HUMANAS
INSTRUÇÃO: Leia o texto a seguir, que servirá de base para respostas a questões de
História, Geografia e Língua Portuguesa.
A retirada da Laguna
Formação de um corpo de exército incumbido de atuar, pelo norte, no alto Paraguai –
Distâncias e dificuldades de organização.
Para dar uma idéia aproximada dos lugares onde ocorreram, em 1867, os acontecimentos relatados a seguir, é necessário lembrar que a República do Paraguai, o Estado
mais central da América do Sul, após invadir
e atacar simultaneamente o Império do Brasil e a República Argentina em fins de 1864,
encontrava-se, decorridos dois anos, reduzida
a defender seu território, invadido ao sul pelas forças conjuntas das duas potências aliadas, às quais se unira um pequeno contingente de tropas fornecido pela República do Uruguai.
Do lado sul, o caudaloso Paraguai, um
dos afluentes do rio da Prata, oferecia um
1
acesso mais fácil até a fortaleza de Humaitá,
que se transformara, graças à sua posição especial, na chave de todo o país, adquirindo,
nesta guerra encarniçada, a importância de
2
Sebastopol na campanha da Criméia.
Do lado da província brasileira de Mato
Grosso, ao norte, as operações eram infinitamente mais difíceis, não apenas porque milhares de quilômetros a separam do litoral do
Atlântico, onde se concentram praticamente
todos os recursos do Império do Brasil, como
também por causa das cheias do rio Paraguai, cuja porção setentrional, ao atravessar
regiões planas e baixas, transborda anualmente e inunda grandes extensões de terra.
O plano de ataque mais natural, portanto, consistia em subir o rio Paraguai, a partir
da República Argentina, até o centro da República do Paraguai, e em descê-lo, pelo lado
brasileiro, a partir da capital de Mato Grosso,
Cuiabá, que os paraguaios não haviam ocupado.
Esta combinação de dois esforços simultâneos teria sem dúvida impedido a guerra
de se arrastar por cinco anos consecutivos,
mas sua realização era extraordinariamente
difícil, em razão das enormes distâncias que
teriam de ser percorridas: para se ter uma
idéia, basta relancear os olhos para o mapa
da América do Sul e para o interior em grande parte desabitado do Império do Brasil.
No momento em que começa esta narrativa, a atenção geral das potências aliadas estava, pois, voltada quase exclusivamente
para o sul, onde se realizavam operações de
guerra em torno de Curupaiti e Humaitá. O
plano primitivo fora praticamente abandonado, ou, pelo menos, outra função não teria senão submeter às mais terríveis provações um
pequeno corpo de exército quase perdido nos
vastos espaços desertos do Brasil.
Em 1865, no início da guerra que o pre3
sidente do Paraguai, López, sem outro motivo que a ambição pessoal, suscitara na
América do Sul, mal amparado no vão pretexto de manter o equilíbrio internacional, o
Brasil, obrigado a defender sua honra e
seus direitos, dispôs-se resolutamente à
luta. A fim de enfrentar o inimigo nos pontos onde fosse possível fazê-lo, ocorreu naturalmente a todos o projeto de invadir o
Paraguai pelo norte; projetou-se uma expedição deste lado.
Infelizmente, este projeto de ação diversionária não foi realizado nas proporções que
sua importância requeria, com o agravante de
que os contingentes acessórios com os quais se
contara para aumentar o corpo de exército
expedicionário, durante a longa marcha através das províncias de São Paulo e de Minas
Gerais, falharam em grande parte ou desapareceram devido a uma epidemia cruel de varíola, bem como às deserções que ela motivou.
O avanço foi lento: causas variadas, e sobretudo a dificuldade de fornecimento de víveres, provocaram a demora.
história 2
Só em julho pôde a força expedicionária
4
organizar-se em Uberaba , no alto Paraná (a
partida do Rio de Janeiro ocorrera em abril);
contava então com um efetivo de cerca de
3 mil homens, graças ao reforço de alguns batalhões que o coronel José Antônio da Fonse5
ca Galvão havia trazido de Ouro Preto.
Não sendo esta força suficiente para tomar a ofensiva, o comandante-em-chefe, Manoel Pedro Drago, conduziu-a para a capital
de Mato Grosso, onde esperava aumentá-la
ainda mais. Com esse intuito, o corpo expedicionário avançou para o noroeste e atingiu as
margens do rio Paranaíba, quando lhe chegaram então despachos ministeriais com a ordem expressa de marchar diretamente para o
distrito de Miranda, ocupado pelo inimigo.
No ponto onde estávamos, esta ordem tinha como conseqüência necessária obri6
gar-nos a descer de volta até o rio Coxim e
em seguida contornar a serra de Maracaju
pela base ocidental, invadida anualmente pelas águas do caudaloso Paraguai. A expedição
estava condenada a atravessar uma vasta região infectada pelas febres palustres.
7
A força chegou ao Coxim no dia 20 de
dezembro, sob o comando do coronel Galvão, recém-nomeado comandante-em-chefe
e promovido, pouco depois, ao posto de brigadeiro.
Destituído de qualquer valor estratégico,
o acampamento de Coxim encontrava-se pelo
menos a uma altitude que lhe garantia a salubridade. Contudo, quando a enchente to-
mou os arredores e o isolou, a tropa sofreu ali
cruéis privações, inclusive fome.
Após longas hesitações, foi necessário,
enfim, aventurarmo-nos pelos pântanos pestilentos situados ao pé da serra; a coluna ficou exposta inicialmente às febres, e uma das
primeiras vítimas foi seu infeliz chefe, que
expirou às margens do rio Negro; em seguida,
arrastou-se depois penosamente até o povoa8
do de Miranda.
Ali, uma epidemia climatérica de um
9
novo tipo, a paralisia reflexa, continuou a dizimar a tropa.
Quase dois anos haviam decorrido desde
nossa partida do Rio de Janeiro. Descrevêramos lentamente um imenso circuito de 2112
quilômetros; um terço de nossos homens perecera.
(VISCONDE DE TAUNAY (Alfredo
d’Escragnolle-Taunay). A retirada da Laguna –
Episódio da guerra do Paraguai. Tradução de
Sergio Medeiros. São Paulo: Companhia das
Letras, 1997. p. 35 a 41.)
Questão 1
O texto descreve um episódio da guerra entre
a Tríplice Aliança e o Paraguai, ocorrida de
1865 a 1870. Mencione um dos pontos de vista do autor a respeito das causas do conflito.
Se concordar com ele, justifique-o historicamente; caso discorde, apresente outra versão
do fato.
NOTAS DA EDIÇÃO ADOTADA
(1) Humaitá e Curupaiti, situadas às margens do rio Paraguai, constituíam o mais forte obstáculo fluvial
no caminho da esquadra brasileira para atingir Assunção a partir de Corrientes, na Argentina. Este complexo de empecilhos fluviais foi vencido em 15 de fevereiro de 1868. (Nota do tradutor) (2) Sebastopol, um
importante porto militar da Ucrânia, resistiu por onze meses, em 1854, ao ataque da França, Inglaterra e
Turquia, durante a guerra da Criméia, que opôs os três países citados à Rússia czarista. (Nota do tradutor) (3) Francisco Solano López (1826-1870) era filho do ditador Carlos Antonio López, que governou o Paraguai entre 1840 e 1862. Foi educado no Paraguai e na Europa, e, ao retornar a seu país, passou a colaborar com o pai, tornando-se logo ministro da Guerra e da Marinha. Subiu ao poder em 1862. Em 1870,
foi morto por tropas brasileiras. (Nota do tradutor) (4) A 594 quilômetros do litoral do Atlântico. (Nota
original do autor) (5) Capital da província de Minas Gerais. (Nota original do autor) (6) Coxim é também
o nome dado ao ponto de confluência dos rios Taquari e Coxim. (Nota do tradutor) (7) 18° 33’ 58” lat. S. –
32° 37’ 18” long. da ilha de Fer (astrônomos portugueses). (Nota original do autor) (8) A 396 quilômetros
ao sul do Coxim. Essas duas localidades pertencem à província de Mato Grosso e estão a cerca de 1522
quilômetros do litoral. (Nota original do autor) (9) Este mal, de natureza palustre, é conhecido no Brasil
sob o nome de beribéri. (Nota original do autor)
história 3
Resposta
Segundo o texto, “a República do Paraguai (...)
após invadir e atacar simultaneamente o Império
do Brasil e a República Argentina (...) no vão pretexto de manter o equilíbrio internacional, o Brasil,
obrigado a defender sua honra e seus direitos,
dispôs-se resolutamente à luta.” Ou seja, para o
autor, a causa do conflito resulta da agressão militar do Paraguai ao Brasil e à Argentina.
De uma perspectiva mais ampla, pode-se afirmar
que o conflito está associado a uma questão que
era vital para o Brasil na época e corroborada
pelo próprio texto do Visconde de Taunay. O melhor acesso possível que então existia a partir da
capital do país para o Mato Grosso era por via
marítima, que envolvia a navegação em direção
ao sul, visando atingir o estuário do Prata, alcançar o rio Paraguai em direção às suas nascentes
para finalmente, via o afluente do rio Paraguai, o
rio Cuiabá, atingir a capital da província, Cuiabá.
Ora, Solano López, em represália à deposição do
seu aliado, o presidente do Uruguai Atanásio Cruz
Aguirre, proíbe a navegação pelo rio Paraguai e
captura o navio Marquês de Olinda, que conduzia
o novo presidente da província do Mato Grosso.
Para o governo brasileiro, tratava-se fundamentalmente de garantir a livre-navegação dos rios da
bacia do Prata, daí o conflito.
Entretanto chegou a existir uma bibliografia relativamente extensa que se aproxima de uma "teoria
conspiratória da história", segundo a qual a motivação da guerra estaria associada ao fato de que
o Paraguai, sob a ditadura de Francia e depois de
López, teria condições de possuir um crescimento
industrial autônomo, o que viria a significar um desafio ao imperialismo britânico na América Latina.
Segundo essa versão, Brasil, Argentina e Uruguai
teriam sido "testas de ferro" do imperialismo britânico, com a finalidade de destruir a "indústria paraguaia", conforme relata, por exemplo, José Júlio
Chiavenatto.
Face às fontes disponíveis, podemos afirmar que
o envolvimento militar do Brasil na região teve
como finalidade assegurar a livre-navegação dos
rios da bacia do Prata.
Deve-se observar também que há o argumento
do lado paraguaio. López era aliado de Atanásio
Cruz Aguirre, governante uruguaio, o que estabelecia um equilíbrio de forças na região, enquanto
o Brasil e a Argentina de Bartolomeu Mitre eram
aliados.
A deposição de Aguirre rompera esse equilíbrio,
daí a afirmação de Taunay de que López, "mal
amparado no vão pretexto de manter o equílibrio
internacional", toma a iniciativa do conflito.
Questão 2
De que forma a Guerra do Paraguai concorreu para o aumento da participação dos militares na política brasileira e para a crise do
regime monárquico, com a conseqüente campanha republicana?
Resposta
Pode-se dizer que a vitória da Tríplice Aliança na
Guerra do Paraguai contribuiu para que, no plano
interno, houvesse um fortalecimento do Exército
brasileiro, que passou a tomar atitudes de maior
interferência na política. Ainda durante o conflito,
um atrito entre o então comandante-em-chefe
brasileiro, Duque de Caxias, e o então presidente
do Gabinete de ministros, Zacarias de Góes e
Vasconcelos, levou à dissolução do Ministério, o
que é considerado a Primeira Questão Militar
(1868). Com o fim da guerra (1870), acelera-se o
período de crise da monarquia. O Exército retornou da guerra com alguns de seus setores assumindo posições republicanas, o mesmo regime
dos demais países envolvidos no conflito. Nos
anos 80 do século XIX, uma sucessão de outras
"questões militares", que, de forma geral, envolviam os problemas da proibição do pronunciamento dos militares pela imprensa e a própria organização dos oficiais em entidades de classe
(como o Clube Militar), fez crescer a oposição militar à monarquia. Em 1889, os próprios militares
destituíram-na e proclamaram a República. Devese lembrar também a forte influência entre setores
militares do positivismo, identificando religião e
monarquia com o atraso, e secularização e república com o progresso.
Por fim, vale mencionar que o crescente republicanismo entre os oficiais veio a aumentar a fileira
dos republicanos, composta por grupos civis,
como cafeicultores, e indivíduos provenientes de
camadas médias de centros urbanos, como o Rio
de Janeiro.
Questão 3
Explique por que a campanha pela abolição
dos escravos fortaleceu-se a partir da guerra
do Brasil contra o Paraguai.
história 4
Resposta
Para aumentar o efetivo militar contra o Paraguai,
o Brasil convocou os chamados "escravos da nação" mediante a promessa de alforria ao final do
conflito. Militares que lutaram lado a lado com negros acabaram se envolvendo com a questão da
escravidão e muitos assumiram uma posição abolicionista. Vale acrescentar que, ao término da
guerra, o Exército foi solicitado para auxiliar na
captura de escravos que haviam fugido de seus
senhores, especialmente nas áreas conflagradas,
levando os militares cada vez mais a se indispor
com os grandes proprietários, recusando o papel
de capitães-do-mato. Por essas razões o posicionamento dos militares veio a fortalecer o movimento abolicionista.
Observe-se que no enunciado deve-se ler "abolição da escravidão" no lugar de "abolição dos escravos".
Questão 4
Durante o século XIX, as relações do Brasil
com os países fronteiriços foram marcadas
por várias tensões. Indique, excetuando a
guerra contra o Paraguai, duas destas relações conflituosas.
Resposta
No século XIX podemos destacar nas relações do
Brasil e países fronteiriços as seguintes questões:
• Tratado de Badajós (1801): assinado ainda no
Período Colonial entre Portugal e Espanha, em
que Portugal cede Olivença à Espanha (em território europeu). Em troca, Portugal recebe os Sete
Povos das Missões, parte ocidental do Rio Grande do Sul.
• Questão de Chiquitos (1825): com a independência da Bolívia e sua opção republicana, o governador boliviano de Chiquitos, de tendência monárquica, pediu adesão ao Império do Brasil. O
comandante militar brasileiro de Mato Grosso, depois de aceitar a adesão, foi desautorizado por
Pedro I.
• Questão da Cisplatina (1828): a província brasileira da Cisplatina era disputada entre o Império
do Brasil e a Argentina. Após a guerra com a intermediação da Inglaterra, a Cisplatina tornou-se
independente, constituindo-se no Uruguai.
• Campanha contra Oribe (1851): no Uruguai
dois partidos disputavam o poder: os Colorados
(apoiados pelo Brasil) e os Blancos. Na ocasião
do conflito, os Colorados estavam na situação e
os Blancos na oposição, liderados por Manuel
Oribe, que era apoiado pelo governo argentino
sob a presidência de Juan Manuel Rosas. Foi feito acordo militar entre o Brasil, os Colorados e os
opositores argentinos de Rosas para eliminar Oribe e depor Rosas. Em 1851 Oribe foi derrotado.
• Campanha contra Rosas (1852): após a deposição de Oribe (Uruguai), a luta continua contra
Rosas, deposto em 1852.
• Campanha contra Aguirre (1864): no início desses conflitos, os Colorados na oposição eram aliados do Brasil e do presidente da Argentina – Bartolomeu Mitre. Os Blancos estavam na situação e
o presidente uruguaio Atanásio Aguirre estabeleceu uma aliança ofensivo-defensiva com o presidente paraguaio Solano Lopes. Sob pretexto de
violação de fronteiras, o governo brasileiro apresentou um ultimato a Aguirre, ao mesmo tempo
que estabeleceu uma aliança com os Colorados,
visando à deposição daquele. Invadido o Uruguai,
Aguirre fugiu para o Paraguai. Foi colocado na
presidência do Uruguai o líder dos Colorados, Venâncio Flores, que se aliou ao Brasil na guerra
contra o Paraguai.
• Questão das Missões ou Palmas (1895): soluções dos problemas de fronteiras entre o Brasil e
a Argentina, em que teve participação José Maria
da Silva Paranhos Junior (Barão do Rio Branco)
com a intermediação do presidente dos Estados
Unidos, Cleveland.
• Questão do Amapá (1900): problemas de fronteiras entre o Brasil e a Guiana Francesa foram
resolvidos no governo Campos Salles por Joaquim Nabuco, pondo um fim a essa questão de
fronteira que teve origem ainda no Período Colonial.
• Questão do Acre (1903): não obstante a solução dessa questão foi alcançada em 1903 com o
Tratado de Petrópolis, desde fins do século XIX
havia um contencioso entre o Brasil e a Bolívia
nessa região.
Questão 5
Narrando sua experiência na expedição militar, Taunay se refere ao interior do Brasil,
em grande parte desabitado. Segundo Laura
de Mello e Souza,
foi nos espaços abertos e nas zonas distantes
que se passou boa parte da história da colonização lusitana na América: longe das igrejas
e conventos erguidos nos núcleos administrativos do litoral; longe dos engenhos da várzea
pernambucana e do Recôncavo; longe dos povoados pioneiros, como a vila de Porto Seguro
ou de São Vicente.
(História da vida privada no Brasil.)
história 5
Tendo em vista estas indicações, cite dois fluxos de interiorização do povoamento brasileiro no período colonial, indicando seus objetivos.
Resposta
Podemos identificar, de uma maneira geral, três
grandes focos de povoamento e expansão territorial no Período Colonial, a saber:
1) a vila de São Paulo, a partir da qual bandeirantes organizavam expedições com o propósito de
buscar metais preciosos, capturar indígenas para
o trabalho escravo e apresar rebanhos livres.
2) o litoral nordestino, a partir do qual colonos
avançavam para o interior, organizando fazendas
de gado a fim de fornecer carne, couro, leite e
animais de tração e de transporte para os engenhos;
3) a região Norte, onde missões jesuíticas e também colonos utilizavam especialmente os rios do
Pará e do Maranhão, além da bacia Amazônica, a
fim de coletar as chamadas drogas do sertão, ou
seja, especiarias obtidas nas florestas, como cravo, canela, cacau, baunilha, plantas medicinais e
resinas aromáticas.
Questão 6
O Visconde de Taunay, autor de A retirada
da Laguna, descendia de uma família que
viera para o Brasil com a Missão Artística
Francesa, durante o governo de D. João VI.
Que condições políticas européias contribuíram para a vinda da Missão Artística para o
Brasil e qual foi um dos seus resultados artístico-culturais?
Resposta
Uma Missão Artística Francesa foi organizada a
pedido do governo de D. João VI com o propósito
de lançar as bases para uma Academia de Belas
Artes no Brasil. Tal fato ocorreu em 1816, no contexto da política de Restauração perpetrada pelo
Congresso de Viena (série de conferências que
ocorreram entre 1814 e 1815) liderada pelas potências européias, a fim de definir a Nova Ordem
Mundial após o fim das Guerras Napoleônicas.
Nesse contexto, Portugal e França já não eram
inimigos, como ocorreu durante a Era Napoleônica que assinala o auge da luta entre França e
Inglaterra pela hegemonia européia e durante a
qual o Império Português havia assumido sua
aliança com os ingleses.
A contratação da Missão se deu quando o Brasil
passava por grandes transformações provocadas
pela instalação da Corte Portuguesa no Rio de
Janeiro, como a Abertura dos Portos ao comércio
internacional (1808) e sua elevação à categoria
de reino (1815). Composta por arquitetos, pintores e desenhistas, entre outros artistas, a Missão
contribuiu para lançar os marcos iniciais da Academia de Belas Artes e Ofícios no Brasil, difundiu
o estilo neo-clássico na arquitetura e resultou na
produção de registros em linguagens artísticas
variadas acerca dos diversos aspectos da vida
nessa parte do mundo. De uma maneira geral, a
Missão Artística Francesa é característica de uma
época de reforço da influência cultural européia
no Brasil, que o historiador Sérgio Buarque de
Holanda chamou de "Segundo Descobrimento do
Brasil".
Questão 7
Em 1900, em pleno período republicano, o
Conde Afonso Celso publicou um livro cujo título revela o seu conteúdo: Por que me ufano
do meu país. Entre os motivos do otimismo
do autor, estava a natureza do país:
Notabiliza-se (...) a floresta brasileira pela
ausência relativa de animais ferozes. É muito
menos perigosa que as da Índia (...) O Brasil
reúne em si as belezas esparsas em toda parte. E são belezas que não passam, apreciadas
em qualquer época, superiores às dos Panteons
e Coliseus; sobranceiras às injúrias dos séculos e caprichos do gosto – eternas.
Compare os pontos de vista de Afonso Celso
sobre a geografia brasileira com a descrição
de Taunay no texto apresentado.
Resposta
É notável o contraste entre os textos do Visconde
de Taunay e do Conde Afonso Celso. A ênfase do
texto do Conde Afonso Celso é a exuberância da
paisagem natural em um contexto em que era importante assegurar e definir o conteúdo de uma
identidade nacional por contraste aos demais vizinhos americanos e, sobretudo, por contraste à
Europa. Tratava-se de individualizar o Brasil como
uma identidade própria no concerto das demais
nações – os possíveis aspectos negativos são minimizados ou mesmo omitidos. Já o texto do Visconde de Taunay é de um militar que percorreu o
terreno que descreve, cuja ênfase é exaltar a coragem e o destemor dos militares brasileiros em
história 6
condições adversas tanto do ponto de vista propriamente militar quanto do ponto de vista da hostilidade da paisagem natural.
Ou seja, em função da finalidade de cada um dos
autores, a mesma paisagem natural é descrita de
forma marcadamente contrastante: no primeiro
caso, para definir a identidade nacional (Conde
Afonso Celso), trata-se de exaltá-la; no segundo
caso, para enaltecer a bravura do soldado brasileiro, trata-se de ressaltar os aspectos hostis dessa
mesma paisagem.
Questão 8
Entre os povos da Antigüidade ocidental, a
participação efetiva nas guerras era, em geral, entendida como condição necessária para
a participação dos indivíduos nas decisões políticas das cidades. A democracia nas cidades
gregas, em Atenas em particular, tornou-se
possível graças às mudanças na arte da guerra, ocorridas nos séculos VI e V a.C. Que mudanças foram essas?
Resposta
Primeiramente, cabe relativizar a relação causa-efeito entre transformações militares e o desenvolvimento da democracia; outros fatores políticos e sociais tiveram papel essencial nesse processo. Todavia, isso não invalida a premissa de
vincular (como de fato era o caso) cidadania e
guerra.
Entre os séculos VI-V a.C., um grande crescimento populacional gerou significativas inquietações
no mundo grego (expansão colonial, rebeliões sociais, tiranias). Em termos militares, os exércitos
das cidades-estado – até então formados por uma
infantaria pesada, os hoplitas, nobres armados e
equipados às suas próprias custas – tiveram de
se ampliar para enfrentar as tensões internas e
externas do período, passando a incluir uma infantaria leve, com equipamento reduzido, constituída por pequenos proprietários e artesãos. Mais
ainda, no caso de Atenas, o desenvolvimento da
Marinha impôs a necessidade de uma classe de
marinheiros, assalariados pelo Estado, e eventualmente até mesmo de remadores livres (completando as fileiras de escravos). Essa situação,
bem documentada para a época das Guerras Médicas e das Guerras do Peloponeso, por Heródoto
e Tucídides, já estava presente no início do processo de estabelecimento da democracia. Certamente, segundo o espírito do cidadão-soldado,
esses novos agentes militares pressionavam ati-
vamente as instituições para obter os direitos políticos que lhes cabiam pela tradição, sendo uma
força destacada na trajetória ascendente da Eclésia (assembléia popular) como eixo do poder público.
Questão 9
Violências e guerras entre povos caracterizam a história da humanidade, assim como
projetos e tentativas de evitá-las. No século XX, foram criados organismos internacionais com a finalidade de pacificar as relações
entre nações e países: a Liga das Nações em
1919 e a Organização das Nações Unidas
(ONU) em 1945. Apesar de suas declarações
favoráveis à solução negociada dos conflitos,
nem a Liga das Nações nem a ONU conseguiram impedir, completamente, a deflagração
de guerras. Dê dois exemplos de conflitos
ocorridos no século XX, que cada um desses
organismos não conseguiu evitar. Justifique
a relativa fragilidade desses organismos internacionais.
Resposta
Entre os exemplos de conflitos ocorridos no século XX que a Liga das Nações e a ONU não conseguiram evitar, podemos citar, respectivamente, a
Segunda Guerra Mundial (1939-1945) e a Guerra
do Vietnã (1965-1975) – podemos mencionar, ainda, a Guerra da Coréia (1950-1953), os vários
conflitos árabe-israelenses e as diversas guerras
da descolonização afro-asiática.
A Liga das Nações foi um organismo diplomático
idealizado, no contexto do pós-Primeira Guerra
Mundial, pelo então presidente norte-americano
Woodrow Wilson. O projeto da liga fazia parte de
um conjunto de princípios diplomáticos que tomaram corpo nos chamados "14 Pontos de Wilson",
cuja finalidade última era o estabelecimento de
uma "paz sem vencedores", isto é, uma paz sem
revanchismos em que não houvesse margem
para a eclosão de uma nova guerra. Tal proposta, entretanto, não conseguiu superar o espírito
de vingança que predominou na conferência de
paz de Versalhes (janeiro de 1919), sobretudo
na postura do primeiro-ministro francês, George
Clemenceau, que queria imputar à Alemanha o
ônus do conflito. Sendo assim, no lugar de uma
"paz sem vencedores", estabeleceu-se a "paz
dos vencedores", marcada por ressentimentos,
humilhações e a imposição de perdas territoriais,
pesadas indenizações e redução do contingente
história 7
militar às nações derrotadas. Ao mesmo tempo,
para que a Liga das Nações pudesse atuar de
maneira eficaz nessa atmosfera de tensão que se
seguiu à Primeira Guerra, seria imprescindível a
participação dos Estados Unidos como fiel da balança. Entretanto, o Senado norte-americano não
ratificou os tratados assinados por Wilson e impediu a entrada de seu país na liga, completando,
assim, o conjunto de fatores necessários para a
atuação fracassada desse organismo.
A Organização das Nações Unidas, por sua vez,
foi criada no contexto do pós-Segunda Guerra
Mundial, como resultado das discussões promovidas pela Conferência de São Francisco, em junho
de 1945. O equilíbrio de forças estabelecido internamente na ONU reproduziu, de certa forma, a
aliança internacional formada no combate aos regimes nazifascistas, resultando na formação de
um órgão supremo – o Conselho de Segurança –
composto por apenas cinco membros permanentes: EUA, URSS, Reino Unido, França e China,
além de dez rotativos. Esta configuração, por sua
vez, mostrou-se incapaz de pacificar a ordem política internacional nos anos subseqüentes, pois
acolhia em seu interior países com regimes político-ideológicos completamente antagônicos. Sendo assim, na segunda metade da década de
1940, o que era uma promessa de paz cedo se
degenerou numa disputa por zonas de influência
entre as duas maiores potências militares da época (Estados Unidos e União Soviética), configurando o período da Guerra Fria (1945-1991).
Questão 10
Observe a fotografia.
(Folha de S.Paulo, 14.05.2006.)
Pode-se traçar uma analogia entre a paisagem da região da avenida Paulista, na cidade
de São Paulo, e cidades da Idade Média européia, ornadas de torres pontiagudas. A paisagem urbana da Baixa Idade Média expressava aspectos significativos da cultura da época. A verticalidade das torres da avenida
Paulista tem objetivos e funções diferentes
dos medievais e é reveladora da história do
tempo presente. Que aspectos da nossa contemporaneidade são expressos por essa imagem da capital paulista?
Resposta
Nos burgos medievais, as "torres pontiagudas" referiam-se às catedrais góticas, símbolos múltiplos
da riqueza mercantil, do poder clerical e da identidade urbana. Nessa perspectiva da avenida Paulista, à exceção do aspecto religioso, os outros
dois aspectos constituem um bom ponto de partida.
Por que as cidades contemporâneas são tão verticalizadas? Qual a simbologia implícita nos grandes edifícios de concreto e vidro? Quanto à verticalidade, cumpre destacar o adensamento urbano, que encarece sobremaneira os lotes (em especial em áreas tão nobres), exigindo o máximo
aproveitamento do potencial construtivo disponível. Ao mesmo tempo, esses espigões constituem
manifestação evidente da pujança das corporações ali sediadas. As próprias gruas presentes na
fotografia são um indicativo do dinamismo econômico ligado a essa prosperidade. Quanto à simbologia, essa linguagem arquitetônica quase uniforme (repetida em todas as grandes metrópoles), remete aos mesmos fins das velhas catedrais, amplificando-os nesses verdadeiros templos laicos, espaços de celebração de uma economia triunfante –
e autocomplacente – cada vez mais centrada em
serviços e áreas conexas (finanças, negócios...).
Basta lembrar que a Paulista reúne as sedes de
grandes empresas, espaços culturais, manifestações públicas, dentre tantos outros elementos,
sendo um ícone da identidade da metrópole.
Questão 11
Com base na leitura do texto A retirada da
Laguna, de Alfredo d’E.-Taunay, identifique
o país agressor e aqueles que se uniram para
lutar contra ele. O que é possível inferir sobre o significado do trecho do sétimo parágrafo – …, mal amparado no vão pretexto de
manter o equilíbrio internacional… – que, segundo o autor, explica os motivos da luta?
Resposta
O país agressor foi o Paraguai, e os países que
se uniram para lutar contra ele foram Brasil,
Argentina e Uruguai.
Segundo o texto, López buscou legitimar a invasão militar do Brasil e da Argentina "mal amparado no vão pretexto de manter o equilíbrio internacional", ou seja, o governo paraguaio era aliado
de Atanásio Cruz Aguirre, governante uruguaio, o
que estabelecia um equilíbrio de forças entre os
estados da bacia do Prata – Brasil e Argentina de
Bartolomeu Mitre e, por outro lado, Uruguai de
Aguirre e Paraguai aliados.
Questão 12
No mapa, está representada parte da área
onde se desenvolve a narrativa de Taunay.
Observe-o.
(Simielli, M.E., 1994.)
Utilizando as informações fornecidas no terceiro parágrafo do texto, indique o trecho em
que o autor destaca um fator favorável ao desenvolvimento da principal atividade econômica da área na atualidade. Explique de que
forma este fator contribui para o sucesso desta atividade.
Resposta
A área da Depressão do Pantanal Mato-Grossense caracteriza-se por terrenos de reduzida declividade e formação vegetal complexa (o que inclui o
desenvolvimento de campos); seu regime hidrográfico é marcado pelas inundações durante a estação de verão e vazante de inverno: "... por causa das cheias do rio Paraguai, cuja porção setentrional, ao atravessar regiões planas e baixas,
transborda anualmente e inunda grandes extensões de terra." Tais características favorecem a
ampliação da atividade pecuária (terreno plano e
pastagem natural), atualmente em fase de valorização comercial com exportação de carne para a
Rússia e União Européia.
Questão 13
Pelo texto de Taunay, observa-se que a rede
de drenagem da área representou importante papel no episódio descrito. Observe a figura.
geografia 2
Quais são as duas grandes bacias hidrográficas alimentadas pelos rios que cortam esta
área? Em termos geográficos, qual o papel da
serra de Maracaju em relação aos rios destas
bacias hidrográficas?
Em 2008, qual a reivindicação do governo paraguaio em relação à energia gerada por Itaipu e quais as implicações para o Brasil?
Resposta
O Paraguai reivindica o aumento sobre o valor recebido do Brasil, por kW/hora, e a liberdade para
vender o excedente de energia para os outros países do Cone Sul e não, exclusivamente, ao Brasil.
Em relação às implicações, temos: econômicas,
pois o Brasil terá aumento de valor do kW/hora e
poderá ter perda em relação à utilização do excedente energético paraguaio, e geopolíticas, pois
terá, indiretamente, a sua liderança novamente
questionada por mais um vizinho sul-americano.
As bacias do Paraguai e do Paraná drenam a referida área. A serra de Maracaju é um dos elementos geomorfológicos que constitui o divisor de
águas dessas bacias.
Questão 14
Taunay cita no décimo primeiro parágrafo:
No ponto onde estávamos, esta ordem tinha
como conseqüência necessária obrigar-nos a
descer de volta até o rio Coxim e em seguida
contornar a serra de Maracaju pela base ocidental, invadida anualmente pelas águas do
caudaloso Paraguai. A expedição estava condenada a atravessar uma vasta região infectada pelas febres palustres.
Identifique na paisagem atual do Brasil os
elementos citados pelo autor que estão grifados, explicando seus significados.
Resposta
"[A Parte Oeste] invadida anualmente pelas
águas do caudaloso Paraguai" refere-se à região
atual da planície do Pantanal, que sofre a invasão
das águas do rio Paraguai no período das cheias
do rio.
Já a expressão "febres palustres" significa "febre
do pântano" (ou malária), devido à grande proliferação de mosquitos, por ser uma região quente,
úmida e inundável.
Questão 15
Em 1973, Brasil e Paraguai assinaram um
tratado internacional que rege o uso da energia gerada pela Hidrelétrica Binacional de
Itaipu. Observe o mapa, onde está localizada
a usina de Itaipu e a distribuição da energia
produzida.
(Hidrelétrica de Itaipu, 2008.)
Resposta
Questão 16
A taxa mínima de fecundidade para manter
a estabilidade demográfica é de 2,1 filhos
por mulher. Analise as tabelas.
TABELA 1
TAXA DE FECUNDIDADE EM
ALGUNS PAÍSES, EM 2005.
Afeganistão
7,5
Alemanha
1,3
Áustria
1,3
Burundi
6,8
China
1,7
Espanha
1,2
Estados Unidos
2,0
França
1,8
Guiné Bissau
7,0
Holanda
1,7
Inglaterra
1,7
Itália
1,2
Japão
1,2
Mali
6,7
Niger
7,4
República Tcheca
1,2
Serra Leoa
6,5
Suécia
1,6
Suíça
1,4
Timor Leste
6,9
Uganda
6,3
(ONU, 2006.)
geografia 3
TABELA 2
PAÍSES COM MAIOR PERCENTUAL
DE PESSOAS COM 60 ANOS E MAIS.
Alemanha
25,0
Áustria
23,5
Bélgica
23,0
Bulgária
23,0
Grécia
23,5
Itália
26,5
Japão
28,0
Letônia
23,0
Portugal
23,0
Suécia
24,0
(Instituto de Política Familiar,
Espanha, 2007.)
Utilizando seus conhecimentos, relacione as
informações das tabelas com a classificação
destes países quanto ao nível de desenvolvimento econômico e estabeleça dois grupos.
Descreva as principais características da população de cada grupo em função das faixas
etárias.
Resposta
Quanto ao nível de desenvolvimento econômico,
pode-se dividir esses países em: países desenvolvidos e países subdesenvolvidos. O primeiro
grupo corresponde aos países com taxa de fecundidade inferior a 2,1 filhos por mulher e apresenta
uma composição etária melhor equilibrada, com
elevados percentuais de adultos e velhos; já o segundo grupo corresponde aos países com taxa de
fecundidade superior a 2,1 filhos por mulher e
apresenta uma composição etária mais desequilibrada, com elevados percentuais de jovens.
Compare os mapas de produção da soja no Brasil em 1990 e 2006 com os que representam o
total do rebanho bovino nas mesmas datas.
Qual é a constatação mais evidente? Que relação pode ser estabelecida entre estas duas atividades agropecuárias e a grande questão ambiental discutida atualmente no Brasil?
Resposta
Entre 1990 e 2006, aumentou a área de produção
de soja, não só adensando a produção no Centro-Sul, como também nota-se a expansão do cultivo em direção à Amazônia. Quanto ao rebanho
bovino, nota-se a expansão da área ocupada,
como a do cultivo da soja, e também, de maneira
ainda mais extensa, a penetração da pecuária em
terras amazônicas.
Questão 18
Questão 17
Analise os mapas apresentados nos dois quadros.
Observe as figuras, que indicam áreas onde
ocorreram terremotos na América do Sul, em
agosto de 2007 e abril de 2008, nos oceanos
Pacífico e Atlântico.
geografia 4
TOTAL DE COBERTURA VEGETAL NOS
PAÍSES TROPICAIS EM 2005, EM MIL
HECTARES.
PAÍSES
(IGP, 2007.)
(UnB, 2008.)
Identifique os países mais atingidos, de acordo com os oceanos. Justifique por que no
Oceano Atlântico os tremores ocorreram em
áreas consideradas de baixo risco, enquanto
no Oceano Pacífico foi considerado o pior terremoto em 40 anos.
Resposta
Na borda do Pacífico, o país mais afetado pelo
terremoto de 8,0 graus na escala Richter foi o
Peru, em razão de movimentação tectônica na
área de contato das placas de Nazca e Sul-Americana, ou seja, geologicamente instável.
Na borda Atlântica, o país mais afetado foi o Brasil, com tremor de terra sentido principalmente no
estado de São Paulo. Tal tremor foi provocado
pela acomodação da falha de Santos, e não pelo
contato de placas tectônicas. Ressalta-se que a
área em destaque no mapa (estados do Sul e
Sudeste do Brasil) está situada em terrenos de
maior estabilidade geológica devido ao seu posicionamento no centro da placa Sul-Americana.
ÁREA
Brasil
477.698
Rep. Democrática do Congo
133.610
Indonésia
88.495
Peru
68.742
Índia
67.701
Sudão
67.546
México
64.238
Colômbia
60.728
Angola
59.104
Bolívia
58.740
Venezuela
47.713
Zâmbia
42.452
Rep. Unida da Tanzânia
35.257
Myanmar
32.222
Papua Nova Guiné
29.437
Rep. Centro-Africana
22.755
Congo
22.471
Gabão
21.775
Camarões
21.245
Malásia
20.890
TOTAL
1.443.819
(FAO, Global Forest Resources
Assessment, 2005.)
Questão 19
O gráfico refere-se ao desmatamento das florestas tropicais no período 2000-2005 e a tabela contém os totais de cobertura vegetal
existente nos países tropicais, em 2005.
Em que continentes estavam concentradas as
maiores áreas de florestas tropicais em 2005,
segundo os resultados do Relatório da FAO?
Que países foram responsáveis pelo desmatamento de mais de 60% das florestas tropicais
no período 2000-2005?
Resposta
(Hansen et all, PNAS, 2008.)
Os continentes com as maiores concentrações
de floresta tropical são: Ásia, África e América
Latina.
O Brasil, com 48%, e a Indonésia, com 13%,
juntos, foram responsáveis por 61% do desmatamento das florestas tropicais no período
2000-2005.
INSTRUÇÃO: As questões de números 20 a 25
tomam por base o mesmo texto utilizado para
as questões de História e Geografia, A retirada
da Laguna, de Alfredo d’Escragnolle-Taunay,
Visconde de Taunay (22.02.1843/25.01.1899).
Questão 20
Quando lemos A retirada da Laguna, sabemos que o narrador fez parte da coluna cujas
lutas e vicissitudes relata no livro. No trecho
focalizado, podemos comprovar essa participação objetivamente, em alguns momentos,
pela flexão verbal e pelo sentido que certas
palavras adquirem no contexto. Com base
nesta observação, releia o último parágrafo
do texto e, a seguir, identifique duas palavras
que evidenciam a participação do narrador
nos eventos relatados.
Resposta
O escritor se inclui nos eventos relatados ao utilizar a 1ª pessoa do plural: o verbo descrevêramos
e os pronomes possessivos nossa e nossos.
Questão 21
Como se observa no capítulo apresentado,
boa parte do vocabulário de A retirada da Laguna tem relação com a guerra. Partindo desta constatação, encontre nesse capítulo quatro palavras ou expressões equivalentes a
“corpo de exército”.
Resposta
Entre outras, referem-se ao corpo efetivo do exército:
• 1º parágrafo: "forças", "contingente de tropas";
• 9º parágrafo: "força expedicionária";
• 10º parágrafo: "força";
• 13º parágrafo: "tropa";
• 14º parágrafo: "coluna".
Questão 22
Declara o narrador, no oitavo parágrafo, que
os “contingentes acessórios” aguardados para
aumentar o corpo do exército ao longo do caminho “falharam em grande parte ou desapareceram”. Aponte, com base nesse parágrafo,
duas das causas dessa falha ou desaparecimento.
Resposta
As falhas estão enunciadas nas seguintes passagens do texto:
• "epidemia cruel de varíola";
• "deserções" (motivadas pela epidemia).
Questão 23
Considerando o contexto militar do relato, explique o que quis dizer o narrador sobre a situação em que se encontrava a tropa, no antepenúltimo parágrafo, com a expressão
“aventurarmo-nos”.
Resposta
De acordo com o autor, a tropa aventurou-se porque lhe faltou um planejamento para a ação.
Assim, ao lançar-se à "aventura", a força expôs-se a perigos e riscos como pântanos pestilentos e febres.
Questão 24
No texto original de A retirada da Laguna,
escrito em francês, Taunay utilizou, no oitavo
parágrafo, a expressão “projet de diversion”,
que a tradução adotada transpõe como “projeto de ação diversionária”, enquanto outros
tradutores preferem “projeto de diversão”. O
texto de Taunay deixa claro que o objetivo do
corpo de exército de que fez parte não era
nem podia ser o de vencer a guerra como um
todo. Com base nestes comentários, explique
em que consistia essa “ação diversionária”.
português 2
Resposta
Pelo contexto, a intenção era invadir o Paraguai
pelo sul (6º parágrafo). Assim, foi planejada uma
ação diversionária, isto é, um projeto que desviasse a atenção do inimigo. Daí, a escolha de atacar
também pelo norte. O autor, então, sabia que fazia parte de um plano que não tinha como meta
vencer a guerra como um todo, mas simplesmente distrair o inimigo do foco principal.
Questão 25
Segundo se depreende da leitura atenta do
capítulo apresentado, todos os acontecimentos preliminares aconselhariam o abandono
do plano primitivo, já que era bastante previsível o fracasso, mas os “despachos ministeriais” continuaram ordenando o prosseguimento da expedição. No sexto parágrafo, o
narrador faz com sutileza uma crítica a essa
teimosia dos dirigentes do exército da época e
menciona uma só razão possível para a manutenção da ordem de avançar. Aponte essa
razão, que o narrador coloca com certa ironia
e com sentido sutil de crítica nesse parágrafo.
Resposta
Originalmente, a razão da existência do contingente era atacar pelo norte, numa tática diversionista em relação à frente sul. Porém, em razão de
várias dificuldades (enormes distâncias, tipo de
relevo, etc.), a ação já nascera condenada ao fracasso. Assim, ironicamente o autor revela seu
ponto de vista, alegando que não havia outra função "senão submeter às mais terríveis provações
um pequeno corpo de exército". Ou seja, para o
autor, as autoridades mantiveram o plano primitivo para, entre outros aspectos, testar a capacidade de resistência dos soldados brasileiros em um
ambiente hostil e menos com relação direta ao
confronto bélico, que seria resolvido pelo sul,
como de fato ocorreu.
História – exigente e trabalhosa
Comparada à prova do ano passado a prova deste ano pode ser considerada mais difícil. Houve um desequilíbrio em favor de questões de alta e média complexidade.
Tomando como pretexto um excerto de A retirada da Laguna – Episódio da Guerra do
Paraguai, do Visconde de Taunay, a guerra foi o tema geral da prova. Os candidatos
deviam ter hábitos de leitura, domínio de vocabulário e bons conhecimentos de conteúdo. É muito provável que o tempo disponível não tenha sido suficiente para responder
as questões desta prova com a necessária tranqüilidade.
Geografia – uma prova exemplar
Novamente, a VUNESP foi exemplar, aplicando uma prova que mesclou atualidades e
assuntos clássicos, interpretação de texto, gráficos, tabelas, mapas, conhecimento histórico, etc. Enfim, uma prova para o candidato melhor preparado.
Português – boas questões
Com questões baseadas em um longo texto de Taunay, a prova de Humanidades da
VUNESP cobrou a leitura atenta não só do fragmento, como dos enunciados. Embora
predominantemente básica, exigiu concentração e esforço para chegar a boas respostas.
A resolução da prova de Língua
Portuguesa estará disponível no
site www.etapa.com.br
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Humanas