UNIVERSIDADE FEDERAL DE PERNAMBUCO DEPARTAMENTO DE BIOQUÍMICA LABORATÓRIO DE IMUNOPATOLOGIA KEIZO-ASAMI Nereide Stela Santos Magalhães Recife, 2004 UNIVERSIDADE FEDERAL DE PERNAMBUCO CURSO DE EXTENSÃO EM BIOQUÍMICA Lipídeos e Membranas Profa Dra Nereide Stela Santos Magalhães 2004 Lipídeos e Membranas • Classificação de lipídeos • Propriedades de agregados lipídicos • Membranas biológicas • Proteínas ligadas a lipídeos Membranas Biológicas • Composição • Lipídeos Membranares • Proteínas Membranares • Modelo de Mosaico Fluido da estrutura membranar • A Membrana de Eritrócitos Membranas: definição e funções • Membranas são estruturas complexas compostas de lipídeos, proteínas e carboidratos. São estruturas assimétricas constituídas de duas camadas (bicamada) com uma superfície interna e uma superfície externa que diferem entre si. • Membranas são estruturas altamente viscosas, quase plásticas. Membranas: definição e funções • Duas camadas de fosfolipídios unidas de forma não covalente, termodinamicamente estáveis e metabolicamente ativas. • Moléculas de proteínas específicas estão ancoradas nas membranas com funções específicas (organelas, células ou organismo). • A membrana plasmática forma um compartimento fechado em torno do protoplasma celular para separar uma célula da outra, permitindo assim a individualidade celular. Membranas Biológicas • Participam ativamente na comunicação intra e extra celular • Formam compartimentos especializados no interior da célula (organelas) • Comportam enzimas • Funcionam com elementos integrais no sistema excitação/resposta • Provêem sítios para a produção de energia (e.g. fotossíntese ou fosforilação) Teorias da Origem da Vida • “Membranas se originaram primeiro”. • As forças hidrodinâmicas e aerodinâmicas acopladas por solvatação e energia livre entrópica geraram clones auto-replicativos, ricos em Potássio, como sistemas fechados membranares. ESTRUTURA E PROPRIEDADES DE MEMBRANAS • Há bilhões de anos: membranas rudimentares • Vacúolos (sacos) contendo gotículas de moléculas primitivas auto-replicativas dissolvidas. • Estas membrana permitiram a criação de um meio interno – pré-requisito para a origem da vida. ESTRUTURA E PROPRIEDADES DE MEMBRANAS Escala Cronológica da Evolução da Vida Battail, 2002 Teorias da Origem da Vida • Experimentos realizados por Banghan (1993), evidenciaram a hipótese de que as membranas lipídicas precederam o DNA ou a síntese protéica. • Lipossomas clonados devem ter servido como superfície catalítica para reações que ocorreram próximas à superfície da membrana, na interface de compartimentos aquosos e lipídicos de cada unidade autoreplicativa (Deamer, 1997). Manutenção da Vida • A vida foi originada em meio aquoso – Reações enzimáticas – Processos celulares e sub-celulares As membranas, portanto, internalizam e compartimentalizam a água do organismo. Manutenção da Vida – Fluido intracelular (2/3 água total) • • • • Produção de energia Armazenamento de energia Utilização da energia Manutenção (reparo celular, replicação, etc.) – Fluido extracelular (1/3 água total) • Fornece nutrientes para a célula glicose, aminoácidos, ácidos graxos, O2, etc. • Remoção de CO2; metabólicos; material tóxico; etc. íons Relevância Biomédica • A integridade das membranas garantem os processos celulares normais • Alterações na estrutura das membranas afetam – Balanço hidrolítico – Fluxo de íons Alterações nos processos celulares que originam doenças. Doenças relacionadas com defeitos em membranas • Deficiências de α-glicosidade (lipossomas) – Armazenamento incorreto de glicogênio tipo II • Deficiência do transportador de iodeto – Bócio congênito • Defeito na endocitose de lipoproteínas de baixa densidade (LDL) – Hipercolesterolemia e doenças arteriais e coronárias FUNÇÃO DAS MEMBRANAS Barreiras seletivas • Gradiente elétrico e químicoosmótico • Bioenergética • Ação neuronal (propagação de impulso) • Tradução de Sinais (sinalização celular) • Processos Celulares – – – – – Transporte Motilidade Reconhecimento Interação Fusão Interação com o meio externo • A membrana plasmática é também responsável pelas trocas de material com o meio extracelular via endocitose ou exocitose, • apresentam áreas estruturais especiais – junções intersticiais (gap junctions) – através das quais as células trocam material Membranas Intracelulares • As membranas intracelulares asseguram a integridade estrutural das organelas presentes no interior da célula – Mitocôndrias – Retículo endoplasmático – Complexo de Golgi – Grânulos secretores – Lisossomas – Membrana nuclear Composição das Membranas • Proteínas • Lipídeos Proteínas ≥ Lipídeos maioria não integrais Mielina Proteínas/lipídeos ~ 0,23 Membrana Mitocondrial Proteínas/lipídeos ~ 3,23 Singer (1975) Constituição • Fosfolipídeos – Fosfoglicerídeos (glicerol + ácidos graxos) – Esfingolipídeos (esfingosina + ácidos graxos) • Mielina • Glicoesfingolipídeos – Cerebrosídeos – gangliosídeos • Esteróis – Colesterol (mamíferos) • • • • Membrana plasmática Mitocondrias Complexo de Golgi Membrana nuclear – ergosterol Classificação de Lipídeos • Ácidos graxos • Trigliceróis • Glicerofosfolipídeos • Esfingolipídeos • Colesterol Ácidos Graxos São compostos que apresentam uma longa cadeia hidrocarbonada e um grupo terminal carboxílico (cauda)+(cabeça) SATURADOS INSATURADOS Monoisaturados Poli-insaturados Mais abundantes Mais abundantes ácido esteárico (18:0) ácido palmítico (16:0) ácido oléico (18:1) (9) [C9=C10] ÁCIDOS GRAXOS Ácido Láurico Ácido Mirístico Ácido Palmítico Ácido Esteárico Ácido Araquídinico Ácido Berênico 12 14 16 18 20 22 Ácido Palmitoléico Ácido Oléico Ácido Linolênico (α α-linolênico, γ-linolênico) Araquidônico 16 18 18 20 ... Voet & Voet, 1995 Ácidos Graxos Garrett, 1995 Triglicerídeos Garrett, 1995 Lehninger, 2000 GLICEROFOSFOLIPÍDEOS (fosfoglicerídeos) FOSFOLIPÍDEOS PRINCIPAIS CONSTITUINTES DAS MEMBRANAS BIOLÓGICAS Ácido fosfatídico Fosfatidilcolina (lecitina) Fosfatidiletanolamina Fosfatidilglicerol difosfatidilglicerol (cardiolipina) Fosfatidilserina Fosfatidilinositol Alberts al., 1998 The Cell FOSFOLIPÍDEOS Garrett, 1995 Garrett, 1995 Alberts et al., 1998 The Cell Cerebrosídeos Garrett, 1995 Gangliosídeos Garrett, 1995 Propriedades de Agregados Lipídicos • Micelas • Bicamadas • Lipossomas ESTRUTURAS LIPÍDICAS Monocamadas e micelas: Em meio aquoso, os lipídeos, espontaneamente, formam estruturas. MONOCAMADAS (baixas concentrações) MICELAS (altas concentrações) CMC=concentração crítica micelar BICAMADAS LIPÍDICAS VESÍCULAS Lipossomas Estruturas Lipídicas Figura 2. Agregados de lipídeos anfipáticos dispersos em água Lehninger, 2000 Figura 3. Organização dos fosfolipídeos em micelas Lehninger, 2000 Micelas Incorporação de água em micelas com quantidade excessiva de moléculas ou com forma elipsoldal. Voet & Voet, 1995 A Bicamada Lipídica • Fosfolipídios formam bicamadas em água • A bicamada lipídica é um fluido bidimensional • A fluidez da bicamada depende da sua composição • A bicamada é usualmente assimétrica • A assimetria é gerada dentro da célula • Bicamadas lipídicas são impermeáveis a solutos e íons Figura 4. Organização dos fosfolipídeos em bicamadas Lehninger, 2000 Ácidos graxos saturados Formam “empacotamentos”, de forma organizada e rígida, de moléculas umas muito próximas das outras. Ácidos graxos insaturados Não permitem o empacotamento rígido das Moléculas, originando agregados flexíveis e fluidos. Figura 5. Organização dos fosfolipídeos em vesículas - lipossomas Lehninger, 2000 Lipossomas multilamelares (MLV) Lipossoma unilamelar (SUV) Voet & Voet, 1995 Vesículas Multilamelares Estrutura das Membranas Biológicas Figura 1. Arquitetura supramolecular das membranas Lehninger, 2000 Variedade de Composição • Grande variedade de proteínas Diferentes funções nas membranas • Grande variedade de lipídeos (>100 tipos diferentes em células eucarióticas) Composição das Membranas • Lipídeos das membranas Auto-agregação em torno de um meio aquoso CCA= concentração crítica de agregação 10-10 M/l e 10-5 M/l Organização dos Lipídeos nas Membranas ESTRUTURAS • Bicamada lipídica • Forma hexagonal Inversa – (exceto esteróides) • Cúbica A capacidade de transição entre as diferentes conformações permite a funcionalidade das membranas. Fosfolipídeos das Membranas de Eucariotos (80—90% do total de lipídeos) • Derivados da colina – PC fosfatildicolina – SM esfingomielina • Derivados amínicos – PE Fosfatildietanolamina – PS Fosfatildilserina Diversidade dos Lipídeos nas Membranas • 1. Variabilidade Intermembranas – A Composição lipídica está associada com a função – Membranas das organelas apresentam composição lipídica diferente Composição Lipídica das Membranas Biológicas Distribuição assimétrica de fosfolipídeos entre a membrana plasmática interna e externa de eritrócitos. Lehninger, 2000 Tipos de gradiente intracelular Lipídeos Esfingomielina Colesterol Membrana Plasmática ↑ ↑ Membrana Nuclear ↓ ↓ Membrana Mitocondrial ↓ ↓ Quantidade Relativa de SM e CH em diferentes organelas • SM -3% 5% 7% 12% • CH 3% 5% 8% 12% 15% • organela Mitocôndria Núcleo Retículo Endoplasmático Complexo de Golgi Membrana Plasmática Efeito do Envelhecimento sobre a Homeostase Membranar • ↑ colesterol e esfingomielina • ↑ saturação das cadeias policarbonadas Deterioração da Homeostase Membranas: Assimetria Proteínas x Lipídeos • Lipídeos – Membrana externa • Fosfatidilcolina • Esfingomielina • Colesterol (↑ ↑ [ ]) – Membrana interna • Fosfatidilserina • Fosfatidiletanolamina • Colesterol (↓ ↓ [ ]) Membranas: Assimetria Proteínas × Lipídeos • Proteínas – Distribuição irregular de proteínas na membrana – Assimetria da membrana externa: presença de carboidratos conjugados à proteínas – Assimetria da membrana interna: presença de enzimas – Assimetria regional (local) • Gap junctions – Junções intersticiais • Sinapses Membranas: “Turnover” • Membranas são estruturas dinâmicas com renovação (turnover) de proteínas e lipídeos. Movimento de lipídeos Membrana externa x membrana interna • Movimento transverso – Flip-flop (interna externa) • Movimento lateral – Difusão ao longo da membrana (µ µm/s) Homeostase membranar • Troca espontânea de Fosfolipídeos entre membranas. • Processo lento: t1/2 de várias horas • Colesterol (t1/2 de minutos ou horas) • Depende da atividade de proteínas transportadoras de lipídeos • (50 – 2500 nmol.m-1.mg-1) • Mecanismo (?) processo homeostático multifatorial, depende da energia envolvendo: – A síntese de lipídeos membranares – Transporte vesicular Movimentos dos Lipídeos na Estrutura das Membranas Biológicas Lehninger, 2000 Razões para a Assimetria Lipídica das Membranas • A assimetria permite um meio adequado para as enzimas membranares – Reorientação de PS e PE: controle ou ativação de enzimas específicas. • Fusão de membranas: – Controle do lado no qual as membranas começam a fusão. • Assimetria incorreta de fosfolipídeos × situações patológicas Manutenção da estabilidade da assimetria das membranas • Proteínas responsáveis pela síntese de lipídeos • Atividade de Flipases (proteínas específicas) • Ex. Flipases – 1. Aminofosfolipídeos translocases – 2. Proteínas da resistência multidroga (MDR) • Transporte de drogas anfifílicas e fosfolipídeos do lado externo para o lado interno da membrana plasmática. •Ex. Flipases • Expressão de genes MDR3 (humano) e Andr2 (ratos) translocação de fosfatidilcolinas de cadeia longa. • Expressão do gene MRD1 movimento de fosfolipídeos que possuam no mínimo uma cadeia pequena. • Ex. Flipases – 3. Complexos protéicos redistribuição rápida de fosfolipídeos após a entrada de Ca2+ na células – 4. Proteínas ATP-independente transportadoras de fosfolipídeos (glicerofosfolipídeos e glicoesfingolipídeos) Retículo endoplasmático e complexo de Golgi Hipóteses para assimetria nas Membranas • 1. Promoção de um meio assimétrico para as enzimas membranares – Reorientação de PS e PE constitui um meio de controle ou “trigger” de enzimas específicas. • 2. Fusão de membranas, controlando o lado na qual as duas membranas começam a fundir. • 3. Manutenção da curvatura das membranas através de forças controladoras de bombas lipídicas e enzimas, responsáveis pelo fluxo transmembranar de fosfolipídeos – Eventos que ocorrem durante a formação de vesículas endocíticas. Importância da Assimetria Lipídica nas Membranas • Assimetria fosfolipídica incorreta situações patológicas. β-talassemia= PS camada interna -> camada externa de eritrócitos. Exposição de PS ao sangue => anemia; ↓ t1/2 eritrócitos. Reconhecimento de OS pelos macrófagos e apoptose celular. PS tem papel importante no estado hipercoagulação associado à β-talassemia severa. Distribuição Lipídica numa Membrana Plana • Há evidências que os lipídeos são organizados lateralmente em domínios distintos: • Organização lateral de longo-alcance (fluorescência) • Organização lateral de curto-alcance (espectroscopia) Assimetria Membranar • Proteínas e Lipídeos => – Diferentes quantidades nas partes internas e externas da membrana biológica. • Membrana Plasmática de Eucariotos: PS, PE, PI PC, SM, GL (monocamada interna) (monocamada externa) • A composição de Ácidos Graxos, mesmo em lipídeos contendo cabeças polares idênticas, é diferente nos dois lados da bicamada. • ASSIMETRIA MEMBRANAR Transporte de proteínas apical e basolateral – Rede de trabalho trans-Golgi (complexo) – Endossomo basolateral Tráfego de proteínas nas células epiteliais Via de transdução: Clássica sinalização – – proteína G- proteínas quinases) Relevância na Transdução de sinais e na expressão gênica • Fosfatidilinositol-4,5-bifosfato (Chave da transdução) Hidrólise (fosfolipase C) Diacilglicerol 20 MENSAGEIROS Inositol trifosfato Esfingomielina e ácido fosfatídico metabólicos Efeitos Ambientais • A composição lipídica de membranas responde a modificações de fatores ambientais (e.g., dieta, temperatura...) Efeitos de idade ou doença •A composição lipídica modifica-se com o desenvolvimento e idade da células. Condições patológicas (células malignas, aterosclerose, etc.) Colesterol nas Membranas Biológicas Alberts et al., 1998 The Cell Colesterol • Age como um mediador, controlando a fluidez da membrana – Efeito de condensação nas regiões de desordem dos fosfolipídeos – Efeito de desordem nas regiões ordenadas ou na fase cristalina ↑ Fluidez ↑ permeabilidade (H2O, íons) Voet & Voet, 1995 Função do Colesterol • Fluidez × temperatura de transição de fase (Tg) • Colesterol de intercala nas moléculas de fosfolipídeos – Grupo OH interface aquosa – Estrutura esteróide hidrofóbica na monocamada Colesterol: Temperatura de Tansição de Fase (Tg) • T>Tg – Estrutura rígida esteroidal interage com os grupamentos ácidos dos fosfolipídeos menor movimento; menor fluidez • T<Tg – Interação do colesterol com cadeias acilas interferindo no alinhamento menor T estado fluido; gel ocorre (mantém fluidez em ↓T) INTERAÇÕES NÃO COVALENTES NAS BICAMADAS LIPÍDICAS As bicamadas lipídicas possuem tendência inerente a serem extensas As bicamadas lipídicas podem fechar sobre si mesmas e formar vesículas As bicamadas lipídicas são auto selantes, pois um orifício na bicamada é energeticamente desfavorável INTERAÇÕES NÃO COVALENTES NAS BICAMADAS LIPÍDICAS Hidrofóbicas Forças atrativas de van der Waals Caudas hidrocarbonadas Atrações eletrostáticas Pontes de hidrogênio Cabeças polares - água Moléculas de água são liberadas das caudas hidrocarbonadas dos lipídeos quando essas caudas ficam seqüestradas no interior apolar da bicamada Transição de fases em bicamadas T< Tm bicamada organizada com cadeias alifáticas relativamente imobilizadas (conformação extendida máxima) área superficial/ lipídeo é mínima espessura da bicamada é máxima T>Tm fase líquida (mobilidade das cadeias alifáticas é intermediária entre os estados sólido e liquido dos alcanos). área superficial/ lipídeo aumenta espessura da bicamada diminui de 10 a 15 % Transição de fases em bicamadas 1. As transições de fases são sempre endotérmicas; o calor é absorvido enquanto a temperatura aumenta durante a transição 2. Fosfolipídeos apresentam temperaturas de transição de fase específica (Tm): aumenta com o comprimento da cadeia alifática, diminui com a insaturação e depende da natureza do grupo polar da cabeça 3. Em bicamadas de fosfolipídeos puros, a transição ocorre em faixa estreita de temperatura. Ex: Tm dimiristoilfosfatidilcolina = 0,2°C. 4. Membranas biológicas apresentam faixa larga de transição de fase e dependem fortemente da composição dos lipídeos e proteínas. Transição de fases em bicamadas 5. Para certas bicamadas de lipídeos, uma modificação no estado físico, chamada de pré-transição, ocorre de 5°a 15°C abaixo de Tm. Estas pré-transições envolvem inclinação das cadeias hidrocarbonadas 6. Geralmente a fase de transição está relacionada com modificação do volume. 7. A transição de fase da bicamada é muito sensível à presença de solutos que interagem com os lipídeos, tais como cations divalentes, substâncias lipossolúveis, peptídeos e proteínas Garrett, 1995 Proteínas Integrais (globulares) • Glicoforina • Imunoglobulinas • Receptores (eritrócitos) (linfócitos) (membrana plasmática) Proteínas Periféricas • Anquirina • Espectrina (eritrócitos), citoesqueleto (eritrócitos), citoesqueleto Proteínas integrais em bicamadas lipídicas são “solvatadas” pelos lipídeos através de interações hidrofóbicas entra a proteína e a cauda apolar dos lipídeos. Voet & Voet, 1995 Proteinas Integrais das Membranas Associação de proteínas integrais com os lipídeos da bicamada: α-hélice, folhas β, ligação covalente com lipídeos, interação não covalente com outras proteínas. Alberts et al., 1998 The Cell Proteínas Membranares Enzimas Transportadoras Estruturais Antígenos (histocompatibilidade) Receptores Retículo endoplasmático = 6~8 proteínas membranares Membrana plasmática > 100 proteínas membranares Alberts et al., 1998 The Cell Proteínas Membranares • Proteínas associam-se à bicamadas lipídicas de várias formas • Uma cadeia polipeptídica usualmente cruza a bicamada como um α-hélice • Proteínas membranares podem ser solubilizadas por detergentes e purificadas • A estrutura completa só é conhecida para umas poucas proteínas de membrana • A superfície da célula é revestida com carboidratos • Células podem restringir o movimento das proteínas membranares Membranas: Permeabilidade Seletiva • A membrana plasmática apresenta permeabilidade seletiva e age como uma barreira, mantendo, portanto,uma composição diferente entre o meio intracelular e extracelular. • A permeabilidade seletiva é devida à presença de proteínas que formam canais e bombas para íons e substratos; e por receptores específicos para moléculas sinalizadoras tais como hormônios. Disposição da glicoforina na bicamada da membrana plasmática de eritrócitos. Lehninger, 2000 Remoção de proteínas das membranas. Periféricas: pH, força iônica, remoção de Ca2+ por agentes quelantes, phospholipiase C. Integrais: detergente. Lehninger, 2000 Difusão Lateral de Proteínas nas Membranas Biológicas Figura 7. Restrição de difusão lateral da glicoforina em eritrócitos Lehninger, 2000 Estrutura das Membranas Biológicas Figura 8. Separação das bicamadas de fosfolipídeos das membranas pela técnica de criofractura Lehninger, 2000 Classificação e Nomenclatura de Fosfolipídeos Há várias maneiras de classificação: • Classes de fosfolipídeos • Forma ou tipo de ligação da cadeia alifática com o esqueleto fosfolipídico • Grupos da cabeça polar • Variabilidade da cadeia, em termos de n0 de átomos de Carbono, grau de insaturação, tipo duplas ligação, presença de anéis etc. Interações entre Componentes da Membrana • Formação de microdomínios • Volume livre na membrana Membranologia Moderna • Organização em longa ou curta escala da estrutura membranar versus função Transdução de Sinal e Expressão Gênica • PIP2 IP3 + diaglicerol (lipídeo) (hidrossolúvel) Seletividade para cabeça polar • Esfingomielina (diacilgliceróis e fosfatídeos) • Acido fosfatídico Seletividade para determinadas cadeias acilas • Fluidez e/ou separação lateral de fases nas membranas • A expressão de genes relacionados ao estresse ou genes que controlam a composição lipídica • A composição da membrana lipídica: regulação da função de proteínas celulares Efeitos do meio na composição da membranas (lipídeos) • • • • • • Dieta Distúrbios na homeostase Temperatura Desenvolvimento Modificações na composição lipídica Idade celular Transformação maligna Propriedades celulares Aterosclerose Eliminação das células apoptóticas Agregação e Organização de Lipídeos “Parâmetro de empacotamento” (Israelachvili et al., 1980) PP= V/a.lc • V= volume hidrofóbico • a= área superficial ocupada pela região polar do anfifílico na interface água-ar • lc= Comprimento da região hidrofóbica – Comprimento da cadeia hidrocarbonada (fosfolipídeos e glicerídeos) – Núcleo estoroidal (esteróides) Parâmetro: • PP~1 Moléculas cilíndricas • PP<1 Micelas • PP>1 Estruturas hexagonais inversas (fase II) • PP<<1 Esferas (vesículas) Bicamadas! Modificações • Temperatura Modificação PP • pH Modificação no estado de agregação • Força iônica do meio Predição da forma do agregado de anfifílicos em misturas • Estimação grosseira da formação de bicamadas em misturas de fosfolipídeos PE + CH (PP > 1) Liso-PC Gangliosídeos Ácidos graxos Liso-PC + AG cálculo do valor médio PP Σ PP n bicamada micelas bicamada Bicamada Lipídica (PP~1) • Interação anfifílica com íons ou moléculas polares Alteração PP Micelas • Fase lamelar Hexagonal Bicamada Lipídica (PP~1) • Simetria: quase planar cilíndrica periódica (tipo fase cúbica) • Cadeias hidrocarbonadas oposta (pode haver superposição) Bicamadas • Interação entre as cabeças polares – Pontes de Hidrogênio – Ligações iônicas • Repulsão entre as cabeças polares – Estérica – Eletrostática – Forças de hidratação Formação de Lipossomas • Dispersão de lipídeos em água (T >Tc) • Vesículas esféricas em bicamadas – Unilamelares (SUV) – Multilamelares (MLV) • MLV Lipossomas energia • SUV >40 nm lipídeos polares (+) >100 nm lipídeos polares (-) PE vesículas instáveis • Lipossomas SUV agregação/fusão tensão de empacotamento Conformações na Cadeia Alifática dos Lipídeos em Bicamadas • Fase em gel (Lβ): organizada configuração trans • Espessura de camada d1=1,27 nC de lipídeos (cadeia alifática) nC = numero de C por Cadeia Duplas ligações ~0,5 nm (cada =) ↓ o comprimento de cadeia hidrocarbonada Membranas Biológicas: Organização de Bicamadas • Fase fluida lamelar (Lα) • A orientação da desordem das cadeias aumenta não linearmente com os terminais das cadeias • Parâmetro de Ordem – Grau de insaturação da cadeia – Comprimento total das cadeias Substâncias que afetam a ordem (organização) das Membranas • Fluidez do interior da membrana é essencial: – Barreira para o transporte de solutos polares – Solvente para substâncias menos polares • Colesterol: • Peptídeos • Proteínas: alta afinidade com cadeias saturadas ↑ ou ↓ a ordem das membranas dependendo da forma e dimensão Região das Cabeças Polares e Adjacências • Função da Interfase membrana – solução em sistemas biológicos (diferentes extensões em diferentes sistemas biológicos) Comprimento PC = cabeça polar 0,5 nm (fosfato) 0,9 nm (glicerol) Região interfacial de 0,8 nm (no mínimo) PEG-lipídeos = 4 – 10 nm ou 15 nm (PEG 2000, PEG 5000) Glicocálix células eucarióticas = 10 nm Glicocálix de bactérias gram-negativas = > 10 nm • A região rica em proteínas e lipídeos próxima a superfície da membrana Transição suave entre o interior da membrana (livre de carga) e a fase externa (rica em carga– íons e eletrólitos, maior constante dielétrica) • ↑ espessura ↑ hidração da membrana ↓ eletrólitos na fase externa • Intumescimento: • Lipídeos muito polares e substâncias com cabeça polar longa • > interfase > intumescimento • Lipídeos pouco polares e substâncias com cabeça polar curta • < interfase < intumescimento • Adsorção de H2O e moléculas polares ↑ interfase => ↑ mobilidade das partes polares da moléculas • ↑T • alarga a região interfacial nas fases lamelar, sub-lamelar e não lamelar. • Interfase membrana – solução • • • • • (reconhecimento diferente) Segmentos de duas membranas diferentes Formação de complexo Reconhecimento seletivo Adaptação de moléculas “estranhas” Resposta imune Distribuição de Carga nas Membranas • Distribuição não uniforme de cargas na região superficial da membrana • Interfase = • Interior (núcleo) = ↑ polaridade (perfil dielétrico) ↓ polaridade • Mobilidade de cargas • (redistribuição) – Mobilidade – Entropia – Repulsão eletrostática superfície (interfase) Distribuição de cargas • A distribuição de cargas na interface difere daquela nas moléculas isoladas Aumento na parte mais externa da região interfacial • Interfaces de Membranas Biológicas (difícil modelagem) Propriedades eletrostáticas da extensa interface: • Várias regiões consecutivas com diferentes densidades de carga, comprimento, polaridade,.... Propriedades Eletrostáticas das Membranas • A maioria das membranas biológicas são carregadas com cargas negativas Potencial eletrostático de superfície • Potencial zeta = mobilidade eletroforética de cargas • Medidas: – zeta potenciômetro => eletroforese – Zeta-sizer => espectroscopia de correlação de fótons – Sondas de Fluorescência => Ex. HC (7-heptadecil-7hidroxicumarina) Hidratação da Membrana • Região hidratada ~0,1 a 0,3 nm Superfície de hidratação × polaridade • Bicamada H2O => unidade termodinâmica que reage consistentemente às variações externas. ~10 nm (2 ou 3 moléculas) • Modificação na hidratação da membrana == Mudança na estrutura • Estresse osmótico == adaptação morfológica da membrana Hidratação • Hidratação modificação na conformação da cabeça polar dos lipídeos • ↑ Volume exposição • ↑ Velocidade • ↑ Motilidade Cabeça polar Exposição subfase aquosa Hidratação × Estabilidade Física e Química das Membranas • A sub fase aquosa é a fonte de espécies reativas de Oxigênio (ROS) – Oxidação de lipídeos • Radiação ionizante Prevenção da oxidação • Lipídeos em solventes orgânicos (<0oC) • Lipídeos – PEG • Lipídeos – H2O => – estabilidade de suspensões membranares • Moléculas de H2O (raras) na bicamada => – Instabilidade da membrana Desidratação da Membrana • Ligação de solutos • Presença de lipídeos – PEG – Desidratação da cabeça polar – Aumento da hidratação da cadeia conjugada com o PEG Curvatura da Membrana • Arranjo molecular de misturas de lipídeos – Composição local – Curvatura da bicamada • A não uniformidade lateral da membrana transformações locais de membranas ou na forma das vesículas • Lipídeos mais polares ( força de repulsão na parte hidrofílica) – Concentração na região de alta curvatura negativa • Lipídeos com caráter predominantemente hidrofílico – Acumulam-se em regiões da membrana com curvatura de superfície positiva Forças e Fatores Envolvidos na Formação de Membranas • 1. Interações proteínas – lipídeos • Estado fluido da membrana => – fase de cristal liquido bidimensional • Incorporação de macromoléculas – (DNA e proteínas) Forças e Fatores Envolvidos na Formação de Membranas • 1. Interações proteínas – lipídeos • Deformações na bicamada: – Rearranjos locais – Separação dos diferentes componentes da membrana • Domínios de lipídeos carregados – Interações eletrostáticas – Composição heterogênica de lipídeos na membrana • Incorporação de proteína integral hidrofóbica na membrana adjacente – Deformações elásticas do meio lipídico • Se a dP >dB (espessura da proteína) > (espessura da bicamada) A bicamada lipídica será “esticada” para evitar a exposição das regiões hidrofóbicas das proteínas para a fase aquosa • Se a dP = dB (espessura da proteína) = (espessura da bicamada) A proteína rigidamente ligada => diminuição da entropia conformacional da cadeia lipídica circundante Formação de domínio lateral por peptídeos pequenos de caráter básico Interações eletrostáticas • Substrato para proteína C-quinase (membrana de macrófagos) • MARCKs (rico em alanina miristoilada) • Agregação de MARCKs na superfície da membrana – Migração de lipídeos + para regiões abaixo – Formação de domínios laterais importantes na transdução de sinais Exemplo • PIP2: Seqüestrados em domínio PS • PLC (fosfolipase): Excluída do domínio PS • MARCKs –proteína-quinase P (fosforilação) – Dissociação de MARCKs da bicamada PLC PIP2 IP3+DAG Exposição de PIPI2 a PLC Formação de domínios em vesículas fosfolipídicas por peptídeos ++ Estado de ENERGIA MÍNIMA (Ganho de energia > perda de energia) • a) repulsão eletrostática entre lipídeos (-) que migraram para o domínio • b) repulsão eletrostática entre peptídeos (+) que formam o domínio • c) O domínio da entropia da mistura “lipídeos e peptídeos” IMPORTÂNCIA – Terapia Gênica – Catiônicos – Lipossomas contendo DNA Métodos de Estudo • RMN (deuterium) • Espectroscopia RMN bidimensional de próton associada ao ângulo de rotação mágico (MAS) – MAS NOESY Colesterol – Microdomínios lipídicos – Organização dependente de: • Cabeça polar • Insaturação da cadeia