“60 Anos da Infantaria no Campo Militar de Santa Margarida” No âmbito das comemorações dos 60 anos do Campo Militar de Santa
Margarida, o 1º BIMec contribui para a elaboração do artigo seguinte sobre a
presença das Unidades da Arma de Infantaria no Campo Militar de Santa
Margarida.
1- INTRODUÇÃO
Este capítulo visa, de uma forma breve, narrar a
evolução histórica da presença da Arma de Infantaria no Campo Militar
de Santa Margarida (CMSM).
Embora a presença de Unidades de Infantaria em manobras no CMSM
tenha acontecido desde o início da sua criação, a presença de Unidades
aquarteladas permanentemente remonta apenas a 1976 com o
levantamento da 1ª Companhia de Atiradores Mecanizada, embrião do
que seria em 1977 o Batalhão de Infantaria Mecanizado da então
Brigada Mista Independente. De então para cá, a Infantaria tem-se
mantido com carácter permanente em Santa Margarida.
É este trilho histórico da “Rainha das Batalhas” que vamos tentar
percorrer ao longo das linhas seguintes.
Coube às Armas de Cavalaria e de Engenharia, bem como ao QuartelGeneral da Divisão e ao Comando do Campo Militar, serem as primeiras
a estabelecerem-se com carácter permanente no Campo de Santa
Margarida.
As Unidades de Infantaria, nos primórdios, estavam aquarteladas junto
das suas Unidades mãe e deslocavam-se a Santa Margarida para
participarem em manobras. Nesta altura, o Exército encontrava-se
implantado em todo o território nacional, metropolitano, através de
Regimentos, e foi com base neste tipo de forças, que durante a década
de 50 os exercícios foram sendo conduzidos, numa base anual.
1 “60 Anos da Infantaria no Campo Militar de Santa Margarida” 2- OS PRIMÓRDIOS ( DE 1952 A 1961)
Para enquadramento geral da situação que a
Infantaria vivia durante a década de 1950, tem que ser referido o facto
que os Infantes deslocavam-se e combatiam a pé, ou seja não havia
viaturas de transporte de pessoal no campo de batalha. Associado a
este facto, está, por outro lado, a integração entre a Infantaria e os
carros de combate, embora tenha sido treinada em todos os exercícios
desta década e lhe tenha sido dada uma elevada importância, foi
sempre dificultada pelo facto do Infante apeado, possuir uma
capacidade de mobilidade completamente diferente do carro de
combate. Em última instância a Infantaria poderia recorrer aos próprios
carros de combate para lhe garantir o transporte, mas os resultados
desta forma de atuação não eram muito significativos.
O primeiro exercício realizado no CMSM e conduzido pela então
designada 1ª Divisão do Corpo Expedicionário Português decorreu entre
01 e 21 de Outubro de 1953. As unidades de Infantaria mobilizadas
tiveram por base unidades pertencentes ao Governo Militar de Lisboa, e
Regimentos de Infantaria (RI): RI_10, RI_12 e RI_14 tendo estes
Regimentos ainda recebido forças de outras Unidades. Assim:
•
As forças do RI_10 tinham o comando do RI da EPI, e eram
constituídas por um BI a duas companhias do RI_10; um batalhão
a duas companhias do RI_11 e um batalhão a duas companhias
da EPI, mais três companhias de Atiradores do RI_10.
•
As forças do RI_12 tinham o comando do regimento do RI _12, e
receberam 1 Batalhão a uma companhia do RI_9, 1 batalhão do
RI_16, um Batalhão a duas companhias do CMSM, mais 3
Companhias de Atiradores do RI_12.
•
O RI_14 foi constituído com base no comando do RI_14, um
Batalhão a duas Companhias do RI_8, um Batalhão do RI_13, um
2 “60 Anos da Infantaria no Campo Militar de Santa Margarida” batalhão a uma companhia do RI_14 mais 3 companhias de
atiradores do RI 14 e uma companhia de recompletamento do RI_
14(EME, 1988:83)
Como se pode verificar esta constituição não era muito coerente e foi
produzida com pouco rigor e assertividade não havendo sequer um
quadro orgânico bem definido para as forças da Divisão. A mais valia,
foi, apenas, tornar as manobras de 1953 possíveis. De uma forma geral
estas manobras não foram muito ambiciosas nos seus objectivos,
pretenderam “fazer uma aproximação táctica em meios auto e a
pé”(EME, 1988:90). Decorreram em duas fases: uma primeira de treino
das unidades de escalão batalhão, e uma segunda a da manobra da
Divisão propriamente dita. As lições identificadas para a Infantaria, quer
por entidades nacionais quer por entidades estrangeiras que assistiram
aos exercícios, nomeadamente o Coronel SIDNEY BROWN chefe da
missão do SHAPE em Portugal, foram: (EME, 1988:94).
•
deveria ser aumentado o tempo de instrução em Santa Margarida
para 2 meses, após 16 semanas de instrução individual visando a
integração entre a Infantaria, Carros de Combate e Artilharia, bem
como o trabalho dos Estados-maiores dos Regimentos;
•
possibilidade de enviar comandantes de batalhões e regimentos
de Infantaria para exercícios na Alemanha;
•
aumentar a capacidade de supervisão do treino por parte dos
Regimentos de Infantaria.
Foram também identificados problemas na instrução de base nas
companhias de atiradores que provinham de centros de instrução
diferentes. Ressalta ainda a necessidade de se continuar a desenvolver
esta escola de armas combinadas e aproveitar o campo de Santa
Margarida com a capacidade para 20000 militares para praticar, treinar e
evoluir.
O treino do ano de 1954, para as unidades da Divisão teve início com
um exercício de postos de comando, que decorreu entre 15 e 16 de
fevereiro que teve a finalidade de treinar os comandos do RI e dos
Batalhões de Infantaria ( BI) na tomada de decisões e difusão de ordens.
3 “60 Anos da Infantaria no Campo Militar de Santa Margarida” A opinião geral sobre este exercício foi que decorreu da forma esperada
sendo notados alguns progressos no trabalho dos chefes das secções
de EM.
As lições aprendidas do exercício do ano anterior mostraram que as
forças de Infantaria provinham de um vasto leque de Únidades e
constituídas de uma forma pouco coerente. Por forma a colmatar esta
situação, foi decidido por despacho de 6 de Maio de 1954 do
Subsecretário de Estado do Exercito, (EME, 1988:106). que as tropas de
Infantaria da designada, (a partir deste despacho)
2ª Divisão, eram
garantidas pelos RI_10, RI_12 e RI_14 cada um deles dando o comando
do Regimento, um Batalhão de Infantaria e um Batalhão de Recrutas de
Santa Margarida. Eram ainda acrescentados mais três batalhões de
recrutas dos RI_2, RI_7 eRI_15. Esta organização manteve-se até à
Criação da 1ª Brigada Mista Independente. O que se pretendeu foi dotar
da capacidade de mobilização as Unidades de Infantaria com os meios
necessários para desencadear esse processo. As manobras decorreram
de 11 de Setembro a 08 de Outubro e tiveram um percurso crescente de
aplicação de forças, ou seja, começaram por ser treinados os mais
baixos escalões até à manobra geral da Divisão, quer em temas de
defesa quer de ataque. Para a Infantaria, as lições aprendidas neste ano
foram que a fraca instrução ministrada durante a escola de recrutas se
reflectia depois nos exercícios de escalão Agrupamento. Conclui-se que
as tropas devem ser completamente proficientes nas tarefas do escalão
imediatamente abaixo do qual se está a realizar o exercício. Foi ainda
notada uma deficiente capacidade na instrução de esgrima com
baioneta, bem como falta de viaturas para instalar postos de comando e
redes de camuflagem, quer individuais, quer para viaturas. Não sendo
problemas que a Infantaria pudesse resolver directamente, eram
importantes para o seu treino. É verificada a necessidade dos Batalhões
de Infantaria passarem a contar com um 2ª Comandante. Por último,
para melhor funcionamento da Divisão, o seu Quartel-General deverá
passar a ser constituído com base no da 3ª Região Militar em vez da 2ª,
4 “60 Anos da Infantaria no Campo Militar de Santa Margarida” passando também a Divisão designar-se desde esta altura de 3ª
Divisão.
No ano de 1955 a Divisão destinada ao SHAPE, então designada de 2ª
Divisão passa a chamar-se 3ª Divisão1. As manobras divisionárias
decorrem entre 05 de Setembro e 01 de Outubro. Relativamente às
implicações para a Infantaria, na fase de planeamento é levantada a
necessidade de:
•
treino nocturno,
•
aumento do treino das Pequenas Unidades, incluindo fogos reais,
antecedendo os exercícios dos escalões superiores,
•
dotar as Unidades de escalão Batalhão e Regimento dos seus
quadros de transmissões.
Foi ainda treinada a cooperação Infantaria / Carros de Combate.
O ano de 1956 traz um avanço significativo para as Armas combinadas
Infantaria/Carros de Combate. É neste ano que é executado um plano
de treino a partir do escalão secção de atiradores, por forma a integrar
os carros de combate. Não foi completamente executado o planeamento
devido à forte chuva que caiu até final de maio, no entanto já foi um
grande avanço que se veio a concretizar nos anos seguintes.
As manobras de 1956 foram planeadas tendo em vista a visita do
Marechal MONTEGOMERY e decorreram entre 30 de Agosto e 6 de
Outubro, sendo os principais problemas identificados para a Infantaria, a
deficiente preparação dos militares, quer do Quadro Permanente, quer
do Quadro de Complemento, bem como dificuldades na manutenção de
equipamentos e armamento.
No ano de 1957 dá-se um incremento significativo na cooperação entre
Infantaria e os Carros de Combate com a realização de diversos treinos
conjuntos aos baixos escalões de 01 de maio a 19 de junho.
Relativamente às manobras anuais propriamente ditas elas decorreram
de 1 a 28 de Setembro nas modalidades de treino de posto de comando
e treino de armas combinadas Infantaria/ Carros de Combate até
escalão Batalhão. Não houve nenhum exercício de manobra de Divisão.
1
De acordo com a Circular 16 do EME de 2 de Junho de 1955 5 “60 Anos da Infantaria no Campo Militar de Santa Margarida” Assim sendo, foi dada ênfase ao “pormenor”, como se pode verificar na
saudação do General Buceta Martins, Comandante da 3ª Divisão na
saudação que dirigiu em 04 de setembro :
“Por isso mesmo, o programa de exercícios a realizar visa a trabalhar o
pormenor, no quadro das pequenas Unidades.
Se esta orientação – trabalhar o pormenor- for geral e severamente
prosseguida, a 3ª Divisão, a despeito da eliminação do exercício de
conjunto divisionário, poderá obter um grande benefício para a sua
preparação….
Este trabalho de pormenor não exigirá- muito ao contrário- menos
tenacidade, severidade de controlo e esforço físico e intelectual dos
comandos em todos os escalões e das tropas.” (EME, 1988:120)
Para as Unidades de Infantaria esta situação revelou-se muito
proveitosa.
O ano de 1958, constitui-se como o último ano em que a 3ª Divisão
realizou as suas manobras no CIMSM. Isto ficou a dever-se por um lado
à nomeação do General Buceta Martins para Comandante da Academia
Militar, o que se revelou vir a ser uma grande perda pois era um grande
dinamizador dos trabalhos da Divisão. Por outro lado, o surgimento da
dúvida quanto à capacidade de reorganização das forças da Divisão
para poderem ser empregues na Guerra Colonial que viria a eclodir em
1961.
Para a Infantaria este ano fica marcado pelo continuar da matriz de
trabalho desenvolvida nos anos anteriores, ou seja: partindo do treino
individual, ir aumentado os conhecimentos dos quadros e tropas, por
forma a poderem ser empenhados na manobra da Divisão. Este ano as
manobras decorreram entre 7 a 30 de setembro. Das lições identificadas
neste exercício, para a Infantaria houve a reter que era necessário mais
treino individual e que o período destinado, dentro das manobras ao
treino dos batalhões poderia ser suprimido, desde que esse treino fosse
feito nas suas Unidades de origem, revertendo este tempo para a
manobra geral da Divisão.
6 “60 Anos da Infantaria no Campo Militar de Santa Margarida” No ano de 1959 não se realizaram manobras da Divisão, apenas
exercícios de Postos de Comando e um Exercício de Agrupamento
Táctico (AgrT), aproveitando o facto das unidades como um todo terem
sido projectadas para Santa Margarida para a execução apenas dos
exercícios de postos de comando. No conjunto este treino decorreu de 3
a 19 de agosto. Foram constituídos Sub-Agrupamentos com unidades
de Infantaria, Artilharia, Cavalaria (Grupo de Carros de Combate e
Esquadrão de Reconhecimento) e Engenharia. Das lições identificadas
para a Infantaria salienta-se o facto de uma dificuldade de comando e
controlo dos Sub Agrupamentos (SubAgr) por parte do comando do Agr
uma vez que estavam empenhados na execução dos exercícios de PC
que decorria em simultâneo.
O ano de 1960 fica marcado pelo exercício de postos de comando
BASTÃO e pela execução, já pretendida há alguns anos, da parte final
da Escola de Recrutas com destino às Unidades de Infantaria e
Artilharia, decorrer em Santa Margarida. De salientar que um dos
Batalhões de todos os Regimentos de Infantaria da Divisão era um
Batalhão da Escola de Recrutas. Pretendia-se com este treino no
CIMSM para além da instrução específica da Escola de Recrutas, treinar
a integração em armas combinadas: Infantaria/ Artilharia, Carros de
Combate, Engenharia. Devido a custos deixam de se realizar manobras
da Divisão como um todo, voltando a repetir-se a modalidade do ano
anterior de exercícios de Agrupamento Táctico, com foco no treino
integrado de armas combinadas. Esta decisão ficou expressa no
despacho do CEME de 09 de Abril de 1960: “A Divisão deverá fazer as
suas próprias manobras ao nível Agrupamento Táctico (…) O treino das
tropas ( combinação Inf, Art e Carros) é muito importante, (…). As
manobras da Divisão completa (…) só com um intervalo de 3 a 4 anos
se poderão voltar a realizar, dado o seu grande custo.” (EME, 1988:216).
Como forma de rentabilizar o treino, dados os meios disponíveis, foi
decidido testar o emprego de um tipo de força diferente: uma Brigada de
Infantaria. Os meios materiais e humanos eram extremamente menores
comparados com os da divisão. Era um tipo de forças que se vinha a ser
7 “60 Anos da Infantaria no Campo Militar de Santa Margarida” pensado e trabalhado na NATO. Assim, garantido o apoio do SHAPE foi
criada a Brigada de Infantaria LANDCENT. As já tradicionais manobras
anuais decorreram entre 4 e 19 de Agosto e serviram para;
•
a concentração de forças e organizar a Brigada,
•
um exercício interno das sub unidades da Brigada e para um
exercício de Brigada.
Em termos de forças de Infantaria esta Brigada era composta por 3
batalhões provenientes dos RI_2, RI_7 e RI_15. Das conclusões do
exercício resulta uma grande necessidade de conceitos doutrinários
para o emprego deste tipo de forças.
Com o desencadear da Guerra colonial em 1961, não foi realizado o
exercício BATALHA que estava previsto para esse ano, que incluía a
cooperação, participação de uma Unidade Britânica, mas que também
por razões estratégicas britânicas no dia em que deveria embarcar para
Portugal, não o fez. (EME, 1983:30)
Nos anos de 1962 e 1963, embora já com a Guerra Colonial em curso, o
Exército ainda procurou manter o treino de armas combinadas por forma
a garantir a satisfação dos compromissos assumidos com a NATO.
Assim em outubro e novembro de 1962 os RI 2, 7 e 15 garantem uma
companhia cada para a realização de um exercício. Em 1963 embora
decorra um treino de fogos reais, a Infantaria já não participa.
3- O PERÍODO DA GUERRA COLONIAL (DE 1961 A 1974)
O marco histórico que levou a
esta quebra de continuidade foi o eclodir dos conflitos no então
designado Ultramar Português. O esforço das Forças Armadas em geral
e do Exército em particular, deixa de ser o Teatro de Operações da
8 “60 Anos da Infantaria no Campo Militar de Santa Margarida” Europa Central, para passarem a ser os territórios portugueses em
África.
Neste período, a responsabilidade de mobilização e aprontamento de
forças para serem projectadas para os teatros de operações
ultramarinos passou a ser do Regimento de Cavalaria 4, sendo as
unidades projectadas com a designação de Batalhões ou Companhias
de Cavalaria. Durante este período, o RC _4 projectou 13 Batalhões a 4
Companhias e mais 18 Companhias Independentes para os três teatros
de operações: Angola, Moçambique e Guiné(QG/ CMSM, 2002:104).
Em termos de técnica individual e táctica de pequenas unidades
podemos afirmar que a Infantaria está presente durante todo este
período, pois era com base nos conhecimentos e organização das
unidades de infantaria que as forças foram levantadas, organizadas,
treinadas, desenvolveram as suas ações de combate e foram retraídas
novamente para o território metropolitano. No entanto como unidades
“puras” de infantaria estas não estiveram presentes durante este
período.
4- DO FINAL DA GUERRA COLONIAL ATÉ AO FIM DA GUERRA FRIA
Com o final da Guerra Colonial e com o
normalizar da situação político-militar vivida após o 25 de Abril de 1974,
o Exército português volta-se novamente para a NATO.
O contributo de Portugal para a defesa coletiva aliada tinha sido
modificado entretanto. Assim, do emprego previsto da 3ª Divisão no
centro da Europa, na década de 1950, passou-se para o emprego de
uma Brigada de reforço ao comando sul da Europa tendo como sector
atribuído uma região no noroeste de Itália, sendo esta força atribuída ao
SACEUR. Assim, por despacho do então Chefe de Estado-maior do
9 “60 Anos da Infantaria no Campo Militar de Santa Margarida” Exército (CEME), General Ramalho Eanes, foi decidido levantar uma
Brigada com reduzidos elementos com forças blindadas e mecanizadas,
com elevada prontidão, cujas Unidades se deveriam localizar no Campo
de Santa Margarida, ou regiões vizinhas e que deveria ser o ponto de
partida para a renovação técnica e táctica do exército. Dando
cumprimento a este desígnio é formalmente constituída, através do
decreto-lei 91/98 de 11 de Maio de 1978 a 1ª Brigada Mista
Independente.
Relativamente a Unidades de Infantaria, esta Grande Unidade contava
com 3 Batalhões, sendo um equipado com Viaturas Blindadas de
transporte de pessoal – M113, o BIMec, permanentemente aquartelado
em Santa Margarida e mais dois Batalhões de Infantaria Motorizados: o
1º BIMoto aquartelado em Tomar no então Regimento de Infantaria de
Tomar e o 2º BIMoto aquartelado em Abrantes, no Regimento de
Infantaria de Abrantes.
Os BIMoto destinavam-se ao combate apeado e possuíam grande
capacidade de combate em qualquer tipo de terreno sob quaisquer
condições climatéricas, em operações em que a velocidade não fosse
factor essencial. Estas unidades só se deslocavam ao Campo de Santa
Margarida para treinos e exercícios.
Por seu turno, o BIMec, criado de raiz a 15 de Março de 1977 no Campo
Militar de Santa Margarida e aí permanentemente aquartelado, estava
equipado com os diferentes modelos da viatura blindada de transporte
de pessoal – M113, Estes meios, garantiam a fácil integração entre a
Infantaria e os Carros de Combate e estava dotado de grande
flexibilidade de emprego, uma vez que usando a viatura, os Infantes
podiam acompanhar os Carros de Combate, podendo sempre que
necessário desembarcar e combater a pé. Embora este Batalhão tenha
sido totalmente levantado em Santa Margarida, os militares que
integraram a 1ª Companhia deste batalhão, encarregue de receber as
primeiras 20 viaturas M113 A1 de origem Norte Americana , e ocupar as
instalações (provisórias, onde hoje se situa o Batalhão de Apoio de
Serviços da BrigMec) tiveram origem numa Companhia do Regimento
10 “60 Anos da Infantaria no Campo Militar de Santa Margarida” de Infantaria de Abrantes, que selecionou, aprontou e treinou e projetou
estes militares para Santa Margarida no ano de 1976. Só em 1977 é que
o BIMec ocupou as actuais instalações2. No que concerne às viaturas,
há que referir que vieram por transporte marítimo até ao porto de Lisboa,
sendo depois embarcadas em plataforma ferroviária até à estação de
Santa Margarida3.
Como forma de ilustrar os primórdios desta Unidade de Infantaria e o
espírito então vivido apontam-se os testemunhos recolhidos a alguns
dos protagonistas dessa época num recentre encontro (10 de Outubro
de 2012) no 1º BIMec:
O 1º Comandante do BIMec - Coronel (REF) Barroso de Moura.
O início da alocução, realizada de improviso, impôs no ambiente da
sala onde decorreu a reunião de trabalho, um profundo silêncio,
denotando a plateia um misto de expetativa e respeito pelo primeiro
Comandante do BIMec.
Destacam-se do discurso proferido os aspetos seguintes:
a. A ênfase e elogio imediato à lealdade e qualidade dos Oficiais,
Sargentos e Praças que serviam na Unidade, distinguindo sem
hesitações o TGen (REF) Rino, TGen (REF) Vizela Cardoso,
TGen (REF) Silvestre Martins.
b. Os desafios sentidos na ação de comando, provocados por
influências políticas próprias do período conturbado e incerto do
pós 25 de abril, visavam dispersar, dividir, a unidade de
comando do BIMec que possuía à data entre oficiais, sargentos
e praças, cerca de 1000 militares.
c. A edificação da primeira unidade mecanizada do exército
português caraterizou-se pela existência de um “espírito novo”
para o Exército. Da existência de um espírito de entreajuda,
2
De acordo com testemunho recolhido junto do Comandante desta 1ª Companhia Mecanizada, o então Capitão Manuel da Silva, num encontro de antigos militares a 26 de Maio de 2012, no 1º BIMec 3
De acordo com testemunho recolhido junto do então Ten Mil HENRIQUE GODINHO, chefe da coluna que trouxe as viaturas para Santa Margarida, num encontro de antigos militares a 26 de Maio de 2012, no 1º BIMec. 11 “60 Anos da Infantaria no Campo Militar de Santa Margarida” onde cada um exercia o sentido de responsabilidade que lhe
competia, procurando contribuir para a resolução dos problemas
da unidade. Simplesmente, o dever de cumprir, colaborando em
permanência para o princípio do bem-fazer.
d. O sentido do “espírito novo” traduz-se no lema seguinte:
Aperfeiçoar o que está bem e remediar o que está mal.
O Oficial de Operações do BIMec – TGen (REF) Cardeira Rino
Em resultado de determinações superiores deixa a unidade de
operações especiais em Lamego para servir o BIMec como Oficial
de Operações. Releva-se da alocução a perceção das enormes
dificuldades que em 1975 se faziam sentir em todo o Exército,
talvez, bem mais graves quando comparadas com as que hoje se
sentem.
Da desmotivação sentida, em resultado do estado caótico que o país
vivia, surge associado à vinda para a Brigada Mecanizada um
inesperado incentivo, muito devido à existência de nova tecnologia e
doutrina, promovendo uma dinâmica que se traduz nas palavras
seguintes: foi uma vida nova e…COMEÇÁMOS!
Fomos muito felizes aqui em Santa Margarida. Os ciclos existem e
vão continuar, permanecendo a necessidade do Exército continuar a
prestar um Serviço a Portugal e aos Portugueses.
O Comandante da Companhia de Apoio de Combate – TGen
(REF) Vizela Cardoso
O destaque realizado a Oficiais do BIMec durante a alocução do
Coronel Barroso de Moura foi complementado, porquanto, no seu
entendimento, o sucesso e padrões atingidos no BIMec deveu-se ao
empenho de todos, oficiais, sargentos e praças. Inclui-se com
distinção o TGen Silvestre Martins.
Por determinação do Brigadeiro Jasmim Freitas, é designado para
vir para o BIMec para levantar a Companhia de Apoio de Combate.
12 “60 Anos da Infantaria no Campo Militar de Santa Margarida” Veio com a missão de trabalhar uma vertente tecnológica até então
desconhecida, com a qual se constatou que a formação dos quadros
necessitava de um aperfeiçoamento abrangente para fazer face à
disrupção cognitiva que então os novos sistemas de armas
promoveram ao nível dos quadros do Exército. Regressou mais
tarde ao BIMec como 2º Comandante.
Em conclusão, evidencia-se que a existência de novos sistemas de
armas e tecnologias requerem uma lógica de sustentabilidade,
plurianual, que nem sempre é devidamente identificada. Temos
dificuldade em sustentar o que é bom. Temos dificuldade em
sustentar o investimento realizado na Defesa.
O Oficial de Informações do BIMec – MGen (REF) Afonso
A novidade das funções, associado a uma integração numa unidade
em edificação, constituíram à data os motivos principais de
motivação para fazer face ao desafio com que se deparava.
Para além dos aspetos referidos e de tudo ter que ser erguido de
novo, existiam particularismos da unidade que lhe permitam
desencadear uma mística única (i.e., posição de sentido de punhos
fechados, movimento do ombro arma diferente do regulamentado,
existência do código de honra). Obviamente, que a existência destes
aspetos
diferenciadores
visavam
incrementar
a
unidade
de
comando, obter um elevado espírito de corpo e assegurar um
elevado sentido de disciplina, totalmente contrário às tendências que
se viviam na maior parte das unidades do Exército no período
conturbado do pós 25 de abril de 1974.
Temia-se, então, a existência de unidades com elevados padrões de
disciplina. A dedicação, empenho e iniciativa atingiram padrões
13 “60 Anos da Infantaria no Campo Militar de Santa Margarida” extremamente elevados e, notavelmente, sempre com um sorriso na
cara de cada Soldado4.
Dado o ambiente geopolítico que se estava a viver durante este período,
a 1ª Brigada Mista Independente tinha um duplo empenhamento: por um
lado a defesa do território nacional, constituindo-se como núcleo central
do Corpo de Exército, sendo os exercícios da série ORION, MARTE,
ROSA BRANCA, ARCO
e GAMEX ( exercícios de PC) os grandes
momentos de treino para esta missão. Por outro lado, tendo em vista a
satisfação dos compromissos com a NATO, a Brigada participava nos
exercícios
DEFENSE
CROP,
WINTEX
CIMEX
e
DISPLAY
DETERMINATION, alternado as modalidades de CPX e FTX.
Estes
foram tempos de grande intensidade de treino para a 1º Brigada Mista
Independente e consequentemente para as Unidades de Infantaria,
particularmente para o BIMec que sendo a primeira Unidade
mecanizada do Exército constitui-se numa unidade de referência na
Infantaria,
participando
nos
seguintes
exercícios
internacionais:
“DISPLAY DETERMINATION – 80,82,84,86,89”; “DRAGON HAMMER 91”.
5- DO FIM DA GUERRA FRIA AOS NOSSOS DIAS
O
propósito
das
linhas
seguintes
é
destacar
o
que
mais
significativamente marcou as unidades de Infantaria no Campo Militar de
Santa Margarida desde o final da Guerra Fria até aos nossos dias.
Propositadamente não será abordada aqui a participação da Infantaria
nas, genericamente designadas, missões de apoio à paz/ resposta à
crise, visto para este tema ser reservado exclusivamente o capítulo
seguinte.
Uma das consequências do fim da Guerra Fria foi a redução de forças
convencionais estacionadas no centro da Europa. Com esta redução
4
Notas pessoais com o título: “Dos Oficiais, Sargento e Praças fundadores da primeira unidade mecanizada do Exército Português: O Batalhão de Infantaria Mecanizado – 1976 a 1977” recolhidas pelo TCor PEDRO BRITO TEIXEIRA, atual Comandante do 1º BIMec num encontro realizado a 10 de Outubro de 2012, no 1º BIMec . 14 “60 Anos da Infantaria no Campo Militar de Santa Margarida” houve uma redistribuição dos meios, sendo Portugal contemplado com
uma elevada quantidade de viaturas e equipamento. A Brigada recebeu
ainda uma parte considerável de verbas da 2ª Lei de Programação
Militar. Assim, surgiu a capacidade para mecanizar completamente
todas as unidades da Brigada. Por despacho de 17 de março de 1994,
do General CEME, a 1º BMI passa a designar-se Brigada Mecanizada
Independente. As consequências directas para as unidades de infantaria
foram:
•
Alteração da designação de BIMec para 1º BIMec;
•
Criação do 2º Batalhão de Infantaria Mecanizado em 08 de
Janeiro de 1996, diretamente herdeiro das tradições e património
do 2º BIMoto, do RI de Abrantes.
•
Extinção do 1º BIMoto do RI de Tomar;
•
Reequipamento de algumas subunidades ainda equipadas com
meios de rodas, como por exemplo o Pelotão Anti-Carro do 1º
BIMec com viaturas da família M113.
Relativamente à criação do 2º BIMec, tendo como data oficial a já
referida de 08 de Janeiro de 1996, o seu levantamento teve por base a
recepção de 77 viaturas M113 de origem holandesa em 1994
Em termos de treino e exercícios a BMI manteve os padrões atingidos
pela sua antecessora a 1ª BMI.
Com o evoluir da situação geopolítica, a NATO decide criar,
na Cimeira de PRAGA a 21 e 22 de Novembro de 2002, um novo tipo de
forças, as NATO RESPONSE FORCES (NRF) que deveriam possuir as
seguintes capacidades:
15 “60 Anos da Infantaria no Campo Militar de Santa Margarida” •
Empregue como Initial Entry Force (IEF);
•
Empregue como Stand Alone Force (SAF) para:
– Evacuação de Não-Combatentes (NEO);
– Apoio na Gestão de Consequências (Ocorrências NBQR e
situações de Crise Humanitária);
– Operações de Resposta à Crise;
– Apoio a Operações de Contra Terrorismo;
– Operações de Embargo.
•
Empregue como Força de Demonstração;
Assim, a partir do 2º Semestre de 2004 e
durante todo o ano seguinte, o 1º BIMec recebe a missão de treinar,
certificar e garantir a prontidão durante o 2º Semestre de 2005 um
Agrupamento Mecanizado, força que Portugal disponibilizava para a NRF
5. Para o cumprimento desta missão, 1º BIMec organizou-se em comando
e estado-maior, 2 companhias de atiradores e uma companhia de comando
e serviços, tendo recebido do Grupo de Carros de Combate da Brigada
Mecanizada Independente um Esquadrão de Carros de Combate. Esta
“tarefa hercúlea”(Ferrão, 2006:4), como foi considerado na altura, revelouse uma enorme oportunidade de treino para a uma unidade de Infantaria.
Teve o seu ponto alto na execução do exercício COHESION 05 que
decorreu no Campo Militar de S. Gregório em Saragoça, Espanha, e que
obrigou à projeção de 300 militares, 35 viaturas de lagartas, 30 de rodas e
5 contentores, num total de cerca de 1000 toneladas por via ferroviária
desde a estação de Santa Margarida até Espanha. O Esquadrão de Carros
de Combate foi transportado por via rodoviária até à fronteira e depois a
partir de Badajoz em plataforma ferroviárias até ao Campo de S. Gregório
em Saragoça. (Esteves, 2006:127).
16 “60 Anos da Infantaria no Campo Militar de Santa Margarida” Novamente em janeiro de 2008, o 1º BIMec recebe a missão de organizar,
treinar e manter durante o 1º semestre de 2009 o AgrMec NRF 12, em todo
semelhante ao que foi feito na NRF 5. Mais uma vez esta tarefa difícil,
enorme e complicada foi levada a bom termo por uma unidade de
Infantaria.
Decididamente que o contributo que o Exército deu para a NATO através
dos dois Agrupamentos Mecanizados, foi um marco indelével na história
recente das unidades de Infantaria da Brigada, ajudando significativamente
à:melhoria das oportunidades de treino; quantidade e qualidade dos meios
disponibilizados; recolha lições identificadas, procurando sempre obter a
excelência..
De referir ainda que durante este período a Brigada Mecanizada
Independente transformou-se em Brigada Mecanizada, em Janeiro de 2006
não tendo qualquer implicação na organização geral das Unidades de
Infantaria, ou seja o 1º e o 2º BIMec mantiveram-se.
6- A INFANTARIA NA CONSTRUÇÃO DA PAZ
Vamos
agora
abordar,
em
exclusivo,
a
participação das Unidades de Infantaria nas Operações de apoio à paz.
De salientar desde já, que de todas as unidades da Brigada, o 1º BIMec foi
a Unidade pioneira na projecção deste tipo de forças, bem como foi a única
unidade da Brigada a ser projectada para o teatro de operações de Timor
Leste. Assim:
17 “60 Anos da Infantaria no Campo Militar de Santa Margarida” QUANDO
UNIDADE
TEATRO DE
MISSÃO GENÉRICA
OPERAÇÕES
JAN – JUL 97
1º
BIMec,
como
1º
BIMoto/SFOR
Bósnia
Com sector atribuído sob
Herzegovina
comando
de
uma
divisão
italiana
JUL-DEC97
2º
BIMec,
como
1º
BIMoto/SFOR
Bósnia
Com sector atribuído sob
Herzegovina
comando
de
uma
divisão
italiana
JAN-JUL99
1º
BIMec,
como
3º
BIMoto/SFOR
Bósnia
Com sector atribuído sob
Herzegovina
comando
de
uma
divisão
táctica
do
italiana
AGO
00-
2º
BIMec,
como
Bósnia
Reserva
Herzegovina
comandante da SFOR
Bósnia
Reserva
ECHO/SFOR
Herzegovina
comandante da SFOR
Companhia KILO do 1º
Kosovo
Com sector atribuído sob
JAN01
BIMoto/SFOR
JAN 01-JUL01
1º
JUL
00-
ABR01
JAN-JUL02
JAN-JUL03
BIMec,
como
2º
Agr
BIMec integrada no Agr
comando
DELTA
italiana
2º
BIMec,
como
2º
táctica
de
do
uma
divisão
táctica
do
Bósnia
Reserva
BIMoto/SFOR
Herzegovina
comandante da SFOR
1º BIMEC
Timor Leste
Com sector atribuído nas
regiões de DILI, AILEU e
BAUCAU
JUL04-JAN05
MAR-OUT06
2º
BIMec,
como
2º
Bósnia
Com
sector
atribuído
BIMoto/SFOR
Herzegovina
região de DOBOJ
1ºBIMec
Kosovo
Reserva
táctica
na
do
comandante da KFOR
MAR-SET07
2ºBIMec
Kosovo
Reserva
táctica
do
comandante da KFOR
SET 09-MAR
1ºBIMec
Kosovo
10
MAR11SET11
Reserva
táctica
do
comandante da KFOR
2ºBIMec
Kosovo
Reserva
táctica
do
comandante da KFOR
18 “60 Anos da Infantaria no Campo Militar de Santa Margarida” Todas estas operações em que as unidades de Infantaria da Brigada
participaram tornaram prático o sentido do povo português em contribuir
para a paz e a segurança mundiais. Souberam provar, no terreno e ombro a
ombro com outras forças que os militares Infantes portugueses estão na
primeira linha da qualidade e capacidade do “saber fazer”, da determinação
e da coragem moral e física. Todo este conjunto de experiências e lições
ímpares que as unidades recolheram, que depois as souberam incorporar
no seu treino em território nacional e passar a outros, são um repositório de
conhecimentos teóricos e práticos que enriquece, em muito,
a Arma
Infantaria.
7- OS COMANDOS EM SANTA MARGARIDA
Os Comandos, embora sendo Tropas Especiais, estão por
tradição, por filosofia e código de conduta, pelo tipo de treino e pelo tipo
de missões que podem despenhar, integrados na Infantaria.
De 1975 a 1988 os Comandos tiveram localizados em Stª. Margarida um
Destacamento de apoio designado Destacamento de Comandos de
Santa Margarida, instalado em parte da área geográfica que actualmente
ocupa o Quartel da Artilharia.
Este Destacamento tinha como missão apoiar a realização dos cursos
de comandos. Tinha sempre em permanência pessoal, material e
instalações à sua responsabilidade. Sendo aumentados, sempre que
necessário, com mais meios humanos e materiais para apoiarem a
execução dos Cursos de Comandos.
Esse apoio foi prestado assente em vários modelos que poderiam ir
desde o simples apoio à realização de provas especiais, passando por
se ministrar todo o curso de comandos ou podendo ainda ministrar-se a
toda a formação geral comum (recruta) seguida do referido curso.
19 “60 Anos da Infantaria no Campo Militar de Santa Margarida” 8- AS OPERAÇÕES ESPECIAIS EM SANTA MARGARIDA
Pelas mesmas razões apontadas para o
Comandos, também as Operações Especiais se integram na Infantaria.
Sendo que nunca tenham estado estacionadas, como uma Unidade
constituída, de for de forma permanente no Campo Militar, com ele tem
contado, ao longo dos tempos e de diferentes formas. Desde logo, como
Elementos isolados que integravam as Unidades aquarteladas em Santa
Margarida. São exemplos disso desde Elementos fundadores do 1º
BIMec, até comandantes da Brigada e comandantes do 2º BIMec5.
Outro contacto regular tem sido, longo dos anos, o uso de algumas
infraestruturas do Campo Militar para a execução de exercícios e de
fogos reais.
Para além disto, elementos de Operações Especiais, como Sub
unidades constituídas, tem integrado o quadro orgânico de diversas
Forças Nacionais Destacadas ( FND), ás quais as Unidades da Brigada
têm pertencido. Assim, como parte integrante de forças da Brigada
projetadas fora do Território Nacional, os Elementos de Operações
Especiais já estiveram a operar em Timor, e nos Balcãs. O facto de
unidades da Brigada Mecanizada integrarem forças de Operações
Especiais materializa o conceito de modularidade da força, que
caracteriza a nova tipologia de operações, ou seja diferentes valências
que são postas à disposição de um comandante para o cumprimento de
uma missão.
5
Apenas a título de exemplo apontam‐se os seguintes nomes para ilustrar esta situação os seguintes Elemento de Operações Especiais: comandante da Brigada Mecanizada Independe entre 1996 e 1998 Gen CARDEIRA RINO; Comandante do 2º BIMec entre 1998 e 2001 Cor MARCO SERRONHA; Fundador do 1BIMec‐ Ten Miliciano HENRIQUE GODINHO. 20 “60 Anos da Infantaria no Campo Militar de Santa Margarida” 9- CONCLUSÃO
Procuramos trilhar de forma breve,
ao longo deste artigo, a presença física das Unidades de Infantaria no
Campo Militar de Santa Margarida.
Inicialmente, durante a década de 1950, esta presença foi não
permanente, deslocando-se as unidades, numa base anual apenas para
a execução de treino e exercícios, as designadas manobras.
Durante o período da guerra colonial, dá-se uma ausência completa de
unidades “puras” de Infantaria, sendo que, no entanto, o treino
ministrado tinha por base a doutrina e táctica da infantaria.
O regresso definitivo da Infantaria ao Campo de Santa Margarida dá-se
em 1977 com a criação do Batalhão de Infantaria Mecanizado a quem
se juntou em janeiro de 1996 uma Unidade gémea, o 2º BIMec e assim
se manteve até hoje.
Neste momento difícil da nossa história, e com os dados que possuímos,
não é fácil vislumbrar qual o futuro das Unidades de Infantaria em Santa
Margarida, nem sequer é propósito deste artigo. Ainda assim,
poderemos tecer algumas considerações. O produto operacional da
Brigada Mecanizada diferencia-se das demais Grandes Unidades pela
unidade de comando que a caracterizam, permitindo constituir com
coerência e celeridade uma força de armas combinadas. Este é o
princípio diferenciador em qualquer teatro de operações – no passado,
no presente e no futuro. O desafio posiciona-se nos dilemas que
conseguimos criar na ameaça através do diferente uso de sistemas de
sistemas para vencer os obstáculos. Por outro lado, a doutrina que nos
move é a que privilegia a manobra em detrimento da atrição;
consideramos que os conflitos ocorrem entre a população e se situam
tendencialmente em áreas edificadas.
21 “60 Anos da Infantaria no Campo Militar de Santa Margarida” Transmissão de conhecimento de geração em geração com a finalidade
de assegurar a constante regeneração dos meios, otimizando-os em prol
do produto operacional que temos que obter. Isto é, por definição:
somos parte da solução e não do problema.
Este conhecimento dos mecanizados e das armas combinadas,
sustentado em princípios, permite-nos hoje, sem falsas modéstias,
afirmar que estamos preparados para trabalhar com outras plataformas,
porquanto, os princípios mantêm-se e a doutrina de armas combinadas
existe. Considera-se também oportuno enfatizar que o exército e esta
Brigada, em particular, privilegiam o treino operacional de alta
intensidade uma vez que é ele que nos torna aptos a cumprir as outras
missões – média, baixa intensidade ou vulgarmente conhecidas por
operações de apoio à paz – o contrário não é verdade.
Por fim, podemos dizer que é consensual
entre os Infantes que o
Campo de Santa Margarida tem condições ímpares, em termos
nacionais para o treino da Infantaria.
Resta-nos esperar que o nosso Patrono (dos Infantes e da Brigada), S.
NUNO de SANTA MARIA, D. Nuno Álvares Pereira, ilumine e inspire
todos aqueles que tem poder de decisão sobre o futuro da “ Rainha das
Batalhas” para que a Infantaria possa continuar a encher de prestígio e
glória o Exército e Portugal.
22 “60 Anos da Infantaria no Campo Militar de Santa Margarida” Bibliografia
Livros
EME, (1988). Subsídios para o Estudo do Esforço Militar Português na Década
de 50 Volume I e II. Estado Maior do Exército .
1º BIMEC, (2006). Reflexões de Experiencia Feita. 1º BIMec
BRIGADA MECANIZADA
INDEPENDENTE, (1998). Brigada Mecanizada
Independente 1978-1998 – 20 Anos. Brigada Mecanizada Independente
BRIGADA MECANIZADA, (2008). Brigada Mecanizada 1978-2008 – 30 Anos.
Brigada Mecanizada
QG/ CMSM, (2002). 50 Anos Campo Militar de Santa Margarida 1952-2002.
QG/ CMSM
Trabalhos de Investigação
FERRÃO, Tenente-Coronel de Infantaria, Eduardo Manuel Mendes, (2006)
Introdução à obra Reflexões de Experiencia Feita
ESTEVES, Capitão de Infantaria, António Evangelista, (2006). Projecção de um
Agrupamento Mecanizado por Meios Ferroviários
TEIXEIRA, Tenente-Coronel de Infantaria, Pedro Brito, (2012), “Dos Oficiais,
Sargentos e Praças fundadores da primeira unidade mecanizada do Exército
Português: O Batalhão de Infantaria Mecanizado – 1976 a 1977”.
Endereços de Internet
http://10.105.0.55:90/sites/BrigMec/Historial/Paginas/default.aspx
http://10.105.0.55:90/sites/2BIMec-BrigMec/Historial/Paginas/default.aspx
23 
Download

a Infantaria no Campo Militar de Santa Margarida