ASSISTÊNCIA DE ENFERMAGEM À PARTURIENTE:
PERCEPÇÕES ACERCA DA QUALIDADE DO ATENDIMENTO1
PORTO, Leandra Oliveira2; RIBAS, Juliano dos Santos2; SULIVAN, Daniel2;
FAVARIN, Gabrieli Gazolla2; ANSCHAU, Aline Pellegrin2; DIAZ, Claudia Maria
Gabert3
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Trabalho de Pesquisa_UNIFRA
Curso de Enfermagem do Centro Universitário Franciscano (UNIFRA), Santa Maria, RS, Brasil
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Curso de Enfermagem do Centro Universitário Franciscano (UNIFRA), Santa Maria, RS, Brasil
E-mail: [email protected]; [email protected]; [email protected];
[email protected]; [email protected], [email protected]
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RESUMO
Trata-se de uma pesquisa descritiva exploratória, de caráter quali-quantitativo, realizada
num hospital maternidade de Santa Maria – RS. Durante a coleta estavam internadas 8
(100%) mulheres das quais 3 não quiseram responder as questões, tendo uma amostra de 5
(62,5%) mulheres. Para organização e análise dos dados utilizou-se o PDCA como
ferramenta de gestão da qualidade. Os resultados referem-se a primeira etapa deste
método, o PLAN. Durante a entrevista, ao questionar quais fatores levaram a escolha da
maternidade, observou-se que cada parturiente teve um motivo diferente para realizar seu
parto nesta maternidade. Atentou-se que somente uma teve indicação médica, ou seja, as
demais tiveram aconselhamento, provavelmente, durante o trabalho de parto. Percebe-se a
assistência de enfermagem peça fundamental para gestão de qualidade e excelência no
atendimento. Logo, o a implantação do ciclo PDCA será de fundamental importância para o
fortalecimento da qualidade prestada à parturiente nesta maternidade.
Palavras-chave: Gestão da Qualidade; Enfermagem; Saúde Materna; Obstetrícia.
1. INTRODUÇÃO
A globalização trouxe vários avanços mundiais, entre eles a preocupação com a
qualidade dos serviços prestados nas organizações e, principalmente, nas instituições de
saúde. O Sistema Único de Saúde (SUS) prevê em lei o direito dos cidadãos terem um
atendimento resolutivo, acolhedor e livre de discriminação, respeitando valores, direitos e
deveres dos pacientes, visando, principalmente, à melhoria da qualidade dos serviços de
saúde prestados (BRASIL, 2007).
Na visão de Teixeira et al (2006) e Backes et al (2007), a qualidade nos serviços de
saúde pode ser definida como um conjunto de estratégias gerenciais que visam à melhoria
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no desempenho organizacional, incluindo o uso eficiente dos recursos (humanos, materiais,
estrutura física,..), obtendo como resultado a preservação da vida do ser humano.
Neste sentindo, a Gestão da Qualidade Total (GQT) é um sistema que parte do
reconhecimento das necessidades das pessoas e estabelece padrões para a satisfação
dessas necessidades. Esses padrões são melhorados continuamente para garantir a
eficiência dos serviços prestados e obtenção de resultados positivos (ÉVORA, 2008).
A GQT está baseada no controle de processos. Esses processos são conjuntos de
ações, atividades, causas ou meios para se chegar a um determinado fim ou efeito. Logo, o
controle de processos é detectar os problemas, buscando suas causas, e atuar sobre elas
para modificar o resultado de forma que se torne adequado. Para tanto, é usado o Ciclo
Plan, Do, Check e Act ou Ciclo PDCA (ÉVORA, 2008).
Portanto, para implantar um sistema gerencial de qualidade e resolutivo nas
instituições de saúde, é necessário partir das necessidades dos clientes e da equipe
executam as ações/atividades/tarefas. Pois, segundo Backes et al. (2007) afirma que as
queixas e insatisfações “podem ser resolvidos ou pelo menos minimizados através da
escuta, da compreensão, do acolhimento, do reconhecimento e, sobretudo, através do
respeito
Na visão de Lima e Moura (2005), é imprescindível a incorporação de componentes
de investigação contínua nos serviços de saúde “vislumbrando a possibilidade de construir
indicadores de qualidade de serviços, tecnologia adequada à realidade local, em seus
aspectos econômicos e culturais”. Para Backes et al. (2007),
a humanização e a qualidade podem ser ferramentas de gestão hospitalar
de grande valor agregado, por minimizarem os efeitos negativos da
internação e proporcionar um ambiente de cuidado favorável aos
profissionais de saúde, o que influencia positivamente no restabelecimento
do paciente
Nessa mesma ideologia, o Ministério da Saúde normatizou a assistência às
mulheres, da gravidez ao puerpério, criando o Centro de Parto Normal, considerando a
necessidade de humanizar o atendimento no âmbito do SUS e melhorar a qualidade na
assistência pré-natal, parto e pós-parto (BRASIL, 1999).
No entanto, para que haja um sistema de qualidade, ainda segundo o autor, é
necessário promover a ampliação do acesso, do vínculo e do atendimento humanizado à
atenção ao parto e ao puerpério, ou seja, a maternidade do hospital deve promover o
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acolhimento e avaliação das condições da gestante, permitir a presença do acompanhante,
realizar atividades educativas, preparação das gestantes para o plano de parto e
amamentação, sempre respeitando as singularidades e as necessidades da paciente
(BRASIL, 1999).
Assim, estudar a satisfação da clientela da maternidade, enquanto dimensão de
qualidade, a partir de uma ferramenta de gestão como o PDCA, é um desafio na prática
acadêmica e, paralelamente, uma oportunidade de contribuir na busca de soluções para os
processos gerenciais, assistenciais e de ensino, visando à melhoria do serviço. Logo, buscase verificar a satisfação da clientela atendida na maternidade de um hospital de Santa Maria
– RS, utilizando como instrumento de gestão da qualidade o ciclo PDCA.
2. METODOLOGIA
Trata-se de uma pesquisa descritiva exploratória, de caráter quali-quantitativo
utilizando o modelo por justaposição, ou seja, onde não há predomínio deste ou daquele
método (LANDIM et al., 2006), do Grupo Interdisciplinar de Pesquisa em Saúde - GIPES, do
Centro Universitário Franciscano (UNIFRA), Santa Maria - RS.
A pesquisa descritiva exploratória tem por objetivo observar, registrar, analisar e
correlacionar fatos da própria realidade, sem interferência do pesquisador, uma vez que a
coleta de dados é uma das características deste tipo de pesquisa (JUNG, 2008).
A coleta de dados foi realizada no mês de junho de 2011, num hospital maternidade
de Santa Maria – RS. Durante a coleta estavam internadas 8 (100%) mulheres das quais 3
não quiseram responder as questões, tendo uma amostra de 5 (62,5%) mulheres. Os dados
de pesquisa foram coletados por meio de um formulário semi-estruturado com perguntas
relacionadas ao atendimento enquanto gestante, durante e pós parto.
Os dados foram organizados e utiliza-se o ciclo PDCA como ferramenta de análise.
Trata-se de um método simples para organizar e seqüenciar a busca soluções de problemas
e melhoria de processos, seguindo as seguintes etapas PLAN, DO, CHECK, ACTION
(ÉVORA, 2008; ANTUNES, 2000). O desenvolvimento do projeto teve aprovação do Comitê
de Ética e Pesquisa da UNIFRA.
3. RESULTADOS E DISCUSSÕES
Os resultados alcançados referem-se a primeira etapa do método PDCA, PLAN,
pois para poder definir metas de qualidade é preciso identificar quais as dificuldades ou
possíveis falhas no processo de trabalho. Podemos citar como metas reduzir tempo de
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execução das tarefas e manejos desnecessários do paciente, custos e tempo de internação
do cliente bem como suas insatisfações (BACKES et al, 2007). Nesta perspectiva, entendese que um programa de qualidade eficaz e eficiente deve estar interligado com as
competências dos profissionais e contribuir para o desempenho financeiro da organização.
A enfermagem dispõe de instrumentos para a gestão da qualidade que vem sendo
gradativamente empregada nas instituições de saúde. Mas para tanto, é “necessário que os
profissionais identifiquem o perfil da clientela, estabeleçam padrões assistenciais e
implementem a sistematização da assistência de enfermagem” (TEIXEIRA et al, 2006).
As mulheres entrevistadas encontravam-se na faixa etária entre 19 e 33 anos, todas
solteiras, uma reside em Cacequi, outra em Agudo e três em Santa Maria. Somente uma
completou o ensino médio, as demais possuíam o ensino fundamental. O pré-natal foi
realizado por quatro das entrevistas, sendo que duas tiveram a oportunidade de conhecer a
maternidade antes do parto.
Durante a entrevista, foi perguntado que fatores levaram a escolha da maternidade.
Podemos observar (Fig. 1), que as parturientes tiveram motivos diferentes para realizar seu
parto nesta maternidade. Atenta-se para que somente uma teve indicação médica, ou seja,
as demais tiveram aconselhamento, provavelmente, durante o trabalho de parto.
Qualidade dos
serviços
20%
20%
20%
Indicação de outra
pessoa
20%
20%
Facilidade no acesso
Orientação do SAMU
Orientação do médico
da cidade
Figura 1: Fatores que levaram a escolha desta maternidade.
A enfermagem tem um papel significativo na assistência à gestante e a puérpera,
pois se relaciona com ela durante todo o período de sua internação, acolhendo-a,
participando do parto, sanando suas dúvidas, oferecendo-lhe carinho e compreensão. Assim
como no estudo de Lima e Moura (p. 96, 2005) a gestante revela suas necessidades e
angústias “[...] eu precisava saber cuidar de mim, aprender cuidar bem do meu filho, saber
do crescimento do bebê dentro do útero e garantir a assistência na hora do parto”.
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Em relação ao atendimento da gestante, o acolhimento, a avaliação pré-parto, as
informações recebidas e o atendimento da equipe de enfermagem foram considerados
“bons” por três entrevistadas e “ótimo” por duas. O atendimento médico foi considerado
“regular” por 3 mulheres. Destaca-se que, a enfermagem atua diariamente e todo tempo ao
lado do paciente.
Durante o parto, três mulheres não tiveram acompanhante durante o parto, sendo
considerado “péssimo” para uma das entrevistas. Um dos partos a mãe a acompanhou e
noutra a irmã, sendo considerado “bom” e “ótimo”, respetivamente.A condução do parto foi
considerado “bom” por todas as entrevistadas, o atendimento de enfermagem considerando
“bom” por três mulheres e “ótimo” por duas.
Neste cenário, fatores negativos e falta de informações interferem significativamente
na gestação, parto e puerpério. Atos e hábitos mecânicos e rotineiros da equipe como cita o
autor em que “o bebê nasce, o cordão umbilical é cortado, mal enxerga a mãe, e já é
encaminhado para ser submetido ao exame físico [...] recebe uma pulseirinha com o número
do leito e nome da mãe e, posteriormente, é colocado num berço”, comprometem o vínculo
afetivo mãe/bebê (COSTENARO..., 2001).
Portando, para satisfazer a cliente, é imprescindível conhecer suas necessidades,
expectativas e percepções. Pois, “o significado de satisfação encontra-se na dependência
da valorização de suas emoções e carências, da atenção dispensada e da intenção de
atender seu estado de saúde e de amenizar suas angústias” (TEIXEIRA et al., 2006).
A gestão da qualidade, a humanização e a sistematização da assistência de
enfermagem são peças chaves para atingir os objetivos da instituição de saúde e dos seus
clientes, pois permite ao cliente expressar seus sentimentos, facilita a ambos identificar os
problemas de saúde, priorizar sua resolutividade dentro de um processo participativo
estabelecendo vínculo enfermeiro-cliente.
4. CONCLUSÃO
Nesta primeira etapa, identificamos a clientela atendida pela maternidade e as
principais necessidades a serem atingidas como meta a curto prazo. A partir desses dados é
possível definir os métodos que serão utilizados para permitir o alcance da qualidade na
maternidade em questão, bem como realizar treinamentos para execução de tarefas
corretamente. Se necessário, serão efetuadas durante esse processo ações corretivas para
continuar melhorando a qualidade no atendimento.
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Durante este trabalho, percebe-se também que a assistência de enfermagem como
principal ferramenta de gestão de qualidade e excelência no atendimento. Logo, o a
implantação do ciclo PDCA será de fundamental importância para o fortalecimento da
qualidade prestada à parturiente nesta maternidade.
REFERÊNCIAS
ANTUNES, Arthur Velloso;TREVIZAN, Maria Auxiliadora. Gerenciamento da qualidade: utilização
no serviço de enfermagem. Revista Latino-Americana, v. 8, n.1, p. 35-44, janeiro 2000.
BACKES
Dirce
Stein;
SILVA,
Deise
Marinho;
SIQUEIRA,
HediHeckler
de;
ERDMANN,
AlacoqueLorenzine. O produto do serviço de enfermagem na perspectiva da gerência da qualidade.
Revista Gaúcha de Enfermagem, Porto Alegre, v. 28, n. 2, p 163-70, 2007.
BASILE, Anatália Lopes de Oliveira; PINHEIRO, Monica de Souza Bonfim; MIYASHITA, Newton
Tomio. Centro de Parto Normal Intra-hospitalar. São Caetano do Sul, SP: Yendis Editora, 2007.
BRASIL. Ministério da Saúde. Carta dos direitos dos usuários da saúde. 2 ed. Brasília: Ministério
da Saúde, 2007.
_____. Ministério da Saúde. Criação do Centro de Parto Normal. Portaria n. 985/GM, de 5 de
agosto de 1999. Brasília: Ministério da Saúde, 1999.
COSTENARO, Regina Gema Santini. CUIDANDO em enfermagem: pesquisas e reflexões.
Organizadora Regina Gema Santini Costenaro. Santa Maria, RS: Centro Universitário Franciscano,
2001.
ÉVORA, Yolanda Dora Martinez. Qualidade na prestação de serviços de saúde. Escola de
Enfermagem da Universidade de São Paulo, 2008. Arquivo em Power Point. Disponível em
<http://www.eerp.usp.br/nepien/qualidade_prestacao_servicos.ppt> . Acesso em 04 abr 2011.
LANDIM,Fátima Luna Pinheiro; LOURINHO, Lídia Andrade; MUNIZ, Lira Roberta Cavalcante;
SANTOS, Zélia Maria Souza Araújo. Uma reflexão sobre as abordagens em pesquisa com ênfase na
integração qualitativo-quantitativa. Revista Brasileira em Promoção da Saúde, Fortaleza, v. 19, n. 1,
p. 53-58, 2006.
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LIMA, Yara Macambira S.; MOURA, Maria Aparecida V.: Consulta de Enfermagem pré-natal: a
qualidade
centrada
na
satisfação
da
cliente.
Disponível
em:
<http://www.unirio.br/repef/arquivos/2005/10.pdf> Acesso em 04 abr 2011.
JUNG, C. F. Metodologia para pesquisa e desenvolvimento. Rio de Janeiro: Axcel Books do Brasil
Editora, 2008.
TEIXEIRA, Juliana Donizeti Ribeiro; CAMARGO, Fernanda de Almeida; TRONCHIN, Daisy Maria
Rizatto; MELLEIRO, Marta Maria. A elaboração de indicadores de qualidade da assistência de
enfermagem nos períodos puerperal e neonatal. Revista de Enfermagem UERJ, Rio de Janeiro, v.
14, n. 2, p. 271-78, abr/jun 2006.
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percepções acerca da qualidade do atendimento