adames, José Zulian, Estevam Carramori, Abel Franciosi, Miguel Franciosi, José Dariva. 5) Livro de contas começa com 1929. 6) Fabriqueiro para 1929: Abel Franciosi CAPELA de N. Sra das GRAÇAS 1) Sua posição é na Estrada do Nonoahy, a quase 30 km da Sede. Existe desde A atual capela é das maiores e melhores da Freguezia. 2) Está sobre o lote n. , linha II, Secção 2ª Cravo. Foi proprietário Victorio Bonetti. 3) Passada à Mitra em 1928. Tem mq. 4) O livro de contas começa com 1925. 5) Sócios: José Barella, Constante Giacomelli, Pedro Dalmolin, Omobono Sottili, Felece Marca, Casimir Haiduck, Casimiro Rosset, Domingas Rosset, José Rosset, Luiz Betolletti, Ang. Giacomelli, Virgilio Bonetti, Santo Bertuol, João Roman, Ant. dalla Valle, Mario Tussi, Basílio Sotilli, Ang. Tussi, Eustachio Haiduck, Victor Bonetti, João Tussi, Adolfo Bertuol, Ant; Slongo, Aristides Tussi, Estevam Tussi, Ang. Romam, Pedro Roman, Geronymo Sanvido. 6) Fabriqueiro para 1929: José Giacomelli. CAPELA S. ROQUE (Cravo) 1) É situada próxima ao Lajeado Grande, 22 km da Sede. Construída em 1923. Hoje reconstruída, é regular. 2) Sobre o lote n. 61, Linha III, Secção 2a Cravo. Proprietário: Ricardo Demarco. 3) Passada à Mitra em 1929. Tem mq. 4) O livro de Contas começa com 1929. 5) Sócios: José Marmentini, Antonio Santin, Ang. Zancanaro, Catarina Grando, Luiz Trombatta, João Andreola, Luiz Matiazzo, Américo di Domenico, Carlos Sete, Oliva Panis, João Panis, Gaetano Radaellli, José Steven, Arthur Tocchetto, João Santin, Pedro Balbinot, Arthur Longo. 6) Fabriqueiro para 1929: Luiz Trombetta. CAPELA S. FRANCISCO (Gramado) 1) Situada a 14 km da Sede na estrada que vai a sede Paulo Bento. Construída em 1926, é regular. 2) Sobre o lote n. 31, linha IV, Secção P. Grande. Proprietário 3) 4) O livro de contas começa com 1926. 5) Sócios: João Rizzon, Emilio Scalabrin, Carlos Dalle Molle, Gaetano Garetton, Jacinto Zampieri, Quirino Tormem, João Lira, Ang. Zorzi, Vva Maria Marostega, Pasqual Cadore, Ant. Gesulka, Vva Maria Zuchinali, Virginio Bandiera, Julio Olivo, Pedro Srepaniuk, José Michalsk, João Zeizchi, Estanislao Drenicki, Jacinto Loss, Ludovico Beneck, José Peterik, Estevam Oleas, José Bucioz, Martinho Ceplak, José Menegat, Wadislao Buda, Thoma Pasi Chek, Ant; Suzek, Gabriel Fabiani, Primo Mariga. 6) Fabriqueiro para 1929: CAPELA do SAGRADO CORAÇÃO DE JESUS 1) Fica a 18 km da sede pela estrada que vai a Sede P. Bento. Essa Capela fica na freguesia de Erechim. Está sendo administrada por Boa Vista desde 1925, mediante acordo verbal formulado na Visita Pastoral de 25 a esta Freguesia entre a Autoridade diocesana e o Vigário daquele tempo Pe. Carlos Schwertschlager. Está-se de momento construindo bela e espaçosa Capela. 2) Fica sobre os lotes urbanos nos.: 3) Houve uma escritura em 7/12/26, em que eram doados os lotes 8,6,4 e 2 da quadra C. Como todavia ficassem os ditos lotes mui afastados do centro resolveu-se de acordo com o proprietário Dr, Azambuja, fazer uma permutação com os lotes Nos.: da quadra . Para o que obtida a especial autorização da Aut. Diocesana se fez nova escrituração em 1929. 4) O livro de contas data de 1928. 5) Sócios 6) Tem só p. d’ara. 7) Fabriqueiro para 1929: Ludovico Santolin. CAPELA de N. Sra de LOURDES (Mezzomo) 1) Fica a 23 km da sede à direta do L. Grande. Capela regular asseada 2) Feita em 1925. Não está escriturada. Se-lo-há, em breve. Proprietário: Victorio Mezzomo. Tem mq. Sobre o lote n. , L.4, Secção 2ª Cravo. 3) O livro de contas começa de 1929. Antes dessa época não havia escrituração. 4) Sócios: 5) Tem P. d’ara. 6) Fabriqueiro para 1929: Ricardo Demarco. CAPELA de S. CAETANO 1) Fica a 22 km da sede nas cabeceiras do Paloma encostada ao L. Saracura. É de tamanho regular. Existe desde 1925. A atual data de 1927. 2) Fica sobre o lote n. , L. 5, Secção P. Grande. Não querem passar à Mitra. Sujeitam-se as taxas. 3) Pertence o terreno a Antonio Anghinoni. O livro de contas começa desde 1928. 4) Sócios: 5) Tem P. d’ara. 6) Fabriqueiro para 1929: Fiorello Anghinoni. S. ANTONIO (Emilio Grando) 1) Fica no K 14 pela estrada que vai a Sede Dourado. Construída em 1920. É bem boa. 2) Situada no lote n.114, Linha 1, Secção Dourado. 3) Tem 20 x 60 mq., Passada à Mitra em 1924. Era possuidor Emilio Grando. 4) O livro de contas começado em 1925. 5) Tem p. d’ara. Sino. 6) Sócios: 7) Fabriqueiros para 1929: José Cassaro, João Pigatto, José Dall’aqua. CAPELA de S. JOÃO (Dariva) 1) Fica a 14 km da Sede tomando a direita no km 5 da estrada que vai para Floresta. Capela regular construída em 1925. 2) Fica sobre o lote n. , L.4, Secção Paiol Grande. 3) Tem mq. Passada à Mitra em 1928. Proprietário: João Dariva. 4) O livro e contas data de 192 ........ 5) Sócios: João Dariva, João Cantele, Bap Cantele Fo, Jeronymo Ballestrim, Eugenio Dariva, José Filipetti, Salvador Dariva, Emilio Dariva, Ang. Zanella, João Z. Pedro Binotto, Pasqual Binotto, Jacinho Binotto, Leopoldo Sadei, João Cammettin. 6) Tem escola onde se ensina o Catecismo. P. d’ara. 7) Fabrriqueiro: João Dariva. Sto. ANTÔNIO (Linha VII) 1) Fica a 35 km da Sede pela estrada que vai a costa do Rio Erechim. Tamanho bom, caprichada. 2) É situada no lote n. 37, LVII, Secção Cravo 2a. 3) Possui 12.100 mq. escriturados em 1929. Pertencia o terreno a Napoleão Zardinello. 4) O livro de contas data de 1927. 5) Sócios: Domingos Padia, Pedro Zardinello, Her. Mella, Ang. Sansigolo, Franc. Daghetti, Nap. Zardinello, Luiz Martineli, José Mart., Vict. Rossi, João Segato, Tra d’Oliveira, Tibério Murari, Luiz Dall”Alba, Sylvio Casali, Ant. Brun, Pedro Portigliotti, Mario Trevisan, Jorge Beltrame, Domingos Frederizzi, Ang. Paier, Fior. Moscaddim, Fior. Dalbianco, José Menegatti, Bernardin d’Almeida, Lourenço Artini, Jer. Maragno, João Brun, Felix Marola, José Roveda, José Grazioli, Cezar Brambilla, Ang. Biasus, Ricardo Zardinello, Victorio Bont digo Conte, Ang. Lanzana, Franc. Fillippini, Cesário Paz, Luiz Casali, Carlos Trentim, José Galvagni, Domingos Bonfante, Luis DalSoglio, Aristides Martinelli, Aug. Daghetti, Eugenio Casali, Victorio Bonfante. 6) Tem só P. d’ara. 7) Fabriqueiro para 1929: Augusto Daghetti. A capela existe desde 1920. a atual é de 1924. CAPELA DA FLORESTA 1) Fica no km 14 sobre a estrada que vai a Nonoahy. Por se encontrar no quadro da floresta que está ainda por se medir foi impossível a construção dum edifício mais próprio para o santo culto. Trata-se, porém, no presente de se edificar contudo uma capela mais descente. Tem se para isso licença da Comissão de Terras, embora sem demarcação certa do terreno. A construção da capela em nada será prejudicada com a futura medição. 2) A capela existente existe desde 1918. 3) Tem livro de contas que começa desde 1927. 4) Conta com perto de 150 sócios. Metade polacos e metade italianos. 5) Possui paramento branco, calix, píxide, ostensório, p. d’ara, sino, thuribulo e naveta, galhietas. 6) Fabriqueiros para 1929: Moyses Scaratti e Carlos Schltz.