28/5/2014
Índios, professores, rodoviários e médicos. Mais um dia de protestos | Politica | Edição Brasil no EL PAÍS
POLÍTICA
Índios, professores, rodoviários e médicos. Mais um dia de
protestos
Em Brasília, indígenas entram em confronto com a polícia
No Rio, o transporte deve parar por 24 horas
MARINA ROSSI
São Paulo
Arquivado em:
Copa do Mundo 2014
Relações trabalhistas
Esportes
27 MAI 2014 - 20:35 BRT
Protestos sociais
Educação
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Algumas cidades brasileiras foram
palco, mais uma vez, de
manifestações nesta terça-feira.
Tendo a Copa do Mundo como alvo
principal, manifestantes de diferentes
categorias – de indígenas a
rodoviários – foram às ruas reivindicar
suas causas e criticar a realização do
Mundial no Brasil.
Em Brasília, 2.500 pessoas, segundo
a Polícia Militar, entre índios de
diversas etnias, trabalhadores sem
teto e movimentos sociais contrários à
realização da Copa do Mundo, foram
Policias em confronto com os índios nesta terça-feira. / J. A LVES (REUTERS)
para as ruas com uma lista de
reivindicações. Entre elas: a retomada
de demarcações de terras indígenas, moradia para as pessoas que foram removidas das
áreas de construção dos estádios, revogação da lei que concede isenção fiscal à FIFA e suas
parceiras comerciais, desmilitarização da polícia e fim da repressão aos movimentos sociais,
entre outras causas.
Os indígenas foram até Brasília para participar da Mobilização Nacional Indígena, que se
estende até esta quinta-feira 29. Segundo a Articulação dos Povos Indígenas do Brasil (Apib),
os índios se juntaram aos manifestantes por “considerarem que esta é uma causa de todos os
brasileiros”, segundo informava o site da entidade.
A concentração ocorreu na Rodoviária Plano Piloto e de lá os manifestantes marcharam na
direção do Estádio Nacional de Brasília, um dos estádios que receberão os jogos e onde
estava a Taça da Copa em exposição. Por medidas de segurança, a Taça foi retirada do local.
No caminho, houve confronto com a polícia, que usou bombas de efeito moral, gás
lacrimogêneo e balas de borracha contra os participantes do ato. Segundo a Polícia Militar, 700
PMs estavam presentes. Os índios tentaram se defender usando arco e flecha e, segundo a
PM, um policial foi atingido por uma flecha e ficou levemente ferido. Por outro lado, de acordo
com a Apib, seis lideranças indígenas foram atingidas por balas de borracha, entre eles uma
mulher do povo Pankararu. Um fotógrafo da agência Reuters sofreu ferimento na perna por
resquícios de uma bomba de efeito moral e um padre que acompanhava o povo Xerente foi
atingido na mão por uma bala de borracha, segundo informações da Apib. Ainda segundo a
entidade, uma pessoa foi presa.
Embora a Copa do Mundo tenha virado a razão para diversas categorias se colocarem nas
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ruas, alguns setores da sociedade têm, todos os anos, um calendário de mobilização, tenha
Copa ou não. A Mobilização Nacional Indígena, por exemplo, é um movimento anual de
reivindicação dos direitos indígenas. Todos os anos índios de diferentes etnias vão a Brasília
reivindicar suas causas. As greves de categorias como a dos professores e servidores
públicos são comumente repetidas nos períodos próximos à negociação do dissídio e, mais
ainda, em ano eleitoral.
Professores
Em São Paulo, os professores e gestores da rede municipal de educação seguem em greve
há 35 dias e, nesta terça-feira, também foram às ruas. Os manifestantes partiram do MASP no
início da tarde, fecharam parte da Avenida Paulista e seguiram em direção ao Viaduto do Chá,
em frente à sede da Prefeitura. No total, segundo a Polícia Militar, 2.300 pessoas participaram
das manifestações.
Os profissionais reivindicam a incorporação imediata do aumento salarial de 15,38% anunciado
pela Prefeitura que, por sua vez, afirma que só poderá conceder a incorporação a partir do ano
que vem.
Além dos profissionais da rede municipal, professores, funcionários e estudantes das três
universidades paulistas – USP, Unicamp e Unesp - decretaram greve nesta terça-feira. A razão
da paralisação foi porque o Conselho de Reitores das Universidades Estaduais Paulistas
(Cruesp) propôs não reajustar os salários dos servidores devido ao comprometimento do
orçamento das entidades com a folha de pagamento: 105% do orçamento da USP, 97% da
Unicamp e 95% do orçamento da Unesp são engolidos pelos salários.
Rodoviários
No Rio de Janeiro, os trabalhadores do setor rodoviário (motoristas e cobradores de ônibus)
decidiram entrar em greve de 24 horas a partir da meia-noite desta terça. Uma nova assembleia
deve ser realizada na sexta-feira 30 para decidir o próximo passo.
A assembleia foi realizada depois de uma passeata que fechou a pista central da Avenida
Presidente Vargas. Depois, o grupo marchou rumo à Central do Brasil.
Médicos
Em Belo Horizonte, os médicos da rede municipal decidiram fazer uma paralisação de 48 horas
em todos os centros de saúde a partir desta terça-feira. Em três semanas, essa é a terceira
paralisação da categoria na capital mineira. De acordo com o Sindicato dos Médicos do Estado
de Minas Gerais, os profissionais reivindicam melhores condições de trabalho.
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