HUMANAS INSTRUÇÃO: Leia o texto a seguir, que servirá de base para respostas a questões de História, Geografia e Língua Portuguesa. A retirada da Laguna Formação de um corpo de exército incumbido de atuar, pelo norte, no alto Paraguai – Distâncias e dificuldades de organização. Para dar uma idéia aproximada dos lugares onde ocorreram, em 1867, os acontecimentos relatados a seguir, é necessário lembrar que a República do Paraguai, o Estado mais central da América do Sul, após invadir e atacar simultaneamente o Império do Brasil e a República Argentina em fins de 1864, encontrava-se, decorridos dois anos, reduzida a defender seu território, invadido ao sul pelas forças conjuntas das duas potências aliadas, às quais se unira um pequeno contingente de tropas fornecido pela República do Uruguai. Do lado sul, o caudaloso Paraguai, um dos afluentes do rio da Prata, oferecia um 1 acesso mais fácil até a fortaleza de Humaitá, que se transformara, graças à sua posição especial, na chave de todo o país, adquirindo, nesta guerra encarniçada, a importância de 2 Sebastopol na campanha da Criméia. Do lado da província brasileira de Mato Grosso, ao norte, as operações eram infinitamente mais difíceis, não apenas porque milhares de quilômetros a separam do litoral do Atlântico, onde se concentram praticamente todos os recursos do Império do Brasil, como também por causa das cheias do rio Paraguai, cuja porção setentrional, ao atravessar regiões planas e baixas, transborda anualmente e inunda grandes extensões de terra. O plano de ataque mais natural, portanto, consistia em subir o rio Paraguai, a partir da República Argentina, até o centro da República do Paraguai, e em descê-lo, pelo lado brasileiro, a partir da capital de Mato Grosso, Cuiabá, que os paraguaios não haviam ocupado. Esta combinação de dois esforços simultâneos teria sem dúvida impedido a guerra de se arrastar por cinco anos consecutivos, mas sua realização era extraordinariamente difícil, em razão das enormes distâncias que teriam de ser percorridas: para se ter uma idéia, basta relancear os olhos para o mapa da América do Sul e para o interior em grande parte desabitado do Império do Brasil. No momento em que começa esta narrativa, a atenção geral das potências aliadas estava, pois, voltada quase exclusivamente para o sul, onde se realizavam operações de guerra em torno de Curupaiti e Humaitá. O plano primitivo fora praticamente abandonado, ou, pelo menos, outra função não teria senão submeter às mais terríveis provações um pequeno corpo de exército quase perdido nos vastos espaços desertos do Brasil. Em 1865, no início da guerra que o pre3 sidente do Paraguai, López, sem outro motivo que a ambição pessoal, suscitara na América do Sul, mal amparado no vão pretexto de manter o equilíbrio internacional, o Brasil, obrigado a defender sua honra e seus direitos, dispôs-se resolutamente à luta. A fim de enfrentar o inimigo nos pontos onde fosse possível fazê-lo, ocorreu naturalmente a todos o projeto de invadir o Paraguai pelo norte; projetou-se uma expedição deste lado. Infelizmente, este projeto de ação diversionária não foi realizado nas proporções que sua importância requeria, com o agravante de que os contingentes acessórios com os quais se contara para aumentar o corpo de exército expedicionário, durante a longa marcha através das províncias de São Paulo e de Minas Gerais, falharam em grande parte ou desapareceram devido a uma epidemia cruel de varíola, bem como às deserções que ela motivou. O avanço foi lento: causas variadas, e sobretudo a dificuldade de fornecimento de víveres, provocaram a demora. história 2 Só em julho pôde a força expedicionária 4 organizar-se em Uberaba , no alto Paraná (a partida do Rio de Janeiro ocorrera em abril); contava então com um efetivo de cerca de 3 mil homens, graças ao reforço de alguns batalhões que o coronel José Antônio da Fonse5 ca Galvão havia trazido de Ouro Preto. Não sendo esta força suficiente para tomar a ofensiva, o comandante-em-chefe, Manoel Pedro Drago, conduziu-a para a capital de Mato Grosso, onde esperava aumentá-la ainda mais. Com esse intuito, o corpo expedicionário avançou para o noroeste e atingiu as margens do rio Paranaíba, quando lhe chegaram então despachos ministeriais com a ordem expressa de marchar diretamente para o distrito de Miranda, ocupado pelo inimigo. No ponto onde estávamos, esta ordem tinha como conseqüência necessária obri6 gar-nos a descer de volta até o rio Coxim e em seguida contornar a serra de Maracaju pela base ocidental, invadida anualmente pelas águas do caudaloso Paraguai. A expedição estava condenada a atravessar uma vasta região infectada pelas febres palustres. 7 A força chegou ao Coxim no dia 20 de dezembro, sob o comando do coronel Galvão, recém-nomeado comandante-em-chefe e promovido, pouco depois, ao posto de brigadeiro. Destituído de qualquer valor estratégico, o acampamento de Coxim encontrava-se pelo menos a uma altitude que lhe garantia a salubridade. Contudo, quando a enchente to- mou os arredores e o isolou, a tropa sofreu ali cruéis privações, inclusive fome. Após longas hesitações, foi necessário, enfim, aventurarmo-nos pelos pântanos pestilentos situados ao pé da serra; a coluna ficou exposta inicialmente às febres, e uma das primeiras vítimas foi seu infeliz chefe, que expirou às margens do rio Negro; em seguida, arrastou-se depois penosamente até o povoa8 do de Miranda. Ali, uma epidemia climatérica de um 9 novo tipo, a paralisia reflexa, continuou a dizimar a tropa. Quase dois anos haviam decorrido desde nossa partida do Rio de Janeiro. Descrevêramos lentamente um imenso circuito de 2112 quilômetros; um terço de nossos homens perecera. (VISCONDE DE TAUNAY (Alfredo d’Escragnolle-Taunay). A retirada da Laguna – Episódio da guerra do Paraguai. Tradução de Sergio Medeiros. São Paulo: Companhia das Letras, 1997. p. 35 a 41.) Questão 1 O texto descreve um episódio da guerra entre a Tríplice Aliança e o Paraguai, ocorrida de 1865 a 1870. Mencione um dos pontos de vista do autor a respeito das causas do conflito. Se concordar com ele, justifique-o historicamente; caso discorde, apresente outra versão do fato. NOTAS DA EDIÇÃO ADOTADA (1) Humaitá e Curupaiti, situadas às margens do rio Paraguai, constituíam o mais forte obstáculo fluvial no caminho da esquadra brasileira para atingir Assunção a partir de Corrientes, na Argentina. Este complexo de empecilhos fluviais foi vencido em 15 de fevereiro de 1868. (Nota do tradutor) (2) Sebastopol, um importante porto militar da Ucrânia, resistiu por onze meses, em 1854, ao ataque da França, Inglaterra e Turquia, durante a guerra da Criméia, que opôs os três países citados à Rússia czarista. (Nota do tradutor) (3) Francisco Solano López (1826-1870) era filho do ditador Carlos Antonio López, que governou o Paraguai entre 1840 e 1862. Foi educado no Paraguai e na Europa, e, ao retornar a seu país, passou a colaborar com o pai, tornando-se logo ministro da Guerra e da Marinha. Subiu ao poder em 1862. Em 1870, foi morto por tropas brasileiras. (Nota do tradutor) (4) A 594 quilômetros do litoral do Atlântico. (Nota original do autor) (5) Capital da província de Minas Gerais. (Nota original do autor) (6) Coxim é também o nome dado ao ponto de confluência dos rios Taquari e Coxim. (Nota do tradutor) (7) 18° 33’ 58” lat. S. – 32° 37’ 18” long. da ilha de Fer (astrônomos portugueses). (Nota original do autor) (8) A 396 quilômetros ao sul do Coxim. Essas duas localidades pertencem à província de Mato Grosso e estão a cerca de 1522 quilômetros do litoral. (Nota original do autor) (9) Este mal, de natureza palustre, é conhecido no Brasil sob o nome de beribéri. (Nota original do autor) história 3 Resposta Segundo o texto, “a República do Paraguai (...) após invadir e atacar simultaneamente o Império do Brasil e a República Argentina (...) no vão pretexto de manter o equilíbrio internacional, o Brasil, obrigado a defender sua honra e seus direitos, dispôs-se resolutamente à luta.” Ou seja, para o autor, a causa do conflito resulta da agressão militar do Paraguai ao Brasil e à Argentina. De uma perspectiva mais ampla, pode-se afirmar que o conflito está associado a uma questão que era vital para o Brasil na época e corroborada pelo próprio texto do Visconde de Taunay. O melhor acesso possível que então existia a partir da capital do país para o Mato Grosso era por via marítima, que envolvia a navegação em direção ao sul, visando atingir o estuário do Prata, alcançar o rio Paraguai em direção às suas nascentes para finalmente, via o afluente do rio Paraguai, o rio Cuiabá, atingir a capital da província, Cuiabá. Ora, Solano López, em represália à deposição do seu aliado, o presidente do Uruguai Atanásio Cruz Aguirre, proíbe a navegação pelo rio Paraguai e captura o navio Marquês de Olinda, que conduzia o novo presidente da província do Mato Grosso. Para o governo brasileiro, tratava-se fundamentalmente de garantir a livre-navegação dos rios da bacia do Prata, daí o conflito. Entretanto chegou a existir uma bibliografia relativamente extensa que se aproxima de uma "teoria conspiratória da história", segundo a qual a motivação da guerra estaria associada ao fato de que o Paraguai, sob a ditadura de Francia e depois de López, teria condições de possuir um crescimento industrial autônomo, o que viria a significar um desafio ao imperialismo britânico na América Latina. Segundo essa versão, Brasil, Argentina e Uruguai teriam sido "testas de ferro" do imperialismo britânico, com a finalidade de destruir a "indústria paraguaia", conforme relata, por exemplo, José Júlio Chiavenatto. Face às fontes disponíveis, podemos afirmar que o envolvimento militar do Brasil na região teve como finalidade assegurar a livre-navegação dos rios da bacia do Prata. Deve-se observar também que há o argumento do lado paraguaio. López era aliado de Atanásio Cruz Aguirre, governante uruguaio, o que estabelecia um equilíbrio de forças na região, enquanto o Brasil e a Argentina de Bartolomeu Mitre eram aliados. A deposição de Aguirre rompera esse equilíbrio, daí a afirmação de Taunay de que López, "mal amparado no vão pretexto de manter o equílibrio internacional", toma a iniciativa do conflito. Questão 2 De que forma a Guerra do Paraguai concorreu para o aumento da participação dos militares na política brasileira e para a crise do regime monárquico, com a conseqüente campanha republicana? Resposta Pode-se dizer que a vitória da Tríplice Aliança na Guerra do Paraguai contribuiu para que, no plano interno, houvesse um fortalecimento do Exército brasileiro, que passou a tomar atitudes de maior interferência na política. Ainda durante o conflito, um atrito entre o então comandante-em-chefe brasileiro, Duque de Caxias, e o então presidente do Gabinete de ministros, Zacarias de Góes e Vasconcelos, levou à dissolução do Ministério, o que é considerado a Primeira Questão Militar (1868). Com o fim da guerra (1870), acelera-se o período de crise da monarquia. O Exército retornou da guerra com alguns de seus setores assumindo posições republicanas, o mesmo regime dos demais países envolvidos no conflito. Nos anos 80 do século XIX, uma sucessão de outras "questões militares", que, de forma geral, envolviam os problemas da proibição do pronunciamento dos militares pela imprensa e a própria organização dos oficiais em entidades de classe (como o Clube Militar), fez crescer a oposição militar à monarquia. Em 1889, os próprios militares destituíram-na e proclamaram a República. Devese lembrar também a forte influência entre setores militares do positivismo, identificando religião e monarquia com o atraso, e secularização e república com o progresso. Por fim, vale mencionar que o crescente republicanismo entre os oficiais veio a aumentar a fileira dos republicanos, composta por grupos civis, como cafeicultores, e indivíduos provenientes de camadas médias de centros urbanos, como o Rio de Janeiro. Questão 3 Explique por que a campanha pela abolição dos escravos fortaleceu-se a partir da guerra do Brasil contra o Paraguai. história 4 Resposta Para aumentar o efetivo militar contra o Paraguai, o Brasil convocou os chamados "escravos da nação" mediante a promessa de alforria ao final do conflito. Militares que lutaram lado a lado com negros acabaram se envolvendo com a questão da escravidão e muitos assumiram uma posição abolicionista. Vale acrescentar que, ao término da guerra, o Exército foi solicitado para auxiliar na captura de escravos que haviam fugido de seus senhores, especialmente nas áreas conflagradas, levando os militares cada vez mais a se indispor com os grandes proprietários, recusando o papel de capitães-do-mato. Por essas razões o posicionamento dos militares veio a fortalecer o movimento abolicionista. Observe-se que no enunciado deve-se ler "abolição da escravidão" no lugar de "abolição dos escravos". Questão 4 Durante o século XIX, as relações do Brasil com os países fronteiriços foram marcadas por várias tensões. Indique, excetuando a guerra contra o Paraguai, duas destas relações conflituosas. Resposta No século XIX podemos destacar nas relações do Brasil e países fronteiriços as seguintes questões: • Tratado de Badajós (1801): assinado ainda no Período Colonial entre Portugal e Espanha, em que Portugal cede Olivença à Espanha (em território europeu). Em troca, Portugal recebe os Sete Povos das Missões, parte ocidental do Rio Grande do Sul. • Questão de Chiquitos (1825): com a independência da Bolívia e sua opção republicana, o governador boliviano de Chiquitos, de tendência monárquica, pediu adesão ao Império do Brasil. O comandante militar brasileiro de Mato Grosso, depois de aceitar a adesão, foi desautorizado por Pedro I. • Questão da Cisplatina (1828): a província brasileira da Cisplatina era disputada entre o Império do Brasil e a Argentina. Após a guerra com a intermediação da Inglaterra, a Cisplatina tornou-se independente, constituindo-se no Uruguai. • Campanha contra Oribe (1851): no Uruguai dois partidos disputavam o poder: os Colorados (apoiados pelo Brasil) e os Blancos. Na ocasião do conflito, os Colorados estavam na situação e os Blancos na oposição, liderados por Manuel Oribe, que era apoiado pelo governo argentino sob a presidência de Juan Manuel Rosas. Foi feito acordo militar entre o Brasil, os Colorados e os opositores argentinos de Rosas para eliminar Oribe e depor Rosas. Em 1851 Oribe foi derrotado. • Campanha contra Rosas (1852): após a deposição de Oribe (Uruguai), a luta continua contra Rosas, deposto em 1852. • Campanha contra Aguirre (1864): no início desses conflitos, os Colorados na oposição eram aliados do Brasil e do presidente da Argentina – Bartolomeu Mitre. Os Blancos estavam na situação e o presidente uruguaio Atanásio Aguirre estabeleceu uma aliança ofensivo-defensiva com o presidente paraguaio Solano Lopes. Sob pretexto de violação de fronteiras, o governo brasileiro apresentou um ultimato a Aguirre, ao mesmo tempo que estabeleceu uma aliança com os Colorados, visando à deposição daquele. Invadido o Uruguai, Aguirre fugiu para o Paraguai. Foi colocado na presidência do Uruguai o líder dos Colorados, Venâncio Flores, que se aliou ao Brasil na guerra contra o Paraguai. • Questão das Missões ou Palmas (1895): soluções dos problemas de fronteiras entre o Brasil e a Argentina, em que teve participação José Maria da Silva Paranhos Junior (Barão do Rio Branco) com a intermediação do presidente dos Estados Unidos, Cleveland. • Questão do Amapá (1900): problemas de fronteiras entre o Brasil e a Guiana Francesa foram resolvidos no governo Campos Salles por Joaquim Nabuco, pondo um fim a essa questão de fronteira que teve origem ainda no Período Colonial. • Questão do Acre (1903): não obstante a solução dessa questão foi alcançada em 1903 com o Tratado de Petrópolis, desde fins do século XIX havia um contencioso entre o Brasil e a Bolívia nessa região. Questão 5 Narrando sua experiência na expedição militar, Taunay se refere ao interior do Brasil, em grande parte desabitado. Segundo Laura de Mello e Souza, foi nos espaços abertos e nas zonas distantes que se passou boa parte da história da colonização lusitana na América: longe das igrejas e conventos erguidos nos núcleos administrativos do litoral; longe dos engenhos da várzea pernambucana e do Recôncavo; longe dos povoados pioneiros, como a vila de Porto Seguro ou de São Vicente. (História da vida privada no Brasil.) história 5 Tendo em vista estas indicações, cite dois fluxos de interiorização do povoamento brasileiro no período colonial, indicando seus objetivos. Resposta Podemos identificar, de uma maneira geral, três grandes focos de povoamento e expansão territorial no Período Colonial, a saber: 1) a vila de São Paulo, a partir da qual bandeirantes organizavam expedições com o propósito de buscar metais preciosos, capturar indígenas para o trabalho escravo e apresar rebanhos livres. 2) o litoral nordestino, a partir do qual colonos avançavam para o interior, organizando fazendas de gado a fim de fornecer carne, couro, leite e animais de tração e de transporte para os engenhos; 3) a região Norte, onde missões jesuíticas e também colonos utilizavam especialmente os rios do Pará e do Maranhão, além da bacia Amazônica, a fim de coletar as chamadas drogas do sertão, ou seja, especiarias obtidas nas florestas, como cravo, canela, cacau, baunilha, plantas medicinais e resinas aromáticas. Questão 6 O Visconde de Taunay, autor de A retirada da Laguna, descendia de uma família que viera para o Brasil com a Missão Artística Francesa, durante o governo de D. João VI. Que condições políticas européias contribuíram para a vinda da Missão Artística para o Brasil e qual foi um dos seus resultados artístico-culturais? Resposta Uma Missão Artística Francesa foi organizada a pedido do governo de D. João VI com o propósito de lançar as bases para uma Academia de Belas Artes no Brasil. Tal fato ocorreu em 1816, no contexto da política de Restauração perpetrada pelo Congresso de Viena (série de conferências que ocorreram entre 1814 e 1815) liderada pelas potências européias, a fim de definir a Nova Ordem Mundial após o fim das Guerras Napoleônicas. Nesse contexto, Portugal e França já não eram inimigos, como ocorreu durante a Era Napoleônica que assinala o auge da luta entre França e Inglaterra pela hegemonia européia e durante a qual o Império Português havia assumido sua aliança com os ingleses. A contratação da Missão se deu quando o Brasil passava por grandes transformações provocadas pela instalação da Corte Portuguesa no Rio de Janeiro, como a Abertura dos Portos ao comércio internacional (1808) e sua elevação à categoria de reino (1815). Composta por arquitetos, pintores e desenhistas, entre outros artistas, a Missão contribuiu para lançar os marcos iniciais da Academia de Belas Artes e Ofícios no Brasil, difundiu o estilo neo-clássico na arquitetura e resultou na produção de registros em linguagens artísticas variadas acerca dos diversos aspectos da vida nessa parte do mundo. De uma maneira geral, a Missão Artística Francesa é característica de uma época de reforço da influência cultural européia no Brasil, que o historiador Sérgio Buarque de Holanda chamou de "Segundo Descobrimento do Brasil". Questão 7 Em 1900, em pleno período republicano, o Conde Afonso Celso publicou um livro cujo título revela o seu conteúdo: Por que me ufano do meu país. Entre os motivos do otimismo do autor, estava a natureza do país: Notabiliza-se (...) a floresta brasileira pela ausência relativa de animais ferozes. É muito menos perigosa que as da Índia (...) O Brasil reúne em si as belezas esparsas em toda parte. E são belezas que não passam, apreciadas em qualquer época, superiores às dos Panteons e Coliseus; sobranceiras às injúrias dos séculos e caprichos do gosto – eternas. Compare os pontos de vista de Afonso Celso sobre a geografia brasileira com a descrição de Taunay no texto apresentado. Resposta É notável o contraste entre os textos do Visconde de Taunay e do Conde Afonso Celso. A ênfase do texto do Conde Afonso Celso é a exuberância da paisagem natural em um contexto em que era importante assegurar e definir o conteúdo de uma identidade nacional por contraste aos demais vizinhos americanos e, sobretudo, por contraste à Europa. Tratava-se de individualizar o Brasil como uma identidade própria no concerto das demais nações – os possíveis aspectos negativos são minimizados ou mesmo omitidos. Já o texto do Visconde de Taunay é de um militar que percorreu o terreno que descreve, cuja ênfase é exaltar a coragem e o destemor dos militares brasileiros em história 6 condições adversas tanto do ponto de vista propriamente militar quanto do ponto de vista da hostilidade da paisagem natural. Ou seja, em função da finalidade de cada um dos autores, a mesma paisagem natural é descrita de forma marcadamente contrastante: no primeiro caso, para definir a identidade nacional (Conde Afonso Celso), trata-se de exaltá-la; no segundo caso, para enaltecer a bravura do soldado brasileiro, trata-se de ressaltar os aspectos hostis dessa mesma paisagem. Questão 8 Entre os povos da Antigüidade ocidental, a participação efetiva nas guerras era, em geral, entendida como condição necessária para a participação dos indivíduos nas decisões políticas das cidades. A democracia nas cidades gregas, em Atenas em particular, tornou-se possível graças às mudanças na arte da guerra, ocorridas nos séculos VI e V a.C. Que mudanças foram essas? Resposta Primeiramente, cabe relativizar a relação causa-efeito entre transformações militares e o desenvolvimento da democracia; outros fatores políticos e sociais tiveram papel essencial nesse processo. Todavia, isso não invalida a premissa de vincular (como de fato era o caso) cidadania e guerra. Entre os séculos VI-V a.C., um grande crescimento populacional gerou significativas inquietações no mundo grego (expansão colonial, rebeliões sociais, tiranias). Em termos militares, os exércitos das cidades-estado – até então formados por uma infantaria pesada, os hoplitas, nobres armados e equipados às suas próprias custas – tiveram de se ampliar para enfrentar as tensões internas e externas do período, passando a incluir uma infantaria leve, com equipamento reduzido, constituída por pequenos proprietários e artesãos. Mais ainda, no caso de Atenas, o desenvolvimento da Marinha impôs a necessidade de uma classe de marinheiros, assalariados pelo Estado, e eventualmente até mesmo de remadores livres (completando as fileiras de escravos). Essa situação, bem documentada para a época das Guerras Médicas e das Guerras do Peloponeso, por Heródoto e Tucídides, já estava presente no início do processo de estabelecimento da democracia. Certamente, segundo o espírito do cidadão-soldado, esses novos agentes militares pressionavam ati- vamente as instituições para obter os direitos políticos que lhes cabiam pela tradição, sendo uma força destacada na trajetória ascendente da Eclésia (assembléia popular) como eixo do poder público. Questão 9 Violências e guerras entre povos caracterizam a história da humanidade, assim como projetos e tentativas de evitá-las. No século XX, foram criados organismos internacionais com a finalidade de pacificar as relações entre nações e países: a Liga das Nações em 1919 e a Organização das Nações Unidas (ONU) em 1945. Apesar de suas declarações favoráveis à solução negociada dos conflitos, nem a Liga das Nações nem a ONU conseguiram impedir, completamente, a deflagração de guerras. Dê dois exemplos de conflitos ocorridos no século XX, que cada um desses organismos não conseguiu evitar. Justifique a relativa fragilidade desses organismos internacionais. Resposta Entre os exemplos de conflitos ocorridos no século XX que a Liga das Nações e a ONU não conseguiram evitar, podemos citar, respectivamente, a Segunda Guerra Mundial (1939-1945) e a Guerra do Vietnã (1965-1975) – podemos mencionar, ainda, a Guerra da Coréia (1950-1953), os vários conflitos árabe-israelenses e as diversas guerras da descolonização afro-asiática. A Liga das Nações foi um organismo diplomático idealizado, no contexto do pós-Primeira Guerra Mundial, pelo então presidente norte-americano Woodrow Wilson. O projeto da liga fazia parte de um conjunto de princípios diplomáticos que tomaram corpo nos chamados "14 Pontos de Wilson", cuja finalidade última era o estabelecimento de uma "paz sem vencedores", isto é, uma paz sem revanchismos em que não houvesse margem para a eclosão de uma nova guerra. Tal proposta, entretanto, não conseguiu superar o espírito de vingança que predominou na conferência de paz de Versalhes (janeiro de 1919), sobretudo na postura do primeiro-ministro francês, George Clemenceau, que queria imputar à Alemanha o ônus do conflito. Sendo assim, no lugar de uma "paz sem vencedores", estabeleceu-se a "paz dos vencedores", marcada por ressentimentos, humilhações e a imposição de perdas territoriais, pesadas indenizações e redução do contingente história 7 militar às nações derrotadas. Ao mesmo tempo, para que a Liga das Nações pudesse atuar de maneira eficaz nessa atmosfera de tensão que se seguiu à Primeira Guerra, seria imprescindível a participação dos Estados Unidos como fiel da balança. Entretanto, o Senado norte-americano não ratificou os tratados assinados por Wilson e impediu a entrada de seu país na liga, completando, assim, o conjunto de fatores necessários para a atuação fracassada desse organismo. A Organização das Nações Unidas, por sua vez, foi criada no contexto do pós-Segunda Guerra Mundial, como resultado das discussões promovidas pela Conferência de São Francisco, em junho de 1945. O equilíbrio de forças estabelecido internamente na ONU reproduziu, de certa forma, a aliança internacional formada no combate aos regimes nazifascistas, resultando na formação de um órgão supremo – o Conselho de Segurança – composto por apenas cinco membros permanentes: EUA, URSS, Reino Unido, França e China, além de dez rotativos. Esta configuração, por sua vez, mostrou-se incapaz de pacificar a ordem política internacional nos anos subseqüentes, pois acolhia em seu interior países com regimes político-ideológicos completamente antagônicos. Sendo assim, na segunda metade da década de 1940, o que era uma promessa de paz cedo se degenerou numa disputa por zonas de influência entre as duas maiores potências militares da época (Estados Unidos e União Soviética), configurando o período da Guerra Fria (1945-1991). Questão 10 Observe a fotografia. (Folha de S.Paulo, 14.05.2006.) Pode-se traçar uma analogia entre a paisagem da região da avenida Paulista, na cidade de São Paulo, e cidades da Idade Média européia, ornadas de torres pontiagudas. A paisagem urbana da Baixa Idade Média expressava aspectos significativos da cultura da época. A verticalidade das torres da avenida Paulista tem objetivos e funções diferentes dos medievais e é reveladora da história do tempo presente. Que aspectos da nossa contemporaneidade são expressos por essa imagem da capital paulista? Resposta Nos burgos medievais, as "torres pontiagudas" referiam-se às catedrais góticas, símbolos múltiplos da riqueza mercantil, do poder clerical e da identidade urbana. Nessa perspectiva da avenida Paulista, à exceção do aspecto religioso, os outros dois aspectos constituem um bom ponto de partida. Por que as cidades contemporâneas são tão verticalizadas? Qual a simbologia implícita nos grandes edifícios de concreto e vidro? Quanto à verticalidade, cumpre destacar o adensamento urbano, que encarece sobremaneira os lotes (em especial em áreas tão nobres), exigindo o máximo aproveitamento do potencial construtivo disponível. Ao mesmo tempo, esses espigões constituem manifestação evidente da pujança das corporações ali sediadas. As próprias gruas presentes na fotografia são um indicativo do dinamismo econômico ligado a essa prosperidade. Quanto à simbologia, essa linguagem arquitetônica quase uniforme (repetida em todas as grandes metrópoles), remete aos mesmos fins das velhas catedrais, amplificando-os nesses verdadeiros templos laicos, espaços de celebração de uma economia triunfante – e autocomplacente – cada vez mais centrada em serviços e áreas conexas (finanças, negócios...). Basta lembrar que a Paulista reúne as sedes de grandes empresas, espaços culturais, manifestações públicas, dentre tantos outros elementos, sendo um ícone da identidade da metrópole. Questão 11 Com base na leitura do texto A retirada da Laguna, de Alfredo d’E.-Taunay, identifique o país agressor e aqueles que se uniram para lutar contra ele. O que é possível inferir sobre o significado do trecho do sétimo parágrafo – …, mal amparado no vão pretexto de manter o equilíbrio internacional… – que, segundo o autor, explica os motivos da luta? Resposta O país agressor foi o Paraguai, e os países que se uniram para lutar contra ele foram Brasil, Argentina e Uruguai. Segundo o texto, López buscou legitimar a invasão militar do Brasil e da Argentina "mal amparado no vão pretexto de manter o equilíbrio internacional", ou seja, o governo paraguaio era aliado de Atanásio Cruz Aguirre, governante uruguaio, o que estabelecia um equilíbrio de forças entre os estados da bacia do Prata – Brasil e Argentina de Bartolomeu Mitre e, por outro lado, Uruguai de Aguirre e Paraguai aliados. Questão 12 No mapa, está representada parte da área onde se desenvolve a narrativa de Taunay. Observe-o. (Simielli, M.E., 1994.) Utilizando as informações fornecidas no terceiro parágrafo do texto, indique o trecho em que o autor destaca um fator favorável ao desenvolvimento da principal atividade econômica da área na atualidade. Explique de que forma este fator contribui para o sucesso desta atividade. Resposta A área da Depressão do Pantanal Mato-Grossense caracteriza-se por terrenos de reduzida declividade e formação vegetal complexa (o que inclui o desenvolvimento de campos); seu regime hidrográfico é marcado pelas inundações durante a estação de verão e vazante de inverno: "... por causa das cheias do rio Paraguai, cuja porção setentrional, ao atravessar regiões planas e baixas, transborda anualmente e inunda grandes extensões de terra." Tais características favorecem a ampliação da atividade pecuária (terreno plano e pastagem natural), atualmente em fase de valorização comercial com exportação de carne para a Rússia e União Européia. Questão 13 Pelo texto de Taunay, observa-se que a rede de drenagem da área representou importante papel no episódio descrito. Observe a figura. geografia 2 Quais são as duas grandes bacias hidrográficas alimentadas pelos rios que cortam esta área? Em termos geográficos, qual o papel da serra de Maracaju em relação aos rios destas bacias hidrográficas? Em 2008, qual a reivindicação do governo paraguaio em relação à energia gerada por Itaipu e quais as implicações para o Brasil? Resposta O Paraguai reivindica o aumento sobre o valor recebido do Brasil, por kW/hora, e a liberdade para vender o excedente de energia para os outros países do Cone Sul e não, exclusivamente, ao Brasil. Em relação às implicações, temos: econômicas, pois o Brasil terá aumento de valor do kW/hora e poderá ter perda em relação à utilização do excedente energético paraguaio, e geopolíticas, pois terá, indiretamente, a sua liderança novamente questionada por mais um vizinho sul-americano. As bacias do Paraguai e do Paraná drenam a referida área. A serra de Maracaju é um dos elementos geomorfológicos que constitui o divisor de águas dessas bacias. Questão 14 Taunay cita no décimo primeiro parágrafo: No ponto onde estávamos, esta ordem tinha como conseqüência necessária obrigar-nos a descer de volta até o rio Coxim e em seguida contornar a serra de Maracaju pela base ocidental, invadida anualmente pelas águas do caudaloso Paraguai. A expedição estava condenada a atravessar uma vasta região infectada pelas febres palustres. Identifique na paisagem atual do Brasil os elementos citados pelo autor que estão grifados, explicando seus significados. Resposta "[A Parte Oeste] invadida anualmente pelas águas do caudaloso Paraguai" refere-se à região atual da planície do Pantanal, que sofre a invasão das águas do rio Paraguai no período das cheias do rio. Já a expressão "febres palustres" significa "febre do pântano" (ou malária), devido à grande proliferação de mosquitos, por ser uma região quente, úmida e inundável. Questão 15 Em 1973, Brasil e Paraguai assinaram um tratado internacional que rege o uso da energia gerada pela Hidrelétrica Binacional de Itaipu. Observe o mapa, onde está localizada a usina de Itaipu e a distribuição da energia produzida. (Hidrelétrica de Itaipu, 2008.) Resposta Questão 16 A taxa mínima de fecundidade para manter a estabilidade demográfica é de 2,1 filhos por mulher. Analise as tabelas. TABELA 1 TAXA DE FECUNDIDADE EM ALGUNS PAÍSES, EM 2005. Afeganistão 7,5 Alemanha 1,3 Áustria 1,3 Burundi 6,8 China 1,7 Espanha 1,2 Estados Unidos 2,0 França 1,8 Guiné Bissau 7,0 Holanda 1,7 Inglaterra 1,7 Itália 1,2 Japão 1,2 Mali 6,7 Niger 7,4 República Tcheca 1,2 Serra Leoa 6,5 Suécia 1,6 Suíça 1,4 Timor Leste 6,9 Uganda 6,3 (ONU, 2006.) geografia 3 TABELA 2 PAÍSES COM MAIOR PERCENTUAL DE PESSOAS COM 60 ANOS E MAIS. Alemanha 25,0 Áustria 23,5 Bélgica 23,0 Bulgária 23,0 Grécia 23,5 Itália 26,5 Japão 28,0 Letônia 23,0 Portugal 23,0 Suécia 24,0 (Instituto de Política Familiar, Espanha, 2007.) Utilizando seus conhecimentos, relacione as informações das tabelas com a classificação destes países quanto ao nível de desenvolvimento econômico e estabeleça dois grupos. Descreva as principais características da população de cada grupo em função das faixas etárias. Resposta Quanto ao nível de desenvolvimento econômico, pode-se dividir esses países em: países desenvolvidos e países subdesenvolvidos. O primeiro grupo corresponde aos países com taxa de fecundidade inferior a 2,1 filhos por mulher e apresenta uma composição etária melhor equilibrada, com elevados percentuais de adultos e velhos; já o segundo grupo corresponde aos países com taxa de fecundidade superior a 2,1 filhos por mulher e apresenta uma composição etária mais desequilibrada, com elevados percentuais de jovens. Compare os mapas de produção da soja no Brasil em 1990 e 2006 com os que representam o total do rebanho bovino nas mesmas datas. Qual é a constatação mais evidente? Que relação pode ser estabelecida entre estas duas atividades agropecuárias e a grande questão ambiental discutida atualmente no Brasil? Resposta Entre 1990 e 2006, aumentou a área de produção de soja, não só adensando a produção no Centro-Sul, como também nota-se a expansão do cultivo em direção à Amazônia. Quanto ao rebanho bovino, nota-se a expansão da área ocupada, como a do cultivo da soja, e também, de maneira ainda mais extensa, a penetração da pecuária em terras amazônicas. Questão 18 Questão 17 Analise os mapas apresentados nos dois quadros. Observe as figuras, que indicam áreas onde ocorreram terremotos na América do Sul, em agosto de 2007 e abril de 2008, nos oceanos Pacífico e Atlântico. geografia 4 TOTAL DE COBERTURA VEGETAL NOS PAÍSES TROPICAIS EM 2005, EM MIL HECTARES. PAÍSES (IGP, 2007.) (UnB, 2008.) Identifique os países mais atingidos, de acordo com os oceanos. Justifique por que no Oceano Atlântico os tremores ocorreram em áreas consideradas de baixo risco, enquanto no Oceano Pacífico foi considerado o pior terremoto em 40 anos. Resposta Na borda do Pacífico, o país mais afetado pelo terremoto de 8,0 graus na escala Richter foi o Peru, em razão de movimentação tectônica na área de contato das placas de Nazca e Sul-Americana, ou seja, geologicamente instável. Na borda Atlântica, o país mais afetado foi o Brasil, com tremor de terra sentido principalmente no estado de São Paulo. Tal tremor foi provocado pela acomodação da falha de Santos, e não pelo contato de placas tectônicas. Ressalta-se que a área em destaque no mapa (estados do Sul e Sudeste do Brasil) está situada em terrenos de maior estabilidade geológica devido ao seu posicionamento no centro da placa Sul-Americana. ÁREA Brasil 477.698 Rep. Democrática do Congo 133.610 Indonésia 88.495 Peru 68.742 Índia 67.701 Sudão 67.546 México 64.238 Colômbia 60.728 Angola 59.104 Bolívia 58.740 Venezuela 47.713 Zâmbia 42.452 Rep. Unida da Tanzânia 35.257 Myanmar 32.222 Papua Nova Guiné 29.437 Rep. Centro-Africana 22.755 Congo 22.471 Gabão 21.775 Camarões 21.245 Malásia 20.890 TOTAL 1.443.819 (FAO, Global Forest Resources Assessment, 2005.) Questão 19 O gráfico refere-se ao desmatamento das florestas tropicais no período 2000-2005 e a tabela contém os totais de cobertura vegetal existente nos países tropicais, em 2005. Em que continentes estavam concentradas as maiores áreas de florestas tropicais em 2005, segundo os resultados do Relatório da FAO? Que países foram responsáveis pelo desmatamento de mais de 60% das florestas tropicais no período 2000-2005? Resposta (Hansen et all, PNAS, 2008.) Os continentes com as maiores concentrações de floresta tropical são: Ásia, África e América Latina. O Brasil, com 48%, e a Indonésia, com 13%, juntos, foram responsáveis por 61% do desmatamento das florestas tropicais no período 2000-2005. INSTRUÇÃO: As questões de números 20 a 25 tomam por base o mesmo texto utilizado para as questões de História e Geografia, A retirada da Laguna, de Alfredo d’Escragnolle-Taunay, Visconde de Taunay (22.02.1843/25.01.1899). Questão 20 Quando lemos A retirada da Laguna, sabemos que o narrador fez parte da coluna cujas lutas e vicissitudes relata no livro. No trecho focalizado, podemos comprovar essa participação objetivamente, em alguns momentos, pela flexão verbal e pelo sentido que certas palavras adquirem no contexto. Com base nesta observação, releia o último parágrafo do texto e, a seguir, identifique duas palavras que evidenciam a participação do narrador nos eventos relatados. Resposta O escritor se inclui nos eventos relatados ao utilizar a 1ª pessoa do plural: o verbo descrevêramos e os pronomes possessivos nossa e nossos. Questão 21 Como se observa no capítulo apresentado, boa parte do vocabulário de A retirada da Laguna tem relação com a guerra. Partindo desta constatação, encontre nesse capítulo quatro palavras ou expressões equivalentes a “corpo de exército”. Resposta Entre outras, referem-se ao corpo efetivo do exército: • 1º parágrafo: "forças", "contingente de tropas"; • 9º parágrafo: "força expedicionária"; • 10º parágrafo: "força"; • 13º parágrafo: "tropa"; • 14º parágrafo: "coluna". Questão 22 Declara o narrador, no oitavo parágrafo, que os “contingentes acessórios” aguardados para aumentar o corpo do exército ao longo do caminho “falharam em grande parte ou desapareceram”. Aponte, com base nesse parágrafo, duas das causas dessa falha ou desaparecimento. Resposta As falhas estão enunciadas nas seguintes passagens do texto: • "epidemia cruel de varíola"; • "deserções" (motivadas pela epidemia). Questão 23 Considerando o contexto militar do relato, explique o que quis dizer o narrador sobre a situação em que se encontrava a tropa, no antepenúltimo parágrafo, com a expressão “aventurarmo-nos”. Resposta De acordo com o autor, a tropa aventurou-se porque lhe faltou um planejamento para a ação. Assim, ao lançar-se à "aventura", a força expôs-se a perigos e riscos como pântanos pestilentos e febres. Questão 24 No texto original de A retirada da Laguna, escrito em francês, Taunay utilizou, no oitavo parágrafo, a expressão “projet de diversion”, que a tradução adotada transpõe como “projeto de ação diversionária”, enquanto outros tradutores preferem “projeto de diversão”. O texto de Taunay deixa claro que o objetivo do corpo de exército de que fez parte não era nem podia ser o de vencer a guerra como um todo. Com base nestes comentários, explique em que consistia essa “ação diversionária”. português 2 Resposta Pelo contexto, a intenção era invadir o Paraguai pelo sul (6º parágrafo). Assim, foi planejada uma ação diversionária, isto é, um projeto que desviasse a atenção do inimigo. Daí, a escolha de atacar também pelo norte. O autor, então, sabia que fazia parte de um plano que não tinha como meta vencer a guerra como um todo, mas simplesmente distrair o inimigo do foco principal. Questão 25 Segundo se depreende da leitura atenta do capítulo apresentado, todos os acontecimentos preliminares aconselhariam o abandono do plano primitivo, já que era bastante previsível o fracasso, mas os “despachos ministeriais” continuaram ordenando o prosseguimento da expedição. No sexto parágrafo, o narrador faz com sutileza uma crítica a essa teimosia dos dirigentes do exército da época e menciona uma só razão possível para a manutenção da ordem de avançar. Aponte essa razão, que o narrador coloca com certa ironia e com sentido sutil de crítica nesse parágrafo. Resposta Originalmente, a razão da existência do contingente era atacar pelo norte, numa tática diversionista em relação à frente sul. Porém, em razão de várias dificuldades (enormes distâncias, tipo de relevo, etc.), a ação já nascera condenada ao fracasso. Assim, ironicamente o autor revela seu ponto de vista, alegando que não havia outra função "senão submeter às mais terríveis provações um pequeno corpo de exército". Ou seja, para o autor, as autoridades mantiveram o plano primitivo para, entre outros aspectos, testar a capacidade de resistência dos soldados brasileiros em um ambiente hostil e menos com relação direta ao confronto bélico, que seria resolvido pelo sul, como de fato ocorreu. História – exigente e trabalhosa Comparada à prova do ano passado a prova deste ano pode ser considerada mais difícil. Houve um desequilíbrio em favor de questões de alta e média complexidade. Tomando como pretexto um excerto de A retirada da Laguna – Episódio da Guerra do Paraguai, do Visconde de Taunay, a guerra foi o tema geral da prova. Os candidatos deviam ter hábitos de leitura, domínio de vocabulário e bons conhecimentos de conteúdo. É muito provável que o tempo disponível não tenha sido suficiente para responder as questões desta prova com a necessária tranqüilidade. Geografia – uma prova exemplar Novamente, a VUNESP foi exemplar, aplicando uma prova que mesclou atualidades e assuntos clássicos, interpretação de texto, gráficos, tabelas, mapas, conhecimento histórico, etc. Enfim, uma prova para o candidato melhor preparado. Português – boas questões Com questões baseadas em um longo texto de Taunay, a prova de Humanidades da VUNESP cobrou a leitura atenta não só do fragmento, como dos enunciados. Embora predominantemente básica, exigiu concentração e esforço para chegar a boas respostas. A resolução da prova de Língua Portuguesa estará disponível no site www.etapa.com.br