Membrana Celular: Estrutura, Especializações e Fisiologia Como e para quê ????? Membranas Celulares Essenciais para a vida das células Membrana Plasmática • Define seus limites • Mantém as diferenças essenciais entre o citosol e o meio extracelular • Define as organelas celulares: • • • • • • • R. Endoplasmático Complexo de Golgi Mitocôndrias Lisossomos Cloroplastos Peroxissomos Envoltório Nuclear M.L. Não é capaz de revelar, diretamente, a presença da membrana. Espessura abaixo do poder de resolução Túbulo seminífero de Triatoma infestans M.E. Acúmulo de informações indiretas sobre a membrana Experimentos fisiológicos SILISTINO-SOUZA, 2010 Funções da Membrana Celular 1. Transporte de substâncias necessárias ao crescimento e a renovação das estruturas celulares. 2. Transferência de informações (hormônios → modificação da atividade celular) 3. Transferência de estímulos físico-químicos (excitabilidade) Papel da membrana na análise de informações: a) Mecanismo de reconhecimento celular b) Inibição por contato c) Suporte de atividades enzimáticas diversas d) Fixação de substâncias medicamentosas e) Fixação de vírus, toxinas ou células f) Transferência de informações extracelulares III – Modelo Molecular da Membrana Celular A membrana plasmática é visualizada, após a fixação por métodos convencionais em ME: 2 camadas osmiófilas → afinidade pelo tetróxido de ósmio 1 camada osmiófoba Histórico Evidências indiretas: Overton (1902) → membrana plasmática era composta de uma delgada camada de lipídeos (baseado no fato de que as substâncias solúveis em solventes para lipídios penetram na membrana plasmática). → eritrócitos hemolisados (camada dupla de moléculas lipídicas). → bicamada lipídica no interior + proteínas aderidas a ambas as superfícies. → modelo da Unidade de Membrana Estrutura trilaminar → 3 camadas: densa – clara – densa → modelo do Mosaico Fluido Primeiras observações ao ME → estrutura formada por 3 camadas com duas camadas densas externas de 2nm cada uma + uma intermediária de aproximadamente 3,5nm. Zona clara → cadeias de hidrocarbonetos dos lipídios Camadas densas → proteínas de ambos os lados • Não eram observadas as pontes claras que atravessam a bicamada lipídica. • Técnicas de criofratura da membrana do eritrócito → numerosas partículas no plano de clivagem da membrana. Esquema de criofratura (Roberts) Modelo do Mosaico Fluido Concorda com todos os dados experimentais conhecidos. Modelo formado por uma bicamada de lipídios formando um fluído viscoso onde se inserem as proteínas (extrínsecas e intrínsecas). Aplicado a todas as membranas celulares (Mitocôndrias, Cloroplastos, Retículo Endoplasmático, Aparelho de Golgi, Envoltório Nuclear). Modelo Atual – Singer & Nicholson (1972) Modelo do Mosaico Fluido a) Um duplo folheto de lipídios, cujos grupos polares ocupam a face externa e a face interna da membrana, e as cadeias de carbono dirigem-se perpendicularmente para a superfície dos 2 folhetos, no espaço que separa os grupos polares. b) Proteínas intrínsecas (70%) → fortemente ligadas à membrana. - Extração → tratamentos drásticos (detergentes, sais biliares, solventes orgânicos) São anfipáticas: pólo hidrofílico (fase aquosa extracelular) e parte interna hidrofóbica (mergulhada na camada lipídica) c) Proteínas extrínsecas ou periféricas (30%) → fracamente ligadas à superfície (forças eletrostáticas ou ligações hidrófobas) Modelo do Mosaico Fluido (S.J. Singer & G. Nicholson, 1972) Composição Química: Lipídios Moléculas mais numerosas das membranas: 50/1 em relação às proteínas Principais: Fosfolipídios, Esfingolipídios e Colesterol Fosfolipídios são fosfoglicerídeos de natureza anfipática (cabeça polar e cauda apolar) Cauda é formada por dois ácidos graxos de cadeia longa, onde um deles é saturado e outro insaturado Fosfolipídios Colesterol Esfingolipídios Glicolipídeos Propriedades dos Lipídios de Membrana Por ser anfipáticos, os lipídios em contato com o meio aquoso formam estruturas complexas de compartimentalização de meios (interno e externo) Monocamadas Lipossomos Bicamada das Membranas Características da Membrana Celular • Assimetria (parcial para lipídios) • Fluidez • Movimento (mobilidade de fosfolipídios): rotação, translação e “flip-flop” (raro) Alterações da Membrana Celular no eritrócito esquema dos movimentos de paciente com p.480. anemiafig.10-6) falciforme Alberts Modificado de Frenette; Atweh, 2007 Proteínas Na dependência do grau de associação com a bicamada lipídica, as proteínas podem ser extrinsecas, integrantes ou transmembrânicas Proteínas Intrínsecas Maioria das enzimas da membrana Antígenos Proteínas transportadoras Receptores para hormônios e drogas Eritrócitos “Fantasmas“ Banda III PM 93.000 Forma dímeros Sítio de translocação dos ânios Principal proteínas intrínsecas Espectrina α(240Kda) β (220 Kda) Dímeros e tetrâmeros Anquirina (banda 2.1.) Glicoforina Atravessa a MP 55 000PM 60% de carboidratos Proteínas x Camada lipídica 6 modos pelos quais as proteínas da membrana associam-se com a bicamada lipídica. 1. Única α-hélice 2. Múltiplas α-hélice 3. Único lipídio ligado covalentemente a uma proteína 4. Fosfolipídio de < concentração (fosfatidilinositol) 5. Interações não covalentes 6. Com outras proteínas CARBOIDRATOS • Camada de hidratos de carbono (polissacarídeos) + proteínas • Em todas as células: a) Glicolipídios → lipídios + carboidratos b) Glicoproteínas → proteínas + carboidratos Ex: fibronectina (↑ P.M.) • Algumas células especiais: c) Glicosaminoglicanas (unidades repetitivas de dissacarídeos). Ex: proteoglicanas (associadas com proteínas) - células cartilaginosas e ósseas -Lâminas basais dos epitélios - camada gelatinosa dos ossos de peixes e anfíbios - parede celular das células vegetais Principais Glicosaminoglicanas e suas Unidades Dissacarídicas Repetitivas Glicosaminoglicanas Unidade dissacarídica Ácido hialurônico Ácido D-glicurônico; N-acetil-D-glicosamina Condroitina Ácido D-glicurônico; N-acetil-D-galactosamina Condroitinossulfato A Ácido D-glicurônico; N-acetil-D-galactosamina 4-sulfato Dermatan sulfato Ácido L-idurônico; N-acetil-D-galactosamina 4-sulfato Queratan sulfato D-galactose; N-acetil-D-glicosamina 6-sulfato GLICOCÁLIX • Cobertura da membrana celular • Características: - 10 a 20nm de espessura - Contato direto com a superfície externa da membrana plasmática - Contém: a) Cadeias laterais dos oligossacarídeos de glicolipídios e glicoproteínas integrais da membrana b) Cadeias de polissacarídeos dos proteoglicanos integrais da membrana - Produto de secreção da célula - Constantemente renovado (reciclagem ativa) → desprendem-se do meio Principais funções do glicocálix FILTRAÇÃO: capilares sangüíneos (glomérulo renal); tecido conjuntivo. MICROAMBIENTE CELULAR PARTICULAR: muda a carga elétrica; pH. RECONHECIMENTO CELULAR: rejeição de células estranhas (transplantes) → histocompatibilidade; (neurônios estabelecem contatos com muitos → circuito de grande complexidade) INIBIÇÃO POR CONTATO: células cancerosas PROTEÇÃO DA MEMBRANA PLASMÁTICA Glicocálix – Inibição por contato Parede das Células Vegetais (Parede Celular):Composição Química Estrutura semi-rígida que envolve a membrana plasmática das células vegetais Cadeias retilíneas de polissacarídeos constituídas por unidades de glicose Envolvida com a Biologia da Planta Polissacarídeos Morfologia Crescimento Desenvolvimento Interação com pragas e doenças: barreira contra invasão de vírus, bactérias, etc. Pectina Hemicelulose Lignina Não é uma estrutura estática! Especializações da Membrana: diferenciação estrutural ou uma transformação morfológica – confere à célula uma função particular. ESPECIALIZAÇÕES DA MEMBRANA Especializações Apicais Especializações Laterais microvilosidades, estereocílios e cílios junções celulares: 1. junção bloqueadora: zônula ocludens 2. junção ancoradoura: desmossomos, zônula de adesão e interdigitações 3. junção comunicante: nexus Especializações Basais hemidesmossomos, Invaginações ou reentrâncias A classificação das especializações leva em conta a polaridade das células epiteliais Especializações Apicais As especializações apicais de membrana são digitiformes e estão relacionadas principalmente com o aumento da superfície de trocas entre a célula e o meio (Absorção e secreção) Estereocílios Microvilosidades Cílios e flagelos Epidídimo Intestino Traquéia/espermatozóide Especializações Apicais - Microvilosidades Microvilosidades Microvilosidades Expansões citoplasmáticas cilíndricas limitadas pela membrana citoplasmática apical. Importante: fenômenos de absorção Função: aumentam a superfície da membrana plasmática a) Microvilosidades isoladas b) Microvilosidades agrupadas Células do intestino – borda estriada – (brush border) Especializações Apicais - Estereocílios Longas expansões citoplasmáticas “imóveis”. Funções estereocílios - Transporte de espermatozóides - Absorção de material citoplasmático das espermátides - Guiam a evacuação do produto de secreção - Vitalidade dos espermatozóides - Mobilidade Especializações Apicais – Cílios/flagelos Diferenciações da superfície livre das células que se relacionam a movimento: - Deslocamento da célula - Movimento do meio líquido ao redor da célula traquéia Atividade mecânica celular Gasto de energia (consumo de ATP) Movimento ciliar espermatozóides ESPECIALIZAÇÕES LATERAIS (JUNÇÕES) 1. Junções bloqueadoras 2. Junções Ancoradouras 3. Junções comunicantes 2 ESPECIALIZAÇÕES LATERAIS Junções bloqueadoras ou compactas – (Tight Junctions) Selam as células unidas numa camada epitelial para impedir o vazamento de moléculas através do epitélio e dos espaços entre as células. As proteínas que constituem as junções bloqueadoras são as claudinas e as ocludinas Especializações Laterais Junções Ancoradouras ou Aderentes – Adherens junctions Conectam mecanicamente uma célula a outra célula adjacente e à matriz extracelular. Sítios de ligação aos filamentos de actina a) Célula-célula (cintos de adesão) b) Célula-matriz (contatos focais) c) Junções septantes (invertebrados) Sítios de ligação a filamentos intermediários a) Célula-célula (desmossomos) b) Célula-matriz (hemi-desmossomos) Junções Ancoradouras – Sítios de ligação aos filamentos de actina a) Célula-célula (cintos de adesão) Junções Ancoradouras –Sítios de ligação aos filamentos de actina b) Célula-matriz (contatos focais) Junções Ancoradouras – Sítios de ligação aos filamentos de actina c) Junções septantes (invertebrados) As proteínas que constituem as junções septadas são as chamadas “Discs-large proteins”, que se ligam aos filamentos de actina. intermediários Junções Ancoradouras – Sítios de ligação aos filamentos caderinas Placa protéica de ancoragem a) Célula-célula (desmossomos) Desmossomos são junções de adesão do tipo Macula (pontuais). Adesão Intercelular. Light microscopy – phase contrast Junções Ancoradouras – Sítios de ligação aos filamentos intermediários b) Célula-matriz (hemi-desmossomos): especialização basal Os hemidesmossomos fazem a adesão célula-matriz e se associam a tonofilamentos Junções Ancoradouras – Hemidesmossomos Especializações Laterais Junções Comunicantes – Gap junctions Medeiam a passagem de sinais elétricos ou químicos de uma célula a outra em interação. Junções Comunicantes – Gap junctions Junções do tipo “fenda” Sinapses químicas criofratura Célula hepática, MET coloração negativa Especializações Laterais Junções Comunicantes – Plasmodesmos Comunicação específica entre células vegetais adjacentes Pontes de material citoplasmático Circulação livre de líquidos/intercâmbio de solutos e macromoléculas JUNÇÕES CELULARES EM CÉLULAS EPITELIAIS EM CULTURA Fisiologia das Biomembranas: através da membrana 1-Transporte de moléculas ou íons isoladamente A- Difusão Passiva ou Facilitada A1- Penetração de substâncias por força de gradiente A2- Proteínas transportadoras de membranas ∗ Proteínas carreadoras ∗ Proteínas canal B- Transporte Ativo 2-Transporte de grande quantidade de moléculas A- Endocitose: Pinocitose, Fagocitose B- Exocitose transporte Transporte através da membrana Osmose → movimento da água na direção que tende a igualar as concentrações de substâncias dissolvidas em cada lado da membrana. Mantém em equilíbrio a pressão osmótica (PO) dos líqüidos dos meios intracelular e intersticial Isotônica: PO é ≅ à do líqüido intracelular (citoplasma aderido à membrana) Hipertônica: PO é > que a das células. Solução é + concentrada que a da célula (citoplasma não aderido à membrana). Hipotônica: PO é < que a das células. Solução é – concentrada que a da célula (entra água → célula “incha” → lise celular). - Plasmólise: sai água da célula para o meio extracelular - Deplasmólise: entra água do meio extracelular na célula OSMOSE Eritrócitos Proteínas transportadoras de membranas: Proteínas Carreadoras (permeases): - ligam um soluto específico a um substrato; - sofrem mudanças conformacionais; - transferem o soluto. Proteínas transportadoras de membranas: proteínas canal (porofixo) - não necessitam ligar o soluto - várias subunidades protéicas (oligômeros) - poros hidrofílicos - poros abertos → solutos passam e cruzam a membrana - mecanismo + provável → > velocidade e < gasto de energia PROTEÍNA CARREADORA PROTEÍNA CANAL 1. Transporte de moléculas e íons isoladamente A- Difusão passiva ou facilitada → sem consumo de energia • Algumas substâncias passam para o meio interno e externo da célula por simples DIFUSÃO → processo físico baseado no movimento aleatório. A.1. DIFUSÃO PASSIVA: penetração de substâncias por força do gradiente de concentração • Fatores que interferem na velocidade de penetração das substâncias: - tamanho das moléculas - solubilidade nos lipídios • Moléculas lipossolúveis → quanto + solúveis → + rápida penetração A.2. DIFUSÃO FACILITADA : sem consumo de energia Proteínas transmembrana → cadeias polipeptídicas atravessam a membrana múltiplas vezes (solutos hidrofílicos específicos cruzam a membrana sem entrar em contato direto com o interior hidrofóbico da bicamada lipídica. proteínas transportadoras de membranas Gradiente de concentração favorável Membranas celulares permitem a passagem de várias moléculas polares pequenas sem carga (água, uréia, glicerol) e moléculas hidrofóbicas (O2, CO2, N2, benzeno). - íons Em uma bicamada lipídica sintética - açúcares passam apenas lentamente. - aminoácidos - nucleotídeos Proteínas especiais da membrana transferem esses solutos através das membranas celulares: Transporte Ativo Quando a permease (proteína carreadora ou transportadora) atua movimentando solutos contra um gradiente favorável. •Muitas substâncias são requeridas pela célula em concentrações maiores do que aquelas presentes no exterior celular. • Estas moléculas são transportadas para o interior celular pelo mecanismo de TRANSPORTE ATIVO. • Partículas são bombeadas de uma região de baixa concentração para um região de alta concentração. Transporte Ativo 1. Ciclo de bombeamento da Na+ K+ - (Bomba de Na+ - K+): • Proteínas transmembranas sofrem uma série de alterações conformacionais que capacitam a troca de sódio por potássio através da membrana. • Bomba Na+ K+ → requerem ENERGIA → liberada pela molécula de ATP através da ATPase dependente de Na+ e K+ (hidrólise ATP → ADP) • Energia é transferida do ATP para as proteínas bombeadoras por ligações covalentes de um dos fosfatos do ATP com a proteína. • No final do processo, o fosfato é removido. Ex: Insulina Troca desigual: entram 2 íons K+ saem 3 íons Na+ Transporte ativo - bomba de sódio e potássio 2 K: dentro da célula ADP + P 3 Na: fora da célula 1 ATP Bomba sódio/potássio: gasta 1 ATP (conversão da bola verde em duas bolas azul claro) e transporta 3 Na para fora da célula e 2 K para dentro da célula. TIPOS DE TRANSPORTE ATRAVÉS DA MEMBRANA PLASMÁTICA 2. Transporte de grande quantidade de moléculas A - Endocitose Pinocitose Fagocitose B - EXOCITOSE Legenda: Processo de endocitose por fagocitose. FIM