Ç Ã O Divulgação/Anpei EDUCA Corrida pelo saber Curso da Anpei: onda pró-inovação Cursos voltados ao gerenciamento do processo de inovação crescem em ritmo acelerado. Expectativa dos alunos é inserir empresas brasileiras em um cenário cada vez mais competitivo E mpresas inovadoras têm mais espaço no mercado. Elas são mais fortes, dinâmicas, competitivas e têm à disposição uma série de vantagens, como leis de incentivo, mecanismos de fomento, acesso facilitado a crédito e a investidores. Para poder andar sobre esse tapete vermelho, um número cada vez maior de empresas de todos os portes vem buscando se juntar ao time e aprender como gerenciar seu potencial inovador. Para orientá-las, surgem em todo o país cursos de capacitação em gestão da inovação, dos intensivos aos de pós-graduação. A corrida se intensificou nos últimos anos estimulada por políticas públicas e pela concorrência, que hoje vem de todas as partes do mundo. “De tanto ouvirem falar que só vão se tornar competitivas e sobreviver se inovarem, as empresas brasileiras começaram a se mobilizar em uma onda pró-inovação”, diz Ana Paula Andriello, gerente de projetos da Associação Nacional de Pesquisa e Desenvolvimento das Empresas Inovadoras (Anpei), que oferece em média 15 a 20 workshops e cursos de capacitação por ano em todo o país. Os cursos de gestão da inovação oferecem ferramentas para que as empresas identifiquem as ameaças e oportunidades do mercado e possam estruturar e planejar suas atividades de P&D. Para a catarinense Cianet Networking, fundada há 15 F rancis F rança Locus • Abril 2009 43 Dias, da Cianet: inovação virou questão estratégica Quadros, da Unicamp: vagas concorridas 44 Locus • Abril 2009 anos e graduada no Celta, implantar um sistema de gestão da inovação significou evoluir de uma empresa que desenvolvia tecnologia para terceiros, para uma indústria de eletrônica com produtos inovadores em nível mundial. A Cianet participou no final de 2006 do Projeto Núcleo de Gestão da Inovação (Nugin), desenvolvido pelo Instituto Euvaldo Lodi (IEL/SC) e financiado pela Finep. Depois de um diagnóstico, a empresa descobriu que estava no quadrante de inovadora, mas alguns fatores como falta de recursos e incapacidade gerencial a inibiam de chegar ao patamar de inovação plena. “A empresa era inovadora e não sabia. Tínhamos ideias novas que eram levadas para o mercado, só que sem metodologia para que o processo fosse contínuo, sem ferramentas de análise e com o desenvolvimento limitado à diretoria”, diz o diretor da empresa Norberto Dias, que participou pessoalmente do projeto do IEL/SC. Depois do programa de 18 meses, a empresa montou uma estrutura para incentivar a prática da inovação, desde a tradicional caixinha de sugestões até premiação para os colaboradores cujas ideias forem bem-sucedidas. “Temos um grupo de gestão da inovação e qualidade com um membro de cada setor, em cujas reuniões são discutidos os dados e as estratégias com participação da gerência e diretoria”, diz Dias. Ouvir os colaboradores e criar mecanismos para que a inovação venha de todos os setores é a estratégia utilizada pelas empresas mais bem-sucedidas no mundo. Mas não basta apenas ouvir as ideias. É preciso sistematizar e processar essas informações de forma contínua para colocá-las em prática, e é aí que entra a capacitação. O processo pode variar bastante dependendo do tamanho da empresa. “Nas pequenas os cursos precisam tratar primeiro da parte de conceitos e relevância para o negócio. Já nas grandes, que possuem departamentos de P&D estruturados, o foco é mais aprofundado, com ferramentas e modelos de gestão da inovação”, diz Ana Paula Andriello. Os principais cursos disponíveis atualmente no Brasil são oferecidos por entidades como Anpei, Sebrae, Agência Brasileira de Desenvolvimento Industrial (ABDI), Finep, IEL e Bndes. No nível de pós-graduação, as iniciativas mais relevantes estão na Unicamp, USP, UFF, UFSC e FGV. Demanda elevada O curso de especialização em Gestão Estratégica da Inovação Tecnológica da Unicamp tem grade de 360 horas e é desenhado especialmente para gerentes de P&D. “Não se aprende inovação no curso sobre qualidade, é preciso fazer um trabalho específico, e nossa demanda hoje já se iguala à da pós-graduação regular de Políticas Cientificas e Tecnológicas”, diz o professor Ruy Quadros, coordenador do curso. Com mais de 40 professores e palestrantes, o programa está em sua quinta edição, formou mais de 150 pessoas e tem concorrência de quatro candidatos por vaga. Pela complexidade, é dirigido para empresas de maior porte ou micro e pequenas empresas de base tecnológica, que já estão acostumadas com o tema. As empresas de menor porte têm um motivo especial para se capacitarem. Entre as metas da Política de Desenvolvimento Produtivo (PDP), do governo federal, está aumentar em 10% o número de MPEs exportadoras até 2010, em relação aos índices de 2006. Ampliar a participação no mercado externo pressupõe ampliar a competitividade, e por isso o Sebrae elegeu 2009 como o ano da inovação para as MPEs. De acordo com a gerente da Unidade de Acesso à Inovação Tecnológica, Magaly Dias, o primeiro passo é familiarizar os empresários, com palestras e cartilhas. “Nosso ponto de partida é mostrar ao empresário que a inovação é feita para qualquer empresa”, diz. O Sebrae está em fase de estruturação de um curso voltado especialmente para as MPEs, que deve iniciar no segundo semestre deste ano. Ç Ã O Divulgação/SEBRAE FOTOS: Divulgação EDUCA Palestras, worshops, cursos de curta e de longa duração. Se depender dos esforços das entidades engajadas em disseminar esse conhecimento, pode-se esperar um salto qualitativo na capacidade das empresas brasileiras em gerir seu potencial criativo. Em todos os cantos do Brasil, se multiplicam as oportunidades de pisar no tapete vermelho da inovação. E todas as empresas são bem-vindas. Sebrae capacita agentes locais de inovação Lideranças Os programas voltados à inovação não se destinam unicamente a empresas. Realizada por Anprotec, Sebrae e CNPq e executada pela FIA/USP, teve início em maio a pós-graduação em Gestão de Habitats de Inovação. Inédito no Brasil e no exterior, o curso lato sensu é direcionado a gerentes de incubadoras, parques tecnológicos, arranjos produtivos locais (APLs) e polos de desenvolvimento. O curso é atestado pela International Association of Science Parks (IASP) e tem carga total de 460 horas. O corpo docente é formado por um núcleo de professores da FIA, docentes experientes e titulados da Universidade de São Paulo, em especial da sua Faculdade de Economia, Administração e Contabilidade (FEA/USP), juntamente com profissionais de instituições acadêmicas, formuladores de políticas públicas, agentes de inovação e profissionais do mercado com experiência reconhecida, além de palestrantes da IASP. A coordenação está a cargo dos professores titulares da FEA/USP Isak Kruglianskas e Roberto Sbragia, pioneiros no campo da educação avançada em gestão da inovação, com amplo reconhecimento no Brasil e no exterior. Para participar é preciso ter curso superior e passar por um processo seletivo, feito com base no currículo dos interessados e observando a participação de pessoas de diferentes regiões do país. Mais informações pelo site www.fia.com.br/pgt Locus • Abril 2009 45